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René
A palavra luz, nas suas diferentes acepções, parece aliás derivar de uma raiz que
designa tudo o que é escondido, coberto, embrulhado, silencioso, secreto; cabe
notar que as palavras que designam o céu têm o mesmo significado. É comum
aproximar-se o vocábulo caelum do grego koilon, “oco” (o que também pode ter
uma relação com a caverna, tanto que Varrão indica tal proximidade nestes termos:
a cava caelum); é mister, porém, observar que a forma mais antiga e correta parece
ser caelum, que lembra de perto a palavra caelare, “esconder”. Por outro lado, em
sânscrito, Varuna deriva da raiz var, “cobrir” (que é também o significado da raiz
kal, à qual se ligam o latim celare, outra forma de caelare, e seu sinônimo grego
kaluptein); e o grego Ouranos é uma outra forma do mesmo nome, visto que var
transforma-se facilmente em ur. Tais palavras, portanto, podem significar “aquilo
que cobre”, “aquilo que esconde”, mas também “aquilo que é escondido”, e esse
último significado é dúplice: o que está oculto para os sentidos, o reino
suprassensível; e, nos períodos de ocultamente ou de obscurecimento, a tradição,
que para de manifestar-se exterior e abertamente, momento em que o “mundo
celeste” se faz “mundo subterrâneo” (pp. 70-72).