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Informativo nº 24 - 18 a 22 de março de 1996.

Este Informativo, elaborado pela Assessoria da Presidência do


STF a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e
do Plenário, contém resumos não oficiais de decisões proferidas na
semana pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas perseguidas neste trabalho,
somente poderá ser aferida após a publicação das mesmas no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Acesso ao Poder Judiciário
Capacidade Postulatória
Crime Comissivo por Omissão
Decadência: Termo Inicial
Depositário Infiel - I e II
Embargos Infringentes: Efeitos
Habeas Corpus e Multa
ICMS na Importação
Imunidade Parlamentar
Lesões Corporais Culposas
Progressão e Crime Hediondo
Provimento Derivado
Recurso Ordinário: Cabimento
Recurso Ordinário: Prazo
Reforma Agrária
Reincidência e Maus Antecedentes
Seguridade Social e Eqüidade
Semi-Imputabilidade
Sursis e Crime Hediondo
Vinculação: Inconstitucionalidade

PRIMEIRA TURMA

Semi-imputabilidade
Reconhecida em exame toxicológico a dependência psíquica do réu
e, conseqüentemente, sua limitada capacidade de autodeterminação, aplica-
se o art. 19, par. único, da Lei de Tóxicos, que prevê a redução de um a dois
terços da pena, se, em razão da dependência, “o agente não possuía, ao
tempo da ação ou omissão a plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Habeas
corpus deferido para que, mantida a condenação, o tribunal a quo fixasse
novamente a pena, observando o disposto no referido art. 19. (Tratava-se, na
espécie, de réu condenado por tráfico.) HC 73.117-SP, rel. Min. Octavio
Gallotti, 19.03.96.

Sursis e Crime Hediondo


O instituto do sursis é incompatível com o tratamento penal
dispensado pelo legislador aos condenados pela prática dos chamados
“crimes hediondos” (Lei 8072/90, art. 2º, § 1º: “a pena por crime previsto
neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado”). Com base
nesse fundamento, e por entender que essa interpretação é a que mais se
harmoniza com o rigor da disciplina desejada pela CF relativamente a tais
delitos - como faz ver o disposto no art. 5º, XLIII (“a lei considerará
crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos,...”) -, a Turma indeferiu habeas corpus
impetrado em favor de paciente condenado a dois anos de reclusão pelo
crime de atentado violento ao pudor. Vencido o Min. Ilmar Galvão. HC
72.697-RJ, rel. orig. Min. Ilmar Galvão, rel. p/ ac. Min. Celso de Mello,
19.03.96.

Reincidência e Maus Antecedentes


A consideração da reincidência como circunstância que sempre
agrava a pena (CP, art. 61) não conflita com o princípio ne bis in idem. Por
outro lado, a presunção de não-culpabilidade (CF, art. 5º, LVII) não impede
que se tome como prova de maus antecedentes do acusado a pendência
contra ele de inquéritos policiais e ações penais sem condenação transitada
em julgado. Precedentes citados: HC 70871-RJ (DJ de 25.11.94); HC
72370-SP (DJ de 30.06.95). HC 73.394-SP, rel. Min. Moreira Alves,
19.03.96.

Capacidade Postulatória
O art. 133 da CF (“o advogado é indispensável à administração da
justiça...”) e o art. 1º, I, do novo Estatuto da Advocacia (“são atividades
privativas de advocacia: I - a postulação a qualquer órgão do Poder
Judiciário...”), não revogaram o art. 623 do CPP, que confere ao
sentenciado capacidade para postular em nome próprio a revisão criminal.
Precedentes citados: HC 72981-SP (DJ de 09.02.96); RvC 4886-SP (RTJ
146/49). Com base nesse entendimento a Turma indeferiu habeas corpus em
que se alegava a nulidade de decisão que conhecera de pedido revisional
formulado pelo próprio paciente. HC 73.368-SP, rel. Min. Octavio Gallotti,
19.03.96.

