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ALGUNS PORQUÊS SOBRE OS POLIEDROS

DE PLATÃO E A RELAÇÃO DE EULER

Thaciane Jähring Schunk


Ligia Arantes Sad
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM
CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
MESTRADO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Thaciane Jähring Schunk


Ligia Arantes Sad

ALGUNS PORQUÊS SOBRE OS POLIEDROS


DE PLATÃO E A RELAÇÃO DE EULER

Grupo de Estudos e Pesquisas em Modelo dos Campos


Semânticos e Educação Matemática

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA


DO ESPÍRITO SANTO
VITÓRIA-ES 2021
Editora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Espírito Santo
R. Barão de Mauá, nº 30 – Jucutuquara
29040-689 – Vitória – ES
www.edifes.ifes.edu.br | editora@ifes.edu.br

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Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional: Luciano de Oliveira Toledo
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Coordenador da Edifes: Adonai José Lacruz

Conselho Editorial
Aldo Rezende * Ediu Carlos Lopes Lemos * Felipe Zamborlini Saiter * Francisco de Assis Boldt * Glória
Maria de F. Viegas Aquije * Karine Silveira * Maria das Graças Ferreira Lobino * Marize Lyra Silva Passos
* Nelson Martinelli Filho * Pedro Vitor Morbach Dixini * Rossanna dos Santos Santana Rubim * Viviane
Bessa Lopes Alvarenga

Revisão de texto: Ligia Arantes Sad


Projeto gráfico e diagramação: Thaciane Schunk
Capa e imagem de capa: Laís Vargas Kill

DOI: 10.36524/ 9788582635223


Esta obra está licenciada com uma Licença Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Brasil.
APRESENTAÇÃO DAS AUTORAS

THACIANE JÄHRING
É mestre em Educação em Ciências e Matemática
pelo Instituto Federal do Espírito Santo - IFES
atuando na linha de pesquisa: História no contexto
da educação Matemática. Possui Licenciatura em
Matemática pelo pelo Instituto Federal do Espírito
Santo – IFES (2015 – 2018). Atualmente participa
do Grupo de Estudos e Pesquisas em Modelo dos
Campos Semânticos e Educação Matemática -
GEPEMEM e é professora da educação básica.

Currículo lattes:
http://lattes.cnpq.br/1621642393455537
E-mail: thacianeschunkj@gmail.com

LIGIA ARANTE SAD


Doutorado em Educação Matemática pela UNESP
(1999). Aposentada do DM-UFES. Professora de
matemática no Instituto Federal e Tecnológico do
Espírito Santo; e Professora do Programa de Pós-
Graduação de Educação em Ciências e Matemática
(EDUCIMAT) do Ifes - campus Vila Velha.
Pesquisa principalmente nos seguintes campos:
história da matemática, educação matemática,
epistemologia e diversidade cultural.

Currículo lattes:
http://lattes.cnpq.br/1714140036102231
E-mail: ligia.sad@ifes.edu.br
APRESENTAÇÃO

Este material é dividido em duas seções. Inicialmente


são apresentadas tarefas de estudo pautadas na história
da matemática, e em seguida algumas orientações
didáticas para professores(as). Foi elaborado em 2021
como Produto Educacional de uma pesquisa de
mestrado do Programa de Pós-graduação em Educação
em Ciências e Matemática – Educimat, intitulada
Produção de significados para poliedros de Platão e
relação de Euler numa abordagem utilizando a história
da matemática no ensino fundamental.

Levando em consideração os argumentos reforçadores


do uso da história nas aulas de matemática citados por
Fauvel (1991, apud Miguel et al. 2009), a saber: a
história constitui-se como um elemento motivacional
para o ensino de matemática; humaniza a matemática;
apresenta o desenvolvimento histórico de objetos de
estudo matemático; ajuda na compreensão por parte dos
alunos de como os conceitos se desenvolveram;
contribui como uma mudança de visão do aluno para a
matemática; oportuniza investigações nas aulas de
matemática.

Na literatura encontramos também alguns argumentos


questionadores, como a falta de tempo de professores do
ensino básico para criar, testar e avaliar as tarefas de
estudo que utilizam a história da matemática e a
pouquíssima quantidade de material bibliográfico com
sugestão de atividades que possam ser utilizadas pelos
professores em sua sala de aula.

Assim, em movimento educacional propusemos criar


um Paradidático (online), a fim de contribuir para a
produção de material didático com alicerce na história
da matemática, configurando-se como leitura e
atividades de ensino e aprendizagem para o aluno, a
respeito do que se denomina por poliedros de Platão e
Relação de Euler.

Em algumas dessas tarefas de estudo intenciona-se


responder alguns porquês matemáticos, considerando a
história uma aliada nestas explicações. Para a
elaboração do material foi levado em consideração a
história da humanidade e a necessidade de cada
sociedade gerar conhecimento matemático com o
objetivo de resolver seus problemas cotidianos. Desse
modo, nosso objetivo é trazer para o ensino de
matemática saberes da sua história, esclarecimentos
possíveis sobre determinados objetos matemáticos,
poliedros de Platão e relação de Euler, envolvendo
tarefas de estudo já validadas.
SUMÁRIO

