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Escola Normal—Agosto de 1 9 2 0

NATAL - RIO G. DO NORTE

ORGAM D O GRÊMIO N O R M A L I S T A

DR. NESTOR LIMA


Escola Normal do Rio Grande do o estabelecimento que dirige. E cada. anno
Norte vê hoje passar a data na- que se passa, esta verdade tanto mais se evi-
•talilicia do seu Director — Bacha- dencia quanto a matricula da Escola Normal,
rel Nestor dos Santos Lima. no anno inicial do curso, atráe sempre
Este íacto enche-nos de uma intensa um numero de candidatos superior ao nu-
alegria, de uma felicidade intensa, porque o mero limitado pelo Codigo de ensino.
anniversariante de hoje não só é o nosso Si analysarmosji vida do homenageado
guia espiritual, como soe ser utn educador de hoje7~dént"ro d o G r u p o Escolar Modelo,
competente, filho e irmão exemplarissimo, vemos que S. S. é~5ém um conductor de
amigo dedicado, eihfim, um dos principaes creançãjT" E~fãntõ é assim qus aquelle esta-
ornamentos do nosso meio littero-socíal. belecimento, contando u'a matricula de "mais
A jicção do Dr. Nestor Lima, na ins- 3e quatrocentos aluirmos, de 7 a 14 annos de
trucçaõ" publica do Estado, ninguém desco- edãd^pÒde ser visitado por quem quer quese-
nhece dentro de nossas,fronteiras e mesmo ja e a qualquer hora do dia, porque nelle en-
è n r p u t r o s ; departamentos de nossa federação, contrará sempre a ordem e a maior disciplina.
õ jiome_ de S. S. é citado como um dos ho- Sobre aacção moral do Dr. Nestor Lima,
mens que entendem e se preoccupam com o no seio das. çr.eanças do g r u p o modelo «Au-
magno "probiema educacional no Brasil. gusto Severo», basta-nos citar o seguinte fac-
A elle deve a Escola Normal do Esta- to : ha : nas_duas lareas destinadas ao r e c e i o
do^ o que àctualmente é —estabelecimento quatro "pés de mangueira;" pois bem, aquel-
i no raí i zado,_ justiceiro, merece do r da confian- lasjtrvores floram. fructificam, colhem-se to-
çlPdo~Ooverno e dos paes de família." dos os seus fru tos e as j:reanças, que dia-
Noni<affõ|_ern~Í9l'1 f "üirêctor deste ins- riamente, ãlí"passam"30 minutos a brincar,
tituto 'de ensino profissional, cupola do en- são incapazes de tocar em um só. Um me-
•s]np_ primário, base, portanto, da_formação nino, brincando, passou a correr por baixo
intellectuaj do nosso povo, S. S.( arrostando de uma daquellas arvores e como batesse em
'com ó preconceito maíentendido do nosso um dos seus fructos e este cahisse, elle, a
n w o social,segun^ocTqjial as ápprqyações nao chorar, foi logo ao seu professor contar o
cõnstaflvãm o valor do estudante, mas, uma o c : o r r i d o e pedir que lh'o desculpasse.
consideração ao seu sexo, si era mulher e ao Ora, para um homem alcançar tão gran-
.%rãõ_ d ê f f i o t é c ç ã o ' officiosa, si era homem, des resultados, precisa ser, não um sábio,
S~S. dizíamos, impoz um dique a esse esta- mas um modelo de virtudes cívicas e mo-
do de coisas e, nnqueile anno, a Congrega- raes, um predestinado do seu século, impon-
ção da Escola Normal, afastando-se do seu do, com o seu exemplo, a sua vontade na for-
regimen anterior, reprovou até mesm© alum- mação dos caracteres infantis.
nos que faziam o ultimo anno do curso. O dia de hoje, pois, não é somente de
De_então para cá o nosso ensino nor- felicidades e alegrias para o lar do Dr. Nes-
mal tém sido um facto. Sem rigores exces- tor Lima, porque deste júbilo compartilham
sivos e sem exhibições espectaculosas, o Dr. os seus amigos, os seus alumnos, a terra que
Nestor Lima, que faz do seu cargo um sa- teve a ventura de servir-lhe dé berço e á
cerdócio, encaminha todos os seus actos no qual S. S. tem servido com tanta dedicação
.sentido de elevar moral e intellectualmente e tanto carinho, cuidando, corjn amor e me-
thodo, da educação dos seus filhos, elemen-
tos futuros a quem o Rio Grande do Norte
terá de confiar-os" seus destinos economicos
A nova cadeira de Pedologia
e políticos.
O «Grêmio Normalista» felicita ao Dr. Foi com certeza medida de ele-
Nestor Lima, augurando-lhea reprodução do vado alcance pedagogico o decreto
dia de hoje ainda por a l g u n a s dezenas de n.° 123 de 3 de Julho ultimo crean-
annos, para a alegria e o bem-estar de sua
familia e para a grandeza da instrucção deste
do na Escola Normal a cadeira de
pedaço de patria brasileira. Pedologia e Pedagogia experimental,
destinada aos alumnos do curso pro-
fissional.
A secca e o inverno Disciplina moderna, de impres-
cindível necessidade para quem vae
(Recitativo escolar) se entregar aos árduos labores do
ensino, a nova cadeira veio satisfa-
A terra é um forno. Bela encosta acima, zei' u m a necessidade palpitante do
Sopram fortes os ventos estivaes. Curso Normal, porque os qlie a es-
Nem uma folha vive ! Ingrato clima !
Tudo é desolação, gemidos, ais...
tudarem, por muito elementarmente
que o íaçam, terão enseio de com-
A casa• está deserta. Nas estradas. preliendêr as novas c o r r e n t e s _ d a
Sombras humanas vão â desventura... educaç.ao, baseada no conhecimenta
' Alastra o chão o branco das ossadas... systhematico do eriímando.
E medonho o sertão que o sói tortura!
Por força do mesmo decreto foi
Não raro, sobem pelos céos escampos a regencia da cadeira nova confiada
Bolos de fumo: é o trato dos espinhos... ao nosso Professor de Pedagogia, dr.
A rez ca-hida mufje pelos campos... Nestor Lima, até q u e - s e j a provida
Nem signal cie «.pancisco» nos caminhos...
pelos meios regulares.
São nossos ardentes votos para
...0 eco vae se turvando...Dentro cm breve, que á cadeira de Pedagagia seja bre-
Cão por milagre a hpnpha (Ti/staliua... v e m e n t e ^ o r n e c i d o o material te cli-
E ensopa, ajunta, corre e desce, leve, nico indispensável, para que da m e s 7
Serras abaixo aos valles e á campina! m a possam aproveitar nao so os
E a vida alli desperta, vibra e canta, alumnos da Escola Normal, porem,
Pela gloria da Luz. E uma esmeralda todos_aquelles que se dedicam ao en-
(j campo agora. 0 gado se alevanta... sino publico e particular.
E, além, o rio alvo lençol desfralda!
A nova cadeira, cujo program-
0 inverno derramou, por sobre aquella ma, foi já approvado pela Directoria
Triste mansão da Morte, a Força e a Vida ! Geral da Instrucção, acha-se func-
De novo tudo brota, desde a umbella cionando desde o clia 15 do mez de
Verde da matta á solidão perdida! Julho, para Os alumnos do 3.° e 4.°
annos.
Um paraizo é a terra, bella c rica! Bem h a j a o Governo do exmo.
Bi o Azul !' Bi a Flora, na certeza sr. dr. Antonio de Souza, que assim
Da fartura outomnal, que testifica attende aos reclamos, dos interessa-
Nos fruetos o explendor da Natureza ! dos pelo maior progresso do ensino
entre nós.
/V Educação

PEDAGOGIA Episcopal de São José, longe estava de cal-


cular os benefícios que dahi adviriam para
a instrucção nacional.
A instrucção no Brasil des- O «Collegio dos Orphãos de São Pe-
de a descoberta até a Republica. dro», lambem fundado por aquelle Bispo e
Os pedagogista-s e pedagogos bra- erigido mais tarde em Seminário de São
sileiros. Joaquim, foi em 1837 adquirido pelo Go-
verno Imperial e convertido no Collegio «Pe-
A educação no Brasil pode ser dro II», que ainda hoje existe como para-
considerada uma questão assás nova e quase digma do ensino secundário nacional.
que somente encarada e estudada no ultimo Com a vinda da corte lusitana para o
quartel do século 19.° para os começos do Brasil, em 1808, o Conde de Linhares, mi-
fluente. nistro de D. João VI, fundou as Reaes Aca-
Antes disto, o Brasil teve somente o demias para o Exercito e Marinha é a Escola
que lhe fornecêra o velho Portugal, que a medico-cirurgica do Rio de Janeiro.
esse respeito quase nada possuía também. Depois da Independencia foram crea-
Desde a descoberta e por todo o pe- das as Academias de Direito em Recife e São
ríodo colonial até a Independencia, deparam- Paulo, por lei de 11 de agosto de 1827.
se-nos traços de uma pedagogia clerical. Por todas as províncias fundaram-se
Os jesuítas, que haviam dominado na collegios, lyceus, gymnasios e atheneus para
instrucção lusitana, transplantando-se para o o en;ino das humanidades: latim, rhetorica,
Brasil, estabeleceram então numerosos colle- philosophia, arithmetica e geometria.
gios nas varias capitanias, muitos dos quaes Dentre todos esses institutos, que tão
se tornaram celebres e forneceram á nova grandes serviços prestaram á mocidade, cum-
patria americana os mais bellos talentos e pre destacar o Seminário de Olinda, em
caractéres. Pernambuco, fundado pelo Bispo Azeredo
Assentado, porém, deve ficar desde logo CDutinho e onde foi professor o insigne
que tanto dos jesuítas, como dos oratorianos, patriota Frei Miguelinho, o qual fez substi-
benedictinos e dominicanos, o ensino brasi- tuir ali os processos jesuiticos de educação
leiro fôra, a principio, obra das congregações pelos processos didacticos de Verney usados
monasticas. pelos oratorianos em Portugal.
Com as reformas do marquez de Pom- *** O ensino primário só tivéra inicio
bal e consequeTite expulsão dos jesuítas, em com a reforma de Pombal e o sen estado era
1759, a instrucção popular foi creada como deplorável em todas as Capitanias,
msütuição do Estado. Em 1772, é lançado o As poucas escolas existentes eram re-
•imposto literário, que deu logar á creação gidas por pessoas ignorantes dos methodos
de uma aula de latim, em São João D'E1-Rei e preceitos educativos. Todo o ensino pri-
e uma de philosophia, no Rio. .. ... mário constava de leitura soletrada á antiga,
No tempo do Vice-Rei Luiz de Vas- de escripta sobre rascunho e de taboada de
concellos, foram iniciados os estudos de His- cór e salteada. A disciplina consistia na pal-
toria Natural e, já então existiam varias es- matória, nos «argumentos» e na maior fere-
colas de primeiras lettras, uma de latim, za dos mestres.
uma de grego, uma de philosophia, uma de O regresso de D.João VI, em 1821,in-
rhetorica e duas de mathematicas elemen- fluiu depressivamente sobre a instrucção pu-
tares. blica. Não só a «falta de estimulo pessoal do
Dera-se, entrementes, a creação dos Se- monarcha, assim como as luctas pela Inde-
minários nas varias Dioceses, uma vez que pendencia», afastaram os assumptos escola-
á própria Egreja não bastava o ensino dado res das cogitações dos governos.
pelas ordens religiosas. Em 1823, a Assembléa Constituinte já
Os Seminários estabeleceram, pois, a facultava a abertura de escolas primarias
natural transição entre o ensino monacal e aos particulares independentemente de exa-
o ensino popular e muito contribuíram para me, licença ou auctorização official.
a educação da juventude brasileira. Nesse mesmo anno, procurou-se intro-
Quando, em 1739, Dom Antonio de duzir no ensino primário o methodo mutuo
Quadelupe fundou o primeiro Seminário de Lancaster, embora sem resultados.
/V Educação

