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SOCIEDADE MINEIRA DO LUNHINGA

DIRECÇÃO TÉCNICA
DEPARTAMENTO DE EXPLORAÇÃO

RELATÓRIO INTEGRADO DE ESTÁGIO CURRICULAR


PARA CONSTATAR A MINHA ESTÁDIA NA SOCIEDADE
MINEIRA DO LUNHINGA – DEPARTAMENTO DE
EXPLORAÇÃO

Elaborado por: Carlos Palaya Fernando Alberto

Lunda-norte, 2023
SOCIEDADE MINEIRA DO LUNHINGA
DIRECÇÃO TÉCNICA
DEPARTAMENTO DE EXPLORAÇÃO

RELATÓRIO INTEGRADO DE ESTÁGIO CURRICULAR


PARA CONSTATAR A MINHA ESTÁDIA NA SOCIEDADE
MINEIRA DO LUNHINGA – DEPARTAMENTO DE
EXPLORAÇÃO

Relatório integrado de estágio curricular


apresentado ao departamento de exploração da
Sociedade Mineira do Lunhinga como requisito
para constatação da minha estádia e
aproveitamento do estágio.
Orientador:
Engº. Maquesse António
Chefe do departamento de exploração:
Engº. António Francisco João (Mafuta)

II
AGRADECIMENTOS
Agradeço primordialmente a Deus, pela força que me concedeu para a realização deste
trabalho, aos meus pais e encarregados de educação pela participação permanente durante toda
a minha jornada académica. Ao chefe de departamento da exploração, Eng.º António Francisco
João por ter me recebido de braços aberto no seu departamento e por todo o subsídio que me
concedeu ao longo do meu estágio e ao meu orientador, Engº. Maquesse António por todos
ensinamentos e ralhetes necessários ao meu crescimento como futuro profissioal, muito
obrigado. Aos engenheiros que estiveram alojados comigo no Canvurí, Engº. Evanir Camuti,
Engº. Paulo Gonçalves, Engº.Samuel Muila, Engº. Nelson Direito, Engº. Dito Cazacala, Engª.
Kanet, Engª. Luzia, Eng. Engº. André e Engº. Adilson Nobréga, um especial obrigado, pelo
caloroso acolhimento e por todo acompanhamento e participação permanente durante o meu
estágio na Sociedade Mineira do Lunhinga, pelos conhecimentos e experiências passadas, pelos
bons momentos de confraternização e pelas muitas gargalhadas partilhadas durante esses 3
meses, foi de facto um desafío a permanência cá na mina, visto que é praticamente um regime
de confinamento, mas considero que foi bem mais agradável e suportavel graças a vocês. Á
todos os engenheiros, técnicos e operários que transmitiram os seus conhecimentos e
experiências para mim, um muito obrigado. Ás tias e tios da cozinha, que todos os dias
proporcionaram o alimento para todos nós, um muito obrigado. E finalmente, ao ilustre Director
Geral da Sociedade Mineira do Lunhinga, Samuel I. D. Republicano, que com o poder que lhe
foi incubido autorizou o meu estágio curricular.

III
OBJECTIVO GERAL
Conhecer de facto como funcionam as actividades mineiras na Sociedade mineira do Lunhinga

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
Diferenciar os blocos mineralizados em que são feitos as operações mineiras;
Distinguir os diferentes tipos de minérios dos blocos da mina do Lunhinga;
Descrever as principais operações mineiras realizadas na mina do Lunhinga;
Desenvolver habilidades de tratamento de dados provenientes das diferentes áreas da mina;
Descrever as etapas de beneficiamento mineral realizadas na mina do Lunhinga;
Analisar os perigos e riscos de acidentes durante as operações mineiras e as actividades
auxiliares.

IV
INDÍCE

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. III

objectivo geral ...................................................................................................................... IV

objectivos específicos ........................................................................................................... IV

introdução ............................................................................................................................... 7

I. caracterização da empresa ............................................................................................... 8

1. antecedentes ................................................................................................................. 8

2. Estrutura accionista da empresa ................................................................................... 9

3. Organigrama da empresa ............................................................................................. 9

II. enquadramento geográfico da concessão ...................................................................... 10

III. caracterização geológica da concessão .......................................................................... 11

1. Geologia regional ....................................................................................................... 11

2. Geologia local ............................................................................................................ 11

3. Extrutura e fácies do kimberlito camatchia ............................................................... 11

4. Fáceis do kimberlito Camatchia ................................................................................ 12

5. Caracterização hidrológica da área de estudo ............................................................ 15

IV. Caracterização técnica e operacional da mina do lunhinga ........................................... 16

1. Antecedentes de exploração da chaminé do Camatchia ............................................ 16

2. método de exploração da chaminé do camatcha ........................................................ 17

3. Depósitos de minérios existentes na mina do lunhinga ............................................. 17

V. Caracterização das actividades realizadas no estágio .................................................... 18

1. Direcção de geologia ................................................................................................. 18

1.1. Departamento de Geologia de prospecção ................................................................. 18

1.2. Departamento de Geologia de produção .................................................................... 21

2. Departamento de equipamentos e infraestruturas ...................................................... 23

3. Departamento de electricidade................................................................................... 28
5
4. Departamento de exploração ..................................................................................... 29

5. DEPARTAMENTO DE METALURGIA .................................................................. 35

5.1. Antecedentes .............................................................................................................. 35

5.2. etapas de beneficiamento mineral na ct-1 da mina do lunhinga ................................ 35

VI. SECTOR DE HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E AMBIENTE


45

2. CONSIDERAÇÕES GERAIS RELACIONADAS A ÁREA DE HIGIENE,


SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E AMBIENTE .......................................... 46

3. Tipos de riscos mais comuns na mina do Lunhinga .................................................. 46

4. Tipos de acidentes mais comuns na mina do Lunhinga (2005 - 2023) ...................... 47

5. actividades realizadas durante a minha estádia.......................................................... 47

6. RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES de segurança .............................................. 51

conclusão .................................................................................................................................. 52

6
INTRODUÇÃO
O presente relátorio é fruto do programa de estágio realizado na Sociedade Mineira do
Lunhinga. Neste trabalho irei apresentar de forma sucinta todo o conhecimento e experiência
profissional que me foi passado pelos engenheiros, técnicos e operários da Sociedade Mineira
do Lunhinga. Dareei maior destaque ao departamento de exploração e todas as áreas inerentes
a ele sem contudo deixar de destacar a relevância de outros departamentos e as suas respectivas
áreas, como o departamento de Equipamentos e Infraestruturas ou o Departamento de
Electricidade que desempenham a todo momento um papel indíspensavel para o
desenvolvimento das actividades principais da empresa, nomeadamente: prospecção de
deposítos aluvionares/secundários e kimberlitícos/primários, extracção de kimberlitos (em
depositos primários) e o seu subsequente beneficiamneto/tratamento mineral. Neste trabalho
constam de forma sucinta as informações e experiências que obtive durante o periódo de estágio
na Sociedade mineira do Lunhinga, que teve duração de 3 meses. Estas informações e
experiências são de grande relevância para mim pois complementam de forma prática e teórica
a minha formação e agregam valor em mim como técnico médio de minas. Neste estágio tive a
oportunidade de ter contacto directo com as 4 princípais operações mineiras, nomeadamnete:
Desmonte, extracção,<carregamento e Transpote, e também as actividades auxíliares das
operações mineiras, como: drenagem das águas pluviais e subterrâneas, pré-cortes para garantir
a estabilidade dos taludes, abertura de acessos e nivelamento de acessos e rampas, entre outras
actividades.

7
I. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
1. ANTECEDENTES
A companhia de diamantes de Angola (Diamang) entre 1968 a 1980 realizou uma
prospecção aluvionar, cuja maior parte das amostras foram obtidas em 1980 e em pequena
porção na parte Este da chaminé em 1968.A prospecção de kimberlitos da Concessão Luó foi
conduzida com sondas Craelius XC90HD durante o período de Agosto de 1971 e Março de
1972. A evolução da prospecção continuou com sondas Failing JEB-B e a WIRTH L4 entre os
meses de Fevereiro 1972 e Março de 1973 No início do ano 1970 a MATS (Consórcio da
Diamang) perfurou 33 poços de pequenos diâmetros sobre a chaminé Camatchia numa rede da
malha 100×100 m e com a profundidade de 100m e que totalizou-se 2537m lineares perfurados
que permitiram identificar os kimberlitos sedimentares e primários. Em 2003 a Luó Sociedade
Mineira Camatchia Camagico prosseguiu os estudos da mineralização do kimberlito Camatchia
para determinar a sua viabilidade técnico-económico. Neste contexto foram realizados os
trabalhos de prospecção e a pesquisa para a determinação de contornos em superfície e em
profundidades, estudo da morfologia da chaminê, estudo de propriedades físico-mecânicas das
rochas, levantamento geofísicos para o estudo dos campos magnéticos, levantamentos
topográfico e geodésico e os levantamentos hidrológicos.
A Sociedade mineira foi constituída á 26 de Março de 2003, com base na autorização
para o efeito concedida pelo Conselho de Ministros da República de Angola, os direitos
mineiros de prospecção e exploração de diamantes, nos kimberlitos de Camatchia e Camagico,
que incluía na sua estrutura accionista a Endiama com a maior participação seguida da Escom
Mining, Alrosa, Hipergesta e Angodiam. No entanto a crise produtiva, forçou a retirada gradual
dos investidores e a Endiama assumiu integralmente a orientação da empresa. Actualmente a
Sociedade Mineira do Lunhinga é uma concessão diamantífera que ocupa uma área de 238,672
Km2, tutelada pela Endiama desde 2018, quando antes firmava-se como Sociedade Mineira do
Camatchia-Camagico - LUÓ, S.A.R.L (SMCC- Projecto Luó). A empresa tendo também um
papel para a formação da renda nacional do nosso país continua com o desenvolvimento das
suas actividades realizando trabalhos de prospecção, pesquisa, mineração e
beneficiamento/tratamento mineral a fim de se obter o mineral minério, o diamante.

