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BANCADA DIDÁTICA PARA ENSINO DE SISTEMAS AUTOMOTIVOS

ELETRÔNICOS DE INJEÇÃO DE COMBUSTÍVEL

Nilmar de Souza(1) (nilmarufrb@gmail.com), Marcus Vinícius Ivo da Silva(2) (mvisilva@ufrb.edu.br),


William da Silva Pereira(3) (w.pereira@hotmail.com), Denis Rinaldi Petrucci(4) (petrucci@ufrb.edu.br),
Jacson Machado Nunes(5) (jacson@ufrb.edu.br), Walter Gonçalves de Souza Filho (6)
(waltersouzafilho@gmail.com)
(1)Universidade Federal da Bahia (UFBA); Programa de Pós Graduação em Mecatrônica
(2)Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas
(3)Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas
(4)Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas
(5)Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas
(6)
Centro Educação Tecnológica Estado Bahia (CETEB);

RESUMO: O presente trabalho surgiu da necessidade em desenvolver ferramentas para estruturação do


ensino de Engenharia na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, auxiliando com bancadas didáticas
as práticas laboratoriais de componentes curriculares do curso de Engenharia Mecânica. O objetivo
principal foi desenvolver uma bancada didática para o ensino de tecnologias de injeção eletrônica
automotiva de combustível. A metodologia consiste em uma sequência de atividades: realizar o
benchmarking dos modelos disponíveis no mercado, determinar o estado-da-arte de sistema de injeção de
combustível, elaborar o projeto mecânico, fabricar os componentes e montar a bancada. O equipamento foi
desenvolvido, fabricado, montado e testado. A visualização do funcionamento veio como forma de
consolidar o ensino de Engenharia. O acionador do bico injetor foi desenvolvido tendo como elemento
principal um microcontrolador PIC 16F877A, programado em C, e permitirá a recalibração do sistema
para qualquer modificação dos elementos. Assim, este trabalho atendeu a prerrogativa de desenvolver uma
solução dentro da instituição, pelos seus alunos e professores, personalizada para o ensino de Engenharia,
no estado-da-arte, independente do orçamento da universidade. Além de ter oportunizado um momento
para seus desenvolvedores consolidarem o conhecimento teórico obtido em sala de aula.

PALAVRAS-CHAVE: Atomização, Névoa, Bico Injetor, Bancada Didática.

DIDACTIC BENCH FOR TEACHING OF AUTOMOTIVE ELECTRONIC FUEL


INJECTION SYSTEMS

ABSTRACT: This paper arose from a need to develop equipment for structuring the teaching of
Engineering at the Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, assisting with laboratory benches
didactic practices of curricular components of the Mechanical Engineering course. The main objective was
to develop a workbench didactic to teaching automotive electronic fuel injection technologies. The
methodology consisted of a sequence of activities: performing the benchmarking of models available in the
market, determine the state of the art fuel injection system, develop mechanical design, manufacture the
components and assemble the bench. The equipment was developed, manufactured, assembled and tested.
The preview of the operation came as a way to consolidate the teaching of Engineering. The trigger of the
nozzle was developed with the main element PIC 16F877A microcontroller, programmed in C, and allow to
recalibrate the system for any change in the particulars. This study answered the prerogative to develop a
solution within the institution, its students and teachers, customized for the teaching of engineering in the
state of the art, regardless of the university budget. Besides having oportunizado a moment to its developers
consolidate the theoretical knowledge gained in the classroom.

KEYWORDS: Atomization, Spray, Fuel Injector, Didactic Bench.

