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o::
.. Neste IivrQ denso e iconoclasta, Lenio Streck convida o
leitor a v is itar o Tribunal do Júri, mas proíbe-lhe o roteiro
l-
(/) LENIO LUIZ STRECK
~
turíst ico tra dicional: nada de cartões postais, do tipo doze ::J
...J
apóstolos - doze j urados, do qual aliás Lord Oevlin dizia, com
Q
humor, implicar um J udas a cada Júri. Antes mesmo de z
t ranspor o átrio do tribunal, vê-se o leitor concitado ao exame W
...J
da argamassa que compatibiliza e unifica os múltiplos mate-
ria is construtivos : o discurso dogmático.
[ ... ]
Quando o visitante chega à sala de audiências, vê-se convo-
cado para uma compreensão geopolítica daqueles espaços e
daqueles assentos, sobre os quais os discursos comple-
mentares (e não antagônicos, como Lenio observa) da acu-
sação e da defesa delimitam as possibilidades do veredito.
[... ]
Ainda que o contexto seja tão diferente - Foucault está pen-
sando na justiça da revolução, e Lenio, em revolução na
justiça - os dois pensamentos se encontram na insubmissão
aos rituais do poder judicial e na desconfiança dos conteú-
dos que subjazem e organizam essas formas sombrias."
Nilo Batista
liVrarl~~09ADO
DOAD
edItora
Rua Riachuelo, 1338
90010-273 - Porto Alegre - RS
FonelFax:0800-51-7522
www.doadvogado.com.br
info@doadvogado.com.br
ISBN 85-7348-180-3
fSHN
Índice a!fabético
Tribunal do Júri
DO
HevisZH) de
i~nS(lne Borba
NA torneira seca
. a fillta de
do
Gravura da c'pa A porta fechado
Honoré Daul11ier: Queremos B.. rra[;ízs (mas pior: a chave por dentro)"
Palllo Paes
do c\'entualmenle por ,1 m
classí' nll;di,l j
- <l ns trabéllhil( os
llwrn neolibe-
massivamente a cada dia.
O lívro se ocupa, tambéi11, é claro, dos problemas técnico-jurí-
dicos que estão na vida dos operadores: os interessados em nulida-
de do quesito vago sobre participação não se decepcionarão.
Silenciarei sobre minha única discordância, acerca dn inconstitucio-
nalidade do assistente de acusação, só concebível através de uma
idealização do Ministério Público que expurgasse definitivamente a
vítima do cenário judicial.
Se tivesse que escolher uma passagem deste livro que mais
legitimamente o rel,resentasse, não hesitaria em indicar aquela na
qual, retomando a fáb~lla da Lenio Streck menciona
um certo discurso mfstíco, que a aceitar os rituais
inerentes ao universo jurídico como necessários fi real da
idéia de . Esta passél
Foucault abriu suas reflexôes a
da forma do tribuna e
haver um tribunal
Jean Anoilh, Becket 0[/ 1/ fin!lra de Deus. Trad. de F. Midões. Lisboa, Presença, 4 Foucault, Michd. do . Trad. de Roberto Macl13do. Rio de Janeiro,
1965, p. 185. Graal, 1982, p. 39.
Notas introdutórias 17
/1. O Júri, o Processo Penal e o Direito Penal na perspectiva do Estado
Democrático de Direito. Da utilidade de uma análise garantista.
Perspectivas (deslcriminaliz,Hloras: o verso e o reverso da tutela penal. 21
2. no jurídico
um
,1 institucionalizilç;lo de um universo
42
tico do Direi to e a dificuldade
FZ1EI ,1 dos fenômenos sociais 4.5
/3. Vida e morte no Código Penal. A dogm;ítica jurídica e o bem jurídico
sob a proteção da lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
3.1. ViclJ c mor!l! nos da viclZ\ c da morte .53
secreta" do Direito Penal ou de
;;010 fi los dCSCil!ZOS" .56
do Direito PellJI e do Penill em
de Direito 60
da validade (n50 H'cCi'ção) de 62
3.3.2. A dos princípios e da
razoZlbilidade no Direito Penal . 64
3.3.3. A incCH1stituciollZllidade dZl rt'incidência 7 71
3.3.4. A (re)discussão do ,1Jc~ncr' d,l cilutr'lar no Estado Democrático
de Direito 72
4. O Tribunal do Júri - origem, e críticas . . . . 75
4.1 A do Vlri e o direito 7.5
4.1.L O L' a COllll1lOlIlmu 75
4.1.2. O na Françil 79
4.1.3. O 81
4.1.4. O iüri 11<1 84
4.2. O iúri no 86
c contras - e mitos 90
neutralidade 92
95
do Júri .. 97
e a represenl;ltividade socí:d . 98
4.6. O corpo de e o C'stabek'cimento de Ull1 de normalidade" 100
o ritual, ns atures e os iscursos 103
Júri CCH1hJ ri lua J l03
lrd!ct(irl,l no
dí~curS(lS no I l4
/5.4. O Direitu l'eni11 do au!m 1'['/5115 o Direito Penal do fato. 116
5.5. O discursu di1 ilCUS;1Ci'íO II 'J
5.6. O discurso dd dcfes;; 1 I
5.7. O il que construtures ou a
123 U i \ 1(; l!lfiJl,'rn eH f7ut? los [;1'11/0$ de lns COJll1ll1h4ndcs
dctcnh;,:'nfl el que de cicrfns ti"'cnirfls
discursivo e os resultados dos 125 secrdas pom oIJlcil/'r de III o de lo )la! uraleza los
concreta 125 rCcllllJlIldos lo COlllllilídad, c!