SÓLIDOS GEOMÉTRICOS.......................................10
OS POLIEDROS NA GRÉCIA...................................15
Os Pitagóricos.................................................................16
Teeteto............................................................................18
Euclides...........................................................................19
Platão..............................................................................20
ETIMOLOGIA.............................................................21
ÂNGULO POLIÉDRICO............................................22
ÂNGULO EXTERNO DE UM POLÍGONO.............24
POLIEDROS REGULARES: MOSTRAR POR
MEIO DA INTUIÇÃO.................................................25
COM AS MÃOS NA MASSA: CONSTRUINDO OS
POLIEDROS DE PLATÃO.........................................28
SÓLIDOS CÓSMICOS................................................31
OS POLIEDROS NA IDADE MODERNA................33
Leonhard Euler.............................................................33
Basel...............................................................................36
São Petersburgo...............................................................38
Berlim..............................................................................40
O retorno à São Petersburgo............................................42
FÓRMULA DE EULER PARA POLIEDROS............44
ALGUMAS ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O
PROFESSOR.................................................................45
TECNOLOGIAS DIGITAIS.........................................46
Software Poly...................................................................46
Aplicativo Mathigon........................................................49
Aplicativo sólidos platônicos RA....................................50
ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE
PERFORMANCE MATEMÁTICO DIGITAL..........51
QUESTÕES DE VESTIBULARES.............................52
VOCÊ CONHECE SOBRE O USO DA HISTÓRIA
DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA?...............59
NOTA FINAL.................................................................65
REFERÊNCIAS.............................................................67
SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

Fonte: [1]

Você conhece algum destes objetos?


Alguns deles, por vezes, são identificados a sólidos
geométricos específicos.

9
Fonte: [2]

Na figura acima apresenta-se alguns exemplos de


sólidos geométricos. Observando as características
comuns de alguns destes sólidos, como você os
separaria ou agruparia? Explique.

____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________

10
Fonte: [2]

Para separar ou agrupar esses sólidos, podemos utilizar


como critério o fato de alguns só terem superfícies
planas e outros apresentarem alguma superfície não
plana.

 Na imagem acima, circule os sólidos que apresentam


apenas superfícies planas. Esses sólidos são
denominados poliedros.

 Sólidos geométricos que apresentam ao menos uma


superfície não plana são, comumente, denominados
de corpos redondos. Quais corpos redondos
aparecem na imagem acima?
____________________________________________
____________________________________________
11
Poliedros são figuras geométricas espaciais que têm sua
região delimitada por polígonos. Enquanto os polígonos
são figuras planas que têm sua região delimitada por
segmentos de reta.
Observe os poliedros abaixo.

Fonte: [3]

Quais são os polígonos das faces de cada poliedro?

Tetraedro: ____________ Dodecaedro_____________


Cubo:________________ Icosaedro:______________
Octaedro:_______________
12
Você sabia que um poliedro é regular quando todas as
suas faces são polígonos regulares iguais e, além disso, em
cada vértice do poliedro concorre o mesmo número de
arestas?

É possível demonstrar que existem somente cinco


poliedros que atendem a esta definição, estes
poliedros são conhecidos como poliedros platônicos.

Por que são assim chamados e qual a razão


de serem apenas cinco os poliedros
regulares?

13
Que tal fazer uma viagem por diferentes momentos
históricos Para compreendermos tal questão?

OS POLIEDROS NA GRÉCIA
Nossa viagem começa pela Grécia antiga e envolve
quatro personagens importantissímos que contribuíram
sobre os cinco Poliedros Regulares: Pitagóricos, Teeteto,
Platão e Euclides (325 aEC ‒ 265 aEC). Vocês os
conhecem? Que tal realizar uma pesquisa sobre estes
personagens?
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14
Os Pitagóricos
Foram eles que propuseram os primeiros estudos acerca dos
poliedros regulares que se conhecem. Vamos conhecer mais
um pouco a respeito da história da Escola Pitagórica e do
personagem que lhe atribuiu o nome, Pitágoras (570 ‒ 490
aEC.)?
Pitágoras nasceu na ilha grega de Samos e foi um discípulo
de Tales de Mileto.
O “filósofo-matemático” fundou a Escola Pitagórica que
estudava Filosofia, Ciências da Natureza, Matemática e
ademais desenvolvia rituais e cerimônias secretas. A Escola
Pitagórica tinha uma mística envolvida em seus estudos. Os
pitagóricos trouxeram o estudo de três poliedros, antes
mesmo de Platão, de quem lhes é dado o nome – Poliedros
Platônicos.

Para refletir...

Pitágoras
realmente existiu?

15
Pitágoras - Desenhado por Laís Vargas Kill

16
Teeteto
Não se sabe muito sobre Teeteto (417‒369 aEC.), pois
nenhum de seus escritos foram conservados. No entanto,
o que se sabe é que ele foi um “matemático” grego que
estudou na Academia de Platão e veio a falecer em 369
aEC. Encontram-se algumas comprovações de seu
trabalho em Os Elementos de Euclides, com um destaque
aos poliedros regulares.
Segundo a página da Mac Tutor [14] somente três dos
cinco sólidos regulares eram devidos aos pitagóricos e
que foi por meio de Teeteto que o octaedro e o icosaedro
se tornaram conhecidos.

Teeteto - Desenhado por Nathalia Tozzi Martins 17


Euclides

Euclides (325–265 aEC) contribuiu na organização da


obra Elementos no qual o conteúdo do Livro XI ao XIII
é sobre Geometria no espaço, e em especial no último
Livro (XIII) há propriedades dos Poliedros Regulares
ou Sólidos Platônicos. (Bicudo, 2009)

Fonte: [4]

18
Platão
Platão (427–347 aEC) foi um ateniense, discípulo de
Sócrates (470‒399 aEC) que depois de sua morte fundou
a Academia de Platão com a intenção de propagar a
filosofia de seu mestre. Naquela Academia estudaram
grandes “filósofos” e “matemáticos” da época, como o
próprio Teeteto. Entre os estudos, ficaram conhecidos
como Sólidos de Platão, os Poliedros Regulares, os quais
têm esse nome devido ao modo como Platão os
apresentou na sua obra Timeu.

