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14/11/2022 11:08 Unidade 1 - História da educação

HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
UNIDADE 1 – CONCEITOS
DE EDUCAÇÃO E HISTÓRIA
Autor(a): Jair Rodrigues da Silva
Revisor(a): Maria da Conceição Fernandes de
França

I N I CI AR

Introdução
Caro(a) estudante,

Nesta unidade, vamos conhecer e debater os conceitos de educação e história. Nosso


objetivo maior nesta primeira unidade será o de refletir sobre a história da educação.
Como futuros educadores, é de fundamental importância conhecermos os principais
processos históricos que fizeram a educação ser constituída como vemos hoje. Portanto
vamos abordar períodos históricos da evolução educacional e, ao longo da disciplina, nos
deteremos na história da educação brasileira.
Inicialmente, é necessário que nos identifiquemos como seres históricos que somos. Isso
porque produzimos e vivenciamos história durante nossa ação de ser e estar no mundo.
Somos sujeitos históricos à medida que nos relacionamos em sociedade e dela

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participamos.
Conhecer a história da educação é uma importante etapa de formação dos professores. É
necessário ter consciência crítica dos processos evolutivos e dos diferentes momentos
históricos da educação, o que sem dúvidas nos conduziu aos sistemas de ensino e os
modos de conceber as atividades de ensino-aprendizagem como conhecemos e
praticamos na atualidade.

Bons estudos!

1.1 Conceitos de educação e história e a importância de


estudar a história da Educação para a ação dos futuros
educadores
Nessa primeira seção, vamos abordar os conceitos de educação e, posteriormente, de
história. Conceituar esses termos têm grande significado para a formação de educadores
e educadoras.

Abordaremos, em seguida, a importância do estudo da história da educação, sendo esse


nosso objetivo maior em toda a disciplina: realizar a reflexão sobre como os processos
históricos influenciam nos modos como concebemos a educação.

Acreditamos que é por meio da consciência crítica, tanto do que é educação, quanto do
que é história e, principalmente, sobre a importância de estudar a história da educação,
que futuros docentes podem exercer sua prática em sala de aula de modo efetivo.

1.1.1 Conceituando educação

Quais os significados para o termo educação ? A palavra permite diversas interpretações


e significados a depender do contexto em que se utiliza. De modo geral, educação se
refere ao ensino . Seja esse desenvolvido em instâncias formais ou não formais. De fato,
é regra geral o entendimento que educação não se restringe apenas à escola.

Esse conceito de educação, que não é restrito à escola, é o que vamos discutir na seção.
Pensando nas sociedades pré-históricas, ou seja, nas sociedades tribais, não havia uma

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organização de escola tal como conhecemos atualmente e nem parecida.

Todavia podemos dizer seguramente que a educação era presente no cotidiano dessas
sociedades. Isso porque as pessoas passavam o conhecimento sobre a vida como modo
de sobrevivência. O conhecimento era passado a partir das interações familiares e em
comunidade. Os mais novos aprendiam lições importantes para sua própria
sobrevivência. Lições referentes aos alimentos, perigos etc. Sendo assim, a educação
era exercida como atividade fundamental para a manutenção da vida.

Nesse contexto, não havia um lugar privilegiado para a atividade de ensino-aprendizado,


assim, podemos entender que se tratava de uma educação não formal, como ainda é
comum nos dias de hoje. Ainda sobre sociedades tribais, Aranha (2006) disse:

Estamos tão acostumados com a escola que às vezes nos parece


estranho o fato de que essa instituição não existiu sempre, em
todas as sociedades. Nos demais capítulos, veremos as condições
do aparecimento da escola, as transformações ao longo do tempo,
e também a relação indissolúvel entre ela e o modo pelo qual os
indivíduos interagem para produzir a sua existência (ARANHA,
2006, p. 32).
É possível entender que, de modo geral, as sociedades primitivas não possuíam um
Estado, sem correr risco de cair no etnocentrismo, que é o risco de julgar uma sociedade
tendo como referência a cultura, como menciona Aranha (2006). Dizemos que as
sociedades antigas não tinham necessidade de instituições como bancos, hospitais,
escolas etc. Diante dessa perspectiva, essas sociedades não se ressentiam da falta
dessas instituições, incluindo a escola. Quando se tratava da educação das crianças, o
modo de ensino era por meio do exemplo, da atividade prática. Em um ambiente assim,
não havia um ente especial destinado à tarefa de ensinar. Aranha (2006) ressalta que:

Nas comunidades tribais as crianças aprendem imitando os gestos


dos adultos nas atividades diárias e nos rituais. Tanto nas tribos
nômades como naquelas que já se sedentarizaram, para se ocupar
com a caça, a pesca, o pastoreio ou a agricultura, as crianças

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aprendem “para a vida e por meio da vida”, sem que ninguém


esteja especialmente destinado para a tarefa de ensinar (ARANHA,
2006, p. 35).
Entretanto, como foi dito, não é por isso que a relação de ensino e aprendizado deixava
de existir no cotidiano dessas comunidades. A educação estava presente como uma
atividade permanente. Como uma ação de se constituir um sujeito histórico e de produzir
história. Essas sociedades eram prioritariamente orais, mas, ainda assim, deixaram
registradas ao longo de séculos seus conhecimentos. Seus registros eram feitos por meio
da pintura rupestre, pintadas em cavernas que, ainda hoje, preservam suas marcas,
conforme exemplo da Figura 1.

Figura 1 – Pintura rupestre: Curva de las manos, Argentina. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.

#PraCegoVer : Fotografia da pintura rupestre “Cueva de las


manos”, feita há aproximadamente 9.000 anos por indígenas
locais, na atual Argentina. A parede, na qual as figuras foram
pintadas, é pedregosa e da cor bege. Uma cena de caça está
representada. Na parte superior há, em preto, formas de animais
galopando, provavelmente guanacos, caça comum na época. Em
meio aos guanacos, há figuras em amarelo, designando os
membros da tribo coordenando a caça. Abaixo dos sete animais
correndo em bando, há um desenho na cor vermelha, três círculos
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(um dentro do outro), designando uma ferramenta de caça. Do lado


direito à ferramenta, há a marca de uma mão, também em
vermelho. Em volta dessa mão, marcas de respingos em tinta
vermelha.
Como atestado de sua atividade, inclusive educacional, as pinturas rupestres mostram a
relação do homem “primitivo” com a natureza e seus costumes em suas comunidades, a
Figura 1 remonta aparentemente à caça (as aspas indicam que pelo fato de ser de uma
sociedade da Pré-história, não necessariamente é classificada como primitivo, em um
sentido pejorativo da palavra), conforme destaca Aranha (2006).

No Brasil, é possível encontrar sítios arqueológicos com pinturas rupestres em diversos


Estados. Essas pinturas testemunham a ação da sociedade pré-histórica e são também
um registro de ação educativa, mesmo antes de sua descoberta.

Educação pode ser compreendida como um ato indissociável da experiência humana.


Desse modo, o conceito de educação se torna perene, pois, de modo geral, estamos
sempre aprendendo e ensinando algo, e isso, não se dá de modo isolado.

O educador Paulo Freire (1921-1997) defendeu que aprendemos e ensinamos


mediatizados pela experiência humana. Em suas palavras, “ninguém educa ninguém,
ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”
(FREIRE, 1987, p. 79).

VOCÊ QUER LER?


Recomendamos a leitura dos livros Pedagogia da autonomia e Pedagogia do
oprimido , de Paulo Freire. Trata-se de livros de grande importância para a
formação de educadores, trazendo um conteúdo histórico da pedagogia brasileira.
Em especial, Pedagogia da autonomia se trata de um “manual” da prática
docente, ou seja, é um livro sobre o ato de ensinar e suas exigências a todo

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educador e educadora consciente da importância da ética e do compromisso com


a relação ensino-aprendizagem.

