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Anno 1. Cidadü da Campanha, 14 do Setembro de 1373. Hum. 2.

0 SEXO FEMININO
SEMANÁRIO DEDICADO AOS I?iTKIlESSES DA MULHER.

AssignntliraS. ^ ,. E'pelo intermédio da mulher que a ObSOrVOÇHO.


.. nnnn
or anno. nmion á^ natureza estreve no coração do homem >•
. . . . aft-uuu Toda a correspondência será
dirisiida
¦ **? „:„i.„á D. Krancisea Senho-
Por semestre . . . LNiüO i*. ,,.....,„ ,
Mautix.) rinha ,i„ ninV ^
m^i* Diniz,.
da Moita
Publica-se 1 vez por semana. (Aijik'

DIVERSAS.
PRINCIPAL HEDACTOR.V-D. FMXCISCA S. M SI. DIsVfZ.-lOLLAnORADQRAS,

O direito de guerra, o direito dc matar


O Sexo Feminino. não sc origina de fonte divina ; nâo é um
direito natural porque aberra dc todos
sEiiiancipneilo da mültoer. os principios de justiça.
O direito de guerra é um triste c desa-
Já circula por ahi o primeiro numero
nimador cpigramma á nossa civilisação
áo Sexo Feminino periódico que se dedica —é uma
ã defesa dos direi tos jda mulher ; á esta sinada prova viva de que a lógica en-
homens não disse ainda sua
hora tem elle transposto montes e ser- ultima pelos : tal direito é anti-chris-
ras para penetrar nessas cidades ruido- tão. E' palacra
a sciencia e não á espada in-
sas, nesses centros de luzes, onde não cambe dicidir as mais complicadasquedesa-
folião talentos para fazerem irradiar por venças humanas.
todos os lados os fruetos de uma c.ivi- Prepare-se o futuro educação o
lisação apurada—de uma educação es- instrucção do sexo frágil.pela
murada—o de uma inslrucção variegada. Formem-sc as mais dc familia, que
O Sexo Feminino ergue-se modesto no
por seu turno vão erguer escolas e col-
vasto mundo da imprensa; está animado .egios, nos campos, nas villas e nas ci-
de bons desejos para conviver, ocorres- dades
; que ensinem á mocidade de am-
ponder-se com os dc mais periódicos, bos os setos os sãos principios de uma
com os quaes deseja entreter relações instrucção moral e religiosa, c a face da
amistosas, maxime com aquelles qne não sociedade se ha de mudar.
deixão de propugnar pelos interesses da Mais de familia assim formadas prepa-
mulher, cujos direitos tem até o presente rarão a mocidade
sido tão descuidosamcnte tratados pelo sa ornar as diversasquecarreiras
futuramente pos-
a pó-
nosso governo, que parece temer algu- de aspirar um moço ou uma mocaquedesde
ma revolução resultante da inslrucção, a mais alta escala social alé o mais mo-
educação e emancipação da mulher. desto emprego oficial.
A revolução da sabedoria suffoca-sc
facilmente com a mesma sciencia; ap- Só ha um meio de regenerar a sócio-
dade, de rnidar moralmente a face d^
pltque-se-lhe a lei dos similhantes. não terra, de emancipar a mulher, de salvar?
Nos combates da intelligencia
lhe um futuro—é pela educação c instruo-
jorra o sangue qre se tò nessas batalhas
in- ção no collcaio, ou no lar doméstico por
phiskas, c sangue muitas vezes de ¦
nocenles ! pedagogos da escolhapaterna,cisto cm-
os mães de fami- Com a instrucção conseguiremos tudo, des-
se
quanto nfto preparao e quebraremos ainda as cadêas que nos
tflE'
materna qua de séculos de remoto obscurantismo di-
tal a preponderância
Martin assim se ex- roxèão os pulsos e aviltão a própria
a seu respeito Aimé gnQuando
'•
prime os olhos do espirito culto de
o o
« No coração maternal se nutrem todas as mulheres virem as injustiças,
esvirüo dos povos- os seus costumes, pre- l cruel dominio e a postergação de direitos
outros termos, a de que somos victimas, então o nosso
juízos, virtudes- e por humano. forma-
ávilisaçà0 do gênero triumpho será completo, porque vencera.
remos uma cruzada que tudo despo-
Principiemos a reagir contra o se-
A minhas patrícias. tismo do homem, e o primeiro passo
ao sexo ia este, habituando-nos a vir á impren-