8
2. ESTRUTURA ACCIONISTA DA EMPRESA

ESTRUTURA ACCIONISTA DA SML

7%

93%

Endiama Hipergesta

3. ORGANIGRAMA DA EMPRESA
Actualmente a empresa possui mais de trezentos e cinquenta colaboradores distribuídos
em vários departamentos, sectores e áreas. O actual organigrama da Sociedade mineira do
Lunhinga é este que se encontra a abaixo:

Tabela 1- Organigrama da Sociedade Mineira do Lunhinga. Fonte: Arquivos da empresa

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II. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DA CONCESSÃO
1. Localização
A região das actividades está situada no nordeste da República de Angola, fronteira entre as
províncias Lunda-norte (cidade do Dundo) e Lunda-sul (cidade de Saurimo), na metade do
curso do rio Chicapa. De principio a fronteira entre as duas províncias passa através do jazido
Camatchia. Nos termos administrativos - legislativos a sociedade mineira de LUNHINGA, em
conformidade com acordo entre as duas províncias, está a distrito a província Lunda-norte. A
distância a partir da área das actividades até a capital do país, cidade de Luanda, compreende
800 km pela linha recta e mais de 1000 km pela estrada parcialmente asfaltada de dois sentidos,
encontrando-se a mesma em geral no estado inadequado ao longo da sua extensão. Os povoados
mais próximos importantes no raio de 70 km são as cidades de Saurimo ao sul e Lucapa ao
norte da concessão, contando com a povoação a volta de várias dezenas de habitantes em cada
uma destas. Os centros mais próximos importantes de mineração diamantífera são Sociedade
Mineira de Catoca, aos 50 km e o povoado kalonda, assim sendo o ultimo o centro de mineração
de aluviões diamantíferos.
A Sociedade Mineira LUNHINGA ocupa uma área de 238,672 km2 e está limitada pelas
seguintes coordenadas limítrofes:

A 20º 23´ 36´´ de longitude leste 8º 51´ 50´´ de latitude sul


B 20º 33´ 33´´ de longitude leste 8º 51´ 50´´ de latitude sul
C 20º 33´ 33´´ de longitude leste 9º 00´ 00´´ latitude sul
D 20º 23´ 36´´ de longitude leste 9º 00´ 00´´ latitude sul
Tabela 2- Coordenadas geológicas da concessão mineira do Lunhinga

2. Vias de acesso
O acesso a região pode ser feita tanto por via terrestre como por via aérea. Por via aérea
utiliza-se aviões até ao aeroporto do Saurimo, e por via terrestre através da estrada nacional nº
230 que liga a cidade de Saurimo (Lunda-sul) e Lucapa (Lunda-norte)

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III. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA CONCESSÃO
1. GEOLOGIA REGIONAL
A geologia do nordeste de Angola, é dominado por uma espessa sequência de
sedimentos de fáceis continental, de idades compreendidas entre Cretácico e quaternário. Todos
estes sedimentos assentam sobre um substrato Pré-câmbrico cratonizado. Existem na região
dois andares estruturais: o inferior que corresponde ao soco cristalino, e o inferior que constitui
a cobertura da plataforma, representados pelo complexo do proterozóico tardio, paleozóico,
mesozóico e cenozóico
2. GEOLOGIA LOCAL
A área ocupada pela concessão do Lunhinga, faz parte do escudo do cassai, nas quais
afloram tais unidades geológicas da base ao topo:
 Formações superficiais: areias, argilas e cascalho.
 Formações do quaternário: kalahari
 Formações kalonda: conglomerados, grés e argilitos.
 Grupo karro: laterites, conglomerados, grés, argilitos e xistos argilosos. Arcaico:
gnaisses, quartzitos e micas.
3. EXTRUTURA E FÁCIES DO KIMBERLITO CAMATCHIA
Segundo as dimensões a chaminé kimberlítica de Camatchia possui uma área de 32
hectares e classifica-se como sendo uma jazida bastante grande, e segundo as reservas de
minério como jazida do segundo grupo. As cotas absolutas da superfície do kimberlito do
Camatchia vêm de 828,0 até 959,0 m.

Ilustração 1 - Corte geológico do Jazigo Camatchia. (Fonte: Castro, N.A.2016, adaptado pelo Geológo Paulo Gonçalves,
2023).

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A chaminé da zona Este (Nordeste), formou-se em processo de erupções kimberlitas,
tardias após estabilização da chaminé Oeste. Não é possível fazer a avaliação do período
temporal de ruptura do processo de formação das duas acumulações de minério. O pipe
kimberlico Este preservou os três componentes morfológicos. Em geral a chaminé do
Camatchia é morfologicamente um corpo com uma única cratera, não obstante com duas partes
de diatrema homogéneas no sudeste e nordeste, na profundidade do intervalo entre 270m a
400m. Os eventos geológicos da chaminé do Camatchia possuem diatremes separadas, mas para
cima das profundidades das duas acumulações formam a mesma edificação. Pode-se supor que
historicamente a parte maior da cavidade de cratera foi formado pela chaminé Oeste. A chaminé
Este ampliou apenas um pouco na parte nordeste. (Fonte: )
4. FÁCEIS DO KIMBERLITO CAMATCHIA
O Jazigo Camatchia apresenta os 7 principais tipos de facies kimberlíiticas:
4.1. Kimberlito Porfíirico (PK)
kimberlito de coloração esverdeado - acinzentado, estrutura maciça, granulometria média à
grossa, constituída por fenocristais de olivina serpentinizada em maiores quantidades de 75% e
xenocristais de olivina com 15%, e carbonatos; Presença de 14 xenólitos preenchidos por um
material esverdeado e preto de formas subédricas e anédricas.
Designação: kimberlito Porfírico (KP), constituída principalmente por olivina
serpentinizada que ocupa cerca de 70% na rocha; piroxêna, carbonatos e minerais opacos.
Observou-se também macrocristais de olivina serpentinizadas com inclusões de (carbonatos e
minerais opacos). Os minerais da rocha apresentam formas anédricas e subédricas com
tamanhos que variam entre 0.09mm à 1.38mm, suportados por uma matriz de olivina
serpentinizada. Encontram-se na parte ocidental do jazigo, estendendo-se pela periferia
noroeste do corpo principal dos kimberlitos porfíricosquimicamente estão muito corroídos.

Ilustração 2 - Kimberlito Porfírico. Fonte: Autor


12
4.2. Tufo kimberlito xenólito Brecha (TKXB)
Caracterizam-se pela presença de até 60% do material de fragmentação grossa na sua
composição, predominantemente dos detritos dos gnaisses prendidos com a TKB de
fragmentação fina. A resistência da massa aglomerante corresponde às propriedades de
resistência da mesma TKB. Encontra-se na zona Este da chaminé. (IMAGEM)

Ilustração 3 - Tufo Kimberlito Xenólito Brecha. Fonte: Autor

4.3. Tufo sedimentar xenólito Brecha


São caracterizadas pela presença de 60 até 90% do material de fragmentação grossa na sua
composição, predominantemente detritos dos gnaisses, cimentados com a TSB de fragmentação
fina. A resistência da massa aglomerante corresponde às propriedades de resistência da mesma
TSB. (IMAGEM)
4.4. Autolítico kimberlito brecha (AKB)
Dentro das margens da chaminé, estão divididas em autolíticas kimberlíticas brechas (AKB)
e brechas kimberlíticas (BK). O maciço principal das brechas autolíticas kimberlíticas dispõe-
se na parte ocidental do jazigo debaixo do maciço dos kimberlitos porfíricos e também nas
partes de boca das ambas as chaminés. A profundidade da ocorrência do AKB desce no sentido
do contorno ocidental para leste, e é para o centro do jazigo, desde 40-60 até 200-250m para
inverter seguidamente na diatrema da Camatchia - Este.

Ilustração 4 - Autólitico Kimberlito Brecha. Fonte: Autor


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4.5. Tufo kimberlito Brecha (TKB)
Rocha kimberlítica de coloração acastanhado - Marron, estrutura maciça, granulometria
grossa, rico em olivina serpentinizada aproximadamente 70%, xenocristais de cromo diopsidio,
granadas e minerais com brilho submetálico que podem ser cromitas e ilmenitas, há existência
de carbonatos; Identificou-se xenólitos crustrais do karro subédricos e anédricos.
Designação: Kimberlíto Tufáceo Brechoide (TKB). Constituída principalmente por olivina
serpentinizada que ocupa cerca de 56%; xenólito e minerais opacos.

Ilustração 5- Tufo Kimberlito Brecha. Fonte: Autor

4.6. Tufo Sedimentar Brecha (TSB)


Rocha kimberlítica de coloração avermelhada, estrutura maciça, granulometria médiafina e
rica em material sedimentar aproximadamente 80%, pobre em matéria kimbelítica cerca de
10%. Há presença de carbonato na rocha e xenólitos crustrais.
Designação: Brechas sedimentar tufácia (TSB), apresenta textura inequigranular, constituída
principalmente por quartzo que ocupa cerca de 58% na rocha; ortopiroxêna, carbonatos e
minerais opacos.

Ilustração 6 - Tufo Sedimentar Brecha. Fonte: Autor

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4.7. Rochas vulcânicas sedimentares (RVS)
Rochas vulcanogênicas sedimentares (RVS), estendem-se principalmente nas partes
Central e Noroeste do jazigo, facilmente substituem-se uma da outra em extensão e em
profundidade, a sua espessura aumenta de 30m do centro em direcção (N-E) e até 120m no
limite Norte e Oeste do jazigo. Em geral as rochas sedimentares vulcanogênicas cobrem as
camadas de TSB e TKB.
5. CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA ÁREA DE ESTUDO
5.1. Contexto dentro da mineração
Sabe-se que a água é a principal vilã das operações mineiras. Desde logo antes das
operações de lavra, problemas relactivos as águas devem ser previstos e estudados para serem
controlados posteriormente na fase de drenagem. Esta tarefa executa-se com recurso ao uso dos
conhecimentos hidrológicos da área a minerar e implica ter prévios conhecimentos do regime
de precipitações, processos de escoamento superficial das águas (pluviais), localização dos
cursos de água, tempo de concentração, caudais de cheias, etc.
5.2. Precipitação
Durante a precipitação, parte das águas que atinge o solo se infiltra e percola no interior do
subsolo, durante períodos de tempo extremamente variáveis, decorrentes de muitos fatores:
 A presença de argila no solo diminui sua permeabilidade, não permitindo uma
grande infiltração;
 Cobertura vegetal: um solo coberto por vegetação é mais permeável do que um
solo desmatado;
 Inclinação do terreno: em declividades acentuadas a água corre mais
rapidamente, diminuindo a possibilidade de infiltração;
 Tipo de chuva: chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que
chuvas finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem. Os valores extremos da
precipitação, máximo e mínimo, são mais importantes em grande parte dos trabalhos de
engenharia do que os valores médios. As Precipitações intensas de curta duração são
aquelas que ocorrem durante os temporais, acompanhadas geralmente de trovoadas e
seu conhecimento resulta como importantes no dimensionamento de sistema de
drenagem, enchentes dos rios, etc.