No pensamento de Freire (1996), a educação existe à medida em que agimos e nos


relacionamos. Como também aprendemos por meio dos conhecimentos científicos
adquiridos pela humanidade ao longo de toda a história. Assim, a educação se converte
em um ato essencial e comum a todos os povos em diferentes épocas.

Desde que a família e a sociedade se constituíram, a educação é parte indissociável de


sua cultura. Muitas vezes funciona como um ato informal de construção de conhecimento,
como em um exemplo de coisas que nossos familiares nos ensinaram. Como Bittar (2009)
afirma:

Desde que os homens passaram a viver em sociedade a educação


esteve presente, ou seja, todos os agrupamentos humanos, em
qualquer nível de seu desenvolvimento, praticaram e praticam a
educação, primeiramente, no ambiente familiar. Foi assim que
aconteceu nas sociedades da Antiguidade, que existiram milênios
antes do nascimento de Jesus. Dessa forma, educação não é o
mesmo que escola. Esta última é uma invenção da humanidade no
seu processo histórico para difundir conhecimento de forma
sistematizada (BITTAR, 2009, p. 17).
O conceito essencial de educação permanece o mesmo desde a Antiguidade. Ou seja, a
palavra educação está intimamente ligada à ação de aprender e ensinar. Mas, ao longo
do tempo, essa concepção ganhou novas interpretações e significados. É presumível que
essa evolução aconteça, haja vista que o mundo em suas relações evoluiu. No tocante de
nosso objeto de estudo, a história da educação, igualmente evoluiu.

Para nossos dias, qual o significado de educação? Atualmente, a educação, para


algumas pessoas, não se separa mais de escola. Outros veem nela um dever, uma
obrigatoriedade. Veremos, nas próximas unidades, que a educação, no Brasil, era um
privilégio de poucos. Mas, e hoje, qual a concepção de educação?
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VOCÊ QUER VER?


O Documentário – Caminhos da educação , apresentado pela TV Justiça, inicia
com uma grande provocação a todos os profissionais da educação; comparando a
escola a uma linha de montagem que não admite “atrasos” e é regulada pelo
tempo. Caminhos da educação é uma fonte de inspiração para os futuros
docentes e sobre a escola que temos na atualidade e a que queremos para as
futuras gerações.

Na Pré-história, como vimos, a educação era para a vida e sobre a vida, de modo que
tinha como primazia conduzir o sujeito à autonomia, para que pudesse sobreviver no
ambiente hostil em que as pessoas viviam. Outro viés de autonomia está em Pedagogia
da Autonomia , do educador Paulo Freire. Nessa obra, Freire defende que aquele que
ensina, também, aprende ao ensinar, pois a educação é um ato dialógico .

Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao

aprender. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém. Por isso é

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que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo

transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto – alguma coisa


– e um objeto indireto – a alguém (FREIRE, 1996, p. 23).
Resumidamente, pode-se dizer que a educação é um ato inerente à ação humana, e
sempre existiu, desde as primeiras sociedades. É claro que o conceito de educação foi
ganhando diferentes interpretações e, também, porque não dizer, evoluções ao longo da
história. E você, o que pensa? Concorda com as definições até aqui?

1.1.2 Conceituando história

Seguindo em nossa disciplina, passamos agora ao objetivo de conceituar o termo história,


para tanto, iniciamos com uma citação do educador Paulo Freire, na qual o autor nos fala
sobre a experiência de estarmos no mundo como sujeitos históricos.

O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros

me põe numa posição em face do mundo que não é de quem nada


tem a ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de

quem se adapta mas a de quem nele se insere. É a posição de


quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da

História (FREIRE, 1996, p. 54).


Esse conceito de sermos sujeitos históricos é defendido por diferentes pesquisadores.
Entre eles, Aranha (2006) aborda nossa ação de estar no mundo enquanto seres
produtores de história.

Somos seres históricos, já que nossas ações e pensamentos


mudam no tempo, à medida que enfrentamos os problemas não só

da vida pessoal, como também da experiência coletiva. É assim


que produzimos a nós mesmos e a cultura a que pertencemos.

Cada geração assimila a herança cultural dos antepassados e


estabelece projetos de mudança (ARANHA, 2006, p. 6).
Pensar a história significa refletir sobre nossa própria existência. Significa também
problematizar sobre o futuro, de modo a ter referências para não perpetuar discursos e
injustiças históricas. Como nos casos dos povos indígenas e africanos, por exemplo.
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Ao estudar o percurso histórico da humanidade, podemos ressignificar um olhar de


cuidado para a manutenção das tradições e cultura de um povo e de seus territórios.
Essa é uma ação de estar no mundo pertinente à ação dos educadores e educadoras.

Olhar para a história é desvendar nossos olhos para compreender o passado,


problematizar o presente e planejar o futuro. Sobretudo quando nosso objeto de estudo é
a história da Educação, tema que merece destaque na tarefa de formação de
professores(as).

Afinal, o que é história?


Segundo o artigo de Lee (2011), história é:

A História diz respeito ao estudo do passado e não do futuro. Mas


algum conhecimento sobre o passado nos dá um alcance (mesmo

que ligeiro) sobre o futuro. Esse alcance não é fortalecido pela


tentativa de fazer da história uma fonte pseudocientífica de

predições: ela somente tem alguma coisa distinta a oferecer


quando nos reportamos a ela (LEE, 2011, p. 37).
Nas palavras de Lee (2011), história remete ao passado, entretanto, com vistas ao futuro.
Um futuro que se quer consciente, a partir das referências do passado. Daí a sua
importância como atividade essencial para as sociedades. O estudo da história se faz
elementar no ato educativo.

Todavia, história sem educação inexiste, pois a primazia da história é nos ensinar com a
experiência, com o saber acumulado pela ação humana.

Desse modo, conclui-se que educação e história não se separam. Ao contrário, é pela
ação da primeira e a consciência da segunda que se constrói o fazer docente. Por isso,
temos a necessidade tão fortemente de, na formação de docentes, comungar a história
da educação.

1.1.3 A importância de estudar história da educação

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Como visto, estudar a história da educação consiste em uma tarefa essencial para
educadores e educadoras. Uma ação de considerar os aspectos históricos durante seu
fazer docente. Isso porque, ao se ministrar sobre a colonização do Brasil, pode-se referir
erroneamente aos africanos traficados, muitas vezes de modo ingênuo, utilizando-se o
termo escravos para nomeá-los; ao passo que o condizente seria utilizar o termo
escravizados. Essa diferença pode parecer tênue, mas está carregada de sentidos.

Figura 2 – Escultura representando a libertação de escravos. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.

#PraCegoVer : Fotografia de uma escultura sobre a libertação dos


escravos. Sob um céu azul sem nuvens, há uma mulher negra com
um turbante laranja, posicionada à altura do peitoral de um
homem, observando-o. Ele também é negro, possui cabelos curtos
e cacheados, e está com os braços erguidos ao céu, segurando
duas correntes quebradas, como se houvesse acabado de
arrebentá-las com as forças dos braços.
As pessoas que foram trazidas, pelo uso da força, ao Brasil não eram escravos em sua
origem. O fato de serem submetidas ao trabalho escravo é uma condição imposta a esses
seres humanos. Portanto, estavam escravizados, mas não foram escravos por opção.

Outro exemplo é atribuir aos indígenas um rótulo de pessoas primitivas e sem cultura. Ou,
por falta de conhecimento, aceitar o argumento que as mulheres de épocas passadas

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preferiam todas estar à margem do estudo, como na época em que as escolas eram
somente para homens.

O que queremos enfatizar é que o educador tem a incumbência de conhecer a história.


Ainda que não seja um historiador por natureza, seu discurso e suas ações devem conter
uma prática, nas palavras de Freire (1996), inacabada. E, por conseguinte, imbuída de
curiosidade, de ética, de inteligência, de luta contra os descaminhos.

