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Título

História da Educação /0 qu você precisa saber sobre .. _]


Eliane Mana Tcixeira Lopes
Ana Maria de Oliveira Oalvão
Coleção
(o que você precisa saber sobre ...)
Organiza dores
Paulo Ghiraldelli Jr. (Unesp, Marília) e Nadja Hermann (UFRS)
Conselho Edilorial
Alberro Tosi Rodrigues (UFES),James Marshall (Auekland Uníversitv),
L. Henrique Araújo Outra (UFSC) , Michael Peters (Auckland University),
Waldomiro José da Silva Filho (UFBA)

Edirores Associados
Caetano Ernesto Plastíno (USP) , Marcus Vinicius Cunha (Unesp, Araraquara),
Pedro Pagni (Unesp, Marília), Sílvio Oallo (Unicarnp), Raquel Moraes (UnB), H istória da Educação
Tarso Bonilha Mazorti (UFRJ), Sofia Stcin(UFGO), Srclla Aecorinti (Argentina)

Revisdo de provas
Daniel Seidl Eliane Marta Teixeira topes
Projero gráfico e diagramação
Maria Gabriela Delgado Ana Maria de Oliveira Galvão
Capa e gerência de produção
Rodrigo Murtinho

CIP-BRASIL.Catalogaçâo-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
851h
Lopcs, Eliane Marta Teixeira
História da Educação / Elíane Marta Teixcira Lopes, Ana Maria de Oliveira
Galvão. - Rio de janeíro: DP&A, 2001 .
. - (O que você precisa saber sobre)
14 x 21 em
120p.
Inclui bibliografia
ISBN: 85-7490-095-8
I. Educação - História. l. Galvão, Ana Maria de Oliveira. 11.Tüulo II I. Série.

C00370.9 ~
COU 37(091) DP&A
edit:c>ra.
Introdução

EDUCAÇÃO. ENSINAR, APRENDER. Aulas, alunos, provas. Professoras.


Material escolar. Livros e leituras. Transmissão da cultura de
geração a geração. De uma maneira ou de outra, essas palavras
e expressões são, ou algum dia já foram, familiares. Pelo menos
para nós, leitorestas) escolarizados(as) , o universo da educação
e', particularmente, o mundo escolar está (ou esteve) presente,
com muita freqüência, em nosso cotidiano. De tão falados, vistos,
vividos, incorporados, acostumamo-nos com eles e corremos sério
risco de naturalizá-Ias, sendo incapazes de estranhá-Ias, de nos
surpreendermos, de nos assustarmos. O que um dia foi o "outro",
nossos primeiros alumbramentos - a primeira vez que fomos à
escola, a primeira aula como professores, as experiências como
pais, mães, filhos e filhas, nossa formação como leitores (ou não-
leitores) -, hoje faz parte de nós mesmos. Muito do que ocorre
no mundo da educação ainda é pouco conhecido pelos(as)
pesquísadoresías) e mesmo pelos professores e professoras que,
embora imersos nele, nem sempre conseguem perceber o que
aqueles meninos e meninas estudantes pensam, o que significa
ensinar e aprender, o que diz cada uma das cenas que compõem
o dia-a-dia da escola, que significado possuem a leitura e a
escrita, o conhecimento e o saber, para grupos significativos de
pessoas que a elas não tiveram acesso.
O estudo da história proporciona uma abertura semelhante
àquela obtida nas viagens. Nos dois casos, deparamo-nos com
"o outro", no tempo e no espaço. Embora esse encontro não
implique, necessariamente, uma mudança no olhar do estudioso
da história ou do viajante, tornando-o menos etnocêntrico,
por exemplo, certamente o contato com o "diferente" pode
16
H'STÓR,A DA EDUCAÇÃO INTRODUÇÃO 17

