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Manual Do Noob - Aranhas PDF
Manual Do Noob - Aranhas PDF
Por:
Henrique Rodrigues* ( Iridopelma Hirsutum, Vulgaris Magistralis );
Diogo Nogueira* ( Pokie Regalis );
Alexandre Pires* ( Ajimoto Immanis ) - Não está mais entre os fakes.
*Todos os nomes são fictícios, nenhum deles corresponde a identidade real dos indivíduos.
Sumário
R- Essa é uma pergunta muito relativa e vai de acordo com sua conduta diante do animal. Você tem a certeza de que é seguro de
si, tem firmeza e não se amedrontará e nem se afobará quando o animal sair correndo ou se “armar”? Se sim, pode começar com a
que mais lhe agradar. Se você tem um certo receio com o animal, acha que não da conta de um que seja muito veloz ou defensivo,
é aconselhável pegar um animal do gênero Lasiodora, Brachypelma, Vitalius, Grammostola, que são animais de fácil acesso e
tranquilos de um modo geral. Aconselho ir de Lasiodora, por ter um rápido crescimento, ser resistente e atingir um belo tamanho,
irá lhe ensinar a ter respeito.
R- O tamanho do terrário geralmente é o dono quem escolhe, embora existam algumas “medidas padronizadas”, que constitui em
determinar o espaço mínimo para o conforto de uma espécie X.
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5- Qual o melhor substrato para por no terrário?
R- Terra. Muita gente a mistura com pó de cocô e/ou vermiculita, particularmente, não faço por questões estéticas, prefiro decorar
com folhas secas, gravetos, pedras e etc.
7- É necessário ter plantas no terrário? Qual o melhor tipo de planta usar? Posso deixar as folhas mortas
pra decoração?
R- Geralmente, usa-se uma planta chamada jiboia, ela é bem versátil e não precisa altas demandas de iluminação, ou seja, vinga
bem na luz ambiente do terrário. Qualquer outra planta com essa característica pode ser usada. Usam-se musgos também que
além de decorar, ajudam a manter a umidade do terrário, um exemplo de musgo é o Sphagnum.
Serapilheira pode ser utilizada sim, sem problemas, e se você tem um terrário bioativo, essas folhas servirão de alimento
para os animais, que retribuirão com nutrientes para o substrato, que servirá para a planta que você estará usando, mas vale
lembrar que tanto ela quanto plantas vivas e musgo devem ser utilizados de acordo com a característica da espécie, você não irá
utilizar musgo em um terrário de uma caranga de clima árido, por exemplo.
14- Minha caranga está sem comer a mais de um mês, tem problema?
R- Não, não tem problema algum. Esses animais podem passar grandes intervalos de tempo sem comer, o que pode ser provocado
por vários motivos: pré-ecdise, por já está saciado, por simplesmente não querer comer.....
16- O abdômen da minha caranga esta bem mais escuro, o que houve?
R- Sua caranga está entrando em pré-ecdise(fig.01). Não perturbe o animal, não ofereça alimento, isso só causará estresse desnecessário.
17- Minha caranga tapou a entrada da toca com terra, é pra se preocupar?
R- Não, isso é comportamento natural do animal. Muito provavelmente, está se preparando pra fazer ecdise dentro da toca. Não
perturbe destapando a toca para ver como está, quando ela quiser sair, ela irá sair, não se apresse. Ela não vai morrer enterrada, não
se preocupe.
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18- Minha caranga fez ecdise mas a exúvia não saiu por completo, o que devo fazer?
R- Tentar remover, dependendo da área que a exúvia ficou presa. Dependendo do caso, pode ser valido apenas recortar em volta e
não puxar pra evitar danificar algum membro/orgão e aguardar a próxima ecdise pra que tudo se vá com a nova muda.
Super Bonder: Sim, embora nunca tenha utilizado esse método, aparentemente, funciona. E sim, basta passar a cola no local do
ferimento.
20- Minha caranga perdeu uma pata, ela irá regenerar na próxima ecdise?
R- Sim. Porém, quanto maior e mais velha for a caranga, mais lenta e difícil torna-se a regeneração. Nesses casos de perda de
membro, também pode ocorrer vazamento de hemolinfa, tendo que ser necessário estancar (ver: “Minha caranga caiu e rompeu o
abdômen,o que devo fazer?”).
