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Livro Fundamentos Da Economia PDF
Livro Fundamentos Da Economia PDF
de Economia
Fundamentos
de Economia
Erico Michels
Ney Oliveira
Sandro Wollenhaupt
Conselho Editorial EAD
Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Andrea Eick
Mara Lúcia Machado André Loureiro Chaves
Astomiro Romais Cátia Duizith
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade
dos autores a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia
autorização da Editora da ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184
do Código Penal.
Erico Michels é mestre em Gestão de Negócios pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (Uces-
Argentina) e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É
professor nos cursos de Ciências Econômicas e Superiores de Tecnologia em Gestão da Universidade Luterana
do Brasil (ULBRA).
Ney Oliveira está cursando doutorado pela Universitat de les Iles Balears (UIB-Espanha), é especialista em
Administração de Marketing pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e bacharel em Ciências
Econômicas também pela Unisinos. É professor nos cursos de Ciências Econômicas e Superiores de Tecnologia
em Gestão da ULBRA.
Sandro Wollenhaupt é mestre em Administração pela Universidade Fernando Pessoa de Portugal/Universidade
do Vale do Itajaí (Univali) e bacharel em Ciências Econômicas pela Unisinos. É professor dos cursos de Ciências
Econômicas e Superiores de Tecnologia em Gestão da ULBRA.
CDU 330
ISBN 978-85-7528-363-9
Projeto Gráfico: Humberto G. Schwert Dados técnicos do livro
Editoração: Rodrigo Saldanha de Abreu Fontes: Minion Pro, Officina Sans
Capa: Juliano Dall’Agnol Papel: offset 90g (miolo) e supremo 240g (capa)
Medidas: 15x22cm
Coordenação de Prod. Gráfica: Edison Wolf
Impressão: Gráfica da ULBRA
Março/2011
Sumário
Apresentação............................................................... 7
4 | Macroeconomia.......................................................... 45
7 | O mercado de câmbio.................................................. 83
8 | Economia internacional............................................... 95
Referências..............................................................131
Apresentação
Seja bem-vindo. Estamos iniciando nossos trabalhos e, nos próximos meses,
ficaremos constantemente em contato. A distância será apenas aparente, pois
estaremos, na verdade, ligados através da tecnologia que a modernidade nos
proporciona. Nós, enquanto seres pensantes e bem informados, não podemos
abrir mão das inovações que o século XXI nos apresenta.
Imagine-se fazendo uma viagem turística pela cidade onde você mora. Você
já conhece tudo, já viu tudo que qualquer guia local possa lhe mostrar. Que
novidades poderão existir em locais que percorremos diariamente? Em prédios
que vimos serem construídos? Em ruas das quais conhecemos cada buraco?
Experimente fazer tal viagem sem essa ideia preconcebida e você verá coisas
que nunca viu, apaixonar-se-á por paisagens que nunca antes havia observado.
Em sua própria cidade. Verá ângulos novos de paisagens. Paisagens há muito
conhecidas.
Convidamos você a fazer uma viagem de observação pelo mundo da
economia. Essa viagem não será muito diferente do que viajar por sua própria
cidade. Afinal, todos nós lemos, ouvimos, vivemos o dia a dia e nos sentimos
envolvidos por economia.
Nossa incursão por essa ciência pretende ser a mais aprazível possível.
Esta disciplina não pretende ser um curso de alta especialização, e sim um
aprendizado novo sobre aquilo que já vivemos, mas às vezes não temos tempo
8 Apresentação
Fisiocracia
Tratava-se de uma doutrina da ordem natural – o universo era regido por
leis naturais, imutáveis e universais desejadas pela providência divina para a
felicidade dos homens. Os fisiocratas, ao acreditarem em uma ordem natural que
regula os fenômenos econômicos, aceitavam que a vida econômica se organiza e
reorganiza de modo automático, com suas próprias forças, e, portanto, negavam
a intervenção do Estado na economia.
Com os fisiocratas, é iniciado o desenvolvimento das explicações para
os fenômenos econômicos. Para eles, somente a terra e tudo o que viesse da
natureza era considerado fator econômico produtivo. As atividades agrícolas e
extrativas eram consideradas economicamente produtivas – o produto líquido
decorria da terra e sobre ele produzia-se um excedente da riqueza criada
sobre a riqueza consumida. É possível dizer que a fisiocracia foi uma doutrina
organicista e naturalista, que recebeu influência do racionalismo do século
XVIII. Muitos consideram as teorias de Quesnay (1983) meras extensões da
doutrina escolástica, embora não deixem de reconhecer a natureza científica
e analítica de sua obra. Em Quesnay, formulam-se os princípios da filosofia
social utilitarista (hedonismo), que se destaca com o quadro econômico, uma
Fundamentos de Ciência Econômica 15
Escola clássica
De cunho liberal, desenvolveu-se entre o fim do século XVIII e o início do
século XIX. O marco inicial está relacionado a Adam Smith e a David Ricardo.
Para esses autores, as leis naturais da vida econômica têm como princípio
regulador a livre concorrência exercida pelos agentes econômicos. Concorrência
que leva à divisão do trabalho, alavancando a produção, enquanto a natureza
seria o fator originário. O corpo analítico da escola clássica tem quatro princípios
dominantes: liberdade de empresa, existência da propriedade privada, liberdade
de conjunto e liberdade de troca. Nesse princípio repousa e se fundamenta a lei
da oferta de mercado.
Contribuições contemporâneas
Após os trabalhos de Keynes, houve um intenso desenvolvimento de estudos
e a análise de assuntos ligados à renda, ao emprego e à moeda. São exemplos o
modelo do multiplicador atribuído a Paul A. Samuelson; o modelo da taxa de
juros de John R. Hicks; as hipóteses de renda permanente de Milton Friedman;
a interação entre a micro e a macroeconomia, a teoria neoclássica moderna das
expectativas racionais e os aprofundamentos nas teorias dinâmicas de longo
prazo realizados por Joan Robinson, Roy F. Harrod, Evsey Domar, John Hícks,
Nicholas Kaldor, Kenneth Arrow, Samuelson, Solow e muitos outros.
Na evolução sucinta dessas contribuições, convém alertar que o
intervencionismo na economia, proposto por Keynes, tinha sentido restrito
e não pode ser entendido da mesma maneira que o dirigismo estatal e
22 Fundamentos de Ciência Econômica
Ponto final
Este capítulo explicou o que é economia como ciência, seu objeto de estudo,
seus problemas econômicos fundamentais, seu método de abordagem da
realidade e uma síntese do pensamento econômico. Se você compreendeu tais
conceitos, está preparado para continuar seu estudo.
Indicação cultural
FUSFELD, D. R. A era do economista. São Paulo: Saraiva, 2001.
É um retrato fiel da evolução da economia, apresentando desde o surgimento
da economia de mercado até seus avanços mais recentes. No texto há uma linha
do tempo em cada página, situando os principais fatos e economistas de cada
período. É um livro completo que traz a história do pensamento econômico de
uma forma simples e direta.
Fundamentos de Ciência Econômica 23
Atividades
1) Quando surge a escassez, segundo a ótica econômica?
2) Por que a economia é uma ciência social?
3) Quais são as diferenças entre a economia positiva e a economia
normativa?
Gabarito:
As respostas das questões são encontradas no texto do capítulo.
2
Demanda
Demanda ou procura é a quantidade de bens ou serviços que os agentes
econômicos estão dispostos e aptos a consumir num determinado momento,
num determinado mercado por diferentes fatores determinantes, considerando-
se que:
• BENS: podem ser estocados;
• AGENTES ECONÔMICOS: constituídos por famílias, empresas e
governo;
• REQUISITOS BÁSICOS DA DEMANDA:
DISPOSTOS – ter vontade, querer;
26 A demanda, a oferta, o mercado e as suas estruturas
Oferta
Oferta é a quantidade de bens e serviços que um ou mais agentes econômicos
estão habilitados e interessados em colocar num certo momento, num certo
mercado, por diferentes fatores determinantes.
