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© by Moysés Kuhlmann .Ir., 1999
Nl'nhumn pm1c <kstn nhrn pode St'r n:produ1id11 nu dupli cada se m ni 1tnri111ç:lo cx rrc~sa do fiditor

Coordenação Editorial: Jussara Hoffmann

Assistente Editorial: Luana Aquino

Revisão de Texto: Rosa Suzana Ferreira

Capa: Bento de Abreu/Camila Tubino Bandeira

Editoração: Setor Editorial Mediação

CATALOGAÇÃO INTERNACIONAL NA PUBLICAÇÃO (CIP)


BIBLIOTECA SETORIAL DE EDUCAÇÃO DA UFRGS - Porto Alegre, BR-RS

K96i Kuhlmann Junior, Moysés


Inf'ancia e educação infantil: uma abordagem
histórica / Moysés Kuhlmann Jr. - Porto Alegre:
Mediação, 2010. (5 . ed. atual. ortog.)
192p.

ISBN: 978-85-87063- I 6-8

I . Educação básica. 2. Educação infantil - História


- Brasil. 3. Pré-escola. 4. Creche. 5. Jardim de infân-
cia. I. Título

CDU: 373.2(81)

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no Brasil
Printed in Brazil/Impresso
I
Infância, história
e educação

O propósito deste estudo é expor algumas reflexões sobre a


história da infância e da sua educação, a partir de um levanta-
mento da bibliografia e das pesquisas sobre o tema. São reflexões
preliminares que não pretendem, portanto, apresentar uma sínte-
se de estudos sistematizados, mas compartilhar um panorama de
abordagens, fontes e problemas relativos às pesquisas sobre as cri-
anças, consideradas historicamente em seu processo de interação
social e desenvolvimento pessoaP .
A historiografia da educação tem buscado ultrapassar os li-
mites de uma tradição que toma como ponto de partida exclusiva-
mente o interior do âmbito educacional e escolar. A educação não
seria apenas uma peça do cenário, subordinada a uma determina-
da contextualização política ou socioeconômica, mas elemento
constitutivo da história da produção e reprodução da vida social.
A história da infância assume uma dimensão significativa nessa
perspectiva de alargamento de horizontes, o que se torna mais ní-
tido com o aprofundamento das pesquisas sobre a história da edu-
cação infantil.
Do ponto de vista da Sociologia da educação, Eric Plaisance,
escrevendo sobre a escola maternal, entende ser necessário ir além
da descrição das origens sociais das crianças que frequentam a ins-
tituição e das repercussões disso sobre seu funcionamento . Trata-
se de empreender a construção das relações entre o fenômeno -
histórico - da escolarização das crianças pequenas e a estrutura
social. O fato social da escolarização se explicaria em relação aos

15 Editora Mediação
. e Edocaç"v '"'""
/6 fnfàn°ª
}vendo a demografia infantil Moysés Kuhlmann Jr. / ]
. is envo .. , o tr b
s fatos soc1a ~' mações fa1111h~res, novas representa ~ a alho
out~o . o as transtorU a Sociologia centrada sobre a Çoes soe·1
~ 1ifU11 ' • te m esc 1 -
~11 ia i11fânC1a, e . - poderia ser separada nem de un-, o a das Desde a década de 1960, vêm sendo publicados vários traba-
ais t enas nao ,., . d . ••ia So . lhos na historiografia inglesa, francesa, norte-americana e italia-
danças pequ d equena infancia, nem as aquisições d cioto,
e_ mais global . ª P como as Sociologias da família e d e 0 utros na, que representam um impulso significativo à história da infân-
ma . lógicos, . S . o trab U cia4 . Mas a ideia de que a preocupação com esse tema seja deriva-
ºampos soc10 . cri·a urbana. Ou seJa, a oc10logia da e a 10
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O 11 1es1110 ª ºº
SocJO
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1
d no campo

mais amp 1o de uma Soe·
scoia '
111a,
da da obra de Aries ou, mais genericamente, de que tenha surgido
apenas naquela década, precisa ser problematizada. Como vere-
·a situa a . . 101og·1
ternal estar~,., . ue tem por obJeto analisar as condiçõ ª da mos mais adiante, há histórias da infância desde o século XIX, ao
a wanc1a, q d ~ 'f. es soci .
pequen d delimitação e açoes espec1 1cas orient d ais menos, e é necessário uma certa cautela para se caracterizar os
propicia?or~s a 2 a as em pioneirismos no estudo da criança e no uso de fontes ou enfoques
. ão a cnança .
dITeÇ . f ·1 t b, inovadores.
. , . da educação m anti am em sugere esse t·
A Iustona - d . ipo d Cambie Ulivieri consideram que há dois grandes setores da
_ As instituições de educaçao a criança peque e
ideracao. - d' na estã0 história da infância, compostos pela história social da infância -
cons ·t' elação com as questoes que izem respeito à histo' .
e111 estre1 a r _ d b . _ na da que estuda as suas condições de vida, as instituições, as práticas de
. d família da popu1açao, a ur amzaçao, do trab Ih controle, a família, a escola, a alimentação, os jogos, a vida materi-
infânCia, a ' ~ , 1 . , . a oe
- de produçao, etc. - e, e caro, com a historia das de . al e social -, e o segundo, envolvendo os aspectos mais diretamente
das re laçoe5 . _ mais
. ·tu1·cões educacionais. Nao se trata apenas da educação infantil• ligados ao imaginário, que trata de colher as mutações que inter-
msn , 1 · 1 . vêm na história das mentalidades em relação ao fenômeno infân-
a história da educação e?1 gera p~ecisa evar e_~ conta todo o perí-
odo da infância, identificada aqm como condiçao da criança, com cia, as diversas atitudes que se externam nos documentos como as
limites etários amplos, subdivi~ido~ em fas~~ de idade, para as quais obras de arte, as reflexões filosóficas e pedagógicas, etc. Defendem
se criaram instituições educae1onais específicas. que esses dois aspectos não podem mais ser trabalhados isolada-
mente . Toma-se necessário caminhar em direção a um entrelaça-
Nos dicionários da língua portuguesa, infância é considera-
mento da história social com a do imaginário5 •
da como o período de crescimento, no ser humano, que vai do nas- A história da assistência, ao lado da história da família e da
cimento à puberdade. Para o Estatuto da Criança e do Adolescen- educação, constituem as principais vertentes que têm contribuído
te (Lei nº 8.069, de 13/7/90) criança é a pessoa até os 12 anos de com inúmeros estudos para a história da infância, a partir de várias
idade incompletos e adolescente aquela entre os 12 e os 18 anos. abordagens, enfoques e métodos . Por intermédio dos resumos da
Etimologicamente, a palavra infância refere-se a limites mais es- produção dos programas de pós-graduação brasileiros em História,
treitos: oriunda do latim, significa a incapacidade de falar. Essa entre 1985 e 1994, localizamos seis teses de doutorado e 36 disserta-
incapacidade, atribuída em geral ao período que se chama de pri- ções de mestrado que tinham, corno tema central ou relacionado, a
infância6: 13 delas dizem respeito à assistência em geral ou, na mai-
meira infância, às vezes era vista como se estendendo até os sete
or parte dos casos, especificamente à infância pobre ou abandona-
ano~, que representariam a passagem para a idade da razão . Co~si~i da7; duas enfocam a saúde ou mortalidade infantil, também relacio-
analisa que a idade cronológica, como fato biológico, permite rnu- nadas com a questão assistencial8; 10 tratam da família, envolvendo
meras ~elimitações para os períodos da vida, sem ser eleme~to o casamento, as relações conjugais e as econômicas, em que a crian-
d~~ermmante suficiente para a sua definição . Infância tem ums~~- ça aparece subsidiariarnente9; urna eshtda a condição feminina e a
mficado , · ·gnifi- maternidade 10; três relacionam-se à escravidão 11 ; três estudam pu-
, genenco e, como qualquer outra fase da vida, esse si
cado e funçã 0 d . d d t m seus blicações para a infância 12; dez, a educação, envolvendo a política,
. as transformações sociais: toda soCie a e e
sistemas de 1 . , • do urn o ensino primário, o livro didático ou o Parque Infanti.1 13 .
· c asses de idade e a cada uma delas e associa
sistema d
e status e de papeP.
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Moysés Kuhlmann Jr. / 9
. d educação, além da história d .
· tóna a as
o ca111Pº da ~11s história do discurso pedagógico, a 1r1~-
_N ducacioJ1aJS, ª Comenius, Rousseau, Pest Partir entre pais e filhos . Esse sentimento teria se desenvolvido inicial-
·t içoes e
tJ u . io de au o
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importante contri uição à h· <-1 ,
a 1oz..,. ·
d e.:;tuc traz un1 . lStó · mente nas camadas superiores da sociedade: o sentimento da in-
o ·~- 1 entre outros, o· a é analisada por Mariano Naroct ria fância iria do nobre para o pobre 19 •
froe[Jt:1, ·spec " • 0 wsk·
:- fânÓª · Essa pei . _r.~ ia e a pedagogia moderna 14 _ 1, Outra perspectiva de abordagem, ainda no campo das men-
da uu bre a uuanc .A • , •

