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Anno 1. Cidade da Campanha, 20 de Setembro de 1873. Num. 3.

0 SEXO FEMININO
SEMANÁRIO DEDICADO AOS INTERESSES D * MULHER;
« Espeto intermédio da mulher que a ÓbÉervaçfto.
Assignaturns. g
natureza escreve no coração do homem » Toda a córr spondencia será
Por anno S-SO0O i dii i-ida á D. Fraorisca Senho-
Por semestre . . .. 2-900 Martin.) rinha da Motta Diniz.
Publica-se 1 ve* por semana. (Ai-ii:'

M. ÜINIZ.- OLLABORADORAS, DIVERSAS.


PRINCIPAL REDACTORA-D. FRiSCISCA S. DA

42 _..__. FnminSnn Isociedade csludao todos 6s ardis para


0 OCXO V cmilUllO. j mcnlire|n á nuilh.ir ijSOngcando-lhe sen
orgulho—alimentando seus caprichos, c
áti-
K' este o terceiro numero do Sexo Fe- louvando sua vaidade, para «rn dasua inex-
mini no ; seu programrna está cxhibido, sencia rirem-se da credulidade,
a discussão está encetada, o combate periencia da joven, que imprudentemente lhe
travou-se, c o inimigo já começa a mo- deu credito aos fenwntidos elogios que
ver-se nos arraiaes contrários! \ez o homem.
O homem encarar a mulher,
A hydra da ignorância soíTrendo gol- como o faria parece á uma rosa, sem se lem-
pe esmagador ein sua cabeça,á hijdra procura brar
de que esta flor tem uma momentânea
faze-la renascer semelhante existência.
Lema; mns o-Sexo Feminino qual outro
novo Hercules hade desfechar-lhe gol- Nào é o c-xlcrno da mulher que cum-
ornar—é o interno, 6 a intclligencia
pes sem piedade. te, pre .,deve brilhar; no fundo do coração
. é-.,...
O ponto objectiw do novo periódico que
eomo mais de uma vez tem dito, a «to- 'pios da mulher que urge inocnlar os prmci-
rumo e a imlmcmo da mulher; - estas demorai e rehgiio, que tanto mais
for a virtude
duas exoressões symbolisão a stjnthcse sobrcsahiráõ quanto maior
de seus esforços. que nelle existir.
Ha um redueto
"aue onde traiçoeiro resid Desenganemo-^noSi a mulher sempre
hade ficar es-
o inimigo procuramos, combater ; hade ser desconsiderada, o
p«« ròíicto chama-se—o igmramia da tacionaria, hade representar papel tris-
mnuw -esse
mtdher , esse lon. 1 urge
forte que m-tralhar ó lo que ..^ tem representado ate-o presen te.
pdos homens.
i §. ^ ^^ erf||cafáo c msíri(^0.
defendido pela scicncia
Mas o homem hade compartilhar dos
V quem se deve a nenhuma instrucção effeitos deste seu modo de pensar; por-
da"mulher—a sua descurada educação— qne « quem semêa abrolhos, espinhos co-
a sua nenhuma importância social—o lhe. .
sido re-
gráo de aviltamento a que bm erro,., mais triste cn-
duzido o sexo frágil, c a elevação a que Náp, ha maior dizer-se
tom corrupção
chegado tia uuu
tem í'iie"ii(io dos costumes
iii"_<»u uva ... «-_>.•-¦ >¦¦•---' dgenuidade ¦- do • . o,. século.
_ . -. ...... que
-- que ,
-' n nnolheose do íynismo ? Oeve-so:XlX. ó o século ,das luzes, exist.ni dous o a
dty nwrle, os
.triste verdade ') deve-se ao sexo masca- emavatura e a pena do bárbaro, ainda
lino—a esses máos conselheiros quo na' maiores crimes mundo
A regra para evitar ou antes corrigir-
conservados no mundo civilmdo, na
lido, me- se o abuso é esta: todas as vezes que a
phrase elegante donuncaassáz a se encontra com o artigo a
ditado e reproduzido Aimé Martin.
Ainda sâo memoráveis estas palavras ica este ultimo elidido, para evitar-se o
{«•oposição
do mesmo autor: hiato que é o encontro das duas vogaes,
v. g.:
« De 69 monarchasque, subirão ao thro- que impede fechar-se a boca, se deve es-
Vou a a cidade, que assim
no da França, só tres anuirão o povo, e, crever e pronunciar:—Vou d cidade.
* cousa notável todos tres forào educados Quando essa preposição fl se encontra
por suas mães ! ! com o artigo o casão-se ou juntão-se, v.
se escreve e
g.: Vou a o rio,—que assim
Collaboração. pronuncia:—Vou ao rio.
Um normalista apresentou igual so-
Bacela naraial da cidade da lução sobre esla questão grammatical.