possibilitar, por similitude e diferença, uma maior compreensão a pedagogia, a didática, o trabalho cotidiano da sala de aula,
de si próprio e de sua cultura. O contato com o "outro" pode da escola exigem respostas ... rápidas, diretas ... Podemos
nos mostrar o quanto somos universais e, ao mesmo tempo, argumentar, entretanto, que tantas vezes mudaram os currículos,
particulares. Podemos acrescentar à história e às viagens muitas mudaram os professores, mudaram as leis... e muito do que se
outras coisas (o cinema, o teatro, a literatura, a conversa com foi permanece. A história nos permite ver que, em outros lugares,
pessoas e grupos diferentes de nós - em idade, classe, raça/etnía, culturas e em outras épocas, ou aqui perto de nós, a educação,
gênero). No encontro com personagens e paisagens que não são de modo geral, e a escola, em particular, têm mudado,
aquelas em que estamos imer os cotidianamente, deparamo- mas parecem manter alguns elementos intocados que,
nos com um mundo diferente, original e, ao mesmo tempo, com surpreendentemente, são os mesmos, aqui, em 2001, lá, em 1915.
o familiar, com o universal. Cabe-nos a sensibilidade, a disposição A História, dessa forma, ajuda-nos a olhar nossa realidade com
e a disponibilidade para, comparando, analisando, interpretando, paciência: afinal, as coisas demoram muito a mudar ... Às vezes
descobrir os quês e os porquês de outras épocas, de outros lugares, é preciso esperar duas ou três gerações para que uma inovação
que, a um só tempo, parecem tão próximos e tão distantes educacional se estabeleça.
daquilo com que lidamos a cada dia.
As práticas escolares repetem-se ao longo dos tempos e dos
A disposição para se fazer história, ou para se ler o mundo espaços, com diferenças que sugerem as "variações-sobre-um-
como um dispositivo historiador, parte, antes de mais nada, tema", como fizeram alguns compositores. Tal como se
de uma disposição radical para ler, ver, ouvir e contar ... o outro. folheássemos um livro de figuras: o pedagogo que leva o menino
Imersos em um presente que faz indagações, impõe questões, a algum lugar, mãos dadas, olhos nos olhos, ensina. Vemos um
sugere temáticas, os pesquisadores atentos formulam clérigo e meninos com tabuinhas apoiadas no colo, assentados
problemáticas para a história: o que se fazia, por que se fazia, em um banquinho, onde não há quadro-negro, nem verde; jovens
quem fazia, como se fazia alguma coisa em determinada época e rapazes lotam um anfiteatro e acenam lenços e chapéus para o
em uma sociedade específica?
mestre posto em uma cátedra brandindo um livro e a palavra;
Por outro lado, a História, em princípio, é um saber inútil, meninas uniformizadas em fila, saias compridas, blusas brancas
do ponto de vista pragmático. Há quase um século, tem deixado, engomadas e ornadas de fitas e cruzes sob o comando da
paulatinamente, de julgar o passado e tentar dele extrair lições professora-freira em longos e severos trajes negros. A sala não
para o presente e para o futuro. No limite, tem contribuído para tem mais do que o piso de terra, os caixotes servem de apoio aos
qu ntendamos um pouco mais, juntamente com outras formas papéis, a variação das idades é mostrada pela diferença de altura,
de xplicação da realidade, o que o presente insistentemente à frente uma professora que podia ter a idade de qualquer um
nos coloca como problema: um gesto, um modo de pensar, uma deles; vinte computadores, vinte crianças limpas, empolgadas
maneira de raciocinar, uma forma de agir... com as imagens e um professor que tenta encantá-Ias - injusta
Talvez por isso muitas vezes alunos, alunas, professores e competição.
professoras têm dificuldades em responder "para que serve a Um professor, uma professora, atrás de uma mesa, lê um livro
História" e, particularmente, a História da Educação. Afinal, e os olhares das crianças parecem vaguear; um aluno boceja,
18 I 'l~r()~IA DA ~DUCAÇÃO
INTRODUÇÃO 19