6.2, P.s conÍr;ldi{~õcs sociais ou
es[riúll ['II el dcl secreto soÍJre ias
entre nós" , ....... . 129 deveI! cOllluíllnl'se para
6.3. Júri, mitos e ritos ou de como os resultildos dos são de IlIs relaciolles socil7Ics entre los
de forma 132 dei sec relo ell quI' !os n:ilos
7. Tribunal do ]ürí 141 sy oudvcll de {ai
141 f7lJr7it.-: ')' CH
l-Jô
TRJBUNAL DO 13
intervenCÍonis- ao rito processual, a simplificação
Democrático de Direito. do Tribunal Popular, a
illlél1ise que se sobre do assis-
crivo desse novo
do campo jurídico os mecanismos
(LI modprniebde e dos
d Iq realizou
moderniliôde é
o r'::c:tndo SOCi,ll, t,dista pilra Diferentemente do que sustentei 11as ed penso,
do .s!adu Lílwrdl, foí (e continua um e ji'í desde a tercei r;) das decisões do
zICro. do tal como Ill, d, do Cód de
Isto filz com que () Direilo a Sér visto como urn não fere a SlJa sobcrZlnia. Altero, meu
te fator de tra . Hi'í que se ,lbandonar ii acerca dos delitos de trânsito e a o do dolo eventual.
do direito peniíl c penal. Ou scja, o s,')o trazidos d
penal não deve colocar o jurista em uma encruzilhada, na qual nas hipóteses de pedido de
tcnha que optilf entre barbárie. Por o Direito deve aboliç50 do antigarantísta da participação "de
ser em face da
do dcslH'cé:ssário dizer que en!os
t' i Ild i ;;- rS;1 !co ri ~lS
l1lfili tillIÔ\1;'.. il) 1!Urm,lS du
to, A obra se os diversos mbiíus
sistema, A partir da CO!lslitu estabelece um novo modelu
conlrove"rsia, Por a sua crítica, buscando
de produção de direito, deve ser a readequação dJS norlTWS
horizontes de sentido. Parafraseando lVLírio Bencdetti, alguns dos
pertencentes ao velho modelo, Quantas normas penais perderam
temas suscitam tanlanha controvérsia que, quando se acredita ter
sua validade (Ferrajoli) com o advento do Estado Democrático de
encontrado uma Use cambian las preguntas"!
Direito? Qual a conseqüênciJ da secularização do Direito, produzi-
do por esse novo modelo de Direito, no 5mbito do direito penal e
Província de São Pedro do Rio Crande do Sul, fevereiro de 2001,
processual penal? E as normas processuais? Produzidas hé'í mais de
cingüenta anos, estarão elé1s cm consonância com os princípios
constitucionais? Estar50 elas sendo interpretildas em O Autor,
conformif:lade com a
se apresentDm para o debate no desenvolvimento
A par de todas discllssCies ,lfdas ii crise do Direito en,
seus mais diversos - como, por do
teoriZl do bem juríd
teoria acerca da
da
..
'~~---_._--_._-------------~---_ ---~'- .~_._ .._~--_._---_._--_.----_._.------'" _._------
14 LEN10 LlJIZ SfRECK TRlllUNAL DO 15
No
.
]
TIWlUNAL DO 17
destas reflexôes cabe ressaltar 4. desse depreender, tanto no plano das
Entendendo que o discurso normativo do jurisdicismo se leia-se juízes, advogados, etc. -,
sociais n50 atingidos diretamente por
que o universo díscur-
ilvaliar as dimensões meramente intomiÍti-
Cha . Till
ncnte remete u trabalho
são entendidas como constituintes do
sentido comum da de considerar os sociais como não
sociais tfim um "vivido"
TRlI3UNAL 21
)
benl essa problemática. Com efeito, entende ele que o somente as suas formas de através de normas
do Direito tornou-se hoje mentais sobre a formação dos outros atos normativos.
de sua estru tura formal, ainda os seus conteüdos vinculando-os
normativanwnte aos
mediélntc técnicas de
da cultura
]USPOSltl a de C1 esta
artificialidade confere um papel de garantia relativamente ao Direi- garantismo assim, deve ser entendido como uma técnica de
t
to ilegítimo 7 . Graças a ele, o Direito contemporâneo não programa limitação e disciplina dos poderes püblicos e por essa razão
ser considerado o traço mais característico, estrutural e substancial
Paulo. Curso de Direito COllstituciOJlal. São Paulo, Malheiros, 1996, p. 435. Guerra
Filho, Willís Direitos fundamentais, processo e princípio dCl proporcio- da Democracia: garantias t01110 filJem;s eOlllo sociais e.xpressalll os
nalidade. hllmanos lias direitos jl/lldaJ/lClltaÍs. Willis Guerra Direitos FUJ1damwtais do eicltuMo frente 1705 poderes do Estado, os
Filho Porto Alegre, Livraria do 1997; Vieiril, Oscar Vilheni1. interesses dos IIwis em relação aos ))lais fortes, tlitela das minorias
e Esti1do de Direito. II!: Revista de Ciêllcias Crilllinais 11. 14 às maiorias iII tegl'lldas ..
Revista dos Tribunais, 1996, 201-214; Cademartori, garantistil ele ferriljoli tem como base um projeto
Porto
lcitum do
de DenLOcracjil social, que forma um todo único com o Estado social
de Direito: consiste na dos direitos dos cidildãos e dos
é deveres do Estado na liberdades e na minimização
dos poderes, o que pode ser representado pela seguinte fórmula:
Estado e Direito mínimo na esfera , graças à minimização das
da Eu repa, beneíiciáríos do S/fite, isso até seria
contr,üio, O!lei" O Estado Social un'1 sinllllacro, o
ITtCCanisl1l0 na das para o
das promessas da
féricos, ocorre exat,lmente o conlr,írio:
bolsôes de miséria nos centros urbanos, d,l expalls:ío da
Z1 desobediência colctivi:1, as instituições icas c
emincntemcnte
rZldica lrncll te, numa dimensão
que
a não adaptar o
limites esfab- te, o processo aparece,
então, corno que caracteriza ()
deuma direito
extenH Dito'de outro modo, em face do DemocrMico de Dín:ito
to, instituído pela brasileira, "o valor normatÍ\'o da Cons-
como da variedade e pluralidade de pontos de vista externos tituição deve ser potencializado, especialmente a normatividade
expressos por ela. dos ci1pítulos condensadores dos interesses das classes não-hege-
É relativamente fácil, môniCils. Mas, para é l1ecessário elltcllrle!" q1le fi
abslrato e cntre outras tOliibélilllorlllfl, C' nilo i1!cm de
E se é norma
cabe à Constituição fornecer o fundamento último do ordenamento Rio Janeiro, Instit\lto dos Brasileiros, p.48.