Os FATORES DETERMINANTES da oferta são: o preço do próprio bem; a
tecnologia; os impostos; a taxa de juros; os fatores da natureza (tudo que pode
ocorrer, em termos climáticos).
Quanto maior for o preço de um bem, maior será a quantidade ofertada
deste. Do mesmo modo, quanto menor for o preço de um bem, menor será a
quantidade ofertada. Em outras palavras, há uma relação direta entre o preço
de um bem e a quantidade ofertada. Essa é a LEI DA OFERTA.
que “em sua acepção primitiva, a palavra mercado dizia respeito a um lugar
determinado onde os agentes econômicos realizavam suas transações”. Para
Passos e Nogami (2003), mercado “é um local ou contexto em que compradores
(o lado da demanda) e vendedores (o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos
estabelecem contato e realizam transações”. É nesse mercado que funcionam as
duas leis mais conhecidas da ciência econômica: a lei da procura e a lei da oferta.
É também no mercado que se formam os preços dos bens e dos serviços, que
utilizamos para viver e satisfazer às nossas necessidades.
Formação de preços
Preço é a expressão monetária do valor de bens e serviços que utilizamos para
satisfazer às nossas necessidades. Existe, na teoria econômica, uma distinção
entre preço de mercado ou simplesmente preço e preço natural ou apenas valor.
O que determina o preço não é o que determina o valor. A explicação do valor de
troca das mercadorias tem duas grandes correntes dentro da ciência econômica:
a teoria clássica do valor-trabalho e a teoria neoclássica do valor-utilidade.
Essa disputa teórica em torno da determinação do valor entrou na história do
pensamento econômico e se manteve por um longo período.
Quem apresentou uma solução para o problema foi um economista inglês
do século XX, Alfred Marshall (1982). De acordo com Marshall, o valor de troca
é determinado, a curto prazo, subjetivamente pela utilidade e escassez relativa
(pelo lado da demanda) e, a longo prazo, objetivamente pelos custos de produção
(pelo lado da oferta). Depois disso, os debates acerca da origem do valor foram
deixados de lado e pouco tem sido discutido sobre o assunto.
Os preços de mercado oscilam conforme as variações da oferta e da procura
(demanda é sinônimo de procura, e passaremos a utilizar indistintamente uma ou
outra denominação). Nas economias de mercado, o papel dos preços é de orientar
a alocação (direcionamento) dos recursos de produção, funcionando como um
indicador ou índice de escassez. Os preços são um mecanismo de orientação
das atividades econômicas; isto é, dos fluxos da produção e da renda. E, nesse
sentido, os preços podem ser também definidos como um índice de conversão
de um fluxo real (de bens e de serviços) em nominal (de valores monetários).
28 A demanda, a oferta, o mercado e as suas estruturas
Equilíbrio de mercado
Quando se fala em equilíbrio, a ideia que nos vem imediatamente à cabeça
é de um balanceamento de forças. Quando se transfere essa noção de equilíbrio
para a análise do mercado, o balanceamento de forças ocorre entre as forças
básicas do mercado, a oferta e a procura. Dessa forma, pode-se dizer que o
mercado está em equilíbrio quando o preço pelo qual os vendedores pretendem
vender uma quantidade do produto é exatamente igual ao preço pelo qual
os compradores pretendem comprar essa mesma quantidade do produto.
Colocando em um gráfico (Figura 1) a representação das curvas de oferta e de
procura, podemos visualizar o equilíbrio de mercado. Esse equilíbrio é definido
pelo ponto A, determinado pela interseção das duas curvas.
A demanda, a oferta, o mercado e as suas estruturas 29
Preço
Oferta
Demanda
Q Quantidade
Figura 1 – Gráfico do equilíbrio de mercado
Fonte: adaptado de Vasconcellos; Garcia, 2006.
Monopólio
Uma única empresa produz um bem ou um serviço sem substitutos próximos
e apresenta barreiras à entrada de empresas concorrentes. O produto ou o serviço
não é idêntico e não há possibilidade de ser substituído por outros.
Oligopólio
Um número reduzido de firmas opera no setor. Os bens ou os serviços são
substitutos perfeitos entre si e o consumidor sabe perfeitamente quem produziu.
Essa estrutura apresenta barreiras à entrada e à saída de novas firmas.
Concorrência monopolística
Várias empresas produzem dado bem ou serviço, sendo que cada uma
produz um bem ou um serviço diferenciado, mas com substitutos próximos. A
diferenciação nos produtos pode se dar via:
• características físicas, como, por exemplo, a composição química;
• promoção de vendas, propaganda, atendimento, brindes;
• manutenção;
• embalagem;
A demanda, a oferta, o mercado e as suas estruturas 31
ACESSO DE NOVAS
OBJETIVO DA NÚMERO DE TIPO DE
ESTRUTURA EMPRESAS AO
EMPRESA FIRMA PRODUTO
MERCADO
Maximização
Monopólio Uma Único Existem barreiras
de lucros
Poucas Homogêneo
Maximização
Oligopólio dominam um ou Existem barreiras
de lucros
mercado diferenciado
Formas de organização
Há outras formas de organização das empresas no mercado, que serão
descritas a seguir:
32 A demanda, a oferta, o mercado e as suas estruturas
Monopsônio
Situação de mercado em que há apenas um comprador de um produto,
geralmente matéria-prima. Modelo raro de mercado, em que as condições são
determinadas pelo comprador, mesmo que haja vários vendedores. Normalmente
é representado por estatais, como o caso da empresa que se instala em uma
determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva
da mão de obra local e das cidades próximas, e, consequentemente, fixa os
salários em patamares baixos.
Oligopsônio
Tipo de estrutura de mercado em que poucas empresas, de grande porte, são
compradoras de determinados produtos, geralmente matéria-prima ou produtos
primários. Representado pelas indústrias alimentícias e seus fornecedores. Ex.:
em cada cidade existem dois ou três que adquirem a maior parte do leite de
inúmeros produtores rurais locais.
Truste
Uma das formas mais agressivas de controle oligopolístico de mercado é
aquela denominada truste (termo proveniente da palavra inglesa trust, que
significa “confiar, depositar confiança em”). O truste consiste num acordo entre
diversas empresas que passam a ser administradas por uma nova empresa ou
grupo financeiro. Essa empresa ou grupo passa a ter controle absoluto sobre as
empresas anteriores, que perdem sua independência e parte de sua autonomia
administrativa. Dessa forma, o truste passa a ser o único produtor e vendedor
de determinado bem no mercado, eliminando progressivamente os demais
concorrentes, absorvendo-os ou incorporando-os e, assim, controlando
totalmente o preço do bem ou bens que produz. Embora o Estado imponha
severas leis para impedir a formação de trustes, eles continuam operando e se
expandindo através de várias manobras.
A demanda, a oferta, o mercado e as suas estruturas 33
“Joint venture”
Basicamente, uma joint venture representa a associação de duas
ou mais empresas a fim de criar ou desenvolver uma atividade
econômica. Embora essas empresas busquem, com essa associação,
um ganho, esse ganho nem sempre se apresenta como o mesmo para
cada uma delas, pois, enquanto uma visa o lucro, outra pode estar
em busca de novas tecnologias e outra visa apenas e tão somente
assegurar sua presença em um determinado mercado, inúmeras
outras motivações podendo existir ainda para cada partícipe do
empreendimento conjunto. (TAVOLARO, 2007)
“Holding”
É uma forma de oligopólio na qual é criada uma empresa para
administrar um grupo delas que se uniu com o intuito de promover
o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços. Na
holding, essa empresa criada para administrar possui a maioria
das ações das empresas componentes de determinado grupo.