Platão - Desenhado por Laís Vargas Kill 19


ETIMOLOGIA

A palavra poliedro, segundo sua etimologia, se divide


como poli – que, em grego, significa várias; e edro que
vem da palavra também grega hédra que significa faces.
Desta forma a palavra poliedro significa várias faces.
Qual a quantidade de faces de cada poliedro platônico
abaixo?

Fonte: [5]

_______ _______ _______ _______ _______

Os cinco poliedros regulares (ou platônicos) também


possuem origem grega, podemos inferir isto pelo fato de
serem os primeiros a estruturarem o estudo acerca desse
conteúdo. Pesquise e explique a respeito da etimologia
do nome de cada poliedro de Platão.
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_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________

20
ÂNGULO POLIÉDRICO

Para estudar o porquê de serem apenas cinco poliedros


regulares vamos realizar uma atividade amparada na
demonstração de Euclides. Mas, antes disto, que tal
discutir sobre ângulos poliédricos?

Fonte: [6]
21
Você sabe o que é um ângulo poliédrico?

Um ângulo poliédrico é um ângulo sólido formado por n


(n≥3) ângulos planos S1, S2, ... Sn, chamados de faces,
tais que: (i) todos têm o mesmo vértice; (ii) αi tem um
lado comum com Si+1, i= 1, 2, ..., n-1, e Sn e S1 têm um
lado em comum; (iii) cada face só intercepta as duas
faces com as quais têm lado comum. O vértice comum
chama-se vértice do ângulo poliédrico. Cada lado comum
a duas faces chama-se aresta do ângulo poliédrico
(TINOCO, 1999, p.119).

Fonte: [7]
22
ÂNGULO EXTERNO DE UM POLÍGONO

A soma das medidas dos ângulos externos de qualquer


polígono é sempre igual a 360°.

Assim, nos polígonos regulares, em que todos os ângulos


são idênticos, para determinar a medida de cada um deles
basta dividir 360° pelo número de lados. Vamos verificar?
Indique o ângulo externo de cada polígono abaixo.

Sabendo a medida do ângulo externo é possível


determinar também a do ângulo interno. Volte às imagens
anteriores e indique a medida do ângulo interno de cada
polígono. 23
POLIEDROS REGULARES:
MOSTRAR POR MEIO DA INTUIÇÃO

Agora chegou o momento de você investigar se podem


existir mais poliedros regulares e refletir porque
ninguém mostrou mais poliedros regulares do que
Platão. Para isso, você receberá um quite com palitos e
jujubas para formar os polígonos (triângulos,
quadrados, pentágonos, hexágonos) e farão ângulos
poliédricos usando apenas um único tipo de polígono
por tentativa. Deverão anotar os dados de cada
tentativa, inclusive as que não derem certo, na tabela da
página seguinte.

24
Soma dos
Polígono Número ângulos dos Formou um Poliedro
de polígonos em ângulo formado
polígonos volta de cada poliédrico?
vértices de um
poliedro

25
Após a investigação realizada na atividade anterior,
explique detalhadamente aqui suas conclusões.

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26
COM AS MÃOS NA MASSA:
CONSTRUINDO OS POLIEDROS DE PLATÃO

Reaproveitando o quite constituído com palitos de dentes e


jujubas recebidos para a realização da atividade anterior,
desafio você a construir os cinco poliedros de Platão!

Quites - produzidos pelas autoras

27
Você lembra das características
principais de um poliedro?

Fonte: [8]

As faces são os polígonos que formam o


poliedro. As arestas são os segmentos de reta
formados pelo encronto de duas faces, e os
vértices são pontos de encontro de duas ou
mais arestas.

28
Utilizando as construções geométricas dos poliedros de
Platão, referentes a atividade anterior, complete a tabela
abaixo.

Poliedros Vértices Faces Arestas

Tetraedro

Cubo

Octaedro

Dodecaedro

Icosaedro

Você consegue obsevar alguma relação entre


o número de vértices, faces e arestas?

29
SÓLIDOS CÓSMICOS

Platão relacionou os cinco poliedros regulares a cinco


elementos da natureza: o tetraedro (fogo), cubo (terra),
icosaedro (água), octaedro (ar) e Dodecaedro (universo), já
que para Platão a Matemática, inclusive os sólidos
cósmicos, estão presentes na natureza.

Desenhados por Laís Vargas Kill

Vamos investigar os porquês dessas relações?


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______________________________________________30
Segundo Teeteto (HEATH, 1921), os poliedros de
Platão foram assim denominados devido a descrição
destes sólidos na sua obra Timeu, no qual os quatro
elementos – fogo, ar, água e terra – foram associados,
respectivamente, ao tetraedro, octaedro, icosaedro e
cubo. Enquanto o quinto sólido platônico,
denominado de dodecaedro, Teeteto afirmou ter sido
usado pelo Criador na representação do universo.

31
OS POLIEDROS NA IDADE MODERNA

Leonhard Euler
Euler (1707‒1783) desenvolveu uma relação
matemática, aplicada aos poliedros, que envolve o
número de arestas, vértices e faces de qualquer
poliedro convexo. Recordemos que, quando
qualquer segmento com extremidades dentro do
poliedro estiver totalmente contido no poliedro,
este será chamado convexo.
A fórmula criada por Euler é: se V é o número de
vértices, A o número de arestas e F o número de
faces, então
1
V–A+F=2

Essa relação é conhecida hoje por equação de


Euler para Poliedros. Nos sólidos (convexos)
denominados Sólidos de Platão vale a relação de
Euler.