o professor olha o relógio - o t mp , t S v Z .s, custa muito a


um amante, não podia mais bastar. Diversos tipos de escola eram
passar ... A luta contra o tédio é inc .. nt S' d ·d bra em
freqüentados pelas crianças que, por sua condição social, eram
planos de aula e cronogramas minu i o', b 18' ilu tra õ para
consideradas livres. Havia a escola de gramática, de educação
temas insossos, performances inacr ditáv i d pr f S res e
física, de música. A elas eram levadas por um pedagogo -
professoras que inventam músicas cuj 1 tra rimam, métodos
do grego paidagôgos, o escravo encarregado de conduzir a criança
mnemônicos infalíveis. Às vezes a indi iplin gra ss é hamada
à escola - que também cuidava de sua educação moral,
de resistência. Às vezes não. nfund rn- ut ridade e
de colocá-Ia no bom caminho, o caminho da escola.
autoritarismo, liberdade e irresponsabilid de - ma nem sempre.
Ao longo dos tempos a escola, e de acordo com a sociedade
No pátio de recreio, uns espicaçam o outros, correm,
na qual se insere, muda sua feição. Depois da conquista e da
brincam, fazem grupos, se batem. Há jogos e lutas; há namoros,
derrota da Grécia, o Império Romano leva os princípios de
beijos clandestinos, troca de bilhetes; afetos e de grosserias.
colaboração para a pax romana a todos os domínios conquistados
Às vezes é mais bruto, muito mais.
e faz do latim - língua que era falada no Lácio, antiga região da
Curiosa é a origem e história da palavra escola, tal como nos Itália - a língua partilhada por todos, mesmo se modificada
ensinam os dicionários. No grego, e ao pé da letra, skolê quer durante e depois da conquista. Entre os romanos, os estudos
dizer "ócio, vagar, lazer". No latim sch01a, "ócios consagrados ao literários e científicos constituíram o cerne do "plano de estudos",
estudo". A palavra passou assim de um significado a outro: diferentemente dos gregos que tinham na filosofia um dos seus
"o substantivo escola não se explica pela ociosidade (... ), mas pelo principais pilares.
fato de que todas as outras ocupações devem ser deixadas de lado e
Nascido no interior mesmo desse império, o Cristianismo,
as crianças devem se entregar aos estudos dignos de homens livres."
tendo como principal instituição a Igreja Católica, vai se ocupar
A ocupação era um neg/ócio, pois era preciso uma certa
da educação, da instrução e cria suas próprias escolas, depois
desocupação que pudesse ser preenchida com a aprendizagem
que os bárbaros - aqueles povos assim chamados porque não
e com o que fazia pensar - uma preguiça, um ócio ... que logo
viviam sob o domínio imperial e que não falavam a língua oficial
deixava de ser. A escola era, assim, um lugar para se entregar
- derrotaram as forças guerreiras romanas. Durante a Idade
aos estudos que exigia, por sua vez, um desejo de saber, um
Média - seus longos mil anos - negará e conservará, ao mesmo
gosto por esse tipo de ocupação e não por outra. Aliás, na própria
raiz da palavra estudo já está: ter gosto, desejo.
tempo, a herança antiga, grega e romana. Suas escolas nascerão J
ao abrigo dos mosteiros, das igrejas e das abadias; mas nascerão,
A escola foi invenção da sociedade grega em que um número também, impulsionadas por uma nascente atividade comercial
cada vez maior de privilegiados, vivendo também a invenção da e artesanal, nos burgos e nas corporações de ofício, dando origem
democracia, reclamava para seus filhos a iniciação em técnicas a instituições importantes, tal como a universidade. Tanto a
e conhecimentos até então ciosamente guardados pelas famílias formação do cristão, que tem seu ensinamento baseado na Bíblia
aristocratas, aquelas que tinham aietê, que queria dizer virtude (em detrimento das artes liberais da Antigüidade), quanto a
e valor. A uma tal educação, que interessava a um número sempre formação do homem capaz de prover a vida e defender o
maior de crianças, o ensino individual de um preceptor, ou de Cristianismo, estabelecem novas formas de relação, de ética e
20 H ISTÓRIA DA EDU AÇÃO INTRODUÇÃO 21

de estética, inclusive pedagógicas, e nessas escolas e tarão religiosos e a Igreja Católica é obrigada a admitir o protesto.
presentes. A preocupação com a educação na Idade Média pode O século XVII não será apenas palco de grandes feitos políticos;
ser percebida na fachada e no interior das catedrais. Tanto as será religioso, implementando proposições teológicas advindas
esculturas e os vitrais quanto a organização revelam a da Reforma e da Contra-Reforma, com profundas conseqüências
preocupação em ensinar aquilo que para a Igreja Católica e para a extensão da leitura e da escrita a um crescente número
para as monarquias que a apoiavam era importante: a vida de pessoas, e para a escola, seus métodos, seu corpo docente e
S de santos e santas, de homens e (poucas) mulheres sábias, discente e suas normas e regras de conduta e bem viver. Admite
ri o nascimento, paixão e morte de Cristo, modelos de vida e de um novo lugar para homens e mulheres no mundo e no universo,
comportamento. através de uma nova concepção de ciência e de Razão. Olhando