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IV. CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA E OPERACIONAL DA MINA DO
LUNHINGA
1. ANTECEDENTES DE EXPLORAÇÃO DA CHAMINÉ DO CAMATCHIA
A exploração na chaminé do Camatchia é feita a céu aberto, o planejado era fazer uma
lavra por bancadas convencional, segundo os estudos de viabilidade está é que seria a melhor
opção para se ter um melhor aproveitamento da reservas. Porém, devido ao súbito
descobrimento da enorme camada de estéril (RVS + TS), fez com que se explorasse apenas um
(1) dos seis (6) blocos que compõem a chaminé do Camatchia, nomeadamente, o bloco 6,
também chamado de BPC, pois é lá onde se extraiam diamantes com otímas recuperações em
teor e quilates. Após algum tempo de exploração concentrando-se apenas no bloco 6, este
atingiu um limite cujo a profundidade não permitia a sua exploração, isto porque devido a essa
exploração ambiciosa não se cumpriram os parâmetros convencionais de uma mina a céu
aberto, não seguiu-se o design de uma mina a céu aberto por bancadas o que influenciou
negativamente no aproveitamento das reservas minerais naquela época, tudo isto, foi causado
pela inegligência da antiga direcção técnica, de geologia e do corpo de gestão dos activos da
Sociedade mineira do Camatchia – Camagico -LUO (Que atualmente firma-se por: Sociedade
mineira do Lunhinga).
Actualmente, a mina do lunhinga conta com uma nova direcção técnica, de geologia e
com um novo corpo de gerência dos activos da empresa, todos juntos trabalham em prol do
desenvolvimento da chaminé do Camatchia para mater e optimizar a produção da mina do
Lunhinga.

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2. MÉTODO DE EXPLORAÇÃO DA CHAMINÉ DO CAMATCHA
Actualmente a exploração da chaminé do Camatchia continua a céu aberto. Usam-se
dois tipos desmonte de rochas: o desmonte mecânico e o desmonte com explosivos. Porém,
devido a crise produtiva, usa-se com maior abrangência o desmonte mecânico, apesar da forte
presença de rochas competentes (duras e abrasivas) cujo o método de desmonte ideal seria por
explosivos. O desmonte mecânico na mina do Lunhinga é feito essencialmente por Escavadoras
e Bulldozers com riper.
Após o desmonte do material ele é empolado, o estéril é removido pelas escavadeiras,
carregado nos caminhões pelas escavadeiras e tansportado pelos caminhões até as escombreiras
externas, da mesma forma, o minério é extraído pelas escavadeiras, carregado nos caminhões
pelas escavadeiras e transportado até a central de tratamento ou para os seus respectivos
depósitos.
Vale ressaltar que também usa-se o desmonte por explosivos na mina do Unhinga, pórem
este não é frequente porque acarreta elevados custos para aquisição dos insumos.
3. DEPÓSITOS DE MINÉRIOS EXISTENTES NA MINA DO LUNHINGA
Atendendo os factores climáticos da região, que muitas das vezes impossibilita a
realização das actividades mineiras directamente da chaminé do Camatchia, houve a
necessidade de se criar diferentes depósitos de minérios em função do teor para assegurar a
produção.
Desta feita, os depósitos são:
❖ Depósito 4C1: refere-se ao depósito de categoria 1, na qual é alocado o minério
provado economicamente rentável.
❖ Depósito 4C2: deposito de categoria 2, na qual e armazenado o minério
provável, ou sub- económico.
❖ Depósito 4C3: o depósito de categoria 3 indica o lugar do minério possivelmente
provável (não económico).

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V. CARACTERIZAÇÃO DAS ACTIVIDADES REALIZADAS NO
ESTÁGIO
O meu estágio realizou-se em cinco departamentos pertencentes a Sociedade mineira do
Lunhinga, nomeadamente: departamento de Geologia, departamento de Exploração,
departamento de Equipamentos e Infraestruturas, departamento de Electricidade e
departamento de Metalurgia com o objectivo de obter conhecimentos gerais e específicos sobre
as actividades desenvolvidas em cada um dos departamentos e as suas contribuições para a
produção.
1. DIRECÇÃO DE GEOLOGIA
A direcção de geologia da Sociedade Mineira do Lunhinga está dividida em:
Departamento de geologia de prospecção e de produção.
1.1. DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DE PROSPECÇÃO
O sector de geologia de prospecção está encarregue de procurar e selecionar pontos de
potencial geológico dentro da concessão que a Sociedade mineira do Lunhinga (SML) possui a
fim de se aumentarem as reservas disponíveis para a produção mineira. Visto que a prospecção
é feita para se identificar jazidas e definir se há ou não a possibilidade de aproveitá-las
economicamente para a produção mineira o sector de geologia de prospecção da SML procura
e define os melhores alvos da concessão para que o mapeamento geógico seja feito e
posteriormente se realizar a sondagem geológica para se comprovar se há minério
economicamente viável ou não, excusando-se investir na fase de produção.
A prospecção geológica é a escolha preliminar de áreas com potencial geologico para a
produção mineral. Para tal envolve um conjunto de métodos e técnicas que lhe permite alcançar
os resultados, sendo eles positivos ou negativos. Constitui a etapa de maior risco de todo o
processo mineiro.
1.1.1. Como começar a prospecção geológica
A prospecção geológica começa com o levantamento de toda a bibliográfia disponível da
área de estudo. Ex: mapas geologicos preliminares, mapas topograficos, imagens satelítes,
relatórios técnicos de todo a informação compilado na área.
1.1.2. Objectivos da prospecção geológica
O objectivo da prospecção geol[ogica é o reconhecimento geral de uma jazida mineral, sua
avaliação, determinação da extensão e valor económico do minério localizado.

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1.1.3. Métodos de prospecção geológica
Levantamento áereo: é o levantamento feito com uma aeronave de pequeno porte
utilizando os metódos electromagneticos e magneticos que dão a informação da resistividade e
da contutividade electrica dos kimberlitos de acordo a sua extensão.
Levantamento terrestre: é o levantamento em função dos resultados interpretados dos
levantamentos aerogeofísicos. Executam-se aberturas de perfís geofísicos para executar os
trabalhos de magnetometria terrestre. Este método visa delimitar e dimenssionar anómalias
promissoras, ter sobretudo contacto das formações e possíveis innformações da rocha
encaichante.
Após as técnicas geofísicas fazem-se as sondagens geológicas. Este procedimento
geológico serve para quantificar, qualificar e realizar o modelamento geológico. Permite a
recolha de carrotes ou testemunhos de sondagem, que são as amostras de rochas colectadas
durante as perfurações. São as principais fontes de informações de pesquisa directa em
subsuperficie. No entanto ápos os levantamentos tanto areos como terrestres são feitos os
seguintes passos:
Poços de averiguação: feitos numa malha de 100x100 ou 50x50 m. Com objectivo de saber
os poços com maior teor de diamantes.
Poços de avaliação: onde são retiradas amostras para um estudo mais aprofundado afim de
saber a qualidade e a quantidade do minério em cada poço.
Prospecção detalhada: para determinar os tipo de litologia que aparecem no poço que
podem ser: areias, argilas, rochas vulcánico- sedimentares e os kimberlitos. Em seguida são
feitos projectos onde se define: calculo de volume das reservas, metodologia e estudos
geológicos.

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1.1.4. Trabalhos de campo
Local: Lunhinga 2. O Lunhinga 2 representa um corpo kimberlítico existente da concessão
da Sociedade mineira do Lunhinga. Sendo assim a empresa possui autorização de explorá-lo.
Dimensões da aréa marcada: 40x33 m
Actividade: Acompanhamento e participação activa da marcação do corpo de amostra de
grande volume, ou seja, volume da amostra superior a 500 m3. Para a realização da marcação
do corpo de amostra foram utilizados estacas de madeira para alocar os pontos medidos, cordão,
fita metríca para ter um distanciamento de 10m de cada estaca, martelo para fixar as estacas no
chão e GPS.

Actividade: manuseio do GPS para localização de pontos de referência.


GPS (Sistema de Informação Geográfica): é um sistema de navegação por satélite apartir de um
dispositivo móvel que envia informações sobre a posição de algo em qualquer horário e em
qualquer condição climática.