Embargos Infringentes: Efeitos


Sendo parcial o desacordo entre os integrantes do órgão julgador, a
oposição dos embargos infringentes, “restritos à matéria objeto da
divergência” (CPP, art. 609, par. único), não impede a expedição imediata
de mandado para a prisão do réu, se a parte unânime da decisão o permitir.
Habeas corpus indeferido. HC 71.988-SP, rel. Min. Celso de Mello,
19.03.96.

Lesões Corporais Culposas


No crime de lesão corporal culposa, a gravidade das conseqüências
do delito deve ser levada em conta na fixação da pena, nos termos do art. 59
do CP. (Na espécie, o paciente fora condenado a 6 meses de detenção por
haver causado culposamente acidente responsável pela paralisia da vítima).
Afastou-se, no mesmo habeas corpus, a tese de que o processo seria nulo
pelo fato de não ter sido a vítima intimada para oferecer a representação de
que trata o art. 88 da Lei 9099/95, que autorizou a criação e disciplinou o
processo nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. A Turma entendeu que
a recusa do Tribunal apontado como coator em aplicar o mencionado
dispositivo por ocasião dos embargos declaratórios opostos pelo réu, não
implicara constrangimento ilegal, tendo em vista que a Lei 9099/95 somente
entrou em vigor após o julgamento da apelação. HC 73.538-RS, rel. Min.
Octavio Gallotti, 19.03.96.

Provimento Derivado
Ofende o art. 37, II, da CF (“a investidura em cargo ou emprego
público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos...”) decisão que julga válido o aproveitamento de
engenheiro do DER, mediante “redistribuição”, em cargo de provimento
efetivo da Assembléia Legislativa (técnico legislativo). A redistribuição
equivale à transferência, forma de provimento derivado banida da legislação
pelo referido preceito constitucional. Precedentes citados: MS 21322-DF
(DJ de 23.04.93); ADIn 231-RJ (RTJ 144/24). Recurso extraordinário
conhecido e provido para cassar a segurança. RE 150.453-PA, rel. Min.
Octavio Gallotti, 19.03.96.

Recurso Ordinário: Cabimento


Para efeito do disposto no art. 102, II, a, da CF (competência do STF
para julgar em recurso ordinário o mandado de segurança decidido em única
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão) equivale à
denegação o não conhecimento do pedido de segurança. RMS 22.406-PE,
rel. Min. Celso de Mello, 19.03.96.

Recurso Ordinário: Prazo


O prazo para a interposição de recurso ordinário contra decisão
denegatória de mandado de segurança proferida pelo Tribunal Superior
Eleitoral é de três dias. Aplicabilidade do art. 281 do Código Eleitoral e não
do art. 508 do CPC. Prevalência da lei especial sobre a lei geral. RMS
22.406-PE, rel. Min. Celso de Mello, 19.03.96.

SEGUNDA TURMA
Crime Comissivo por Omissão
Concedido habeas corpus de ofício, para absolver da acusação de
homicídio culposo (comissivo por omissão) enfermeira que não impedira a
retirada, pela esposa, de doente internado em estado grave sob sua
responsabilidade, e que faleceu em virtude da doença, ao dar entrada no
hospital para onde seria transferido. A Turma entendeu que a ré, embora
tivesse o dever de impedir a retirada do doente, não poderia fazê-lo, no caso,
em razão da insistência e açodamento com que a mulher da vítima exigira
sua transferência. Aplicação do disposto no art. 13, § 2º, do CP (“a omissão
é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado”). HC 72.843-RS, rel. Min. Néri da Silveira, 18.03.96.