A 2' Câmara Criminal do Tribunal do HS tem assumido
e/lqut11110 110 fil/l/li/o dos direilos sociais e económicos se vive Com efeito, vale trflnscrever ementa
110 Direito Pellal 11 é oposta. O que aí se tcm é a 11_ 286042336, reI. Newton Brasil de Leão:
de novas atividades cm inúme- A de Cllrccnírill de 5 fil/OS
e da
o encurtamento
lli'L,JL!..1>=,'-HH.-L..LWC!H.t!llL CO III 'LL.l1llLHL1.li.L..;L"-"
(n. 297015729), tMnbém baseado em
a 2' Câmara reformou sentença de
LENiO
das normas infraconsti criminalizador, autorizando-o legítimos,
de ( teria também legitinlidade para um mínimo írrenunciá-
ve] de tutela. Só esta sintonia com a aluaI
da
radicam ainda numa
entre Socied,léie e Estcldo
de omissôes
ta mente insll ficientc. 13
Na mesma Costa Andrade H assevera
linhas de furçél no
constitllciOllais ns JlICSilWS
N eCc'sSé1rio 110 seu f ido
cntcnd no seu
dl've ser vista intoleráveis o Estado niío coberto do
nas com ii defesa direito criminal, sob pena, como acentua de frustrar
no domínio c!(!
"de pa 1'<1 cnn ter (1 sentido
na CClllSti
naturalmente novas formas de penal ou afim. Continuo,
pois, convencido de que o texto constitucional, ao comandar (ordem
de legislar) a atividade do legislador traz implícita - por exemplo,
no campo do direito penal a necessária hierarquização que deve
basta que se dê lInla cxanlinDc1a n<l 13 Cfe. Ferreira da Cunha, Maria da ConcciçJo. COIISIi!uiçl/O r Crilll". Uma
Pen~l cm . "A REFORMA DO c da Porto, Universidade Católica
Criminois, r jSbO,1,
15 Entendo que o direito, no Estado Democnitico de Direito, tem uma
sendo, um rlOtmativo em relação ao Estado Social e ao
Liberal. A Constituiçiío estabelece as dirctrizes
desenvolvimento do Estado. COlllO bem rcss:llta Canolilho (em sua
o da denlocracia econômíu1 (' social constitui uma autorizaçiio constitu-
,'Clll ina cional no sentido de o delllocráticu e outros C1cl
ín\'OGlr, e111 (;'Ice do Estâdo, outras concretização ildo/III'Cin IIS lIIedidas I1cces.,úri,ls l'llfll 11 evo!lIçi!O
des além que o assegurem contril o exercício do dil ordcill sol! (I 6/ iril de 1111111 COIlStit lIóol1nl" flilS ve,k, de U/I10
reclamada pelo interesse sociaL Este o critério que da dCnlO(Jdcla cconôrnica e soc101 no
101"""'111,0 projeto de No sell I,c.l!o, niío 5(/0 trJllsformaçiío c moder-
de Ulll JIla! f77.úsndo
!vlotivos elo de rJroccsso Penal, 110 Diiírio Oficial dâ
,que resultuu no Décreto-Lei 11.3.689, de 3-10-1941).
28 LENIOLUIZ Tf\IllUNAL
uma maneira ou
outra,obstaculizanl /i dos
tivos do Estado Social e DemocrlÍtico.
J o en
Ul11 O
qunlid
ali estiÍ afirmar e reafirmar o ma bem.
é a vida e, como guardião que é da aplicação.
esta deve ser cumprida.
Isto leva à pergunta: afinal, como o Código Penal trata desse
bem maior do ser humano? Para tanto, é necessário fazer uma amílise
comparativa dos dispositivos do Código Penal com ou tros do
mesmo texto legal, bem como os demais títulos e capítulos do
diploma repressivo. Existem diferentes garantias, as quais têm a
111eSma hierarquia normativa. Nesse sentido, ver-se-á que esse belll
/llaior -avida. e, por que a integridade corporal - tem menor
que 11 propriedade prillada.
De início, cabe referir os tipos penais têm umarelaçAo
direta com os bens jurídicos que as camadas dominantes da socieda-
de pretendem preservar. Como bem assinala l3aratta 22, "as malhlls
dos tipos (pendis) SilO cm IliOÍS SI/tis 110 Ci/SO dos delitos das classes
sociais II1l1is uaixas do CIlSOS dos delitos de 'colllril111O /lral1co"'.
Estes delitos, também ponto de vista da previsão abstrata, têm
uma maior possibilidade de permanecerem inyunes". Por os
conflitos sociais aparecerão nos conteüdos da lei penal na exata
22 Cle. 13aratta, Alessandro. críficn e crífícn do direito Trad. de
}tlarez Cirino Santos. Rio de Janeiro, Revan, 1997, p. 176.