Na carta que Euler escreveu a Christian Goldbach,


em 1750, demonstrava esta preocupação em
elaborar uma propriedade geral para os sólidos
limitados por faces planas.

1. Euler chegou ao Teorema por meio de leituras como ao trabalho de Descartes,


que relacionou-se a relação semelhante em seus estudos de um outro teorema
geométrico envolvendo poliedros.
32
Antes de verificar tal relação, vamos
conhecer mais a respeito de Euler?

Euler - Desenhado por Laís Vargas Kill

33
Para conhecermos um pouquinho mais de Euler...
vamos realizar uma investigação a respeito de sua
vida?

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34
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Vamos olhar se o que você investigou está
contemplado na história deste matemático?

Infância e Duas fases em São


adolescência nos Petersburgo na
primeiros vinte anos Rússia; a juventude
em Basileia na Suíça (1727-1741) e o
(1707-1727) retorno até seus
últimos dias (1766-
Berlim na Prússia 1783)
(1741-1766)
Fonte: [9]

Fonte: Pereira (2015)


Leonhard Euler nasceu na cidade de Basileia, norte da
Suíça, em 15 de abril de 1707. (FOSSA, LEÔNCIO,
2020). Até o ano de 1783, sua produção era composta de
866 trabalhos. O Ginásio da Basileia foi sua primeira
escola, instituição que não continha matemática em seu
currículo. 35
Por esse motivo as primeiras noções da disciplina foram
ministradas pelo pai, Paul Euler. Aos 13 anos de idade
matriculou-se na Universidade de Basel e tornou-se o
discípulo favorito de Johann I Bernoulli que rapidamente
descobriu o seu talento para a matemática.

Nesse período, o jovem estudava teologia, grego e hebreu,


seguindo as orientações do pai para se tornar um futuro
pastor. Embora muito religioso, não se entusiasmou com
os estudos teológicos. Assim, Johann Bernoulli resolveu
intervir e convenceu Paul Euler de que o seu filho estava
destinado a ser um grande matemático. Em 1723, aos 16
anos, recebeu o grau de mestre, com uma tese comparando
as filosofias de Descartes e de Newton.

Com esse trabalho Euler concorreu a uma cadeira de física


na Universidade de Basileia. O estudo foi bem recebido,
mas Euler não chegou a ser contratado como professor,
provavelmente, por ter apenas 19 anos. Em seguida
emigrou para a Rússia.

36
Euler aceitou o convite de Catarina I (1684 – 1727) para
assumir o posto de estudante de Fisiologia na Academia
de Ciências de São Petersburgo - Rússia, onde estreitou
contatos com outros cientistas. Devido a distância entre
os dois países a viagem foi longa. Sua chegada e posterior
contratação acabaram sendo tumultuadas pelos funerais
de Catarina I.
A Academia de São Petersburgo havia sido criada com a
finalidade de elevar a qualidade da educação no país. Para
alcançar tal objetivo era incentivado o intercâmbio com
estudiosos de outros países europeus. Contudo, os novos
dirigentes responsáveis pela academia russa não eram
favoráveis à contratação de estrangeiros e nem à
continuidade do processo de modernização, gerando
conflitos. [14]

37
Euler tornou-se professor de Física na Academia em
1730. O panorama emergente dessa outra configuração
política brindou Euler com a transferência para a seção de
Matemática, onde efetivou-se professor um ano depois. A
partir de 1735 o matemático consolidou sua carreira,
alcançando notoriedade em todo o mundo. [14]

Fonte: [10]

38
O reconhecimento dos trabalhos de Euler abriram-lhe as
portas de Berlim por meio de um convite de Frederico II
para trabalhar na Academia de Ciências da Prússia. Em
1741, partiu para viver em Berlim com sua família, onde
viveu por 25 anos e produziu mais de 380 publicações.
O contexto no qual Euler se deparou em Berlim foi da
época do reinado do rei Frederico II. Como o rei estava
decido a modernizar a Sociedade de Cientistas inspirado
no modelo da Academia de Ciências de Paris, assim,
convidou cientistas renomados para compor o quadro de
remodelação, entre eles Euler.
Em 1750, Euler sentia-se tão seguro e feliz que chegou a
comprar uma boa casa, chamando sua mãe para morar
junto, o que denota sua intenção de ficar em Berlim. [14]

Fonte: [11]
39
Depois de certo tempo, Euler sentiu que Frederico II
considerava suas pesquisas “sem importância”,
exercendo sobre ele pressão para que cuidasse de coisas
práticas, úteis para as várias guerras em que a Prússia
estava envolvida. Euler considerou isso uma falta de
reconhecimento, o que tornou frustrante sua permanência
em Berlim.
Terminada a Guerra dos Sete Anos, em 1763, Euler
esperava tornar-se presidente da Academia. Frederico II
havia convidado D’Alembert, que recusou e sugeriu
Leonhard Euler para o posto. No entanto, Frederico II
recusou-se a dar a ele o posto.

Fonte: [12]
40
A imperatriz Catarina II, a Grande, assumiu o trono russo
em 1762. Logo, dedicou-se a restabelecer o elevado
padrão da Academia da Rússia. Lançou então um convite
de retorno a Euler, com vários privilégios, incluindo altos
salários, auxílio moradia e cargos para seus filhos. Em
1766, Euler voltou para a Rússia com muitas honrarias.
Por essa época Euler foi perdendo sua visão.
Em 1771, a cidade de São Petersburgo foi tomada por um
grande incêndio que atingiu a casa de Euler e, devido sua
relutância em deixar a residência, conseguiu salvar todos
os seus manuscritos.
Leonhard Euler faleceu, possivelmente vítima de um
acidente vascular cerebral, em 7 de setembro de 1783,
aos 77 anos. [14]
A quantidade e a qualidade das muitas obras de Euler
permaneceram como um legado a estudiosos posteriores.

