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UNIDADE I
GÊNESE HISTÓRICA E CONCEITUAL DO
TRABALHO, DA EDUCAÇÃO E DA ESCOLA

ITEM 03:
TRABALHO, EDUCAÇÃO E ESCOLA

Prof. Dr. Dalton Alves


Pedagogia/UNIRIO/LIPEAD
Departamento de Fundamentos da Educação
Disciplina: Educação e Trabalho

 Sobre o papel do trabalho na origem da educação e na transformação do


processo educativo baseado na escola (Scholé).

Nesta parte trataremos da relação histórica e conceitual do trabalho à origem da


educação e ao surgimento da escola. Sobre o trabalho já tratamos nos itens 01 e 02,
anteriores, desta Unidade I.

Veremos de que forma a organização do trabalho nos primórdios da humanidade


exigiu a necessidade da educação, como meio de passar para as novas gerações os
conhecimentos desenvolvidos pelas gerações anteriores, tendo em vista a perpetuação da
espécie humana. Bem como iremos analisar em que momento surgiu a escola como
modalidade específica de educação, porque e com qual finalidade. Desde que os primeiros
grupos humanos passaram a existir, tiveram a necessidade de criar algum modo de trocar
e de socializar os seus conhecimentos, experiências e práticas, sobretudo, em relação
àquilo que tinha relação direta com a sua sobrevivência e subsistência. Então, tinham
educação, mas não tinham ainda escola.

Entender as razões que deram origem à escola é fundamental para entender qual
é o papel da escola na formação dos seres humanos na atualidade, vez que a escola hoje
tornou-se a modalidade predominante e principal de educação para todos. Assim, é
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possível delimitar mais precisamente quais os limites e possibilidades da educação


escolar no tempo presente.

Em que e como a educação e a escola estão associadas ao processo de trabalho?


Saviani irá dizer:

Nós sabemos que a educação coincide com a origem dos homens. No


momento em que o homem surgiu no universo, surgiu também a
EDUCAÇÃO. Isto porque, o que diferencia o homem dos demais
animais, é exatamente o fato de que o homem não tem sua existência
garantida pela natureza. O homem precisa produzir constantemente a
sua existência, em outros termos, se os animais em geral se adaptam à
natureza, o homem tem que fazer o contrário, ele tem que adaptar a
natureza a si, ele tem que agir sobre a natureza transformando-a. Se ele
não fizer isto, ele perece, quer dizer, ele não subsiste enquanto homem.
Este ato de transformar a natureza é exatamente o que nós conhecemos
pelo o nome de TRABALHO. É por isto que, comumente, se entende
que o homem não pode viver sem trabalhar.
O homem vive do trabalho, ou seja, vive do processo de produção dos
meios da sua própria existência, vive do processo de transformação da
natureza para satisfazer as suas necessidades. Portanto, no momento em
que surge o homem, surge a questão dele se formar a si mesmo, dele se
constituir a si mesmo, dele se produzir a si mesmo e do aprendizado das
formas de sua própria produção.
É neste sentido que nas origens do homem, a educação coincidia com o
próprio processo de existência, com a própria vida. Aí era verdade
prática a frase: ¨Educação é Vida¨. [...]. Ou seja, o homem aprendia a
viver, vivendo; aprendia a trabalhar, trabalhando; aprendia a lidar com
a natureza, lidando com a natureza. E isto era feito coletivamente [...]
aí não existia então escola, existia educação, mas não existia escola.
(SAVIANI, 1995, Vídeo, Parte 1, grifos nossos).

Estas ideias mostram que há uma relação intrínseca entre a educação ou o processo
educativo e a necessidade de o ser humano trabalhar para extrair da natureza tudo do que
precisa para sobreviver. A educação aparece aqui como ato segundo, derivado, porque a
sua função social é a de reproduzir para as novas gerações os conhecimentos
desenvolvidos pelas gerações mais velhas no passado até o presente momento.

Em outros termos,

Além de todos os objetos e técnicas que desenvolveu, o homem criou


maneiras de transmitir e ensinar o que criava. Os conhecimentos
acumulados podiam ser passados dos mais velhos para os mais jovens,
sem que fosse preciso iniciar tudo de novo a cada geração. Assim, as
descobertas se somavam. (TELECURSO SEGUNO GRAU. “O
Homem e a Cultura”, s/d).