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1.2. DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DE PRODUÇÃO
A geologia de produção é uma das áreas de grande importância na mina do Camatchia,
pois é responsável pela qualidade e controle da produção. Durante a minha estádia no
departamento foi possível conhecer a geologia da área de trabalho e de estudo, bem como os
diferentes fáceis e blocos existentes na chaminé do Camatchia.
Mapas geológicos: os geólogos através dos mapas geológicos representam as informações
geológicas dos matérias existentes na chaminé do Camatchia.
Mapas de teor: são mapas que caracterizam o minério quanto o teor de diamantes que possuem.
1.2.1. Papel do geólogo de produção
O Geólogo de produção procura achar uma relação entre o teor e qualidade existentes
nos diferentes minérios para proporcionar á central de tratamento e aos depósitos um um
material de qualidade que tenha as recuperações em quilates esperada. Para isso, usam vários
critérios como:
1.2.1.1.Teor médio dos principais minérios da chaminé do Camatchia.
O teor é uma relação que corresponde a concentração de diamantes em um determinado
volume ou peso de minério. Para os minérios da chaminé do Camatchia temos:
Kimberlito porfirico (PK): 0.14 q/ton
Tufo Sedimentar Brecha (TSB): 0.070 q/ton
Tufo Kimberlito Brecha (TKB): 0,065 q/ton
Autólito Kimberlito Brecha (AKB) : 0.090 q/ton
TSB + Tufo Sedimentar (TS): 0.040 q/ton
TS + TSB: 0.035

De modo geral, o teor dâ-se por:


T= K/ton
Onde:
T= teor (q/ton)
K= quilates de diamantes de um determinado volume de material (q)
ton= peso do material extraído (ton)

21
1.2.1.2.Densidade específica das rochas na chaminé do Camatchia
O conhecimento das densidades especifícas das rochas da chaminé do Camatchia é um
critério necessário para determinar o seu peso em função dos volumes de materia extraídos e
removidos ao longo das operaações. Para os materiais da chaminé do Camatchia temos:
Kimberlito porfirico: 2,43
Tufo Sedimentar Brecha: 2,14
Tufo Kimberlito Brecha: 2,28
Autólito Kimberlito Brecha: 2,29
Rocha vulcânica sedimentar: 2,16
Rejeitado: 1,61
Gnaiss: 2,7
O geólogo de produção deve definir o minério e controlar as frentes de mineração para
garantir a qualidade do minério que vai à CT-1 e evitar-se diluições/contaminações do minério.
Além disso, o geólogo de produção também deve elaborar relatórios períodicos onde constarão
a caracterização dos materiais extraídos das diferentes frentes de trabalho.
1.2.2. Trabalho de campo
Identificação dos blocos mineralizados da chaminé do Camatchia: durante a minha
estádia no departamento de geologia de produção tive a oportunidade de caminhar com o
geológo do turno por todos os blocos existentes na chaminé do Camatchia.
Acompanhamento e participação da distinção dos diferentes depositos de minérios: o
geológo de produção tem também a responsabilidade de definir em qual dos depositos será
colocado o minério que está sendo extraído da chaminé.

22
2. DEPARTAMENTO DE EQUIPAMENTOS E INFRAESTRUTURAS
O departamento de equipamento e infraestutura da Sociedade Mineira do Lunhinga
desenpenha um papel de extrema importância, no que tange o funcionamento das actividades
mineiras, o mesmo é responsável por garantir a operacionalidade e funcionamento de todos os
meios mecânicos e electronicos usados para a realização das actividades mineiras, desde a
Exploração (desmonte, extracção/remoção, carregamento e transporte); os processos de
Tratamento/Beneficiamento mineral, que no caso do tratamento de um Kimberlíto
correspondem a: Cominuição, Classificação, Separação e Concentração, e outros processos
auxiliares como a lavagem, peneiramento, etc; até os meios de transportes pesados e ligeiros; e
os meios de geração e distribuição de energia eléctrica. Neeste mesmo departamento
encontramos 6 sectores, nomeadamente: Sector de manuntenção e mecânica de engenhos,
Sector de produção e distribuiçao de electricidade, Sector de lubrificação e recauchutagem,
Sector de serralharia e Usinaria, Sector de transportes rodoviários e Sector de planificação,
controle e manuntenção. Todos estes têm o objectivo de garantir o bom funcionamento de todos
os equipamentos inerentes a Sociedade Mineira .

Ilustração 7 - Base do departamento de Equipamentos e Infraestruturas. Fonte: Autor

23
2.1. Sector de serralharia e Usinaria
O sector de serralharia e usinaria é responsável por atender todas as questões inerentes
a produção e reparação de peças e componentes, fazer acabamentos de peças metálicas no torno
mecânico que são fundamentais para a realização das actividades que assim exigem elas. Como
por exemplo: a fabricação de portas e janelas, ferramentas e instrumentos, soldagem de peças
soltas, corte de peças, etc.

Ilustração 8 - Oficina de serralharia e Usinaria. Fonte: Autor

Estive neste sector durante uma semana, porém de forma parcial, porém não de forma
intregal pois deambulava por outros sectores em simultâneo, sem contudo perder o foco. Uma
das primeiras actividades que realizei neste sector foi fazer o acompanhamento activo do
trabalho de corte do balde da escavadeira CAT 50. O balde sofreu um dano irreparável na parte
dianteira, devido ao mau uso do mesmo (foi utilizado para extrair um material muito duro e
abrasivo, o que fez com que os adaptadores das luvas do balde partissem). Com o objectivo de
se remover a parte danificada e se soldar uma nova que irá possibilitar o encaixe das luvas nos
dentes do balde fez-se o corte. Após o corte da parte danificada foi feito a soldadura da parte de
substítuição.

24
2.2. Sector de manuntenção e mecânica de engenhos
Neste sector está encarregado de garantir a opeacionalidade, manuntenção e o bom estado
de conservação dos engenhos/pesados (maquinaria pesada), tais como: Escavadores,
Bulldozers, Perfuratrizes, Moto niveladoras, Empilhadoras, Caminhões articulados e também
dos guindastes industriais (Demag 10t) que servem para o manuseio de materias pesados.

Ilustração 9 - Oficina dos engenhos. Fonte: Autor

Estive no sector de manuntenção e mecânica de engenhos durante 1 semana, porém da


mesma forma que no sector de serralharia e usinaria, eu não estive integralmente no sector por
toda a semana, deambulava por outros sectores em simultâneo, recolhendo dados e participando
das mais diversas actividades, sem contudo perder o foco. Uma das primeiras actividades que
realizei neste sector foi fazer o acompanhamento activo do transporte da oficina de serralharia
até ao Centro de Controle das Operáções Mineiras (MCC), onde a Bulldozer estava estacionada
e a montagem do macaco da Bulldozers CAT D10 nº32 com o ECO 12 e outros mecânicos.

25
2.3. Sector de transportes rodoviários
Este sector, com o auxílio dos recursos disponíveis pela empresa, tem a responsabilidade de
dar soluções aos problemas mecânicos e electricos apresentados pelos veículos ligeiros e
pesados, bem como também de proporcionar o transporte dos trabalhadores, matérias e
susbtâncias de um lugar para o outro. Este sector também tem a função de planificar as
manutenções correctiva e preventivas dos veículos, a fim de garantir a sua operacionalidade e
o bom estado de conservação e consequentemente o aumento da vida útil do meio.

Ilustração 10 - Oficina dos ligeiros. Fonte: Autor

2.4. Sector de lubrificação e recauchutagem


Este sector é responsavel pela manuntenção preventiva dos orgãos mecânicos de todos os
equipamentos, máquinas e veículos, também é responsável pelo abastecimento das máquinas e
equipamentos que tenham ficado sem combustível, àgua para o radiador e lubricação (massa
consistente), também encarrega-se da reparação ou subtituição dos pneus dos veículos e
engenhos (caminhões articulados, pá carregadoras) ou outro equipamento que possua rodas.

Ilustração 11 - Oficina de Lubrificação e recauchutagem. Fonte: Autor

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2.5. Sector de planificação, controle e manuntenção
Este sector pertencente ao departamento de equipamentos e infra-estruturas da sociedade
mineira do Lunhinga, de forma geral tem as principais funções: planificações das actividades
diárias dos trabalhadores, planificações das manutenção correctiva e preventiva dos veículos e
engenhos, controle dos trabalhadores e planificações de licenças de trabalho, elaboração de
relatórios diários de materais, peças, compotentes usados diariamente, elaboração de relátorio
diários das actividades realizadas no seu respectivo departamento.e em outros departamentos,
elaboração de requerimentos para a aquisição de equipamentos, máquinas, matériais e
consumiveís, também é responsável pelo controle, organização e armazenamento de todos os
dados de todas as actividades que se desenvolvem no Departamento de Equipamentos e
Infraestruturas. Estive neste sector por uma semana e durante este periodo colhi várias
informações e compreendi de facto a relevância do técnico de planificação e controle de
manuntenções da Sociedade Mineira do lunhinga, é de facto exautivo o cargo. Durante a minha
estádia realizei tarefas diárias como: recolha e lançamento das informações das folhas de
presença, organizei e arquivei documentos em suas devidas pastas, lancei dados inerentes ao
consumo de lubrificantes e óleos e enviei aos respectivos orgão para processarem a informação.

Ilustração 12 - Sala de planificação,controle e manuntenções. Fonte: Autor

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3. DEPARTAMENTO DE ELECTRICIDADE
Este departamento tem como principais funções a produção e abastecimento de energia
eléctrica para o uso industrial e doméstico através da central eléctrica que inicialmente foi
projectada para o funcionamento com uma base de oito (8) grupos geradores com capacidades
de 1100kv cada, porém a sociedade mineira deu o seu início com a instalação de 6 geradores,
todavia estão em funcionamentos apenas três (3) geradores devido a diversos problemas
mecânicos apresentados pelos restantes geradores. Graças aos esforços aplicados foi possível
adquirir mais 2 dois geradores de 824Kw para central electríca a fim de se atender as
necessidades dos demais departamentos que compõem a Sociedade mineira do Lunhinga.