21- Minha caranga perdeu pelo no abdômen, ela está com queda de “cabelo”?
R- Não, ela não tem queda de “cabelo”. Ela pode ter perdido por fricção em alguma parte do terrário, por ter “chutado” ao se sentir
ameaçada...Mas se essa perda de cerda é muito grande, pense bem se a culpa não é sua por estar estressando demais o animal. As
cerdas irão voltar ao normal quando o animal fizer uma muda.
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22- Quanto tempo uma caranga fica sem comer? Quando devo me preocupar?
R- Muito tempo, há registro de Grammostola rosea que ficou 1 ano e 6 meses sem comer. O metabolismo das caranguejeiras é
muito lento, e períodos de frio, por exemplo, contribuem com a falta de apetite. A falta de alimentação só deve ser um motivo de
preocupação se o animal estiver muito magro, um bom parâmetro pra determinar isso é a relação de tamanho entre o cefalotórax e
o abdome, ou seja, se ao abdome estiver menor o animal está magro.
24- Porque não se deve dar alimentos coletados, já que em ambiente natural elas comem de tudo?
R- No ambiente natural elas também morrem, basta comerem algo contaminado. Alimentos coletados podem vir contaminados por
agentes químicos ou por parasitas por exemplo. Porque vamos expor nosso pet a algo que pode trazer riscos e por fim a sua vida?
Criar o alimento para sua aranha é uma obrigação e um pré-requisito pra criá-la.
2.2- Realizar a sexagem através da análise ventral. O processo consiste em visualizar a região ventral do animal, mais precisamente
a região localizada entre o primeiro par de pulmões. Porém aqui, não se deve tentar localizar uma espermateca e sim o “Epiandrous
fusillae”(fig.08) [Lembrando que ele não aparecerá do mesmo jeito em espécies diferentes, em algumas, ele é mais nítido que em outras.]. Essa estrutura
é um tufo de cerdas modificadas que a olho nu parece com uma “pinta” geralmente com formato triangular ou arredondado. É
uma estrutura exclusiva dos machos, que auxilia na construção da teia espermática quando o animal é adulto. Logo a presença
do Epiandrous indica um macho e a ausência, uma fêmea. A vantagem desse método de sexagem é que pode ser feito a qualquer
momento, com um indivíduo em mãos sem depender de uma ecdise ou de seu status de maturação.
Obs.: Cabe ressaltar aqui que realizar a sexagem em animais muito pequenos (lings de 1 – 3 cm) torna-se difícil devido ao tamanho
das estruturas e a dificuldade de visualização a olho nu.
26- Minha caranga chutou pelos urticantes em mim, tem alguma maneira de amenizar a coceira?
R- Tem, tempo. As vezes lavar a região com água e sabão ou álcool ajuda a amenizar. Porém, o aprendizado de tomar uma chuva de
cerdas é sempre válido, aproveite o momento.
Em caso de picada: Trate os sintomas. Regra geral é lavar o local da picada e, independente da espécie que o picou, manter a calma
e ver como seu sistema vai reagir a peçonha. Geralmente, quem é picado e corre pro hospital ou algum centro de tratamento, acaba
ficando em observação, pois se a pessoa não apresentar nenhuma reação alérgica, ela logo é liberada, uma vez que não existe soro
para peçonha de carangas.
Carangas do “Velho Mundo” têm peçonha mais forte que as do “Novo Mundo”, portanto, os sintomas vão depender da espécie que
o picou. O veneno das carangas é relativamente inofensivo ao ser humano, mesmo se tratando de uma do “Velho Mundo”, você não
irá morrer por conta disso, a menos que seja alérgico ao veneno.
Lembrando: Chupar o local da picada, fazer torniquete e etc, são todos lenda, não importa que animal te picar.
28- Ouvi dizer que carangas mães morrem após tirar a ooteca dela. O fato de tirar a leva ao stress e isso
pode acontecer?