A mulher, pertencente frágil; sa exprimir os nossos pensamentos. de
ommpotencia do
como é denominado pela
um que o Ao ver despontar o primeiro orgao
homem, éum movei, joguete
colloca no nosso sexo no seio desta cidade, trans-
capricho de qualquer estoico é
atira barbaramente á borda-me o espirilo dc júbilo, porqueem
caiito da casí ou o primeiro raio de luz que reflecte
ultima escala social.! nossa sociedade de trevas; é o primeiro
a
Vedada da instrucção, que prespica- recinto onde as jovens devem habituar-
cia masculina tem julgado incompatível direi- se aes«mmir as armas da intelligencia,
de seus
com o sexo, inconsciente deixa que pa°ra o futuro lhes deve ornar as
tos ella, qual cordeiro humilde, louros.
manopla frontes de tantos
subiugar-se e esmagar-se pela Pela discussão persuadiremos, econ-
de ferro de qualquer bárbaro. o terreno que
quistando palmo a palmo um dia inde-
E' tempo de olharmos atlentamente
nos hão roubado, seremos
para a nossa situação. e felizes. '
a mulher na so- pendentes
Que papel representa O hymno da victoria será nosso.
ciedade n n nn Avante pois.
filha, quando mai, esposa ou
Quando op-
viuva, sempre, sempre manietada, Collaboração.
desde o primeiro
primida e dominada
até o ultimo homem. da cidade da
A mulher dotada comas mesmas ta- Escola normal
culdades do homem, com a intelligencia
Campanha.eu
das
e a razão abertas a receber o cultivo Aos normalistas de ambos os sexos
artes e das sciencias, para
letras, das
e desempenhar a sua que frcquentfto esta escola oíTerece a re-
ser útil á pátria mais dacção do Sexo Feminino o seguinte pro-
na sociedade, a maior e a
missão
da humanidade que toda blema, sobre arilhmetica, cuja solução
santa missão cha- deverá ser remettida á redadora princí-
depende-,: da—mãi de familia—deve
„ui- „ «c frWnm mip. não Dode negar-
i.,o uma sociedade culta. culta. . \uuy """ *- deste
no 3" numero ,. :J:„periódico.
nnM ™nf» . cãn
_ e
#ie mi- redigidas com concisão
Instrucção para o sexo feminino de clareza Questões
l TSào cessemos serão propostas aos mesmos a-
nhas caras patricias luronos e alumnas sobre todas as mate-
até completamente
pugnar e clamar que
rias componentes do curso biennal
da
consigamos este desideratum.
dita escola, e que ià tenhão-lhes sido ex- Si encarais a mulher como esposa,
neste eslado em que ella symbolisa a so-
plicadas e estudadas na aula. relação ao seu
Cada questão terá seu numero de or- ciedade, o que etla é em filhos, sem e-
dem que irá prender-se à respectiva so- esposo, a Deos e a seus a conside-
uçfto do tal problema. ducação, sem instrucção ? Si
rais como mãi ? Sabeis o que é a mâi ?
Problema n. 1 sobre arühmetka. Olhai aquella mulher que acompanha-
humanidade, no meio
Perguntou-se a um arithmetico que va o Messias da e em cujos lábios se
horas erão ? de tantos marlyrios
divisava a doçura e compaixão, encar-
Respondeu : nadas naquellas memoráveis e sublimes
5 7 6 palavras:
Sao —dos —dos —dos—de 24 horas. « Vede se ha dôr que se possa equiparar
6 12 7
á minha dôr !
Que horas er&o ? Eis a mulher como mãi!
Mas para a mulher ser esposa, ser fi-
hiestào n. 1 sobre grammatica porlu- lha e ser mãi é preciso que a sociedade
gueza I a não abandone às troves do erro e da
ir.»-*¦-•-¦«¦--ooinstrucção. — í*-™ -
osição a com accento agudo, estando edwca-la pela
'anteposta Feminino que com-
lia a nomes masculinos e a Parabéns ao Sexo
ifinitos de verbos ? penetrado desta indeclinável necessida-
lugar e minenle na a-
A dilucidação deste ponto virá corrigir de vem oecupar da nossa terra, advo-
í muitos impressos e manuscriptos que des- rena do jornalismo
uidosamentc por ahi correm. gando a causa da emancipação social da
mulher, prenuncio certo talvez de uma
era mais feliz no horizonte de nossa pa-
A educação da mulher. tria querida.
