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Conjuntos e
Elementos da
Análise Real
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Créditos
Conjuntos e
Elementos da
Análise Real
Livro didático
Designer instrucional
Rafael da Cunha Lara
UnisulVirtual
Palhoça, 2016
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2016 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Digital
Professora conteudista
Diva Marília Flemming
Christian Wagner
Designer instrucional
Rafael da Cunha Lara
Diagramador(a)
Caroline Casassola
Revisor
Contextuar
ISBN
978-85-7817-823-9
E-ISBN
978-85-7817-824-6
515
F62 Flemming, Diva Marília
Conjuntos e elementos da análise real : livro didático /Diva Marília
Flemming,Christian Wagner ; design instrucional Rafael da Cunha Lara. –
Palhoça : UnisulVirtual, 2015.
113 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-823-9
E-ISBN 978-85-7817-824-6
Introdução | 7
Capítulo 1
Números reais | 9
Capítulo 2
Topologia da reta e funções contínuas | 53
Capítulo 3
Derivadas | 89
Considerações finais | 109
Referências | 111
Prezados estudantes
A Matemática tem a sua beleza sob diferentes aspectos. Por um lado, é considerada
como uma ferramenta para a resolução de problemas, para a modelagem matemática
e também para o exercício da cidadania. Mas há um segundo olhar – a matemática
pura. O que é a matemática pura? O termo “pura” pode ter interpretações diferentes,
pois a pureza é algo que nos lembra “leveza”, “simplicidade”, “que não contém
mistura”. Para os amantes da matemática, é possível seguir com essas ideias
adiante, mas para os que “odeiam” a matemática a expressão parece errada.
Números reais
9
Capítulo 1
Seção 1
Conjuntos numéricos
No decorrer desta seção, você já terá contato com demonstrações e provas.
Na história da matemática, é possível verificar que alguns matemáticos usaram
vários anos da sua vida tentando fazer uma demonstração. Rooney (2012)
salienta que o matemático Jakob Bernoulli levou 20 anos para provar que ao jogar
uma moeda um grande número de vezes daria o resultado de aproximadamente
50% de possibilidades de virar cara e 50% de virar coroa.
Quando você tem dúvidas no decorrer do seu estudo, você fica desanimado?
Atualmente, temos um rigor matemático para seguir. Esse rigor está alicerçado na
junção da matemática com a lógica. A lógica fornece notações sistemáticas para
organizar uma prova ou demonstração. Hoje, além da lógica, temos ainda a Teoria
dos Conjuntos que se tornou um meio útil para demonstrar teoremas matemáticos.
Vamos discutir aqui uma característica muito importante dos conjuntos numéricos
infinitos relativa à possibilidade de haver equivalência entre um conjunto e o seu
subconjunto próprio. Por exemplo, a relação estabelece uma correspondência
entre o conjunto dos números reais e o conjunto dos números pares.
Vamos concluir que o conjunto dos números reais, que será o nosso universo
de estudos, é um conjunto não enumerável, mas o conjunto dos números
racionais é enumerável.
10
Conjuntos e elementos da análise real
Observe que usamos a enumeração de seus elementos e o zero não está incluído.
Normalmente, nos cursos de Cálculo Diferencial e Integral, usamos a inclusão do
zero no conjunto dos números naturais. Essa terminologia “natural” denota muito
bem que N é o conjunto cujos elementos são os que usamos em nosso dia a
dia para a contagem, desde quando damos os nossos primeiros passos quando
criança. Mas a famosa pergunta sempre surge:
Não está errado colocar o zero no conjunto dos números naturais, pois é apenas
uma convenção, muito interessante, quando estamos no contexto da álgebra e
do cálculo. Mas lembre-se de que neste texto a nossa convenção é não incluir
o zero e, na sequência, você terá a oportunidade de observar como isso vai ser
conveniente nos estudos da análise.
Observe que enunciamos o conjunto dos números racionais por sua propriedade
de formação, ou seja, como um conjunto de frações geradas por números
inteiros com a condição de que o denominador não pode ser igual a zero (não
existe divisão por zero). Lembre-se de que os números racionais podem ter
representações decimais, tanto na forma finita como na forma periódica.
11
Capítulo 1
0,20200200020000200000...