R- Causas de morte de caranguejeiras em cativeiro ainda são um grande mistério. O que pode se inferir de casos como esse é que
talvez tenham morrido por esgotamento. Construir e cuidar de uma ooteca é um processo que demanda um gasto energético
enorme, e muitas fêmeas as vezes não resistem a esse evento. Outras aranhas, que não são caranguejeiras, tem o comportamento de
se sacrificar pela prole para servir como primeira refeição por exemplo. Isso pode estar envolvido com algum tipo de sinalização
hormonal que mandaria uma mensagem do tipo “você cumpriu seu papel”. Porém isso tudo não passa de especulação. E a grande
maioria das fêmeas permanece viva após uma ooteca, sendo possível inclusive tirar-se varias outras. A morte pós ooteca é uma
exceção, não uma regra.
Esse é um assunto “polêmico”, onde muita gente dá suas opiniões rasas, pensando só na satisfação pessoal ou
defender o seu “amiguinho” coletador, utilizando-se de argumentos vazios e facilmente desconstruíveis. Neste texto,
irei abordar a opinião dos que são contra a coleta para fins lucrativos.
Mas, porque criticar a venda de animais coletados? Pois bem, a essa altura do campeonato, tantos anos de vida
que o hobby possui, não há a minima necessidade de coletar exemplares para vender, porém, inúmeras espécies
brasileiras ainda não são tão acessíveis ou são inexistentes na mão de algum hobbysta. Mas porque mesmo assim
nos posicionamos contra a venda desse tipo de animal? Afinal, ninguém tem e isso só o colocaria no hobby e faria,
com o tempo, todos terem. O problema desse pensamento, é que comprar do carinha que foi lá no mato e trouxe uns
tantos numa sacola, é apenas remunerar financeiramente e dar apoio a inutilidade dessa pessoa, fazendo com que
ela continue a coletar, afinal, qual o trabalho que ela teve? Apenas foi no mato e revirou algumas pedras pra achar
um bicho e ganhar dinheiro em cima dele, não teve nenhum empenho em copular um casal, torcer para a fêmea
produzir uma ooteca, torcer para a ooteca vingar e por fim, cuidar e torcer para as ninfas virarem lings. Isso requer
tempo, paciência e dedicação, isso que deveria e deve ser remunerado de alguma forma.
“- Ah, mas isso demora muito, vender os bichos adultos é melhor.” Sinto muito dizer, mas se você tem esse
pensamento, você é um baita de um filho da puta, imbecil, mesquinho e que só pensa na sua satisfação pessoal.
Você não irá morrer se esperar uns 6 meses pra ter o bicho, por que a pressa? Seja paciente, torça para tudo da certo
com o projeto de quem coletou o casal, isso não será apenas uma vitória para o dono do projeto, e sim, para todo
o hobby, pois haverá mais uma espécie 100% cativa. Não criticamos a coleta de matrizes afim de estabelecer uma
população em cativeiro, ao contrário, apoiamos essa atitude por ser algo louvável e necessário para o crescimento
do hobby, do número de espécies nele e que com mais e mais sucessos na cópula das proles provindas dessa ooteca,
seria possível deixar o animal um pouco menos atrativo aos olhos de coletadores, porém, não é o que comumente
acontece. Entenda que a mentalidade de um coletador é ganhar dinheiro e ponto! Ele não está preocupado se está
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colocando algo novo ou não no hobby, a única preocupação é se dá dinheiro ou não.
Espécies como Avicularia avicularia e Ephebopus murinus, são amplamente distribuídas no hobby, porém,
mesmo assim, são uns dos principais alvos de traficantes. Todo ano, juntamente com Theraphosa blondi,
Acanthoscurria sp. e Nhandu sp., aparecem sendo vendidas na mão de alguém. Esses animais fazem parte do
conhecido ‘pack Pará’, para os mais antigos no hobby, basta bater o olho nas fotos do anúncio pra saber que se trata
do tão famoso pack. É triste que isso ainda exista e apesar de inúmeros avisos de que são animais traficados, sempre
tem algumas alminhas que vão lá e compram, depois aparecem reclamando de que o bicho está com problemas,
porque será, né!? Existindo esse tipo de gente, nunca deixará de existir traficante.
O pior de tudo é a tentativa de argumentar que o que está fazendo não tem nada de mais. Pois bem, irei agora
desconstruir as falácias mais comumente usadas pelos defensores da prática:
1º: “Não há problema se foi coletada, o hobby é ilegal, estão todos errados.”