Vamos discutir...

O que chamou sua atenção nesta historiografia de Euler?


Comente.

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41
Fonte: Pereira (2015) 42
EQUAÇÃO DE EULER PARA POLIEDROS

A partir de materiais manipuláveis observe a composição


abaixo, retirada de Santos (2014), tendo como exemplo
os poliedros de Platão.

V–A+F=2

Utilizando a tabela da página 30 vamos verificar se esta


relação de fato é válida para os demais poliedros de Platão?

43
ALGUMAS ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
PARA O PROFESSOR

Nesta secção serão apresentadas algumas


sugestões didáticas para o professor,
entrelaçadas ao uso de tecnologias em sala de
aula como softwares, plataformas de
aprendizagem, realidade aumentada e
Performance Matemática Digital – PMD. Além
de sugerir algumas questões de vestibulares e
discutir a respeito da articulação entre história e
ensino de matemática.

44
TECNOLOGIAS DIGITAIS

Software Poly
Poly é um software disponibilizado no endereço
eletrônico http://www.peda.com/poly/. Esse software
livre permite a visualização de poliedros, inclusive dos
poliedros de Platão, suas planificações, a movimentação
e observação do poliedro em diversos ângulos. Pode-se
“abrir e fechar” esses poliedros, gradativamente, de
modo a entender melhor sua constituição e obter a
planificação.

Que tal explorarmos os poliedros de Platão no


Poly?
Propõe-se que o professor leve os alunos ao laboratório
de informática e permita-os manipular tais poliedros no
software Poly, ou pelo menos, mostre a planificação dos
Poliedros de Platão para que o aluno possa ver esta
transformação da figura espacial para o plano e vice-
versa.

45
Observe na imagem abaixo a planificação dos Poliedros
de Platão realizadas no Poly.

Octaedro

Cubo

Teraedro

46
Dodecaedro

Icosaedro

47
Aplicativo Mathigon
Mathigon é uma plataforma de aprendizagem interativa
para matemática. Trata-se de um aplicativo gratuito que
funciona offline, disponível para telefones e tablets. O
conteúdo permite que os alunos explorem e descubram
ativamente por meio da criatividade e curiosidade. Deste
modo, apresenta o conteúdo de uma nova forma,
tornando o aprendizado mais personalizado e divertido.
Conhecido também como livro didático do futuro.

No Mathigon tem interresantes cursos, tarefas e um


polypad. Dentre os cursos, há um intitulado de Sólidos
platônicos. Indicamos a realização deste curso pelos
alunos como uma tarefa de fixação.

Fonte: [13]
48
Aplicativo Sólidos Platônicos RA
Este aplicativo mostra vários poliedros, e em especial os
cinco sólidos platônicos, em realidade aumentada (RA)

Será que conseguimos visualizar os sólidos


platônicos? Instale o aplicativo e tente fazer a
leitura do QR Code com ele! Discuta o
processo.
Tetraedro Cubo Octaedro

Dodecaedro Icosaedro

49
ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE
PERFORMANCE MATEMÁTICA DIGITAL - PMD

Você sabe o que é uma


Performance Matemática Digital – PMD?

De acordo com Borba, Scucuglia e Gadanides (2014), PMD


consiste na produção de vídeos de curta duração, podendo
haver o compartilhamento nas suas próprias redes virtuais
sociais (Instagram, Facebook, Tik Tok, etc).

Equipamentos eletrônicos utilizados: celulares, câmeras,


internet, por exemplo.

Critérios para uma boa PMD (SCUCUGLIA, 2012):

Prazer em vivenciar ao
novo em matemática e
a intencionalidade de As ideias matemáticas
surpreender o público envolvidas devem fazer
sentido no produto
digital exposto
Emoções
transmitidas e
que são sentidas Conceitos
matemáticos
claros

Vamos elaborar PMD’S e


compartilhar nas redes sociais?
50
QUESTÕES DE VESTIBULARES

1. (ENEM - 2016) Os sólidos de Platão são poliedros


convexos cujas faces são todas congruentes a um único
polígono regular, todos os vértices têm o mesmo número
de arestas incidentes e cada aresta é compartilhada por
apenas duas faces. Eles são importantes, por exemplo, na
classificação das formas dos cristais minerais e no
desenvolvimento de diversos objetos. Como todo polie-
dro convexo, os sólidos de Platão respeitam a relação de
Euler V - A + F = 2, em que V, A e F são os números de
vértices, arestas e faces do poliedro, respectivamente.
Em um cristal, cuja forma é a de um poliedro de Platão
de faces triangulares, qual é a relação entre o número de
vértices e número de faces?

A) 2V - 4F = 4
B) 2V - 2F = 4
C) 2V - F = 4
D) 2V + F = 4
E) 2V + 5F = 4

51
2. (ITA - 2017) Numa superfície poliédrica convexa
aberta, o número de faces é 6 e o número de vértices é 8.
Então o número de arestas é:

a) 8 b) 11 c) 12 d) 13 e) 14

3. (PUCAMP - 1996) Sobre as sentenças:


I. Um octaedro regular tem 8 faces quadradas.
II. Um dodecaedro regular tem 12 faces pentagonais.
III. Um icosaedro regular tem 20 faces triangulares.
É correto afirmar que apenas:
a) I é verdadeira.
b) II é verdadeira.
c) III é verdadeira.
d) I e III são verdadeiras.
e) II e III são verdadeiras.