Ilustração 13 - sala de máquinas da central electríca. Fonte: Autor

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4. DEPARTAMENTO DE EXPLORAÇÃO
O departamento de exploração é uma área imprescindível, pois é responsável pelas
técnicas de exploração, nas quais suas tarefas englobam actividades como: extracção,
remoção e desenvolvimento da mina. O mesmo departamento esta dividido em três sectores,
nomeadamente: Exploração Mineira, Controle e planificação e topografia, Perfuração e
detonação.
4.1. Exploração mineira
Este sector é responsavel pelas operações mineiras, nomeadamente: desmonte, extracção de
minério e remoção de estéril, carregamento, transporte e descarga do material no respectivo
local de deposição. O sector de exploração mineira também é responsável por todos os trabalhos
preparativos e auxiliares que tornam possível a realização das operações mineiras, como:
nivelamento de rampas, abertura de acessos, compactação das vias de acesso, correcção do
relevo dos acessos, etc. Fora os trabalhos pratícos no terreno, o sector de exploração mineira
também controla e fiscaliza a quantidade de massa mineira que se move da mina até os seus
locais de deposição, controla a produtividade dos equipamentos mineiros e as horas trabalhadas,
para garantir que estes tiveram eficiência na realização das suas actividades.
4.1.1. Principais operações mineiras
As principais operações mineiras realizadas na mina do Lunhinga correspondem a:
Desmonte + carregamento + Transponte + Beneficiamento mineral + Comercialização
Desmonte: é uma das operações mais comuns nas actividades mineiras,consiste num
processo de fragmentar a rocha, transformando corpos minerais de dimensões monumentais em
pedaços pequenos de rochas que possam ser embarcados em um camião.
Em geral, na mina do Lunhinga usam-se dois tipos de desmnte:
- Desmonte com explosivos;
- Desmonte mecânico.
4.1.2. Desmonte com explosivos
É a modalidade usada para desmontar materiais mais consistentes, geralmente efeituados
em bancadas. O sector de Perfuração e Detonação é o responsável por determinar os parâmetros
a serem cumpridos ao se fazer o desmonte com explosivos. Segue-se com seguinte o ciclo de
trabalho:
Perfuração + Desmonte + Carregamento + Transporte

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4.1.3. Desmonte mecânico
O desmonte mecânico é um tipo de desmonte que utiliza equipamentos mecânicos para
desmontar rochas de baixa e média consistência especificamente. Pórem, na realidade da mina
do Lunhinga, o desmonte mecânico é amplamnete utilizado para a fragmentação e
empolamento de rochas de alta consistência, como o Kimberlíto porífico (PK).
Para essa alternativa de desmonte usam-se frequentemente na mina do Lunhinga os seguintes
equipamentos:
- Escavadeira Hidráulica, a cabos CAT50;
- Pá carregadeira sobre rodas e sobre esteira;
Estes equipamentos são geralmente auxiliados pelas seguintes unidades:
- Bulldozers D10, escava/empola e transporta o material, empurrando-o a pequenas
distâncias
Além destes equipamentos na mina do Lunhinga funcionam as unidades de transporte, onde
destacam-se:
- Camiões: fora de estrada, articulados e basculantes (Volvo-300 e Komatsu HM-400 de
40t).
Os camiões articulados são os mais usados frequentemente, a exemplo como se verifica
na Mina do Lunhinga que devido o flexibilidades operacionais conseguem fazer curvas
fechadas pois além de serem mais rápidos, potentes, podem ser transferidos para outras frentes
de operação conforme a necessidade; a mineração pode ocorrer simultaneamente em vários
níveis, facilitando a blendagem do material para garantir a qualidade; os camiões podem ser
deslocados para a operação no estéril, quando a central de tratamento estiver em manutenção
conseguem subir rampas de até 15% de inclinação, factor de extrema importância visto que as
rampas e acessos da mina em alguns pontoa específicos superam os 15% de inclinação. Ainda
assim, apesar de superar a inclinação este camiões conseguem efectuar as suas actividades mas
com bastante dificuldades, principalmente quando há precifitações e os acessos ficam
alaguados e escorregadios.
4.1.4. Trabalho de campo
Acompanhamento das operações mineiras com os chefes de turno. o chefe de turno
é o profissional que tem como responsabilidade distribuir tarefas que lhe são incumbidas pelo
chefe do sector de exploração ou pelo chefe de departamento quando possível, supervisionar os
trabalhos, a operacionalidade das máquinas e a comunicação das avarias. O sector agrega três
equipes que laboram em regime de três turnos rotativos de 8 horas, compostos por um chefe de

30
turno e quinze operadores de máquinas e camióes articulados, havendo, no entanto possíveis
paragens programadas (necessidades fisiológicas, refeiºões, manutenção preventiva, etc).
Calculo do tempo de ciclo: o tempo de ciclo de um equipamento é o intervalo de tempo
necessário para a execução de uma operação completa de uma série de operações repetitivas.
Tempo de ciclo da escavadora: o tempo de ciclo da escavadeira, um equipamento que
trabalha fixamente e move-se poucas vezes, o seu tempo é obtido cronologicamente e chamado
também de tempo fixo. Portanto, pude calcular o tempo fixo da escavadeira CAT 50, a L50,
correlacionando os seguintes parâmetros:
- Empolando o material e depois carregar o camião a escavadora leva de 8-10min.
- Carregando o camião com o material previamente empolado leva de 4-5min.
Comparando os dois tempos é notótio que a escavadora preparando o material e
posteriormente carregar o camião chega a fazer o dobro de tempo em relação ao carregamento
do material já empolado. Logo posso concluir que o mais eficiênte é fazer a preparação prévia
do material a fim de evitar atrasos desnecesssários que prejudicam a produção.
Tempo de ciclo do camião: baseando-se nisso, pude calcular o tempo de ciclo de um
camião tendo em conta o tempo váriavel (tempo necessário para que um equipamento se
locomova do local de carregamento até ao local onde efectua a descarga e retorne ao local de
carregamento), tempo de manobra, o tempo de carga, o tempo de transporte (carregado) e o
tempo de descarga.
Exemplo: Calcule o tempo de ciclo do camião 168 (Komatsu HM400) que transporta PK
do bloco 5 até à CT-1.
Dados Fórmula Resolução
tm= 1min TC= tm + tc + tt + td + tv TC= 1 + 4 + 15 + 1 + 10 (min)
TC= 31 min = 0,5h
tc= 4min
tt= 15min
td= 1min
tv= 10min
Onde:
tm: tempo de manobra
tc: tempo de carregamento
tt: tempo de transporte (carregado)
td: tempo de descarga

31
tv: tempo de volta (vazío)
Então: 31 min é o tempo que o camião leva a completar um ciclo de manobra, carregamento,
transporte, descarga e volta de uma série de operaºões repetitivas.
OBS: o tempo de ciclo varia de acordo com o material, condições da escavadora, condições
do camião, profundidade da mina, distância de transporte e experiência do operador.
4.2. Sector de perfuração e detonação
Este é o sector responsável pela realização de furos para detonar os blocos mineralizados
ou estéries que apresentam alta concistência, segundo uma malha projectada e um plano de fogo
pré estabelecido pelos Blasters.
Todo o desmonte com explosivos na mina do Lunhinga é acompanhado por um Driller e
Blaster (especialista em perfuração e detonação), este elabora um plano de fogo (projecto
executivo para a realização do desmonte de rocha com o uso sistemático de explosivos, onde
serão definidos e apresentados o plano de perfuração, a qualificação e quantificação de
explosivos e os esquemas de ligaação e iniciação entre os furos detonados).
Na mina do Lunhinga a perfuração é feita com uma máquina de perfuração, Epiroc ou Titon.
O operador da máquina realiza os furos seguindo a malha que o Blaster definiu. A correcta
definição da malha de perfuração otimiza o processo de fragmentação das rochas e também
pode reduzir os custos inerentes a operação reduzindo a qauntidade de explosivos necessária
para se desmontar um bloco, por expemplo.

Ilustração 14 - Perfuratriz Epiroc. Fonte: Autor

32
Ápos a perfuração os furos são carregados com explosivos, Riogel Kupula. Usa-se o
Riogel Kupula devido a resistência que apresenta a ter contacto com a água. Devido a sua
composição a água não afecta a sua eficâcia ao fragmentar as rocha. Outros compostos
explosivos, a Emulsão por exemplo, ao entrarem em contacto com a água têm a sua eficâcia
reduzida e a fragmetação das rochs é comprometida.

Ilustração 14 - Explosivo Riogel Kupula. Fonte: Autor

Após o carregamento dos furo com explosivos é feito o tampão (preencher o furo com
matérial estériil para se eliminar o canal de escapatória dos gases produzidos pela detonação do
explosivo tornando assim a fragmentação mais eficiênte); ápos isso é feita a amarração dos
explosivos (procedimento que conecta todos os explosivos dentro da malha de perfuração) com
os cordéis e retardadores, se assim for necessário.

Ilustração 15 - Praça a ser detonada após os trabalhos de tampão Fonte: Autor

Ápos conectar todos os explosivos conecta-se os Estopin (o Estopin é um cordel de


polvora negra, liga os cordéis detonadores e a espoleta. Visto que os detonadores eléctricos não
são usados na mina do Lunhinga, a sua finalidade é servir como elemento “temporizador”, visto
que cada 1 metro de Estopin demora em média 1 minuto para queimar completamente, então
usa-se o comprimento de Estopin necessário para que todos os trabalhadores se afastem do local
de detonação.

33
Ilustração 16 - Estopin . Fonte: Autor

Devido a crise produtiva o desmonte de explosivos na mina do lunhinga tornou-se um


método de desmonte exclusivo a algumas actividades porque tanto a aquisição dos explosivos
e os seus acessórios, quanto a realização dos trabalhos preparativos (perfuração) sofrem
debilidades. A mina do Lunhinga, como outras minas kimberlitícas apresenta uma grande
presença de rochas competentes (abrasivas, duras) , como o PK e o GNS. A ausência deste tipo
de desmonte e a necessidade de se produzir mesmo assim faz urgir um outro problema: o
acelerado desgaste e a redução significativa da vida útil dos equipamentos e dos implementos
de desmonte mecânico.
4.3. Sector de planeamento e topografia
O sector de planeamento e topografia é um sector que tem como objectivo fazer o
monitoramento das actividades mineiras, fazer o registo do volume do material movimentado
durante as actividades realizadas na mina (minério, estéril e gnaisses), até aos seus respectivos
destinos, assim como o controle das avarias e gestão dos engenhos. Para os planos de
desenvolvimento da mina, o sector de planificação usa alguns softwares de desenvolvimento
mineiro tais como: Surpac e Wilter. Taissoftwares usamse para a optimização do projecto e
processo evolutivo da mina, bem como calcular os valores Dólar/Toneladas dos blocos
económicos presentes na mina.
O sector topográfico realiza regularmente levantamentos topográficos das elevações
presentes na mina dos blocos já explorados e por se explorar, com visto a calcular a espessura
e o volume do minério presente e movimentado na mina, para a realização das actividades e
utilizando o GPS fornecendo as coordenadas e as cotas.
4.3.1. Trabalho de campo
Acompanhamento e participação activa no controle do desenvolvimento da mina do
Camatchia.
Análise e lançamentos dos dados das operações mineiras provenientes do Centro de
Controle da Mina (MCC) em relatórios diários, semanais, mensais e anuais.