- Esse argumento é muito usado e de certa forma está certo ao dizer que quem está criando também está errado
por conta do hobby ser ilegal no país, porém, a questão de se criticar a venda de animais coletados não está no
quesito ilegalidade, e sim, no quesito ético. Como dito antes no texto, o hobby já existe a muito tempo, bem antes
da proibição acontecer, inúmeras espécies estão ai a disposição de quem quiser adquirir, não tem o porque aceitar a
prática da coleta, é ter a mente muito pequena e egoísta para pensar dessa forma.
2°: “Fotos de cópula e ooteca não quer dizer nada, podem ter pego as imagens no Google.”
- Isso realmente pode acontecer, mas é a melhor arma contra vendedores de animais coletados, além disso, o Google
é um grande aliado, já que nele, há uma ferramenta de busca por fotos similares, se a imagem foi tirada do Google,
com toda a certeza esse buscador irá acusar. Outro motivo do porque pedir fotos da cópula, é que simplesmente, o
coletador irá entrar em choque, irá inventar inúmeras desculpas, como: “Peguei em um rolo”, “Não tive tempo de
tirar a foto” e por ai vai, chegando a lhe bloquear se você o perturbar de mais cobrando essas fotos.
6º: “Os caras querem queimar a venda do fulano só pra dominar o mercado.”
- Esse é um dos mais idiotas, pelo simples fato de que nós que sempre estamos no pé, não vendemos nada, é só algo
pra desviar a atenção do foco principal.
8º: “Melhor ir no mato e pegar, deixar a natureza fazer todo o trabalho pesado.”
- Sim, sim e sim, isso foi dito por um dos coletadores que mais foi criticado nos últimos tempos. Apesar de tudo, ele
sempre tinha os seus escudeiros. Acho que não precisa dizer o quão mesquinho e filha da puta é esse argumento.
O nome não será citado para não dar ibope.
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Alimentar ou não com vertebrados? (Por Diogo)
Esclarecendo essa dúvida/crença que paira no hobby: Alimentar aranhas com vertebrados NÃO faz com que
as mesmas acumulem cálcio no seu exoesqueleto e consequentemente, isso não causa rigidez e atrapalha na muda.
Os únicos artrópodes capazes de acumular carbonato de cálcio no exoesqueleto são os crustáceos e os “piolhos
de cobra”. A única hipótese que poderia girar em torno do cálcio seria na possível influencia em síntese de algum
hormônio envolvido no processo de muda, mas aí seria necessário um estudo sério sobre isso e seria bem complicado
de fazer.
Vejam que irônico, em contrapartida, a falta de cálcio é que pode contribuir pra problemas na muda. Já que a
dieta de aranhas em cativeiro muitas vezes fica limitada apenas a insetos, a carência nutricional que isso pode gerar
eventualmente poderia estar envolvida com os problemas na ecdise.
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Fungos, vilões ou mocinhos? (Por Diogo)
Primeiramente, esqueça a ideia de que fungo é sempre problema! Fungo vai aparecer no terrário cedo ou tarde,
e em sua maioria são benéficos por serem ótimos decompositores de matéria orgânica. A terra vendida em pacotes é
retirada do meio do mato e traz tantos esporos quanto uma terra pega no jardim de uma casa qualquer. Além disso,
mesmo que se usasse um substrato totalmente estéril, por exemplo, algodão ou papel toalha vendido em farmácias,
o fungo iria aparecer, pois os esporos fúngicos se propagam pelo ar. O fungo branco que geralmente aparece no
substrato dos terrários, se alimenta dos restos que ali se depositam, sejam restos de alimento ou micro-organismos
que vão morrendo na terra. Eu nunca vi isso passar pra uma aranha viva e saudável.
Portanto, desfaça essa ideia de que fungo é problema porque não é. Fungo é algo que faz parte da microbiota
de um terrário e em grande parte, extremamente benéfico.
Colocar terra no forno com a ideia de esterilizá-la simplesmente é uma das piores idéias que se espalhou pelo
hobby. Essa ação não elimina patógenos ou qualquer outra coisa do tipo, portanto é um ato totalmente desnecessário.
Além do que, assim que entrar em contato com o animal e os restos de alimento, bem como com o ar, o substrato
volta a receber elementos de fora, tornando totalmente inútil a ação. Além disso o calor é ineficiente na eliminação
de esporos fúngicos, bactérias e vírus.