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil tem vivido uma realidade na qual a educação pública não tem recebido os
investimentos necessários para um bom funcionamento (LAMPERT, 2006). De acordo com Correio
do Povo (2004), “a Andifes1, para caracterizar o risco de colapso, realizou levantamento sobre a
situação das entidades federais de ensino superior. Constatou-se que elas perderam 77% de sua
capacidade de investimentos em cinco anos e, no mesmo período, os recursos destinados a cobrir
despesas de manutenção sofreram uma redução de 24%”.
A partir do Reuni2, surgiram várias instituições de ensino superior pelo Brasil, que foram
implantadas, entretanto, a estrutura física demorou a ser montada e em alguns casos ainda não
foram.Assim sendo, a maioria dos estudantes que adentraram essas instituições não teve contato
com laboratórios específicos de seus cursos.
Em meio a esse contexto, em 25 de julho de 2005, a Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia (UFRB) foi criada, com a proposta de ser implantada simultaneamente em quatro cidades.
Devido aos baixos investimentos, que o governo brasileiro faz na educação, os cursos foram
criados, sem laboratórios para as aulas práticas. E esse é um dos grandes problemas para o recém-
formado em Engenharia, a falta de conhecimento prático agregado ao conhecimento teórico
adquirido na universidade (OLIVEIRA et al., 2012). Por consequência, se fazem necessários
instrumentos que consolidem na prática os conhecimentos adquiridos pelo estudante. Masetto
(2007) argumentou que o uso de técnicas diferenciadas num curso de Engenharia poderia colaborar
efetivamente para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Dessa forma, conhecendo as
dificuldades financeiras enfrentadas pelas instituições de ensino superior faz-se necessário o
desenvolvimento e construção de equipamentos que viessem suprir anecessidade de se ter contato
com a prática.
“Um protótipo construído numa Instituição de Ensino
Superior, pelos seus alunos e professores, resulta num
equipamento de manutenção facilitada, personalizado para
uma dada finalidade e proporciona ao mesmo tempo um
processo de independência tecnológica bem como contato
com as tecnologias mais atuais, além de ser uma
oportunidade singular para seus construtores sedimentarem
grande parte do conhecimento teórico adquirido na sala de
aula” (CARMO et al., 2006).
Levando-se em consideração o alto índice de reprovação nas disciplinas básicas dos cursos
de Engenharia (na UFRB, tal índice chegou a 90%), as quais, em sua maioria, são ministradas por

1
Andifes - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
2
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

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licenciados. O que desmistifica a ideia de que o baixo rendimento dos discentes de Engenharia está
associado apenas a pouca formação pedagógica dos docentes (para Stieler, 2012, a discussão
didática pedagógica é explicitamente abordada na preparação dos acadêmicos nas faculdades de
educação, mas não nos cursos de Engenharia). Dessa forma, não é apenas um critério que coaduna
para baixo rendimento dos discentes, necessidade de ferramentas que auxiliem o processo ensino e
aprendizagem. Uma das alternativas encontradas para ajudar na compreensão do conteúdo é a
utilização de bancadas didáticas. Diante da capacidade de investimento das universidades, o
desenvolvimento de equipamentos didáticos é uma alternativa viável para se minimizar a carência
existente nos atuais cursos de Engenharia (MARTINEZ, 2001).
Na Engenharia Mecânica, as bancadas didáticas podem ser aplicadas em diversas áreas
específicas, dentre as quais, se destaca a automobilística. Principalmente, devido ao crescimento
significativo da frota mundial, com destaque para os países emergentes: China, Rússia, Índia e
Brasil (OICA3, 2010 apud SILVA, 2011).
Com uma mistura mais homogênea e uma melhor fragmentação do combustível, fica mais
fácil a absorção da energia. Minimizando as perdas e aumentando a eficiência. A injeção eletrônica
produz um spray de combustível com características que favorecem a atomização e a
homogeneização do combustível. Desta forma, uma das ferramentas auxiliares na redução do
consumo de combustível é a injeção eletrônica. Apresentar aos estudantes de Engenharia quais as
características da injeção favorecem a combustão, é um importante papel para despertar um maior
número de pesquisas a respeito do tema, motivando-os a buscar novos conhecimentos e com isso
tornarem-se profissionais melhor capacitados.

1.1 Objetivos
• Objetivo Geral:
o Desenvolver uma bancada didática para auxiliar o ensino de tecnologias de
sistemas eletrônicos automotivos de injeção de combustível.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, seguida da determinação do estado-


da-arte de bancada didáticas para o ensino de sistemas de injeção de combustível e do
benchmarking dos modelos disponíveis no mercado. Foram analisados e escolhidos os parâmetros