Naturalmente, o que de maneira permanente me ajudou a manter

esta certeza foi a compreensão da História como possibilidade e


não como determinismo, de que decorre necessariamente a

importância do papel da subjetividade na História, a capacidade de


comparar, de analisar, de avaliar, de decidir, de romper e por isso
tudo, a importância da ética e da política (FREIRE, 1996, p. 145).
Por fim, concluindo nosso estudo sobre a importância de se estudar a história da
educação, deixamos como reflexão final a contribuição de Aranha (2006), a respeito
dessa necessidade primária para a formação docente:

Da mesma maneira, com a história da educação construímos


interpretações sobre as maneiras pelas quais os povos transmitem
sua cultura e criam as instituições escolares e as teorias que as

orientam. Por isso, é indispensável que o educador consciente e


crítico seja capaz de compreender sua atuação nos aspectos de
continuidade e de ruptura em relação aos seus antecessores, a fim
de agir de maneira intencional e não meramente intuitiva e ao
acaso (ARANHA, 2006, p. 07).
Chegamos ao fim da primeira seção de nossa disciplina. Esperamos que os conceitos
discutidos aqui tenham sido significativos para você e sua prática, ou ainda, prática futura
como docente. Seguramente, os assuntos discutidos aqui têm notória importância para a
formação de educadores e educadoras.

Reflita: você concorda com os conceitos que abordamos? Quais suas opiniões?

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Teste seus conhecimentos


Atividade não pontuada.

1.2 A educação na Pré-história e a educação na Antiguidade


Chegamos à segunda seção da disciplina e a partir de agora, conscientes da importância
do estudo da história da educação para a formação de educadores e educadoras,
podemos olhar para a história munidos da consciência inquietante sobre como os fatores
históricos vão influenciar nossos discursos e práticas na educação. Em especial,
queremos destacar que foi nas comunidades da Pré-história que a educação em seu
estado primeiro floresceu: o de aprender junto ao outro.

1.2.1 Educação na Pré-história

Como vimos anteriormente, o ato de educar sempre fez parte dos agrupamentos humanos
como uma atividade elementar de manutenção da vida e da autonomia dos entes de um
grupo.

Vale ressaltar que as sociedades tribais da Pré-história possuíam diferentes modos de


organização social, de viver e agir sobre a natureza. Não podemos generalizar todas as
diversas sociedades tribais agindo e intervindo na natureza de igual modo. Todavia, é
consenso que o modo místico e divino como viam as forças da natureza é uma marca que
predominavam em diferentes povos antigos.

O modo como se relacionavam em comunidade e as formas de conceber a educação era


coletiva e homogênea, não havia supremacia.

A organização social das tribos baseia-se em uma estrutura que


mantêm homogêneas as relações, sem a dominação de um
segmento sobre o outro. Mesmo que a divisão de tarefas leve as
pessoas a exercerem funções diferentes, o trabalho e o seu

produto são sempre coletivos. Também as atividades das

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mulheres adquirem um caráter social, por não se restringirem ao


mundo doméstico (ARANHA, 2006, p. 35).
O ensino prático dos mais jovens abrangia a formação para a vida. Era uma formação
integral para o indivíduo exercer sua autonomia na comunidade. Geralmente, esse
conhecimento não tinha imposição e o tempo de assimilação de cada indivíduo poderia
ser respeitado. Isso porque não havia um sistema que regulava o tempo e impunha
condições.

O conhecimento era passado de geração a geração de modo prático e oral, pois ainda
não havia a escrita. A relação mítica com a natureza imprimia especial relação do homem
com os elementos da natureza. Nesse contexto, podemos destacar os ritos de passagem,
da infância para a vida adulta para citar um exemplo.

Outros ritos que podemos destacar se relacionam ao nascimento e a morte. O


conhecimento e aprendizado dos diferentes ritos obedeciam sempre à própria vivência.
Portanto, todo o conhecimento era, além de útil para a vida em sociedade, significativo,
pois para aprender era necessária uma experiência real por parte do indivíduo com seu
objeto de conhecimento.

Podemos supor que, nesse sistema de ensino, não havia uma teoria dos conhecimentos.
Não havia o ensinamento teórico e sistematizado sobre a técnica de pescar, por exemplo.
Semelhantemente, todos os indivíduos tinham acesso aos diversos conhecimentos
disponíveis na sociedade. O que trazia oferta de conhecimento e de oportunidade para
todos.

Outro fator especial é que os entes daquela sociedade faziam diversos afazeres para o
bem comum do grupo. Nesse contexto, era necessário aprender diversas atividades. Era
comum ter mais de um “mestre” que ensinava o ofício ao “aprendiz”. Para aprender era
necessário, podemos crer, vivenciar a partir do ponto de vista de cada “mestre”, que era
necessariamente um parceiro mais experiente daquela cultura.

Ainda não havia um ente destinado ao ofício de ensinar. Como já dito, os indivíduos
daquela sociedade faziam diversas atividades. Esse tipo de organização nos remete à
cultura indígena brasileira, o que nos leva a crer que a relação de ensino e aprendizagem

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já existia, no Brasil, muito antes da colonização.

Como vimos, uma forma de registro era a pintura rupestre nas paredes das cavernas.
Essas pinturas remetiam aos afazeres daquela comunidade e seu registro servia como
modo de ensinamento, não só aos mais jovens, mas possivelmente para outras gerações,
perpetuando, assim, a cultura daquele povo.

1.3 Educação na Antiguidade


Com a criação da escrita, os modos de ensinar sofrem grandes mudanças. Nessa parte
da história da humanidade a vida nas sociedades tribais começa a dar espaço a
organizações maiores, pois as cidades começam a surgir e, com isso, há maiores
necessidades de controle das atividades, conforme define Aranha (2006). É possível
depreender que o modo de passar o conhecimento também mudou.

A escrita surge como uma necessidade da administração dos


negócios, à medida que as atividades se tornam mais complexas.

As transformações técnicas e o aparecimento das cidades e


decorrência da produção excedente e da comercialização
alteraram as relações humanas e o modo de sua sociabilidade.
Com o tempo, enquanto nas tribos a organização social era
homogênea, indivisa, foram criadas hierarquias devido a

privilégios de classes, e no trabalho apareceram formas de


servidão e escravismo; as terras de uso comum passaram a ser
administradas pelo Estado, instituição criada para legitimar o novo
regime de propriedade; a mulher, que na tribo desempenhava

destacado papel social, ficou restrita ao lar, submetida a rigoroso


controle da fidelidade, a fim de se garantir a herança apenas para
os filhos legítimos (ARANHA, 2006, p. 35).
Se antes o conhecimento era disponível a todos, agora, os interesses se sobrepõem ao
bem comum, defendido nas antigas sociedades tribais. Ainda de acordo com Aranha
(2006), a educação passou a atender interesses de parcelas menores das sociedades e
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relações de poder se estabelecem.

É o início do surgimento das classes sociais e dos papéis definidos nas novas cidades.
Já não é mais possível que as mulheres tenham autonomia no meio social, ao contrário
disso, fica-lhe outorgado o papel doméstico e de procriação. Desse modo, percebemos
que a educação passa a ser para poucos.

Nesse momento, surgiu a escravidão e o direito de posse de terras, animais etc. Portanto,
o conhecimento necessário para manter esses bens, já não poderia ser ensinado a todos
os entes da comunidade. Foi preciso criar modos de perpetuar as posses e a hegemonia,
e o conhecimento era o modo de manutenção dessas elites que surgiam. A educação
começou a ser restrita e excludente.

Finalmente o saber, antes aberto a todos, tornou-se patrimônio e


privilégio da classe dominante. Nesse momento surgiu a

necessidade da escola, para que apenas alguns iniciados tivessem


acesso ao conhecimento. Se analisarmos atentamente a história
da educação, veremos como a escola, ao elitizar o saber, tem
desempenhado um papel de exclusão da maioria (ARANHA, 2006,
p. 35).
Esse modelo de educação, excludente e de manutenção dos privilégios passou a se
assemelhar com os sistemas educacionais que conhecemos atualmente. O que evidencia
que a história da educação é marcada por desigualdades e injustiças sociais ao longo de
sua trajetória. Essas transformações marcaram de modo contundente o processo de
ensino.