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Análise e lançamento dos dados das movimentações de massa mineira da mina até os seus
respectivos locais de depósito em relatórios diários, semanais, mensais e anuais.
5. DEPARTAMENTO DE METALURGIA
O departamento de metalurgia desempenha um papel crucial para garantir a produção de
diamantes na sociedade mineira do Lunhinga, o mesmo tem as funções de recepcionar o minério
proveniente da mina e dos depósitos, fragmentá-lo até uma granulometria que liberte a especíe
mineral útil (o diamante) para classificá-lo consoante a sua granulometria e densidade e por fim
separá-lo da ganga para se ter uma recuperação desejada da especíe mineral útil. Para este efeito,
o departamento de metalurgia dispõe de uma central de beneficiamento mineral e um forte
grupo de engenheiros e técnicos competentes para manunseá-la, desde o seu funcionamento até
a sua manuntenção.
5.1.ANTECEDENTES
A mina do Lunhinga possui duas centrais de tratamento, nomeadamente, CT-1 e CT-2,
porém actualmente funciona apenas uma central de tratamento, a CT-1.
A central de tratamento 1 (CT-1) da sociedade mineira do Lunhinga foi projectada para ser
uma central de tratamento piloto, com uma capacidade de produção de 1 milhão de toneladas
de minério por ano. De momento encontra-se com a capacidade de tratar cerca de 190 toneladas
por hora, e uma recuperação de 95% de diamantes. A sociedade mineira pretendia meter em
prática a construção de uma central de tratamento de maior potência com a capacidade de
produção de 6 milhões de toneladas anuais mas, devido a diversas problemáticas ainda não se
concretizou tal plano.
5.2.ETAPAS DE BENEFICIAMENTO MINERAL NA CT-1 DA MINA DO LUNHINGA
A recuperação dos diamantes depende dos seguintes processos tecnológicos:
5.2.1. Pré-tratamento
O pré-acabamento corresponde a etapa que o minério recepcionado da mina e dos
deposítos sofre a fragmentação, moagem, classificação e separação.
A primeira etapa do pré-tratamento é a fragmentação, ela é de vital importância, tem
como objectivo a desintegração e redução da granulometria do minério até que seja possível a
liberação da especíe mineral útil.

35
5.2.1.1.Componentes principais para o pré-tratamento
Tremonha: a tremonha é o local de recepção do minério, possui uma grelha de 400mm²
que deixa passar somente minério que possui dimensões iguais ou inferiores a 400mm² . O
minério proveniente da mina ou dos depósitos é transportado por camiões HM 400 ou Volvo
até tremonha, o material é despejado na tremolha e com o auxílio de uma escavadeira ou martelo
hidráulico o minério passa pela grelha da tremonha, material com dimensões superiores à
400mm² são parcialmente fragmentados com o martelo hidráulico para poderem passar pela
grelha.

Ilustração 17 - Tremonha sendo alimentada com minério com auxílio da escavadeira. Fonte: Autor

Alimentador: o alimentador é uma correia metálica com a função de transportar o


minério da tremonha até ao moinho. A sua velocidade é regulável, regula-se a velocidade a fim
de de cumprir com os planos de alimentação da Central de tratamento e para não sobrecarregar
o moinho no processo da fragmentação.
Moinho autógeno: os moinhos autógenos são aqueles que na sua constituição não
apresentam corpos moedores, é o principal e único equipamento de fragmentação de minérios
na central de tratamento. Como o próprio nome sugere, ele é o equipamento responsável por
fragmentar e moer o minério até uma granulometria em que a espécie mineral útil esteja
liberada. No caso da central de tratamento da Sociedade Mineira do Lunhinga o grau de
libertação do diamante é de +35 – 1 mm. O moinho possui grelhas de descarga com tamanhos
de 35 mm², ou seja, só passarão para outra fase de Pré-tratamento os materiais que possuírem
dimensões iguais ou inferiores à 35 mm².

36
Características do moinho:
- Produtividade: 150 t/h
- Tamanho máximo na alimentação: 400 mm
- Grau de enchimento: 35/45% do volume
- Diâmetro: 5,8 metros
- Rotação: 14 rpm

Ilustração 18 - Moinho Autógeno da CT-1, vista de fora e vista do interior. Fonte:Orgão de segurança da CT-1

Classificador: equipamento em forma de espiral cuja função é de lavar o material e


classificá-lo quanto a sua granulométria. O classificador separa os os matérias que possuem
dimensões de 35 – 1 mm e elimina os materiais com dimensões inferiores à 1 mm, os ultrafinos.
Mecanismo de funcionamento
O material com tamanho máximo de - 35mm sai pelas grelhas de descarga no moinho,
que por intermédio de um canal alimenta o classificador hidráulico de uma espiral. O
classificador está constituído por um tanque com uma porção inclinada contendo uma espiral,
que gira em torno do seu eixo central, a alimentação na forma de polpa é realizada
transversalmente e as partículas grossas (áreas diamantíferas), tendem a se sedimentar dentro
do tanque e por arraste mecânico através da espiral são transportadas até a parte superior do
classificador. O objetivo do classificador é de retirar a lama (material ultra fino) do minério
proveniente do moinho, e durante o processo são obtidas duas classes granulométricas. Uma de
desague (material inferior a 1 mm), que correspondem ao material ultra fino, com densidade
operacional controlada (leves), são enviadas para a bacia de rejeitados. O material que é
encaminhado para a parte superior do classificador constituem as áreas diamantíferas com
dimensões superiores a 1.4mm, estes vão para a peneira vibratória horizontal (crivo 18) com
uma vibração linear. O classificador da central de tratamento I do Lunhinga separa com uma
densidade de 1.6 á 1.7; todo o material (lama ou polpa) abaixo desta densidade constitui o

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rejeitado ou produto rejeitado e vai diretamente para a bacia de rejeitados, enquanto o material
acima de 1.4 alimenta a peneira (crivo 18).

Ilustração 19 - Classificador de uma espiral da CT-1. Fonte: Orgão de segurança da CT-1

Caracteristicas do classificador
- Produtividade: 70 t/h
- Teor de sólido: 26 – 32%
- Densidade da polpa: 1,6 – 1,7 (g/cm)
- Rotação: 4,5 rpm
Crivo: crivo é um equipamento que possui painéis de grelha que possuem certas dimensões
e que deixam passar materiais com dimensões iguais ou inferiores as grelhas dos seus painéis.
Mecanismo de funcionamento: através da vibração constante que o crivo produz o material que
fica por cima dos painéis é forçado a passar pelas grelhas dos painéis, caso estes tenham as
dimensões adequadas.
Peneira vibratória húmida (Crivo central ou 18): após a classificação que possuem
dimensões de 35 – 1 mm são transportados até ao crivo central. O crivo central possui painéis
superiores e inferiores, e enquanto este vibra, separam os matérias quanto as suas dimensões
em duas fracções, a fracção grossa +35. – 6mm e a fracção fina – 6. +1mm. A fracção – 35 +6
é transportada pelas correias até ao crivo 66 que é composto por Doble Deck, ou seja, separa o
minério em duas fracções: - 35 +13 (Top deck) e -13 +6 (Boton deck) para posteriormente fazer-
se a separação por raio x na fase do acabamento. Enquanto que a fracção – 6 + 1 é transportada
através das correias transportadores até a panela de mistura onde será feita a separação em meio
denso. A fracção inferior à 1mm vai para o tanque de decantação e é transportada juntamente
com os despojos do classificador para a bacia de rejeitado.
Correias transportadoras: estas são utilizadas no transporte do material dentro da
central. As correias 6 e 7 transportam o material proveniente dos dois estágios de separação do

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crivo 18; as correias 8 e 9 transportam o rejeitado proveniente do crivo 54 (crivo flot) e do
rejeitado proveniente da secção do acabamento respetivamente.

Ilustração 20 - Correia transportadora nº8 (Rejeitado). Fonte: Orgão de segurança da CT-1

5.2.1.2.Separação em meio denso


A fração fina é encaminhada para o processo do meio denso (DMS), que corresponde a

classe de -6 ₊1.4 é transportada pela correia 7 que é encaminhada diretamente para a caixa de

mistura em meio denso com utilização do fluido operacional (água+FeSi) á uma densidade de
separação de 2.40 g/cm3; é bombeado (bomba 34), para o ciclone aonde é feita a separação
densimétrica, com uma pressão operacional de 112 á 120 kPa. Este por sua vez separa as
partículas densas (pesadas) e menos densas (leves). As partículas com densidade igual ou
superior a 2.40 são direcionadas para a parte inferior do ciclone, que correspondem ao under
(concentrado) e são descarregadas para o crivo Sink (53), e as partículas com uma densidade
inferior a 2.40 são direcionadas para a parte superior do ciclone, correspondendo ao over
(rejeitado) sendo descarregado no crivo Flot (54) aonde é feita a recuperação do fluido
operacional (água+FeSi) e vai directamente para a panela de preparação do meio.
Especificações do ciclone
Produtividade - 30 t/h
Consumo de água - 40 /45 𝑚 /h
Consumo específico de ferrossilício (D270 g/t) 500
Densidade da suspensão, Kg/dm3 2.40
5.2.1.3.Separadr magnético
O separador magnético é usado para recuperar o ferrossilício no circuito do meio denso. Este
consiste de um tambor rotativo não magnético contendo uma série de ímanes estacionários e de
alternada polaridade. A separação é feita pela a alimentação vinda de 3 fontes: Panela do meio

39
diluído bombeada pela bomba 38; bomba 40 que é a bomba de drenagem do piso e pelo fluido
de recirculação do under do hidrociclone.É alimentado em direção oposta ao movimento de
rotação do tambor, as partículas magnéticas (ferrossilício) são presas no tambor e transportadas
para fora do campo magnético, deixando as partículas não magnéticas na descarga do efluente.
5.2.1.4.Desmagnetizador
O desmagnetizador é responsável pela recepção do ferrossilício, recuperado pelo separador
magnético e dispersa os flocos deste para que o ferrossilício esteja em suspensão quando
introduzido na panela do meio.
5.2.1.5.Bombas centrifugas
As bombas que funcionam dentro da central são do tipo metso, as mesmas encontram-se
instaladas em paralelo, e desempenham um papel fundamental na transferência ou
movimentação de fluidos; e são descritas da seguinte forma:
Bomba 19 – Bomba dos finos do pré-tratamento.
Bomba 22 – Bomba de drenagem do pré-tratamento.
Bomba 24 – Bomba de recuperação dos finos que saem do acabamento.
Bombas 27 e 28 – Bombas principais de abastecimento de água na planta.
Bomba 34 – Bomba de alimentação do ciclone.
Bomba 35 – Bomba de transbordo da caixa de mistura.
Bomba 36 – Bomba da panela do meio.
Bomba 37 – Bomba de recuperação do meio (Bypass).
Bomba 38 – Bomba da panela do meio diluído.
Bomba 39 – Bomba dos finos, que alimenta o hidroclone.
Bomba 40 – Bomba de injeção e recuperação do ferrossilício.