Essa forma de administração é muito praticada pelas grandes
corporações. (O QUE SIGNIFICA..., 2007)
Ponto final
Neste capítulo, vimos como a oferta e a demanda determinam os preços,
a importância do mercado para o sistema econômico e as características das
estruturas concorrenciais nas quais as empresas competem entre si. Se você
compreendeu tais conceitos, está preparado para continuar seu estudo.
34 A demanda, a oferta, o mercado e as suas estruturas
Indicação cultural
MANSFIELD, E.; YOHE, G. Microeconomia. São Paulo: Saraiva, 2006.
A obra mostra a teoria microeconômica de um modo claro e instigante
por meio de inúmeros exemplos atuais. Apresenta ainda os conceitos mais
recentes, ainda pouco explorados em livros. Entre eles estão: o papel do risco
e da incerteza na economia atual, a formulação de leilões, a função do seguro,
o poder do risco moral, os incentivos de mercado na formulação de políticas,
entre vários outros assuntos.
Atividades
1) Quais são os requisitos básicos da demanda?
2) Qual a importância do mercado para o sistema econômico?
3) As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três
variáveis principais. Quais são elas?
Gabarito:
As respostas das questões são encontradas no texto do capítulo.
3
Produtividade
Mão de obra
Terra (fator Produção Produção média marginal da mão de
(fator variável
fixo em total (em da mão de obra obra (em toneladas)
em milhares de
hectares) toneladas) (em toneladas) (5) =
trabalhadores)
1 3 (4) = (3) : (2)
2 Variação em (3)
Variação em (2)
10 1 6 6,0 6
10 2 14 7,0 8
10 3 24 8,0 10
10 4 32 8,0 8
10 5 38 7,6 6
10 6 42 7,0 4
10 7 44 6,2 2
10 8 44 5,4 0
10 9 42 4,6 -2
Fonte: Vasconcellos, 2007.
38 Teoria da produção e dos custos de produção
0 100 0 100,00 – –
10 100 50,00 150,00 15,00 5,00
20 100 80,00 180,00 9,00 3,00
30 100 100,00 200,00 6,67 2,00
40 100 110,00 210,00 5.25 1,00
50 100 130,00 230,00 3,83 2,00
60 100 160,00 260,00 4,33 3,00
70 100 200,00 300,00 4,28 4,00
80 100 250,00 350,00 4,37 5,00
Fonte: Rossetti, 2002.
Teoria da produção e dos custos de produção 39
Como uma empresa terá lucro máximo? Ela terá lucro sempre que vender
uma unidade de produto a um preço unitário maior que o seu custo unitário de
produção. Enquanto houver esse lucro, a empresa poderá prosseguir aumentando
sua produção e vendas, mesmo que seus custos médios e marginais estejam
crescendo. A maximização dos lucros ocorre quando a receita marginal é igual
ao custo marginal.
No longo prazo, a teoria da produção considera que todos os custos sejam
variáveis, inexistindo custos fixos. Dessa forma, toda a análise que fizemos até
aqui se refere ao curto prazo.
Outra questão importante a destacar é a visão diferenciada que existe entre
a ótica de análise dos economistas e aquela dos contadores sobre custos de
produção. Os custos contábeis, ou explícitos, são aqueles que ocorrem mediante
dispêndio monetário e são registrados na contabilidade.
Os custos considerados na análise econômica incluem, além daqueles
considerados pelos contadores, os custos implícitos ou de oportunidade.
Representam os custos que as empresas têm com o uso dos insumos de sua
propriedade e pelos quais elas não têm dispêndio monetário. Seus valores podem
40 Teoria da produção e dos custos de produção
Externalidades
Na análise econômica é preciso, ainda, considerar, as externalidades. Estas
são os custos ou as receitas obtidas ou imputadas pela empresa à sociedade ou
a outras empresas. As externalidades podem ser positivas ou negativas. Serão
positivas quando uma empresa gerar benefícios a outra, sem receber pagamentos
em troca. Exemplos de externalidades positivas são as empresas tradicionais que
treinam sua mão de obra e acabam gerando novas empresas que absorvem a mão
de obra treinada, sem participar em seu custo. As externalidades serão negativas
quando a atividade de uma empresa gerar custos para outras empresas, sem
que aquelas paguem a estas o custo proporcionado. Exemplo de externalidade
negativa é a poluição que uma empresa produz em um bairro ou em uma cidade,
contaminando a água, o ar ou o solo.
Ponto final
A teoria da produção e dos custos de produção é fundamental para a
administração de empresas e para o entendimento do comportamento do
produtor no mercado. Essa teoria permite analisar a formação do custo dos bens
e serviços, cujo valor final viabiliza ou inviabiliza a permanência do produtor
no mercado do produto.
Para o administrador, a análise da composição dos custos proporciona a
possibilidade de interferir no processo produtivo no sentido de minimizá-lo e
tornar o produto mais competitivo.
Indicação cultural
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. Tradução de: Eleutério
Prado. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
Esse manual completo apresenta os conceitos básicos e aprofunda todos
os aspectos importantes do estudo da microeconomia: mercado e preços;
produtores, consumidores e mercados competitivos; estrutura de mercado e
42 Teoria da produção e dos custos de produção
Atividades
1) Uma fábrica de implementos agrícolas apresenta a seguinte estrutura
de custos para a produção de diferentes quantidades de produto:
QUANTIDADE
PREÇO DE VENDA CUSTO FIXO CUSTO VARIÁVEL
PRODUZIDA/
(R$) (R$) (R$)
MÊS
20 50.000,00 308.000,00 150.000,00
30 42.000,00 308.000,00 170.000,00
40 39.000,00 308.000,00 190.000,00
50 36.000,00 308.000,00 210.000,00
60 33.000,00 308.000,00 230.000,00
Produtividade
Mão de Produção
Capacidade Produtividade marginal da mão
obra (fator total (em
de produção média da mão de de obra
variável de pares de
diária obra (5) =
trabalhadores) sapatos)
1 (4) = (3) : (2)
2 3 Variação em (3)
Variação em (2)
300 10 80
300 15 95
300 20 115
300 25 132
300 30 129
300 35 108
300 40 97
Gabarito:
1)
Macroeconomia
Ao final deste capítulo, o aluno deverá ser capaz de analisar as metas de política
macroeconômica, identificar os instrumentos da política macroeconômica,
descrever a estrutura de análise da macroeconomia e identificar as principais
medidas da atividade econômica propostas pela contabilidade nacional. Todos
esses assuntos serão abordados a seguir.
Ponto final
A macroeconomia proporciona ao gestor público os instrumentos para
analisar os cenários econômicos e propor medidas para maximizar o bem-estar
momentâneo dos cidadãos e das empresas (curto prazo) e para incentivar o
crescimento e o desenvolvimento da economia (longo prazo). O entendimento
dos fundamentos macroeconômicos e de suas aplicações (metas e políticas) é
uma das melhores maneiras de entender as medidas econômicas adotadas pelos
governos em suas políticas que afetam o dia a dia dos cidadãos: taxas de juros,
câmbio, impostos, investimentos públicos.
Macroeconomia 53
Indicação cultural
SACHS, J. D.; LARRAIN, F. B. Macroeconomia: em uma economia global.
Tradução de Sara R. Gedanke. São Paulo: Makron Books, 2000.
Esse livro aborda a teoria macroeconômica associada aos aspectos
internacionais e à economia global. Contempla os conceitos básicos da
macroeconomia e aprofunda as variáveis importantes do estudo macroeconômico
como: determinação do produto, investimento, poupança, setor governamental,
economia monetária, câmbio, inflação, crescimento e mercados financeiros.
Atividades
1) O que são políticas macroeconômicas e quais são seus principais
objetivos?