3,414411444111444411114444411111...
Veja que os três pontos podem ser perfeitamente preenchidos a partir da regra de
formação que foi estabelecida para cada um dos exemplos dados.
Há muitas lendas sobre a existência dos números irracionais que teve a sua
existência negada pelos Pitagóricos. Rooney (2012, p. 60) afirma que “Pitágoras
não sabia que seu banimento de números irracionais causaria problemas”. De
fato, o valor da hipotenusa de um triângulo retângulo com os outros dois lados
iguais a 1 unidade de medida é igual a unidades de medidas (aplicar o
Teorema de Pitágoras). “Pitágoras não era capaz de provar pela lógica que os
números irracionais não existem, mas quando Hipaso de Metaponto (nascido em
c.500 a.C.) demonstrou que a raiz quadrada de 2 é irracional e argumentou sobre
sua existência, diz a lenda que Pitágoras o afogou”.
De forma bem simplista, neste momento vamos considerar que o conjunto dos
números reais é formado por todos os números racionais e irracionais.
12
Conjuntos e elementos da análise real
Considerando-se que neste texto vamos dar início à linguagem mais formal da
matemática, começaremos usando as duas linguagens e você deverá ambientar-
se com a leitura, reflexão, análise e compreensão das linguagens mais formais de
análise matemática.
13
Capítulo 1
⎷⎷ ou “O sucessor de m é m+1”;
⎷⎷ ou .
⎷⎷ Associativa: ;
⎷⎷ Distributiva: ;
⎷⎷ Comutativa: ;
⎷⎷ Lei do corte:
14
Conjuntos e elementos da análise real
O que foi enunciado no destaque anterior é um teorema que pode ser enunciado como:
Por outro lado, como por hipótese A não é vazio, concluímos que .
15
Capítulo 1
Exemplo 2: Usando indução provar que a soma dos n primeiros números naturais
é igual a .
de somatório temos .
A ideia intuitiva que temos de um conjunto finito é de que podemos contar seus
elementos. Isso é o mesmo que colocar seus elementos em correspondência um
a um com os elementos de , para algum n.
Definição 1.1: Um conjunto X é dito finito se é vazio ou se, para algum n, existe
uma bijeção
16
Conjuntos e elementos da análise real
Exemplos
17
Capítulo 1
e , ou ainda,
ou ainda .
Esse é um teorema simples e a partir dele podemos enunciar vários corolários. Veja:
18
Conjuntos e elementos da análise real
Corolário 3: Não existe bijeção entre um conjunto finito e uma parte própria.
Se X não for finito, dizemos que X é infinito. Formalmente podemos dizer que X
é infinito quando não é vazio e, além disso, seja qual for , não existe uma
bijeção
Exemplos:
1. Conjunto dos números reais.
2. Conjunto das parábolas que passam pelo ponto (0,0).
3. Conjunto dos números pares.
19
Capítulo 1
Vamos obter .
1.4.2 Exemplos
20
Conjuntos e elementos da análise real
1.4.3 Proposições
é uma bijeção.
21
Capítulo 1
Definimos:
22
Conjuntos e elementos da análise real
Definimos a aplicação:
Na Figura 1.2, temos uma representação que permite visualizar a listagem, basta
acompanhar as setas.
Observe a forma como a Figura 1.2 foi construída. Agrupamos os elementos cuja
soma do numerador com o denominador é a mesma, eliminando os elementos
repetidos (números circulados). Isso resultará na lista
23
Capítulo 1
Como vamos provar que o conjunto dos números reais é não enumerável?
24
Conjuntos e elementos da análise real
Prova: Vamos mostrar que o conjunto dos números reais entre 0 e 1 é não enumerável.
Para isso, usaremos a representação decimal infinita, que é única para todo
número real.
Por exemplo:
0,397=0,396999...
0,5=0,4999...
Vamos, agora, estabelecer uma contradição. Vamos fazer isso usando o “processo
diagonal de Cantor”. Construímos um número diferente de todos os listados.
Vamos trocar os algarismos da diagonal. Assim, esse novo número será diferente
de , na primeira casa decimal, diferente de na segunda casa decimal,
diferente de na terceira casa decimal e assim sucessivamente.