talidades ou do imaginário, é a psico-história. O Instituto de Psico-


ein se
u livro so
. obre a 1·nfaAncia e a ass1stencia as crianças aba
A pesquisa s . pulso significativo como desdobra n- história, sediado em Nova Iorque e coordenado por Lloyd de Mause,
beu un1 im d b . mento publicou a partir de 1973 a revista The Joumal of Psychohistory.
d anadas rece . , . nos seus estu os so re sociedade f
fi h1stonca, . , . ' arní Os editores da revista quiseram contrapor-se a Marx, que teria uti-
da demogra ~ A demografia h1stonca e 1aborou técnica -
Iaçao. . d , · d . s de lizado um único fator para a explicação do fenômeno social, su-
]ia e pop~ _ f 'lias a partir as senes os registros
·tu1çao de am1 _ , . . . par 0 _ bordinando-o à determinação econômica. A psico-história seria
reconstl .. d elaboraçao de ana1ises 1ongitudmais d .
. . penmtrn o a d , , a d1- uma aplicação da psicanálise à história, tratando dos conhecimen-
qu1a1s, . 1da época mo ema e pre-estatistica. A e tos relativos aos modos de cuidados da infância, da estrutura da
, • populac10na nor-
nanuca 'd d de dados obtidos fez com que, muitas vezes personalidade adulta e da psicologia grupal, para a exploração do
e quanh a e d . A • , as
D1 ecessem centra as na 1mportanc1a da descri _ processo histórico vivido pelos membros desse grupo. A metodologia
análises perman . t - 1s M Çao
. ' sticos sem grandes mterpre açoes . as, com a te histórica envolveria fundamentalmente aspectos da subjetividade
e dos d1agno , . . _ d , . n-
dência de superação das hmitaçoes e_ um uruco enf~que meto- do historiador, radicada nas suas experiências de infância20 .
dológico, as pesquisas sobre populaçao passaram a incorporar De Mause, no capítulo inicial da coletânea organizada por
outras fontes e referências, como a c~nsulta a testamentos e in- ele, The hístory of chíldhood, considera que a força central da
, •os cartas de alforria, genealogias e recenseamentos ofici- mudança histórica não é a tecnologia nem a economia, mas as
ventaII , , . . d' .d . mudanças psicogenéticas na personalidade ocorridas a partir de
• testemunhos de viajantes, memorias m 1v1 uais, relatórios
:iciais, registros notariais, crônicas e jornais da época 16 . As fon-
sucessivas gerações de interações entre pais e filhos 21 • Para elabo-
rar sua análise, o autor, que procurou realizar uma aplicação in-
tes paroquiais trazem não apen~s dados sobre as famílias, mas
tencional do "individualismo metodológico" descrito nas obras de
também informações sobre as crianças abandonadas, expostas e Hayeck, Popper e outros, referenciou-se em extensa bibliografia. O
ilegítimas, devidamente categorizadas nos registros de batismo. livro, nos demais nove capítulos, abrange a trajetória da Roma
Na história da assistência à infância, esses dados complementam- Antiga ao século :XX22 .
se com o estudo de outras fontes e das instituições que atendiam Segundo de Mause, a evolução das relações entre pais e fi-
essas crianças, como as Santas Casas de Misericórdia 17 • lhos constituiria uma fonte independente de mudança histórica,
O enfoque nos comportamentos e mentalidades é conhecido em virtude da capacidade de regressão à idade psíquica das crian-
preponderantemente pelo livro de Philippe Aries sobre a história ças, por parte de sucessivas gerações de pais, que procurariam pro-
da criança e da família 18 . Aries identifica a ausência de um senti- porcionar aos seus filhos uma oportunidade para lidar melhor com
mento da infância até o fim do século XVII, quando teria se inicia- ansiedades semelhantes àquelas vividas durante sua própria in-
do uma mudança considerável. Por um lado a escola substituiu a fância . A pressão espontânea pela mudança psíquica ao longo das
a~rendizagem como meio de educação; a ~riança deixou de ser gerações ocorreria mesmo durante períodos de estagnação, inde-
pendentemente das mudanças sociais e tecnológicas. A principal
rru~turad a aos adultos e de aprender a vida diretamente, passando
a viver um , · d fonte de mudança nas práticas de cuidados com as crianças esta-
_ ª especie e quarentena na escola. Por outro, esta sepa-
ria situada na redução da ansiedade dos adultos proporcionada
raçao ocorreu com a cump 1·1c1·d a d e sentimental da fam1'l'ia, qu e
passou a se tornar 1 d . ~ A• pela sua aproximação maior com as crianças. Os cuidados com as
um ugar e afe1çao necessária entre conJuges e

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20 lnfància e Educação Infantil
Moysés Kuh/mann Jr.
21

crian~as estariain melhorando no curso da hist , .· -


u~ sunples aspecto das práticas culturais o11a e nao serian,_ r ou presencíar inu-
.d hegam a s Ofre • d is
d1çao para a transmissão e o desenvolvim~::sda verdadeira con- classe média nos Estado~ Um os c as vividas por um meruno ~ se
ele1nentos culturais, estabelecendo os 1· ·t d e todos os outros
P e I .a1. Lj as d e1nais .
esferas da história O
uni es o que se
.
d .
po ena es-
sitadas situações rdr~1v;s, ~~:-: de nove, na região m f
anos, na Carolina o . or e, de seis anos, na cídade e
º~t3~:. , .-
culturais específicas ocorrerem s .: u SeJa, p_ai:a características
, .. , e1 ian1 necessanas · de Washington, ou amda outro ·dos por asse
' d1·0 sexual devido a ter be1
'
A
dos absurdamente persegui d ola24
e~pecíhcas durante a infância . A evolu ã .
n _a segundo rihnos diferentes, nas difer~n~er;::ri:~lehca acontece-
, :xpenencias 01
jado ou encostado em ~ :g~s ªr=~~for~ação que se observa
Para Cambi e Uhv1en, a t d t como a descreve Anes,
:,m
a1~, con10 por exe1nplo quando as classes . s e classes soei-
relação à infância não é linear: asc~n, ~on eo,u quase como sustenta
cuidar de seus filhos parando d . , 1 ma_1s altas passaram a 1 t a d a n o imagman1 d infância, resulta dec1.di -
. . , e envia- os as ama d l . nem igualmente coe
penod1zação proposta tem como f A • s e eite . A ·d d · 1 e cultura a
da da l - . re erencia a parte mais avan de Mause . A reah a e soc1_a . te articulada em classes, com
. popu açao, ps1cogeneticamente, que seriam as ela ç~- . lexa· pnmeiramen , . d
damente mais comp . A d 1 de infância conv1ven o ao
a1s n1ais altas . Os seis modos d 1 - . A • sses soci- a presença de ao menos tres ~o e º:curso que vai da codificação
lnf t . ,d. e re açao com a infanc1a seria . 0
, an ICI 10, da Antiguidade ao século IV D e . 0 Ab d m. mesm_o tem}:o; ~~ ?utr_? lado~=ir.eEnfim, no interior desse cres-
seculo IV ao XIII· A b . an ono, do
ª
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A •