Em todo esse tempo, não vimos ainda aparecer a instituição escolar. Vamos nos deter
ainda na época da Antiguidade e falar sobre as sociedades grega e romana. Para tanto
vamos recorrer à obra de Bittar (2009, p. 16):

As primeiras notícias que temos sobre a escola nos mostram que


só tinham direito a frequentá-la os filhos das classes sociais
privilegiadas. Foi assim no Egito, cuja supremacia foi reconhecida

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pelos gregos, educadores dos romanos, e pelas posteriores


manifestações cristãs. As duas culturas – greco-romana e cristã –
incorporaram elementos do Oriente Próximo, reconhecendo nos
egípcios a origem da cultura, da sabedoria, da instrução.
Vemos em Bittar (2009) que a escola nasceu com o objetivo de manutenção de interesses
das classes sociais privilegiadas, e era destinada a passar sabedoria e conhecimento
para que, quem o detivesse pudesse controlar a vida nas sociedades. Vimos aqui que a
escola surgiu em virtude do interesse das classes superiores e que procuravam, assim, a
hegemonia.

Bittar (2009) nos mostra que foi assim desde os egípcios, passando pela cultura greco-
romana até a educação de influência cristã que, no Brasil, foi a precursora das primeiras
escolas nos tempos da colonização brasileira por Portugal, tendo seu início em 1530.

Nas sociedades gregas predominavam a separação de educação por classes sociais, em


especial aquela destinada às classes dominantes com o objetivo de manutenção do
poder de controlar a sociedade.

Antes de tudo, predominava a separação dos processos


educativos segundo as classes sociais, porém, menos rígidos e
com tendência à democracia. Também nessa sociedade de base

escravista, encontraremos um modelo educativo para a classe


dominante com o objetivo de formá-la para as tarefas de poder. Em
contrapartida, para os trabalhadores, nenhuma escola, só o
treinamento para o trabalho (BITTAR, 2009, p. 17).
Guardadas as devidas proporções, seriam essas as bases que deram origem aos
sistemas educacionais contemporâneos que temos, ou seja, ofertar uma educação
apenas elementar e técnica para os trabalhadores e o ensino superior para as classes
sociais mais privilegiadas. Olhando para esse sistema educacional greco-romano, e de
outras épocas futuras, é impossível não remeter à nossa contemporaneidade.

É importante notar como o nosso presente educacional é a soma das atividades


educacionais de épocas passadas. Como produto dessa soma, o que podemos herdar
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são práticas cristalizadas na oferta de educação. Práticas cristalizadas que deram suporte
para dois tipos de ensino: o destinado ao povo e o destinado à elite.

Devemos, em nossa análise, não cometer generalizações e pressupor que todos os


sistemas educacionais do passado e os nossos sistemas educacionais claramente
privilegiam às classes sociais tidas como superiores. Essa ação incorreria em uma
análise apenas superficial do percurso histórico da educação.

Uma questão de destaque que fazemos na história da educação se dá na educação


familiar. Quando não havia a instituição escolar, havia a instituição familiar. Desde a pré-
história as famílias se encarregavam de ensinar aos filhos o aprendizado necessário para
a sobrevivência e autonomia na sociedade e no ambiente hostil a que eram submetidos.
Mais tarde, quando havia a sociedade dividida em classes, as famílias mais abastadas
contratavam mestres para ensinar seus filhos, isso desde os egípcios e gregos.

As famílias que não tinham condições, na maioria dos casos, educavam seus filhos para
que seguissem seus ofícios e, assim, a ordem de classes estabelecida se mantinha. É
claro que, não podemos generalizar, indicando que toda a história da educação ocorreu
desse modo.

Ao logo do tempo, nas sociedades gregas da Antiguidade, a escrita passou a ser mais
acessível, permitindo que fosse difundida não apenas ao serviço reservado dos escribas.

1.3.1 Educação na Antiguidade oriental

Avançando ao longo da história da educação, vamos falar sobre a educação no Oriente e


conhecer importantes aspectos históricos dessas culturais. Acontece que, com o avanço
das sociedades tribais e o surgimento das primeiras cidades às margens de grandes rios,
as sociedades chamadas fluviais se desenvolveram. Conforme a pesquisa de Aranha
(2006, p. 46):

Há cerca de 5 mil anos teve início o que podemos chamar de


civilização nas regiões banhadas por rios. Por isso, os

historiadores a conheceram como civilizações fluviais (ou

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sociedades hidráulicas), uma vez que, nessas planícies


incrustadas nos desertos, a terra se tornava fértil e o curso d’água

favorecia o intercâmbio de mercadores. Assim surgiram a


Mesopotâmia (às margens dos rios Tigre e Eufrates), o Egito (“uma
dádiva do Nilo”), a Índia (rios Indo e Ganges) e a China (rios
Yangtsé e Hoang-Ho).

Cronologia das primeiras civilizações (datas aproximadas)

» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto

Egito Mesopotâmia China Índia Israel

Esse cenário natural era propício para que houvesse desenvolvimento social e
econômico, e junto a esse cenário, os modos de educação também se desenvolveram. O
que essas diferentes culturas tinham em comum era a forma de governo teocrático. Isso
é, atribuíam, fosse ao imperador ou ao rei, um poder de divindade, como se fossem filhos
de grandes divindades e, por isso, detinham o poder absoluto.

Esse aspecto histórico-cultural tinha grande influência sobre a sociedade. Já passada a


era das tribos, em que tudo era de todos, agora prevalecia a criação de um Estado e suas
formas de controle sobre o povo e a criação de classes desde os escravos até a realeza.
O Estado, por meio de poder teocrático da “divindade” controlava os meios de produção
e as regras de convivência social.

É claro que nessa ordem social, a educação passou a ser restrita e os papéis sociais
passaram a ser definidos com maior clareza. Nesse momento, surgiu uma classe
privilegiada que estava entre a “divindade” e o povo. Tratava-se de dirigentes,
administradores desses Estados, uma classe que detinha altos privilégios e gozava de
grande importância nas sociedades. Eram esses, segundo Aranha (2006), sacerdotes,
funcionários dos governos e escribas.

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Paralelo ao surgimento dos Estados nesses países do Oriente, estava uma criação
humana que mudaria os rumos da educação e da história, a invenção da escrita .
Inicialmente ligada às figuras, a criação da linguagem escrita com o tempo evoluiu da
representação por imagens para a representação dos sons emitidos por meio da fala.

Costuma-se chamar de pictográfica a escrita que representa


figuras, enquanto em um nível maior de abstração, a escrita

ideográfica representa objetos e ideias. Escritas como os


hieróglifos egípcios, os caracteres cuneiformes da Mesopotâmia e
os ideogramas chineses são ideográficas, ainda quando passaram
por etapas anteriores de registro pictográfico, mais presas à
imagem. Já as escritas fonéticas decompõem as palavras em

unidades sonoras: neste caso, libertados da figura, do objeto e da


ideia, os sinais diminuem drasticamente de quantidade para
registrar apenas os sons em infinitas composições possíveis. A
escrita fonética ainda pode ser silábica (um sinal para a sílaba) ou
alfabética (um sinal para cada letra) (ARANHA, 2006, p. 49).
A escrita era um importante fator de controle das produções dos Estados e também um
modo de elitização, pois nem todos podiam aprender o ofício de escriba. Portanto, o
acesso à aprendizagem da escrita era uma atividade muito bem-vista nas sociedades e,
como vimos, restrita. Todavia, a evolução do sistema de escrita pelos fenícios possibilitou
a ampliação de acesso a esse universo, até então, muito restrito.

