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Anno 1. Cidade da Campanha, 4 de Outubro de 1873. Num. 5.

0 SEXO FEMININO
SEMANÁRIO DEDICADO AOS INTERESSES ÜA MULHER.
Assignaturas. « E' pelo intermédio ái mulher que a Observação.
Por anno SftOOO natureza escreve no coração io homem » Toda a correspondência será
Por semestre . . . 2,SKOO dirigida á D. Francisea Senho-
Publica-se 1 vez por semana. (Aime* Martin.) rinha da Motta Diniz.

PRINCIPAL REDACTORA—D. FRiNCISCA S. DA M. DINIZ.—COLLABORADORAS, DIVERSAS.

O Sexo Feminino. nhecimentos, conservando-os e am-


pliando-os.
Temos sustentado que somente a mãi
E«lucaçSo
* physiea, moral e é apta para educar o filho ; pois que o
intelleetual. pai, ainda que o quizesse fazer, não te-
ria o necessário tempo. E' islo de uma
Nunca se diz bastante o que bastante verdade pratica e incontestável.
se deve dizer. São duas cousas distinclas, Porém que educação pôde esperar-se
e que cumpre não confundir—a edu- da mãi de familia que nem si quer sabe
cação c a instrucção. definir este vocábulo ?
O esforço que empregamos para tor- E esta grave omissão, esla falta tão
nar as creanças capazes de preencherem, sensível, esse mal tão grande a quem c
com a máxima perfeição possível o seu devido ? E' ao governo, á sociedade, aos
destino—a observação attenta e conti- homens—e aos pães ! ! !
nua que é preciso pôr em pratica para
extirpar do fundo do coração infantil o Os meninos ou meninas, estão debai-
yermen do mal, com que nasceu—a trans- xo da tutella natural paterna ; a estes in-
formação que é preciso operar no gênio curabe preparar-lhes um futuro—mas
do menino ou da menina, genio muitas elles não se importão com isto !
vezes de uma requintada perversidade, Estas crianças crescem e por seu tur-
indicio precursor de um triste futuro ; no tornão-se pais de familia.
em uma palavra, fazer com que seja bom Não podem educar bem os filhos, por-
ou menos mâo quem infelizmente tiver que não tiverão quem os educasse.
nascido ruim—eis o que é a educação. Continuando assim, filhos, pães e
Trez por tanto são suas espécies—a avós sem ter recebido educação, como
educação physiea, moral e intelleetual. poderão agora educar ?
A educação physiea constitue matéria
A primeira—procura formar homens vasta de precauções que o pai e a mãi de
robustos e sadios, tornandò-os aptos familia devem empregar em favor dos
para os diversos misteres da vida labo- filhos desde o berço até a oceasião de
riosa. romper-se o pátrio poder.
A segunda—tem por fim encaminhar As precauções assim empregadas for-
o homem para o amor do bem. mão a hygiene,
A terceira—tende a fazer adquirir co- A educação physiea por tanto fará vi-
exprime alguma idéa nova de scien-
gorecer a saúde dos filhos, desenvolver- do arte ou