40
5.2.2. Acabamento
O acabamento é a fase em que o concentrado é exposto aos separadores por raios-X,
estes usam o bilho dos diamantes como propriedade diferencial para possibilitar a sua separação
dos demais mineirais que possam estar no concentrado, eles funcionam como selectores para
identificarem as pedras de diamantes pelo seu brilho, esta separação, devido a presença de
outros mineiras que possuem propriedades semelhantes que a do diamante, como a calcite, por
exemplo. não é insenta de falhas, por isso, após a separação por raios-X acontece a picagem.
O objetivo principal desta secção consiste na separação e recuperação dos diamantes. A
secção dispõe de dois tipos de separação de RX (húmido e seco). A fração grossa -35 + 6mm é
transportada pela correia 6 e encaminhado para o elevador 20 e alimenta o crivo 66, aonde é
feita a separação em duas classes granulométricas -35+13 e -13+6 mm que vão para os
separadores de raio-x (SRX) 41 e 42 respetivamente.
O concentrado destes separadores vai para a segunda fase de separação em raio – x, que
corresponde aos separadores 43 e 44 respetivamente; o seu concentrado é descarregado em
urnas, sendo que o concentrado nas urnas é transferido para a mesa de picagem aonde é feita a
separação manual.
O crivo sink separa as frações em dua classes granulométricas - 6 +3 e - 3 +1.4 mm; e
são transferidas para os separadores de raio-x 46 e 45 respetivamente e o seu concentrado é
encaminhado através do elevador 21 para o crivo de enxugo 74 (desaguador), aonde é separada
a água do material e posteriormente o material é transferido para o secador 75 com temperatura
máxima de até 500ºc e uma temperatura operacional de 120ºc.
Depois de seco o material vai para o crivo 76, separando as classes -6 ₊ 3 e -3 ₊ 1.4mm,
sendo encaminhadas para os separadores (SRX) 48 e 47 respetivamente, e o concentrado destes
separadores vão para as urnas bem como o concentrado dos separadores 43 e 44, da fração
grossa; e são transportados pelo elevador 19 para a área da picagem.

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42
43
5.3. Trabalho de campo
 Acompanhamento e participação activa das actividades realizadas na central de
tratamento, desde a planta de pré- tratamento até ao acabamento. Durante a minha estádia
de uma semana na central de tratamento de minérios da mina do Lunhinga aprendi como é
feito o beneficiamento do minério que é proveniente da chaminé do Camatchia e dos
depósitos de minério. Pude perceber que o processo de beneficiamento de minérios está
dividido em várias etapas, nomeadamente: Pré-tratamento, Acabamento e Picagem.
 Acompanhamento e participação activa da manuntenção da CT-1. Durante a minha
estádia pude presenciar como é feita a manuntenção da CT-1. Todos os equipamentos,
máquinas e isntrumentos são revisados a fim de se poder averiguar a sua integridade, caso
haja algum problema estes são prontamente reparados e/ou substituídas as partes
danificadas. Tive a oportunidade de adentrar no crivo central (crivo 18) para averiguar a
integridade dos paínes por onde passam as partículas mineirais. Neste processo aprendi a
fazer a verificação dos paíneis dos crivos e também aprendi a remover e a montar os paíneis
do crivos.
 Auxiliei o engenheiro de automação, Engº. Adilson, na montagem de uma câmera que
serviria para o controle da planta de beneficiamneto, mais especificamente, o controle do
crivo 18.

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VI. SECTOR DE HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
E AMBIENTE
1. PAPEL DO TÉCNICO DE HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E
AMBIENTE
O técnico de higiene, segurança e saúde do trabalho e ambiente tem a responsabilidade
de: analisar os perigos em todas as áreas da empresa; reconhecer e identificar todas as situações
com potencial de provocar lesões ou morte (situações de perigo); gerir essas situações de perigo
com os recursos humanos, matérias e financeiros disponíveis na empresa a fim de se
implementar mecanismos para eliminar, ou se não for possível, mitigar os riscos inerentes a
elas; fiscalizar e controlar se os mecanismos utilizados para eliminar/mitigar os riscos está a
cumprir com as expectativas; garantir a integridade física dos colaboradores e dos
equipamentos, garantir que os colaboradores tenham um ambiente propício a execução das suas
actividades laborais, os riscos devem ser eliminados, ou pelo menos mitigados, com a utilização
de equipamentos adequados para esse efeito e mantido dentro das melhores condições de
operacionalidade. Aquando seja impraticável o recuso à equipamentos de proteção colectiva o
uso dos equipamentos de protecção individual deve ser previsto e usado. O técnico de HSST
faz a análise de riscos das frentes de trabalho a fim de conferir se há condições de trabalho
adequadas e que garantam segurança aos seus colaboradores e aos equipamentos de trabalho,
caso não garantam segurança ele tem o dever de cessar as as operações de forma a implementar
mecanismos de gestão de perigos para reduzir as chances ou probabilidades de ocorrer uma
lesão ou morte, se os riscos não forem eliminados ou ao menos mitigados o técnico de HSST
tem o dever de encerrar as operações até que se criem condições propícias à execução do
trabalho. Dito isto, fica clara o tamanho da responsabilidade que recai sobre os ombros dos
técnicos de HSST.

É de facto um trabalho nobre e digno…

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2. CONSIDERAÇÕES GERAIS RELACIONADAS A ÁREA DE HIGIENE,
SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E AMBIENTE
Ambiente: Conjunto de condições naturais e de influências que actuam sobre os
organismos vivos e os seres humanos (Atmosfera, Bisofera, Hidrosfera, Litosfera)
Saúde: capacidade física, emocional, mental e social que o indivíduo tem de interagir
em completo harmonia com sem ambiente. Segurança: estado, qualidade ou condição de
seguro.
Acidente: é um evento inesperado e indesejado que causa danos pessoais, materias
(danos patrimoniais), danos financeiros e que ocorre de modo não intencional. Ex: lesão por
tocar algo quente, afiado, frio, eléctrico; colisões; quedas indesejadas; ingerir veneno.
Risco: é a probabilidade ou chance de lesão ou morte (Sanders e McGormick, 1993, p.
675).
Perigo: é a condição ou conjunto de circunstâncias que têm o potencial de causar ou
contribuir para uma lesão ou morte (Sanders e McGormick, 1993)
Acidente VS Incidente
De forma simples, incidente é algo que ocorre de forma inesperada, mas não causa
grandes danos ou consequências. É um episódio não premeditado e que ocorre de maneira
acidental. O acidente da mesma forma, é algo inesperado, porém, suas consequências são
maiores, e muitas vezes irreversíveis.
3. TIPOS DE RISCOS MAIS COMUNS NA MINA DO LUNHINGA
Riscos associados a falha humana: controle e atenção do operador com o
equipamento, falta de formação e informação do pessoal.
Riscos associados ao trabalhos nas alturas: queda do equipamento; queda de
materiais (pode atingir o pessoal que se encontra abaixo.
Riscos associados a falha do equipamento: chances do equipamento avariar em
subidas ou descidas íngremes; avaria repentina do equipamento o que irá afectar a produção.
Riscos associados a condições climáticas: chuvas torrenciais que deixam os acessos e
rampas escorregadias com potencial de provocar atolamento do equipamento, aquaplanagem;
chuvas torrenciais e novoeiros que provocam visibilidade reduzida aos colaboradores; chances
de ser atingido por um raio; chuvas torrenciais com potencial de provocar deslizamento de terra
ou queda de material solto.

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Riscos associados a geometria da mina: acessos com declive e aclive muito
acentuado; ângulos de talude muito acentuados para materiais brandos definição (riscos de
deslizamento de terras, subterração do operador ou equipamento)
Riscos associados a instabilidade do terreno e materiais soltos: queda de materiais
soltos; atolamento de equipamentos.
Riscos associados as infraestruturas: buracos e valas nas estradas da vila residencial
(lesão física dos colaboradores, vida útil dos carros reduzida); buracos e valas nos passeios
(lesão física dos colaboradores)
4. TIPOS DE ACIDENTES MAIS COMUNS NA MINA DO LUNHINGA (2005 - 2023)
Acidentes associados a falha do equipamento: avaria repentina dos equipamentos, o
que afecta a produção (2023); avaria na CT-1 o que provocou a perda de algum minério
afectando a produção (2023).
Acidentes associados a falha humana: Capotamento de equipamentos [caminhão
articulado Volvo TR158 enquanto descarregava (de forma incorreta) o minério no depósito
Bunker (2023)]; Sinistralidade rodoviária (excesso de velocidade, falta de atenção).
Acidentes associados a instabilidade do terreno/infraestruturas/materiais soltos e
instabilidade dos taludes:
deslizamento de terra no bloco 5 (estéril recobriu o minério);
queda da ponte (feita de forma errada- com a caçamba de dois camiões) enquanto um
operador passava com uma bulldozer (2005).
5. ACTIVIDADES REALIZADAS DURANTE A MINHA ESTÁDIA
Zona verde
No dia 2 de outubro de 2023 os técnicos de higiene, saúde e segurança do trabalho e
ambiente foram chamados para conferir e intervir em uma situação de risco na zona sul da vila
residencial, os técnicos deslocaram-se para lá prontamente, averiguaram a situação e
identificaram o perigo, um buraco no meio do passeio que servia de caminho para todos os
habitantes da vila.
Identificado o perigo e feito a análise de que o mesmo teria o potencial de causar ou
contribuir para provocar lesões ou morte aos colaboradores que lá passam. Os técnicos
controlaram rapidamente a situação e usando os recursos a sua disposição, nomeadamente:
cones reflectores e fitas de isolamento tipo zebra isolaram a área que abrangia o buraco de forma
a servir como uma sinalização óptica aos que se aproximam da área. Nota que os cones e a fita

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de isolamento são ambos materiais refletores, possibilitando assim a sua visualização no
período noturno.