Uma campanhense.
Si devemos curar attentamente da e-
ducação e instrucção do homem, muito Litteratura.
mais devemos attender á instrucção e
educação da mulher. Filha, esposa e A educação é o mesmo que
mâi !' Considerada a mulher debaixo iustrueçao ?
destes tres pontos de vista, é íncontes-
tavel que ella não poderá desempenhar Em sua accepção a mais racional,
a sua importante missão na sociedade, educação significa formação moral do ho-
senão quando fòr educada e instruída mem. A educação tem por objeeto corri-
convenientemente. gir os vicios, reformar os hábitos, polir
Penetrai no lar doméstico, apreciai a os costumes ; para isto ella tem neces-
mulher debaixo deste tríplice aspecto e sidade de fazer esforços contra as* in-
ahi encontrareis a solução das tristes clinações do homem a fim de leva-lo á
scenas que lamentamos na falta da e- perfeição. k,
ducação e, sobre tudo, da educação reli- E' da moral religiosa que a educação
giosa°! O luxo e a vaidade, eis o seu apa- tira seus mais poderosos auxiliares.
nagio ! Eis a sua única aspiração sobre O uso, o exemplo, os costumes públicos,
a terra ! as próprias leis sâo influenciadas pela
vermos brasileiras formadas em igual
educação; mas, sem o principio reli- sciencia.
negativa, h
gioso, sua eflieacia ó quasi recem-nas-
no berço da criancinha Instrucçaõ publica.—Por deliberação
cida que começa a obrigação de edu- superior, acha-se a escola publica de
car; pertence á mulher ser a primeira meninos, do professor Zcfenno Dias
institutriz do homem, ò ella o primeiro Ferraz da Luz, entregue á professora pu-
e o principal instrumento de sua edu- blica D. Henriqueta Adosinda da Costa,
a leccionar
passando aquelle professor normal.
Hoje quasi que geralmente confun- na aula pratica annexa á escola
dem a educação com ninttrucçào. A pri- Escola particular de isntrucçâo pri-
meira é a cultura do coração, a segunda MARU, REGIDA PELOS PROFESSORES CHAVES
é a do espirito. Pôde um indivíduo ter e Alvarenga.—Continua esta escola
recebido uma instrucçaõ eminente e va- augmenlando o numero dc alumnos á
riada, e não ter tido senão uma educação matricula. Oxalá as dignas e virtuosas
defeituosa. mais de familia protejáo este estabele-
0 homem instruído não e sempre o cimento nascente.
mais bem educado, assim como o ho-
mem bem educado pôde ser o menos Aimuncio.
instruído. A educação perfeita é a ins-
trucção unida á polidez e ao bem viver, AS CANDIDATAS
é a sciencia virtuosa.
Nós somos tudo ou nada, dizia Cie- Ao magistério publico
mente XIV, segundo a educação que priniario.
recebemos; a primeira c a melhor edu- Art. \°da Resolução «!e 28 de Maio de 1873.
cação possível é a religião. « Nos mezes de Janeiro e Julho de ca-
Traduzido do francez por daanno.se abrirão concursos a exames
nas sedes das circumscripmes litterarias
Amélia Diniz.
para as cadeiras de instrucçaõ primaria
estiverem regi-
Campanha, 10 de Setembro de 1873. de ambos os sexos, quo não forem defi-
das por professores que
nitivos, ou se acharem vagas. »
Noticiário. A cidade da Campanha c a sóde da 3.a
circumscripção litleraria com sua escola
Escola do povo.—Lemos com prazer normal.
o combate de intelligencia que em prol
dos direitos da mulher tôm travado cer- Theatro.
tos cavalheiros distinetos, cujas prelec- HOJE ! !
ções vêm inseridas na Republica.
O paiz HOJE !
ainda não ouvio linguagem tão sublime, Sobe á scena pela ultima vez c
tão lógica, tão illustrada, qual a com drama em 5 actos :
na corte.
que ápparece a escola do povo intelli-
Honra e gloria a tão beneméritas
gencias.
Doutoras em medicina kos Estados
10 e VAIDADE , #5©Q.
Entrada geral.
Unidos.—Noticias desta nação nos fazem
certas de que não será cousa estranha Typ. do—Monarchista—Campanha-

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