3
OICA - Organização Internacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

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para a construção do trabalho. Os materiais foram selecionados e o protótipo foi montado. Por fim,
o protótipo foi ensaiado e os dados coletados para determinar a capacidade de operação do
equipamento estão sendo apresentados no presente trabalho. A lista de materiais encontra-se na
Tabela 1.
TABELA 1- Lista de materiais comprados para a montagem da bancada
Componente Quantidade
Circuito integrado (LM7805) 1
Cristal ressonador de 4MHz 1
Capacitor Cerâmico (33pF) 2
Capacitor Eletrolítico (220µF) 1
Transistor de média potência (TIP122) 1
Pushbotom (normalmente fechado) 10
Resistor (4k7) 7
Resistor (10k) 1
Resistor (1k) 1
Microcontrolador (PIC 16F877A) 1
Led 2
Reservatório para a gasolina 1
Caixa de acrílico 1
Aquário (100x100x140mm) 1
Bico injetor IWP 003 1
Placa metálica (800x1000mm) 1
Bomba DPL 180471B 1
Mangueira para injeção eletrônica 4m
Fio de cobre 4m
Fonte de alimentação, 12V, 10A 1
Gravador de microcontrolador 1
Manômetro 2
Filtro de gasolina 1
Abraçadeiras metálicas 8
Tês (1/4”) 2
Conector de mangueira (alta pressão) 4
Abraçadeira plásticas 20
Plug MIKE (par) 1
Plug para alimentação (par) 1

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2.1 Protótipo

O protótipo é um componente didático composto por uma câmara de injeção para análise
das características do Spray. Esse elemento foi desenvolvido com o intuito de apresentar aos
discentes da disciplina de combustíveis como ocorre a injeção e quais as características que
favorecem a ignição, bem como quais os fatores que podem ser modificados para melhorar a
eficiência da queima. Para melhorar a análise do Spray de combustível, o equipamento pode ser
acompanhado por uma câmera de alta definição. Dessa forma, pode-se avaliar, não apenas as
características do Spray, como também a atomização. Na Figura 1, ilustra o layout do protótipo.

FIGURA 1- Layout do protótipo.

2.2. Acionador do Bico Injetor (ABI)

Antes de iniciar a montagem do circuito, optou-se em simular virtualmente o circuito na


versão demonstrativa do simulador Proteus. Na Figura 2, é apresentado o circuito de acionamento
do bico injetor. Na entrada, existe uma fonte de 12V (tensão escolhida pois é a mesma fornecida

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pela bateria dos automóveis) que é regulada e transformada por um circuito integrado (LM7805)
que alimenta o microcontrolador e o restante do circuito com 5V. A referência de oscilação do clock
do microcontrolador é conferida por um cristal ressonador de 4MHz, associado a dois capacitores,
que criam uma oscilação entre as portas 13 e 14, os terminais da porta B foram definidos como de
saída e os terminais da porta D como os de entrada. A lógica desenvolvida é que, quando o usuário
pressione o botão referente à rotação de 1000 RPM, o bico injetor funcione como se estivesse em
um veículo com a borboleta completamente aberta e à essa rotação. O mesmo se aplica às rotações
de 2000, 3000, 4000, 5000, 6000 e 7000 RPM. Sempre que uma rotação for escolhida pelo usuário,
os pulsos referentes à essa escolha serão enviados ao bico injetor pelo pino escolhido no
microcontrolador, RB1. Para tal evento, se faz necessária a inserção de uma etapa de potência,
formada por um transistor de média potência (TIP122) que torna capaz ao microcontrolador o
controle de uma corrente elétrica superior à que esse componente suporta em uma tensão diferente
da que lhe é fornecida (12V utilizado para acionamento do bico). O botão que representa 1000RPM,
foi conectado no terminal RD0, o que representa 2000RPM, está no terminal RD1, 3000RPM está
no RD2, 4000RPM está no RD3, 5000RPM está no RD4, 6000RPM está no RD5 e o botão
representativo de 7000RPM está ligado à porta RD6. Para evitar um erro no circuito, coloca-se um
resistor aterrado em cada pino de entrada junto a cada botão, de modo que, quando o botão não
estiver acionado, a tensão será zerada, evitando que interferências do ambiente sejam capazes de
acionar tais botões e criar erros de seleção. Desejando parar o dispositivo, basta pressionar o botão
Stop que aterra o terminal 1 do microcontrolador.

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LED
13
34 TIP 122
33 pF 33 pF 14

1k

CRISTAL BICO INJETOR

PIC 18F877A
1
1000
19
20 2000
21
22 3000
27
28
39 4000
30 STOP
4K7 5000
4K7
LM 7805 4K7
6000

4K7 7000
4K7
4K7
LED 4K7

FIGURA 2 - Circuito de acionamento do bico injetor no Proteus

A Figura 3 apresenta a resposta simulada no Proteus. Pode-se observar nesta imagem o pico
de tensão gerado no início da abertura do bico injetor, bem como o intervalo entre os pulsos.

FIGURA 3 - Resposta do circuito de acionamento do bico injetor simulada no Proteus a 1000RPM

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Após a simulação da placa em um ambiente computacional, a mesma foi montada em um


protoboard, conforme mostra a Figura 4.