~
v

I Na Renascença, a arte e a literatura antigas serão resgatadas,


anunciando uma visão de mundo e de relações não mais
teocêntricas, mas antropocêntricas. Ou seja, não mais a vida
extraterrena, uma vida santa ou mesmo Deus (theós=deus)
o céu prometido pela Igreja Católica para depois da morte,
a astronomia decide o lugar da Terra em relação ao Sol e aos
outros planetas. O Brasil, parte do Novo Mundo conquistado
por países católicos contra-reformados, vai ter na Companhia
estariam no centro das atenções e dos ensinamentos, e sim a de Jesus seu principal agente educador. Apesar das revoluções
vida dos homens e mulheres de carne e osso (anthrópos= homem). científicas, a Teologia, a moral e uma disciplina militar dão o
A educação admite que pode haver uma escola alegre e que os tom da educação jesuítica. Curumins e filhos de colonos são os
estudos literários, científicos e filosóficos constituem partes principais alvos da ação educativa dos padres que, em um só
igualmente importantes de um currículo, um artefato cultural movimento, contribuíram para: destruir a cultura dos nativos
como tantos outros. Novos mundos são alcançados, as Américas, fazendo-os crer, por exemplo, na existência de um deus único e
anunciando uma nova era e novas raças e culturas obrigam a onipresente (onipotente e onisciente); pro tegê-Ío s dos
pensar em um novo tipo de educação em um novo tipo de escola. mercenários; educar uma elite nos colégios secundários; e formar
Os portugueses chegam. a uma nova terra a que dão o nome de quadros para a própria Ordem nos cursos superiores de Teologia ...
Brasil e dela se apossam. Tornamo-nos colônia e durante mais Revoluções políticas e industriais mostram o quanto a ciência
de três séculos, apesar dos muitos movimentos de resistência e e suas conquistas contaminam todo o mundo, imprimindo uma
rebeldia, servimos de sustentáculo econômico da metrópole direção irreversível às relações com o Estado e com o capital e
européia, que gradativamente entrava em decadência. A grande estabelecendo uma nova geografia e uma nova geopolítica do
propriedade e a mão-de-obra escrava traficada da África mundo. Uma das conseqüências mais importantes será a
baseavam economicamente essa nova sociedade, formada pelos publicização da educação. Em Portugal, o Marquês de Pombal,
que aqui já habitavam havia séculos (os nativos nomeados de representante dos novos ventos que assolavam a Europa e outras
índios), negros, judeus, árabes e portugueses mas também partes do mundo, expulsa os jesuítas do Reino e de suas colônias,
holandeses, franceses etc. acusando-os de acumularem fortuna e de não propagarem as
A Idade Moderna abre inteiramente três janelas, até então conquistas das revoluções científicas centradas na Razão.
apenas entreabertas. Firma princípios e modos de conduta No Brasil, alguns anos se passaram até que o Estado assumisse
INTRODUÇÃO 23
22 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