dar-se conta do
ou tra
sllbmctcr;í u 8 illlOS de i1 isso o dizer de Zuleta para quem a
reclusão. Ao mesmo tempo, o dto de GlUSar mente uma lesão jurídica define e controla a ciência jurídica, indicando,
orave da qual resulte deformidade permanente, enfermidade incu-
b . COH1 o poder que o consenso da comunidade científica lhe confere,
rável,perda de membro ou aborto, ocaSIOna uma pena de 2 a 8 anos
não só as soluções para seus problemas tradicionais, mas, principal-
de reclusão. O problema não está somente na desproporção das
mente, os tipos de problemas que devem fazer parte de suas
penas. Como já dito, a comi nação da pena de reclusi!o é bem mais
investigações, Daí que a dogmática jurídica é um nítido exemplo de
gravosa, em todos os sentidos, que a de detenção! E essa, dentre
paradigma. Diz mais o mestre argentino, que a crise .da ciênci~,do
outras, que Batista designa como Illissiío secreta do direito penal,
Direito é um capítulo da crise mais ampla da raclOnahdade pohtlca
acentuando que, numa sociedade com contrastes sociais tãopHJfun-
qUe'ocorrenas sociedades avançadas 311 •
do,?, o estará protegendo escolhidos pela classe que
domina tais ainda que te 111. certa univel'salídade 27 • tanto, Warat, Luis Alberto. flltrod/líiio ge1'll1llo Direito fI. Porto
os dilemas dJ
processadas em ritmo
estruturais das abo.rdagens formalistas.
pois, ainda, com um modo. de produção de
Direit0 33 de cunho líberal-no.nnativísta-individualista, forjado para
resolvCl' disputas/conflitos interindividuais, ou, como diriam os a esses problemas, produtos de
manuais Dilvito, disputas entre Caio e Tício o.U onde Caio é o uma em que os conflitos têm um cunho
transindividual? Na primeira hipótese, se a justiça tratar da invasão
de Estado Moderno eurocentrado. de terras do mesmo modo. que trata os conflitos de vizinhança, as
observação dos conflitos são. gravíssimas (e de todos conhecidas ... !) Na senln-
entre moddos
do. colarinho eXilminar a LO
da llblica
no ,I}!Od(fUO dCSC1l7/(I!tlido, que
Cun! U.'ll opurnto lnlrt 1Crúfico está7'c! c ou!rns
ClIlclldido Clil/lO /III! direito
que, de 986 a
par parle da Eslado, de somente 5 682 crimes apurados
delltro de determinada a crise reside 110 de que é Central resultara~nem cond~nações em primeira instância na Justiça
este direito diferenciado que lião se cOllsegue firll1ar 110 Bmsil. Ver, para tanto, Federal. A pesqUIsa revela, amda, que 9 dos 682 casos apurados pelo
Adeodato, Maurício. Direito: Crise e Crítica. ln: Direito e Dell/oeracia, Katie ~anco. Cen,tl'aJ taI1:bén: sofreram condenações no.s tribunais supe-
Argüello entrevista. Florianópolis, Letras Contemporâneas, 1996, p. 148-150.
31 Cfe. Faria, José Eduardo. Direito e eeol/oll/ia lia bl'l1síleil'll. São nores. Porem· - e ISSO e de extrema relevância - l1enlnHIl dos 19 réus
Paulo, Malheiros, 1993, p. 52, condenados po;··crimedo,~olariHlw.bral1co··foi.pam.a cadeia! A pesquisa
32 Cfe, CampiJongo, op. cit., p, 12 e segs. ressalta tambem que o numero de 682 casos apurado.s é extremamente
33 Como modo de produção de Direito entende-se a politica economlca de pífio, em face dos milhares de casos de crimes do colarinho branco que
proteção e legitimação num dado espaço nacional, num momen- ocorrem a todo ano no país34'. E os crimes contra o meio ambiente, como são
to específico, que inclui: a) o modo com que a profissão jurídica e a de
são organizados; b) a localização de entre as tratados? Como funciona o Direito nas yelações de consumo,. IllOrmellte
(praticantes, aplicadores da lei, da doutrina, quando se que a televist7o, que deviria ser um veículo para trallsmitir
c) o modo com que (1 carnpo produz o incluindo variaçôes na cultura (art. 221 da CF), transformou-se num bíngo pós-modemo?
e a importância das vantagens sociais e relaçôes Estamos, pois, em face de um sério problema:Lim lado,
para o recru!amento no d) JS para a articulação da
preponderante e os modos com que estas incidem em entre temos uma s(5lciedade carente. de~realização de direitos e, de outro,
posiçôes; e) o papel que os com os uma ConstitniçãoRederal estes da.formamais
lransnacionais num dado COIlipO ampla,possível. Daí o acerto de Ribas Vieira 35
o modo dominante em dizer que "a crise do deriva do existente entre
São Consultar Ci,stilho, Ela Volkmer. O controle dos crimes CD/Um o sistema
modo de I!tlcional. Belo Horizonte, DeI 1998
Ribas Viera, José, Teoritl do Eslado, de Janeiro, Lumen ]uris, 1995,
J
num mero técnico positivo. Como o que
campo suas importa não é a explicação, a compreensão e a orientação dos
Z1çües. s50 "través de comportamentos jurídicos, e sim a tipificação e sistematização de
C3111p05 sociilis e de conflitos internos, o que
sultar [lourdieu, Pierre. The tllc Law: to1tltlrd a diferença entre as gilrantias liberais negiltivilS e as garantiils
il
Também OelaZilÍ, Yvcs e M. A ii diferença entre o Estado Liberal e o Estado Social. O
Direilo c G/oI.111/i:(/íiio ccollônlinl. por norl11ilS secund,'Írias negativas, por proibiçües dirigi-
1996, p. 34 (' scgs. de poder; c o Est,lÔO Sociéll por Jnélnc13tos dirigidos ao poder
Pilra Lima ml'lhor liberais servem pa rél defender ou conservar as condiçües
sociedade tem um CIIIII/'O de existÊ:ncia; as sociais ou positivas permitem
do que COlllum teórico sociais de vida. garantias liberais requerem do Estado
que slIslenlélJ',í (l modo libl'ral-índividual!sla-normalivista consistentes cm um não fazer, enquanto as sÓ(Íais
soldondo t1~ decorrelltes do nlJislIlo q/le e:ris/e entre (1 Cfe[errajoli, op. cit, p.