Concluímos, então, que o conjunto dos números reais entre 0 e 1 é não enumerável.
25
Capítulo 1
(a)
(b)
(c)
(d)
26
Conjuntos e elementos da análise real
Seção 2
Conjunto dos Números Reais
27
Capítulo 1
Adição:
1. Propriedade Associativa: Para quaisquer ,
.
2. Propriedade Comutativa: Para quaisquer , .
3. Elemento Neutro: tal que .
4. Simétrico: Para qualquer , tal que .
Multiplicação:
1. Propriedade Associativa: Para quaisquer ,
.
2. Propriedade Comutativa: Para quaisquer , .
3. Elemento Neutro: , tal que .
4. Inverso Multiplicativo: Para qualquer , , tal
que .
28
Conjuntos e elementos da análise real
Adição:
Multiplicação:
Você tem trabalhado com o conjunto dos naturais e dos inteiros, que não
apresentam uma estrutura de corpo. Nos naturais, não temos a existência do
elemento neutro da adição, do simétrico e do inverso multiplicativo. Já nos
inteiros não temos a existência do inverso multiplicativo.
Vamos, agora, definir uma relação de ordem num corpo K. Temos a seguinte definição:
29
Capítulo 1
(a) .
(b) Dado qualquer , exatamente uma das 3 condições seguintes
ocorre: ou , ou , ou .
4. Monotocidade da multiplicação: .
30
Conjuntos e elementos da análise real
O módulo de x também pode ser definido por uma das seguintes expressões:
⎷⎷ ;
⎷⎷
Exemplos:
(3) ou .
Temos:
31
Capítulo 1
Também podemos dizer que a solução é constituída pelos elementos x tais que
a distância de x até a é menor que . Neste caso, estamos interpretando
como a distância de x até a.
Prova:
Portanto,
Portanto, .
32
Conjuntos e elementos da análise real
Portanto,
e, assim, .
ou .
ou seja .
33
Capítulo 1
34
Conjuntos e elementos da análise real
Exemplos:
(1) Seja Q o corpo dos racionais, dado os conjuntos X, podemos verificar quais
são limitados inferiormente e/ou superiormente em Q e identificar quais conjuntos
são limitados em Q.
(a) ;
(b) ;
(c) ;
Solução:
(a) .
35
Capítulo 1
(b) .
Podemos escrever: .
(c) .
Temos,
O conjunto X não tem cota inferior. Ele não é limitado inferiormente. Concluímos
que o conjunto X não é limitado.
36
Conjuntos e elementos da análise real
Observe que os resultados acima não permitem generalizar esse resultado para
todos os corpos, pois há um exemplo em que N é limitado. Trata-se de um caso
de maior complexidade, mas que pode ser analisado em Lima (1976, p. 59). N é
limitado no corpo das funções racionais com uma específica ordem estabelecida.
Prova:
(a) b) Sejam . Como não é limitado superiormente,
tal que . Pela monotocidade da multiplicação, segue
que .
(b) Vamos tomar e . Temos que tal que .
Logo, .
Denotamos: .
37
Capítulo 1
Exemplos:
2.2.3 Definição
Denotamos:
38
Conjuntos e elementos da análise real
Exemplos:
Exemplos:
Seja . Temos:
e .
Nesse exemplo, o supremo coincide com o valor máximo e o ínfimo coincide com
o valor mínimo.
39
Capítulo 1
(2) Seja
(3) Seja .
Podemos escrever, .
Temos que e .
(4) Seja .
Temos que e .
(5) Seja .
Temos que e .
(6) Seja .
40
Conjuntos e elementos da análise real
1. Seja K um corpo ordenado, prove que vale a lei do corte para a adição, isto é,
.
(a) ;
(b) ;
(c) .
41
Capítulo 1
10. Determine o supremo e o ínfimo dos conjuntos dados no corpo dos reais.
42
Conjuntos e elementos da análise real
Seção 3
Corpos ordenados completos
3.1.1 Proposições
Temos, ou
ou, ainda, .
ou , já que .
43
Capítulo 1
Chegamos, dessa forma, a uma contradição, pois m e n não são ambos pares.
Provemos que .
(a) ;
(b) .
44
Conjuntos e elementos da análise real
Temos que ou .
Logo, .