A criança será inserida na vida social do grupo onde nasceu e deste grupo irá
aprender os elementos fundamentais para poder viver neste mundo, conforme as
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considerações, costumes e tradições desse seu grupo social. Cada grupo social somente
pode ensinar ao novo membro, recém-chegado, à criança, aquilo que esse grupo
efetivamente conhece e reconhece como o modo mais adequado de se viver e sobreviver.
O que, por sua vez, aprenderam dos grupos antes deles, ao qual acrescentaram as suas
próprias experiências, invenções e criações desde as gerações dos seus antepassados até
o nascimento desse novo membro, ao qual será repassado pelo grupo conforme o processo
educativo que lhe é próprio, tais conhecimentos, costumes, técnicas etc.

Nesta perspectiva, Émile Durkheim, considerado um dos principais teóricos e


criador a área da sociologia, apresenta a seguinte definição de educação em relação à
sociedade, a qual se tornou clássica, segundo a qual

A educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações


que não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por
objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados
físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu
conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se
destine. (DURKHEIM, s/d, p. 41).

Todavia, Saviani esclarece que temos aí um processo educacional, pedagógico, de


aprendizado, mais ainda não temos escola.

Como e por que, então, irá surgir a escola?

Fazendo uma breve retomada da origem da escola podemos perguntar como a


escola foi pensada? Quando? Ela foi criada para atender quais finalidades? Recordar o
processo histórico de criação das escolas, mesmo que brevemente, é fundamental para
podermos analisar e entender mais concretamente o fenômeno e os problemas da
educação contemporânea, os quais têm relação estreita com os princípios que nortearam
o surgimento da escola como modalidade específica de educação e que de certa forma
continuam a norteá-la até hoje e, sobretudo, devido à realidade contemporânea na qual
as sociedades atuais tem na escola a sua principal modalidade de educação para todos.
Nem sempre foi assim.

Então aqui já temos um primeiro ponto, qual seja, a escola surge em determinado
momento histórico e social como uma modalidade específica de educação diferenciada
da educação em geral pela qual passavam as gerações anteriores.

Neste aspecto tomamos como referência, basicamente, o professor Dermeval


Saviani, textos (1994, 2007) e o vídeo (1995). O professor Saviani trata da relação
intrínseca entre o processo de trabalho, a educação e a escola, da antiguidade aos dias
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atuais. Diz ele, retomando resumidamente o que já foi dito, que o trabalho e a educação
são tão antigos quanto os seres humanos, desde que o homem existe ele teve a necessidade
de trabalhar, isto é, de agir sobre a natureza para transformá-la e de criar coisas úteis para
o consumo e o bem-estar humanos, bem como teve a necessidade de se educar, de passar
para as novas gerações o domínio dos conhecimentos adquiridos pelos humanos em cada
momento da sua história.

E mais ainda: diz Saviani que nesta fase existia educação, mas não existia ainda
a escola. Tratava-se de uma educação prática, empírica, adquirida com a experiência.
Aprendia-se a trabalhar, trabalhando; aprendia-se a viver, vivendo. A escola irá surgir
muito muito tempo depois, ela surge mais recentemente na história da humanidade, em
especial no mundo grego e romano, e a sua origem está associada ao surgimento da
propriedade privada dos meios de produção.

Com isto temos agora o segundo ponto, o mais importante para entendermos o
que é a escola, ou melhor, o que ela foi, por quê e para quê foi criada. E até que ponto
podemos afirmar que a escola de hoje guarda ainda muitas semelhanças com a “escola
das origens”.

Saviani afirma que a origem da escola está associada ao surgimento da


propriedade privada. E esta como surge? A propriedade privada surge quando se passa
das sociedades nômades para as sociedades sedentárias. No nomadismo, quando se vivia
da caça, coleta e pesca, os grupos humanos ainda não tinham aprendido a produzir o seu
próprio alimento e nem a domesticar os animais. Viviam daquilo que a natureza lhes
provinha. Era conhecido como modo de produção comunal, quando se tinha tudo em
comum, isto é, neste tipo de sociedade os produtos do trabalho individual de cada membro
da comunidade eram colocados à disposição de todos, partilhados em comum, daí a
afirmação de Saviani de que neste modo de produção “todos viviam do trabalho de todos”
(SAVIANI, 1995, Vídeo, Parte II; NETTO e BRAZ, 2006, p. 55).