2) Quais são os principais instrumentos de política econômica?
3) Pesquise, em sites da internet, o PIB do Brasil, da Argentina e de algum
outro país que lhe chame a atenção em um período de dois anos recentes.
Pesquise, para os mesmos países, a população residente e calcule o
PIB per capita (PIB dividido pela população respectiva). Analise os
resultados e comente-os. Observe que, para poder comparar variáveis
de países diferentes, deve-se utilizar a mesma moeda, de preferência o
dólar norte-americano (US$).
Gabarito:
1 e 2) As respostas podem ser encontradas no próprio texto do livro.
Procure entender bem o conceito de política econômica e identificar
os instrumentos que o gestor macroeconômico tem para gerir a
economia.
3) As respostas devem ser obtidas através de pesquisa na internet. Utilize
sites de economia, como: www.bcb.gov.br, www.ibge.gov.br, www.fee.
tche.br.
5
Esses ativos que rendem juros são também chamados de haveres não
monetários ou quase-moeda, sendo que M1 é chamado de haver monetário.
Em processos inflacionários, a relação entre M1 e M4 costuma diminuir,
pois as pessoas procuram ficar com pouca moeda que não rende juros (M1) e
58 Introdução à economia monetária
No Brasil, devido à estrutura híbrida do Bacen, uma parte das suas funções
é executada pelo Banco do Brasil. Assim, a câmara de compensação de cheques
fica no Banco do Brasil. Além disso, o Bacen não recebe depósitos do governo,
quem o faz é o Banco do Brasil. No fundo, o Bacen é um órgão normativo
(sujeito ao Conselho Monetário Nacional) e o Banco do Brasil é um órgão
executivo. O Banco do Brasil, além de executar essas funções, funciona como
típico banco comercial, o que gerou alguns problemas de controle de política
monetária no Brasil.
Os bancos comerciais também podem alterar a oferta de moeda, por terem
uma carta patente que lhes permite emprestar mais do que têm em depósitos.
A utilização generalizada de cheques faz com que a maior parte do volume de
moeda do sistema permaneça no sistema bancário, gerando o chamado float,
sendo que apenas uma pequena parcela desse total é representada por saques de
numerário. Dessa forma, apesar de não poder emitir moeda, o banco comercial
cria meios de pagamento, pelo fato de poder fazer promessas de pagamento
com os recursos depositados pelos seus clientes. Isso cria um mecanismo
multiplicador dos saldos monetários, como veremos a seguir.
a1
S.P.G = -q
1
Onde:
S.P.G. = soma dos termos de uma progressão geométrica
a1 = primeiro termo da progressão geométrica
q = razão da P.G
Note-se que, no exemplo acima, teríamos:
D = R$ 100,00/1 - 0,8 = R$ 500,00
B = PP + R
M
= m ou M = mB
B
PP DV
+
M pp+dv DV DV
(3) = =
B pp=R PP R
+
DV DV
M c+1 1+c
= ou M = B
B c+r c+r
1+c
sendo: m =
c+r
Deve ser observado que as políticas monetárias não têm muito efeito sobre a
taxa de retenção do público, pelo menos a curto prazo, dado que é um parâmetro
que depende de hábitos da coletividade, como o uso de cartões de crédito. A
64 Introdução à economia monetária
atuação maior das autoridades dá-se sobre a taxa de reservas bancárias e sobre
a base monetária.
Demanda de moeda
Nesta parte, estamos interessados em saber os motivos que fazem com que
as pessoas retenham moeda, guardem moeda pela moeda, em vez de aplicá-la,
por exemplo, em títulos ou imóveis, que proporcionam rendimentos. Se existem
essas possibilidades, por que se retém moeda que não rende nada (conceito M1)?
Para tanto, precisamos de uma teoria de demanda de moeda.
Existem três motivos para demandar moeda, isto é, para reter encaixes
monetários:
• motivo transação;
• motivo precaução;
• motivo especulação (ou portfólio).
Ponto final
Neste capítulo, constatamos a importância dos aspectos monetários no dia
a dia de qualquer economia, explorando funções, características da unidade
monetária, bem como a sua circulação dentro de um sistema econômico, o
fenômeno da sua existência é importante face à inviabilidade do retorno ao
escambo ou às mercadorias moedas.
Também examinamos questões relacionadas à produção e ao impacto do
meio circulante para a promoção de desenvolvimento de um país. Se você
compreendeu os fundamentos aqui desenvolvidos, está apto a seguir adiante
em sua leitura.
Indicações culturais
MELLAGI FILHO, A.; ISHIKAWA, S. Mercado financeiro e de capitais. 2.ed.
São Paulo: Atlas, 2003.
As referências bibliográficas ao final desta obra apresentam capítulos
interessantes, como o livro sobre o sistema financeiro nacional de Mellagi
Filho.
Atividades
1) Quais as funções da moeda?
2) As pessoas demandam moeda por três razões. Quais são elas?
3) Descreva o processo de criação e destruição de moeda.
4) Para controle do volume de moeda em circulação na economia, os
governos implementam a chamada política monetária. Que ferramentas
compõem a política monetária?
Gabarito:
1) Meio ou instrumento de troca; unidade de medida e reserva de valor.
2) Motivo de transação; motivo precaução e motivo especulação.
3) A resposta desta questão deverá seguir a linha de raciocínio do efeito
multiplicador dos meios de pagamentos, representando um aumento
ou redução da quantidade de moeda em circulação.
- Emissão de moeda.
- Reservas obrigatórias.
- Operações de mercado aberto.
- Política de redesconto.
- Regulamentação e controle de crédito.
6
6.1 Inflação
A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado
no nível geral de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos
e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. Devem também
ser generalizados, pois a maioria dos preços deve se elevar conjuntamente.
Causas da inflação
Para propósito de análise, é útil classificarmos a inflação de acordo com
seus fatores causais. Nesse sentido, a literatura econômica costuma distinguir a
inflação provocada pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda)
da inflação causada por elevação de custos (inflação de custos).
Inflação de demanda
A inflação de demanda pode ser definida como o excesso de demanda
agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. Parece claro
que a probabilidade de inflação de demanda aumenta quanto mais a economia
estiver próxima do pleno emprego de recursos. Afinal, se houver desemprego
em larga escala na economia, é de se esperar que um aumento de demanda
agregada deva corresponder a um aumento na produção de bens e serviços, pela
maior utilização de recursos antes desempregados, sem que, necessariamente,
ocorra aumento generalizado de preços. Quanto mais nos aproximamos do
pleno emprego, mais se reduz a possibilidade de expansão rápida da produção,
e a repercussão maior deve refletir sobre os preços.
72 Inflação e seus reflexos na economia
Inflação de custos
A inflação de custos pode estar relacionada à estrutura de produção, ou seja,
o nível de demanda permanece inalterado, mas os custos de certos insumos
importantes utilizados na produção de um bem aumentam e são repassados aos
preços finais dos produtos. A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem
ou de um serviço tende a ser bastante relacionado a seus custos de produção.
Se o último aumenta, mais cedo ou mais tarde o preço do bem, provavelmente,
aumentará. Uma razão frequente para um aumento de custos seriam os aumentos
salariais. Um aumento das taxas de salários, entretanto, não necessariamente
significa que os custos de produzir um bem aumentaram. Se a produtividade da
mão de obra empregada aumenta na mesma proporção dos salários reais médios,
os custos unitários por unidade de produto não são afetados. Por exemplo: se
os salários reais aumentam em 10% e o produto por trabalhador aumenta na
mesma proporção, o produto aumentou tanto quanto os salários. Os custos
salariais por unidade de produto permaneceram os mesmos. Nesse sentido, não
há necessidade de aumentar os preços unitários dos produtos, quando expandir
a produção, porque os custos por unidade produzida não aumentaram.