A solução do poblema n. 1 sobre an- Questão grammatical n. 2<


thmetica, que obtem-se pela multiplicação Tratando-se de emprego ou profissão,
facções,—é 7 horas e meia. applicavelá mulher, qual será ocorrectot
v. g.:
A' questão grammatical sob n. 1 res- Maria é boa musica—ou bom musico?
ponde a redacção deste periódico
: Joana é bôa grammatiea—ou bom
Nem é permittido, e nem siquer e' to- grammatico ?
leravei. o uso ou antes abuso de accen- Eva é bôa rehetorica—ou bom rolho-
tuar-se a proposição ano caso proposto, rico?
E' um erro crasso accentuar-se tal pro- Aquella mulher é unia boba—ou uni
a nomes bobo ?
posição, estando ella anteposta
de verbos; e nes-
masculinos ou a infinitos
te engano laborão todas as pessoas Qualé* a melhor ortograpliia para es-
estão habituadas a traduzir o fran-
que tal accento crever-se a conjunecão si; com c ou com
cez, em cuja lingua constilue i?
uso peculiar.

Folhetim. Rêlincha o nobre cavallo;


Os elefantes i\ão urros ;
A tímida ovelha bala ;
VOsXÍ* Dlle aivuuaeé. Zurrar é próprio dos burros,
Regouga a sagaz rapoza.
Palrão pega e papagaio,
E cacareja a gallinha ; (Brutinho muito matreiro);
Nos ramoscantão as aves;
Os ternos pombos arrulhÃo, Mas pia o mocho agoureiro *
Geme a rola innocentinha.
MuGEa vacca; berra o íowro ; Sabem as aves ligeiras
Grasna a rã ; ruge o leão : O canto seu variar;
O gato mia ; uiva o lobo; Fazem gorgeios ás vezes,
Também uiva e ladra o cão. A's vezes põem-se a chilrar.
Litteratura. Pois olhe, dê-me uma flor
Como seu lábio a sorrir;
Vaidade* Si nfio, me jure de tê-la
Se outra ve2 eu lh'a pedir.
Quem é que deu-lhe, sinhá, —Nfio posso*
Tão bellas flores assim ?
De tantas que tem no ramo Muito bem <. 4 já que uma flor
Não dá uma para mim ? De sua mão não mereço,
—Nfto posso. Vou espalhar que—outra moça
Tão feia assim não conheço f
Meu Deos ! quem é que jà vio —Pois tome.
tão linda bocea a negar 1 ?
Eu peço por sua vida... *
Por minha vida«.. quer dar í O que o amor não podéra
—Nfto posso. Conseguir do lábio seu,
Por seus cabellos, seus olhos. A vaidade o amor
perfeito
Da sinhásinha colheu.
Por sua voz, seu candôr <
Ou dê-me, ou deixe que tire
Do ramalhete uma flor. A natureza é e throno exterior
—Mão posso. da magnifleenefa divina.
Já sei... já sei... essas flores ..
Donde vierao sinhá 1 Deos traçou seu nome sobre a fronte
Se advinhar, quem lh'as deu das estrellas, sobre o arco-iris, sobre
A que eu pedir me dará ? uma folha de arvore. O canto da calhan-
—Nâo posso. dra matutina, o murmúrio do regato, o
perfume das flores, tudo nos falia do
Vejamos t eu vou pedíHhe Eterno. Quanto as obras primas dosho-
-*— For vida do coração mens são grosseiras comparadas com
DaquoUe que mais lhe ama l as da natureza! Essa multidão de des-
K agora, dá-me ou não ? cobertas admiráveis que fazem quati-
—Nâo posso. dianamente nossos sábios nacfctmwa, na