FIGURA 4 - Acionador do Bico Injetor montado em Protoboard

2.3 Microcontrolador
O microcontrolador utilizado foi um PIC 16F877A. Esse componente foi escolhido por ser
um microcontrolador barato (valor pago, R$ 14,90), rápido (velocidade de processamento de até
20MHz) e por ter muitos pinos (contém 40 pinos).

2.4 Entradas
Como entradas, foram utilizados oito clocks (Figura 5). Dos quais, sete foram empregados
para reproduzir os pulsos referentes a rotações de 1000, 2000, 3000, 4000, 5000, 6000 e 7000
(RPM). E o clock restante foi utilizado com a função de stop/reset.

FIGURA 5 - Clocks de entrada

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2.5 Programação
A linguagem de programação escolhida para o microcontrolador foi a C. Primeiramente, por
ser uma linguagem de alto nível4, o que facilita a programação. Outro fator importante foi a vasta
bibliografia disponível.
O compilador utilizado foi a versão demonstrativa do MikroC 5 , desenvolvido pela
MikroElektronika. Antes de ser embarcada no microcontrolador, as orientações desenvolvidas em C
foram simuladas no Proteus. O código do programa encontra-se no Apêndice I.
Para definição dos parâmetros de injeção, é importante lembrar que este é um sistema de
injeção eletrônica em malha aberta, ou seja, não utiliza feedback para correção do tempo de injeção.
Para facilitar a programação e visualização do spray foi determinada uma injeção para cada rotação.
Nesse modelo desenvolvido, essa injeção acontece em metade do ciclo, simulando o momento em
que o pistão se move para o ponto morto inferior. Dessa forma, considerando um motor a
1000RPM, ele desenvolve uma rotação a cada 0,06s (60 milisegundos), sendo metade em que o
pistão está se deslocando ao ponto morto superior e metade em que o pistão está em direção ao
ponto morto inferior (momento da injeção). Assim sendo, resta a metade do tempo (30
milisegundos) para a injeção. O mesmo acontece para as rotações de 2000, 3000, 4000, 5000, 6000
e 7000 RPM. Como tempo de abertura do bico injetor, optou-se por escolher a metade do tempo da
maior rotação (7000 RPM) e, consequentemente, o tempo de injeção foi de 2 milisegundos. A
Tabela 2 apresenta o tempo de abertura do bico e os intervalos entre as aberturas para cada um dos
pontos de operação do equipamento.
TABELA 2- Tempo de Injeção
Rotação (RPM) Intervalo entre os Pulsos (ms) Tempo de Abertura do Bico (ms)
1000 30 2
2000 15 2
3000 10 2
4000 7,5 2
5000 6 2
6000 5 2
7000 4,3 2

4
Linguagem de alto nível é aquela que está muito mais próxima do programador do que do dispositivo, ou seja, é uma
linguagem muito mais intuitiva, sendo mais simples de construir um programa.
5
O compilador MikroC é um software desenvolvido pela MikroElektronika, sendo uma ferramenta de
desenvolvimento para microcontroladores. Sua versão demonstrativa limita o número de linhas de programação em
2k, o que é suficiente para a presente aplicação.

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Para alterar os parâmetros de injeção, seja para ilustração ou para mudança do bico, seria
necessária a alteração, diretamente, no programa salvo no microcontrolador. No Apêndice I, os
tempos em que o bico fica aberto e fechado encontram-se em negrito. O usuário substituiria os
valores indicados pelos desejados, e salvaria o novo programa no microcontrolador. O
procedimento de gravação pode ser encontrado no Apêndice II.

2.6 Montagem
O circuito foi desenhado no Proteus (Figura 6), impresso e montado em placa de fenolite,
buscando-se, ao máximo, a simplificação do circuito, como visto em algumas das disciplinas Física
3, Eletricidade e Instrumentação.

FIGURA 6– Imagem gerada no Proteus do circuito do acionador do bico injetor

2.7 Câmara de Injeção


A câmara de injeção é formada por uma caixa de vidro com as dimensões de 10x10x14cm,
encontra-se apresentada na Figura 7. Essa caixa é perfurada na parte superior para a inclusão do
bico injetor.