4. (UNIRIO - 1997) Um geólogo encontrou, numa de suas


explorações, um cristal de rocha no formato de um
poliedro, que satisfaz a relação de Euler, de 60 faces
triangulares. O número de vértices deste cristal é igual a:

a) 35 b) 34 c) 33 d) 32 e) 31

52
5. (MACKENZIE - 1981) Um poliedro convexo tem 15
faces. De dois de seus vértices partem 5 arestas, de quatro
outros partem 4 arestas e dos restantes partem 3 arestas. O
número de arestas do poliedro é:

a)75 b)53 c)31 d)45 e)25

6. (UEL - 2000) Para explicar a natureza do mundo, Platão


[...] apresenta a teoria segundo a qual os ‘quatro elementos’
admitidos como constituintes do mundo - o fogo, o ar, a
água e a terra - [...] devem ter a forma de sólidos regulares.
[...] Para não deixar de fora um sólido regular, atribuiu ao
dodecaedro a representação da forma de todo o universo.

As figuras a seguir representam esses sólidos geométricos,


que são chamados de poliedros regulares. Um poliedro é um
sólido limitado por polígonos. Cada poliedro tem um certo
número de polígonos em torno de cada vértice. Uma das
figuras anteriores representa um octaedro. A soma das
medidas dos ângulos em torno de cada vértice desse
octaedro é:

a) 180° b) 240° c) 270° d)300° e) 324°


53
7. (FGV - 2016) Dado um tetraedro regular de aresta 6
cm, assinale os pontos que dividem cada aresta em três
partes iguais. Corte o tetraedro pelos planos que passam
pelos três pontos de divisão mais próximos de cada vértice
e remova os pequenos tetraedros regulares que ficaram
formados. A soma dos comprimentos de todas as arestas
do sólido resultante, em centímetros, é

a) 56 b) 32 c) 30 d) 36 e) 48

8. (ENEM - 2017) O hábito cristalino é um termo


utilizado por mineralogistas para descrever a aparência
típica de um cristal em termos de tamanho e forma. A
granada é um mineral cujo hábito cristalino é um poliedro
com 30 arestas e 20 vértices. Um mineralogista construiu
um modelo ilustrativo de um cristal de granada pela
junção dos polígonos correspondentes às faces. Supondo
que o poliedro ilustrativo de um cristal de granada é
convexo, então a quantidade de faces utilizadas na
montagem do modelo ilustrativo desse cristal é igual a
a) 10
b)12
c) 25
d) 42
e) 50
54
9. (STOODI - 2019) Indique a alternativa cujo poliedro
NÃO é um poliedro de Platão.

a) Tetraedro b) Heptaedro c) Octaedro


d) Dodecaedro e) Icosaedro

10. (ITA - 2018) Se um poliedro convexo possui 20 faces


e 12 vértices, então o número de arestas desse poliedro é

a) 12 b) 18 c) 28 d) 30 e) 32

11. (PUC - 2017) O poliedro regular que possui 20


vértices, 30 arestas e 12 faces denomina-se:

a) Tetraedro b) Hexaedro c) Octaedro


d) Dodecaedro e) Icosaedro

55
GABARITO

1) C 2) D 3) D 4) D 5) C 6) B 7) D 8) B 9) B
10) D 11) D

56
ALGUMAS QUESTÕES COMENTADAS...

2) Utilizado a Relação de Euler: V - A +F =2


8 - A+6 = 2
A = 12 (Alternativa C)

4) Utilizado a Relação de Euler: V - A +F =2


F = 60
A = 60 x 3/2
A = 180/2 = 90
Logo:
V - 90 +60 = 2
V - 30 = 2
V = 2 + 30
V = 32 (Alternativa D)

6) Em torno de cada vértice do octaedro têm 4


triângulos equiláteros, como cada ângulo deste
triângulo possui 60°, basta realizar o produto de 60
por 4, resultando em 240°. (Alternativa B)

8) Utilizado a Relação de Euler: V + F = 2 + A


20 + F = 2 + 30
F = 12 (Alternativa B)

10) Utilizado a Relação de Euler: V + F = 2 + A


12+20=a+2
A=30 (Alternativa D)
57
VOCÊ CONHECE SOBRE A ARTICULAÇÃO ENTRE
HISTÓRIA E ENSINO DE MATEMÁTICA?

Referente a utilização da história da matemática em sala


de aula é necessário levar em consideração os
desenvolvimentos históricos matemáticos de forma
aprofundada em seus aspectos histórico, criativo e
explicativos, reforçando uma matemática mais
humanizadora, (SAD, 2013). Ademais, para a autora a
relação existente entre a história da humanidade e da
matemática podem ser bem proveitosas pedagogicamente,
levando em consideração seus contextos culturais, sociais
e filosóficos, integrando atividades investigativas e noções
matemáticas.
Uma tal vertente metodológica pode ser um instrumento
impulsionador para a reflexão dos alunos, podendo
responder muitos ‘porquês?’ presentes nas aulas de
matemática, o que é reforçado por Nobre (1996, apud
SAD, 2013) ao criticar a forma pronta e acabada que os
conteúdos de matemática são trabalhados em sala de aula,
escondendo assim suas transformações históricas.
Quando tratamos das questões relativas à participação da
história na educação matemática, esta pode ser concebida
com base em várias perspectivas teóricas e pontos de vista
definidos. Com base em Miguel e Miorim (2004), dentre
elas uma das que mais se aproxima da nossa prática é a
perspectiva dos Jogos de Vozes e Ecos.