Progressão e Crime Hediondo


Se o Ministério Público não recorre de sentença que assegura ao condenado
por crime definido como hediondo o direito à progressão de regime - a
despeito do que estabelece o art. 2º, § 1º, da Lei 8072/90 (“a pena por crime
previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado”) -,
impõe-se o reconhecimento desse direito, desde que preenchidos os
requisitos legais, sob pena de ofensa à coisa julgada. Precedentes: HC
72897-CE (DJ de 20.10.95); HC 68847-RJ (RTJ 138/218). HC 73.649-RS,
rel. Min. Maurício Corrêa, 18.03.96.
Decadência: Termo Inicial
Conta-se da data da publicação do ato impugnado, e não do
momento em que começou a produzir efeitos, o prazo decadencial para a
impetração de mandado de segurança. Precedentes citados: RMS 21.469-DF
(RTJ 143/1) e RMS 21.387-DF (D.J. 19.02.93). RMS 21.461-DF, rel. Min.
Maurício Corrêa, 18.03.96.

Depositário Infiel - I
Segundo entendimento firmado no HC 72131-RJ (Pleno, 22.11.95),
é legítima a prisão do devedor, na alienação fiduciária em garantia, caso o
bem alienado não seja encontrado ou não se ache sob sua posse (DL 911/69,
art. 4º). Habeas corpus indeferido por unanimidade, com ressalvas de ponto
de vista dos Ministros Francisco Rezek, Marco Aurélio e Carlos Velloso.
HC 73.044-SP, rel. Min. Maurício Corrêa, 19.03.96.

Depositário Infiel - II
Com base nesse mesmo precedente plenário, a Turma decidiu pela
validade do art. 17 do DL 167/67, que atribui ao devedor, na cédula rural
pignoratícia, responsabilidade de depositário sobre os bens objeto da
garantia (tratava-se, na espécie, de safra futura). Vencido o Min. Marco
Aurélio, ao fundamento de que, no caso, o depósito não chegou a existir,
pela impossibilidade da entrega do bem quando da celebração do contrato.
HC 73.058-SP, rel. Min. Maurício Corrêa, 19.03.96.

PLENÁRIO
Habeas Corpus e Multa
A simples possibilidade de conversão da pena de multa em pena de
detenção, prevista no art. 51 do CP para a hipótese de o condenado,
solvente, deixar de pagá-la ou frustrar sua execução, não representa ameaça
à liberdade ambulatória do indivíduo capaz de autorizar a utilização do
habeas corpus. Tratando-se de condenado a pena de multa, o writ somente
se torna cabível quando, realizada uma das condições do art. 51, tenha sido
expedido contra ele mandado de prisão. Vencidos os Ministros Marco
Aurélio, Carlos Velloso, Néri da Silveira e Sepúlveda Pertence. HC 73.340-
SP, rel. Min. Maurício Corrêa, 20.03.96.

Vinculação: Inconstitucionalidade
Depois de afastar a alegação de incapacidade postulatória do
Governador de Estado, enquanto legitimado à propositura da ação direta de
inconstitucionalidade (CF, art. 103, V) - na linha do entendimento firmado
na ADIn 127-AL (RTJ 144/4) -, o Tribunal julgou procedente em parte ação
direta ajuizada pelo Governador do Estado do Amazonas contra dispositivos
da Constituição local, declarando, com base no art. 37, XIII, da CF (“é
vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos...”), a invalidade do
art. 133, § 16, na parte em que previa a fixação da remuneração dos
servidores públicos militares “tendo como parâmetro a remuneração do
Comandante-Geral”; do art. 199, II, e, que determinava que o piso salarial
dos profissionais de ensino não poderia ser “inferior a três vezes o piso
salarial dos funcionários públicos estaduais”; e do art. 40 e par. único, que
vinculava os vencimentos de procuradores da administração pública indireta
(ativos e inativos) aos do Procurador-Geral do Estado, concedendo-lhes,
ainda, “isonomia remuneratória com os ocupantes dos demais cargos e
funções essenciais à Justiça”, reconhecido, quanto ao último preceito,
também o vício de iniciativa (CF, art. 61, II, a). À regra da Carta estadual
que prevê a fixação da remuneração dos servidores públicos militares pela
Assembléia Legislativa, o Tribunal concedeu interpretação conforme,
admitindo para ela um único significado, qual seja, o de que a iniciativa dos
respectivos projetos de lei é exclusiva do Governador do Estado. ADIn 120-
AM, rel. Min. Moreira Alves, 20.03.96.