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Aquecendo sua caranga nos momentos frios. (Por Diogo)
Sabemos que em nosso hobby não circulam apenas espécies de aranhas nacionais, existem várias espécies
de outros países e continentes. Em virtude disso esses animais são acostumados a diferentes condições climáticas.
Mesmo dentro do nosso país existem variações bem marcadas no clima e diferentes espécies adaptadas a isso. Em
cativeiro, o criador tem a obrigação e a responsabilidade de manter o mínimo de condições ideais para o bem estar
da espécie. Algumas regiões do nosso país apresentam invernos com uma estação fria bem marcada, como é o caso
do sul do país e alguns estados do sudeste que chegam a apresentar temperaturas inferiores a 10 graus.
Alguns animais sofrem severamente com as baixas temperaturas, chegando a morrer por conta disso, como
é o caso de algumas espécies amazônicas. Outros ate toleram as baixas temperaturas, porém diminuem bastante
o metabolismo e deixam de se alimentar, muitas vezes trazendo uma preocupação desnecessária aos iniciantes ou
atrapalhando o ritmo de crescimento de exemplares que alguns criadores tem para projetos de cópula.
Nesse ponto, surge uma dúvida para vários criadores: como aquecer e manter a temperatura ideal para a espécie
durante esse período?
Primeiro de tudo, é necessário ter uma boa base sobre as condições climáticas da espécie e analisar se existem
baixas temperaturas no local de ocorrência natural. Espécies do gênero Grammostola por exemplo, ocorrem no
estado do Rio Grande do Sul (famoso pelo frio), portanto essa realidade faz parte do ambiente da espécie, e muitas
vezes serve até como reguladora dos ciclos de muda e reprodução. Aquecer uma Grammostola seria. então, um erro.
Ciente de que a espécie em questão não passa por baixas temperaturas em seu ambiente natural, o processo de
fornecer a temperatura adequada se torna bem simples e barato.
É possível aquecer a aranha utilizando lâmpadas bolinha de 15 w, que custam em média 2,50. Na prática,
basta ligar uma lâmpada a uma distancia segura do pote e manter em uma região que armazene o calor, para poder
acompanhar os valores é aconselhado o uso de um termômetro. Uma ideia simples e barata é utilizar isopor para
isolar a área que a aranha fica e criar uma espécie de box, ou dependendo da quantidade de animais que precisam
ser aquecidos, é possível utilizar ate mesmo uma caixa pequena de isopor, colocando o terrário da aranha junto com
a lâmpada dentro. Lembre-se de fazer pequenos furos na caixa para que o ar possa circular e não superaquecer o
ambiente.
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Antes de partir para construção da “gambiarra”, é importante verificar a temperatura que fica dentro do cômodo
onde a aranha é mantida. Muitas vezes a temperatura que faz na rua não é a mesma dentro de casa, e o criador se
precipita em aquecer o animal sem necessidade.
Essa técnica é um meio barato de manter espécies mais sensíveis a baixas temperaturas durante períodos
de frio. Claro que manter um quarto climatizado para os animais seria ideal, seja com uso de aquecedores ou ar
condicionado, porém nem todo mundo tem condições financeiras de arcar com isso e acaba muitas vezes ficando
desesperado sem saber o que fazer nessa época.
O importante é sempre ter noção sobre as exigências do animal que se tem em mãos e procurar aproximar
sempre as condições de cativeiro as do habitat natural.
Obs.: O uso de lâmpadas próximo aos terrários tende a deixá-los muito secos, em virtude do calor que a lâmpada
gera causa evaporação acelerada na umidade contida dentro dos mesmos. Quando optar por essa técnica deve-se
ter cuidado redobrado com a umidade, fornecendo água e borrifando com mais frequência.
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Hibridismo, um mal existente. (Por Diogo)
OBS: Antes de tudo, aviso que o texto é longo, não tem como por todo o raciocínio em um texto curto. Se você leu isso e desistiu de ler o texto, pau no seu cu, quem
estará perdendo de refletir sobre o assunto é você. Aproveite que desistiu do texto e desista do hobby, é um favor que estará fazendo. Grato!