Etapa 3: Se e , então, .
Sejam e . Temos,
Etapa 4:
45
Capítulo 1
(a) ;
(b) b não satisfaz . De fato, como X não tem elemento máximo
(provamos na etapa 1), ;
(c) b não satisfaz .
Exemplos:
(1) O corpo dos números racionais Q é um corpo ordenado que não é completo.
46
Conjuntos e elementos da análise real
X é denso em R .
Exemplos:
47
Capítulo 1
que .
dos números .
Vimos, assim, que existem muitos números irracionais e que eles estão
espalhados por toda a parte de R.
48
Conjuntos e elementos da análise real
, onde
Temos,
49
Capítulo 1
Logo, e, assim, .
Portanto, .
50
Conjuntos e elementos da análise real
4. Mostre que no princípio dos intervalos encaixados não podemos retirar as hipóteses:
51
Capítulo 2
53
Capítulo 2
Seção 1
Conjuntos abertos e fechados
54
Conjuntos e elementos da análise real
1.1.2 Exemplos
isto com qualquer elemento do intervalo; para cada um destes elementos você vai
intervalo .
55
Capítulo 2
Proposição 2.1:
Prova:
a) Seja . Então, e .
56
Conjuntos e elementos da análise real
(1) Você pode notar que a prova do item (a) da Proposição 2.1 pode ser feita
para qualquer número FINITO de conjuntos abertos. Logo, concluímos
que a intersecção finita de abertos é aberta.
Teorema 2.1: Todo aberto de R se escreve como uma união disjunta, enumerável
de intervalos abertos.
Simbolicamente, escrevemos:
57
Capítulo 2
Exemplos:
Exemplos:
Observe os exemplos que seguem e fique bem atento com as notações matemáticas.
(1) .
(2) .
Note que 0 não é um ponto interior de [0, 2], pois dada uma vizinhança V de 0
por menor que seja o , o intervalo obviamente não está
contido em [0,2], pois possui elementos negativos. Analogamente, temos que 2
não é ponto interior de [0, 2].
(3) .
(4)
Diante das definições dadas, uma consideração pode ser destacada, ou seja,
uma nova caracterização pode ser dada para os conjuntos abertos.
58
Conjuntos e elementos da análise real
Prova:
Observe que estamos diante de uma proposição que envolve o operador lógico
“se e somente se”, que pode ser denotado pela seta dupla ( ). Ao fazer uma
demonstração, vamos fazer em duas partes, ou seja, “a ida e a volta”
1.3.1 Definição
Exemplos:
59
Capítulo 2
Q não é aberto, pois, por exemplo, se tomarmos o ponto 0 (zero), todo intervalo
aberto que contém o ponto 0 contém também números irracionais (isto pelo
fato que os irracionais estão espalhados nos reais, denso em R ) e, portanto,
um intervalo que contém um número irracional, não está contido em Q,
contradizendo a definição de conjunto aberto.
Este é um erro muito comum, pensar que pelo fato de um conjunto não ser aberto
ele seja necessariamente fechado. Isso até é verdade para alguns conjuntos, mas
não é uma propriedade geral.
60
Conjuntos e elementos da análise real
1.3.2 Exemplos
(3) .
(4) .
. Então .
(5) .
(6)
61
Capítulo 2
7)
Note que este conjunto é formado por pontos isolados e todos são menores que
1. A não é aberto, pois, por exemplo, para qualquer o intervalo
1.3.3 Proposições
Proposição 2.3:
Prova:
62
Conjuntos e elementos da análise real
Conforme você viu neste exemplo anterior, nem sempre é fácil identificar os
conjuntos fechados de R. Precisamos, portanto, de outras caracterizações dos
conjuntos fechados. Para isto, precisamos definir pontos de aderência.
Exemplos:
63
Capítulo 2
1.4.2 Fecho de A
Prova:
1.4.3 Exemplos
64
Conjuntos e elementos da análise real
Agora note, também, que 0 é um ponto aderente desse conjunto, pois para toda
vizinhança do tipo de zero, sempre existe um tal que .
não importa o tão pequeno que seja este (épsilon), sempre conseguiremos um
elemento da vizinhança de zero que pertencerá a A. Logo,
65
Capítulo 2
Prova:
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
66
Conjuntos e elementos da análise real
(a) (b)
R
(c) (d)
(e)
(a) R (b)
(c) (d)
(e)
(a) R (b)
(c) (d)
(e)
67
Capítulo 2
Seção 2
Pontos de acumulação e Teorema de
Bolzano–Weirstrass
Exemplos:
(1) . Então, .
quanto .