",Imtunl ,ocin!. I~ dizer, o IIO!li/lI'; n:io fiGl adstrito ,10 Luis Bolziln de. Do Direito Sodal aos fil/cresses
todas as hestds do modo dI' do dirl'i to. C0111<) 1996, p. 67.
se fixil na i1ssim denominada crise do
l1 ma de direito, à crise do
vez, seriÍ instrul11enlillíZil- PorLmto, n50 se estiÍ a falar (uu urna) crise de 1010 SellSl1.
de sentido, consulte-se Arruda Jr, pilra quell1 é
instituições da afcctall a Ido instituciol1es juridic,1S dcntru de la
lei, cm-um um la erigis no reductible a mera de
lnonh '11 to, e, etn lYlOlnCl "!"ttJS cotidi,ma Edmundo Lima. neoliberal y derecho: las
trib\lllil is. Consult<l f, ] 11 rid icn [nternacÍona I de
Crise. 2' cd. Porto 1996, p. 113 c segs.
socia1 41 ,
Dito de outro modo, parece que a dogmática jurídica - enquan- os juristas aceitam em suas a For
de instrumentillizar o Direito - não se importa com o jurídica. é o conllec1l1lenlo que
em, dia adia, a necessárin encontro 110 bise de todos os discursos e do
Com muita Direito. Pode ser entendido, ainda, como uma racionalidade
Zuleta Puceiro nos auxilia na busca de respostas, ncentunndo que o cente, que os discursos de das ciências huma-
i1 Ciência do Di rei to é sun hegemónica no nas. Tal de vários modos e maneiras e
e estipula a pi1rtirdas quais se configura instância de pré-compreensão do conteúdo e os efeitos
podem pensar as realidades sociais. Isto explica a pretensão exclllsÍ- dos discursos de verdade do Direito, assim como também incide
vista do paradigma dogmático e suas resistências aos processos de sobre a pré-compreensão que regula a atuação dos produtores e
mudanças ÍnternJs e extcrnns+3. usu2,rios dos discursos do e sobre o Direito 4 !l.
A afírmilc!6 que a realidade
com a lei e o Direito e
2 . 3.
Jll
significativa. ela se apresenta dessa ll1élncira ao senso
comum teórico no ato de conhecer. O que determina a significação
Como fazer com que a sociedade acredite que o bem mais dessa realidade é toda a filculdade cognoscitiva, institucionalrnente
protegido é a vida, se no interior do Código Penal isto não está
conformada com todos os seus elementos fáticos, lógicos, científi-
consubstanciado? Para realizar essa tarefa, faz-se crer à sociedade
cos, epistemológicos, éticos e de qualquer outra índole ou espécie.
que o Direito é um sistema lógico, no qual os ideais contraditórios
A significação dada ou construída via senso comum teórico contém
aparecem como naturais. Essa "crença" é obtida no campo da
um conhecimento axiológico que reproduz os valores, sem, porém,
dogmátic3 jurídica gr3ças ao que \A/arat chama de sentido comum
explicá-los. Conseqüentemente, essa-reprodução dos valores 0:on-
teórico dos juristas.
Sem qualquer dúvida, foi Warat quem, qlém de cunhar a duzra.um~c'e:};~cie de cOJ*?l:mis:lIodos op.:radores juríd!t~)s., ~or
expressão sentido (ou senso) comum teórico dós juristas44 , melhor isso, não e dlflCll ou temeliano dIzer que os-paradoxos-ongmí:1rJos
trabalhou essa relação dos juristas - inseridos numa espécie de da SOGÍedade-~Tepleta de conflitos e contradições acabam
corpus de com suas práticas cotidianas. O sentido exatamente, diluídos no intel'iordessecorpus denominado de sentido
dos juristas é, assim, o conjunto de crenças, valores e comum teórico do
4l Cfe. Faria, José Eduardo. O Poder 110 Brnsíí: IIltCf"}lIIti-
VI/S. Brasília, Conselho de Justiça 1995, 29 e
42 A é retirada de Sercovich, A. discurso, c/ li el
.7 Conforme Warat, Luís Alberto.
.J5 /lO Direito l. Porto
Buenos Aires, Nueva Vision, 1977. 1994, 14 c 15; II, 1995, p. 71 e do
Puceiro, op. cit, p. 297. 1988, p. 39.
obras, Warat usa a "sentido comum teórico" em vez de op. cit, p. 38, sobre a realidade
"senso COlnUln teórico". social e o senso comum.
T
tentavam, por o marido n50 ser sujeito ativo ele Os anteriormente citados servem ilustrar a
estupro cometido contra a esposa, por "lhe caber o exercício regular histórica dificuldade da dogmática jurídica em lidar com os fenô-
de um direito ... ". Seguindo essa linha, alguns tribunais brindavam a menos sociais. Vários fatores tiveram e tem influência nessa proble-
comunidade jurídica com decisões do tipo fiA cópula intra matrimo- mática. Como muito bem diz Ferraz Jr., flé preciso reconhecer que,
llíUI11 é dever recíproco dos cônjuges e aquele que usa de força física nos dias atuais, quando se fala em Ciência do Direito, no sentido do
contra o outro, a quem não socorre recusa razoável (verbi gratia, estudo que se processa nas Faculdades de Direito, há uma tendência
moléstia, inclusive venérea, ou cópula contra a natureza), tem por si em identificá-la com um tipo de produção técnica, destinada apenas
a excludente da criminalidade prevista no Código Penal - exercício a atender às necessidades do profissional (o juiz, o promotor, o
regular de um direito" (RT 461-444). advogado) no desempenho imediato de suas funções. Nâ verdade,
Julgados como esse se embasavam em doutrinadores como 1/0S últimos cem aliaS, (l ju1jsta pela sua formação universitâria,joi
Nelson Hungria 51 , para quem "o marido violentador, salvo excesso se11dti'c0l1duzído,a. esse,.tipodeesp.ecializaç/l0' fechada eJonna lista "54.
inescusável, ficará isento até mesmo da pena correspondente à Nesse sentido, é possível dizer qu,\ se estabeleGeu.no.paísuma
violencia física em si mesma". Não se olvide que o assim denomina- i"cultura" jurídica standard, dentro da qual o jurista lato sel1SU vai
do "direito" à conjunção carnal é eufemisticamente referido pelo trabalhar no seu dia-a-dia com soluções e conceitos
Código Civil, na medida cm que, no artigo 231, II, aponta como recheando, desse modo, suas petições, e sentenças
ementas jurísprudenciais gue s50 no mais das vezes,
49 Ver, tanto, Faria, José Eduardo. A do ensino Porto forma descontextualizada. Para tanto, os manuais jurídicos à
Fabris, p. 34.