O hobby de criação de aranhas é uma prática que vem de longa data. Uma infinidade de países tem esses
animais como pets e os vende deliberadamente em petshops e afins. Com isso, todo um mercado se criou em torno
desses animais. Com a criação de um mercado e de um grupo de interesse, surge a necessidade de produção de
material e informação a respeito do tema, seja para espécies ou para cuidados básicos. Logo, onde existe a prática é
onde o material será produzido, pois haverá publico para consumi-lo.
Acontece que os países onde a prática de ter aranhas como pet é legalizada, são os que menos possuem
diversidade de espécies. Países de América do Sul e Central são os que apresentam maior diversidade de espécies,
com exemplares coloridos que enchem os olhos dos colecionadores, porém ironicamente (ou não) a criação de
aranhas nesses lugares é ilegal. A imposição do mercado por novas espécies para agradar os clientes faz com que
muitos aventureiros de fora, viagem a países como o Brasil em expedições ilegais a procura de novas espécies para
introduzir no mercado. Acontece que tais aventureiros, são apenas hobbystas como a maioria, e não cientistas com
critérios taxonômicos e licenças de coleta.
Assim, várias espécies novas são levadas todos os anos para os EUA e Europa e distribuídas como espécies
novas, sem o menor caráter taxonômico confiável. E como nesses lugares é que a informação de consumo para o
hobby é produzida, tais informações se estabelecem como verdade.
Isso criou um problema de determinação de espécies que atua como uma bola de neve, que vai sendo cada vez mais
publicado e divulgado em diferentes sites, ao ponto que o iniciante no hobby faz sua pesquisa e encontra diversas
páginas falando a mesma coisa, o levando a crer que aquela é a verdade.
Alguns gêneros de caranguejeiras no Brasil foram descritos a muito tempo atrás por pesquisadores científicos,
e atualmente esses trabalhos encontram-se desatualizados ou com pobreza de destalhes descritivos que possibilitem
uma identificação precisa das espécies.
A taxonomia de caranguejeiras é feita apenas em laboratórios, com o exemplar morto para que possam
ser observadas estruturas microscópicas como tipos de cerda, posição de aparato estridulatório, morfologia de
genitália e etc. Logo, fica evidente que a identificação em páginas de internet feita apenas por fotos macroscópicas
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fica impossível de ser feita. O que acontece na maioria das vezes é o parecer de alguns criadores mais experientes
seja por conhecimento do gênero ou por “costume” de vê-lo em cativeiro, mas tais palpites não passam de chutes e
muitas vezes limitam-se a chegar em gênero, com muito bom senso.
Como exemplo disso, alguns gêneros de ocorrência nacional tornaram-se muito famosos no exterior como é
o caso das Avicularias e das Lasiodoras, portanto o iniciante no hobby ao fazer uma busca sobre esses gêneros na
internet encontra muita informação produzida pelo hobby gringo disponível nos sites e fóruns. O grande problema
é que os 2 gêneros supracitados encontram-se em processo de revisão científica, com o intuito de clarificar as
espécies, atualizar as descrições e adicionar mais ferramentes de identificação. Portanto, até que tais trabalhos sejam
publicados e divulgados, toda informação existente na internet, principalmente produzida por hobbystas, é de
caráter duvidoso.
Sabemos que esses 2 gêneros são bem comuns e distribuídos por todo Brasil, e não é incomum a prática de
alguns hobbystas adentrarem no hobby com um animal que foi encontrado na natureza. Lasiodora klugi e Lasiodora
parahybana são 2 espécies extremamente populares no hobby, e praticamente só se encontra informações a respeito
delas em páginas relacionadas ao tema. Isso leva muitas vezes a identificações levianas em páginas de discussão
sobre o hobby, já que muitas pessoas chegam a acreditar que existem apenas essas 2 espécies no gênero.
Todo esse problema de determinação de espécies resulta num segundo problema: a produção de híbridos na
hora de reproduzir.
Mas qual seria o problema de produzir híbridos? Bem, primeiramente híbridos, na prática, não podem ser
atribuídos a qualquer espécie brasileira. Do ponto de vista da conservação, esses animais não possuem valor nenhum.