A escrita, no entanto, difundiu-se muito mais no segundo milênio,

por volta de 1500 a.C. (data incerta), quando os fenícios inventaram


a escrita fonética alfabética, ou a aperfeiçoaram, não se sabe bem.
O termo alfabeto, inicialmente formado pelas primeiras letras
fenícias aleph e bet, é composto das letras gregas alpha (α) e beta
(β). Os 22 sinais permitem as mais diferentes combinações,

tornando bem mais práticos o uso e a aprendizagem da escrita


(ARANHA, 2006, p. 51).

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Com a avanço do acesso à escrita, o conhecimento pode ser mais difundido através dos
séculos, até que, com o passar do tempo, pudesse chegar para mais pessoas e perdesse
seu aspecto “divino”.

Os fenícios destacaram-se como exímios navegadores e

excelentes negociantes, e a invenção do alfabeto facilitava


enormemente os registros das transações comerciais. A
simplificação da escrita contribuiu para que ela deixasse de ser
monopólio de uma minoria e perdesse aos poucos o caráter

sagrado (ARANHA, 2006, p. 51).


Esse conhecimento chegou aos gregos, que o difundiram ainda mais, de modo que
séculos a frente, chegasse até nós. Isso dada a grandiosa influência da cultura grega
para a formação da nossa língua portuguesa e outras línguas de origem latina, como o
italiano, para citar apenas um exemplo.

É importante compreender que a divisão em classes, após a criação dos Estados, criou
hierarquias rígidas e relegou privilégios às classes superiores e exclusão de
conhecimentos e de direitos aos pobres e aos escravizados. De modo que o
conhecimento, ainda que com a criação e o avanço da escrita, era para poucos. Os
privilégios dessa época deixaram claro que o desenvolvimento da educação esteve
associado fortemente à exclusão.

O conhecimento restrito é uma marca histórica que caminhou desde a criação das
sociedades orientais e ocidentais e que persiste até os dias atuais. Compreender esses
fatos históricos, é sem dúvidas, uma parte importante para a formação inicial e continuada
de professores e professoras.

Ainda falando das sociedades orientais e do processo privilegiado de acesso ao


conhecimento, vejamos mais características desse período, ainda citando Aranha (2006),
cuja pesquisa dá base ao nosso estudo.

Em decorrência, estabeleceu-se uma diferenciação entre os


destinados aos estudos do sagrado e da administração e aqueles

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voltados ao adestramento para os diversos ofícios especializados.


Teve início, então, o dualismo escolar, que destina um tipo de

ensino para o povo e outro para os filhos dos nobres e de altos


funcionários. A grande massa era excluída da escola e submetida à
educação familiar informal (ARANHA, 2006, p. 52).
O caminhar evolutivo da educação trilha o acesso ao conhecimento como forma de
ascensão e status social, mas ainda exclusivo. Não havia escola para o povo. O
conhecimento para todos sempre foi uma marca a ser conquistada, desde as mais antigas
civilizações.

A princípio o conhecimento da escrita era bastante restrito, devido


ao seu caráter sagrado e esotérico. Com o tempo, aumentou o
número dos que procuravam instrução, embora apenas os filhos
dos privilegiados conseguissem atingir os graus superiores
(ARANHA, 2006, p. 52).
A partir do surgimento das primeiras civilizações orientais é que vemos a evolução da
história da educação. Para tanto, vamos falar brevemente sobre essas culturas históricas.

» China

A cultura chinesa se mostra, ainda nos dias atuais, com traços fortemente tradicionais. Na
China antiga, o saber pertencia aos mandarins que, segundo Aranha (2006), tinham a
confiança direta do imperador e, assim, eram os que cuidavam das atribuições do Estado
que regia a sociedade com regras rígidas.

A história da China revela uma das mais tradicionalistas culturas

mantidas sem grandes mudanças mesmo até tempos recentes. É


inevitável que a educação também reproduzisse esse caráter
conservador, voltado para a transmissão da sabedoria contida nos

livros clássicos, ainda que burilada por interpretações posteriores


de outros sábios (ARANHA, 2006, p. 59).
Da cultura chinesa antiga, destacam-se os sábios Lao Tsé e Confúcio, ambos do século
VI a.C., cuja influência gerou forte impacto na cultura chinesa. Como nas outras culturas,
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o ensino também era voltado para as classes superiores e ao povo era dado o saber
manual do aprendizado das oficinas.

A educação elementar visava ao ensino do cálculo e à


alfabetização, muito difícil e demorada devido ao caráter complexo

da escrita chinesa. A formação moral baseava-se na transmissão

dos valores dos ancestrais. Tudo era feito de maneira rigorosa e


dogmática, com ênfase nas técnicas de memorização (ARANHA,

2006, p. 60).

» Egito

Possivelmente a mais antiga das sociedades do oriente, a cultura egípcia se desenvolveu


às margens do rio Nilo. Sua cultura mística, ainda hoje, guarda segredos não
desvendados, apesar do descobrimento de novos sarcófagos e objetos históricos.

A Figura 3 mostra a riqueza de detalhes das obras pertencentes à cultura egípcia.

Figura 3 – Hieróglifos do Egito antigo com faraó e Ankh. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.

#PraCegoVer : Fotografia de um hieróglifo egípcio. A parede em


que os símbolos estão esculpidos é alaranjada. Em primeiro plano
estão quatro figuras. No canto esquerdo, trajado em roupas típicas
da civilização egípcia, está um servo, com as duas mãos

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estendidas ao faraó. No centro da imagem, o faraó observa o


servo, enquanto segura a Ankh, a cruz egípcia, (símbolo da vida
eterna). Ao lado direito do faraó está Osíris, o deus dos mortos,
com as mãos em frente ao próprio peito, segurando um cajado e
um açoite. Por último, do lado direito de Osíris, está o deus Hórus,
que tem cabeça de falcão e corpo de ser humano, empunhando
um cajado na mão esquerda. Atrás das quatro figuras, em segundo
plano, há 15 repartições verticais esculpidas na parede. Cada
repartição, de cima para baixo, dispõe hieróglifos diversos.
O conhecimento gerado na cultura egípcia antiga impressiona devido ao seu alto grau de
elevação. Os egípcios conheciam as áreas de medicina e astrologia, sem falar do
conhecimento arquitetônico, levando em conta a construção das pirâmides, que permitia o
grande desenvolvimento de sua cultura. Segundo Aranha (2006), o conhecimento era
voltado para o desenvolvimento de questões práticas da sociedade.

Apesar do forte teor religioso da cultura egípcia, as informações

eram muito práticas, como o cálculo da ração das tropas em

campanha, o número de tijolos necessários para uma construção e


complicados problemas de geometria destinados à agrimensura.

Extensas listas de plantas e animais indicavam significativo


conhecimento de botânica, zoologia, mineralogia e geografia

(ARANHA, 2006, p. 53).


A cultura egípcia já preconizava o surgimento de escolas, mas não como conhecemos
hoje. A figura do mestre ensinava poucos alunos, mais uma vez acentuando que a
educação era para os mais privilegiados da cultura, em templos e casas. Não havia ainda
o prédio escolar, mas já se admitia uma relação de ensino-aprendizado entre professor e
alunos.

As escolas eram frequentadas por pouco mais de vinte alunos

cada uma, segundo as raras informações de que dispomos. Apesar


de já se perceber a institucionalização das escolas, elas não

funcionavam em prédios especialmente construídos para essa


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função, mas sim nos templos e em algumas casas. Os mestres


sentavam-se em uma esteira e os alunos ao redor dele, muitas

vezes ao ar livre, “sob uma figueira”, como atesta a rica


iconografia egípcia. Os textos eram aprendidos mediante a

repetição mnemônica, isto é, pela leitura em voz alta, em conjunto,

para facilitar a memorização. O ensino autoritário tinha por


finalidade curvar o aluno à obediência (ARANHA, 2006, p. 53).