lhes os órgãos e preparar-lhes o corpo cia, qualquer profissão, para a
falleça um termo próprio em por-
para as fadigas de toda a vida. familia qual tuguez.
Um exemplo vivo: vede uma
educada, vôíe o seu asseio, vôde os ves- Gallicismo, pois, é erro contra a purê-
no desprezo das
tidos de seus filhos, seus moveis, seus za da língua, e consiste e
brinquedos, e observai attentamente to- palavras portuguezas puras epróprias,
da a sua condücta civil e moral. para as substituir por palavras phrases
aflectação infe-
A educação è um adorno desde os mais puramente francezas com
ricos palácios até a mais humilde chou- liz e pueril. exemplos uu*dos *«..-
Daremos alguns exempios galh-
pana ile um paupérrimo camponez. .cismos mais c se devem
Mães de familias, acordai desse vosso grosseiros, que
somno prejudicial—reservai alguns mo- evitar
mentos para lordes, para vos instruirdes Afiectado—por movido, commovido,
a fim de que comprehendendo o que é tocado.
educação, possais da-la a vossos filhos, Aguerrido—por guerreiro, ousado,
seu turno a transmittirão aos
que por experimentado, adestrado, afleito.ames-
seus descendentes. .— I trado na ou° á guerra.
Eis a educação physica; no numero se Ascendente—por influxo, influencia,
trataremos da educação moral e in- superioridade,
guinte predomínio sobre ai-
lellectual. guem.
Cabotagem—por costeagem, costea-
Collaboraçâo. ção.
Carnagem—por mortandade, matan-
Escola normal. ca, carniceria. -
Chicana—por trapaça, cavilação en-
GALLICÍSMOS. redo, tergiversação, rabolice, tríca.
Comportar-se—por proceder.
O grande uso do gallicismo na língua Deboche—por devassidão, dissolução,
portugueza já foi moda, com que o de-
demasia, licenciosidade
ploravel mao gosto de muitos nacionaes Descoberta—por descobrimento.
a ião tornando em gallo-lma linguagem, Detronar—por desentronisar.
iudigna de um povo que tem a felicidade Doméstico—por criado, servidor, mo-
de possuir um dos mais bellos idiomas
modernos, tão amado nas Musas, e on- ço.En>rave—por estorvo, obstáculo, em-
de não é sem orgulho que temos no ori- baraço, impedimento.
ginal uma das mais sublimes e maravi- Frapanle—por movei, admirável, il-
lhosas producções que ellas hão inspira-
lustre, conspicuo.
do, o poema Lusíadas. Felizmente esse Galimatias—por palavrorio, ou pa-
inimigo da pureza da linguagem verna- lanfrorio.
cuia foi combatido victoriosamente por
distinetos portuguèzes, zelosos das cou- Golpe de vista—por vista de olhos,
sas pátrias, e hoje só algum escriptor volver os olhos.
pouco escrupuloso lhe dá criminosa pou- Governante—por aia, ama, mestra.
sada. Apenas se deve tolerar a introduc- Grimaças—por tregeitos, momos, ga-
cão de palavras francezas (e o mesmo timonhas.
acerca das de outras linguas vivas) quan- Jaluzia—por ciúme, inveja.
St, I I t