No anno de JJS27, que se tornou cele- A Imprensa Real foi por elle- dirigida nas
bre pelas preoccupações reveladas em bem primeiras phases de isua existencia.
da cultura nacional, uma lei de 15 de Ou- 2 . ° - B e r n a r d o Pereira de Yasconceilos, ( 1 7 9 5 -
tubro,estabelecia que em "íõdas as cidades,
villas e Iogares mais populosos do Império, 1850). Estadista illustre do Regencia, foi
houvesse tantas escolas de primeiras letras um dos ministros do Império que mais
quantas fossem necessárias. •r se empenharam pela diffusão do ensino. Foi
O jjrofessorado seria escòlhido median- inspector geral do ensino da Corte ç mais
te_exame^puhLico e provido victaliciarnente. tarde, ministro do Império e Presidente do
O ensino constaria de leitura, escripta, Conselho, tendo sempre muito carinho para
as quatro operações arithmeticas, pratica de com os interesses da instrucção. Era um
quebrados,- decimaes e proporções, noções cultor apaixonado do ensino mutuo pelo
geraes de geometria, grammatica da lingua systherna de Beli-Lancaster.
nacional e princípios de moral christã e dou- 3.° - Euzeüio de Queiroz Caminho Malloso da
trina catholica. Camara, (1812-18Ô8). Grande estadista do Im-
pério, distinguia-se por seu acendrado amor
O modo mutuo seria applicado, onde fos-
á causa da educação, que lhe, havia de
jse possível. inspirar tantos cuidados nas pastas ministe-
Para as leituras seriam preferidas a riaes que mais tarde teve de occupar no 2.°
Constituição do Império e a Historia do Império.
Brasil.
A's meninas, porém, ensinar-.se-iam ape- 4.°—Luiz Pedreira do Como Ferraz, ( í s i s -
nas as noções de economia e as outras ma- 1886) que, como ministro, baixou o de-
térias, menos a geometria e os quebrados, creto de 28 de AbriL de Í854, dando novos
decimaes e proporções, em arithmetica. estatutos ás Faculdades de Direito e Medi-
Infelizmente, essa 1 bella reforma, tãa cina. O ensino primário e o secundário foram
completa quanto "salutar que, si tora pratica- objecto de seus desvélos: deu-lhes um ins-
da regularmente, haveriajransformado cotri- pector geral e sub:netteu-os á fiscalização
j51etamente a cultura geral do nosso povo, do governo centrai.
nãQ_produziu "seaãQ_Jiiix£acL;)s fructos e logo O primário foi dividido por ell-e em
_foj_ abandonada e revogada. escolas de primeiro e segundo gráus.
" Além dfTãlgutuas dezenas de aulas mas- O distincto homem público, mais tardé,
culinas, a reforma de 1827 deu ensejo em Visconde de Bom Retiro impulsionou todos
todo o Império a 16 escolas femininas, sen- os departamentos do ensino, introduzindo
do duas dellas no Rio Grande do Norte. novas cadeiras de línguas e sciencias nos
Mas,alei de 12 de agosto de 1834, co- institutos secundários, a ponto' de,, no Rela-
nhecida pelo nome de Acto addiccioml, conce- torio de 1856, declarar que era bepi lison-
deu ás Assembléas provinciaes o direito de geira a situação do ensino em todas as pro-
legislar sobre ensino primário e aos gover- víncias.
nos respectivos a prerogativa de prover o 5.°—Doníor flbilio Cezar Borges, ( i 8 3 4 - i 8 9 i ) .
magistério. Foi exceptuado só o Município Natural da Bahia, foi um emerito educador
Neutro. nacional.
Data dahi a extranheza do governo Fundou no Rio o Collegio Abílio, es-
geral para com o ensino popular, a qual se tabelecimento que gosou de nomeada e teve
prolongou por todo o período monarchico muita prosperidade.
encerrado em 1889. Cultor apaixonado da Pedagogia, o Ba-
»*« As figuras que no Brasil mais se rão de Macahubas publicou vários livros di-
teem notabilizado por seus esforços em pról dacticos especialmente primários, sendo de
do ensino publico ou particular e pelo aper- sua lavra a primeira serie regular de livros
feiçoamento das letras, são:—' de leitura apparecidos no Brasil.
1-° — JOSÉ da Silva LISDÔa, Visconde de Organizou diversos ..trabalhos pedagó-
Cayrú (1756-1833). Tendo vindo com a fa- gicos, creou um processo de arithmetica (o ,
mília real portuguezà, tomou parte activa fracciometro) }e foi representante official do
no movimento educativo dessa epocha'. Logo nosso Goverrío em Congressos internacio-
em 1808, foi-lhe confiada a cadeira de Eco- naes e exposições de ensino, onde sempre se
nomia Política da Academia Militar do Rio. impunha como figura de valor ria Pedagogia.
6 . ° - senador Manoel Francisco Corrêa, (i 8 3 1 - do valor: «Serões grammaticaes» e a «Cri-
1898). Foi o benemento fundador da Socie- tica» ao «Parecer» de Ruy Barbosa sobre o
dade Propagadora da Instrucção da Corte Codigo Civil.
Foi o fundador da Escola Normal do Rio de 8.°-João Küpke (1862), distincto pedago-
Janeiro. g o fluminense, foi o iniciador no Brasil dos
Elle iniciou, levou por deanle e esti- methodos analyticos do ensino primário.
mulou fortemente uma das maiores campa- Fez luminosas conferências em São Pau-
nhas de educação no paiz, realizando e fa- lo, fundou e dirigiu o «Collegio Kòpke» e
zendo realizar, num período de 15 annos escreveu a serie magistral de livros de lei-
(1873-1888), centenas e centenas de conferên- tura «Rangel Pestana».
cias publicas sobre educação e ensino sob Hoje, vive afastado da actividade pe-
todos os seus aspectos. dagógica, desempenhando o officio de ta-
7.°—confor Josd Joaquim í e Menezes Vieira, bellião na Capital Federal.
(1848-1897). Pôde ser considerado como o 9 . ° - B o u l o r flníonio Caetano de Campos ( 1 8 4 5 -
apostol.) mais abnegado do ensino e da edu- 1 S 9 1 ) . Medico e pliilosopho, professor e cul-
cação no Brasil. Nascido no Maranhão a 10 tor cio ensino educativo, foi o eminente di-
de Dezembro de 1848, falleceu no Rio a 13 rector da Escola Normal de São Paulo, após
de agosto de 1897. a reforma integral da Instrucção ali effec-
Formado em Medicina, logo aos 23 an- tuada no governo do dr. Prudente de Mo-
nos, dedicou-se á educação dos surdo-mudcs raes e inspirada pelo dr. Rangel Pestana.
para cujo Instituto entrou corno professor. Rapida, porém, brilhantíssima e de ines-
' F u n d o u a «Escola do Domingo» para quecíveis proveitos foi sua passagem pelo
os operários e mais tarde, o Collegio «Me- ensino paulista, a que imprimiu um largo
nezes Vieira», que durante 13 annos foi a cunho de progresso e perfeição, de março
sua constante preoccupação, o objecto de de 1 8 9 0 a 1 1 de setembro de 1 8 9 1 , quando
seus desvélos e que mereceu dos entendi- falleceu.
dos os mais rasgados elogios. ; „ % N a extensa galeria dos vultos mais
O proprio D. Pedro II era uni seu notáveis nas letras pedagógicas brasileiras,
bemfeitor e admirador. devemos ainda incluir trez nomes respeitá-
Obrigado a fechar o Collegio por dif- veis a saber :
i c u l d a d e s financeiras, Menezes Vieira con- 10.°—coHselüGiro josé Liiieralo Barroso, ( 1 8 3 0 -
sagrou-se á instrucção particular, a domici- 1 8 8 5 ) parlamentar e estadista cearense, ela-
lio, tendo recusado mais de uma vez col- borou e defendeu com muito brilho, a re-
locações que lhe eram offerecidas no ensino forma dos estatutos jurídicos, em 1 8 6 5 , tendo
publico.
publicado uni livro sobre Instrucção Publica
Mas, com o advento da Republica,el!e uo Brasil Era um espirito de muito mere-
acceitou o direcção do Prdagor/iimi, creado cimento e apaixonado pela educação nacional.
por Benjamin Constant, que para isso o con- 11 0 —Conselheiro Leoucio de Carvalho, ( 1 8 4 7 -
vidou instantemente, dedicando-se-lhe de cor- ), foi o auetor do decreto de 16 de abril
po e alma e promovendo-lhe a prosperi- de 1 8 7 9 , relativo aos cursos jurídicos.
dade e o engrandecimento, até o começo do No trato dos assumptos da instrucção,
anno de sua morte, quando teve de deixar muito se distinguiu elle pela sua «rara com-
a direcção do estabelecimento, porque este petência e largo liberalismo das suas idéas
•fôra transferido para a Prefeitura do Dis- encorporadas ás reformas que emprehendeu
tricto Federal, sob a condição de ser dali nesse ramo de serviço a cargo do ministério,
afastado o seu emerito director. que então chefiava».
A vida de Menezes Vieira no magisté- 1 2 . ° - R u y Barbosa, ( 1 8 4 9 ) , o glorioso bra-
rio é uma serie contínua de triumphos e sileiro que mais que nenhum outro alcandóra
uma epopéa dos mais amargos dissabores. o nome do Brasil á face do mundo, deve ser
7.°—Doutor Ernesto carneiro Ribeiro. ( i 8 4 8 ) , citado entre os maiores propúgnadores da
illustre vernaculista e professor bahiano. E' nossa educação publica.
justamente reputado uma das figuras de Duas obras monumentaes o sagram nes-
grande relevo entre os educadores brasilei- se particular: o celebre parecer justificativo
ros. Já comjjletou o jubiieu profissional (50 do projecto de lei apresentado á Camara
annos) e tem publicado obras de reconheci- Monarchica em 1 2 de Setembro de 1 8 8 2 , na
/V Educação

qualidade de Relator da Commissão de Ins- O. W.


trucção Publica e a traducção annotada das
Liüçcs de Coisas de Calkins, um dos mais De Moral e Civismo, nas lições
perfeitos manuaes desta matéria. E' sempre assiduo, explica-as sempre bem,
E' o mais notável guia da opinião pu- Ensinando-as, além das preleções,
blica em nossa Patria. Na pratica, também.

Nestor Lima. J. G.

Ensina Portuguez, escreve em prosa.


E em verso; o seu valor não nos.engana
AO CORRER DO LflPIS.. Oosa licença agora na formosa
Veneza Americana.

N. L. C. D.

O illustre lente de Pedagogia, O jovem professor, a quem o atrazo,


Que dirige a Normal com zêlo e gosto, Do mosso «meio» perseguiu, então,
No decorrer do anno só feria Dando em silencio—um chá de pouco caso,
O 1.° de Agosto. Calou a opinião.

T. C. E . L.
Quer elogios teça a quem merece, O «trabalho manual» o alumno sente
Quer passe alguma forte reprehensão, Justo prazer ao aprender agora,
O seu semblante nada transparece, Tendo a enúnal-o, m d g a e intelligcnte,
Não muda de expressão. Tão bôa professora.

T. B. B . C.
Do seu esforço os frUctos tem colhido, Desenho ensina. E, como vigilante
No ensino de sua arte sem egiial. Inspectora, da alumna segue a pista.
E os cantos têm a graça constituído Mas, cegava a inspectora a todo o instante
Das festas da Normal. Quando era normalista.
Violar.le.
A. L.

A vóz é cavernosa; e não me excedo


Em dizer que elle é manso a aula inteira,
Fala sempre de pé,— talvez com medo
De quebrar a cadeira.
Todas as manhãs, quando o-denso .ne-
F. I. voeiro desapparecia do nascente, a peque-
nina abria a porta da casa á margem da es-,
Flor á Iapella, ensina Geographia trada e resava, de joelho:;, uma o r a ç ã i que
E é tão bom professor— fallando sério — ninguém ouvia. A sua contricção, contavam
Que a instrucção soffrerá, si elle algum dia os transeuntes, repetia-se á tardinha, quando
Deixar o magistério. resoavam tristemente as tres pancadas da Ave-
Maria, que elia, a pobre Dino.rah, escutava,
L. A. com attenção religiosa na distancia.aonde
passára a viver.
Como os frascos pequenos, com certeza, Finda a prece matinal, .tomava de uma
São os que encerram a melhor essencia, thesourinha antiga e sahia ligeira perlustran-
Este, aue de tamanho tem pobreza, do pela primeira curva, em direcção ao po-
E' o mais rico de sciencia. voado. • • .• - • ,. ••
A N N O I V — N A T A L — R I O O. DO NORTE ESCOLA NORMAL — M A I O DE 1 9 2 1 — N U M . 1

0B3* .