São híbridos, e de uma forma que não ocorre no país. São, desta forma, ao contrário do que o senso comum pode
imaginar, deletérios para conservação na medida em que deliberadamente será incluído um material genético não
pertencente à fauna brasileira. Além disso, animais com tal anomalia genética são facilmente detectados na natureza,
morrendo muito cedo porque são alvos fáceis de predadores. Passa a ser impossível reintroduzir esse animal na
natureza porque se ele cruzar com outros exemplares, elas também serão uma mistura, ou seja, vão causar o que se
chama “descaracterização genética” da população local nativa, o que é considerado dano ambiental irreversível, na
medida em que bloqueia e altera todo o processo evolutivo natural. Além disso, híbridos são geralmente mais frágeis,
menores, com vários problemas de formação e etc, ou seja, são animais que portam uma genética extremamente
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enfraquecida.
Mas qual o problema de fato de produzir híbridos em cativeiro? Sabemos que acidentes acontecem, e fugas
nem sempre são inevitáveis, além disso, gêneros como Lasiodora produzem uma grande quantidade de filhotes,
culminando num grande numero de exemplares passíveis de serem espalhados, aumentando com isso a janela
de possibilidade para acidentes. Além disso, soma-se o fato de enfraquecer e descaracterizar toda uma espécie,
arriscando que em um futuro, ela ate suma ou os exemplares existentes sejam extremamente fracos e/ou defeituosos.
Imagina ver foto de uma Avicularia do passado, querer ter uma e ela não existir mais? Imagina um animal que não
passa de 1 ano de vida? Imagina um animal completamente descaracterizado? Imagina uma Lasiodora parahybana
que não passa dos 10 cm? Por qual motivo consciente isso seria feito?
Simplesmente não há justificativa para produção de híbridos. O tempo gasto em reproduzir isso poderia ser
investido na reprodução/manutenção/propagação de espécies puras e sadias.
Muitas vezes híbridos são produzidos sem consciência, pois o criador acredita ter realmente determinada
espécie em mãos e busca um par da “mesma espécie” para reproduzir seu animal. O ponto aqui é que pode ser muito
arriscado fazer isso com espécies pertencentes a gêneros que estão sob revisão científica e não se pode ter certeza
da determinação.
Então quer dizer que nao se deve mais reproduzir Avicularia e Lasiodora nesse hobby? Alguém com bom
senso, procuraria copular somente animais que houvesse certeza de terem a mesma origem, como por exemplo
irmãos de uma ooteca com determinação prévia confiável. Porém, dada a quantidade de Avicularias e Lasiodoras
que são coletadas e introduzidas no nosso hobby continuamente, essa prática torna-se bastante instável de ser
realizada.
São incontáveis os erros de identificação de espécie espalhados pelo hobbystas ao longo dos anos e o impasse
que isso cria entre meio científico e o hobby. Alguns exemplos são Grammostola iheringi, que pro hobby é um
animal vermelho e pra ciência um animal completamente preto; Acanthoscurria brocklehursti que pra ciência é um
animal cinza-amarronzado sem nenhuma marcação e pro hobby é uma geniculata com marcações atenuadas;
Deve-se ter sempre em mente que hobbysta não é cientista, e qualquer um pode escrever o que quiser na
internet. É sempre bom ter um filtro sobre o que for ler e ter uma ressalva ainda maior com afirmações sobre
gêneros complicados de identificar e que passam por revisão.
Galeria de siglas.
MM = Mature male, em português, macho maturado. Aquele que já está pronto para acasalar.
(Qualquer letra)CF = Referente ao padrão do animal. Ex: NCF = Normal Color Form
cf = Do latim ‘confer’, que significa: confronte, confira, confirme. Usada quando se tem um exemplar que é parecido
com alguma espécie mas não é certeza de que seja. Ex: Acanthoscurria cf natalensis.
Ninfa* = Animal recém eclodido do ovo.
N1 = Primeiro estágio da ninfa. (fig.09)
N2 = Segundo estágio da ninfa. (fig.10)
Ling* = Referido aos filhotes. O ling ‘surge’ da ecdise da ninfa2. (fig.11)
id = Identificação.
sp = Espécie.
CB = Captive Breed. Referente ao fato do animal ter nascido em cativeiro.
WC = Wild Caught. Referente ao fato do animal ter sido coletado na natureza.
Epiandrous fusillae