Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CULTURAIS RÍTMICAS E
EXPRESSIVAS
E-book 4
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO����������������������������������������������������������� 3
A ESCOLA E O MOVIMENTO�������������������������������� 4
Brincar para qu����������������������������������������������������������������������4
O movimento na escola������������������������������������������������������������8
O movimento e a lei����������������������������������������������������������������15
A DANÇA NA PERSPECTIVA DA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR���������������������������20
Profissional de Educação Física ou dançarino?�������������������20
Aula para quem?���������������������������������������������������������������������21
A comunidade escolar������������������������������������������������������������24
2
INTRODUÇÃO
Neste e-book você aprenderá como surgiu a ima-
gem do “aluno disciplinado” e a sua relação com a
liberdade e o prazer do movimento. Vamos explorar
como as expectativas sobre a infância moldaram
o rumo das escolas e como o movimento fez parte
desse cenário.
3
A ESCOLA E O
MOVIMENTO
4
sentado!”, “pare de correr!”, “não balance os pés na
cadeira!”, “não batuque o lápis!”, por aí afora.
5
Até o século 12 as crianças eram entendidas como
adultos em miniatura. Roupas, comportamentos e
exigências eram similares entre adultos e crianças.
Sendo assim, não havia lugar para brincadeiras ou
movimentação livre e espontânea, típicos da infância.
6
Figura 1: Apesar da mudança de concepção a respeito da infância no
século 17, o trabalho infantil permaneceu e tristemente ainda permane-
ce como uma realidade nos dias atuais, sobretudo em regiões pobres,
mesmo proibido legalmente. Na imagem, crianças trabalhando como
operárias durante a Revolução Industrial. Fonte: Mtholyoke
Podcast 1
7
O movimento na escola
Com o passar dos anos, e com a chegada de novas
demandas, o papel da criança foi mudando. De in-
visível ela passou a ser olhada como uma força de
trabalho, para finalmente ser entendida como um
ser em formação.
8
suas carteiras à espera de comandos e levantar-se
somente quando o professor ou alguma outra figura
notória adentrasse o ambiente. Além de permane-
cerem praticamente imóveis, os alunos deveriam
permanecer em silêncio.
9
Ainda hoje em nosso país o sistema de ensino é
pautado por filosofias. No passado, dominava a
educação dos preceitos religiosos, sobretudo cris-
tãos. Depois, houve uma forte influência vinda do
militarismo. Nos dias atuais encontramos influencias
variadas a depender da instituição e sua vertente.
10
vidades reservadas aos escravizados. E foram eles
os criadores de boa parte da identidade cultural bra-
sileira, seja na música, na dança ou no esporte. Por
exemplo, é nesse contexto que surge a capoeira.
11
acordo com os padrões europeus vigentes. O seu
ensino se estendia à alimentação, à forma de se
vestir e ao movimento do corpo. Adicionalmente,
havia uma forte preocupação com o ensino de va-
lores morais visando a evitar o que chamavam de
degenerescência física. Nas aulas eram realizadas
as rotinas de ginástica como a alemã, a sueca, a
francesa e a inglesa. Com rotinas de exercícios se-
quenciais, não havia espaço para a livre expressão
corporal ou criatividade.
12
Figura 3: Alunos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, realizam uma
rotina de ginástica sueca no início do século 20. Note a formalidade
das roupas mesmo para a prática de exercícios. Mais um componente
que ilustrava a imagem de “aluno disciplinado”. Cabe o questionamento,
seriam os trajes mais um recurso para limitar a capacidade de movi-
mento desses jovens? Fonte: O Globo
13
plina das aulas. O primeiro curso de Educação Física
registrado no Brasil foi idealizado pelo exército, em
1910, e voltado para militares, médicos e ex-atletas.
A nossa área de estudos só foi alçada ao nível de
curso superior aberto a toda a sociedade em 1969.
Bastante recente se olharmos em uma perspectiva
histórica.
14
correspondiam às expectativas eram relegados ao
banco, sem poder participar das atividades.
O movimento e a lei
Três anos antes do golpe militar, em 1961, foi promul-
gada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) pelo então presidente João Goulart. O
documento tinha como objetivo regularizar o sistema
de educação brasileiro com base nos princípios da
Constituição brasileira. Por exemplo, a garantia da
educação pública e universal a todos os cidadãos.