Orsaiu do Orcnii» lloriualistn

£
A Escola Normal O dia de hoje é para nós, que vivemos diaria-
mente nesta elevada fonte de luz, onde diariamente
vimos beber os conhecimentos que nos illuminam
a intelligencia, mais um .clarão de aurora que bri-
Ha 13 annos passados, o Rio O. do Norte, sen- lha no horisonte, espancando a treva da noite pela
tindo vibrar em seu coração o grande amôr e o approximaçâo de um astro luminoso através do
enthusiasmo pelas nobres idéas, representado num infinito de sabedoria humana.
dos seus illustres fijlios, realizou uma das suas mais
Ha 13 annos que essa officina de saber, que
legitimas aspirações educativas.
essa arvore frondosa alimentada por uma seiva
E' que já se fizera sentir a necessidade de liber-
pura vem produzindo fructos sazonados que de
tar o povo d a s g a r r a s d a ignorancia, que j i i a a ia
modo tão digno vêm prestando os mais relevantes
ruais se propagava por todo o territorio do Estado.
serviços ao Rio O. do Norte.
O j n a g e s t o s o exemplo de. 13 de Maio.de 1888. J^paxa que essa data se. intensifique e se per-
foi bastante_pari incutir .no coração dos brasilei- petue em nossos corações, é que o Dr. Nestór
ros . a .necessidade de serem livres e. seiihores de Lima; digníssimo director desta Escola, procurando
si; mas, para que.isto se realizasse era mistér que. solennizal-a d e j ^ n e i j a J ^ i l h a n ^ ^ ^ i m d o u a "As--,
se cuidasse da utilidade do ensino e dó dever de sociação.de.jjrpfessores'' e o "Oremio Nornialista"
Mn^batera ignorancia que acorrentava fortemente para, em conjunctp, da^rem j n a i o r realce á s o l e n - ,
o povo. mdade de hoje.
Foi, então, que seguindo o^exemplo de S., Paulo, Em nome do "Grêmio Normaliâta" de que
na grande obra de extermínio, do. analphabetismo somos orgão, agradecemos, .áquelle emerito edu-
já repercutindo de sul a norte, o nosso, então, Go- cador o seu convite, fazendo-lhe chegar o nosso
vernador, Pr. Alberto Maranhão, interpretando o protesto de elevado reconhecimento, : e , . apresen-
sentir do povo, d e u inicio.á grande. o b r a , _ g u e . p o - tando-lhe ao mesmo tempo, bem c o m o aos demais
de rnos considerar o inicio de uma nova phase de illustres m e m b r o s d a congregação da Escola Nor-
verdadeiro progresso em nosso Estado. mal, os nossos sinceros parabéns pela data alvi-
Illumitiado peías idéas dos clássicos da educa- çareira que hoje transcorre.
ção, o governador compiehendeu logo, que seria
impossível ter um bom . ensino, com professores
; desprovidos de conhecimentos para o exercício
xxxxxx
dessa missão; dahi, surgiu-lhe a idéa de crêar, por
decreto de 29 de Abril de 1908, uma escola que T B I Z E B E M & m
servisse de base e de_cupola a todo o ensino offi-
cial. E foi a Escola Normal.
Tratando-se, porém, de tão momentoso proble- A data que lioje a Patria cele*-
ma, era preciso que, para a installação dessa .e.Sr bra é uma das mais fulgentes da
cola, se escolhesse uma data cujas tradições glo- nossa Historia.
riosas estivessem radicadas no coração do povo, Todos os brazileiros, verdadeira-
visto como se tratava de libertar os espíritos do-
minados pela ignorancia. Somente 13 de maio
mente amantes do encanto e progresso
poderia servir para tão justo fim.. da sua Patria, deixam expandir, no
~^EÍsTque, neste dia, o Rio O. do Norte se elevou glorioso treze de maio o mais vivo
a grandes alturas para receber das. mãos de um enthusiasmo, rememorando a lei que
dos seus .maiores servidores, o maior bem que esse o fez ruir. por terra o ignominioso
mesmo filho, lhe podia prestar..
principio da desegualdade entre as
Em . face disto, não podemos deixar passar
desapercebida esta data, sem manifestarmos o pra-
creaturas humanas, afastando do con-
zer que sentimos palpitar em nosso coração. vívio social todo aquelle que comme-
A l^liu-n^ão

.tia o horroroso crime de possuir a **,, O methodo assume uma g r a n d e im-


pelle escura. portância nas actividades ordinarias da
Trinta e trez annos são decorri- vida, porém, muito maior é o seu valor
no ensino. -
dos que o Brasil, attendendo aos re- Hão_se c o m p r e h e n d e u m p r o í e s s o r sem
clamos de sua própria consciência, methodo, ignorante dos prTnripIne; qiTp~rê^
consultando os grandes ... interesses gem a transmissão do saber, p o r q u e elle
moraes e sociaes e ajudado por. uma será c o n f u s o e d e s o r d e n a d o n o seu traba-
força superior, ergueu-se das trevas, lho didactico.
elevando-se ao nivel das nações jus- A differença a estabelecer entre o ensi-
no sem methodo e o ensino m è t h o d i z a d o .
tas e civilizadas. é tão p r o f u n d a que este causa lastima e
Muito, porém lhe custou esse em- orgulho aquelle. - •
prehendimento, que aliás não pode N ã o somente os philosophos, c o m o tam-
ser considerado como obra exclusiva bém os pedagogistas, assignalam a impor-
tância capital do m e t h o d o na acquisição e
do throno que apenas serviu de ins- tia transmissão dós conhecimentos.
trumento, mas da abnegação, inten- Assim, pois, atítibuiníos ao m e t h o d o o
sa, do inquebrantavel patriotismo dé ijiaior e o m a i s ~ f u n d a m e n t à l ' d o s _ v a j o r g s
muitos brasileiros a quem devemos no proveito da escola c o n t e m p o r â n e a .
hoje, como signal de profunda gra-
O methodo possúe regras geraes ou
tidão, bemdizer á mimoria. princípios básicos formulados por P e s c a r ^
Gloria aos que combateram pela tes, a s a b e r : ..••••
abolição! I a a regra da -evidencia. que consiste-
Salve, Brazil livre! em não reconhecer c o m o verdade coisa
alguma què nâo nos seja evidentemente
;xvxxxx conhecida como tal. E' ; a absoluta certeza
d o espirito e é muito natural. Si temos

Pedagogia
duvidas acerca de um fácto ou de um
principio, não o devemos proclamar ou
enunciar, sem que elle fique s e g u r a m e n t e
demonstrado a nós mesmos e, portanto,
Melhodos jeiaes de ensino, seu capaz de ser íransmitíido.
2 a a regra da analvse. que r e c o m m e n d a
valor,, fegras, requisitos e divisões devemos dividir a difficuldade, que se n o s
depara, em tantas partes q u a n t a s forem
Ha varias apreciações sobre o me- possíveis. Quem estuda ou ensina topa, n ã o
thodo. raro, como serias difficuldades no conhe-
A linguagem corrimum dá certo sentido cimento. Cóníoínal-as ou fugir dellas ; é
á palavra methodo.; nas sciencias, m e t h o d o um grave defeito; buscar vencel-a em con-
tem outra significação e na P e d a g o g i a , juncto é um erro è u m a impossibilidade.
então, o methodo se nos apresenta c o m o E' por isto que a Lógica e, pois, a Pe-v
' a ordem, a marcha, o caminho a seguir dagogia determinam que se dividam as
na transmissão a o saner. difficuldades em partes e cada uma des-
b ' o m e t h o d o a «alma» do e n s i n o ; sem sas partes seja examinada de per si. . Ven-
^ elle, o esforço do mestre se desperdiçaria cidas uma por uma, estará ioda a difficul-
) e restaria inútil.. dade resolvida.
Praticar um methodo qualquer é signal 3 a a regra da synthese, pela qual deve-
de obter proveito; não ter nenhum metho- mos conduzir, em ordem, os nossos pen-
do é_inicio de esforço perdido. samentos, c o m e ç a n d o pelos objectos, fac-
Outròra, considerava-se o methodo c o m o tos ou idéas mais simples e mais fáceis
o c a m i n h o que se percorre {meta odos), de conhecer, para depois s u b i r m o s gra-
hoje, n ã o é mui diversa a c o m p r e h e n s ã o dualmente ao conhecirilento mais c o m p o s -
deste termo. to e difficil. Depois de examinarmos qual-
quer assumptò em suas particularidades, é *** H a uma g r a n d e c o n f u s ã o n o departa-
de bôa lógica que os nossos pensamentos mento da. P e d a g o g i a referente á divisão
se vão c o o r d e n a n d o desde os mais sim- do methodo. Si formos buscar na lição
ples e fáceis até os mais compostos e dos pedagogistas a solução a d e q u a d a para
difficeis, e bem assim que, após o estudo esse problema, talvez não a e n c o n t r e m o s ,
p o r m e n o r i z a d o dos f a d o s , devemos for- p o r q u e não ,exisíe unidades de vistas nos
mular ou inferir uma regra geral derivada auctores.
desses í a d o s , isto é, unia impressão de À c o n f u s ã o chega ao, p o n t o de. Braun
c o n j u n c t o sobre todos elles. apresentar 11 m e t h o d o s ; Daguet 9 ; Copi-
4 a a regra da enumeração, que estabe- payré e Smith 4;. Cesca. e outros 3 ; outros
lece a neccessidade de proceder as enu- 2 e Alcantara 1 só.
merações completas e revistas geraes para S e g u n d o a Lógica, trez são os m e t h o d o s '
nos assegurarmos de não ter commettido geraes: o deductivo. o indiíctivo e o logico.
qualquer omissão ou esquecimento. C o m o
um complemento de iodas as outras regras, - A — - Q u a n d o adquirimos o s a b e r directa_
a da enumeração resume e fixa o s a b e r ; mente na natureza ou elle nos é transmiíti
a revisão c o m o que reaviva e simplifica do, pelo exame particular dos factos, .das ,
os conhecimentos, para que elles possam qualidades ou características peculiares e .
entrar na massa da intelligencia, isto é, dahi extrahimos um preceito comrnum a
sejam assimilados. t o d o s os factos observados, p o r q u e ; . d . e r ' v a
Além das regras do methodo, ha lam- dos mesmos, dá-se a inducção: e o metho- ,
bem f o r m u l a d o s por Descartes, os requi- d o que a regula ê o i.nductwo, preconiza-
sitas de um bom methodo, que s ã o : d o por Bacon, Lõcke e outros. S ã o pro-
cessos deste m e t h o d o : a observação, a ex-
(T^ Reproduzir o processo intellectual periencia, a comparação, a generalização.
da acquísição dos conhecimentos em todas uoservar e apreciar os phenomenos. por
as suas phases^porque, nós adquirimos na meio dos sentidos, quer d e s a r m a d o s , quer
natureza os- conhecimentos e as leis que por meio de instrumentos e. a p p a r e l h o s
os regem. Assim sendo, o que primeiro q u e augmentam o poder dos sentidos. Ex-,
se dá é a impressão dos sentidos; em s e - perimentar consiste' em produzir, repro-
guida, a impressão transforma-se em per- duzir ou provocar um facto natural, ou
cepção, esta, p o r , sua vez, na idéa ou ima- possível, á nossa vontade, para bem apre-
gem. N a intelligencia, a idéa liga-se, corm cial-o ou completar as nossas ínferencias
para-se com outras e dão-se o juizo e o'ra- a seu respeito. Comparar é examinar o
ciocínio. O ensino deve seguir esta mesma que ha de constante, geral e ç ò m m u r n en-
ordem. tre p h e n o m e n o s vários. Generalizar é süb-
(2a) Estar em accordo com a natureza da metter a uma, lei, já inferida d a experiencia,
mate ria. * uína série de factos idênticos ou approxN
ET" muito razoável que nas diversas ma- m a d o s daquelles já conhecidos-
térias d o ensino sejam differentes os meios
de as trasmiííir; umas são, por indole, the- B —A deducção. porém, é o inverso,
oricas, absíracías ; outras jDraticas e intuiti- pois, assenta nos princípios ou regras iá
vas : logo, cada matéria deve ter o seu rij&- reconhfeçidos n o m ò verdades evidentes ou
Ihorio peculiar. " ~ axiomas, para o s applicar aos factos parti;
(y\Ser educativo e não apenas insíructivo„ culares por meio de exemplos e demons-
E' preciso que o methodo não dê somente trações. ~ •
o saber, mas ; p o n h a em jogo e exercite as A d e d u c ç ã o se resume n o syllogísmo
faculdades mefllãês d o julgamento, da me- perfeito ou no imperfeito.
moria, da aííenção, etc. Ha, rio syllogismo, uma verdade geral,
(4^)Ser completo, p o r q u e tudo aquilo que uma verdade particular e uma conclusão
não e d a d o em conjuncto ou que se trans- que decorre forçosamente d o c o n f r o n t o
m i t t e j j o r fragmentos não pode produzir oa das duas verdades. Ex: «todo h o m e m é
mesrhos~êffeitos do que é dado c o m p l e t a ^ . mortal; Antônio é homem, logo, é mortal
un^gTaiiaente. Applica-se constantemente a d e d u c ç ã o .
Melle. Síephens provou o valor do me- S e m p r e que conhecermos um objecto e
t h o d o global 11a memorização. i n d a g a r m o s logo dos seus effeiíos, todas
E llIlOJI H o