FIGURA 7 - Câmara de injeção de combustível e visualização da formação do spray

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Esse envoltório é acompanhado de uma seringa graduada com indicações de volume para
que o usuário verifique a vazão dos bicos injetores. A seringa fica na parte inferior do observatório
e tem um volume graduado de 20 ml. Na saída da seringa, existe uma válvula que deverá ser
fechada para a análise da vazão. A vazão do combustível é o volume que escoa pelo bico injetor em
um determinado tempo. Para encontrá-la, basta ativar o sistema em uma determinada rotação,
acionando concomitantemente um cronômetro. Depois de um determinado tempo, deve-se parar o
sistema e o cronômetro simultaneamente. A vazão do bico será encontrada aplicando a Eq. (1).
= (1)
no qual: V = volume, t = tempo e Q = vazão volumétrica.

2.8 Bico Injetor


O bico injetor utilizado foi um MAGNETI MARELLI IWP 003 utilizado na maioria dos
carros populares da montadora FIAT. A imagem do bico segue na Figura 8. O usuário poderia
modificar o bico injetor bastando folgar a abraçadeira que afixa a mangueira no manômetro e puxar
vagarosamente até soltar. Em seguida, retirar o plug que conecta a parte elétrica da válvula ao
painel.

FIGURA 8- Bico injetor IWP 003

2.9 Reservatório de Combustível


Como reservatório de combustível, foi utilizado o reservatório de água para limpeza do
parabrisa.

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FIGURA 9- Reservatório de água para limpeza de parabrisa

2.10 Bomba
A bomba utilizada na bancada é uma bomba universal DPL 180471B, Figura 10. Essa é uma
bomba universal, que também é utilizada na maioria dos carros populares. Ela concede ao sistema
pressão de 3 bar, o que satisfaz as necessidades dos sistemas de injeção existentes no mercado.
Funciona com 12V, corrente de 5,8 A e concede ao sistema uma vazão de 85 L/h.

FIGURA 10 - Bomba de combustível DPL 180471B

3. RESULTADOS
A montagem da bancada foi feita por etapas. Na primeira etapa, os materiais a serem
utilizados foram selecionados segundo o critério da larga utilização. Em seguida, o acionador do
bico injetor foi desenvolvido e simulado no Proteus, testado em protoboard,e montado na placa
definitiva, conforme ilustra a Figura 11.

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FIGURA 11 - Acionador do bico injetor

Em seguida, foi desenvolvido um layout para a bancada didática, de forma que, no próprio
equipamento, tivessem informações relevantes ao usuário, e para que a estética do equipamento seja
melhorada. O layout da bancada didática encontra-se da Figura 12.

FIGURA 12 - Layout da bancada didática

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Depois de plotada a bancada didática foi montada e a sua versão final encontra-se
apresentada na Figura 13.

FIGURA 13 - Bancada didática para ensino de injeção eletrônica

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A bancada didática é composta por: Observatório - (1), uma caixa de vidro de 10 x 10 x 14


cm, na qual o jato de combustível é exposto. Na parte superior deste dispositivo encontra-se
encaixado o Bico Injetor - (2). O qual pode ser trocado. Ligado ao Bico injetor está conectado um
Manômetro - (3), responsável por apresentar possíveis problemas. A Bomba - (4) retira o
combustível do reservatório - (5) e envia ao bico injetor idealmente com uma pressão de 3 bar.
Entretanto, nos primeiros testes realizados na bancada didática a pressão adquirida foi de 1,5 bar,
em decorrência da fonte que estava sendo utilizada para acionar a bomba, a qual estava fornecendo
uma corrente abaixo do necessário. Para solucionar o problema a fonte de alimentação foi alterada
por uma que fornecia a corrente ideal e a pressão chegou ao valor esperado. Ao sair do reservatório,
o combustível passa por um Filtro de combustível - (6), e segue para o bico injetor. A abertura do
bico é controlada pelo Acionador do Bico Injetor - (7), que tem como elemento principal um
Microcontrolador, programado em C, com instruções de funcionamento para o sistema. Para
verificar a vazão do bico, basta fechar a válvula de escoamento da gasolina - (8) e observar a
elevação no visor de volume - (9).
Depois de montada, foram realizados testes na bancada simulando diferentes rotações.
Verificou-se experimentalmente a vazão para cada uma das rotações conforme está sendo
apresentado no gráfico da Figura 14. Para realizarmos estes testes acionamos a bancada em cada
rotação por 60 s.