Ao passar para o período sedentário, quando os grupos humanos aprendem a


cultivar alimentos e a domesticar os animais, eles precisam se fixar em determinado
território para cuidar da lavoura e dos animais. Neste processo passaram a ter mais tempo
livre e aproveitavam esse tempo para aperfeiçoar os seus instrumentos e as suas técnicas
de trabalho. Isto com o tempo ajudou a melhorar a capacidade produtiva do grupo ao
ponto de produzirem mais do que a capacidade de consumo de toda a comunidade.
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(NETTO e BRAZ, idem; TELECURSO SEGUNO GRAU. Vídeo, Pré-História e


História, s/d).

As sobras se estragavam e foi neste momento que surgiu a ideia de trocar o seu
excedente de produção (as suas sobras) com outras tribos vizinhas por outras coisas que
eles não possuíam ou tinham em menor quantidade. E isto é o que se conhece pelo nome
de “escambo”, a troca de um produto por outro, o que deu origem às primeiras formas de
economia de mercado. No mercado se efetua a troca de mercadorias. O que é uma
mercadoria? Mercadoria é todo o produto destinado à venda (troca). Um produto feito
para o consumo próprio do seu grupo pode ser chamado de produto de subsistência,
porém, um produto que desde antes já se prepara a sua produção com a intenção de vendê-
lo (ou trocá-lo por outro produto) e não necessariamente para o próprio consumo, a isto
se chama de mercadoria. Toda mercadoria tem um duplo valor, chamado de valor-de-uso
e valor-de-troca. Valor-de-uso é aquilo que tem alguma utilidade para as pessoas, seja
esta vital (do estômago) ou supérflua (da fantasia). E o valor-de-troca é aquilo que pode
gerar algum ganho, lucro, na sua troca ou venda. Por exemplo, numa sapataria um calçado
qualquer tem para o cliente um valor-de-uso, pois ele o está comprando para usar. Já para
o dono da sapataria os calçados têm valor-de-troca, ele é o dono de todos aqueles
calçados, mas não pretende usá-los, e sim, vendê-los. E com o lucro da venda destes
calçados ele irá comprar outras coisas que ele deseja ou precisa. (NETTO e BRAZ, 2006,
p. 79; MARX, 2008, p. 57).

Com o passar o tempo, à medida que os mercados foram sendo criados e


ampliados, foi surgindo na antiguidade a necessidade de ampliar, também, a quantidade
dos excedentes de produção para aumentar consequentemente as possibilidades de trocas
por mais coisas que gostariam de ter ou tinham em menor quantidade. Quanto mais
produto excedente, mais coisas podiam adquirir (trocar ou comprar). É o que ocorre hoje
com quem tem muito dinheiro. Quanto mais tem, mais pode comprar, correto?

Mas, o que é o dinheiro? Dinheiro é uma mercadoria como outra qualquer, porém,
sem valor-de-uso imediato, ele tem apenas valor-de-troca. É o que os economistas
chamam de “equivalente geral”, uma mercadoria que equivale a qualquer outra,
proporcionalmente. Antes de o dinheiro ser o equivalente geral, tinha-se, por exemplo,
em determinado tempo, o sal como equivalente geral, ou seja, pagava-se as mercadorias
por uma quantidade “x” do seu peso em sal. Até os serviços prestados costumavam a ser
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pagos pelo seu valor em sal. Disto é que se originou a palavra “salário’. (NETTO e BRAZ,
2006, p. 88-89).

Voltando ao nosso tema central. Ainda nesta fase os ganhos alcançados com a
produção dos excedentes econômicos, as mercadorias que eram vendidas ou trocadas nos
mercados, o que se conseguia em troca era posto a serviço e para o consumo de toda a
tribo. Só para lembrar o que já disse Saviani, nesta fase “todos viviam do trabalho de
todos”. A propriedade era coletiva, ou seja, os meios de produção, tais como a terra, os
animais, os instrumentos de trabalho etc. eram de todos, ninguém se dizia dono disto ou
daquilo, portanto, sendo a propriedade dos meios de produção coletiva, os produtos
criados por estes meios, as mercadorias, também eram de todos. Aqui devemos esclarecer
um aspecto que gera muita confusão quando se trata de falar de “propriedade privada”, o
que era coletivo eram os meios de produção e não os bens de produção, isto é, a terra, os
animais e os instrumentos de trabalho é que eram propriedade coletiva, mas os bens
produzidos, roupas, alimentos, abrigo etc., estes eram privados, cada um deveria ter o seu,
em igualdade de condições aos demais.