as vfezes qiie percebermos um facto e pes- ser e são methodos particulares de algumas
quizarmos-lhe as causas, conseqüências ou disciplinas.
applicações, fazemos cleducção, portanto, me- Em Lógica, ellás são processos da phase
thodo deductivo. particular de qualquer dos methodos ge-
N o ensino é a mathematica em que tem raes *Iê~inducçao e deducção; asim t a m b é m
mais applicação esíe methodo, si bem que, acontece na Pedagogia.
na phase da iniciação, a arithmetica prima- Smith, pedagogista norte-americano, es-
ria use principalmente os processos intui- tabelece que são quatro os metliodos geraes
tivos e de inducção para o calculo. e determina que elle se approximam, cor-
Os processos da deducção consistem na respondem ou se confundem, dois a dois.
definição, divisão, hypothese, analyse ou Elle nos offerece a idéa de que a analy-
synthese, demonstração, etc. se corresponde á deducção e a synthese á
O methodo loçrjco è a justa combinação inducção nos seguintes q u a d r o s :
dos~procedentes; "
O espirito não está restrictamente sujeito Regras Objecto Todo
ás regras da inducção e da deducção, em Leis Classes
separado. Ao contrario, elle trabalha tão
rapidamente^ passa tão depressa de uma o
icd
idèa particular a uma geral e vice-versa, as O-
O
operações mentaes são tão livres e expon-. 3
taneas, que ; em verdade, só existe um "O
a.
methodo unicõ, e, pois, rigorosamente, o
logico. (Cesca).
Fáctos objèctos
este o verdadeiro jTiethodó. si enca-. Casos particulares Partesi
rarmos o assumpto sob um aspecto geral
è amplo, a elle ficam subordinadôs~TÕdÕs Juxtapondo-se os dois quadros, resultará
os processos particulares da inducção j^jis^ a identidade lógica dos methodos .expos-
princjpios fundamèntaes da deducção. tos.
Entretanto, não é râzoavel ; a correspon-
„% Vários auctores da Pedagogia insis- dência methodólogica dè S m i t h :
tem continuadamente no referir dois outros
methodos geraes de ensino; o analytico e a) porque methodo é unicamente a mar-
o synthetico. cha ou a direcçãò dô espirito n o adquirir
Por analyse se tém a operação mental ou transmittir, é a passagem mental de
que toma um objecto, um facto ou um sêr idéa á idéa, e èsta só p o d e ser induetiva
em seu todo, o examina, conhece e em se- ou deduetiva;
guida passa a desdobral-o nos seus ele-
b) porque a analyse e .a synthese n ã o são
mentos ou partes constitutivas atè chegar
mais que processos da phase particutar de
ás suas; mais intimas particularidades. qualquer dos methodos de inducção e de»
A synthese, ao contrario, é o exame de- d u c ç ã o ;
tido de objectos, partes ou parcellas de um
todo, para, depois, reunil-as e co.ngregal-as, c) porque, a se corresponderem, desne-
formando uma unidade material ou ideal, cessárias, seriam esta nomenclatura e fun-
como resultado do trabalho já realizado. cção, pois que qualquer um delles compre-
Sempre que, de elementos ou de partículas, henderia a operação mental que c a d a qua'
pretendermos constituir um só todo, haverá elles designa.
synthese e esta é uma operação também
do espirito, uma reconstituição, uma ver- A deducção e a inducção referem-se á
dadeira reconsírucção. E' verdade que a aeguisição e á transmissão~dãs~ verdades
analyse e a si,/ithese teem constante empre- geraesj__aa/ta/>/5g~~e a syjitfzese são meios.
g o nas classes escolares. dê~prõva7 elementos d ^ j d e m p H ^ t r a ç a o r i e
que o espirito se serve, a s s i r n e o m o lança
Não concordo com isso. mão d o s - o u t r o s p r o c e s s o s quer de : uma,
A anahise e a synthese r â o -pórfem sex- quer da outra.
rnetfiodos geraes - T i t r ensino, masj devem Nestor Liirwa
>V E d u c a ^ i i o ,

Professora Ecila Cortez dos Santos Eíma

O s que trabalham *
nesta casa foram pro- N o lar e na escola a sua acção foi sem-
f u n d a m e n t e feridos com a morte prematura pre salutar e benefica.. C u m p r i d o r a de seus
d a illustre e d u c a d o r a que, em vida, se cha. deveres, criteriosa, energica e ao m e s m o
mou Ecila Cortez dos Santos Lima. t e m p o amoravel, a sua classe era um exem-
Quem de perto recebeu os- influxos de plo de disciplina e aproveitamento. Nin-
seu talento perigrino, quem a conheceu, guém m e l h o r do que- aquella creatura que
não podia deixar de sentir o golpe que a a morte r o u b o u ao esposo, aos filhos^ amN
fatalidade desferiu sobre o seu lar, porém, gos e discípulos, ao despontar da vida, sa-
que não alcançou somente o coração aman- bia trans.mittir á classe os seus enlucimen-,
»

tissimo de seu esposo, Professor Luiz An- tos, pois, o seu talento e a sua cultura pe-
tonio, e de seus pequeninos e adorados d a g ó g i c a alliviavam-se em benefícios da-
filhos, pois, o sentiu a familia natalense, as quelles que recebiam os seus ensinamen-
suas amigas, os seus discípulos, o Rio tos.
G r a n d e d o Norte, emfim, porque a vida E, a 30 de Janeiro ficámos sem a profes-
d?, inditosa preceptora era um acervo de sora disíincta. O que era D. Eciia Cortez
bens postos ao serviço da c a m p a n h a edu- no seio do c o r p o docente e discente da
cacional, que agita o norte e sul do Brasil Escola. Norma', disse-o eloqüentemente, a
que nos a circumscrevemos dentro do. solennidade fúnebre do seu ehterramento,
território do nosso estremecido berço po- na qual não houve ninguém que se furtas-
tyguar. se a lhe prestar a ultima, h o m e n a g e m .
Diplomada em 1910, D. Ecila Cortez O «Grêmio Normalista», pois, que é o
collocou-se na vanguarda dos que traba porta-vóz do c o r p o discente da Escola Nor-
lham pelo engrandecimento das leitras in" mal, derrama sobre o tumulo o n d e des-
digenas no nosso pequenino Estado. E' as. cansam os restos mortaes de D . Ecila Cor-
sim que nomeada, írofessora effecfiva do tez dos Santos Lima, a sua lagrima sentida
G r u p o Modelo «Augusto Severo», entrou e sobre elle egualmente desfolha a sua
*ambem a reger, interinamente, a cadeira eterna s a u d a d e de par com os votos d e
de Dezenho e Economia Domestica da es" condolências que íaz chegar ao seu incon-
cola Norma!, cadeira esta cuja effectividade solavel esposo, professor Luiz Antonio Fer-
adqueriu por concurso realizado em 1914. reira Soutos dos Santos Lima.
Escola Normal—Outubro 1 9 2 0
N/YI7YL —RIO G. DO NORTE

o LIGAM: D O G R Ê M I O N O R M A L I S T A

PEDAGOGIA qu__o&-—ileuer&y.jgcompensando os que se


distinguem, ou o s q u e tão somente os cum-
prem, ou ainda mesmo para levar ao arre-
A pendimento o culpado que, não sendo pu-
^ Systhemas disciplinares. Hdo^ér{/)(I?rvTãr~estiriiulado ao cumprimento
Prêmios e penas e suas das obrigações e á praticando Bem.
theorias. A disciplina Conhecida desde a mais alta antigüi-
dade, quando se coroavam de louros os he-
escolar oííicial. róes dos prelios públicos, esta especie de
disciplina tem sido praticada através dos
„% A educação moral, que c a forma-
tempos e tem merecido rasgados encomios
ção do caFacter. íein por meios ou insTnT-
dos pedagogistas.
liTJiitosTidirectos os systhemas disciplinares.
O prêmio agrada e muitas vezes estimu-
~Ã questão, no domínio da theoria, é
la para o Bem; outras vezes, porém, incita
muito a 11 pia e controvertida. As opiniões
~ao orgulho, á vaedade e ao egoísmo do re-
se entrechocam e, ás vezes, parecem incon-
oTmpensãcTo "e transiÔrma-se em causa de
iliaveis.
desavença ou pomo de discórdia.
Uma verdade, porém, se -manifesta em
toda a sua evidencia : é que a disciplina, Quer consista em dadivas, ou vanta-
como instrumento da formação moral, se tem gens, quer em elogios ou bôas notas, a
jnodificado para melhor de accordo com o . dis£Lp]jj><t e-veitadora é largamente usada
f i t a d o da civilização,. ~ emlTosso systhenia escolar.
^ ^ Á "di.seipliiia prerrntira, porém,
Os systhenias ou reoimens disciplinares
afastando-se por completo dos precedentes
mais em voga sao trez: o rgircssiro, o rirei-
modos de ver, trata de crear em torno da
'Tiidor e o pnvcu/iro. segundo a ordem em
creança_ uma athmosphéra de sinceridade,
que apparccerani nas famílias e nas socie-
confiança e actividade, apropriada ao estado'
dades.
do_seu desenvolvimento.
Nos inícios da educação social,
isto é, logo que os povos cuidaram do pro- El la se basêa no e s t u d o p r é v i o j i a s c a -
blema educativo e determinaram o fim que packfãdes infantis e na escoinã~jústa e ade-
procuravam realizar, fez-se notar sem de- qiudirTfoTHTTeros p r ó p r i o s para edúcal-as.
mora a necessidade de uma disciplina que Q u a n d o o ensino é dado em logar são
corrigisse_..as infracções, punisse os desvios e favoravel, sob uma organização e um plano
e repremisse as faltas ao dever. de trabalho em perfeita conformidade com
Era a disciplina lepressiva, quer dizer, a infelligencia do educando e por pessoas
a disciplina usada nas escolas e na família. devotadas sinceramente ao mister de ensinar,
para reparar as faltas e castigar os que as capazes de comprehenderem a creança e as
' cominettiam. suas necessidades e dignos de exercerem sua
Não somente na Pedagogia, como tam- vocação, porque sabem descer até o nivel
bém no Direito, a (lisciylina repressiva é_ da mentalidade infantil, tratando a creança
jargamente discutida, apreciada e praticada com justiça e bondade, então, não haverá
quase sempre. precisão de castigos, nem de prêmios, porque
Estabelecem-se as leis; determinam-se n_c.ondncl.i será regulada pelo affecto e pela
as_no7inãsda :o-existencia: aquellê~Tnre~g5 confiança reinante entre ns discípulos e os
fransgncle será punido. mesjxea.
E' a doutrina da repressão do mal. que, O si/stlirma preventivo é preconizado
aliás, nos vem das Escripturas. pelos maiores pedagogistas actuaes, Dr.
Lietz, Oeorge Bertier, Yonckeere e outros.
t % A di.cri.pli.utt r.rrit adora. procura,
ao contrario daqueila, fazer cumprir as leis „,% A indagação de qual deve ser a
/V E d u c a ç ã o