Vazão (ml/min)
30

25 25
23
20 19,5
15 15,5
13
10 Vazão (ml/min)
9,2
5 4,9

0
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Rotação (RPM)

FIGURA 14- Vazão do Bico Injetor por Rotação

O principal objetivo deste trabalho foi construir um instrumento didático, que facilite a
visualização da formação do spray de combustível. Para que a partir dessa análise possam ser
identificadas as características que interferem na sua formação. Na Figura 15 está sendo apresentada
uma imagem do spray fotografada na bancada didática.

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Comprimento de Quebra (Lb) Filme Contínuo

Ligamentos

Spray

Ângulo de Cone (α)

FIGURA 15 - Fotografia do Spray formado na bancada didática e suas zonas

4. CONCLUSÃO
O desenvolvimento da bancada didática foi uma atividade desafiante. Instigou a busca de
novos conhecimentos e impôs um maior aprofundamento de áreas anteriormente estudadas, como
por exemplo, eletrônica e programação. Mesmo com as adversidades, a bancada foi construída com
êxito, superando as expectativas, e atingindo o objetivo principal.
Para que a bancada fosse construída foi imprescindível a busca por conhecimentos a cerca
do funcionamento da injeção eletrônica. Tal busca ocorreu prioritariamente em acervos de
dissertações e teses. Onde foi possível analisar ao mesmo tempo seu princípio de funcionamento e o
que há de novo sendo estudado a respeito. Atingindo um dos objetivos específicos.
Nessa busca foram encontrados trabalhos cujo tema tem alguma relação com a construção
de bancadas didáticas para o ensino de engenharia. O que proporcionou a oportunidade de uma
comparação entre o que já existe e o que poderia ser desenvolvido. Assim sendo foi possível
encontrar parâmetros importantes para a construção do presente trabalho, bem como identificar

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erros potenciais a serem evitados. A partir dessa análise de mercado foi possível desenvolver uma
ideia do que seria possível fabricar. Elaborando um Layout do protótipo, escolhendo os materiais a
serem utilizados e os seus parâmetros de funcionamento.
O acionador do Bico Injetor projetado oferece uma interface amigável e reprogramável, o
que facilita o uso e abre espaço para usuários mais experientes reprogramarem os seus parâmetros
de funcionamento.
Como proposta para trabalhos futuros existem:
• possibilidade de inclusão de sensores à plataforma, simulando um sistema de
injeção em malha aberta;
• visualização do funcionamento da injeção em modelos mais realistas, que
possibilitem a alteração de outros parâmetros, como por exemplo, a abertura da borboleta,
temperatura do motor dentre outros;
• incorporação de uma câmera de alta resolução ao kit, melhorando a qualidade
das imagens e aumentado o poder de análise;
• dimensionamento do ambiente de observação de modo que o mesmo adquira
as medidas do duto de admissão a ser estudado, aumentado o realismo do estudo;
• aplicação de um questionário para as turmas onde a bancada for utilizada para
descobrir qual a opinião dos estudantes a respeito desta ferramenta, e quais melhorias eles
propõem.

REFERÊNCIAS
CARMO, E. A., SILVA, O. F., BARREIROS, J. A. L., FERREIRA, A. O. Construção de
protótipo didático: uma abordagem diferenciada no processo de ensino/aprendizagem de
Engenharia.XVI Congresso Brasileiro de Automática (CBA), Salvador, 2006
CORREIO DO POVO. Universidades federais em colapso. Porto Alegre, p. 4, 12 de fevereiro de
2004. Disponível em: <http://www.correiodopovo.com.br/Jornal/A109/N135/PDF/Fim04.pdf>
Acessado em: 27 out. 2013.
LAMPERT, E. ODesmonte da Universidade Pública: a interface de uma ideologia. Revista do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina –
UDESC. Florianópolis – SC, v. 7, n. 2, 2006.
MASETTO, M. T.Ensino de Engenharia: Técnicas para otimização das aulas. São Paulo:
Avercamp, 2007. 208 p.
OLIVEIRA, L. M. et al. Utilização de uma planta didática Smar para complementação do ensino
de Engenharia de Controle e Automação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM
ENGENHARIA, 38. 2012. Belém-PA: ABENGE, 2012.

Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã


Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 17
XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial
Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA,
23 a 26 de Setembro de 2014

SILVA, E. R. Análise do crescimento da motorização no Brasil e seus impactos na mobilidade


urbana. 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transporte). Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ, 2011.
STIELER, M. C.; TEIXEIRA, M. C. M. Ensino de Engenharia e formação pedagógica: uma
aproximação necessária. CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHRARIA.
Belém-PA: ABENGE, 2012.

Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã


Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 18

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