Seguridade Social e Eqüidade


A Lei 11327, de 11.01.96, do Estado de Pernambuco, ao estabelecer
alíquotas progressivas de contribuição para a seguridade social dos
servidores públicos estaduais (de 8% a 16%, conforme o valor da
remuneração) e fixar em 4% dos gastos com pessoal a participação do
Estado e dos municípios conveniados com o instituto de previdência local,
suas autarquias e fundações públicas, não ofende, à primeira vista, a regra
de “eqüidade na forma de participação no custeio”, contida no art. 194, V,
da CF. Com base nesse entendimento, o Tribunal indeferiu, por maioria de
votos, o pedido de cautelar formulado pela Associação dos Magistrados
Brasileiros - AMB, em ação direta movida contra o mencionado ato
normativo. ADIn 1.425-PE, rel. Min. Marco Aurélio, 20.03.96.

ICMS na Importação
Iniciado o julgamento da questão relativa ao momento da incidência
do ICM na entrada de mercadoria importada do exterior. O Min. Ilmar
Galvão, relator, proferiu voto no sentido da validade, em face do art. 155, §
2º, IX, da CF, do disposto no art. 2º do convênio editado pelos Estados com
fundamento no art. 34, § 8º, do ADCT (Convênio ICMS 66/88), que prevê a
ocorrência do fato gerador do aludido imposto “na entrada no
estabelecimento destinatário ou no recebimento pelo importador de
mercadoria ou bem importados do exterior”. Contrariamente votou o Min.
Marco Aurélio, entendendo que o referido inciso IX não modificou a
disciplina vigente ao tempo da Constituição anterior, que previa, em seu art.
22, § 11, a incidência do ICM “sobre a entrada, em estabelecimento
comercial, industrial ou produtor de mercadoria importada do exterior”, e
que, portanto, continua em vigor o art. 1º, II, do DL 406/68, cujo sentido é
explicitado pela Súmula 577 do STF (“Na importação de mercadorias do
exterior, o fato gerador do ICM ocorre no momento de sua entrada no
estabelecimento do importador.”), sendo inconstitucional, por
extravasamento da competência delegada aos Estados, a citada norma do
Convênio 66/88. O julgamento foi suspenso por pedido de vista do Min.
Maurício Corrêa. RE 193.817-RJ, rel. Min. Ilmar Galvão, 20.03.96.

Imunidade Parlamentar
Iniciado julgamento de habeas corpus em que se discute sobre a
constitucionalidade de norma do regimento interno da Assembléia
Legislativa do Estado de Minas Gerais, que delega à comissão que a
representa durante o período de recesso parlamentar poderes para decidir
sobre a concessão de licença para a instauração de processo criminal contra
deputado. Votaram pelo deferimento do writ - impetrado em favor de
deputado estadual processado e condenado pelo Tribunal de Justiça local,
após autorização concedida pela referida comissão -, os Ministros Marco
Aurélio, relator, Maurício Corrêa, Ilmar Galvão e Néri da Silveira; pelo
indeferimento, os Ministros Francisco Rezek, Carlos Velloso, Celso de
Mello, Sydney Sanches e Moreira Alves. Pediu vista o Min. Sepúlveda
Pertence. HC 72.718-MG, rel. Min. Marco Aurélio, 21.03.96.