15
manifestações artísticas como a dança. O enfoque
principal era a preparação física dos jovens pensando
em seu ingresso no mercado de trabalho e na sua
produtividade.
16
ções. A pressão resultou no movimento das Diretas
Já e posteriormente na restauração da democracia.
17
ao longo do tempo, o que foi primordial para a inclu-
são da dança e de outras manifestações culturais no
ambiente escolar.
18
disciplina na qual a dança pode ser desenvolvida
como conteúdo pedagógico. Adicionalmente, muitos
consideram a expressão corporal e a dança como
conteúdos “extracurriculares” – um grande equívoco
que impacta diretamente na formação dos alunos.
19
A DANÇA NA PERSPECTIVA
DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR
20
Gaspari (2005) novamente nos responde que ambas
as áreas, apesar das particularidades, “utilizam a
expressão corporal como linguagem”. Um ponto de
partida importante.
21
Para os pequenos, dançar e se expressar não é um
problema. O período da infância é marcado pela es-
pontaneidade, sem se preocupar com o que os de-
mais pensarão a respeito. Como vimos anteriormen-
te, em partes, familiares e educadores acabam por
cercear, ainda que sem perceber, essa característica.
22
Discorremos sobre a construção social (ainda que
equivocada) de determinadas questões, que resul-
tam em preconceitos e afastam alunos do tema.
Historicamente, a liberdade do corpo, a expressão
corporal e sobretudo a dança foram reservados so-
mente ao gênero feminino, cabendo à figura mascu-
lina atividades de força, bravura e virilidade.
23
os alunos pelo professor ao detectar esse tipo de
situação em aula.
A comunidade escolar
O diálogo aberto deve ser estendido a toda comuni-
dade escolar. Tristemente, alguns ainda subestimam
a importância da Educação Física dadas as raízes
da nossa história. Desde muito cedo associou-se a
imagem da área somente a aspectos práticos, que
não demandavam estudos teóricos.
24
mento de menor importância ou valia. Tristemente,
esse tipo de pensamento ainda permeia a mente de
alguns profissionais, independentemente do seu grau
de esclarecimento.
25
AS MANIFESTAÇÕES DO
CORPO COMO ELEMENTO
INTERDISCIPLINAR
Outra grande implicação do ensino da dança no
contexto da Educação Física nas escolas é que por
muitas vezes ela surge de maneira descontextu-
alizada, fora da discussão sobre a cultura e seus
fundamentos.
26
Mesmo disciplinas como a Matemática podem ser
beneficiadas pela dança e pela interdisciplinaridade.
27
É importante termos em mente que a coreografia
e o uso da dança como instrumentos pedagógicos
interdisciplinares devem estar bem contextualizados
com as demais matérias. O diálogo e o trabalho em
conjunto são fundamentais para que o processo te-
nha êxito e cumpra o seu objetivo: uma formação
mais completa, que reflita no futuro de cada aluno
e na sociedade como um todo.
Podcast 2
28
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O movimento está associado à liberdade e ao prazer,
enquanto a estática em geral remete ao incomodo
e ao desconforto. Não por acaso, ainda nos dias de
hoje, o movimento é tido como moeda de troca nas
escolas.
29
os filhos da alta sociedade, uma vez que o acesso ao
ensino era dado por meio censitário. O século seguin-
te manteve os moldes das aulas de gymnastica nas
quais os alunos seguiam sequências de exercícios
calistênicos, sem qualquer espaço para a liberdade
de movimento, expressão corporal ou dança, que se
fazia presente somente em poucos colégios para
moças ricas e incluía aulas de boas maneiras.
30
A LDB de 1971 só foi renovada em 1996, quando a
liberdade e a reflexão pautaram os currículos escola-
res brasileiros. Em 2006 a lei foi novamente alterada
e as manifestações artísticas, o que incluía a dança,
tornaram-se componentes curriculares.
31
SÍNTESE
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
RÍTMICAS E EXPRESSIVAS
A escola e o movimento
COSTA, A. M. B. da S. e. A Interdisciplinaridade
entre a Expressão Criativa e a Matemática no 2º
ciclo da Escola de Dança Ana Luísa Mendonça.
2015. 149 f. Dissertação (Mestrado) – Curso
de Ensino de Dança, Escola Superior de Dança,
Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, 2015.