O aumento da taxa de salários provoca inflação, se existir alguma causa
autônoma. Por exemplo: se sindicatos com mais poder de barganha são capazes
de forçar um aumento de salários em níveis acima dos índices de produtividade,
os custos de produzir bens e serviços aumentam. Se os preços de produtos finais
seguem os custos de produção, o resultado é uma inflação impulsionada pelos
custos de produção (no caso, pelo aumento de salários).
A inflação de custos também está associada ao fato de que algumas empresas
com elevado poder de monopólio ou oligopólio têm condições de levar seus
lucros acima da elevação dos custos de produção.
Inflação e seus reflexos na economia 73
A inflação no Brasil
De acordo com Vasconcellos (2001), as escolas de teoria econômica no Brasil
sempre estiveram integradas a outros centros de estudo de economia no mundo
inteiro. Todavia, tivemos alguns aspectos de teoria econômica com aplicações
práticas que foram muito estudados aqui, principalmente sobre a questão da
inflação. Podemos citar como exemplo a visão inercialista da inflação ou o
processo de industrialização. O maior destaque, sem dúvida, foi o debate entre
estruturalistas e monetaristas, principalmente na década de 1960.
Costuma-se associar a corrente estruturalista à Comissão Econômica para a
América Latina (Cepal), influenciada pelas ideias do economista argentino Raul
Prebisch, e a corrente monetarista à política preconizada pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), baseada, em grande parte, nas ideias de Milton Friedman
(1978), da Universidade de Chicago.
Como dissemos, o diagnóstico estruturalista para o processo inflacionário em
países subdesenvolvidos pressupõe que a inflação está associada, estreitamente,
a tensões de custos, causadas por deficiências da estrutura econômica, a saber: a
estrutura agrária, a estrutura oligopolista de mercado e a estrutura do comércio
internacional. Hoje, os estruturalistas (ou neoestruturalistas) colocam essas
questões de forma mais abrangente, ou seja, associadas a um conflito distributivo,
que se estabelece entre os vários setores e agentes da sociedade. Segundo essa
corrente, as causas da inflação no Brasil derivam da pressão desses agentes na
defesa de sua parcela no produto da economia: os capitalistas, via margens de
lucro; o governo, via impostos e preços de tarifas públicas; e os trabalhadores,
através de seus salários. As ideias estruturalistas também estiveram associadas
à estratégia de industrialização na América Latina, através de um processo de
substituição de importações. Esse processo foi ancorado em uma política de
proteção à indústria nacional, por meio de barreiras qualitativas e quantitativas
à importação.
A visão monetarista, no tocante à questão inflacionária, apresenta um
diagnóstico que associa a inflação brasileira ao desequilíbrio crônico do setor
público. A necessidade de financiar a dívida pública leva ao aumento das
emissões e ao excesso de moeda, acima das necessidades reais da economia,
levando às elevações de preços. Os economistas dessa corrente advogam por
uma economia de mercado com menor intervenção do Estado nessa atividade.
76 Inflação e seus reflexos na economia
POLÍTICAS ANTI-
CORRENTE CAUSAS PRINCIPAIS
INFLACIONÁRIAS
Conflitos distributivos
(pressões de margens de
lucro, pressões salariais, Controle de preços de oligopólios;
Estruturalistas
pressões de tarifas e preços reformas estruturais.
públicos provocam inflação
de custos).
Fonte: Vasconcellos, 2001, p.341.
I = índice;
P = preço;
o = época-base, básica ou época de referência;
t = época atual, época dada, época a ser comparada;
Pt = preço do artigo na época atual (dada);
Po = preço do artigo na época-base.
Fórmula utilizada: Po,t = pt . 100 - 100
po
Po,t = 25%
Inflação e seus reflexos na economia 79
Notação utilizada:
qt = quantidade de um produto na época atual;
qo = quantidade desse mesmo produto na época-base.
q
Fórmula utilizada: qo,t = q t · 100 - 100
o
Notação utilizada:
Pt = preço do artigo na época atual;
Po = preço do artigo na época-base;
qt = quantidade de um produto na época atual;
qo = quantidade desse mesmo produto na época-base;
Vt = valor do artigo na época atual;
Vo = valor do artigo na época-base.
v
Fórmula utilizada: Vo,t = v t 100 - 100
o
Ponto final
Neste capítulo, continuamos nossa fundamentação sobre economia,
explorando o fenômeno da inflação e os seus reflexos no sistema econômico.
Também examinamos questões relacionadas à medição da inflação. Se você
compreendeu os fundamentos aqui desenvolvidos, está apto a seguir adiante
em sua leitura.
Indicação cultural
LOPES, J. do C.; ROSSETTI, J. P. Economia monetária: livro-texto. São Paulo:
Atlas, 2005.
A obra trata dos objetivos e instrumentos da política monetária, avaliando
sua eficácia e implicações. Discute também as principais teorias da inflação,
com ênfase especial para o caso brasileiro.
Inflação e seus reflexos na economia 81
Atividades
1) Se todos os preços subirem, pode-se ter certeza de que houve inflação?
Marque a alternativa correta.
a) Sim, contanto que a taxa de juros real não se altere.
b) Sim, contanto que a renda de equilíbrio esteja abaixo da renda de
pleno emprego.
c) Sim, contanto que a taxa de juros não se altere.
d) Sim, contanto que esse aumento faça parte de alta persistente no
nível geral de preços.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
Gabarito:
1) d
7
O mercado de câmbio
Ao final da leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de relacionar taxa
de câmbio com exportações e importações, diferenciar os sistemas de taxas de
câmbio, e identificar as relações existentes entre a taxa de câmbio e a inflação.
Todos esses assuntos serão abordados a seguir.
O mecanismo de ajuste
O sistema de padrão-ouro clássico não só se encarrega de manter estáveis as
taxas de câmbio, mas também equilibradas as relações comerciais internacionais.
Assim, quando um país tinha um superávit com o exterior – isto é, exportava
mais do que importava –, recebia mais ouro do que tinha de pagar, de forma que
suas reservas aumentavam e isso aumentaria a quantidade de dinheiro. Dessa
forma, a demanda agregada aumentaria, e os preços também. Com um nível
mais elevado de preços, o país seria menos competitivo em nível internacional, e
suas exportações diminuiriam e, pelo contrário, suas importações aumentariam
até que alcançassem o equilíbrio. O inverso aconteceria num país com déficit
em suas relações com o exterior, pois haveria uma saída de ouro.
O padrão-ouro clássico é um regime de taxa de câmbio fixa. O valor da moeda
nacional define-se em relação ao ouro, e o Banco Central compra e vende ouro
em quantidades ilimitadas a esse preço. As entradas de ouro provocam uma
expansão monetária, e as saídas, uma destruição do dinheiro.
Assim, mantendo fixa a taxa de câmbio, elimina-se o desequilíbrio nas
relações internacionais. Para isso, só se exigia que as importações e as exportações
fossem sensíveis às variações dos preços e que o banco central estivesse disposto
a aumentar ou diminuir a quantidade de dinheiro, quando a quantidade de ouro
aumentasse ou diminuísse.
Inconvenientes do padrão-ouro
O padrão-ouro clássico apresentava uma série de inconvenientes, e entre
eles cabe destacar os seguintes:
• tendia a formar fortes oscilações na atividade econômica e no nível
de preços, o que poderia ir contra os objetivos internos de política
econômica. Além disso, preços e salários internos poderiam ser
90 O mercado de câmbio
Ponto final
Neste capítulo, exploramos os mecanismos de funcionamento do câmbio
e discutimos a sua influência no índice de inflação. Assim você será capaz
de relacionar a influência da taxa de câmbio nas exportações e importações,
diferenciar os sistemas de taxas de câmbio fixo e flutuante e identificar as relações
existentes entre a taxa de câmbio e a inflação.