melhor disciplina a applicar na escola tem agente, deixa de ser arbitrarão para tornar-
sido objecto de serias e profundas cogita- se puramente natural e não provoca odios
ções e divergências. :ontra o educador.
l ia partidarios d t prêmio, que se mos- Entretanto, é fora de duvida que a
tram inimigos acerrimos do castigo, qualquer reacção natural é sempre excessiva, isto é,
que elle seja; outros, que defendendo o cas- ultrapassa em regra a ne essidade do cas ;
tigo, condemnam o prêmio como causa direc- tigo ; não é proporcional ao acto realizado,
ta dos baixos sentimentos na creança e da nem á sua extensão e importancia.
degeneração dos bons princípios da moral. Si bem que acceitavel, em principio,
Estudemos de relance as theorias re- a disciplina das reacções naturacs torna-se
lativas aos castigos e aos prêmios. perigosa e, mesmo, impossível de ser pra-
* „, A mlmskãj.lif'i>r'r> sobre o castigo, ticada, tanto porque a natureza pune seye-
a m a i s erradicada nos costumes das famílias nunente os que transgridem suas leis em
e nas leis penaes e a da punição corporal nu. proporções, ás vezes, incríveis e incalculá-
das pnnhj nin/sio/iir/icu*. veis, como também [porque pojienlo_ser
E7"" muito couliècida como a theoria castigados aquelles_que nada teêírTcoin a
romana; e <mjcla_Jioje em dia, elIa persiste falta commeltida_.
nos systhemas escolares da Allemanha e da Demais a mais, nem sempre existem
Inglaterra e é defendida cabalmente poT conseqüências apreciaveis das acções sobre
Ziniinermann, |-lerbart e outros. a pessoa de quem a faz : só alguns ou pon-
"" Consiste principalmente na applicação tos actos humanos, dentre os muitos malé-
de açoites sobre o corpo, nas restricções da ficos que é possível praticar, originam as
liberdade e na privação de alimentos. Pal- ieacções naturacs-. Neste caso, será sempre
matória, vergasta, chicote, cellula e caftia necessaria a interveiição de uma auctorida-
são os instrumentos dessa disciplina orbilia- 73F~que faça decorrêreni~cle certos a tos re-
na. provados, mas, sem re.-sultado natural iinnie-
Nos meios e para educadores atraza- cTTato, as conseqüências que só indirecta e
dos, ella é discrecioiiaria, isto é. appl içada mediataniente podem acarretar.
segundo a livre vontade 011 o . r a p r i c h o da. Todavia, a theoria das reac(ões natu-
auctoridade. Outrora, nas escolas publicas, racs pode ser praticada sempre que, ao cri-
tal como ainda hoje em algumas particula- tério do educador, se -manifestem rasoaveis
res e 110 seio das famílias, o castigo corpo- e proporcionaes as consaquencias dos actos
ral é inflingido arbitrariamente, sem a mais ou desvios dos seus almnnos.
leve aüenção para o seu fim educativo : vi- A terceira theoria dos castigos é
sa somente aterrorizar. a da rniréãifio njorat que se limita a impor
A mais diminuta falta ao dever acar- sancções puramente moraes, que, em vez de
reta sevéra reprimenda. Quanto mais temí- affectarem o corpo, actuarn sobre o espiri-
vel e impiedoso era ou é o applicador, mais to, visando causar-lhe o desgosto, o arre-
vasto o circulo dos seus admiradores.
Mas, isso era e é _ j _ j i e g j i j ^ i _ j i a _ J ^ maÇ ísjo, é, a eliminação do factor da desor-
doutrina. era e é unia offensa ás lejjt-jda. dem ou da maldade.
pfíysíologia e da psyehologia^ ~ E' a disciplina que reprime por adver-
NaqtíeTles pai7.es, "cujasleis ainda per- tências, admoestações, reprehensões, priva-
mittein a disciplina corporal, ella é regula- ções de gosos (recreio, p g o s e prêmios),
da meticulosamente e sempre restricta aos suspensão e expulsão.
caSos muito graves de reincidência ou de- ^ *, A disciplina e.cç.itadora ou das re-
sídia. O mestre, que se exceder nos castigos, compensas procura o cumprimento do de-
deve soffrer processo e ser responsabilizado. ver e a pratica da virtude por meio. do prê-
* % A segunda—theoria_é_a das reac- mio qualquer que elle seja.
<;òc.\ iiuturacN, preconizada por Herbert Spen- O prêmio tem adversarios e apologis-
cer, e que consiste em só admjttir como tas. Entre aquelles se destaca O. Cesca, pa-
punição aquellas consequenrias direrlns e ra quem o prêmio é apenas um~exciifldor
inevitáveis das acções dfo educando. do_qi^u[ho_ e da vaedade, porque torna.
Segundo esta theoria, n castiga se tor- T[~dever depèncfente do interesse material e
na impessoal, deriva da própria maldade do reforça o egoísmo. Ora, si todo o fito das
/V E d u c a ç ã o

acções voluntarias é a moralidade, ò dever, vez que não assignala méritos. A vaedadc
com a saneção de haver praticado o bem, infantil porfiará, então, «a precedencia, na
o prêmio não deve existir, nem pode ser quantidade e na qualidade dos prêmios e
conferido áquelles que somente cumpriram dahi resultarão sempre as rivalidades e as
a obrigação. Os prêmios, quando existirem, indisposições.»
devem ficar reservados aos casos raros de No segundo caso, o prêmio desjgna
sacrifício, de heroísmo pessoal, ou para a- os merecedores da distineção, o que causa
quellas acções a que nos não achavamos a- desgostos e atrophia os estímulos, dos edu-
dstrictos moralmente. candos que o não obtiveram.
Entre os apologistas do premi» nota- Devemos, comtudo. premiar o maior
mos Çompayré, Faria e Vasconcellos e ou- numero de alunuios. classificando-os pelo
tros : para estes o yrcmtu e ~ verdadeiro merecimento proprio, pelo seu maior esfor-
estimuTador das acções infantis, porque li- ço pessoal e sob o mais escrupuloso crite-
ma creança não é ainda capaz de compre- J n o de justiça.
hender os deveres. nem a este-, poderá sub- A tliscipliiia escolar official, esta-
inetter a sua condu ta moral, porque suas belecida em nossas leis, visa lazer. Tia con-
acções resultam mais dos instinetos e das ducta do alumno. reinarem a amizade e a
jjecessidades do sen crescimento ou dos confiança reciproca e para com seus mes-
iTítos profundos da natureza. tres.
" O prêmio, dizem elles^é a saneção do Ein torno deste principio cardeal gy-
desejo ardente de querer ; sem elle, o ho- ra toda a actividade moral da escola, reali-
mem, tal como a creança, não quer. Para za-se o trabalho educativo. E' digno de no-
ter vontade, a creança deve desejar arden- ta o que se tem conseguido neste particu-
temente alguma coisa.» lar, com estabelecer-se urna forte corrente
Os premi-os deverão ser materiae-•>• e d ; affectos entre professores e discípulos,
não_jmiplesmente_Lnorães. A creança é ujjjj~" de que derivam manifestos proveitos não
tarja ; só na edade adulta, é que ella perce- só para a realidade do ensino, corno pára
bgnTjtTldéas abstractas do d e v e r ; por con- a possibilidade dã~educacao escolan '
seqüência, o prêmio, segundo este modo de lia, porém, limitações a este~j5rincipio
vêr, possue notável funeção educativa so- geral.
bre a vontade e os sentimentos, sobre o ca- O merecimento, a distineção e o valor
racter, enifim. pessoal do alumno conduzem ás recompen-
A theoria de Cesca tem por fito a sas que o Regulamento creou, ao passo
i virtude na conducta escolar do alumno ; que as limitações da conducta acarretam as
mas, esquece que a creança é amoral,"por- penalidades estabelecidas.
que nao sabe o que e o bem nem n mal, No premiar, carere haver equidade ;
mas, visa apenas desenvolver-se. seja á cus- no castigar, porém, é imprescindível a jus-
ta de quem fôr. (Kant.) tiça, uma vez que a auetoridade tem que
A theoria de Coinpayré faz a crean- restringir-se ás penas estatuídas na lei, sob
ça interèsseira, visando sempre uma recom- responsabilidade de funcçã"ã
pensa com .o bom comportamento e ^ h i l j í Os meios accessorios ou limitações do
apjjlicação no estudo : ainda mais pode irqlax- princifjio disciplinar, entre nós, são os rê^
a s j ^ u e os não conquistam, ypp<smr> mm jns- giiintes : a) notas de distineção ; b) elogio
TiçaTjltp é o quj_s£ntinios todos os dias. em classe ; c) inclusão no quadro de hon-
* '• Entretanto," é a recompensa muito ra- ra : d) prêmio no fim do anno. Além des-
soavej para a infancia. tes, é"~facultado ao director e aos professo-
Ha curiosas precauções no premiar : res das^jQiçõjas Q, assim aos particulares,
I o dar prêmios a todos os alumnos, instituírem outras recompensas que podem
qualquer que tenha sido o seu mérito : é constar de livros, medalhas ou outros ob-
um estimulo ; jectos úteis.
2 o premiar só os mais distinetos como Ha dois critérios de premiação : o do
apreciação e louvor ao seu esfarço pesso- mérito absoluto e o do mérito relatiro.
al : é uma compensação. Pelo mérito absoluto, o prêmio é con-
No primeiro caso, a recompensa rela- jerido ao alumno que maior proveito e es-
xa-se e perde o seu valor educativo, uma forço revelou n ° <nmo. comparado o seXi
/V E d u c a ç ã o

estado no fim deste com o que elle pos-


suía no inicio das aulas.
Pelo mérito relatiro, cabe a recompen-
Deputado Francisco Ivo
sa áquelle que"~melliores notas obteve, pou-
co importando que as conseguisse pelo a- Nas eleições procedidas a 26 do
proveitamento obtido na classe ou fóra delia. mez findo, foi eleito Deputado ao
São penalidades : 1° admoestação ; 2° Congresso Legislativo o nosso dis-
repreliensão ; 3° retirada das bôas notas ; tineto mestre e amigo. Professor
4° notas más ; 5° privação parcial de re- Francisco Ivo Cavalcanti, digno len-
creio ; 6" exclusão do quadro de honra.;
7 o reclusão na escola anos os trabalhos^ do
te cathedratieo e vice-director da
dia ; 8° p r i v a ç ã o dos prêmios escolares ; Escola Normal.
9" exclusão da classe ; 10° suspensão até A escolha do nome do nosso
15 djas ; 11° reprnyjição nos exames__Lb- presado amigo foi uma homenagem
naes ; 12° eliminação definitiva.
á sua lealdade e intrausijencia ao
Estas penas são applicadas com todo Partido Republicano chefiado no
o critério e parcimônia, sempre successiva-
mente e conforme a gravidade das faltas. 'Estado pelo eminente senador Fer-
Não e possível ampliar estas penali- reira Chaves, mas, foi egualmente a
dades ainda mesmo que o auctorizem ou consagração dos seus serviços á edu-
solicitem os paes e responsáveis dos alum- cação da mocidade norte-riogránden-
nos. se.
Como se vê, o nosso irt/imen iliini.pli-
nnr é, ao mesmo tempo, e,rcita.dor e repre^- A s. exa. o deputado Lvo, que
sjro, embora as "penalidades sejam viorars 6 o primeiro professor diplomado
em sua maioria, emquanto que as recom- pela. nossa Escola Normal a sentar-
pensas quase todas são iuatrr/.ors. se entre os lycurgos estaduaes, fa-
Neslor Lima. zemos chegar as nossas mais effu-
mm - • un sivas congratulações e os votos sin-
Cânticos escolares ceros que formulamos para que, no seio
do poder legislativo, seja o porta-
O PASSARINHO voz dos direitos e dos legítimos in-
Musica íle Th. Huljini teresses da. nobre classe do magis-
I óa. passarinho. tério que se honra, de contal-o no
]Jr.lu /I.ÍIII rm fóra! seu numero, como figura de mere-
l ar dizer ao vinho cido destaque.
Como é linda a aurora!

Loura o sói doirado.


