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O homem-bolo

Esta história é sobre um velhinho e uma velhinha que viviam juntos numa
casinha velha. Os dois não tinham filhos, e às vezes o velhinho e a velhinha ficavam
tristes por causa disso.
Um dia a velhinha fez um bolo em forma de boneco. Misturou bem a
massa, estendeu com o rolo, recortou com o formato de um homenzinho e desenhou
um paletó e um boné na figura. Depois pôs no homem-bolo dois olhos de uvas-
passas e um nariz feito com uma noz, e colocou no forno para assar.
Não demorou muito e a velhinha disse consigo mesma:
- Meu homem-bolo já deve estar pronto!
E abriu a porta do forno. Foi ai que ela levou o maior susto da vida dela. O
homem-bolo ficou em pé num pulo, com suas pernas molengas... e saiu correndo
pela casa! A velhinha chamou o velhinho e os dois foram atrás dele, mas o homem-
bolo só dava risada e gritava assim:
- Vocês acham que eu sou tolo? Ninguém pega o homem-bolo!
O velhinho e a velhinha correram o mais depressa que puderam, mas não
conseguiram pegar o malandro.
O homem-bolo continuou correndo, até que encontrou uma vaca
pastando no campo.
- Pare! – disse a vaca. Você tem jeito de comida gostosa.
O homem-bolo riu e falou assim:
- Quem já fugiu da velhinha, depois fugiu do velhinho, também foge de
uma vaquinha! Você acha que eu sou tolo? Ninguém pega o homem-bolo!
E a vaca não conseguiu pegá-lo.
O homem-bolo continuou sua correria até encontrar um cavalo comendo
feno. O cavalo pensou: “hum... pelo jeito aquele homem-bolo está a maior delícia! ”
- Espere ai! – exclamou o cavalo.
Mas o homem-bolo não tinha nenhuma intenção de obedecer. Preferiu
continuar correndo, enquanto gritava:
- Quem já fugiu da velhinha, depois do velhinho, e depois da vaquinha,
também foge de um cavalo! Você acha que sou tolo? Ninguém pega o homem-bolo!
O cavalo foi atrás dele, mas não conseguiu pegá-lo.
Logo adiante o homem-bolo passou por um grupo de crianças que
brincavam no parque. As crianças estavam morrendo de fome.
- Espere aí! Queremos comer você! – gritaram as crianças.
Mas o homem-bolo não parou. Passou correndo pelas crianças e gritou:
- Quem já fugiu da velhinha, depois fugiu do velhinho, depois da
vaquinha, depois do cavalo, também pode fugir de pirralho! Vocês acham que eu
sou tolo? Ninguém pega o homem-bolo!
As crianças saíram do parque para correr atrás do homem-bolo, mas não
conseguiram pegá-lo.
O homem-bolo estava na maior satisfação. Ninguém conseguia peá-lo.
Estava se sentindo rápido como o vento. Até que de repente... O homem-bolo
chegou às margens de um rio. E foi obrigado a parar... Ele não sabia nadar, e a
velhinha, o velhinho, a vaca, o cavalo e todas as crianças continuavam correndo
atrás dele, para tentar pegá-lo e comê-lo.
Justo nesse momento apareceu uma raposa. O homem-bolo estava
preocupado, mas mesmo assim conseguiu cantar:
- Quem já fugiu da velhinha, depois fugiu do velhinho, depois da
vaquinha, depois do cavalo, depois fugiu de pirralho, também foge de uma raposa!
Você acha que eu sou tolo? Ninguém pega o homem-bolo!
O homem-bolo pulou para cima da cauda da raposa e a raposa começou
a nadar. Os dois tinham avançado só um pouquinho pelo rio, quando a raposa falou:
- O rio está ficando cada vez mais fundo. Suba nas minhas costas, para
não se molhar.
E o homem-bolo foi para cima das costas da raposa. Quando os dois
estavam no meio do rio, a raposa disse:
- O rio está mais fundo ainda. Suba na minha cabeça, para não se molhar.
E o homem-bolo foi para cima da cabeça da raposa.
Depois a raposa disse:
- A água já chegou no pescoço! Suba no meu nariz, para não se molhar!
E o homem-bolo foi para cima da pontinha do nariz da raposa. Quando
ele fez isso, a esperta raposa inclinou a cabeça para trás e... Segurou o homem-bolo
entre os dentes.
- Ó céus! – disse o homem-bolo.
E depois de dizer essas palavras, o homem-bolo nunca mais abriu o bico.

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