Indicação cultural
SEGRE, G. Manual prático de comércio exterior. São Paulo: Atlas, 2007.
O livro oferece uma visão global e prática do comércio internacional, suas
formas, envolvimento e implicações, dentro do ambiente profissional e de
aprendizado acadêmico. Os capítulos dispostos na obra abordam perspectiva,
discernimento, compreensão e desenvolvimento das habilidades necessárias
à gestão por excelência, e estão assim discriminados: introdução ao comércio
internacional, definições básicas, incoterms, moeda e câmbio, logística
internacional, contabilidade de comércio exterior, regimes aduaneiros, negociação
internacional e princípios básicos de direito do comércio internacional.
O mercado de câmbio 93
Atividades
1) Defina taxa de câmbio.
2) Diferencie os conceitos de câmbio fixo e de câmbio flutuante.
3) Qual é a influência do câmbio sobre a balança comercial de um país?
Gabarito:
As respostas das questões são encontradas no texto do capítulo.
8
Economia internacional
Ao final da leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de relacionar os
níveis de integração dos blocos econômicos, diferenciar as teorias de comércio
internacional, identificar os principais blocos econômicos existentes e quais são
seus países-membros.
Todos os temas serão abordados a seguir.
L
I =
P
Onde:
I = coeficiente técnico de produção;
L = horas de trabalho;
P = produto (quantidade produzida).
Economia internacional 97
Produção P = L/I
Produção P= L/I
País
Escola neoclássica
Apontando as limitações da escola clássica, essa teoria argumenta que, no
âmbito do comércio internacional, não basta identificar os custos de produção
(em termos de mão de obra) para verificar se a nação possuirá vantagens no
comércio internacional. Segundo essa teoria, os países exportam um produto
disponível em detrimento daquele em que há escassez. Desse modo, o processo
de troca entre duas nações deve observar o fato de que os países sempre tendem a
exportar mercadorias provenientes de seus recursos produtivos mais abundantes
e a importar bens cujos recursos sejam mais escassos (CARVALHO; SILVA,
2004).
O processo de globalização
O processo de globalização é a consequência do incremento das relações
econômicas internacionais. Os países se organizam em blocos de integração,
para facilitar o comércio entre si e para enfrentar a concorrência internacional
de forma mais competitiva.
A globalização exige dos países algumas condições para ingresso nesse
“clube de negociantes internacionais”. A primeira delas é integrar-se econômica
e politicamente. A integração implica negociações permanentes, participação
nos tratados e acordos mundiais sobre o tema e adaptação às tendências
comerciais, que se alteram com velocidade crescente. Outra condição é a
abertura às empresas transnacionais, que são responsáveis pela maioria das
transações do comércio internacional. Os países precisam, também, investir
em tecnologias que favoreçam a inter-relação mundial, como: transportes,
comunicações e transmissão de dados. Ainda precisam eliminar barreiras
comerciais protecionistas e liberalizar suas economias.
As consequências da integração são alterações das regras de convivência
internas de cada país. Uma delas é a convergência das relações jurídicas
internas, que tenderão a um modelo mais homogêneo entre todos os países.
Por conseguinte, haverá influência externa crescente sobre cada país, com o
surgimento de organizações multilaterais, acordos entre governos, implementação
de empresas transnacionais. Em suma, haverá redução de atributos de soberania
nacional, que se consolidarão através de acordos de interdependência.
Do ponto de vista macroeconômico, a integração produzirá o aumento
do comércio internacional, relacionando-se com a produção interna (PIB)
de cada país, provocará a homogeneização crescente dos fatores de produção
e dos produtos, tendendo à equalização dos custos dos fatores. A influência
dos investimentos externos aumentará, e estes serão cada vez mais atraídos
para infraestrutura e para áreas de tecnologia, em vez de serem dirigidos para
exploração de recursos naturais. As nações se tornarão cada vez menos autônomas
no campo econômico, dependendo de fluxos financeiros internacionais de
controle reduzido.
Do ponto de vista microeconômico, as empresas tenderão a ter escalas
maiores, podendo operar com custos mais reduzidos e com maiores condições
de competir.
102 Economia internacional
Níveis de integração
Existem diversas classificações de níveis de integração entre países. As que
apresentaremos são das mais tradicionais e, como as demais, indicam níveis
crescentes de integração.
• ZONA OU ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO (exemplos: Nafta, Alca):
acordo entre países que busca a eliminação de tarifas no comércio entre
os signatários.
• UNIÃO TARIFÁRIA OU ADUANEIRA (exemplo: Mercosul): além da
eliminação de tarifas no comércio entre os países signatários, o acordo
busca obter a mesma política tarifária para com o resto do mundo
(terceiros países).
• MERCADO COMUM: além das características anteriores, o acordo
busca obter a coordenação de políticas monetária, cambial, fiscal,
previdenciária e tributária, além da harmonização de legislação,
liberdade de circulação de produtos e de fatores de produção;
deverão inexistir fronteiras alfandegárias. A única diferença entre os
mercados dos diversos países será a distância e o consequente custo do
transporte.
• UNIÃO ECONÔMICA E MONETÁRIA (exemplo: União Europeia):
os países ficam quase sem autonomia, adotam uma moeda única, têm
políticas macroeconômicas comuns e banco central único. As políticas
são regionais, e não mais nacionais.
Blocos econômicos
Na economia internacional, temos alguns países que formam os blocos
econômicos, como, por exemplo, Alca, Mercosul, Nafta, EU, Aladi, que serão
tratados a seguir.
EU – União Europeia
A União Europeia é a materialização do mais elevado estágio da integração
econômica entre nações. O processo teve seu início na Comunidade Econômica
Europeia (CEE), fundada em 1957 pelo Tratado de Roma, e teve adesão gradativa
das nações europeias. Em 1992, foi assinado, em Maastricht (Holanda), o Tratado
da União Europeia, que deu a configuração da união econômica e monetária.
Em 1999, foi adotada pelos países signatários a moeda escritural única, o euro,
que passou a circular como papel-moeda apenas no ano de 2002.
São PAÍSES-MEMBROS da EU: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre,
Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia,
Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia,
Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Suécia.1
Ponto final
Com a tendência de os mercados se globalizarem, a economia internacional
deixou de ser uma referência teórica distante para cada cidadão, tornando-se
uma variável que influencia sua vida diária. Ao contrário de poucas décadas
atrás, qualquer cidadão brasileiro hoje está familiarizado com bens oriundos
do exterior, tanto de produtos sofisticados quanto populares, desde automóveis
e equipamentos de grande porte até pequenos objetos de decoração. Assim
|| 1 Dinamarca, Reino Unido e Suécia são países que não aderiram ao Euro.
Economia internacional 105
Indicação cultural
CARVALHO, M. A.; SILVA, C. R. L. Economia internacional. São Paulo:
Saraiva, 2004.
Excelente manual para estudo de economia internacional e integração
econômica. Relaciona a teoria à realidade brasileira, apresentando os principais
modelos do comércio internacional, a teoria da política comercial, o balanço
de pagamentos e os aspectos mais relevantes da economia internacional
contemporânea.
Atividades
1) Quais são os níveis de integração comercial e econômica?
2) Qual, na sua opinião, é o nível de integração do Mercosul. Fundamente
sua resposta.
3) Quais são as principais barreiras para a implementação da Alca? Para
responder a essa pergunta você deverá realizar pesquisa na internet.
Gabarito:
As respostas deverão ser obtidas através da leitura do capítulo. Trata-se de
identificar quais são os níveis de integração (Área de Livre Comércio, União
Aduaneira, etc.) que existem e relacioná-los com a situação do Mercosul e com
a Alca. Procure artigos sobre o tema, na internet.