Bem, então, quando se fala da origem da propriedade privada, se quer dizer do


processo quando na história, além dos bens de produção privados, os meios de produção
também passaram a ser privados. Passaram a pertencer apenas a uma família ou a um
pequeno grupo, deixando o restante da tribo sem tais meios de sobrevivência. Chega-se a
um ponto que alguns grupos começaram a concentrar para si as melhores faixas de terras
e os melhores animais, bem como o excedente econômico produzido e impuseram pela
força sua vontade e retiraram a propriedade do conjunto da tribo, apropriando-se
privadamente dos meios de produção. Como consequência detinham também o domínio
sobre os bens de produção e passaram a distribuí-los aos demais da comunidade a partir
dos seus interesses e conveniências.

Disto irá resultar aos poucos a noção de “propriedade privada”, particular, dos
principais meios de produção da época. E muito rapidamente as terras e os animais que
antes eram de todos passaram a ser a propriedade particular de apenas alguns e a
comunidade ao invés agora de trabalhar e ver os produtos do seu trabalho gerarem
recursos para todos, passou a trabalhar e gerar recursos apenas para alguns poucos que se
apoderaram da propriedade, antes coletiva agora privada.

Aqui é importante salientar uma diferença entre o regime de propriedade coletiva,


o qual gera relações de cooperação e ajuda mútua e, por outro lado, o regime de
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propriedade privada que, por sua vez, gera relações de oposição e antagonismo, pois, os
produtores diretos são, neste caso, constrangidos a trabalhar para um outro por
necessidade ou pela força e não por opção, estes são explorados por aqueles. (NETTO e
BRAZ, 2006, p. 64).

Aqueles que se apoderaram dos meios de produção fundamentais são comumente


denominados de “proprietários” e aqueles que passaram a ficar sem tais meios são
chamados de “não-proprietários”. Assim, os proprietários passaram a dominar a
comunidade e, por conseguinte, o excedente de produção, passaram também a se sentir
no direito de não mais precisarem trabalhar na terra para o próprio sustento, forçando
toda a comunidade, depois de subjugada, a trabalhar para o seu próprio sustento e para
sustentar os novos donos da terra. Se antes todos viviam do trabalho de todos, a partir
deste momento “alguns passaram a poder viver do trabalho dos outros” (SAVIANI,
1995, Vídeo, Parte II). Surge a partir daí o trabalho como exploração e não mais como
meio próprio de vida e de subsistência. E a maior exploração de todas que foi o trabalho
forçado, trabalho escravo, conhecido como Modo de Produção Escravista (NETTO e
BRAZ, 2006, p. 65).

Relembrando a compreensão de “trabalho” e “processo de trabalho”, notem que


ao surgir a propriedade privada dos meios de produção, surge também uma nova
modalidade ou forma de organizar o próprio trabalho, ou seja, alterou-se
significativamente o processo (o método) produtivo. De um trabalho livre e por opção,
surge o trabalho forçado, de exploração de um homem sobre outros.

Nestas condições, os proprietários passaram a ter mais tempo livre para se


dedicarem a outras coisas, vez que estavam livres do trabalho produtivo, agora realizado
por outros seres humanos escravizados. A partir da propriedade privada da terra, surge
uma classe ociosa, livre do trabalho produtivo. Disto resultará a necessidade de se criar
uma educação diferenciada apenas para esta classe (ociosa).

E a modalidade de educação diferenciada criada somente para esta classe será a


Scholé, que significa “lugar do ócio”, mas não no sentido de lugar de lazer ou de
descanso, era o lugar para onde eram enviadas as crianças que não precisavam
trabalhar para viver. Termo que dá origem à palavra “escola”. Estas crianças tinham
este privilégio, pois, faziam parte das famílias dos indivíduos que detinham a propriedade
privada, principalmente, a propriedade fundiária.
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Nessa escola das origens os proprietários aprendiam conhecimentos e técnicas


para dirigirem os trabalhos da mente, os quais exigiam esforço mental e intelectual.
Quanto aos demais, não proprietários, os trabalhadores, continuavam a se educar como
sempre fizeram, de modo empírico, pela própria prática e neste processo desenvolviam
mais os conhecimentos e técnicas necessários para dirigirem os trabalhos das mãos.