58
Essa perspectiva teórica denominada por Jogos de Vozes e
Ecos tem sido trabalhada pelos professores pesquisadores
Paulo Boero, B. Pedemonte, E. Robotti e G. Chiappini. A
própria denominação atribuída a esta perspectiva indica os
dois constructos teóricos sobre as quais ela se alicerça, a
saber: Vozes e Jogos de Linguagem. Ademais,
fundamenta-se em Vygotsky quanto a distinção entre
conceitos científicos e os conceitos práticos, em outros
termos, entre os conceitos escolares e os conceitos do
cotidiano. Por este ângulo, Boero e seus colaboradores
elencam características do conhecimento matemático num
viés de tradições culturais que a escola busca transmitir:
a sua natureza teórica e sistemática; a sua
coerência interna; a natureza dos processos de
validação de grande parte desse conhecimento (...);
a natureza específica da dimensão discursiva da
linguagem matemática através da qual se constrói e
se comunica o conhecimento matemático teórico
(...) (BOERO et al., 2000, apud MIGUEL;
MIORIM, 2004, p. 139)

Segundo Miguel e Miorim (2004) o conhecimento


matemático se constituiria no estabelecimento e
desenvolvimento de condições que propiciem, por parte
dos estudantes, as características descritas acima, que são
de natureza linguística, discursiva e dialógica. Portanto, os
objetos matemáticos nesta perspectiva são compreendidos
também como objetos linguísticos. Daí o constructo
Jogos de Linguagem, introduzido por Wittgenstein, que

59
incorporado na perspectiva teórica Jogos de Vozes e Ecos
assume um ambiente dialógico de aprendizagem.
A apropriação por parte dos alunos da característica do
conhecimento matemático, acima mencionado, “pode ser
mediada por tarefas pedagogicamente organizadas de
modo a poderem inserir-se no interior daquilo que
Vygotsky denominou de Zona de desenvolvimento
proximal dos estudantes” (BOERO, 2000, apud MIGUEL;
MIORIM, 2004, p. 140).
Nessa perspectiva em discussão, os autores entendem por
‘vozes’ toda expressão verbal ou não verbal, especialmente
aquelas produzidas por cientistas do passado, que
simbolizariam significativos saltos históricos na evolução
da matemática e da ciência. No momento em que tais
vozes são apropriadas e ressignificadas por pessoas de
outra época, produzem ‘ecos’. Portanto, ecos é “uma
conexão remota estabelecida entre pessoas de diferentes
épocas e culturas com base em seus diferentes propósitos,
experiências, concepções e sentidos” (MIGUEL;
MIORIM, 2004, p. 140).
Segundo Boero et al (1997) no interior de uma atividade o
aluno pode produzir diferentes tipos de ecos, por ser tratar
de suas próprias interpretações diante de uma voz. Assim,
cabe diferenciar os ecos individuais, produzidos pelos
alunos, dos ecos coletivos, produzidos em discussões em
sala de aula. Ainda, pode-se caracterizar os ecos
individuais em algumas categorias, a saber: ecos
superficiais, ecos mecânicos, ecos de assimilação,
ressonâncias e dissonâncias. 60
Para uma aula pautada na perspectiva dos Jogos de Vozes
e Ecos é necessário que anteriormente seja realizada uma
análise histórica do objeto matemático que se pretende
trabalhar, afim de investigar as características de tal
conteúdo matemático e suas condições históricos
culturais. Com esse suporte é preciso planejar sequências
ou tarefas de ensino e aprendizagem fundamentadas em
uma seleção de fontes primárias.
Como exempo de aplicação desta teoria trazemos a
elaboração deste paradidático, pois, durante o
planejamento foi preciso oportunizar aos estudantes
acesso às vozes do passado para que eles produzissem
ecos. Deste modo, em relação aos Jogos de Vozes e Ecos
pode-se dizer que é “uma situação educacional particular
que tem por meta ativar os estudantes a produzirem ecos
por intermédio de tarefas específicas: ‘Como X
interpretou o fato Y?’ (...)” (BOERO et al., 2000, apud
MIGUEL; MIORIM, 2004, p. 141).
Nesse sentido, a apropriação pelo estudante da cultura
científica e matemática é um processo mediado por vozes
da história da matemática em resposta a situações do
presente, em que o estudante estabelece uma reflexão e
dialoga com outros estudantes e/ou com o professor, que
é o mediador entre vozes históricas e as vozes dialogais
presentes.

61
CUIDADO
Fauvel (1991) apresenta como uma das dificuldades de
utilização da História da Matemática na sala de aula é a
existência de informações históricas incorretas.

Destacamos que para Machado (2010), os Poliedros de


Platão podem não ser Poliedros Regulares, com o que não
concordamos. Do mesmo modo, também encontra-se em
outros materiais didáticos destinados à Educação Básica.
Contudo, historicamente, é um equívoco, se
considerarmos a descrição a partir do livro XIII de
Euclides. (EUCLIDES, 2009) e obras subsequentes.

Desde a obra de Platão, Timeu, tudo indica que os sólidos


são formados por polígonos regulares. Recentemente,
podemos citar, entre outros autores, Hazewinkel (1995),
Reis (2013, p.19) e Oliveira (2018, p.20) que também
afirmam que as faces devem ser polígonos regulares
congruentes para ser Poliedro de Platão. Ou seja,
Poliedros de Platão são poliedros regulares.

De acordo com o site Mathigon, os poliedros regulares são


chamados de poliedros de Platão em homenagem a Platão.