Acesso ao Poder Judiciário Examinando, em questão de ordem,


mandado de segurança impetrado contra ato da Mesa da Câmara Municipal
de Colônia Leopoldina-AL, sob a alegação de que, havendo o Poder
Judiciário do Estado de Alagoas paralisado completamente suas atividades,
caberia ao STF conhecer do writ com base na aplicação analógica do art.
102, I, n, sob pena de ficar caracterizada violação ao art. 5º, XXXV, da CF
(“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”), o Tribunal decidiu não conhecer da ação e determinar a remessa
dos autos ao Tribunal de Justiça de Alagoas, devendo o seu Presidente, em
função da aludida garantia constitucional, “se não entender de organizar
plantão de Juízes para adoção de medidas judiciais de urgência, chamar a
si a adoção dessas medidas”. MS 22.472-AL, QO, rel. Min. Moreira Alves,
21.03.96.

Reforma Agrária
Concluindo o julgamento de mandado de segurança em que se
discutia sobre a legalidade da desapropriação, para fins de reforma agrária,
de imóvel rural invadido pelos chamados “sem-terra”, e cuja produtividade,
antes da invasão, fora atestada pelo próprio INCRA, o Tribunal decidiu, por
maioria de votos, conceder o writ. Prevaleceu o entendimento de que, sendo
o imóvel produtivo enquanto explorado por seus proprietários, o fato de
haver deixado de sê-lo após a referida invasão, não autoriza a
desapropriação-sanção prevista no art. 184 da CF. Por outro lado, havendo
interesse da União em manter assentadas no imóvel as famílias que lá se
encontram - como ficou evidenciado pelas providências administrativas e
judiciais já adotadas pelo INCRA -, esta deverá promover desapropriação
por interesse social, indenizando os proprietários mediante pagamento em
dinheiro, ou expor-se, do contrário, à denominada ação de desapropriação
indireta. MS 22.193-SP, rel. orig. Min. Ilmar Galvão; rel. p/ ac. Min.
Maurício Corrêa.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 20.03.96 21.03.96 11


1ª Turma 19.03.96 ------- 55
2ª Turma 19.03.96 18.03.96 96

C L I P P I N G DO D J
22 de março de 1996

SS nº 761-1 (AgRg)
Rel.: Min. Sepúlveda Pertence

E M E N T A: I. Servidor Público: "estabilidade financeira": a constitucionalidade das


leis que a instituem - que tem sido afirmada pelo STF (ADIn 1.264, 27.5.95, Pertence,
Lex 203/39; ADIn 1.279, 27.9.95, M. Correa) - não ilide a plausibilidade do
entendimento de ser legítimo que, mediante lei, o cálculo da vantagem seja
desvinculado, para o futuro, dos vencimentos do cargo em comissão outrora ocupado
pelo servidor, passando a quantia a ela correspondente a ser reajustada segundo os
critérios das revisões gerais de remuneração do funcionalismo.
II. Suspensão de liminar em mandado de segurança: vigência.
A suspensão da liminar - dado cuidar-se de medida acautelatória de eventual
recurso contra a decisão concessiva da segurança -, vigorará, em princípio, até que esta
transite em julgado na instância de origem ou, havendo recurso, até o seu julgamento
pelo Supremo Tribunal.

SS nº 840-5 (AgRg)
Rel.: Min. Sepúlveda Pertence

E M E N T A: Intervenção estadual em município por falta de prestação de contas pelo


prefeito: liminar a este deferida em mandado de segurança para assegurar-lhe o retorno ao
exercício do mandato, porque, já efetivada a intervenção, protocolou no Tribunal de
Contas o que seriam as contas não prestadas no tempo devido: suspensão de liminar
confirmada.

ADIn nº 1382-3
Rel.: Min. Octavio Gallotti

EMENTA: - Domicílio eleitoral. Transferência.


Relevância jurídica da argüição de inconstitucionalidade de restrição constante
do dispositivo de lei publicada em 2 de outubro de 1995 (§ 2º do art. 73 da Lei nº 9.100),
que erigiu o dia imediato (3-10-95) como termo final para a renúncia do Prefeito, do Vice
ou do Vereador, pretendentes à transferência do domicílio. Artigos 5º (caput), 14, § 6º e
15 da Constituição.
Manifesta oportunidade do requerimento liminar deferido pelo Supremo
Tribunal.