A seguir disponibilizamos duas imagens que ilustram isto que foi dito. Durante a
Idade Média cunhou-se o termo “Artes Liberais” e “Artes Mecânicas” para representar o
que seriam os conhecimentos próprios dos proprietários, nobres e aristocratas e dos não-
proprietários, os trabalhadores. (ZANELLA, 2003, p. 142).
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É neste contexto que teve origem a Escola, como Scholé, uma modalidade restrita
de educação, destinada apenas para aqueles que viviam do trabalho de outros homens,
pois, a maioria continuava a se educar como sempre se fez, no próprio trabalho e na vida.
A escola nasce com esta marca congênita baseada na divisão entre trabalho
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intelectual e trabalho manual, resultante da divisão de classe da sociedade entre


proprietários e não proprietários, fruto do surgimento da propriedade privada dos meios
de produção. Não exerciam atividades manuais, consideradas indignas do homem livre,
vez que eram atividades próprias de escravos ou serviçais.

O trabalho intelectual destinado aos nobres, aristocratas e ricos e o trabalho


manual para os serviçais, subalternos e pobres. A especificidade da escola, neste contexto,
é desenvolver os conhecimentos teóricos, intelectuais da classe economicamente
dominante da sociedade. Passa a existir, a partir disto, duas modalidades diferenciadas de
educação, uma não tendo relação com a outra, que é a educação intelectual de um lado e
a educação manual, empírica, do outro. Esta dualidade educacional constitui a base sob
a qual se estrutura a educação escolar em suas origens.

Isto perdurou até o fim da Idade Média, sofrendo drástica mudança durante as
Revoluções Burguesas no Período Moderno. Todavia, para a classe trabalhadora, os não
proprietários, em essência, as coisas não mudaram tanto assim. O que será evidenciado
mais adiante. Não mudaram, pois, alterou-se a forma, mas não a lógica de organização e
funcionamento da sociedade, vez que não se alterou, substancialmente, o regime de
propriedade. Prevalecendo o regime da propriedade privada dos meios de produção em
detrimento do regime da propriedade coletiva.

Este modelo de educação baseado na escola que surge na antiguidade grega e


romana, a Scholé, ainda continua a determinar o tipo de escolarização que se mantem no
mundo contemporâneo. Por exemplo, quando se comenta da má qualidade da escola
pública popular, deve-se entender que está não é de má qualidade, e sim, que ela tem a
qualidade que interessa ao sistema para a classe trabalhadora. Isto é válido para a Escola
de hoje, tanto quanto era para a Scholé da antiguidade.
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REFERÊNCIAS

DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. 6ª. ed. São Paulo: Ed. Melhoramentos, s/d.

MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro I, vol. 01. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2008.

NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. 6ª. ed. – São
Paulo: Cortez, 2006. Disponível em:
<https://drive.google.com/open?id=1ufbI01QVcbbyCX5W3SBF9IyXftG1FjiB>. Acesso em:
19.03.2019.

SAVIANI, Dermeval. “Escola: Dominação ou Transformação? ”. In: Painel sobre educação –


VI Congresso da APP-Sindicato. Foz do Iguaçu, PR: APP-Sindicato, 26 de outubro de 1995.
(Vídeo da Conferência). Disponível em:
https://drive.google.com/open?id=1zKiPebXGTe78lyNdXLx4REhnMb--tsxA Acesso:
19.03.2019.

SAVIANI, Dermeval. “O trabalho como princípio educativo frente às novas tecnologias”. In:
FERRETTI, Celso [et ali]. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate
multidisciplinar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. Disponível em:
<http://www.forumeja.org.br/go/files/demerval%20saviani.pdf>. Acesso em: 20.jul.2018.

SAVIANI, Dermeval. “Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos” – (p.01-


15). In: Revista Brasileira de Educação. Campinas, SP: Autores Associados, v. 12, n. 34,
jan./abr., 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf>. Acesso
em: 20.jul.2018.

TELECURSO SEGUNDO GRAU. Vídeo-aula: O Homem e a Cultura, s/d. Disponível em:


https://drive.google.com/open?id=1LkzHqyPUKXOzFONDpuT2vncu2_zrbpsc Acesso:
19.03.2019.

TELECURSO SEGUNDO GRAU. Vídeo-aula: Pré-História e História, s/d. Disponível em:


https://drive.google.com/open?id=14ml5XclYBnl78geku_HuS_9ung2uwLuL Acesso:
19.03.2019.

ZANELLA, José Luiz. O trabalho como princípio educativo do ensino. Tese de Doutorado.
Campinas: UNICAMP/Faculdade de Educação, 2003. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/252569/1/Zanella_JoseLuiz_D.pdf. Acesso
em: 15.03.2019.

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