50 Cfe. l\ocha, Leonel Severo. fé Democracia. São 52 Ver Sílvio. Direito Civil. São Paulo, Saraiva, 1979, p. 126.
UNISINOS, 1999. 53 Cfe. Jesus, Damásio E. de. Penal Come1ltado, op. rit., p. 605.
51
Nelson. Comentários ao Pellol. Eio de Janeiro, Forense, 1959, p. 126. Se! Cfe. Ferraz Jr. 170 estuda do direito, op. cit, p. 49.
encontradas dUélS
tra 110 sentido de que será
conceito de mulher honesta dt~ que trata o
d se moço de rlezessetc
allos que tm/in/lw é Oll uiio Para tanto, são "colocadas" à
do usuário duas illlm )lll seI/lido de
(RT a tempo;
obedecesse a uma única conhece todas
,out, p. as normas que emana; é pois tem sempre uma é
do crime de sedução, a vítima deve pois nada lhe escapa, sejam eventos futuros ou
Descobre-se, tilmbém, })resentes; é normas vigem até que ele
de dlilue 011 que mcsm,' ile; ustíça; é
tenlé1 - ché1 ve fa lSil 1'1;.1 o
lima díscuss50 (50 o
prios) como um elemento fundamental para conhecer o direito, até lei". Daí a força das assim denominadas "jurisprudências domi-
o ponto é comum considerar a doutrina dos autores nantes" e as famosas "correntes doutrinárias manancíosas"63. Desse
"fontes toda vez uma nova os do
tão bem definido por
THIBUNAL DO 49
termos: aprendido o do e do Direito já esUí um discurso eminentemente no
habi!itado a viver de inventários e cobranças sem maior que sua seja acredi-
[ ... } E claro que este operário anónimo do Direito é necessário, mas tada uma atitude de crença.
por que deve ser inconsciente? [ ... ] Sua atividade passa a ser Trata-se, então, de um que intenta motivar
meramente sem- tnfluência no processo de tomada de embOril não confunda com discu rsos ,li os
por verdadeiro e Lllso G1reCl?m totalmente de sentido. A
entre os mecanismos
v e de outros bens
te ver-se-á como a
vida e da morte e como, através da de
"consenso comunica.!;ivo", consegue persuasivamente à
sociedade que o Direito, mediante mecanismos de conteúdo abstra-
to universaliz,mte (fórmulas elo lodos siío il
dn da 11('111 etc),
TRIBUNAL DO 51
ae
jurídica e o
TRlBUNAL 53
que nenhum dos dois crimes é da a vl~rdildeiros extremos, con10 os
E mais: enquimto o é considerado crime de inviÍlida versus l'mi~;sfio
homicídio na entre o latrocínio e o
Os crinlt's que do Tribunal d ri silo os
(OnSlall tcs no 'rítu lu
JlO
d subd
conl pC:llrLS que vllrÍ;lIll Cnirl) seis c vin
COtll pl~nas (:;ntre doze e trinta c1r10S;
iJtL\jJio 1.10 cnnl pcntls enlrl~ dui~
du ql;(' o ,dl;1!1dUl-lil d{' 11111 í te', {Jutr.i C(ll~llF(l
C10n o ('ntn~: d( e ([nus; os COllf!lJlttodo (onIl)l'!ll(J do lJ5, que C!\U.\ntrí:1 ll(1 tÍltdo :ltincn:t.:
dtl vlda c lLl ~~,Híd«., \.'"Jnl (l d 171, 1(IG1Iiz(H1C1 no
r~xislcm du,ls maneir,)s ck cnl1wtcr \1)11 "dus crirncs conlr,: n p<ltrinl(~;li{)". (~oin cCeito, q\~l'nl dCÍX(lf d('
<ls~;istC'ncid. a urna cridnl~,l ;ll;tlllC!c'i1,lc1;l IJU ('x.tr~lvi;lda ou a
(querer OU ,lssul11ir O risco de
feridt1 serZi
j \':1r[:1 de llrn ;J seis fHCScS de
,\ticar o delito por cornín,lçi1o se da onli.,::;,s:io rcsultJr lesão
somente i rilo é1 morre ela vítima. For outro
crn
3-2, sucied'l,Je> que
antcprnjelo, um roubo
de rcd\ls~C1, ii de um hCllTlicídio
concreto Im:ido 1'(11' J\:lnril1 Lucia Kn/'III/: (1 ngl'ute :lilc, durante II lIoite,
cO!OCr7J1tlo f7 nUlo por dentro da crv/lisi?, O!l!(J{l(YI c Sl/L;/ roi seu
clnlwi'ado)'(s do da Porte do PCJlol, essa C{illdll!r7 te!!! () i!!eSlI!(1
tira scu Vê-se ent.Jo se eh ornissJo
o caso). rapazes que resulli1 ii morte de um inválido, por il pC1l3 1ll,1,>:im:1
pena entre quatro e oitu ano:;, SCL1 de unl :1110 c oíto nlcses de ou multa. Já J crnissi10 SC111
,ccmi-aberto. i\ lítulo de
_ _, - . _ .', . _. é ,-"1 pCt"lcl Li d fundos (01"11 urna sZlnç50 de l1té cinco anos de rC(!lIsr70 e JI1ulto,
~orn rCLlusao de> ~tOI~ JseiS anos, e n rncdLlntc n uso de ilrrna de: !lIas
senl C,tUSc1r dano:1 vHinlJ, rcsult<l C'tTll'cdllS,10 de E nrn'111dt{l ()
professur "Os .'