1valenc1a, do século XIV


• · ,

ao XVII· a Int _ do cmdado a mit~1c~çao d~ ~ . e do valor da infância, per-


ou ln trom · - , , rusao cimento esquizofreruco da imp?~ta;cia . t é da sua diversidade-
issao, no seculo XVIII; a Socialização do século XIX
meados do XX • O A · e ' a manece a reJ·eição da sua alten a e - is o , limorfa
A d ,e po10, o 1aboração ou Amparo (Helpi.n g Mode • d 1·bido perverso-po ,
diferença do seu anarquismo e a sua 1 tu
E~ a, na trad . espanhola), iniciado em meados do século xx'
m º:ª. 0
autor reconheça q1:1e, no presente, há manifestações ca~
racten':.hc~s dos modos anteriores, a sua interpretação é a de uma
do escândalo que provoca pela sua ligação 1:1-ui_to forte c~m a na -
reza e a sua distância-estranheza em relaçao a cultura :,
A visão linear do desenvolvimento histórico, de Ar1~s~ ganha
~v~lu~ao linear do sentimento e da satisfação das necessidades da um caráter ainda mais abstrato quando da sua trans~osiça_o_para
infancia . P~a de Mause, a tese de Aries seria oposta à sua: Aries outros contextos . É o caso de estudos que pretenden::1- 1dentifi~ar 0
argumentaria que as crianças tradicionalmente teriam vivido feli- desabrochar do sentimento de infância no Brasil do final do seculo
zes por serem livres para conviver com diferentes classes e idades XIX . Postulando que nessa época se estaria vivendo um process<:
sendo. s~bmeti~as depois a um tirânico conceito de família qu~ semelhante ao que teria ocorrido na França do século XVII ~ que _e
destru1na a amizade e sociabilidade, privando-as da liberdade 23 . onde e quando Aries localiza o início de uma mudança mais defi-
A consideração de que os cuidados com as crianças viriam nitiva com relação ao sentimento de infância - , essas correspon-
melhorando ao longo da história, como faz de Mause, embora reco- dências entre períodos históricos diferenciados partem da arbitra-
nheça avanços inequívocos nesta área, é construída a partir de da- riedade de que há um caminho pronto para se trilhar na História,
dos catastróficos confirmadores de suas hipóteses, muitas vezes e nele, uma defasagem de quase dois séculos a nos separar da rea-
descontextualizados . O determinismo psicológico e a visão lidade europeia26.
evolucionista minimizam as contradições e os retrocesssos que ocor- Esses estudos não consideram que os sinais do desenvolvimento
rem na nossa sociedade atual e depositam no passado as denúncias de um sentimento de infância, da forma como analisa Aries, estive-
das injustiças e violências sofridas pelas crianças . Se atualmente, por ram presentes no Brasil já no século XVI, quando os jesmtas desen-
um lado, temos vivido manifestações de reconhecimento dos direi- volveram a estratégia de sua catequese alicerçada na educação dos
tos das crianças em diferentes níveis, por outro, continuamos apre- pequenos indígenas, e trouxeram crianças órfãs de Portugal para
senciar massacres de crianças e jovens, exploração, violência sexual, atuarem como mediadoras nessa relação; ou então, na inovação dos
fome, maus-tratos nas instituições educacionais. Mesmo crianças de colégios, com a Ratio Sh1diorum, o programa educacional jesmtico,

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rã lnfoHtil
- cEducaçº
22 tn fõr,aO
Moysés Kuhlmann Jr. 23
aradas por idade e a introct ~
u as classes sepe se vive no Brasil não são osuça.o d"
tr1be lece XIX o qu . ecos
que es_' No século ' nifestações do grande impulso do A indiferença medieval pela criança é urna fábula; e no século XVI,
di8CipJu1a. ropeu, 111as as 111a1tou o próprio século XIX emcto1n re. como vimos, os pais se preocupam com a saúde e a cura de seu filho .
. -lo eu presei , ' oct 0
pas...;ac_ . fãncia que re. ln1 nte após a decada de 187Q27_ o Assim, devemos interpretar a afirmação do "sentimento da infân-
1ª \'•ãod,:1 JJ1 pec1a e . • •
.--..-jdenta,1 es . . e ci·a não sena mexistente em temp cia" no século XVIII - quer dizer, nosso sentimento da infância -
01 un o L"' :ie uuan . os élnti como o sintoma de uma profunda convulsão das crenças e das estru-
0 sent:ilnento L • estudos postenores mostraram E ·
Média, com 0
. , D . 1 . In 1· turas de pensamento, como o indício de uma mutação sem preceden-
QOS ou na Jda de . ·adores Pierre Riche e ame e Alexandre-Bict l· te da atitude ocidental com relação à vida e ao corpo. A um imaginá-
~ escrito pe1os Iu tan tra na Biblioteca Nacional francesa elh °n,
s rio da vida que era aquele da linhagem e da comunidade substituiu-
' l" d uma mos . l ' •<t 1994 se o da família nuclear30 .
r ocasião e pinturas e obJetos, arro am-se os mai ,
Po il 15trado com . s Va,rj.
fartamente t d Xl·stência de um sentimento da especific·ct
~ 05 ae 1~ Outro aspecto que merece reflexão é a interpretação que su-
ados testem . te ao século XVII. Os autores advertem
., · antenorrnen que 0 põe um sentido unidirecional para o desenvolvimento do sentimento
da inffinªª - poderia se contentar em trabalhar apen
d imagens n3 0 as a de infância, das classes mais altas, da nobreza ou da burguesia,
estudo as bli da nos livros de arte, fora de contexto. Estes sei . para as classes populares. Mesmo em abordagens que tomam a
. QJ'afia pu ca , . _ ec,.
1conoo . por sua natureza estetica e nao com a intenção d infância em sua referência etimológica, como os sem-voz, sugerin-
na.raro as unagens . d d . e
o b ger conJ·unto e a vane a e produzidos no per' do uma certa identidade com as perspectivas da história vista de
informar ou a ran O . 10-
a dezenas de imagens, quando existem dezenas d baixo, a história dos vencidos, essa visão monolítica permanece e
do A cons ulta l _ A b e
.' a.ria facilmente a cone usoes erroneas so re o lugar da mantém um preconceito em relação às classes subalternas ,
milhares, 1ev ul . li _ d . desconsiderando a sua presença no interior das relações sociais.
infância na pintura mediev~. A m tip c~çao as pesqm~as propor-
ciona O acesso a inúmeras imag~ns de cnanças, de famílias atencio- Embora reconhecendo o papel preponderante que os setores do-
de móveis e roupas para cnanças pequenas e da produção de minantes exercem sobre a vida social, as fontes disponíveis - como,
por exemplo, o diário da educação de Luís XIII, utilizado por Aries
:quedos. Os registros ~aroquiais, as cartas, a litera_tura ro~anesca,
- geralmente favorecem a interpretação de que essas camadas so-
os textos jurídicos e médicos, os tratados de educaçao, as biografias
ciais teriam monopolizado a condução do processo de promoção
dos santos, também mostram que as fontes não estavam mudas em do respeito à criança.
relação à infância da Idade Média 28 • Dominique Julia constata a dificuldade na obtenção de teste-
O próprio Aries participou da organização da coleção Histó- munhos diretos sobre as modificações dos usos, a evolução da sen-
™ da Vida Privada, publicada na França no final dos anos 80, na sibilidade e do pensamento sobre a criança na cultura popular.
qual se encontram várias reinterpretações do seu trabalho anterior. A pesquisa que realizou sobre o período do final da guerra dos
Já no primeiro volume daquela coleção, Paul Veyne considera que, trinta anos à época das Luzes, permitiu apenas colher fragmentos
se no século XIX as crianças foram vestidas como marinheiros, na da infância popular, duplamente emudecida: (in)fantes e proveni-
Roma antiga elas tinham sua alma decorada pela aprendizagem de entes de estratos sociais que deixaram poucos testemunhos escri-
frases em latim: a infância, diz ele, é um período que se disfarça para tos . A precariedade das condições econômicas, a moradia minús-
embelezar e fazê-la encarnar wna visão ideal de humanidade. Michel cula e superpopulada, certamente marcou a infância popular nos
Rouche, em capítulo sobre os séculos V a IX apresenta exemplos séculos XVIl e XVIII quando, na França e em outros países, havia
que provam O ap d . ' s um alto risco de morte por parto e altas cifras para a morte de
ego os pais aos filhos numa situação em que 0
pequenos viviam e lh inh e recém-nascidos e crianças, das quais apenas 50% sobreviviam ao
mocinh fr m me ores condições do que os rapaz os décimo ano de vida . Deve-se imaginar, nas fanúlias , relações afetivas
lume d as, e~uentemente tratados a bastonadas29_ No terceiro vo- complexas, envolvendo vários parentes, tecidas sobre uma trama
a coleçao' Jacques Ge' l·is escreve:

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• Infantil
EducoǪº Moysés Kuhlmann Jr. 25
2~ /nfôno<' e
, Mas o autor alerta para ,
. .1 , move1· . d . e na 0
_ •
1
cess1 V< e d 1101-e pelo envio e cnanças a s~
Ç ao :,t li10 s e ' e ªn1
A grande quantidade de trabalhos sobre a história da assis-
Je coabita ._ ~111 os o . de morte das crianças, chama éls
L " n ,11~ ct - io risco
"tilgílf º·.r :orizaçao e _ d·t ·ença como certos 11stonadores31
l. . 11do
c1
tência à criança pobre, atualmente, evidencia tanto uma f r:oc~-
J l inteil . 111 11e1 , . ~ • . pação com o tema, sinal da sua historicidade, quanto a ex1stenc1a
01 1 pe ª , -.rê11 oa ou aristocratica sao muito mais e
Je 11e~ 1i,., t -guesa e - 011 he de um volume significativo de fontes capazes de alimentar essas
isso e .• fâncic1S ,ut d . . 1a e de educaçao, a correspond ' . ·
As 1n d 111e ICil encia pesquisas . Além dos tratados, da legislação, dos relatórios, en-
·atados e f 'li·a deixaram numerosos traços . e
. os ti de am1 ' - inct·1 contram-se também históricos como o da roda dos expostos da
CJL1ª ·
. J
5 retratos ·dados, da educaçao e dos senr •
ivada, 05 . d 5I dos cUI . litlen. Santa Casa de Misericórdia de Salvador, escrito em 1862 . A
que a infancia pnv11eg1ada rec b
A • • •

pr _ ias at1tu e historiografia da assistência à infância é parte da própria história


cadore:, l mostram .d d e eu
1· Essas fontes , lo à materm a e, com a remodel , das instituições assis tenciais 36 .
tos · · o estimu , d açao
. atenção con1 . ,.,, os novos meto os pedagógicos Vários aspectos da infância chegaram a ser objeto de estu-
01atS ésttCO, COu• 1 , . , em
:lo espaço dom . elas lágrimas da pa ma tona . dos históricos no final do século passado e início do atual. Benja-
l . • ao ensino p . ·t f.
substi1111çao d·scurso dos su1e1 os - como a Irma Paoli min resenhou, em 1928, uma obra sobre a história da literatura
Sem acesso ao
1
d da história operaria , ·
- , resta ao historiad ' ªº . infantil e outra sobre a história do brinquedo, com interessantes
. . ao estu o .1 01
considerações teórico-metodológicas 37 • Donzelot cita a Histoire
se retenr . t O existente, não apenas aqm o que ele ocuJ-
procura r, no rec7JS
;' r uilo que ele d.1z d os grupos sociais
.
popuJ des enfants trouvés, de 183738 • De Ma use arrola vários títulos do
tambem aq d b A • • a- século XIX e anteriores à década de 1920, que tratam da história
tou, mas aduzidas no ambito a urguesia e da arist _
·· Nas fontes pr . o da infância, da assistência, da vida familiar, dos costumes em tem-
res" · e referências que, ao expressar preconceito
· encontram-s . , s pos antigos, da presença da infância na literatura e nas artes, e
cracia _ , lasses populares, informam sobre suas praticas e
em relacao , 1o XVIII , o G ent1eman ,s Ma - até mesmo uma história da circuncisão, de 189l39 •
. · asNc Inglaterra do secu No ano de 1882, a Academia de Ciências Morais e Políticas
sentirnentos. a · b .
. d fender O tratamento repressivo so re as crianças e francesa promoveu um concurso para a apresentação de pesqui-
crazme, ao e .
~ atitude de superioridade natural dos mais velhos, capaz de sas sobre como, na Antiguidade e entre os povos modernos, se
corrigir os pequenos em momento _oportuno, revelava que as cri- resolveu o problema da proteção das crianças abandonadas ou
ancas do povo possivelmente estariam sendo tratadas com maior desamparadas por suas famílias, indicando quais seriam os me-
co~ideracão e liberdade por suas famílias . Na França, no início lhores meios a serem aplicados . O trabalho selecionado foi escrito
do século ·xx,
o relatório de um dispensário de puericultura suge- por Léon Lallemand, sendo publicado em 188540 • A obra, com
re a resistência das famílias em adotar procedimentos próprios 791 páginas, está dividida em duas grandes partes: a primeira
de uma concepção educacional autoritária, que pretendia ades- trata da situação da infância abandonada e desvalida nos costu-
trar os instintos das crianças, prevendo que o bebê, para apren- mes e na legislação dos diferentes povos; a segunda traz a discus-
der a dormir à noite sem mamar, deveria ser deixado chorando são das múltiplas questões relativas a este vasto problema e
no berço até obedecer34. concernentes ao modo de admissão, de educação e de proteção
. , ~e é difícil encontrar registros diretos da vida privada da
das crianças pela beneficência pública . O trabalho é enciclopédi-
co e extenso, tratando da Antiguidade e dos primeiros séculos da
mfancia da: cl~sses populares, há um amplo conjunto de docu-
era cristã às nações contemporâneas do ocidente e oriente, com
~entos no ambito da vida pública, envolvendo as iniciativas des-
grande destaque para a França do século XIX41 .
tinadas
P ao atend·unen to aos pob res e aos trabalhadores . Segund
errot, quando a fa rr· , b . . .
° A organização do livro de Lallemand expressa a Era dos Im-
rru ia e po re e t1da como incapaz msmuam- périos, que é como Hobsbawm chama o período de 1875 a 1914,
se como terceiros· f11 ' d
proteger ed · ~n~ropos, médicos, estadistas que preten em quando profundas mudanças ocorreram em termos de e em função
, ucar e disciplinar seus filhos3s.

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- /n(<onúl
. Educoçoo
26 lnfãnOº e Moysés Kuhlmann jr. 27
. Am.icas do litoral do Atlântico N
,o-iões drna . d. 1 º rte
b·etivos das reo- 'deo do capitalismo mun ia . (...) todos ,
d~; ~r~JJ1, à época, ?e;~ão mais isolados, estavam, ao 1_:1enos perji~
q , niesmo os até ta'culos dessa transformaçao mund· J4
se evidencia na organização do Congresso Americano da Crian-
ça, de 1922, citado anteriormente, dividido nas seções de Sociolo-
J7.aises,ente presos pelos ten""avido e o conJunto . d 1a 2
os capítulos n-. · gia e Legislação, Assistência, Pedagogia, Medicina Infantil e Pe-
ncam ' urso pro,.. '"ºS- diatria em geral e Higiene 45 •
ráter do cone d ir um trabalho que se volta para O pa
0 ca - de pro uz . , . ssa- Não apenas o médico-higienismo influencia a educação,
an1 a intençao ociedades perifencas ao centro hegemôn; como o vocabulário pedagógico também se dissemina na socie-
tr , para as s , •'"co
do e tan1bé111 . d -as em seus tentacu1os para construir u dade . Uma circular do diretor da Assistência Pública francesa,
·s1onan o d lha
europeu, apn ta ara O progresso, representa o pela legislação e sobre as visitas médicas, em 1888, prescrevia a necessidade das
histó~a q~ie ~:~ e! implantação. . .
pelas ~ttwÇ . A thur Moncorvo Filho, diretor do Instituto d
mães aprenderem por demonstração: cada visita seria uma Li-
ção de Coisas para a nutriz . Em 1900, um médico francês, que
No Bras11, r . d J . e
- Assis . tAenci·a a' Infância do Rio e ane1ro, escreveu O Hi·s- escreveu sobre as consultas de recém-nascidos nos dispensários,
ProteÇao e _ à Infância no Brasil (1500-1922), divulgado n considerava que as mães, nessas consultas, teriam um tipo de
, ·co da Proteçao . 0 • o ensino mútuo46 .
ton Americano da Cnança e 1 Congresso Brasileiro d
"º ConITT"esso
0
e Na organização racional dos serviços de assistência, ado-
J _ , Infância, em 1922, e reeditado em 1926. Embora médi-
Protecao a h" . d ·t d tou-se uma intencionalidade educativa, presente no interior das
co O 'autor referenciou-se em 1stona ores, . c1 an o Lavisse e
instituições jurídicas, sanitárias e de educação popular que subs-
' . enfatizando as relações entre o mteresse pelo passado e
Rous1ers, . nf . tituíram a tradição hospitalar e carcerária do Antigo Regime 47 •
ensinamentos para o presente. O hvro e oca o ensmo primá- Após a década de 1870, o desenvolvimento científico e tecnológico
· a assistência e o atendimento de sau' de as
seus
no,
' cnanças,
. d ois terços
consolida as tendências de valorização da infância que vinham
dele ocupando-se do período de 1899 a 1922, com destaque às ati- sendo desenvolvidas no período anterior, privilegiando as insti-
\i dades do seu instituto43 • tuições como a escola primária, o jardim de infância, a creche, os
Uma das fontes que alimenta a recente historiografia da internatos reorganizados, os ambulatórios e as consultas às ges-
infância são essas histórias escritas a partir do final do século tantes e lactantes, as Gotas de Leite. Essas instituições, inicial-
XIX. Seria necessário historicizar e problematizar o uso dessas mente com uma postura paternalista mais bondosa, assumem uma
fontes. A segunda metade do século XIX e o início do século XX dimensão cada vez mais autoritária diante da população pobre e
foram marcados pela crença no progresso e na ciência, mobili- trabalhadora: os homens de ciência seriam os detentores da ver-
zando as nações ocidentais a se adaptarem aos novos instru- dade, capazes de efetuar a distribuição social sob controle, na
mentos e processos produtivos . Os países fizeram inventários perspectiva da melhoria da raça e do cultivo do nacionalismo.is.
de suas potencialidades e realizações, e as histórias sobre vários Para Rollet-Echalier, esse processo, se responde a interes-
ses das classes dominantes e do aparelho de Estado, não é feito
a~pectos d~ ~i?a social, escritas nesse período, anunciavam o
em completa oposição às classes populares, camponesas e urba-
tnlhar da c1v~hzação para O progresso44 _
nas; ele também responde efetivamente a certas de suas expec-
. O concerto de civilização passou a impor o critério da ne- tativas, a certas de suas necesidades 49 . Mas a história da assis-
cessidade das n · · · - d
- ovas mstitmçoes sociais . As instituições de e uca- tência tem sido também a da produção de uma imagem do po-
çao popular para b
d ' os mem ros das classes subalternas, compon- bre como ameaça social a ser controlada. As instituições cum-
0 um quadro m ·t O · 1
Portavam signos
. m mais amplo do que o do sistema escoar,
de f .
pririam uma função apaziguadora . Interpreta-se a pobreza a
tramas uma , ~ d es igmatização social. Nesse processo, encon- partir da generalização de caracterizações parcializadas . Essa
sene e rela - · do lógica ainda se faz presente quando se reduz a história da in-
saberes e int çoes entre grupos sociais harmomzan
eresses na f ' e
con ormação de propostas comuns, 0 qu