62
NOTAS DE FIM
(Fontes)
[1] https://novaescola.org.br/plano-de-aula/1680/os-
solidos-e-suas-planificacoes

[2]https://sites.google.com/site/webquest201523/conclus
ao

[3] https://escolaeducacao.com.br/poliedros/

[4]https://sites.google.com/site/fundamentosdematematic
aceunes/home/Grupo05/euclides-de-alexandria

[5]https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/solido
s-de-platao.htm

[6] https://sites.google.com/site/matematicainicio/

[7]http://tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com/20
12/12/angulos-poliedricos-questoes.html

[8] professorakeila.com.br/2020/06/poliedros.html

[9] https://www.shutterstock.com/pt/search/euler

[10] https://br.rbth.com/historia/83283-fotos-
petersburgo-seculo-19
63
NOTAS DE FIM

[11]http://jornalareliquia.blogspot.com/2013/09/berlim.h
tml

[12] https://brasilescola.uol.com.br/guerras/guerra-dos-
sete-anos.htm

[13]https://pt.mathigon.org/course/polyhedra/platonic

[14] https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/

64
REFERÊNCIAS

BOERO, P.; PEDEMONTE, B.; ROBOTTI, E.


Approaching theoretical knowledge through voices
and echoes: a vygotskian perspective. In: PME
CONFERENCE, 21nd, 1997, Finlândia. Proceedings...
Disponível em:
<http://didmat.dima.unige.it/progetti/COFIN/biblio/art_b
oero/BOERO%26C,PME_XXI.pdf>. Acesso em: 26 jan.
2021.

BORBA, M. C.; SCUCUGLIA, R. R. S.; GADANIDIS,


G. Fases das Tecnologias Digitais em Educação
Matemática: Sala de Aula e Internet em Movimento.
Belo Horizonte: Autêntica, 2014

D’AMBROSIO, U. Euler, um Matemático


Multifacetado. Revista Brasileira de História da
Matemática. Publicação Oficial da Sociedade Brasileira
de História da Matemática, vol. 9, nº 17, p. 13-31,
abril/setembro, 2009.

DOLCE, O.; POMPEO, J. N. : geometria espacial


(posição e métrica). 5. ed. São Paulo. Fundamentos da
matemática elementar. Atual, 2008. v. 10.

EUCLIDES. Os elementos de Euclides. Tradução e


introdução de Irineu Bicudo. São Paulo. Editora:
UNESP: 2009. 65
FAUVEL, John. Using history in mathematics
education. For the Learning of Mathematics, 11. p.3 - 6,
1991.

FOSSA, J.A.; LEÔNCIO, S.M.S. Um enigma sobre o


nome de Leonhard Euler. RHMP – Revista de História
da Matemática para Professores, v.6, n.2, out. 2020.

HAZEWINKEL, M. Encyclopaedia of Mathematics, v.


4. Dordrecht: Klüwer Academic Publishers, 1995.

HEATH, T. A History of Greek Mathematics, v.1 .


Oxford: Oxford Univ. Press, 1922.

HOWARD, E. Introdução à história da matemática.


Tradução de Hygino H. Domingues. 2. ed. Campinas:
Editora da UNICAMP, 1997.

MACHADO, J. N. Os poliedros de Platão e os dedos


da mão. São Paulo: Scipione, 2010. (Coleção Vivendo a
Matemática).

MARTINES, M. de C. S. Relação de Euler: uma


introdução usando a história da matemática. Anais/Actas
do 6° Encontro Luso-Brasileiro de História da
Matemática. Universidade Federal de São João del Rei -
UFSJ, 2011.

66
MIGUEL, A.; BRITO, A. J.; CARVALHO, D. L. de;
MENDES, I. A. História da matemática em atividades
didáticas. 2. Ed. Ver. – São Paulo: Editora Livraria da
Física, 2009.

MIGUEL, A; MIORIM, M. A. História na Educação


Matemática: propostas e desafios. 1ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004.

OLIVEIRA, Maelson da Silva. O modelo euclidiano


nas abordagens dos poliedros de Platão em livros
didáticos: reflexos do movimento da matemática
moderna. 2018. 132 f. Mestrado Profissional em Ensino
de Ciências e Matemática. Universidade Estadual da
Paraiba, Campina Grande – PB

PEREIRA, D. E. Euler: vanguardismo e genialidade para


além do século XVIII. Boletim Cearense de Educação
e História da Matemática - ISSN: 2447-8504, Volume
02, Número 06, 15 – 24 (2015)

REIS, Edvaldo Araújo dos. Os Poliedros de Platão.


2013. 35f. Mestrado Profissional em Matemática em
Rede Nacional. Universidade Federal de Sergipe, São
Cristóvão – SE.

ROQUE, T. História da Matemática: uma visão crítica,


desfazendo mitos e lendas. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
67
SAD, L. A. A história da matemática na educação básica:
uma aliada para a prática do professor de matemática. XI
Encontro Nacional de Educação Matemática (Anais
eletrônicos). Curitiba – PR, 2013.

SANTOS, R. A. dos. Poliedros de Platao: Uma


Abordagem Segundo o Modelo de Van Hiele de
Desenvolvimento de Pensamento Geometrico. 2014.
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Universidade Federal do Oeste do Pará, 2014.

SCUCUGLIA, R. R. S. On the nature of students’ digital


mathematical performance. 2012. Tese (Doutorado em
Educação) – University of Western Ontario, London, 2012.

SOUSA, G. C. de; COSTA, A. E. J. da; SANTOS, Y. P. dos .


Uma investigação histórica bibliográfica de porquês
matemáticos sobre poliedros regulares. Revista Prática
Docente. v. 3, n. 1, p. 19-31, jan/jun 2018.

STRUIK, D. J. História Concisa das Matemáticas.


Tradução de João Cosme Santos Guerreiro. 2ª edição.
Lisboa: Gradiva, 1997.

TINOCO, L. Geometria euclidiana por meio da resolução


de problemas – Projeto Fundão – Instituto de matemática/
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
1999.
68

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