68
Conjuntos e elementos da análise real
Isso também é verdade, pois, por definição, em A deve existir uma sequência
infinita de termos, mas como o conjunto é finito, não temos como construir tal
sequência, logo
(3) .
Prova:
69
Capítulo 2
conjunto .
Já vimos no Exemplo (3) de 1.4.3 que os pontos de aderência deste conjunto são
o próprio A unido com o ponto zero, ou seja,
Agora, para cada ponto desse conjunto, sempre é possível construir uma
vizinhança de modo que o único elemento dessa vizinhança seja o próprio ponto,
o que contradiz a definição de ponto de acumulação, por exemplo, se ,o
não possui nenhum elemento do conjunto A, que não seja o próprio 1, logo
contém nenhum outro ponto do conjunto A que não seja o próprio . Sendo
70
Conjuntos e elementos da análise real
Prova:
(2)
Teorema 2.2: Todo conjunto infinito e limitado de números reais possui pelo
menos um ponto de acumulação.
Prova:
71
Capítulo 2
2.3.1 Definição
2.3.2 Exemplos
que .
72
Conjuntos e elementos da análise real
(2) .
(4) Seja .
(a) (b)
(c) (d)
(e)
(a)
(c)
(a) (b)
(c) (d)
73
Capítulo 2
Seção 3
Conjuntos compactos
3.1.2 Exemplo
74
Conjuntos e elementos da análise real
Note que:
não é subcobertura de X.
3.1.4 Exemplos
Note que X é infinito e todos os seus pontos são pontos isolados, ver exemplo (1)
de 2.3.2. Logo, se existe uma vizinhança de x tal que . Cada
contém um intervalo aberto de centro x e tal que .
uma união infinita de intervalos, não é possível construir uma subcobertura finita
desta cobertura (ver Figura 2.5). Portanto, X não é compacto.
75
Capítulo 2
Note que
Você deve estar notando que não é muito fácil decidir quando um conjunto
é compacto ou não, usando o conceito de coberturas. Para isto, veremos
duas caracterizações de conjuntos compactos bem mais simples.
Proposição 2.8: Seja . Então, K é compacto se, e somente se, toda sequência
em K possuir uma subsequência convergente (que converge para um ponto de K).
Prova: Omitiremos a prova desta proposição por estar aquém do que propõe este curso.
76
Conjuntos e elementos da análise real
Prova:
Prova:
77
Capítulo 2
(a)
(b)
(c)
(d)
78
Conjuntos e elementos da análise real
Por exemplo, se .
(a) (b) R
(c) (d)
(e)
(b) mostre que um conjunto fechado contém todos os seus pontos de fronteira;
(c) mostre que um conjunto aberto não contém nenhum dos seus pontos
de fronteira.
79
Capítulo 2
Seção 4
Funções contínuas
2. existe.
3.
80
Conjuntos e elementos da análise real
4.1.2 Definição
4.1.3 Exemplos
Note que não importa o quão pequeno seja este épsilon, sempre conseguimos
um delta, que é a metade de épsilon, de modo que a desigualdade
sempre se mantém, ou seja, conseguimos sempre o mais próximo que
queiramos de , desde que x esteja suficientemente próximo de 2.
81
Capítulo 2
Portanto,
Logo,
4.1.4 Propriedades
82
Conjuntos e elementos da análise real
(a) é contínua em a;
(b) é contínua em a;
Prova:
(a) Como por hipótese f é contínua em a, então para todo , existe um ,
tal que e implica que .
Podemos também provar usando o teorema 2.4. De fato, como f e g são contínuas
em a, pelo teorema 2.4 as sequências e convergem para e ,
sendo assim temos:
Isto é, é contínua em a.
A prova de (b) e (c) pode ser feito de maneira análoga, usando as propriedades de
limite de um produto e limite de um quociente respectivamente.