. .. r a c10SI-
l_l~t2trJa pcn:11 brJsileir(1", ') 1_ J
IL A pill'te do f" _.
res pect i \. a s
F('rcebC'r
socia is
aç;e através de 11m discurso também
3.2. A tcoria do bem e a "missão secreta" do Direito , llilll7 de 'lIlissiio secreta' t.70 Direito
Penal ou de como "La [ey es como la No Direito a sisterntltica da pélrte do
solo píca a los nesca{zos" Código Penal está fundamentada na consideração dos bens jurídi-
cos, nos as distintas figuras penais são distribuídas em
o bem jurídic~
título. Cad,] (j
crime de
c~ln/;Iíshmclíf!
tributos
filtor de
somil Ou (,'y,
brasileiro. Sclecionando-sc os 50 mais ricos lÍéste gru descobre-
se que seus patrimónios somam 12 bilhões de dólares. 50 ricos
de imposto de renda apenas milhões de dólares. Dnnos da
I<J'(f'iti? dilo COlitfl de que, CIlIjIlí71110 ti dl7C:sc !lu\!ín 7 real
c/h/a W dos ·j60 rcco!il(; ;;oli1cnli? J
hisfori(llll1Ci1It' Por isto, conclui, ' l J -- c. , ITl'Sln' desta vez rnor Ul1<11ll1l11dad<c,
I .
I~l1t ou fJ. Ctt'llS(hl, u ('~ {\ '"
somente estiltal; situ,í-lo como t~;,d~ como rcLltor o Juiz Amíltoll L)UCllO t~e ~ilrvaJho, . o ~~t:,?~ dil "-J~~~
'Lll:Vl'c'''J'ld~. e, sobretudo, rebcioll;í-Jo ,1 lutd cLlsses, 9_249 a um caso de estelionato, ficando o ilcordao assim ementado. L,S 1 LUO! ,",.
e sendo na e dinâmica hislórico-sc\ciill, coloca-nos diante TO. (JNUS DA Pl\OVA No 1'51/'liollolo, !/lt'SIIIO /lrísico, () do d17110, oJ.!1>
lonwt' todos
de uma visão do Direito e do Estado como condionamentos históricos do rcccL'ÍlIicJil0 da de1llÍl1cia, il1ibe a Ilçiío
são firmados por agentes em t11cwin1l'nto dentro de uma social dlíZ'idlls
I/!: Discurso e ordem Porto Fa bris, 1995, p. 157. 34)
nº 1.365, de 9_11.94, 106 c Para uma visão
acerca da criminalidade Emerson de
2001.
TRIBUNAL DO 59
58 !.ENIO LUIZ STRECK
na pena (art. 16
110 Brasil têm
leis que silo para os qlle 1117 Direito Penal. Não se olvidar que este, mormente em um
e leis que são Estado promocional, por natureza, um dos seus instrul1,entos
os que aparecellll10 Populares ...
pOIS, quem (e contra quem) funciona o sistema. O mais eficazes"79,
de forma seletiva em face da O Direito Processual Penal deve ser i
nos diz mais sob a Mica de um modo de
de
sob <l úlica
cunho
de uma lei
do L '1\1(,] d
S(lb esse pcl1·te dos penais da condutas consideradas mais graves, resulta ÍílC()Crente
Código e de leis esparças perderam a mantida dentro da esfera da punição penal esta espécie de condu-
penais, vigentes e válidos no contexto de um modo liberaI-indivi- tas, citando, para tanto, Ferrajoli, para quem o direito penal somen-
dualista de produção de Direito, não resistem ao exame de Sua te deve preocupar-se com infrações relativamente graves, em face
validade sentido de Ferrajoli) no (novo) modelo de Direito do que nenhuma sanção pecuniária pode ser considerada suficiente
vigente no Estado Democr,ítico de Direito. Além disso, o Estado para sancionei-la de maneira adequada. Nesse sentido, corretamen-
Democrático de Direito produziu a secularização do Direito Penzl!. te, Coppelti sustenta a invalidade (não recepção) de todas as
Com por exemplo, delitos ligildos à moral e aos costumes não . normas incriminadoras do Código Penal e da Lei das Contravenções
~ão ~1aís__ tíveis com a nova ordem jurídico-políticaB.J, Como Penais que cominem pena de multa isolada ou alternativamente, a
83 A saber: do CP, os artig,üs 136, 137, 1 1 150,151, 153, 1
dilS normas ilnteriorcs ;l é de tilmanha I'elevflncia CJue
Asüa ii dizer que, cm
Ut11 nova devc- 156, 163, 164, 166,169, 1 176, 1 1 § 3", 184 233, 246,247,
ríilm-se fazer l"1UYOS
259, par. único, 175, 315,317, § 2(1,
84 Dometila de Clrvalho, op. cit., i1sse\'l~ra
ziíç50, del'e ha\'er um proce~so de 323,324,325,331,335, da LCP,
.::,ocio/ que a
I
lha de ullla ira reforrnist;J l' (lO 111CSlTIO
da ordcill «unúm/en·social, clllluml e {/III/iicllllil,
ilOS cl<Íssicos crimes contra n
coJoei) cm xC'CJue da
(l que njo lImn vez COlpO [:;Indo, dn Trata-se, ao mesmo
. té1nlbénl o crinlc cconônlico, o CrinlE' acentua n (tutor, de assi?gurar U111tl nl<lior rf'presentaçRo c""'.''''''''''U'
Jtnblcntal, quando de gr,wes, 'ucrVi dos interesses colelivos, ConsultM, nesse S('l1lido, 13i1rJlta,
constitucionais, voltados ;;0 da social do
ilmbientaL Nesse contexto, com o aJerLl de que 1150 se caiil 11,1 arn~ildi-
f; 202.