ADIn nº 1396-3
Rel.: Min. Marco Aurélio

LEGITIMAÇÃO - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - PARTIDOS


POLÍTICOS - AMPLITUDE. Os partidos políticos têm legitimidade para o
ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade, independentemente da
matéria versada, na norma atacada, não se aplicando, em conseqüência, as restrições
decorrentes da pertinência temática. Precedente: ação direta de inconstitucionalidade nº
1.096/RS, relatada pelo Ministro Celso de Mello, e cujo acórdão foi publicado no Diário
da Justiça da União de 22 setembro de 1995.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LIMINAR -
VENCIMENTOS - RESPEITO AO TETO CONSTITUCIONAL - LIMITAÇÃO DE
PAGAMENTO. O tema está, de início, submetido à reserva legal, descabendo a
disciplina mediante decreto do Poder Executivo. Precedente: ação direta de
inconstitucionalidade nº 482/RJ, relatada pelo Ministro Néri da Silveira (Revista
Trimestral de Jurisprudência nº 150, à página 374).

HC nº 71552-4
Rel.: Min. Marco Aurélio

PRESCRIÇÃO - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA - INTERRUPÇÃO - CONDENAÇÃO


DE CO-RÉU. O fato de o co-réu haver sido condenado pelo Juízo implica a interrupção da
prescrição quanto ao absolvido caso condenado em segunda instância.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA - RECONHECIMENTO - CO-
RÉU. O instituto da extensão da ordem pressupõe a possibilidade de ser proferida
sentença única. Julgado o habeas-corpus de co-réu, a peça apresentada consubstancia
medida idêntica, mas autônoma.

HC nº 72638-1
Rel.: Min. Moreira Alves

EMENTA: "Habeas corpus".


- Inexistência da nulidade alegada, porquanto, tratando-se de prova
superveniente à decisão condenatória proferida em única instância por Tribunal de
Justiça, não poderia ele manifestar-se a respeito, sem que o paciente se valha da via
própria para essa apreciação que é a revisão criminal.
- Por outro lado, para caracterizar-se a deficiência de defesa capaz de acarretar
nulidade, é mister, em conformidade com a Súmula 523, que haja prova de prejuízo para
o réu, o que não foi feito, objetivamente, no caso.
"Habeas corpus" indeferido.

HC n º 72842-1
Rel.: Min. Marco Aurélio

PENA-BASE - CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS - RÉU PRIMÁRIO E DE BONS


ANTECEDENTES. Diante de vida pregressa irreprovável, o juiz deve, tanto quanto
possível e quase sempre o será, fixar a pena-base no mínimo previsto para o tipo,
contribuindo, com isso, para a desejável ressocialização do condenado.
PENA-BASE - EXACERBAÇÃO - REVELIA. O comparecimento em juízo,
ônus processual mitigado quando em questão a liberdade, é desinfluente à determinação da
pena-base.
PENA - DETENÇÃO - RESTRITIVA DE DIREITO - SUBSTITUIÇÃO -
ATUAÇÃO DE OFÍCIO. Estabelecida pena privativa de liberdade inferior a um ano ou
sendo o crime culposo, incumbe ao juízo o exame, de ofício, dos demais pressupostos
autorizadores da substituição pela restritiva de direitos - artigo 44 do Código Penal.
SURSIS - REVELIA - EXAME DE OFÍCIO. Tanto vulnera a lei aquele que
inclui no campo de aplicação hipótese não contemplada, como o que exclui espécie
por ela abrangida. A revelia não é fato jurídico idôneo a obstaculizar o deferimento
de suspensão condicional da pena - artigo 77 do Código Penal.
SURSIS - PENA RESTRITIVA DE DIREITOS - IMPROPRIEDADE. O instituto
da suspensão condicional da pena é incompatível com a pena privativa de direitos -
inteligência dos artigos 44, 77 e 80 do Código Penal.