O pardal, damnínho aos campos, Pia, pia o m


Não aprendeu a cantar; CucuRicAe" canta o gallo.
Como os patos e as doninhas, Late e gane! o cachorrinho,
Apenas sabe chiar.
A tíitellinha dá berros ;
O negro corvo crocita ; O cordeirinho balidos :
Zung o mosquito enfadonho; O macaquinho dá guinchos,
A serpente no deserto A criancinha vagidos.
Solta assobio medonho.
A falla foi dada ao homem,
Chia a lebre; grasna o rato; Rei dos outros animaes,
Ouvem-se os porcos grunHir j Nos versos lidos acima,
Libando o sueco das flores, Se encontrão, em pobre rima,
Costuma a abelha zumbir. As vozes dos principaes.
Bramão os tigres, as onças, P. D.
nas sciencias naturaes, nito lhes nomeada definitivamente D. Henriqnela
physica, da Costa para professora pu-
ensinarão jamais a crèar um mosquito. Adosinda
utn ramo de kena, uma mosca. blica de meninas da 2â cadeira de ms-
desta cidade.
Essa vil lagarta, esse bicho tia soda, truccào primaria
fia seu túmulo, émil vezes mais ha- Ksperamos que a nomeada corres-
que á confiança ollièial desempenhai!-
bil que os nossos mais peritos teeelocs; pondaárdua tarefa tio magistério.
essa abelha opera em seu laboratório do a
mctaniorphose que nossos chimicos jamais CONFIUTRUNIDAUF. F. f.H VT1DÃO.—O .SV-
essa anilo- xo Feminino agradece as palavras de sau-
poderiâo imitar ou explicar ; eom
rinha com seu bico, esses caslores dacão, animação e bom agouro eom que
suas caudas trabalhão mais delicada- foi*mimoscado pelas illustradas redae-
mente que nossos pedreiros com a re- enes dos periódicos campanhenses, Mo-
<ma c o compasso. Quem, senão Deos, nitorSul Mineiro, Mtmardista e Cnlomho.
insectos muitas
pôde fazer desses miseráveis saben- I Guerreiros da intelligencia,
um povo de obreiros inimitáveis, i vezes nos encontraremos na mesma pe-
do architccturac geometria?Os maiores rigrinacão—a impkf.nsa.
homens em todos os tempos, Sócrates,
Fenclou, Bcrnardin de Sainl Picrre, glon- Theatro.
ficarão seu nome e contundirão seu cs-
Newton, o
pirilo diante da face devina. humano,
mais profundo gênio do gênero Quarta-feira 24 <le
o nome de Deos sem
jamais pronunciava Setembro.
se descobrir. % _
Os próprios selvagens reconhecerão Sob2 á scena pela primeira vs-, nes-
mãos
as maravilhas que sahirào de suas ta cidade a beneficia do joven e
O especlaculo da natureza
poderosas. de Deos.
Ua ao coração c elle lhe falia Mundo telentoso carnpanher.se
\'m inglez percorrendo o Novo
EüSTAQüiO GARÇÂQ ^TQKLER
fez-se conduzir por um natural á casca-
ta do Vingara. Desde que o americano para continuar seus estudos na
cheou perlo dessa immcnsa catadnpa, Corte o drama em 5 actos:
aiie°se precepita do cume (le uma alta um
il,on«}mli'Ui'uni profundo valle com
ruido que s 5 ouve á muitas léguas,
sc p.u.uoii com a face cm terra.
—Que fazes lu ahi ?lhc disse o inglez
AMMOZTNA
elle

0 beneficiado faz parte na repre-


admirado.
—Eu adoro a Deos, fui a resposta do . sentação e espera-sé a
selvagem. coadjuvação do bom e illustrado
Traduzido do francez, por publico campanhense
Amélia Diniz. pedindo-se ao—bello sexo—a
sua
indispensável protecçac.
Noticiário, Priacipiii ús 8 horas.
de ser Typ. (lü-.Votia/c/uvíu-Cu¦¦ panlia.
>-()Mí-:Af;.vo definitiva.—Acaba

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