» Índia

A cultura indiana possui características que permanecem até os dias atuais. Nascida por
volta de 2000 a.C., às margens dos rios sagrados Indo e Ganges, a cultura hindu
influencia não só a sociedade indiana, mas também outras culturas mundo afora.

Um fator preponderante na cultura da Índia se dá pela hierarquização da sociedade por


meio de castas, de modo que a segregação imposta pela mesma é severa e não permite
que o conhecimento seja para todos.

Se nas civilizações orientais as divisões de classe foram

marcantes, na Índia estabeleceram extrema discriminação. A


população era dividida em castas fechadas: os brâmanes

(sacerdotes), os xátrias (guerreiros e magistrados), os vaicias

(agricultores e mercadores), os sudras (artesãos) e os párias


(servos dedicados aos serviços considerados mais humildes).

Devido à crença de que todos saíram do corpo do deus Brahman,


os brâmanes eram considerados mais importantes por terem sido

gerados da cabeça do deus. No outro extremo, os párias, por nem

sequer terem origem divina, não pertenciam a nenhuma casta e


por isso eram intocáveis e reduzidos a uma condição miserável.

Segundo tão rígida hierarquia, que predeterminava as condições

de casamentos e a escolha de profissões, a educação também era


discriminadora, privilegiando os brâmanes. Encaminhados por

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mestres, eles aprendiam os textos sagrados dos Vedas e dos

Upanishads (ARANHA, 2006, p. 57-58).


Nessa cultura havia a figura do mestre e da escola, não como conhecemos, mas, de
modo geral, somente as castas superiores tinham acesso aos estudos superiores. A
hierarquização não permitia aos grupos inferiores terem acesso nem mesmo à educação
elementar. O budismo (criado por Sidarta Gautama, conhecido como Buda, que significa
“o iluminado”), que tem como destaque a relação mestre e discípulo, exerce grande
influência em toda a cultura indiana, e, também, como dito, em diferentes países.

» Mesopotâmia

A civilização da Mesopotâmia surgiu por volta do final do quarto milênio a.C., à beira dos
rios Tigre e Eufrates. Pouco se sabe sobre os modos de transmissão de educação,
provavelmente, segundo Aranha (2006), de início o ensino se dava na instituição familiar.
Sua cultura também, à semelhança dos egípcios, era bem desenvolvida para a época.
Eles tinham conhecimentos medicinais, calendários lunares, astronômicos e dispunham
de bibliotecas e ferramentas forjadas a partir do bronze. A influência mística tinha forte
aspecto em sua cultura.

Mais tarde, houve a criação de escolas públicas para impor a cultura dos assírios, que
haviam dominado a Babilônia. O sacerdócio, assim como no Egito, exercia forte influência
cultural. De acordo Aranha (2006), houve a criação de ricas bibliotecas e de centros de
ensino superior.

Também proliferaram ricas bibliotecas no interior dos templos, em


que os “livros” eram tabuletas ou cilindros gravados com

caracteres cuneiformes e versavam sobre os mais diversos


assuntos.

À semelhança do Egito, destacava-se a cultura da poderosa classe

sacerdotal, depositária do saber e encarregada da educação. A


escola formava os escribas, incumbidos de ler e copiar os textos

religiosos usando a difícil escrita. Por isso, o aprendizado era

longo, minucioso e voltado para a preservação dessa cultura

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milenar. Os escribas tinham a função de registrar inclusive as

transações comerciais, e foi desse modo que ficamos sabendo da

intensa atividade comercial internacional dos mesopotâmios


(ARANHA, 2006, p. 55-56).

1.3.2 Educação na Antiguidade ocidental

Falamos agora sobre duas grandes civilizações que em muito influenciaram a formação
da nossa cultura brasileira. Isso porque a Grécia é denominada como o berço da cultura
ocidental, bem como a civilização de Roma e a grande expansão de seu império.
Contribuições, sobretudo, na formação de nossa língua portuguesa a partir da língua
latina, difundida por meio da cultura greco-romana. Vale dizer que nos deteremos em
alguns aspectos da rica história dessas grandes civilizações ocidentais, dada a
complexidade de detalhes e extensão das mesmas.

» Grécia

Conhecida como berço da cultura ocidental, a Grécia tem extensa e complexa história.
Apesar de ser formada por diversas cidades-estado, todas tinham uma mesma religião e
língua, portanto, estava, de certo modo, unificada. A Grécia teve diferentes períodos
históricos, sendo que:

Os gregos se distinguiam dos demais povos, denominando sua

terra de Hellás, ou Hélade, a si mesmos de helenos e aos outros,


pejorativamente, de bárbaros. Só mais tarde essa região recebeu a

designação latina de Graii, de que derivou Graecia (que se lê


Grécia).Vejamos como se constituiu esse povo de marcante

influência na civilização ocidental até os tempos presentes

(ARANHA, 2006, p. 73-74).

Periodização da história da Grécia antiga

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Civilização micênica Tempos homéricos Período arcaico

Período clássico Período helenístico

Fonte: ARANHA, 2006, p. 74. (Adaptado).

Como visto, a história da Grécia é complexa e com diferentes períodos históricos.


Entretanto, é importante destacar a criação das pólis . No relato histórico, a criação das
pólis se deu no final do período arcaico, sendo que:

No final do período arcaico, várias lutas denunciavam a crise social


e política que resultou do conflito entre a aristocracia rural e os

setores populares representados pelos comerciantes em

ascensão. As leis escritas, decorrentes das reformas do legislador


Sólon, favoreceram o acesso dos ricos comerciantes ao poder, e

no final do século VI a.C. as reformas de Clístenes deram


condições para o nascimento, no século seguinte, de uma nova

ordem política, a democracia (ARANHA, 2006, p. 77).


Ao que Aranha (2006) completa:

A pólis se constituiu com a autonomia da palavra. Não mais a

palavra mágica dos mitos, concedida pelos deuses, mas a palavra


humana do conflito, da argumentação. A expressão da

individualidade por meio do debate engendrou a política,

libertando o indivíduo dos desígnios divinos, para que ele próprio


pudesse tecer seu destino na praça pública. A instauração dessa

ordem humana deu origem ao cidadão da pólis (ARANHA, 2006, p.

78).
No contexto da pólis, surgiu a criação do conceito de paideia , que remete à formação
integral do ser humano, um termo da cultura grega que não encontra tradução por ser
muito amplo e carregado de significados.

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A ênfase dada à formação integral deu origem a um conceito de

complexa definição, ou seja, à paideia, palavra que teria sido


cunhada por volta do século V a.C., mas que exprimia um ideal de

formação constante no mundo grego. De início significava apenas


educação dos meninos (pais, paidós, “criança”). Com o tempo

adquiriu nuanças que a tornaram intraduzível. O helenista Werner

Jaeger, que escreveu uma obra com esse nome (Paideia), diz:
“Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como

civilização, cultura, tradição, literatura ou educação; nenhuma


delas, porém, coincide realmente com o que os gregos entendiam

por paideia (ARANHA, 2006, p. 82-83).


Ainda assim, a paideia, apesar de ter como ideal a formação integral do ser humano, não
se restringia aos escravos e, tampouco, aos que tinham essa formação integral se
ocupavam de tarefas relegadas aos escravos. De acordo com Aranha (2006), somente
mais tarde, no Iluminismo, por volta do século XVIII, é que houve uma tentativa de
educação universal para todos.

É importante ressaltar que a Grécia foi o berço de grandes filósofos, conforme


apresentado a seguir.

Filosofia grega

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Os primeiros filósofos surgiram nas colônias gregas da Jônia e na


Magna Grécia. Ao iniciar o processo de separação entre a filosofia e o
pensamento mítico, ocupavam-se com questões cosmológicas sobre os
elementos constitutivos de todas as coisas.

SOCRÁTICOS OU CLÁSSICOS

(SÉCULOS V E IV A.C.)
Desse período, fazem parte o próprio Sócrates, seu discípulo Platão e,
posteriormente, o discípulo deste, Aristóteles e, também, os sofistas são
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dessa época.