Amabilidades—tolices, sandices, par- Noticiário.


voices.
Impericivel—por immortal, perpetuo,
perduravel. Profunda< gratidão.—Com immenso
Impor—por enganar, seduzir, illudir. prazer, cordial satisfação e eterno reco-
Insurmontavel—por insupersavel, in- nhecimento a redacção deste periódico
venci vel. retribue as expressões de bondade e ani-
Jornal— por diário. mação prodigalisadas em prol do novo
Irreprovavel — por irreprehensivel, periódico Sexo Feminino pela illustrada
incorrupto. redacção da Republica de 24 do corrente,
Massacre—por assassinio, matança, em o seu n. 74*. Para conhecimento dos
etc. nossos assignantes que compartilhão
Mesmo adverbialmenle—por até ain- dos elogios com tanta amabilidade teci-
da. dos por um tão autorisado orgãoda im-
Penivel—por penoso, modesto, in- prensa, aqui inserimos o seu juizo a res-
commodo. peito deste periódico ; ei-lo :
Pericivel—por perecedouro, caduco, « Com prazer registramos hoje em
transitório. nossas columnas um facto que vem cen-
Populaça—por gentalha,
plebe, relê.
Prodigar—prodigalisar, desperdiçar.
firmar essas verdades: apenas a Eschola
do Povo ergue a voz em favor dos direi-
Reclamar—por invocar, implorar, de- los da mulher, a cidade da Campanha, em
mandar. Minas Geraes, vê surgir na imprensa um
Remarcavel—por notável, assignala- órgão intitulado O Sexo Feminino, para
do. sustentar aquellas idéas; e, o que mais
é, esse periódico é ridigido por uma se-
Poesia. nhora, uma distineta professora, auxi-
liada em seu empenho por muitas ou-
trás senhoras distinetas daquelle torrão
Ojasmim. tão feliz que já tinha filhas capazes de
Nas alvas folhas, singelas, sentir e de sustentar os seus direitos.
Minha sina quiz eu lêr : O enthusiasmo com que a Exma/ Sr.*
Mas, ah ! florsinha, perdoa, D. Francisca Senhorinha da Motta Diniz
Se te fiz emmurchecer ! atira-se á arena, a firmeza e coragem
Tanta candura mostravas com que primeira no Brasil se apre-
senta para apoiar na imprensa uma tão
Que não pude resistir !
Beijei teu calix mimoso, grande luta, honrào aem extremo; e a
Teu perfume vi fugir. sua linguagem de sobra demostrão que
as faculdades intellectuaes da mulher
Fui cruel, sim, bem o sei; em nada são inferiores ás do homem.
Mas tu me perdoas,—não ?
Murcha, tu vives commigo, O que mais do que ella teria feito
Bem junto do coração. um homem, professor na cidade da
Campanha ?!
E mais não qnero outras flores E demais, para que em nosso paiz
Formosas, que o prado tem ; uma senhora ache-se habilitada a en-
S j tu, florzinha, me encantas, tramas luctasda imprensa, quanto não
Sj tu és meu doce bem . . . luetou para adquerir instrucçaõ, cercada
D. Cândida A. dos S. como está de um ambiente* óppressor,
cheio de preconceitos.de falta de recur- Variedade.
jos de todo o gênero para o sexo femi-
nino, e até de mortífero sarcarmo para Modo de adevlnhar o o. que »e
A Exma Sra. D. F. S. da Motta Diniz tem no pensamento.
emprehende prestar um relevante servi-
seu sexo eao seu Si lhe pres- Dez oi vinte pessoas empunhem ao
çoao paiz. uma penna: imaginem um
tarem o apoio que merece, a Campanha mesmo tempo
em breve se achará na vanguarda donro- numero qualquer, que devem dar em
a um terceiro. Depois executem
gresso mineiro, e esta provinciau terá for- deposito
estas operações .
ças para elevar-se aquella altura em quo *!«—Dobrem esse numero ( o imagi-
já soube collocar-secm antigos tem.no. nado).
acpjella que ambiciona sahir de estrito
circulo em que todas têm vivido. %°—Juntem-lho 4-, c somem.
Honra, pois, áquellaheroica pro \; ¦ -ia, 3o—Multipliquem o produduto por o.
honra á mineira que primeiro arv;*r.v. a 4° -Ajunlem-lhc—12.
bandeira do progresso moral em sei ij..ilZ 5B__Multipliquem o produeto por IU.
natal 1 (5°—Deduzão-lhe—320»
O periódico é de pequeno foi ;l slO, 7° Cortem dous zeros do produeto,
numero que cada um tinha
sua assignatura é de 5Jt> annuai s i.: de r. o resto é o
2«tt>500 por semestre. Com prazer an* ia- no pensamento, que
o poderá verificar
dos números imagi-
mos as assignaturas para. O Sexo Fe ni- com o depositário
nino. » ! nados.

^-^aS^p-.^

1Í^T"-»sabesL _diz__ ^l^|^z_l^onvem_


~¥c^~
podes^ __faz_ _jóde_ J*?_ _deve__
"cTéüT^üvcs,
_jrt__0JÜL" _«=^_^v^_
.èi." julga ' "* J^_ _*2_
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tens, gasta tem gasta póde_
M-Ws M O QU« NÃO
»Ã0 1W FORQUE O Q«B ÍTUDO (QUIE

Typ. do-J^vís^J^Campanlía

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