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• Infantil
. f_ducaçoo
28 lnfónºº e
. bandonada, quando a crianç Moysés Kuhlmann Jr. 29
. , da infância.ª o de rua, que, por sua vez, torna~/º?re é
fâJ1c1a_ ªda corno rnentn enor infrator, reproduzindo a e Stnori
ti.fica ._1 a ou m ~ con 1
• diários, testamentos, anotações em almanaques, romances, álbuns
ideJ1 ornbaduu1 ' oldes das concepçoes assistenc· . Cepçõ
mo de tr foIJ·ada nos m ia1s do i ? de retratos e receitas, etc. Consultou também material de arquivos
obreza ri1. particulares de várias famílias, objetos da época, cadernos escola-
de. Pd o s,-,10.
ecl,LJ tiva d e dar voz ao segmento social dos rnen· res, anúncios de jornais, notícias de falecimentos, aniversários e
00 1
Na perspec nstituem uma parcela das classes 1'los e casamentos, notícias políticas, revistas ilustradas e para crianças e
q ue co . al , PoptiJ
~;nas de rva, . da história or e um recurso qu ares caricaturas, em uma coleta feita ao longo de quase 20 anos . No
Jlle1"' · _ d técnicas . .~ e te ,
tiJizaǪº as histórias de vida e as expenencias d 111 Per. livro, encontram-se interessantes passagens que tratam dos brin-
au entar as d esse quedos da infância, e também das escolas, das matérias estudadas,
.,,,;tido docUJll d a captar as formas e ver, sentir e a . gri,.
11 " • d de rno O . . E gir de dos métodos de ensino52 .
osilenc1a o, t s no seu cotidiano. sses estudos reveJ ssas
P dolescen e · a111 Em virtude do uso de fontes não convencionais, tanto escri-
criaJ1ças e a L~;va etária dos zero aos 18 anos, muitas 9Ue,
I bar urna l<U/' • • .d d d .d d vezes tas como materiais, Freyre considerava estar utilizando um méto-
Por.eng opreconce1·to da cnnunali a e,. as~ 1 a es mais altas pa se do, de algum modo, original ou novo, pois não haveria livro do
Pro1eta• obaixas; ou, então' nivelam-se s1tuaçoes sociais difere nc1act . ra
gênero deste, em qualquer língua. Trata-se, segundo ele, de uma
as mais .,,.,., nas ruas e os que as frequentam para tr 6 as tentativa de interpretação sociológica, além de antropológica ou
ue mor=" a alh
entr~ 0 ~_q50 Se , possível identificar problemas metodológico ar psicológica, de uma época, seguindo-se mais as atividades, os sím-
b mcar • e . · s para
e r squisa desse tipo, ta.1s como as fantasias das . bolos, os valores em vigor entre os que a viveram, que o conjunto
alizar uma pe . . ~ cnan.
re outra modalidade de mvestigaçao terá questões de fatos um tanto convencionalmente levantados pelos puros his-
ças qua Iquer . , a se-
, nfr tadas _ e a históna oral e um recurso que amplia as toriadores como expressão completa dessa época53 . No prefácio à
rem e en . , . d inf~ . A pos- segunda edição, de 1962, o autor cita de passagem o historiador
sibilidades de aborda~em da histona a ,anc1a. o co,n~ar sua his-
Marc Bloch e justifica a utilização das memórias da infância refe-
, . de vi·da, uma cnança .de
tona . 10 anos tera uma_ memona mais re- rindo-se a Eric Erikson, em Childhood and Society54 . No livro de
cente de sua infância, permitindo a documentaçao de um olhar ain-
51 Erikson, lemos que os artífices e intérpretes da história ignoram a
da marcado por um ponto de vista -~antil • _ função decisiva da infância na contextura da sociedade, e que por
A história da vida sexual, faffilhar e afetiva, e o envolvimento ter sido criança, um dia, o adulto carrega este sentimento de pe-
em relação às manifestações políticas, intelectuais e artísticas na quenez como um substrato inerradicável em sua mente5 5 •
época de transição do Império para a República, foram objeto do Ainda na década de 1940, Florestan Fernandes também se
estudo de Gilberto Freyre que, na década de 1950, escreveu o en- dedicou ao estudo da infância e de aspectos importantes da sua
saio Ordem e Progresso, a partir de quase 300 autobiografias educação e socialização em situações que não propriamente a es-
provocadas escritas em resposta ao questionário enviado pelo au- colar. Por meio de pesquisas que recuperam o folclore paulistano,
tor. Freyre recebeu a colaboração de barões do Império, senhores Florestan Fernandes analisou sociologicamente as cantigas de ni-
de engenho, fazendeiros do café, cônegos, vigários, médicos, ad- nar e também as crianças, nos grupos infantis, como participantes
vogados, engenheiros, militares, comerciantes, caixeiros, operári- ativos da vida social. Esse tipo de estudo traz à luz a dimensão da
0s, _industriais, funcionários públicos, parlamentares, políticos, jor- importância do direito da criança a frequentar a rua . Ora, lugar de
criança não é só na família e na escola, também é na rua, que deve-
nalistªs, babalorixás, homens do mundo, mulheres das chamadas
ria ser um lugar de livre circulação das pessoas56 •
alegres e antigos escravos. O autor relata que os ouviu, visitou suas As pesquisas e publicações recentes sobre a história da infân-
casas
d antigas' escutou o som fanhoso dos seus pianos de cau da'
cia têm trazido um grande espectro de temas e períodos, muitos
os seus bandol · d b · ue·
d d . ms, as suas flautas viu suas bonecas e nnq deles sequer mencionados neste trabalho . Para Cambi e Ulivieri,
os e menmi 1 ' h de
ce, eu suas cartas e cartões-postais, rascun 5 °
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• Jn(onui
. e Educoço 0
1100
Jnfó
JO
. a expressão da inexistênc· Moysés Kuh/mann Jr. 31
·d de se rl 1a d
inplex1 ª, . 57 Mas não se trata de ver ap e lltn. t
ssa eO l · tona · en.a e1n
e itáriº na ,1s ltiplicidade de tem.pos em coexiste" s_lltn.a f ~a
un üaçao. _ . a 111 du perspechvas . com que os fenon-.e " n.c 1a re,. tag. ocia o não ter infância a uma característica das cri_anças pobrbes .
.mel ·d de e ~Ll nos ve] s .. . f~ . t ma imediatamente a s-
ultiplic1 a t ..,,., como pressuposto a coexiste" . Poc\e a a Mas ' com isso ' o significad. o de m ancia se o _ cuJ
111
. terpreta
d O s e eu.,
' .
.
ei·ia uma maneira e contar d
d nc1a l))
no 1n ~t trato e essas pessoas, excluídas de direitos b,asicos,
· · · r eceberao a
f .
-
in história s · ' e n.ar •ttesll\ a d~ não terem sido as crianças que foram, da forma como 01
p~s-
ternPº· A de ligar tempos diversos a um tem rar a . a P 'd - t ~ , o que a soe1e-
cação de temptro:ir sentidos, de modo a configurar ppo da hu~l\ih. sível, irreversivelmente. O que os exclru os nao em e , al
de cons b roces ªn1. dade lhes sonega. A vida, sofrida, enquanto dura, ao menos, e go
da d e, ·d com Thompson, em ora os histor· d sos hi .
De aco1 o h. , . ia or stll- que lhes pertence. . . . _ , _
ricos. f ntes e escrevam uma istona de aspe t es Sele . Pensar a criança na história s1gru.fica considera-la como su
suas o c os · c1il-
nern as h ano não é um agregado de histórias s iso\ados jeito histórico, e isso requer compreender o que se entende p_o r su-
passado um itária do comportamento humanü5s epa radas, ~o jeito histórico . Para tanto, é importante perceber que as c_n anças
ma soma un ·b ·1· d d . Qs
concretas, na sua materialidade, no seu nascer, no seu viver ou
u
o pan orama das possi i. i a es .
de pesqu ·
. isa rno morrer, expressam a inevitabilidade da história e nela se f~zem
. tidades de uma perspectiva de 111.vestigação q b stra as
Potenaa
.
d . d
ximação ao ponto e vista a crianças9 N- _ ca \lJna
ue us presentes, nos seus mais diferentes momentos . A compree1:5a? _da
maior apro _ A • ao sa0•
criança como sujeito histórico exige entender o processo histonco
opulares que nao tem registros diretos das . ªPenas
as e1ass es P . _ crian a como muito mais complexo do que uma equação do prinleiro grau,
em sua quase totalidade, sao produzidas por adul ç s. As em que duas variáveis de estrutura explicariam tudo o mais 61 .
f ontes, , . h. , . A h. tos A .
na- 0 escreve sua propna istona. istória da cri· · cn. As crianças filhas dos sem-terra, no ano de 1996, deram um
ança ança é
história sobre a criança . Ao procurar levar em conta es f llnia
lid d d. . sa ase d
exemplo dessa presença como sujeitos na vida social. Durante a
vida, caracterizando-a como rea. a e istmta do adulto , naopl} _ a semana da criança, o Movimento dos Sem Terra (MST) promoveu
demos nos esquecer de que continuamos adultos pesquisand o I Congresso Infanto-Juvenil, que reuniu centenas de sem-terrinhas
A • , oees- em cinco Estados brasileiros: Rio Grande do Norte, Maranhão, São
crevendo sobre elas. P or um 1a d o , a infancia e um outro mund d
. , . 60 p o, o Paulo, Pernambuco e Bahia. Essas crianças, dos sete aos 14 anos,
qual nós produzimos uma rmagem rmtica . or outro lado, não há
saíram do campo e foram às cidades, onde viveram experiências
outro mundo, a interação é o terreno em que a criança se desenvol•
que repercutirão na história das suas vidas: realizaram atividades
ve. As crianças participam das relações sociais, e este não é exclusi- culturais, recreativas e educativas, encontraram colegas de outras
vamente um processo psicológico, mas social, cultural, histórico. As cidades, conheceram o mar ou a piscina, reafirmaram a luta de
crianças buscam essa participação, apropriam-se de valores e com· suas famílias, debateram sobre seus direitos, definiram reivindica-
portamentos próprios de seu tempo e lugar, porque as relações soei· ções aos governos dos Estados, relacionadas à sua saúde, educa-
ais são parte integrante de suas vidas, de seu desenvolvimento. ção e lazer. As passeatas das crianças, como ocorreu no centro de
É preciso considerar a infância como uma condição da crian· São Paulo, no dia 14 de outubro, chamaram a atenção da popula-
ça. O conjunto das experiências vividas por elas em diferentes luga· ção, sensibilizando-a de forma diferente do que se fossem adultos
realizando o protesto62 •
res históricos, geográficos e sociais é muito mais do que uma repre-
As edições da imprensa brasileira, na década de 1990, são unia
sentação dos adultos sobre esta fase da vida . É preciso conhecer as
evidência histórica concreta de que a reforma agrária é um proble-
representações de infância e considerar as crianças concretas,
~a de 1:osso tempo e de que o MST re(me sujeitos históricos que têm
localizá-las nas relações sociais, etc ., reconhecê-las como produtoras mter!er~do no curso desse processo. Isso apesar d.e o presidente da
d h'18t, . . f' que unia
ª
d e t ermma
ona. Desse ponto de vista, torna-se difícil a irmar
· d a cnança· elhor per
. Republica
.
naquela ocasião, em entrevista a um óro-ão b
dessa mesma
teve ou não teve infanc1a . Sena m A • •
• imprensa em 1996, considerar que os sem-terra são exdtúdos histó-
gunt ar como e, , 1mente se ª5
ou como foi, sua infância. Porque gera