Si desponta o dia !
('a n tu. dcshmthi a d o.
Trenós dr alegria!
E' bem singular o modo por que temos
Dá-lhe as despedidas, levado até á presente data os destinos da
Çuando u acaso rliora. nossa novel aggremiação.
Beija as ma.ri/aridas E' tempo, urge que façamos vêr ás
Que a noi tinha enflora. sociedades ongeneres si o terreno que tri-
lhamos é solido ou não.
Lembras a cre.anea, Pela tribuna e principalmente pela im-
— Joia da. uai ura. — prensa, temos demonstrado algum progresso.
Alma. tens tão mansa, Porém, no que diz respeito a um ponto
Como a nossa r pura! essencial: o destino interno da sociedade
que dirigimos, nada ou pouco temos feito.
ESCOLA NORMAÍM. 0 AGOSTO DE 1921)

Orgam do Grêmio Norinalista

"A missão do mestre primário se ptt afigura


menos um adestramento litterario e artístico do
que um nobre apcstolado superiormente moral e
patriotico."—Hestor Lima, ; ^ ^ ..'•• •

•i \ '
AN NO IV NUM. 2

Natal —Rio Grande do, Norte —Brasil

Y % / , ' -

• sujajttj^io
" ' • .*• ^ . «
. C o m m U a A o <1© U e d a c ç à o
Dr. Nésior Santos Lima Redacçâb
Pedagogia...... ;/ Nestor Lima
Educação" Popular, . . . . . . . . . . Tobias dos Santos fobias dos Santos
A Caridade.'*?. Sebastiana Damasceno
Professorjvo . . . . . . . • . ' . , . ' . . « . Redacção Domililla Jforônha
O divorciô Oscar Wanderley
-Üma lagrima Cecilia Rios
O ensino no Rib O Norte Tobias dos Santos José Saturnino 'V;
Alma ferMa . . . . . . José Fabricio
A' Ma . de Moura . . . . . Eulalia D. Henriques Elza Cabral v .
DiscuK ........ . . . . " . . . ; . . . Miguel Monteiro
Prof. Theodulç Camara j . . . . . . . . . . . . . . Redacção
Noticiário . . . . ! . . . . . . . . , . . Redacção
ANNO IV—NATAL — R I O G. D O NORTE — ESCOLA NORMAL I o AGOSTO DE 1921— NUM. 2

A E U U C A Ç Ã
O r g a m i d o (ÍITIMÍO rVormalisi»

HOMENAGEM
do Grêmio Normalista
ao seu emerito Director

DL Nestor dos Santos Lima . "s


.V I í d i i c a f ã o

Dr.-Nestor dos Santos Lima*"


Animados do mais justo orgulho, ex- O que è £ d r . Nestor Lima entre nós,
perimentamos, hoje, mais uma vez, a pas- alumnos da Escola Normal, somos todos
sagem da auspiciosa data natalicia do nos- a proclamar com voz u n i s o n a : P A E . E D U Ç A -
so estimado director — doutor Nestor dos DOR E AMIGO, tres caracteres bem difficeis
Santos Lima. de se encontrarem nos profissionaes de sua
H o m e m d e fibra e caracter inquebran- edade, os quaes d o m i n a d o s por sentimen-
taveis^ q dr. Nestor Lima, de par com a tos outros, muito mal satisfazem a segun-
sua robusta intelligencia, tem-se entregue da daquellas qualidades—a de EDUCADOR.
aÕTMsüiTiptos^día mais f è p u t a d a importan- Elle é PAE, sim, a consciência nos im-
cia socjologica põe uma declaração, que s a b e m o s por mui-
O importantíssimo p r o b l e m a d a edu- tos i g n o r a d a : o director da Escola Normal,
cação da mocidade, encontrou em s. s. um g e n e r o s o ao extremo, preoccupa-se também
resistentejíèdestal. E dahi o sensível pro- coírT as condições economicas e financeiras
grFssõ~põr que vem p a s s a n d o a insfrücção d o seu discípulo, amparando-o na hora dif-
em nòssa terra." desde o tnoniento da sua ficil, p r o c u r a n d o e m p r e g o s corri remunera-
i n c o r p o r a r ã o ao magistério publico, d o ção sufficiente para sanar a falta. T o d o s so-
qual tem feito uni verdadeiro sacerdocio. mos testemunhas desse acto humanitario,
C o m a difficil i n c u m b ê n c i a de dire- razão por que lh'o consideramos PAE.
ctor da Escola Normal, a mais bem regi- Elle é EDUCAJDOR, coipo._melhor o po-
mentada que c o n h e c e m o s no nordeste pa- der i a r ^ s e ^ que se disignam com este
trio, S. S. tem posto em pratica toda a honroso titulo ; interessando-se, muitas ve-
çnergTíTque lhe caracteriza, para manter l ü í L 9 R r P P r ' o alumno pelo
irvfãcíinrfama conquistada pelo educanda- seu adeantamento, na sua classe, reina em
rio, em tão b ô á hora entregue aos seus cui- t o d o s uma activa alegria, p r o v o c a d o pelo
dados. emerito pedagogista que n ã o se cansa em
Bem haja o g o v e r n o que num r a s g o renovar nossa artençã o com attractivos en-
de patriotismo, nos prendou com tão ope- genhosos.
roso guia. Elle é AMIGO d o alumno. __.dispensan-
Restricto ao Regulamento da Escola, do-lhe trat^men o e affectuoso, o que
justificadámente rigoroso, d a d o o misticis- cada vez mais nõs p r e n d e e anima a obe-
mo de sexo que a freqüenta, o dr. Nestor decer, sem resistência, as suas determina-
Lima parece-nos, ás vezes, exigente demais, ções J u s i a s e . co m m edidas.
rigoroso em excesso, nas suas deliberações. Eis a personalidade que, hoje, se des-
M ã i istojsi resultado da nossa p o u c a expe- taca ; eis a razão do n o s s o regosijo de ter
riencia: análysando as regras escolares, ve- ainda s. s. ao nosso lado pollindo o nosso
remos" qüe~T^ razões e ate mes- caracter; eis finalmente p o r q u e a data na-
m o procede complascentemente. E' que a talicia do inclito e d u c a d o r é justo motivo
cóntrayençSo _não encontra apoio em s. s., de g á u d i o para os seus alumnos.
e„o Regulamento da Escola Normal, o úni- Ao emerito p e d a g o g i s t a norte-riogran-
co talvez, no Brasil, olvida os direitos dos dense, com a mais súbita h o n r a , os nossos
aíumnõs daquelle estabelecimento. cordeaes parabéns.
»

Educarão

Portugal, conseguiu tomar conta d o ensino


Pedagogia secundário e superior ; em consequencia
disto, refere J. A. Coelho, «elle désce pas-
mosamente de nivel».
O ensino em Portugal. Os pe- Aos jesuítas são também confiados o
Collegio das Artes e a direcção de todas as
dagogistas e pedagogos, des- aulas da Universidade.
de João de Barros, Castilho D. Catharina, regente d o reino duran-
e João de Deus até os con- te a menoridade do infortunado rei D. Se-
temporâneos. bastião, determinou que ninguém se pu-
desse matricular nas faculdades de cânones
Portugal não teve propriamente, ou de leis, sem possuir o diploma p a s s a d o
na época da fundação da sua monarchia, pelo Collegio das Artes.
outro ensino que não fosse o claustral, isto O Cirdeal D. Henrique f u n d o u a
é, "de clérigos e para clérigos". Universidade de E'vora, que foi toda jesui-
Neste sentido não devemos esquecer o tica.
mosteiro dos Cruzios, em Coimbra, de onde Ptiilippe 3 o , porém, tentou destruir to-
eram m a n d a d o s alumnos pobres a estudar das as escolas, com excepção das duas Uni-
na Universidade de Paris, e para onde, mais versidades de Coimbra e E'vora.
tarde, veiu dali um certo D. Mendo abrir Mas, na própria Universidade de Co-
a primeira aula de medicina em Coimbra. imbra, que fôra o abrigo do ensino leigo
Não existia a esse tempo, é possí- e progressista, a apostilla havia substituído
vel assegurar, nem o ensino prima io, nem o raciocínio, a mathematica ficou reduzida
o secundário, nem o feminino. a uma cadeira única e o desenvolvimento
D. Affonso 3% tendo vivido fóra de da memória se fazia em detrimento da in-
Portugal, muito tiinpo, poude aquilatar do telligencia.
alt» desenvolvimento da instrucção nos Era esta a situação, q u a n d o appare-
paizes da ,Europa, e proporcionou ao seu ceu o Marquez de Pombal (Sebastião José
filho e herdeiro, D. Diniz uma educação da Carvalho e Mello), que, c o m o ministro
superior, parecendo querer preparar um de D. José I o , fez a reforma d o ensino su-
melhor futuro para o ensino portuguez. perior e secundário e creou, em 1772, o
Realmente, D. Diniz fundou a celebre ensino primário, até então desconhecido.
Universidade de Coimbra, o p p o n d o deste C o m o bases fundamentaes da sua crea-
modo o ensino leigo ao ensino dos mos- ção, o grande ministro decretou o* estabe-
teiros, até então domina ite. O novo insti- lecimento de 479 mestres de leitura, no-
tuto foi approvado pelo Papa em 1290. meados por meio de nm concurso e exame
A Universidade possuia as cadeiras de publico, perante a «meza censoria» de Lis-
medicina, direito romano e canonico, gym- boa, e para o fim de ensinarem dentro d o
nastica, philosophia e musica. A Theologia reino : a) a fôrma da leitura ; b) orthogra-
ficou reservada aos mosteiros dominica- phia portugueza e syntaxe ; c) as quatro
nos e franciscanos. especies de arithmetica e d) o catechismo
e as regras de civilidade.
Dessa época até D. João 3 o , Coimbra
habilitava candidatos aos empregos civis. As escolas tinham fiscalização. Aos
particulares era permittido terem mestres de
Com a Renascença (século 16°), surge» sua confiança para seus filhos, comtanto
ao lado da Universidade, o ensino das lettras- que fossem julgados habilitados pela «meza
desenvolve-s.e o estudo do latim, do grego, censoria».
do hebraico, da philosophia, da eloquencia Morto o Marquez de Pombal, cahiu .
e da historia. por terra toda a sua organização.
No «Collegio das Artes», creado por Só depois da implantação d o regimen
D. JoSo 3 o , o ensino primário não tinha liberal, com o juramento da Constituição
ainda apparecido, muito embora Jo3o de por D. João VI e successores, é que se
Barros já houvesse organizado e divulgado veiu a fazer alguma coisa em beneficio d o
a sua «Cartilha para aprender a ler.» ensino primário popular, já em franca de-
A C o m p a n h i a de Jesus, entrando em cadência e ruina.
A Kilii<":x;ão