9
Crescimento e desenvolvimento
econômico
Ao final da leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de diferenciar
os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico, e identificar os
principais indicadores de desenvolvimento econômico. Todos esses temas serão
abordados a seguir.
• D I NA M I S M O D O S AG E N T E S E C O N Ô M I C O S , Q U E
PROPORCIONAM EFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL – Sempre
que a estrutura das organizações que estimulam o funcionamento das
atividades produtivas possuir dinâmica e agilidade no seu processo,
isso possibilitará que mais unidades produtivas surjam no mercado,
aumentando os níveis de emprego e qualidade de vida. Essa dinâmica
pode ser representada pelas decisões do Banco Central do Brasil,
agilizando o funcionamento do sistema financeiro, propiciando
agilidade no processo tributário, ou seja, menos burocracia.
Consequências do desenvolvimento
As consequências do desenvolvimento são muitas, de importância
fundamental e almejadas por todos. Como evidência dessa afirmação,
podemos relembrar da campanha para a Presidência da República em que a
mais importante proposta dos candidatos era a promoção do desenvolvimento
econômico.
Para melhor entender o desenvolvimento e suas consequências, temos
de partir do parâmetro comparativo, ou seja, desenvolvido pressupõe,
necessariamente, a existência do não desenvolvido (subdesenvolvido). Então,
por que desejar as consequências do desenvolvimento? A resposta é simples: o
desenvolvimento trará melhorias no padrão de vida da população.
Essas consequências possuem caráter temporário, decorrente da natureza
do processo econômico, que são as necessidades ilimitadas da população,
representadas pela criação de novas necessidades quando anteriores já
foram atingidas. Esse aspecto torna o governo permanentemente refém das
necessidades da população. Entra governo, sai governo, a população considera
vitórias já atingidas como direito conquistado e reivindica novas necessidades.
E assim tem sido através dos tempos. A seguir, apresentamos uma síntese dos
principais efeitos do desenvolvimento econômico:
ALTERAÇÕES NO PROCESSO PRODUTIVO – As alterações no processo
produtivo, decorrente do desenvolvimento econômico, significam melhorias
tecnológicas, bem como sistemas produtivos menos complexos, ágeis e com
maior produtividade. Essa mudança no processo produtivo promove, em
110 Crescimento e desenvolvimento econômico
Necessidades de
autorrealização
Necessidades
de autoestima
Necessidades
sociais (afeto)
Necessidades
de segurança
Necessidades
fisiológicas
Indicadores econômicos
A seguir, vamos tratar dos diversos indicadores usados para medir a economia
de um país.
Indicadores demográficos
A seguir, descreveremos os indicadores demográficos que investigam as
populações humanas sob uma perspectiva quantitativa.
114 Crescimento e desenvolvimento econômico
Indicadores sociais
Agora descreveremos os indicadores sociais, que demonstram como está a
comunidade, o conjunto de cidadãos de um país.
Taxa de analfabetismo
Esse indicador é considerado social porque nos mostra em termos médios
qual a quantidade de indivíduos que não é alfabetizada em relação ao total da
população. Quanto maior for essa taxa, menor tenderá a ser o desenvolvimento
do país, e vice-versa. Qual é a relação entre o analfabetismo e o desenvolvimento
de um país? Quanto maior for o crescimento econômico, maior será a exigência
da formação dos indivíduos para acesso ao emprego. Na década de 1930, um
brasileiro estava suficientemente formado com o ensino fundamental para
o então mercado de trabalho. Hoje, a formação superior não lhe dá garantia
alguma de acesso a esse mercado.
Inclusão social
O acesso aos benefícios obtidos via crescimento econômico, a redução de
desigualdades sociais e a participação de todos no processo político são fatores
que indicarão o grau de desenvolvimento. Como exemplo, pode-se citar a
desigualdade social existente na Índia, onde indivíduos nascem em castas sociais
e são impedidos de ter acesso a certos benefícios, sendo condenados a viver na
mesma condição até a morte.
Acesso à educação
Como indicador de desenvolvimento, podemos avaliar o grau de acesso
da população aos bancos escolares e o tempo de permanência anual médio
da população na formação escolar. Nos países subdesenvolvidos, a população
deixa de frequentar a escola para trabalhar e compor a renda familiar e sua
Crescimento e desenvolvimento econômico 117
Longevidade
A perspectiva de média de vida da população de um país também é um
indicador de desenvolvimento, uma vez que, quanto maior for essa expectativa,
melhor qualidade de vida tem a população, seja pelo acesso ao sistema de saúde
público ou privado, seja pelo melhor acesso à alimentação e ao saneamento
básico, o que representará evolução no padrão de vida da população como um
todo.
Distribuição de renda
A distribuição de renda é outro indicador do grau de desenvolvimento
de um país. Normalmente, a evolução da economia de uma nação é medida
pelo PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas por uma economia em
determinado tempo (um ano). Para obter o indicador da renda média dessa
economia, basta dividir o PIB pelo total da população. Porém, esse indicador
não nos dá as informações concretas do acesso dessa população à renda, visto
que se trata de um valor médio. O acesso da população a essa renda definirá o
grau de desenvolvimento obtido.
Ponto final
Neste capítulo, tivemos a oportunidade de descobrir a diferença entre
crescimento econômico e desenvolvimento econômico e que, para obtermos
desenvolvimento econômico, há o requisito do crescimento econômico, porém,
com o crescimento econômico não necessariamente teremos desenvolvimento.
Portanto, chegamos à conclusão de que, para um sistema econômico chegar ao
desenvolvimento, é necessária e indispensável a participação da sociedade na
riqueza gerada direta ou indiretamente.
118 Crescimento e desenvolvimento econômico
Indicações culturais
Se você quiser saber mais, pode pesquisar no Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento, disponível em: http://www.pnud.org.br/home/, onde
encontramos as informações tabuladas de forma a possibilitar a comparação
através do tempo e entre os sistemas econômicos. Recomendamos o site da
Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul – FEE http://www.
fee.tche.br, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE http://www.
ibge.gov.br e do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA http://
www.ipea.gov.br, que nos mostrarão a evolução dos indicadores econômicos e
de desenvolvimentos do Brasil bem como a participação da população medida
nos mesmos.
Atividades
1) Que diferenças existem entre crescimento e desenvolvimento
econômico?
2) Que fatores influenciam o desenvolvimento econômico e quais os seus
efeitos?
3) Descreva três indicadores de desenvolvimento econômico.
4) O que é o IDH?
Gabarito:
1) A diferença consiste em que o crescimento econômico está só no
crescimento dos resultados da atividade produtiva, ou seja, da
economia, e o desenvolvimento econômico consiste no crescimento
econômico com a participação da população neste processo. Então
podemos afirmar que, para obtermos o desenvolvimento econômico,
pressupomos o crescimento econômico, porém, se tivermos crescimento
econômico, não teremos, necessariamente, desenvolvimento.
Crescimento e desenvolvimento econômico 119
|| 2 O art. 192 da Constituição Federal de 1988 pode ser encontrado em: http://www.dji.com.br/
constituicao_federal/cf192.htm.
122 Sistema Financeiro Nacional e mercado de capitais
O subsistema normativo
É constituído pelas autoridades monetárias vinculadas ao Conselho
Monetário Nacional, que se regulamentam através da normalização do
funcionamento do SFN, de acordo com a política monetária do governo. Fazem
parte do subsistema normativo: Conselho Monetário Nacional, Banco Central
e Comissão de Valores Mobiliários.