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_ /o(anul
. Educaçoo
J2 1nf1inc10 e
onto de vista estrutural. A . Moysés Kuhlmann jr. 33
'ovça do P
11
. , sslltt
-0 têJ11 -terra pertenceriam as catego . colh
. t1e 11a s sem . .1 /d
ncos, qos escravos, 0- da J1i·sto'na: os exciw os, nao são nec 8oc1,.ls
~ rias .'"º
4
5
foraJll 1w11 desvªºc.,k,1'.0 como pensa a esquerda VuJ esséltiil CAMBI, F., ULMERI, S. Storia dell'iníanzia nell'ltalia liberale. Firenze: La Nuova ltalia, 1988. p5-6.
6
setoi do1"'= ' , . /1• ga.1"3 - Produção histórica no Brasil, 1985-1994: catálogo de dissertações e teses dos programas e cursos de
que ortadores . , ia• 0 dicionario Aure 10 nos inforll'l. · pós-graduação em História. Coordenação de Maria Helena Rolim Capela to. São Paulo: Xamã, 1995,
J1le11teD~svão da J11stor . ao espaço entre o telhado e fa que a 3 v. Não foi possível, para a realização deste trabalho, fazer o levantamento de resumos das teses
" fere-se O or relacionadas à história da infância nos programas de pós-graduação em educação, de psicologia,
desvão re , margem das estruturas que a s ro de ciências sociais, serviço social e outros.
PaJavra espaço a . - d Ustent 7
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te, pro
avivando em nós Odesejo do voo 1vre as an or as .
1· d d inh 65 ' 8
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Emb O trabalho seia de minha responsabilidade, quero agradecer as generosas sugestões e Janeiro, 1991. Diss. (Mestr.) UFF.
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encnn tradns pnra n sobrenome do autor). Há uma dissertação de mestrado que se referenciou nesse
livro: GÓMEZ, Margarita M. Cardozo. A prática histórica no processo de cons tituição e/e diferentes
i: ROS..i..,ZiW 1_,;;11aa, tra . F mando de ArauJO. s per,e1tos tecnicos d o, 1992
..-r:<: Olgíl· '"" Á Anto!UO e
51' 5R]1r,.,, pUC-sP- S , íl' 1993. Diss. (Mestr. n . ) u B il 111ct •
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Di:SS ~1estr\,sta (!947-1960)- Bra~J=~- Pátria, civilização e trabalho: o ensino de 1 • ,
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América Latina -CEDHAL-USP - desenvolveu, de 1984 a 1994, o projeto de pesquisa "Quatro que o volume 5, que trata da Primeira Guerra aos nossos dias, não tem as palavras criança ou
Séculos da Histórui Social da Infância no Brasil" coordenado por Maria Luiza Marcílio, sobre ª infância no seu índice remissivo. Sobre a infância em períodos anteriores ao século XVU, veja-se
aiança abandonada na história do Brasil reunind~ 25 pesquisadores que resultou na elaboração de também de Ma use, op. cit.; SOMMERVlLLE, John. The rise and Fall of childhood. Beverly Hills:
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soes de 7capítul ' 9 e n~Sua segunda parte, A vida escolástica, apresenta apena da cultura da classe trabalhadora. São Paulo: Marco Zero; Rio de Janeiro: UFRJ, 1987. p.53-101.
" lb· oseasupressao d0 , 1 ~• Diz-se que as pessoas do povo exprimem mais afeto por seus filhos do que as pessoas de
~ id., p.11 -2, p.JS?. cap1tu o 6, Do externato ao internato.
The]oumal of Psychohist ublicatioíl
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Editora Mediação
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1/Jh•<I • tJJ''" ' fe d·Jasse suasimpertmenaasnaosaoapreciadas E , //J/e/igenç·
~li• ' n.i•' ft'nl ~ ~ {ic,1JJI o 11. i Í'berdade com empregadas que não pode. ni co11seqi :i,1 e
· as
" LaUemand, op. cit., p.Vl. A primeira parte é dividida em cinco livros, subdivididos em capítulos,
,u1:~~1d,-~1~i h~~~as têm n11~tadi~íceis e desobedientes quando ficarem mad~1~ castig<i-Ja;enç? seguido de um resumo histórico. As conclusões formam o livro 6, e representam ª ,segunda parte,
1::....-,,.1ft>lt', ;1, C:,·,criançasserao ud PINCHBECK, Ivy; HEWIIT, Margaret Aas. Gen11en•1nao completada por dois projetos de lei. Os dois primeiros livros, com uma centena de paginas, enfocam
,1,.- q11eio, 556 ap M · d · cr°1 an·
.-.,dt!f,llll . 11 1732, P· ' LEITE Dante oreira . 0 esenvolvime t anç<1 n s a Antiguidade - com os povos do Oriente, os egípcios, os caldeus, os ass~os'. os c~rtagmeses, o pov,'.'
,,w . v11, Jª •
,\ (JcaZine, · itidança, P·
39-40 ln: ' , . ·
· . da dos voluntanos precisa desdobrar toda ,
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cria11 ç1 s-ª judeu, o grego, os romanos e os bárbaros ocidentais até o século ill; e os pr:imeiros ~os da era cnsta~
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e. t J9i2-P.3, . . -equeefadevere15=araa1ll11entaçãodest
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. o111ade t no Oriente e no Ocidente, do século m ao X. O livro 3 dedica-se exclusivamente a França, com 285
· , oona , trar a ma
r.~u1t,: Na. ·ipara denwns d pequeJJO dos conselhos do vendedor de erva d l1ça donin,,'
'ª ena , 0d páginas e 17 capítulos, e trata dos abandonados e órfãos no século X aos hospitais gerais,~ história da
-,1,,no, mtos o ' 1 • s, as r J ""º Maison de Ia Couche, em Paris, os diversos serviços de assistência no século XVIII, o penodo revolu-
a,uJ f'J =n anl'S<lrdos.,, pousoperturbado pe os vagidos do inquiet b ec a,n,içõ,,,.
·ri•,on~"' r - e têm ore , ., , . o ebê R "'' cionário, a legislação e a orgarúzação dos serviços no século XIX, até o ano de 1885. O livro qu_atro, com
n,ai> ~ d . dzinfws qu , uma coisa ternvel para a oasse operana , Goss 1. · eguJi 1
°" .
n,1ie dpeitoe
,1or- -oda CJlança e . d puériculture, Rev. Pfol., t.32, 13-4-1913 p 719
. · em(Dr)
· -Conipt
' a 206 páginas, reúne as nações pertencentes à civilização cristã, e os capítulos tratam dos pai.ses euro-
.,· entaç,, di nsaire e • ' · , ªPud R e peus do mesmo grupo linguístico ou região geográfica e suas colônias ou ex-co~ônias, como por