Ilustração 21 - isolamneto da zona perigosa . Fonte: Autor

Mitigado o risco, os técnicos de HSST têm o dever de relatar a situação de risco à


direcção geral para que se possa eliminar o perigo sob o risco de lesões físicas (queda com
escoriação, fratura ou pior).
Zona vermelha
Data: 02/10/2023
Actividade 1: Trabalho de colocação de barreiras feitas de barris com reflectores e fitas
isoladoras tipo zebra nas bermas do acesso ao longo do bloco 3. Pode não parecer, mas a
colocação de barreiras reflectoras é um trabalho essencial para a prevenção de acidentes com
equipamentos no período noturno onde a iluminação é reduzida. As barreiras têm o papel de
aviso óptico aos operadores que circulam na zona afecta.

Ilustração 22- Barreira colocada no bloco 3. Fonte: Autor

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Actividade 2: Remoção de estéril (GNS) que recobriu o minério (PK) no bloco 5. O
trabalho se realizou em altura, em terreno instável, com material solto e que não apresentava
muita segurança tanto para o operador como para o equipamento, o perigo era eminente.

Ilustração 23- Escavadeira subindo mesa de estéril para alcançar o material Fonte: Autor

Foi então chamada a segurança do trabalho que analisou a área que se pretendia
trabalhar. Feito a análise definiu que o local de trabalho não oferecia segurança, mas o local em
causa era uma zona estratégica então a exploração insistiu que se trabalhasse lá, então tendo a
noção de todos os perigos e riscos que aquela operação oferecia, “todas as partes envolvidas
tiveram que assinar um termo de responsabilidade que comprovaria que a segurança do trabalho
fez o seu papel, insentando-a das consequências devidas num futuro processo judicial” (Att: era
o que devia ter acontecido, mas não aconteceu.).
O trabalho de remoção do estéril então começou, acompanhado claramente por um
técnico da HSST que fiscalizava as operações de remoção e transporte e também fiscalizava a
estabilidade do material que era removido, visto que o mesmo não era removido da forma mais
segura. A forma mais segura seria remover com o equipamento em cima do degrau/bancada, e
não em baixo dela. *(imagem, aula 9)*. O técnico de HSST fiscalizou também a forma como
os caminhões eram carregados, analisando e prevenindo os possíveis acidentes, sempre com a
participação dos trabalhadores, visto que não há prevenção onde não haja participação
interessada de todo pessoal afecto a exploração, quer directa quer indirectamente.
Data:05/10/2023
Actividade: levantamento e transporte do gerador da caixa 8, no bloco 3 até à central
eléctrica, na engenharia. O trabalho foi realizado com os seguintes equipamentos e
instrumentos: caminhão articulado, grua, cintas de suspensão, encaixes e parafusos. Durante
essa operação foram identificadas inúmeros perigos e riscos, nomeadamente:
-Terreno irregular, o que não proporcionava uma base muito estável para as patolas da grua.
Houve assim a necessidade de se bases de madeira, porém estás estavam em mau estado de

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conservação e eram muito frágeis para aguentar o peso super incumbente da grua + a carga que
ela levantava.
-Risco de queda do operador que amarrava as cintas no gerador;
-Atolamento do equipamento;
-Queda de objectos na cabine da grua;
-Espaço de manobra da grua insuficiente;
-Contacto com peças móveis;
-Operador de grua com pouco domínio do equipamento.
-Excesso de pessoal na área de trabalho;
-Trabalho em altura, risco de queda do equipamento e/ou pessoal;
-Acesso perigoso por ser íngreme;
-Risco da queda do gerador por rompimento das cintas;
-Risco da carga suspensa pela grua bater na cabine e/ou braço hidráulico da grua: o que por
acaso aconteceu mesmo, sendo que isto reflete a competência do operador da grua e dos
“guias da carga”.

Ilustração 24 - Transporte do gerador da caixa 8 até a central electríca . Fonte: Autor

Dito isto cito algumas medidas de prevenção de acidentes:


-Escolha e a manutenção adequada do equipamento
-Implementar e manter actualizados os programas de formação de pessoal;
-Cabine a prova de impacto;
-Atenção constante às operações
-Manter a área de trabalho apenas com o pessoal necessário;
-Cintas de suspensão ótimas e ideias para o serviço;
-Mão de obra especializada e com consciência de todos os perigos e riscos inerentes à operação;
-Usar os devidos equipamentos de proteção individual e coletiva.

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Vez embora os sobressaltos e perigos eminentes, os trabalhos que se pretendiam fazer
com a grua formam realizados com sucesso, o gerador foi transportado em segurança até à
central eléctrica na caçamba do caminhão articulado (HM400 da Komatsu) e foi descarregado
com sucesso; mas grelhas da trimonha foram descarregadas com sucesso e a Bomba da caixa
do dique foi erguido e montado com sucesso, vez embora alguns sobressaltos.
6. RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES DE SEGURANÇA
1-A análise de riscos é fundamental para uma operação segura;
2-Só é possível uma análise de riscos correcta se conseguirmos dissecar as operações em tarefas
simples e a elas associamos os factores ponderáveis que conduzam a insegurança
3-A formação e a informação do pessoal é o primeiro passo para uma operação segura;
4-A escolha é a manutenção do equipamento são factores essenciais na prevenção de acidentes;
5-Os riscos associados aos agentes físicos devem ser eliminados, ou pelo menos mitigados, com
a utilização de equipamento adequado para esse efeito e mantido dentro das melhores condições
de operacionalidade. O uso de equipamento de protecção individual deve ser previsto e usado
quando for impraticável o recurso a protecção coletiva;
6-Sempre que previsto na execução de uma operação o uso de equipamento de proteção
individual, por ser o único meio acessível para reduzir o risco, o operador não deve escusar-se
a usá-lo sob pena de sofrer as consequências devidas à sua não utilização;
7-Todo o pessoal deve ser considerado como um elemento essencial na análise e prevenção de
riscos, devendo ser o principal responsável pela sua segurança;
8-Não há prevenção onde não haja participação interessada de todo o pessoal afecto à
exploração quer directa quer indirectamente;
9-Implementar um esquema de avaliação de riscos das áreas trabalhadas;
10-Implementar e manter actualizados os programas de formação do pessoal;
11-Montar e manter os sistemas de vigilância e controle das operações;
12-Estabelecer programas de manutenção quer mecânica quer eléctrica com registo das ações
desenvolvidas;
13-Não expor os trabalhadores em situações que ultrapassem as suas capacidades;
14-Mencionar os riscos ligados ao equipamento e implementar medidas de prevenção;
15-Incentivar os operadores para as acções de prevenção de acidentes;
16-Implementar um sistema de controle e manutenção que inclua:
- Sinalização acústica e óptica do arranque dos equipamentos
- Especialização dos operadores da manutenção dos círculos eléctricos e mecânicos

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CONCLUSÃO
Levando em consideração todos os objetivos propostos neste trabalho concluo o meu
relatório de estágio curricular de facto com conhecimentos gerais e específicos de todos os
departamentos e áreas em que passei. Conheci de facto um pouco da história da mina do
Lunhinga, antiga mina do Camatchia – Camagico (LUO), desde a descoberta dos kimberlitos
Camatchia e Camagico nos anos 60: Camatchia no ano 1960, e Camagico alguns anos mais
tarde pela companhia Diamang. Foram também descobertas 5 chaminés situadas no território
da concessão, nomeadamente, Samuchito, Lunhinga-1, Lunhinga-2, Cula, Carambala, foram
descobertas na sequência das mesmas operações nos anos 60. Actualmente, por questões
técnicas e econômicas explora-se apenas a chaminé do Camatchia, porém as chaminés do
Lunhinga-2 e Camagico estão sendo estudadas a fim de se viabilizar a produção mineira.
Também, ao longo do estágio pude conhecer os diferentes blocos mineralizados da chaminé do
Camatchia e consequentemente diferenciá-los quanto a sua composição, distribuição
mineralógica e seus teores. Após conhecer os blocos em que se extraem o minério pude
conhecer e participar de facto no desenvolvimento das principais operações mineiras,
nomeadamente, desmonte, carregamento e transporte, e nas actividades auxiliares, como
drenagem de frentes de trabalho, abertura de valas de drenagem, montagem de holofotes para
iluminar as operações durante a noite. Acredito que tive um bom aproveitamento e um contacto
sólido com todas as operações mineiras. Ao observar e praticar os ensinamentos passados a
mim pude desenvolver habilidades de análise e tratamento de dados nos sectores de
planeamento mineiro e topografia e planificação e controle e manutenção. Finalmente, após
vivenciar como é feito a extração dos minérios eu tive a oportunidade de vivenciar e participar
nas etapas e operações de beneficiamento mineral, desde a etapa de pré-tratamento, onde se
reduz a granulometria do minério até as dimensões desejadas e faz-se a separação
granulométrica e por densidade, para se obter dois produtos, a fracção fina e a fracção grossa,
ao acabamento, onde faz-se a separação por raio X, para subsequentemente serem levados até
a picagem dos diamantes onde são selecionados e concentrados à mão as pedras de diamante.
E também, levando em consideração que a segurança é um dos critérios fundamentais para o
desenvolvimento de qualquer operação ou atividades dentro da mina eu estagiei com êxito no
sector de higiene, saúde, segurança e meio ambiente do trabalho a fim de conhecer as suas
técnicas e procedimentos de eliminação de perigos e mitigação de riscos e também desenvolvi
habilidades de reconhecimento e análise de riscos e perigos durante as operações e actividades
nos diferentes departamentos e sectores da Sociedade Mineira do Lunhinga.

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