alguns encargos em relação à instrução. As chamadas "aulas o século XX traz novos debates acerca da educação
régias", classes avulsas de matérias que compunham o que mais (auxiliada por ciências novas como a Psicologia e a Sociologia)
tarde seria identificado como ensino secundário, buscaram e, com muita força, a escola passa a ser questionada por dentro:
preencher o vácuo deixado pela ausência da Companhia de a Escola Nova, em suas várias vertentes, chama a atenção para
Jesus. o papel do aluno como sujeito da aprendizagem e o papel de
mediador do professor. o Brasil, o Manifesto dos Pioneiros da
A partir da Revolução Francesa e da definitiva inserção do
Educação Nova, de 1932, é um marco desse movimento: ao
terceiro Estado na ordem econômica, em alguns lugares mais
mesmo tempo em que questionava os métodos tradicionais de
cedo, em outros mais tarde, serão criados sistemas públicos de
ensino, buscava afirmar, em uma sociedade ainda pouco
ensino. Inspirados nos princípios liberais de regulação do
escolarizada, princípios como a obrigatoriedade, a gratuidade,
mundo, suas palavras de ordem dirão que a educação deverá
a laicidade e a co-educação. Aqui, o século XX é propriamente
ser pública, leiga, universal, gratuita e obrigatória. Dever do
o momento da publicização da educação: principalmente a
Estado, direito do cidadão. No caso brasileiro, o século XIX
partir de 1930, em meio aos processos de industrialização e
será marcado pela progressiva institucionalização da escola e
urbanização, diversas foram as leis que buscaram dar
da lenta afirmação do lugar do Estado como principal provedor
organicidade à educação primária, secundária e superior. Aos
da educação. Já com o estabelecimento da família real no
poucos, as camadas populares começaram a ingressar, embora
Brasil, fugitiva das tropas de Napoleão, em 1808, novos ares
nem sempre conseguissem neles permanecer, nos processos
culturais e educativos começam a se respirar na colônia: cursos
formais de escolarização. Nesse período, vivemos duas ditaduras:
superiores são criados, assim como a Biblioteca e o Museu
a do Estado Novo, de 1937 a 1945, e a militar, de 1964 a 1985.
nacionais, o Jardim Botânico etc. Com a independência, uma
Em ambas, a educação é vista como um elemento importante
série de legislações, nacionais e provinciais, começaram a ser
na formação das novas gerações e na sua inserção em uma ordem
estabelecidas, e questões antes não pensadas, como a inserção
política e econômica que se quer inconteste.
das meninas e dos negros nos processos de educação formal,
tornaram-se freqüentes no debate político. As escolas normais O final do século XX e o início do século XXI, na esteira
são criadas e progressivamente a mulher, principalmente a partir dos progressos científicos do século XIX, está instituindo uma
do final daquele século, passa a ocupar a maior parte dos escola em que os meios de ensino são diferentes. A máquina
lugares no magistério primário. A República anuncia novas não está instalada apenas na indústria, mas na sala de aula,
preocupações em relação à educação e ao papel do Estado em desde projetores de slides ou gravadores e retroprojetores, hoje
relação à sua promoção. A escola, aos poucos, ganha materiais, considerados modestos, até televisões e computadores ligados à
espaços (consubstanciados principalmente nos grupos Internet. A escola não goza mais da prerrogativa de ser o lugar
escolares), profissionais próprios para ela, e passa a ser vista, privilegiado da produção e difusão de conhecimentos. Instalada
a partir de então, como a principal instância de transmissão nas sociedades, a cultura midiática invade as instituições. Tal
do saber, em detrimento de outras que existiam ou que como o advento da imprensa provocou uma redução do tamanho
poderiam vir a existir. do mundo e a idéia de que a comunicação entre povos e lugares
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
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seria possível, o computador e as linhas de transmissão conectadas


e possíveis de serem acessadas, em tese, por qualquer pessoa
(guardando, evidentemente, certas condições) possibilitam o
aumento do volume de informações. A atenção de especialistas
se volta agora para o papel do professor e para o risco do excesso,
pois sabe-se que as doses excessivas de informação a que um
número crescente de pessoas está exposta, ao invés de aumentar
o saber, provocam a ignorância. Mais do que nunca, saber é
poder; mais do que nunca, como saber é poder.
A escola, núcleo resistente da sociedade, espaço feito de
tijolos, idéias e virtualidades, mesmo se é "avançada", mesmo
se desfruta de meios de ensino de última geração, mantém seus
atores e suas atrizes (ditos por alguns, agentes) em constante
atuação, produzindo cenas que são a expressão de um conjunto
de normas e regras que a sociedade e essa máquina chamada
educação pensaram para eles.
Mas a educação nunca se restringiu à escola. Práticas
educativas têm ocorrido, ao longo do tempo, fora dessa instituição
e, às vezes, com maior força do que se considera, principalmente
para certos grupos sociais e em determinadas épocas. A cidade,
o trabalho, o lazer, os movimentos sociais, a família, a Igreja
foram, e continuam sendo, poderosas forças nos processos de
inserção de homens e mulheres em mundos culturais específicos.

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