.,,wi d ]'atidté du spe . . ue a J'éo-ard de la pehte enfance sous la lJJe R . ÜLLEl exemplo o grupo espanhol (sic) - com um capítulo para os países da Europa, reurundo a Espanha e
rendu e . LapO110q o V . . . epubI,q
u,, n:Q Cathe~e. , graphiques / Presses ruvers1tarres de France 1990 ue. Pnris· Portugal, e outro para a América do Sul, incluindo o Br~sil. O livro 5, com 41 páginas, traz informações
ECrc"l.JJ"'~ d'Etudes I)émo · ' · P 576 M · sobre as nações não pertencentes à civilização cristã, a India, a China, a Indochina e o Japão, o mundo
·tut National . Jência física sobre as cnanças estava presente e"' t d. · ílShá
Ins~ d de que a v10 ,, d "' o asa
tambén1 indica ores Michelle Perrot, apanhar para apren er a ser homem" faz se 1ilSS<>s muçulmano e os povos bárbaros.
,~,;ais. De acordo com . ·a do século XIX, o que por sua vez aumentou O num ' Parte das " HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.46
""' d infânoa operan era de cri "La visse: o historiador deve ser um homem que se interessa pela vida do seu tempo e constante-
Jeillbranças a d entes que se revoltavam. O processo de autoconsciên . anças
. ,_ te de a oIesc , . I .. CJa que é mente a compara com a vida dos tempos passados; e Paul de Rousiers: as pesquisas históricas não
eprinopau"en d d consciência do propno corpo, evou os militantes operári , ern
. . 1 ar a toma a e 'di - .d d .• os, sobretud podem ser feitas sem que ao interesse científico do conhecimento dos fatos passados se junte um
pruneiro ug , . tifi' rem raízes do seu o o a auton a e nessa expenencia. PERRo o
outro interesse igual.mente científico, mas de ordem diversa, o de tirar deles ensinamentos para o
• taS a1den ca T M Os
osanarq~ ' . História da vida privada, v,4, 1991, p .89-303. ' · presente. MONCORVO FILHO, Arhur. Historico da protecção á infancia no Brasil:1500-1922. 2.ed.
atores, p.1,9. ln. Rio de Janeiro: Emp. Graphica, 1926. p.4. Moncorvo Filho dividiu sua história em três períodos:
1
f !bid., P: ~· do·ºexpostosda Santa Casa de Misericórdia de Salvador, Histórico dos expo t Antigo (1500-1874), Médio (1874-1899), e Moderno (1899-1922). O marco de 1874 refere-se à funda-
~ Brevehistonco , . J . D S I d s osou
. d alidas oruanizadopor Antoruo oaqwm amazo, ava or: Typ. Camillode 1862 ção da pediatria no Brasil por seu pai, Moncorvo de Figueiredo. O ano de 1899 é o da data de criação
manças esb'd' ban~o de dados sobre a história da infânàa do CEDHAL-USP] . ···, do IPAI-RJ pelo próprio autor. A quantidade de texto dedicada a cada período privilegia o período
[resumo o a ono ,. . b li recente, caracterizado como de efetivação da modernidade: para os primeiros 374 anos, 65 páginas,
:;: TTAMIN' Walter. Macria e técnica, arte e poli/J.ca:ensaios so re teratura e história da cultu
BEN1- ' ,,- . . 'd 235 2 ra. os 25 anos seguintes ocupam 45 páginas, enquanto os 23 restantes foram relatados minuciosamente
São Paulo: Brasiliense, 1987. Livros infan~s antigos e e_squea os, p. - 43; História cultural do
em 256 páginas, enfocando especialmente as atividades desenvolvidas pelo IPAI ou em sua órbita.
brinquedo, p144-B; Brinquedo e brincaderra_, Observaç~s sobre ~a obra monumental, p.249.51
É urna periodização que adotou um critério interno ao tema em estudo, claramente autorreferenciada,
~ooI\ZELOT, Jacques. Apolicia das farru1ias. 2.ed., Rio de Janeiro: Graal, 1986. p.32. Os autores
sem estar subordinada aos marcos políticos - embora estes não deixassem de ser considerados pelo
são J.-F. TermeeJ.-B. Maufalcon. autor. Ibid., p .17, 82, 127.
NDeMause, op.át., na nota 8, p.55, Jessie Bedford (pseud. Elisabeth Godfrey). English chíldren in .J-J KUHLMANN JR., M. Raízes da historiografia educacional brasileira (1881 -1922). Cadernos de
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ATAIDE, Yara Dulce Bandeira de. Decifra-me ou devoro-te ... : história oral de vida dos meninos
i:.,rle 7i · o- . ' ' C
· wo centunes of costume in America. v,1 New York 1903· na nota 266, p.71 -2, P. · de rua de Salvador. São Paulo: Loyola, 1993. Veja também: CARVALHO, Maria Avelina de. Tô
Remondino MD His • .. ' ' ' • · 1891
, LALLEMA,N. · tory ofcucumas10n from the earliest times to thepresent. Philadelphia, · vivu: histórias dos meninos de rua. 2. ed. Goiânia: Cegraf/UFG, 1991; e MONTENEGRO, A.T.,
1D Léo u: · , t· de
l'tnfan . ' n. '"5101 re des eníants abandonnés et delaissés. Etudes sur la protec wn BEZERRA, M. J.; FEITOSA, F. C. A.; LIMA, J. 5. Senhores da rua: o imaginário dos meninos e
ceauxd1versesép d 1 • •• . J88"pVI·
l'IL Seistr b Ih , _oques e ª C1v1hsation . Paris: Alphonse Picard / Guillaunun, J, · meninas de (na) rua da cidade de Rio Branco. Rio Branco; UFAC; Recife: UFPE, 1995. ROSEMBERG,
. ª ª os ,oram mscr°t
hIStórica nós se
,
. 1 os ao concurso. Na mtrodução do livro o autor declarava.
•Pelaparte
, Fúlvia. Crianças e adolescentes em situação de rua: do discurso à realidade. ln: REIS, E.; ALMEIDA,
mpre qmsem , ._, ões mais M. H. T.; FRY, P. Pluralismo, espaço social e pesquisa. São Paulo: ANPOCS/ Hucitec, p23044, 1995.
precisascomaaí d d os nos abastecer nas fontes inteirando-nos das 11"orniaç ,as
. ,u ª edocument · 'd' . ' · sedeno Sobre a história oral, veja-se MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. São Paulo:
manuscntasfomecic/iJS osme 1tosrehradosdearqllivos,deobrasestrangeJJa . - de
seu país.NosSà rear com extrema cortesia porpessoasperfeitamente conhecedoras da s,tuaçao ..;. Loyola, 1996. O curta-metragem 15 Filhos, de Maria de Oliveira Soares e Marta Nehring, premiado
e b. o•a constantefi0 1· 'de1aspr, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, em 1996, que retme depoimentos de filhos de militantes
once idas, em busca da d proceder a uma verdadeira enquete, e marchar, sem 1 políticos de esquerda que nasceram ou viveram sua infância no período do regime militar, e a
escoberta da verdade.