Banco Central
Autarquia do governo (segundo o dicionário Aurélio: “entidade estatal
autônoma, com patrimônio e receita próprios, criada por lei para executar, de
forma descentralizada, atividades típicas da administração pública”) criada em
31/12/1964 com a promulgação da Lei nº 4.595. O Banco Central é o órgão
fiscalizador e executor da política monetária que estabelece o elo entre o governo
(CMN) e o mercado, zelando pelo perfeito funcionamento das instituições
integrantes do SFN. Das suas atribuições podemos citar:
• emissão monetária conforme autorização do Conselho Monetário
Nacional;
• controlar e regular o meio circulante do Brasil;
• receber e controlar os depósitos compulsórios dos bancos comerciais;
• fiscalizar as instituições financeiras e administradoras de consórcios;
• realizar as operações de redesconto dos bancos comerciais;
• executar a política monetária definida pelo CMN;
• controlar e administrar o fluxo de capitais estrangeiros no Brasil.
• é o banco dos bancos;
• banqueiro do governo.
O subsistema de intermediação
É constituído pelas instituições financeiras auxiliares que dão forma ao
funcionamento do SFN e das operações financeiras das instituições públicas e
privadas, pessoas físicas ou jurídicas de um sistema econômico. As instituições
que compõem o subsistema de intermediação são: bancos comerciais, Banco
do Brasil, Caixas Econômicas, Banco de Desenvolvimento, cooperativas de
crédito, bancos de investimentos, sociedades de arrendamentos mercantis,
Sistema Financeiro da Habitação, bancos múltiplos, Bolsa de Valores e sociedades
seguradoras, descritas a seguir segundo os autores Mellagi Filho e Ishikawa
(2003, p.123) e Fortuna (2003, p.24).
Bancos comerciais
As operações básicas dos bancos comerciais são: receber depósitos e conceder
empréstimos nas suas funções comerciais. São as instituições financeiras que
mais se aproximam das necessidades do dia a dia das unidades produtivas de um
sistema econômico. Essa aproximação ocorre através de produtos e serviços por
elas disponibilizados, como desconto de títulos, duplicatas, cobranças, abertura
de contas correntes e muitas outras atividades necessárias.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil desenvolve atividades de banco comercial, além de
ser o executor da política de crédito rural e industrial do Governo Federal
e administrar a câmara de compensação de cheques nacional, bem como o
comércio exterior do Brasil.
Caixas Econômicas
Assim como o Banco do Brasil e os bancos comerciais, as Caixas Econômicas
executam atividades dos bancos comerciais, possuem a função principal de
atendimento às pessoas físicas e têm atribuição de:
Sistema Financeiro Nacional e mercado de capitais 125
Bancos de desenvolvimento
São instituições financeiras controladas pelos governos estaduais que utilizam
repasses públicos para concessão de créditos para médio e longo prazos, com o
objetivo de promover o fomento às atividades econômicas no estado ou região
em que estão instalados. Atualmente, são quatro:
• Banco do Nordeste do Brasil (BNB);
• Banco da Amazônia (Basa);
• Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE);
• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Cooperativas de crédito
Basicamente, as cooperativas de crédito atuam no setor primário da economia
e têm a função de auxiliar, via concessão de crédito, protegendo os cooperados nas
126 Sistema Financeiro Nacional e mercado de capitais
Bancos de investimento
Os bancos de investimento são instituições com o objetivo de captar
depósitos a prazo e são especializados em operações financeiras de médio e
longo prazos.
Bancos múltiplos
Com a resolução nº 1524/88 do Banco Central, permitiu-se que bancos
comerciais, de investimento, sociedades de crédito imobiliário e outros
constituam uma única empresa através do processo de fusão.
Sistema Financeiro Nacional e mercado de capitais 127
Sociedades seguradoras
São instituições financeiras que possuem a finalidade de manter o
funcionamento das unidades produtivas diante das adversidades que possam
ocorrer. Sua fonte de financiamento é a mutualidade dos agentes econômicos
diante de cálculos atuariais, durante a contratação do seguro.
Bolsa de Valores
A Bolsa de Valores constitui-se em uma sociedade civil criada para facilitar a
convergência entre vendedores e compradores de ações. Essa expressão originou-
se da cidade belga de Brujas, onde se reuniam comerciantes de todas as partes
da Europa, na casa de Van der Burse, que possuía três bolsas no seu brasão, o
que originou essa expressão como mercado de negociação dessas ações.
Para o caso brasileiro, cada estado possuía a sua bolsa de valores.
Posteriormente, com o objetivo de centralizar essas operações, elas foram
extintas, sendo, desde então, todas as ações negociadas, no Brasil, através da
única bolsa existente, a Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (Bovespa).
Sistema Financeiro Nacional e mercado de capitais 129
As negociações das ações podem ocorrer de diversas formas, das quais vamos
citar três (FORTUNA, 2003, p.24).
1. MERCADO À VISTA – É a comercialização que ocorre com o
pagamento das ações compradas no ato da operação.
2. MERCADO A TERMO – É a comercialização de ações com a
modalidade de pagamento em prazo futuro, conforme acordo entre
comprador e vendedor e desde que se respeite a legislação vigente,
podendo esse prazo ser antecipado se acordado entre as partes.
3. MERCADO DE OPÇÕES – Essa modalidade de comercialização
corresponde a alternativas de venda ou de compra de uma promessa,
antes do tempo definido entre as partes.
Ponto final
Neste capítulo, tivemos a oportunidade de conhecer o funcionamento
do sistema financeiro e o mercado de capitais, e a sua relevante importância
para o funcionamento de uma economia, com seus agentes intermediários e
as alternativas de captação de recursos para incremento da produção e suas
consequências.
Indicações culturais
Recomendamos o site do Banco Central do Brasil http://www.bc.gov.br, que
nos informará todas as alterações na legislação. Há outros sites interessantes,
como o da Comissão de Valores Mobiliários (http://www.cvm.gov.br) e o da
Bolsa de Valores de São Paulo (http://www.bovespa.com.br), que abrangem
muitos outros temas referentes ao assunto aqui abordado.
Atividades
1) Descreva o subsistema normativo e o subsistema operativo do Sistema
Financeiro Nacional.
130 Sistema Financeiro Nacional e mercado de capitais
Gabarito:
1) O subsistema normativo é aquele que estabelece as normas para o
funcionamento do Sistema Financeiro Nacional bem como a sua
fiscalização.
O subsistema operativo é aquele que permite a operacionalização das
operações pertinentes a cada necessidade do sistema econômico.
2) A principal diferença entre o mercado à vista e o mercado a termo está
no prazo de pagamento da compra de ações.
3) As atribuições são:
- Adaptar o volume dos meios de pagamentos;
- regular o valor interno da moeda;
- regular o valor externo da moeda;
- orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras;
- propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos
financeiros;
- zelar pela liquidez e a solvência das instituições financeiras;
- coordenar a política monetária.
4) Permite que os recursos financeiros sejam investidos dentro do país sem
a desconfiança na economia, ou seja, propicia a captação de recursos
estrangeiros para serem investidos na atividade econômica do país.
Referências
AUGUSTO, J. Inflação. Disponível em: http://augusto-economia.vilabol.uol.
com.br/inflacao.htm. Acesso em: 4 dez. 2007.
BORTOTO, A. C. Técnicas de negociação internacional. In: DIAS, R.;
RODRIGUES, W. (Org.). Comércio exterior: teoria e gestão. São Paulo: Atlas,
2004.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em: 4 dez. 2007.
CARMO, E. C. do; MARIANO, J. Economia internacional. São Paulo: Saraiva,
2006.
CARVALHO, M. A. de; SILVA, C. R. L. da. Economia internacional. 3.ed. São
Paulo: Saraiva, 2004.
CASTRO, A. B. de; LESSA, C. F. Introdução à economia: uma abordagem
estruturalista. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1992.
CAVALCANTI, C.; MISUMO, J. Y. Mercado de capitais: o que é, como
funciona. 6.ed. rev. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
DIAS, R.; RODRIGUES, W. (org.). Comércio exterior: teoria e gestão. São
Paulo: Atlas, 2004.
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