HC nº 72.997-5
Rel.: Min. Néri da Silveira

EMENTA - Habeas Corpus. Prisão-albergue domiciliar. Inexistência, na comarca, de Casa


de Albergado. 2. Sentença que condenou o réu a dois anos e oito meses de reclusão como
incurso no art. 168, § 1º, inciso III, do Código Penal, em regime aberto, “cuja modalidade e
condições serão oportunamente estabelecidas pelo Juízo da Execução”. 3. O Plenário do
Supremo Tribunal Federal decidiu, no julgamento do HC 68.118-2, que o benefício da
prisão-albergue só poderá ser deferido ao sentenciado “se houver”, na localidade da
execução da pena, Casa de Albergado ou outro estabelecimento que se ajuste às exigências
legais do regime penal aberto. A impossibilidade material de o Estado instituir Casa de
Albergado não autoriza o Poder Judiciário a conceder a prisão-albergue domiciliar fora das
hipóteses contempladas, “em caráter estrito”, no art. 117 da Lei de Execução Penal.
Decisão idêntica adotou a Corte no HC 68.012-7-SP. 4. Sob esse aspecto, o habeas corpus
não pode ser deferido. 5. Tendo em conta, todavia, os termos da sentença, não recorrida no
ponto pelo Ministério Público, o habeas corpus deve ser deferido, em parte, tão-só, para
que a decisão seja executada, tal como dispôs a sentença, “em regime aberto cuja
modalidade e condições serão oportunamente estabelecidas pelo Juízo da Execução”.

HC nº 73051-5
Rel.: Min. Carlos Velloso

EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. "HABEAS CORPUS". RESPOSTA


PRÉVIA DO ART. 514 DO CPP. NÃO APRESENTAÇÃO. DENÚNCIA OFERECIDA
COM BASE EM INQUÉRITO POLICIAL. CONCUSSÃO: CRIME DE NATUREZA
FORMAL. PERÍCIA.
I. - Não vicia o processo o fato de o réu, apesar de intimado pessoalmente,
deixar de apresentar a resposta prévia prevista no art. 514 do CPP.
II. - Se a denúncia é apresentada com base em inquérito policial, dispensa-se a
formalidade do art. 514 do CPP. Precedentes do STF.
III. - Dispensa-se a realização de perícia no crime de concussão, por se tratar de
crime de natureza formal, que se consuma com a simples exigência de vantagem
indevida.
IV. - H.C. indeferido.

RE nº 115.083-1
Rel.: Min. Néri da Silveira
EMENTA - Recurso extraordinário. Funcionário público. Incorporação de gratificação aos
proventos. 2. Se, durante a atividade, o servidor teve incorporada a seus vencimentos, para
efeitos de aposentadoria, certa vantagem, deve esta integrar os proventos da inatividade,
mesmo se, ao aposentar-se, não mais se encontrar no exercício da função de que lhe
resultou o referido direito. 3. Precedentes do STF. 4. Falta de prequestionamento oportuno
dos arts. 6º, parágrafo único, e 15, II, letra “b”, da Emenda Constitucional nº 1/1969.
Incidência das Súmulas 282 e 356. 5. Inocorrência da alegada ofensa ao art. 102, § 2º, da
Emenda Constitucional nº 1/1969. 6. Recurso extraordinário não conhecido.

Ag nº 164491-6 (AgRg)
Rel.: Min. Sydney Sanches

EMENTA: - Direito Constitucional e Processual Civil.