Editora Mediação
Editora Med·1açao
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- Infantil
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JS JnfôndO e
. ,essoas, são um outro exemplo d
sdealgun1<as deSSil" F
ossobrea inf'anoa · . SPINA,Rose. Filh as Potenc1a1·
• i en~'·'. sta; rida nos estud ,/dez 1996 - jan/1997. os da res, '?ªeles
ncrn ' nas ne 15 no, , . B, . ste 11
ll'f,orta~ei_ ;~shisll' · 11 .33, p. 27·- .' ·as da Croacta e osma foi objet eia
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i 11 ,tthzaiªº,.\~ s.w rau r~ ]-,ara as crian_<,' . Croatia 1991-4. Childhood Londº de estud
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rç0n,1' - ·noª 'a Jd~n war a1 , v 4 n l or
" A e1,~~~vrc ~ 1 Clll R'10 de Janeiro: José Olympio, 1959 2 to ' ' p 81.
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Assistência e pan-americanismo:
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~ n,id- p.~-xx- 1·
.. d Rio de Janeiro: José 01YTI:1pi~, : 962, v.1 , p.vi-vii ( .
,gre,;-'°· 2. e · _ d da infância, o questiona no trazia pergun no hvr0 o Dia da Criança e a comemoração
p;
: Jde~, Ordem~ relação ao peno ono tempo de meninice; a escola que frequ tas corno: Ít~stá
da descoberta da América
. ra,iado BJccJ:). ~esaição de cornoedra 1·ogos trotes, livros escolares, estudo dentou (lllétollr
g :-eu con1 . brinque os, ' b . d e gtan, ·ti os
ondena."i. ' Jeuas,cast1gos,, . te)· fora da escola, os nnque os, amizades . a ca,ca1 -'
fesSOre5, cD º . iestas avicas, e , ' Jogos e 1 1. ,.
pro - temática,ª" ara seu futuro. e turas
.rrafiaenia hero'is 0 ssonh05 Pd 2 d Rio de Janeiro: Zahar, 1976. p .372
" · o, os ' . ·eda e. .e · . . _ ·
de meJ11l1 NT E Jn.iáJlaa e soei udança sooal na cidade de Sao Paulo. São p
~ERJKSO- , · fo/doreem . d . 1
auo:t.-,
: ,AJi\1Df5,Flo~tan- . blicados antenormente, os quais se dedicam , . · ~U1en,bi
~ fER-N , . s artl"'ºs pu d . 1• a tnfan . ,
. OUrro reúne ,·an_o .253-58) .Contribuição para o estu o socio ogico das cantj Cia: As
:,~~ ai ' do Bom Retlf~~~antis (~.377-386); Educação e cultura infantil (p.386_39 7)~:~~e nin~r
?i9-78); Folclore egrup Ucaçao O Dia da Criança parece existir em virtude de interesses co-
(p_- 462-65). . merciais, especialmente das indústrias de brinquedos. Entretanto,
eto!dore (p.rr nrrr1n 1988, op. at., p.1 . . · .
=: (A.\1Bl; Uu v JJ.,< U , • , • da teoria. Rio de Janerro. Zahar, 1981 .
embora atualmente esses interesses possam ser considerados como
~ THOMPSON, E. P. Ad nuse;:ive-se na Universidade de Linkõping, na Suécia, 0 pro· t ,,
n,,rsnA'i1va, esen retende avaliar
~ Nesta .r--r-·· . ,,
. cn'tiºcamen t e as me d 1'das ,, em nome d Je o. Th e um dos principais sustentáculos e fatores de impulso à comemora-
Century of the Chi]d ' ~~~f,,m estudando peóodos históricos anteriores. SANDIN 8ª cnança" ção, o estudo de sua história mostra que há muitas outras questões
durante o~~~~ O
. ',, th -· changm · g meaning of childhood . . the twentieth century
m - ~~( · e relacionadas a esse dia, envolvendo importantes aspectos de algu-
- f the child : on e . b - PINT research
centur) o Linkõ in!<S Universitet, s.d., mime?. Veia-se tam e~ . O, Manuel; SARMENTO mas das nossas raízes e trajetórias.
prograrrune). d) ~, \nças: contextos e identidades. Braga: Uruvers1dade do Minho / Centr d '
ManuelJ.(Coor . .,.,,, cn o e Poderia parecer exagero ou impropriedade querer associar a
Êstudos àa Criança, 199í · CHOM data à comemoração da descoberta da América e às relações inter-
.
oi Sobre a unagern II1l
-b·ca da infância na literatura e no cinema, .
BART DE LA lJWE , Mane- .
. U .,.o mundo: a infância. São Paulo: Perspectiva/Edusp, 1991 . Embora não tratando da
Jose.- .mOUw . - . d o ºd . ,.
nacionais no continente americano, o que, surpreendentemente,
. es"'\'ª a análise de WILLIAMS, Raymon . campo e a c1 ade-: na h1stona e na foi a motivação explícita para a sua definição. A definição do dia
infanaa, e sug u
literatura. São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
" ENGELS, F. Carta a Joseph Bloch, 1890. In: MARX. K.; ENGELS, F. Ludwig Feuerbach e o fim da
12 de outubro como o Dia da Criança ocorreu em 1922, no encer-
filosofia clássica alemã e outros textos filosóficos . Lisboa: Estampa, 1975. p .186. ramento do 3° Congresso Americano da Criança, realizado em
" Jornal dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, São Paulo, ano xv, n .163, p.6-7, out./nov. 1996. conjunto com o 1º Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, no
03 CAR!X)5(), Fernando Henrique. Entrevista à Folha de São Paulo, São Paulo, cad . 5, p.4, 13 oul.
Rio de Janeiro. Naquela reunião, Almir Madeira, que pertencia ao
1996.
"FERREIRA,Aurélio B. de H. Novo dicionário da língua portuguesa . 2. ed ., 1986, p.579 . Instituto de Proteção à Infância de Niterói, apresentou o seguinte
" BE!\1AMJN, W. Sobre o conceito de história . ln: __ .op . cit., 1987, p .222-232. encaminhamento:

Considerando que:
a) a instituição de um dia consagrado à criança se vai generalizando
por todo o mundo civilizado, que, hoje como ontem e cada vez mais,
deve cuidar-se carinhosamente, religiosamente, num verdadeiro e sa-
dio culto, da semente humana; mas,
b) sendo variável a data dessa celebração, quer de um país para o
outro, quer de uma para outra cidade, e particularmente,

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