83
Capítulo 2
Por sua vez, a continuidade de f no ponto a nos diz que existe um tal que
implica que .
Por exemplo, sabemos pelos exemplos (1) e (2) da subseção 4.1.3 que e
são contínuas em . Então, segundo os teoremas 2.5 e 2.6, as funções:
••
••
••
••
São contínuas em .
84
Conjuntos e elementos da análise real
Prova: Vamos utilizar a Proposição 2.8. Para isto, devemos provar que toda
sequência em possui uma subsequência convergindo para um ponto de
. Seja, então, uma sequência em A, como este conjunto é compacto por
hipótese, então pela Proposição 2.8, existe uma subsequência que converge
para algum ponto . Cada em é uma imagem de algum em A, como
f é contínua, então, pelo Teorema 2.4 temos , ou seja,
conseguimos uma subsequência de convergindo para um ponto de .
Desse modo, pela Proposição 2.8, é compacto.
85
Capítulo 2
Prova:
com
86
Conjuntos e elementos da análise real
(a) é contínua em a;
87
Capítulo 2
88
Capítulo 3
Derivadas
89
Capítulo 3
Seção 1
A noção de derivada e as regras operacionais
1.1.1 Exemplos
De fato,
90
Conjuntos e elementos da análise real
91
Capítulo 3
Demonstração:
Logo,
92
Conjuntos e elementos da análise real
Então,
teorema).
Ou ainda
Ou seja,
, isto é, f é contínua em a.
tivermos em mãos uma regra específica, fica muito mais simples e fácil.
93
Capítulo 3
e .
vem .
O que mostra o teorema para o caso da soma. Para mostrar que vale para a
diferença, basta considerar a soma algébrica:
Dessa forma, vale a regra de que a derivada de uma soma (ou diferença) de duas
funções é a soma (ou diferença) de suas derivadas, se estas derivadas existem.
94
Conjuntos e elementos da análise real
Demonstração:
Como f e g são deriváveis em , temos, então, que:
e .
Logo,
95
Capítulo 3
Demonstração:
e .
Logo,
96
Conjuntos e elementos da análise real
1.3.4 Exemplos
(a)
(b)
(c)
Demonstração:
97
Capítulo 3
1.4.1 Exemplos:
Assim, e , logo:
e , e portanto:
98
Conjuntos e elementos da análise real
Agora, vamos mostrar que é possível generalizar essa regra para n um número racional.
Para que essa fórmula determine , r deve ser um número tal que esteja
definida num intervalo aberto contendo zero.
Demonstração:
Temos diversas análises para fazer, considerando-se detalhes de demonstração.
(1) Caso .
(2) Caso .
(3) Caso .
99
Capítulo 3
Se consideramos que:
•• ;
••
100
Conjuntos e elementos da análise real
nulo e q um inteiro qualquer positivo, assim sendo r um número racional não nulo,
101
Capítulo 3
102
Conjuntos e elementos da análise real
Seção 2
Teorema sobre derivadas
2.1.1 Exemplos
Como e então .
103
Capítulo 3
(-1, 1) e .
104
Conjuntos e elementos da análise real
Note que não podemos aplicar o Teorema 3.8 no ponto , pois neste caso
temos também que e .
Antes de enunciarmos o Teorema o Valor Médio, vamos enunciar outro teorema cujo
resultado é importante inclusive para demonstrar o próprio teorema do valor médio.
105
Capítulo 3
Chamemos esta função de e, portanto, a função que gera a reta é dada por:
Agora,
Ou seja, .
, segue que .
e .
106
Conjuntos e elementos da análise real
107
Considerações finais
Ao término deste texto, você deve ter desenvolvido diferentes habilidades que em
conjunto formalizam a construção de competências para a sua formação profissional.
Além disso, é importante que apesar de nosso estudo focar temas já discutidos
em alguns momentos do Cálculo Diferencial e Integral, estamos agora construindo
habilidades diferentes além das já adquiridas nos cálculos das derivadas e integrais.
109
Referências
HAIRER, Ernest; WANNER, Gerhard. Analysis by History. New York: Springer, 1995.
LIMA, Elon Lages. Análise real: Funções de uma variável. v. 1. Rio de Janeiro: IMPA, 2006.
111
112
Sobre os Professores Conteudistas
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