PÓS-SOCRÁTICOS (SÉCULOS III E II A.C.)


Após a morte do imperador Alexandre, teve início o helenismo e
surgiram as correntes filosóficas do estoicismo e do epicurismo.

» Roma

Com as conquistas e expansão do Império Romano, a cultura greco-romana se expandiu


aos continentes da Europa, África, Ásia e Oriente Médio e levou consigo a influência da
língua latina, para citar um exemplo dos impactos que se fazem notórios até os dias de
hoje. Relatar a história do Império Romano dentro de nossa disciplina, assim como da
cultura grega é uma tarefa difícil, dada a complexidade de ambas. Por esse motivo,
vamos nos deter nos aspectos educacionais.

Cronologia do Império Romano

» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto

República (de 509 a 27 a.C.) Império (de 27 a.C. a 476 d.C.)

O aspecto relativo à educação, que destacamos do Império Romano, é relativo à sua


característica de expansão e dominação de outras culturas. Entretanto quando da
dominação da Grécia, Roma incorporou muito da rica cultura grega, chegando à fusão
das culturas, gerando a cultura greco-romana. Um aspecto de fusão cultural se deu com a
língua latina (própria dos romanos), mas que não foi imposta aos gregos e sim
incorporada à cultura, gerando mais tarde, como já dissemos, uma fusão entre ambas as
culturas. Sobretudo, destacamos como característica da cultura romana a humanitas ,
sendo que:

A cultura universalizada pode ser expressa na palavra humanitas

— no sentido literal de humanidade e, mais propriamente, de

educação, cultura do espírito —, algo equivalente à paideia grega.


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Distingue-se desta, no entanto, por se tratar de uma cultura


predominantemente humanística e sobretudo cosmopolita e

universal, buscando aquilo que caracteriza o ser humano, em

todos os tempos e lugares. Essa concepção, muito valorizada por


Cícero, não se restringia ao ideal do sábio, muitas vezes

inalcançável, mas se estendia à formação do indivíduo virtuoso,


como ser moral, político e literário (ARANHA, 2006, p.132).
A característica geral da pedagogia romana era de formar o cidadão racional, capaz de
participar de sua sociedade, de pensar e se expressar racionalmente. De acordo com
Aranha (2006), Roma era uma sociedade que ainda mantinha o trabalho escravo e os
mestres trabalhavam para formar o cidadão romano. Seu trabalho tinha o objetivo de
formação intelectual das elites dominantes.

As culturas grega e romana são complexas e apresentam ricos detalhes que colaboraram
para moldar a história da humanidade, desse modo, fica claro que o assunto não se
esgota aqui. Todavia, o estudo sobre essas civilizações antigas agregam e embasam os
conhecimentos necessários para o exercício da educação.

Teste seus conhecimentos


Atividade não pontuada.

1.4 A educação na Idade Média


O processo histórico da Idade Média tem cerca de mil anos, desde a queda do Império
Romano até a tomada da Constantinopla. Assim como nos demais períodos históricos
que estudamos, não será possível passar uma visão ampla e detalhada dos
acontecimentos em tão longa história. Portanto, nos deteremos aos principais processos
educacionais ocorridos na época.

Acontecimentos históricos da Idade Média

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ORIENTE
395 (ainda, na Antiguidade).

IDADE MÉDIA
De 476 (queda do Império Romano do Ocidente) a 1453 (tomada de
Constantinopla pelos turcos).
IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE
(OU IMPÉRIO BIZANTINO)
De 395 a 1453.

EXPANSÃO ISLÂMICA
Iniciada no século VII; na Europa, o último reduto islâmico, em Granada
(Espanha), foi reconquistado pelos cristãos, em 1492.

Uma característica fundamental desse tempo é a implementação do regime dos senhores


feudais e o crescimento do cristianismo como religião oficial dos territórios romanos.

A transição da Antiguidade para a Idade Média se deu com a

implantação do sistema feudal e produção e com a consolidação


do cristianismo com uma nova visão de mundo. Esse processo foi

longo e, resumidamente, teve os seguintes passos: 1- desde a


morte de Jesus, acontecimento que que se convencionou datar de

século I d. C., as suas ideias e pregações, especialmente por meio

do apóstolo Paulo, se expandiram por todo o território do Império


Romano, vindo a se constituir no cristianismo, que se tornou

religião oficial do mundo romano em 391; 2- devido às sucessivas


crises políticas, econômicas (escravismo) e sociais (cristianismo),

em 395 ocorrerá a divisão do Império em Ocidente e Oriente, e em

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476 d.C. será deposto o último imperador do Ocidente [...] (BITTAR,

2009, p. 25).
Com a nova visão de um Deus único, onipotente e onisciente, grandes mudanças são
estabelecidas gradualmente, como a substituição da paideia grega pela educação cristã.
Com vistas a formar o cristão para esse novo mundo, a educação perdeu seu ideal de
formação do cidadão e passou a ser ministrada pela Igreja Católica, por meio de seus
padres. Segundo Bittar (2009), a Igreja Católica detinha todo o poder diante de uma
sociedade quase toda analfabeta, era a Igreja quem determinava o que podia ou não ser
lido.

Com a ideia da paideia de Cristo superando a grega, a educação passou a ter um caráter
judaico-cristão e, de modo geral, o objetivo de uma escola para a elite é suprimido em
razão de uma escola que contemplasse também as camadas populares da sociedade,
mas isso em tese, pois muitos padres também eram analfabetos. Nesse contexto, novas
ideias passam a vigorar na história da educação. Se a Igreja tencionava estender
educação para as camadas populares em escolas católicas, que escolas eram essas e
quem as frequentava?

Ora, numa sociedade que vivia uma transição do escravismo para


o feudalismo e na qual a vida urbana declinava em favor de

atividades no campo (produção feudal), eram muito poucas as

cidades, e o empobrecimento cultural enorme. Assim, dois tipos


de “escola” foram predominantes: 1) nos centros urbanos, as

catedrais, onde se ensinava o alfabeto e nas quais as crianças de


classes sociais populares, antes segregadas, passavam a aprender

o alfabeto; 2) nos mosteiros (cenóbios), longe da vida urbana, e

nos quais viviam reclusas as ordens religiosas, praticava-se a


formação para os próprios quadros da igreja. Nesta última

modalidade de educação, era frequente que as crianças de origem


humilde, escravas de ultramar, fossem resgatadas pelos

mosteiros, além daquelas que lhes eram oferecidas pelos pais

(chamadas oblatos). Em ambos os casos, a educação tinha caráter


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de aculturação, isto é, o seu objetivo era formar o cristão (BITTAR,

2009, p. 26-27).
Vale aqui fazermos um recorte para refletirmos sobre o termo aculturação . O processo
de aculturação, em linhas gerais, consiste em “civilizar” os nativos e torná-los cristãos.
Processo pelo qual os índios passaram na ocasião da colonização do Brasil e que deu
início ao longo período de catequização realizado pelos padres jesuítas.

Nesse recorte, o termo aculturação remete ao processo de imposição da cultura cristã em


detrimento da cultura de origem da pessoa. Com o objetivo de “livrar a pessoa de sua
ignorância para conhecer a verdade”. Esse processo consistiu em uma das marcas do
ensino de origem cristã. Voltando à escola da Idade Média, o objetivo maior era o de
formar o cristão. Para tanto a escola cristã utilizava métodos que iam da memorização
constante ao castigo para os que não cumpriam as regras.

Importante salientar que, na Idade Média, foram criadas as universidades, e eram nessas
instituições que se obtinha a licença para docência, o que pode ser considerado uma
semelhança com o curso de Pedagogia atual.

As universidades, a princípio, eram simplesmente encontros entre


as duas partes interessadas no conhecimento, uma corporação de

estudantes e mestres funcionando no interior das catedrais;


portanto, houve uma continuidade entre escolas episcopais (nas

catedrais) e universidades, que também nasceram sob o poder da

igreja católica. Era ela quem concedia, com exame prévio de


títulos de estudos, a autorização para ensinar (licença docente)

(BITTAR, 2009, p. 28).