Recurso Extraordinário contra acórdão de Tribunal Regional Eleitoral.
Inadmissibilidade. Interpretação dos artigos 121, "caput", §§ 3º e 4º, inc. I, e 102, III,
da C.F. de 1988. Artigos 22, I e 276, I e II, do Código Eleitoral.
1. Contra acórdão de Tribunal Regional Eleitoral somente cabe Recurso para o
Tribunal Superior Eleitoral, mesmo que nele se discuta matéria constitucional.
2. É o que se extrai do disposto no art. 121, "caput", e seu § 4º, inc. I, da
Constituição Federal de 1988, e nos artigos 22, inc. II, e 276, I e II, do Código Eleitoral
(Lei nº 4.737, de 15.07.1965).
3. No âmbito da Justiça Eleitoral, somente os acórdãos do Tribunal Superior
Eleitoral é que podem ser impugnados, perante o S.T.F., em Recurso Extraordinário (arts.
121, § 3º, e 102, III, "a", "b" e "c", da C.F.).
4. R.E. inadmitido. Precedentes.
5. Agravo improvido.

RE nº 170185-4
Rel.: Min. Octavio Gallotti

EMENTA:- Os postos e graduações a cujo acesso tem direito os militares anistiados pelo
art. 8º do ADCT são somente aqueles a que teriam direito se estivessem em serviço ativo,
sem compreender, portanto, as meras expectativas de promoções pelo critério de
merecimento.

RE nº 179.461-5
Rel.: Min. Néri da Silveira

EMENTA - Recurso extraordinário. Conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal.


Nomeação para vaga a ser provida por auditor, mediante o critério de antigüidade. 2. Trata-
se de nomeação (provimento originário) e não de promoção (provimento derivado),
segundo resulta do art. 73, parágrafos 1º e 2º, da Constituição Federal, aplicável aos
Estados-membros e ao Distrito Federal. 3. A indicação, pelo Tribunal de Contas, ao Chefe
do Poder Executivo, dos nomes ou de auditores ou de membros do Ministério Público junto
ao Tribunal, conforme o caso, alternadamente, por antigüidade e merecimento, deve ser
feita sempre em lista tríplice, não prevalecendo o entendimento segundo o qual, quando se
cogite de nomeação pelo critério de antigüidade, o Tribunal de Contas encaminhará ao
Chefe do Poder Executivo, apenas, o nome do auditor ou membro de Ministério Público
junto à Corte de Contas mais antigo. 4. Exigindo a norma constitucional em referência lista
tríplice, nesses casos, sem distinção, quer assegurar ao Chefe do Poder Executivo a
faculdade de escolher, o que pressupõe a possibilidade de opção entre mais de um nome. 5.
Não há incompatibilidade entre o critério de antigüidade e a cláusula constitucional da
indicação em lista tríplice. 6. Quando houver de compor a lista tríplice, por antigüidade, o
Tribunal de Contas indicará os nomes dos três mais antigos auditores ou membros do MP
junto à Corte, não cabendo, destarte, encaminhar, apenas, o nome do mais antigo, salvo
recusa pelo Tribunal, como sucede em promoção por antigüidade, hipótese esta última que
não se configura nas nomeações previstas no art. 73, § 2º, I, da Constituição. 7. No caso
concreto, não houve inconstitucionalidade ou ilegalidade na nomeação da litisconsorte
passiva para o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Tanto o
impetrante como a litisconsorte passiva, ao lado de um terceiro nome, compuseram a lista
tríplice encabeçada pelo recorrente, mais antigo dos três, figurando a litisconsorte passiva
em terceiro lugar. Nada impedia ao Chefe do Poder Executivo de escolher, como o fez, o
nome da litisconsorte passiva, constante da lista tríplice, indicando-a, à época, ao Senado
Federal, onde mereceu aprovação, sendo, a seguir, nomeada para o cargo de Conselheiro. 8.
Alegação improcedente de ofensa ao art. 73, § 2º, I, da Constituição. 9. Recurso
extraordinário não conhecido.
Acórdãos publicados: 246

Assessor responsável pelo Informativo


Miguel Francisco Urbano Nagib

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