A lei de 1835 estabelecia o ensino Mas, d e v e m o s lançar u m a vista d e


gratuito e publico, o m o d o mutuo de Bell, retrospecto acerca dos seus mais celebre s ^ ^ ò ^ x j ^ ^
a liberdade d o ensino particular ; creava es- p e d a g o g o s , a saber : João d e Barros, Cas"
colas normaes,tornava obrigatorio o ensino, tilho e João de Deus.
estabelecia os vencimentos dos professores João de Barros, insigne historiador
e dava a estes direito á aposentadoria. portuguez, (1496—1570) (*) escreveu a Car-
N ã o passou do papel tão liberal re- tilha para aprender a lêr.
forma; A conhecida cartinha e x p u n h a o al-
Logo n o a n n o seguinte, Silva Passos phabeto |:ela ordem natural dos léxicos, e
reformou a lei anterior. reduzia consideravelmente o systhema e a
Em 1844, Costa Cabral i m p o z outra maneira da leitura de seu t e m p o , a qual
reforma para a instrucção primaria e secun- era a syllabação antiga.
daria, a qual, embora mal executada, vi- A primeira cartinha m e n c i o n a v a ape-
g o r o u até 1878. nas 22 lettras; em edição posterior, apre-
Mais tarde, em 1870, foi creado um sentava 25 e r e c o m m e n d a v a u m a figura para
ministério especial de instrucção publica cada lettra, afim de ajudar a memória. Em
entregue a D. Antonio da Costa, «notável seguida, figuravam-se as vogaes com os
pelo seu amor á instrucção», o qual pro- seus competentes valores.
curou introduzir nas escolas officiaes as A' roda de um circulo, apresentavam-
sciencias physicas e naturaes, o canto e a se as consoantes, cada uma s e g u i d a de to-
gymnastica. Estes princípios salutares tam- das as vogaes t e n d o este conselho escripto
bém ficaram só na lei. na c i r c u m f t r e n c i a ;
Outras reformas posteriores reprodu- «Meninos, sabei nesta esphera entrar,
ziam as linhas geraes da lei de 1870, so- Sabereis syllabando mui b e m soletrar.»
b r e s a h i n d o entre ellas a de Sampaio, em
1878. Dispunha o r d e n a d a m e n t e depois, em
Era assás decadente, nos fins d o sé- differentes quadros, todas as syllabas da
culo 19°, a situação do ensino publico em lingua portugueza ; primeiro, as de duas
Portugal. lettras, em seguida, as de trez, finalmente*
Í N o século vigente, porém, este paiz as de quatro, completando-se t u d o com o
i terr^ p r o c u r a d o a c o m p a n h a r , e m b o r a na me- «Tratado da Doutrina Christã».
dida de suas torcãs^ o g r a n d e surto edu- Para João de Barros o elemento prin-
cativo dos paizés europeus e americanos, cipal da palavra era a syllaba. O exercício
m e l h o r a n d o e desenvolvendo as suas esco- da syllabação fazia os alumnos chegarem a
las e o svsthema geral d o seu pn^inQ. soletrar e a conhecer o valor d a s lettras.
A p e d a g o g i a portugueza era ex- Mas, com o tempo e a rotina, este
tremamente p o b r e ue representantes e dT~ methodo foi s e n d o reduzido a cartilhas ba-
o b r a s de valor. ratas, que só auxiliavam a memória. O Tra-
" Do século passado, apenas se pode- tado de doutrina foi substituído por a l g u m a s
ria referir o Tratado de educação physica listas de nomes, sem n e n h u m a ligação en-
de Francisco de Mello Franco ; O verda- tre si, p e r d e n d o assim t o d a a sua inteireza
deiro methodo de estudar, de Luiz A. Ver- e c o o r d e n a ç ã o primitiva.
ney e o Tratado de educação, de Âlmejda Pelo m e t h o d o de soletração antiga, a
Oarrett, que, a respeito do assumpto, foi no leitura consistia em d e n o m i n a r cada lettra
seu t e m p o a única obra systhematica, não pela ordem dos sèus valores, q u e se sup-
obstante os defeitos e as omissões que hoje punham constantes. As vogaes, de per si,
se lhe possam apontar. denominavam-se pelo s e m aberto e as in-
Actualmente, porém, outros nomes de flexões (consoantes), u m a s tinham a n t e p o s t o
p e d a g o g i s t a s lusitanos merecem referencia o som é e outras levavam p o s p o s t o um
especial. ê. Assim, eram v o g a e s á, é, í, ó, ú.
Graça Affreixo, Augusto Coelho, AN Inflexões, com a vogai a n t e p o s t a : f,
berto P i m e i t e l , AÍbano Ramalho, Faria e (éfe), 1 (éle), m (émme), n (énne), r (érre) e
Vasconcellos e o dr. Alves dos Santos ppj-
dem ser considerados os mais consciencio- (*) E' o primeiro donatário da nossa antiga
sos cultores d a P e d a g o g i a portugueza. Capitania do Riò Urande.
A FIIUCSH-.-IO

s (ésse). Inflexões com a v o g a l p o s p o s t a : O s n o m e s das lettras, para elle, de-


b (bê), c (cê), d (dê), g (jê), p (pê), q.(kê), rivavam d o seu valor. As vogaes valiam os
t (íê), v (vê), x (xê) e z (zê). sons que produziam e as invogaes forma-
Era isto o que João de Barros procu- vam-se uniformemente do valor dellas mais
rava corrigir d a n d o c o o r d e n a ç ã o á arte de e (mudo).
ler. As lettras se classificavam em :
„% Antonio Feliciano de Castilho (1800' a) vogaes : a, e, i, o, u.
— 1875), celebre poeta e prosador, foi o | tônicas : f, s, (si), c,
auctor d o m e t h o d o de ensino, d e n o m i n a d o b) invogaes : j x, ch, v, z, g, j.
o portuguez. | 2° modular es, a saber-
Este litterato, que foi e d u c a d o no pe- labiaes : m, b, p.
ríodo de luctas que restabeleceram em sua linguo-palataes: I, n, Ih, nh.
patria o regimen constitucional, prepará- linguo-dentaes: d, t
ra-se nos princípios mais adeantados d o li- gutturaes : g, k, q.
beralismo, que julga a educação a origem O methodo de João de Deus fazia co-
mais valiosa e o sustentaculo mais firme nhecer e denominar a invogal (consoante),
da liberdade e da dignidade h u m a n a . por uma vóz, som ou ruido, de fácil corre-
As escolas portuguezas de seu t e m p o lação com o valor da letfra.
eram um verdadeiro cliáos; a soletração à Amplamente divulgado em Portugal é
antiga era o tormento da infancia. mesmo no Brasil, este m e t h o d o apresentou
Castilho provocou uma revolução no vantajosos resultados na aprendizagem d a
ensino, c r e a n d o o methodo portuguez. Elle leitura. Teve imitadores e o p p o s i t o r e s ie ain-
p u n h a abi de parte, inteiramente, a relação da hoje se lhe notam os vestígios em car-
entre o nome e o valor das leítras, para tilhas e methodos nacionaes e portuguezes.
dar, c o m o deu, a cada uma o n o m e de
uma pessoa ou de um objecío, com os Tyrol,—9—919.
quaes organizava um «conío», em que a NESTOR LIMA.
graça era um meio de fixar e a analogia
um meio de derivar.
As figuras desse «conío» eram as Iet-
tras a seram ensinadas, de a c c o r d o com
as suas peculiaridades.
A educação popular e a m evolução
A analogia entre a pessoa ou o obje-
cto, sua figura ou sua sombra; dava o feí- Desde a mais remota a n t i g ü i d a d e
tio e O nome á lettra, por ononiatopèa. As- que a educação tem sido um assumpto,
sim a chamava-se mandriào ;~b—boi; c— em torno do qual giram opiniões as mais
cortezão, e t e m p r e a seguir. controvertidas, conceitos os mais divergen-
Castilho r e c o m m e n d a v a ainda o uso tes, de modo a não haver uma idéa segura
do m o d o simultâneo puro, a leitura rithma- e bem f u n d a m e n t a d a a seu respeito.
da, o canto, a marcha, o bater-palmas, a ale- Si cogitarmos conhecer a sua origem,
gria, emfim. teremos, forçosamente, dé nos reportar á
Este methodo, que, a principio, agra- antigüidade oriental, para, a partir de lá,
dou geralmente e teve g r a n d e dissemina- revermos, um por uni, quaes os espíritos
ção, p o r q u e era uni tahto, curioso o exqui- que se preoccuparam com esse assumptó.
sito, foi, mais tarde, reconhecido e despre- Mesmo assim, não teríamos talvez u m a
zado como difficultoso, e m b o r a tenha fir- conclusão definitiva, que nos elucidasse a
m a d o o principio da amenidade no ensino duvida, pois, cada um formulava differen-
e o da leitura auricular. temente o seu conceito, s e g u i n d o as suas
João de Deus (1830-1896), notável idèas.
poeta e pedag.ogista, escreveu a «Cartilha O facto, porém, é que a educação é
maternal» e creou o methodo physiologico. urna verdade indiscutível, q u e dia ã dia, se
Elle não se limitava a tomar a syllaba intensifica e se p r o p a g a universalmente por
c o m o elemento primário da leitura, tornava todas as nações, desde as máís cultivadas
também «a soletração uma coisa scientifi- ás mais rústicas, de a c c o r d o com o seu
camente real.» g r á o de civilização.
H a tempos p a s s a d o s , era a e d u c a ç ã o issa se elevava c h a m m e j a n t e d e luz, acima d o
um previlegio da burguezia e da Egreja, nivel, em que as outras n a ç õ e s se a c h a v a m ,
s e n d o para aquella mera distracção e para pelo e s f o r ç o incessante e persistente de um
esta, um meio pelo qual ella p o d i a firmar d o s seus mais dilectos filhos, e ao contra-
o seu d o m í n i o e g o v e r n a r todas as almas, rio, offerecia ao m u n d o o mais p o d e r o s o
incutindo-Ihes a sua fè e o seu c r e d o . esforço pela e g u a l d a d e e pela fraternidade,
O s filhos d o p o v o erain c o n s i d e r a d o s p r o p a g a n d o tenazmente o ensino p o p u l a r
i n d i g n o s desse direito e viviam i m m e r s o s através d o g r a n d e Pestalozzi. >."'•
na mais escura ignorancia. Si bem que Luthero^' o grande" reforma-
S o m e n t e d e p o i s que Luthero, rebel- dor d o chrisiianismb, já h o u v e s s e procla-
Iando-se contra o P a p a d o , construiu e ef- m a d o a g r a n d e necessidade e utilidade des-
fectuou a g r a n d e reforma d o christianismo, se e n s i n o , è justo dizer que, antes de Pes-
d e s t r o ç a n d o os grilhões que a m o r d a ç a v a m talozzi, o ensino p o p u l a r a i n d a n ã o existia,
a liberdade d o p e n s a m e n t o , é q u e para a pois, a escola creada por aquelle reforma-
e d u c a ç ã o p o u d e surgir um n o v o sol, que, dor liãó passou de uma simples escola d e
p r o j e c t a n d o luz em todas as direcções',' veio cathecismo. ;
libertal-a d o forte e austéro preconceito Franck, sentindo palpitar em seu co-
medieval- - r a ç ã o o g r a n d e a m o r por . s u a patria, aban-
C o m a continuação d o s t e m p o s , c o m o d o n o u a farda e filiou-se ao clero catholico
r e s u r g i m e n t o de idéas novás, q u a n d o appà- para, deste m o d o , tratar da e d u c a ç ã o d o s
receram os pioneiros dessa g r a n d e cruza- seus ,patrícios, que viviam i m m e r s o s na va-
da que avassallou a h u m a n i d a d e inteira, e g a b u n d a g e m e na o c i o s i d a d e ; R o c h o w , cóa-
com ardor e . d e v o t a m e n t o , , defendiam e d j u v a d o por Frederico II, d a Allemanha,
p r o p u g n a v a m a e d u c a ç ã o d o s p o v o s e pro- ; tratou de f u n d a r uma escíjíai^xuja"- Orga r
p a g a v a m a necessidade e a imporiancia de , nização*baseava-se nas idéas de Luthero, o
serem instruídos, então os espíritos mais que n ã o c o n s e g u i u devido á forte barreira
esclarecidos foram se c o n v e n c e n d o desta que lhe o p p o z Guilherme II, pois este
v e r d a d e e reagiram contra as suprestições i m p e r a d o r não admitíia u n i f o r m i d a d e entre
e preconceitos que e m b a r a ç a v a m a sua evo- o ensino e a religião. Mas, o facto è que
lução, f i z e n d o a d e s e g u a l d a d e d a s classes. esses dois e d u c a d o r e s , s e g u i n d o idéas op-
Muito custou, porém,aos e m p r e h e n d e d o - postas, tinham em vista p r o p a g a r o seu cre-
res de tão bella e alviçareira investida, uni- do, tanto assim, que o ensino d o cathecis-
formizarem a educação, tornando-a accessi- m o o c c u p a v a o primeiro p l a n o .
vel a todos, sem disíincção de classe ou Foram elles que, pela n e c e s s i d a d e de
de nacionalidades, e salva-la d o invencí- adquirir adeptos para as suas c r e n ç a s ou
vel p r e d o m í n i o religioso. c o n d o í d o s da sorte dos seus patrícios, se
Essa e g u a l d a d e educacional que, ha mais p r e o c c u p a r a m com a e d u c a ç ã o popular, op-
de um século, vem c o n f r a t e r n i z a n d o os po- pondo-se ao preconceito de q u e s o m e n t e a
vos, unindo-os e c o n f u n d i n d o - o s , de m o d o b u r g u e z i a merecia ser e d u c a d a .
a n ã o haver distincção entre as classes so- Atè então, o ensino era m i n i s t r a d o á
ciaes, é devida principalmente a Pestalozzi, revelia d o s padres, que, ou n ã o p o d i a m , ou
espirito altamente nobre, que originário de n ã o se i n c o m o d a v a m com a sorte d o s
u m a familia extremamente pobre, empre- aluirmos, deixavam-n'os a c a r g o d o s sachris-
g o u a maior parte de sua vida na o b r a ex- tães, que, na maioria d o s casos, eram ho-
traordinariamente meritoria que o immoría- mens ignorantes, a n a l o h a b e t o s e viciados,
lizou, através d o m u n d o civilizado. e n e n h u m a n o ç ã o possuíam da elevada
E m q u a n t o que a França, i n c e n d i a d a de missão de ensinar.
sul a norte, pelo facho n a p o l e o n i c o , se er- Q u a n d o não era assim, o ensino era
guia pelo despotismo, pela d e s o r d e m e pela p r o f e s s a d o por fâmulos, creados, artistas po-
anarchia de seus filhos, que o b s e c a d o s pela bres ou antigos soldados, q u e , n ã o t e n d o
terrível idéa da e m a n c i p a ç ã o , derruiam im- o n d e cahir exhaustos pela n m c r i a , presta-
périos, aboiiam auctoridades e d e r o g a v a m vam os seus serviços, a troco d o alimento
lei constituídas, dava-nos um exemplo, que que lhes mitigasse a fome, e de Irapos q u e
p o d e m o s considerar, o mais s a n g r e n t o da lhes cobrissem o corpo, r e u n i n d o a s c r e a n -
é p o c a c o n t e m p o r â n e a , e m q u a n t o isto, a Su- ças, q u a s e sempre aos D o m i n g o s , d u r a n t e
/V E t h i c t i ç f i o