No contexto histórico da Idade Média, é importante registrar o aparecimento da classe
burguesa. Se antes havia a Igreja Católica e de outro lado os senhores feudais, com o
avanço da história e o surgimento de cidades livres, os burgueses buscavam seus
interesses e entre eles estava o de uma educação livre do julgo da Igreja. Em decorrência
desse processo, foram criadas escolas livres, nas quais se buscava o ensino de
habilidades práticas para esse novo mundo que se iniciava.

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Influenciadas pelo comércio que se expandia, as novas escolas procuravam atender


interesses da vida prática e social. Nessas escolas, o ensino do latim foi substituído pela
língua local e a aprendizagem deixou de ser exclusivamente religiosa. Essas eram as
escolas seculares, as “escolas do mundo”. Não havia um lugar específico para essas
escolas, que podiam ser na casa dos mestres, nas esquinas ou em salas alugadas para
esse fim.

O princípio geral dessas escolas era o de formar para os ofícios, uma vez que o comércio
e suas atividades estavam em ascensão. Como podemos observar em Aranha (2006), o
ensino ganhava um contorno inédito, a formação específica para o serviço.

Nas cidades, os servos libertos se ocupavam com diversos

ofícios: alfaiate, ferreiro, boticário, sapateiro, tecelão, marceneiro


etc. Com o incremento do comércio, expandiram-se algumas das

atividades que antes estavam reduzidas ao necessário para o

consumo da própria comunidade. As técnicas foram aperfeiçoadas,


sobretudo quando as Cruzadas proporcionaram maior contato com

o Oriente. Mais exigente, a sociedade medieval começava a se

interessar pelo luxo e pelo conforto.


Organizaram-se então ascorporações de ofício (ou grêmios),

segundo as quais nada podia ser produzidosem regulamentação


rigorosa. Na cidade, essas corporações determinavam, paracada

profissão, o material a ser usado, o processo de fabricação, o

preço doproduto, o horário de trabalho e as condições de


aprendizagem (ARANHA, 2006, p.168-169).
É importante dizer que a educação da Igreja Católica e as que denominamos como
escolas voltadas para os ofícios coexistiam, ou seja, uma não anulou a outra, mas novos
tempos e novas exigências surgiram com novos objetivos educacionais e sociais. Nesse
sentido, as universidades também se desenvolviam e ganhavam características voltadas
para o fazer social, que influenciava os objetivos burgueses com cursos nas áreas de
medicina, filosofia, teologia e das leis. Nessas universidades, havia a necessidade de
provas para adquirir o título de licenciado, bacharel e doutor.
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Sobre as instituições de ensino superior, Aranha (2006) apresenta um breve histórico:

A universidade mais antiga de que se tem notícia talvez seja a de


Salerno, na Itália, que oferecia o curso de medicina, desde o século

X. No final do século XI (em 1088) foram criadas a Universidade de

Bolonha, na Itália, especializada em direito, e, no século seguinte, a


de teologia, em Paris. Na Inglaterra destacam-se a de Cambridge e

a de Oxford, com predominante interesse pelos estudos científicos


como matemática, física astronomia. Outras foram criadas em

Montpellier, Salamanca, Roma e Nápoles. Nos territórios

germânicos, as universidades de Praga, Viena, Heidelberg e


Colônia só apareceram no final do século XIV. Ao longo da Idade

Média foram fundadas mais de oitenta na Europa Ocidental


(ARANHA, 2006, p. 172).
Como vimos, a educação sofreu mudanças importantes no período da Idade Média,
desde as escolas cristãs até o surgimento das escolas não religiosas e das universidades
que ganharam grande destaque no cenário social.

Muito bem, vamos encerrando a primeira unidade de nossa disciplina. Você concorda que
a educação avançou desde a pré-história? Quais são suas opiniões? Ainda é certo que
muito temos que avançar até os dias atuais. No contexto que descrevemos até aqui, o
Brasil nem havia sido “descoberto”, mas vamos chegar lá!

Síntese
Nesta unidade, conhecemos os conceitos de educação e história. Vimos que educação
transcende a definição de escola, pois aprender e ensinar faz parte da essência humana
e já existia essa relação desde as comunidades pré-históricas. Em história,
compreendemos que ela nos ensina a entender o presente e olhar para o futuro
considerando a herança cultural da humanidade e, desse modo, conscientes de nossas

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ações, possamos continuar a praticar as tradições de nossos antepassados ou romper


com as mesmas. Vimos também a importância de se estudar a história da educação para
a formação de novos educadores(as). Além disso, conhecemos o caminho evolutivo da
educação durante os períodos históricos, compreendido desde a Pré-história até o
Império Romano, os modos como as escolas foram concebidas e as relações de interesse
que foram aos poucos forjando os processos educacionais.

SAIBA MAIS

Título: Escritos de Marilena Chaui | O que é cultura?


Postado por: Grupo Autêntica
Ano: 2018
Comentário: Nessa palestra, a filósofa Marilena Chauí nos dá uma aula
sobre a definição de cultura. Esse conceito de cultura, se junta aos
conceitos de educação e história, discutidos nesta unidade.
Onde encontrar? Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-
YQcFNoiDMw >.

Título: Cultura é o quê?


Autora: Daniele Canedo
Ano: 2009
Comentário: Nesse artigo científico, a pesquisadora Canedo aborda os
conceitos e definições de cultura.
Onde encontrar? Disponível em: <
http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf >.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=V3tRMHnO6UUW3sY7a8RVgA%3d%3d&l=PVDH67GEYtvUOS3%2bnw2g%2fg%3d%3d&cd=jH7… 36/39
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Título: Por que é importante estudar História da Educação?


Postado por: Nova Escola
Ano: 2013
Comentário: Entrevista com o educador emérito Demerval Saviani que
aborda o conceito-chave da nossa disciplina, ou seja, a importância da
história da educação.
Onde encontrar? Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?
v=qxXk9ZWrXTc >.

Referências bibliográficas

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=V3tRMHnO6UUW3sY7a8RVgA%3d%3d&l=PVDH67GEYtvUOS3%2bnw2g%2fg%3d%3d&cd=jH7… 37/39
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ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia : geral e Brasil. 3. ed. São


Paulo: Moderna, 2006.

BITTAR, M. História da educação : da antiguidade à época contemporânea. São Carlos:


EdUFSCar, 2009.

CANEDO, D. Cultura é o quê? – Reflexões sobre o conceito de cultura e a atuação dos


poderes públicos. In: ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, 5.,
2009. Salvador. Anais ... Salvador: Faculdade de Comunicação da Universidade Federal
da Bahia, 2009. [n. p.]. Disponível em: < http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf >.
Acesso em: 30 out. 2020.

DOCUMENTÁRIO - Caminhos da educação . Postado por TV Justiça Oficial. (28min.


17s.). son. color. port. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=tsvDLtxMD5A
>. Acesso em: 30 out. 2020.

ESCRITOS de Marilena Chaui | O que é cultura? Postado por Grupo Autêntica. (10min.
02s.). son. color. port. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-
YQcFNoiDMw >. Acesso em: 30 out. 2020.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

LEE, P. Por que aprender história? Educar em Revista , Curitiba, v. 27, n. 42, p. 19-42,
out./dez. 2011. Disponível em: < https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/25834/17271
>. Acesso em: 30 out. 2020.

POR QUE é importante estudar História da Educação? Postado por Nova Escola.
(3min. 13s.). son. color. port. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?
v=qxXk9ZWrXTc >. Acesso em: 30 out. 2020.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=V3tRMHnO6UUW3sY7a8RVgA%3d%3d&l=PVDH67GEYtvUOS3%2bnw2g%2fg%3d%3d&cd=jH7… 38/39
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