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COLÉGIO ESTADUAL DR.

FELICIANO SODRÉ
CURSO NORMAL TURMAS: 1001 E 1002
CONHECIMENTOS DIDÁTICOS E PEDAGÓGICOS EM EDUCAÇÃO INFANTIL

Por uma compreensão histórico-filosófica da infância

Na história da Filosofia percebemos que a criança não tinha um lugar na sociedade em que estava inserida.
Platão não escreveu uma obra específica para as crianças ou para a sua educação. A preocupação de Platão em sua
obra A República era estritamente com o futuro cidadão que governaria a cidade. Quando procuramos a criança
nesses estudos, encontramo-na como uma preparação para atuar na polis, na cidade. A visão platônica de infância
tinha uma intencionalidade política. Sócrates entendia que para o bem da polis, era necessário moldar a natureza da
criança, tornando-a boa, justa. A educação tinha o papel de corrigir a criança, melhorar uma má natureza,
adequando-a a uma cidade justa. Podemos perceber que a criança não era nada, mas poderia ser um grande
cidadão.
Na Idade Média (sociedade feudal), subtendia-se que o filósofo Agostinho pensava na criança como um ser
que apresenta uma natureza corrompida e a educação tinha a obrigação de discipliná-la. O decisivo na educação da
criança era, portanto, a consciência moral, pois ela já se encontrava corrompida desde o nascimento. Nesta época, a
criança era caracterizada como homens ou mulheres em tamanho reduzido, os corpos eram pequenos, porém as
expressões e as vestes eram de adultos.
Na sociedade burguesa a criança era alguém, que precisava ser cuidada e preparada para o futuro. Com o
projeto iluminista, especialmente a partir da obra Emílio ou Da Educação, inaugura-se uma nova história da infância
e da educação. Jean Jacques Rousseau introduziu um novo olhar sobre a infância. Segundo Rousseau, a criança
precisava viver a infância, isto é, “respeitar a liberdade da criança, e não procurar o homem na criança sem pensar
no que ela é antes de ser homem”. Na sua compreensão, a criança deve ser respeitada pelo que ela é, e não querer
que ela pense e se comporte como um adulto. A infância tem maneiras próprias de ver as coisas, o mundo, de
pensar e sentir, e essas maneiras precisavam ser respeitadas, e não se querer substituir essas atitudes pelas nossas.
Quando isso acontece, estamos ferindo a autonomia e a liberdade da criança.
Atualmente, entendemos a infância como uma construção histórica. A infância é uma construção social que
varia de acordo com o momento, as gerações e contexto histórico. Não é uma determinação biológica pela qual toda
criança passará indistintamente, “uma etapa pré-fixada de amadurecimento que toda criança apenas repete”, mas
de um ser histórico e social com características identitárias distintas.

SOUZA, E. Q. Por uma compreensão histórico-filosófica da infância. In: CAMPOS, Gleisy e LIMA, Lilian (orgs). Por
dentro da educação Infantil: a criança em foco. Rio de Janeiro: Wak, 2010. p. 17- 23.

Concepções de Educação Infantil

Assistencialista (a pré-escola guardiã) – a função era de “guarda” das crianças órfãs e filhas de
trabalhadoras (a partir do século XVIII).
Compensatória (a pré-escola preparatória) – a função era de compensar as carências infantis (as
deficiências, a miséria, a negligência das famílias etc.). Após a 2ª Guerra Mundial, nos EUA, as teorias de
desenvolvimentos infantil e da Psicanálise, os estudos linguísticos e antropológicos acabaram por determinar a
elaboração da abordagem da “provação cultural”. A pré-escola seria capaz de suprir as “deficiências” culturais,
linguísticas e afetivas das crianças provenientes das classes populares por meio do “adestramento” nos
conhecimentos que não possuíam. No Brasil, quando essa concepção passa a ser adotada, na década de 70, ela
passou a se a “chave de todos os males educacionais”.
De promover o desenvolvimento global e harmônico da criança (a pré-escola com objetivos em si mesma)
– A pré-escola como “reparadora” dos males sociais (que compensarão, por tabela, os educacionais) por meio de
atividades de escolarização, que acabam recaindo na função compensatória.
De instrumentalizar as crianças (a pré-escola com função pedagógica) – um trabalho que toma a realidade
e os conhecimentos infantis como ponto de partida, e os amplia, através de atividades que têm um significado
concreto para a vida das crianças e que, simultaneamente, asseguram a aquisição de novos conhecimentos. (...)
confiança e valorização redundam num trabalho pré-escolar sistemático e intencional, direcionado à transmissão de
novos conhecimentos e à garantia de novas aprendizagens.
MEYER, Ivanise. Por que a criança foi matriculada na educação infantil?. In: MEYER, Ivanise. Brincar e viver: Projetos
em Educação Infantil. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak, 2011. p. 23-24.

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