duas horas, para ensinar-lhes somente leitu- madas sobre bases sólidas, que o ensino
ra soletrada e escripta. poude sahir da rotina em que jazia, e que
De sorte que, durante muito tempo, o a classe proletaria poude gosar uma vida
ensino viveu na mais completa estagnação mais propicia ao seu desenvolvimento.
sendo ministrado pelos desprotegidos da Curvemo-nos, pois, deaníe da memó-
sorte, que, alugavam os seus serviços, com- ria desse fervoroso educador e procuremos
tar.to que encontrassem pousada nos .casas imital-o, tanto na sua modéstia, como no
onde serviam. Também ninguém, que seu grande amor pela nobre e elevada mis-
possuísse recurso se sujeitaria a tamanha são de ensinar.
indignidade, tanto horror inspirava o traba-
lho da instrucção. Tobias dos Santos-
Comenius, no século XVII, presen- ( 4 o anno )
tindo a inéfficacia dos meíhodos e proces-
sos então applicados, que difficilmente le-
vavam os alumnos á comprehensão das li-
ções ministradas, crêou o methodo inducti-
vo, pelo qual o ensino era dado, partindo
A CARIDADE
do determinado para o indeterminado, do
concreto para o abstracto, isto é, ensinava Jamais poderei falar de tao subli-
os factos reaes para depois ensinar ás idé- me e elevada virtude. As minhas pal-
as abstractas ou imaginarias. lidas phrases, orphãs de poesia, pobres
Mas, este metíiodo não produziu o ef- de estylo, são borrões arrancados de
feito desejado, porque o est ido dos factos
era feito empiricamente, ficando completa- um pincel que só teve o impulso do
mente vedada á creança a parte essencial, sentimento de uma creatura despida
que era o conhecimento da causa e dos de talentos ! Lastimo não terem as
effeitos dos phenomenos, os quaes só seri- minhas phrases o colorido necessário
am comprehendidos quando a creança che- para bem esboçar este quadro tao
gasse á edade de receber conhecimentos
de humanidades. nobre e admiravel!"
Rousseau e Básedow, c o m o pedago- Direi, portanto, impellida pela força
gos desse mesmo século, quase nada fize- de vontade que me agita, alguma
ram pela educação propriamente dita, pois, coisa sobre esta virtude tão apreciá-
tiveram sempre em vista, educar os remedi- vel !
ados da fortuna, tanto assim que para este
ultimo, a creança pobre não divia ser edu- Este nome, que se tornou vul-
cada, chegando mesmo a dizer: « q u e ja- garissimo em muitos povos christaos,
mais se occuparia com as creanças doentes e è a manifestação do sentimento da
miseráveis, inda mesmo que elías tivessem alma, dentro dos moldes da virtude,
de viver 80 annos ».
formada nas altas regiões bemdictas
Em face disto, chegamos á conclusão
de que é a Pestalozzi que a humanidade do céo.
inteira deve a instituição da educação po- A caridade attinge as profunde-
pular, porque foi elle, que r o m p e n d o a ig- zas de noss'alma! Devemos empre-
norância do seu tempo, luctando tenazmen- gar nossos esforços em acções meri-
te contra todas as perseguições, e sem co- torias; devemos saciar a fome ao fa-
gitar de distincção de classe nem de naci-
onalidades, preconizou-a, legando deste mo- minto, a sede ao sequioso, pousada
do, ao mundo o maior exemplo de abne- ao peregrino, e ao naufrago a taboa
gação. de salvação, afim de enchermos de
Foi devido a esse espirito, ardente regosijo o vácuo do nosso coração.
pelas nobres idéas, que a Suissa, tão pe- Subtil como a sombra, ella se
quena, se tornou grande aos olhos do
mundo civilizado. introduz na alma abrasada pelo de-
Foi por meio de suas idèas bem fir- sanimo e a suaviza como o rocio em-
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ANNO

Numero 1
V
ucaçao Escola Normal

1 de A g o s t o 1922

O R G AM. DU (iREMIO A O K MA LISTA

N oi-hi'ora se fazia uso


ranscorre em todas as escolas,
hoje a data aterrorizando e desa-
uatalicia dó nosso pre- nimando os caracteres
saclo Director — Dou-
fracos que se desti-
tor Nestor dos Santos
navam j i . e d u ação.
Lima.
Porém, graças á re-
E' com justíssimo
forma do ensino, ella
orgulho que vemos
actuahnènle já se acha
passar o dia 1. de
banida do nosso meio
Agosto e com immen-
social civilizado.
sa alegria que traça-
mos rapidamente estas O Doutor Nestor
pequeninas e modestas LiinapÕssüc,~para coni
linhas de admiração, C)s~seús discípulos, um
ao bondoso coração coração de pae cari-
do nosso caro Direc- n í i o ^ e ^ i K u d e n t e e sa-
tor. bendo honrar o seu
E' esse eminente vul- norne^ desprende de
to que h o j i completa suFãàmii^avei e fecun-
mais uma primavera a inteUigencia todos
de r e c o n h ^ í J a felici- o3~"pi:eceftos e normas
dade c júbilo para to- . R e s t o u jCit.no scientificas de educa-
dos quantos o cercam. dor "competente sobre
Moço, cheio de esperanças, excita uma as rústicas intelligencias, desprovidas • do
atmosphera de syrnpathia e de enthusiasmo, affeclo e_ d a i n s t r u c ç ã o , o alicerce, a base
em redor de quantos têm o prazer de ou- fundamental dos povos, ao mesmo passo
vil-o • durante uma sua admiravel prelecção. que combate jij/_ergoiíhoso aiialphabetísmo
Espirito altivo e cultivado, homem de-ca- em nossa querida Patria.
racter firme e elevado, amigo da ordem e
do respeito é o Doutor Nestor Lima, o il- Nós do c ü r e m i o Normalista» não pode-
h^stre personagem que vem, desde largos mos deixar passar desapercebida a aus-
annos, trabalhando encorajadamente, enfren- piciosa data que hoje commemoramos sem
tando todos os sacrifícios pelo deseuvolvi- levarmos nossas manifestações de alegria e
ínento intellectiial e moral dos filhos desta os nossos respeitosos votos de felicidades
faixa de terra do nosso caro Brasil. e cie venturas ao nosso beneinerito Direc-
Sua disciphna, branda e ensjnuante, com- tor, a quem a Escola Normal desta capital
move, desde_ as mais rudes e incultas cre- deve o seu maior gráo de aperfeiçoamento
a n c i n h a s , a t é . a o s espíritos lettrados; elle se e o máximo engrandecimento da nossa ins-
faz obedecer com doçura e amor,sem o ter- trucção.
ror. dps_casJjgos._ di.scipJina austera, de que, Salve, 1 de Agosto!
A EDUCAÇÃO

p e l e » l a & t e ^

Ja desappareciam ao longe, através parcellas da Federação brasileira, deixa, to-


dos montes, os últimos lampejos do sói, davia, de o ser em matéria de ensino, pois,
quando sobre a terra começava a espalhar- este problema tem sido, quase ou tão so-
se o negrume da noite que precede a au- mente, uma questão de inaxima importancia
rora feliz e veuturosa, na qual o nosso a- e um objecto de grande carinho por parte
mado Brasil soerguer-se-ia da inércia em dos nossos governos. Para provarmos esta
que se achava, para subir aos pincaros, on- verdade, basta dizer que é rara a povoação
de pairavam as nobres e elevadas aspira- em nosso Estado, onde a acção luminoza da
ções de luz c de progresso. Dir-se-ia o Administração— Antonió de Souza não tem
passaro que, ao desprender-se do obstáculo c'iegado, proporcionaudc-lhe os grandes me-
que o detinha sobre o sólo, eleva-se ás al- lhoramentos com a creação de uma escola
turas para d'ahi comprazer-se em sua gloria. rudimentar.
Foi o que aconteceu ao Brasil com a Re-
forma que o Marquez de Pombal decretou Bem dissera o P r . Nestor Lima quando
para o ensino, porque, foi por seu intermé- affirmara que «marchamos em pleno século da
dio que nós fomos pouco a pouco nos li- íuz^"~"em vista dos successivoa melhoramentos
bertando dos systemas rotineiros de educa- que experimenta a instrucção nos differentes
ção que nos impunha o velho Portugal, que paizes cultos e a posição de destaque alcan-
neste assutnpto se achava nas mesmas ou em çada pelo protessorado. Como discípulo obe-
peores condições que o nosso paiz. diente; que sempre pretendi ser daquelle
Essa reforma foi como que —o grito grande paladino da instrucção, concordo com
de regeneração —o qual, partindo daquelle a sua affiriuativa, mas, não deixarei^de attir-
emerito Marquez, se propagou do Sul ao mai_que. somente 110 kío u r a n d e cfo N o r t e ü
Norte de nossa Patria, constituindo o pri- com á Arliminislmrãn autuai, é que se tem
meiro passo da nossa marcha educativa, isso verificado.
porque, poucos atinos após esse brado, ja E somente ein nosso Estado, onde as
se lhe ouvia o echo reper;utindo nos innovações são sacrificadas em beneficio do
mais recônditos sertões, demonstrando assim ensino, pena é que os esforços de tão mo-
a cxacla compreluMisão que o nosso povo, delar administrador não sejam secundados
apesar de inculto ainda, já possuía cm relação por todos os filhos da Potyguarania, pena é
á necessidade de ser melhorado o ensina. De- que tantas provas de amor e de interesse em
ram inicio, em todo o paiz, á creação de prol do nosso alevantamento iniellectual, tan-
escolas primarias, nas quaes iam os filhos tas vezes postos em pratica pelo nosso actual
do povo beber as luzes da instrucção do es- Governo, não sejam reconhecidos por todos
pirito, intensificar a propagação de melhodos os riograndenses do norte, porque assim nós
mais adequados ao ensino, pois que os até poderíamos sahir da obscuridade para ascen-
então adoptados não correspondiam ás dou- dermos a um plano condigno do nosso pro-
trinas apregoadas pelos pioneiros illustres gresso. Praza aos céus que os nossos con-
da Pedagogia, os quaes não mais admitiam terrâneos, conhecidos e agradecidos, afflu-
o systema austero e coercitivo de então. E' am ao campo da lueta, para, juntos ao nosso
que a grande arvore plantada e cultivada illustre Governador, formarem um todo in-
pelo saudoso Pestalozzi começava a produzir divisível, promptos e dispostos a enfrenta-
os seus primeiros fruetos, os quaes alimen- rem os revezes da peleja. ..
tados por uma seiva pura e forte teriam de
proporcionar-nos ainda melhores effeitos.
Serra Negra, 18-3-922.

I O Rio Grande do Norte, si bem que em


extensão territorial seja uma das menores Tnbias dos 5 a n t o s .

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