, OCI'Cc!iU Y T<nzóll, Cip, cit.
sentada
li dos de furto.
e da razoahilidade 110 Direito
Htí
é possível, por
de um furto ser cometido por duas
.10 direi/o
condão de duplicar él pena desse delitóJ como no recente Congresso de Direito Penal e Processual " '
esse com os princípios da proporciollalidade, da Curitiba nos dias 1, 2 e 3 de setembro de 1.999, a illlllenre a
razoabilidade e da iS01wmia, todos com assento l1a Constituição da entre as diversas qUêllificadoras do Código veio à baila,
entre AmiHon Bueno de Carv;11110, S;110 de Carvalllo,
? Nesse sentido, acatando pélreccr de minha lavra, a 5ª
[ames TubcllChlilk e o Procurador dl~ A
Cll1la Criminal do RS decidiu que a du da , e neccs$f1rli1 - rdei! lira de
e das cau~::;)s de all1ncntn de
dil
no íurto a
"FURTO FEre) CONCURSO.
aos princípios da proporcionalidade e da isonomía. A fixação de
aumento maior ao furto em concurso do que ao roubo em igual condição.
Aplica-se o percentual de aumento deste àquele. Atenuante pode deixar a
pena aquém do mínimo. Deram parcial provimento aos apelos.
Apelação-Crime nº 70000284455 - Tapes/RS
VOTO
Des. AMILTON BUENO DE CAEVALHO - Eelator - O juízo de reprovação
emergente do ato condenatório singular merece confirmação. A reforma
alcança unicamente o momento (13 qualificadora.
Dúvida inexiste: os apelantes praticaram o delito descrito na peça inauguraL
/'
c estZ1o,
tanto que admitidos como deJitos di] meslTla
continuidade entre eles. Aliás, sobre o tema há nr,<>r?>';,·'r
roubo em condição. Aliás, estaria até
Tribunal, acórdão nº 698465028, da lavra do i1usln~ colega se ocorresse o roubo delito ma is sério ao violenta-
mente a pessoa, mereceria (estaria justificado, leia-se) até percentual maior
'CONTINUADO. FURTO E HOURO. POSSIBILIDADE. O conceito de mesmo, pellil mais do que furto.
no art. 71 .do CP, não só i1 idéia de identidade. u l'aclofwt l)iscrirnina(~>Jo
a de fOrnlí1 r é: t~ convir guc, entre dS
A Ji,1S, corret~1!11ente
. ilsscnlelh:lll1 conceder rncsrno ,1UnlC!1{Ü \10 ruubo à
ou 1(11 lk\
alheia 111;,')Vl'l.
entre as duns condulas crirninos:1s,. violência J ".;soa que se r('veste?).
autônomas, a violência na Ferrajoli diz que muito pior do que conceder penas (= causa de aumento)
execução, não se traduz num traço exclusivo de uma delas. Esta violênci<i iguais a delitos de gravidade diferente é fixar mais elevadas ao delito menos
tanto existe no roubo, quanto no furto, quando, por exempl .., há rompimento grave (p. 402).
de obstáculo à subtraçiío da coisa. O caráter pessoal ou real dessa violência Assim, procura-se, respeitosamente, 'racionalizar' o sistema, fazendo presen-
impede que as duas figuras sejam idênticas, mas não nega a semelhança que te o princípio da ísonomia. A forma de superar é o uso da analogia, para
as vincula e autoriza indicá-las como crimes da mesma espécie.' beneficiar, com aplicação ao furto qualificado pelo concurso do mesmo percen-
Vê-se, pois, que se está frellte, em nóvel de capll! a delitos absolutamente tual incidente no roubo ou ele um terço a metade.( ... ) A pena
próximos. Agora vejamos o fato onde existe igualdade absolllta - causa de (pois), vai recalculada. (... ) concurso o aumento é de um terço.(. .. )"87
aumento:
Poder-se-á dizer que, no caso em exame, a 5ª Câmara do TJ-RS,
Art. 155 ... Art. 157 ... ao acatar o parecer, fez !pais do que uma interpretação conforme,
§ 4° - A pena é de reclusão de 2 (dois) a § 2º - A péna aumenta-se de
8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido: um terço até metade:
"consrruindo" uma nova "norma"(texto). Não se desconhece os
lImites da técnica da interpretaç50 conforme a Constituição. Entre-
IV - mediante concurso de duas II - se há o concurso de duas tanto, em face da prevalência do princípio da isonomia constitucio-
ou mais pessoas. ou mais pessoas. nal e da possibilidade de se fazer analogia in bOl1am partem no
Diferença? Nenhuma. Tudo idêntico: no qualificar, no furto, e no majorar, no Direito Penal, não se afigurava possível a continuidade da aplicação
roubo, "concurso de duas ou mais pessoas". stricto SC11S11 de uma norma jurídica (texto) que, frontalmente, feria a
Qual o discurso para o aumento de pelo concurso' A facilitação do
delito, impedir coligação de forças, maior perigosidade.
devida proporcionalidade e a razoabilidade que devem ter as
Mas a identidade é de tal forma espetacular os doutrinadores, como interpretações. Nesse caso! o Tribunal teve que optar entre a
regra, comentam ii do § 49 , IV, do e no momento da análise 87 Nesse sentido também foi o voto do Des. Paulo Moacir de Vieira, tendo
do § 2 9 , do art. J remetem o leitor para leitura do que
sido vencido oDes. Aramis Nassif mediante de voto.
disseram acerca do furto ou se repetem.
LENiO LUIZSTRECK
TRIIlUNALDO
s
nt'
do mundo todo .
J iveir3, Edmundo.
na d" juStiÇ3 nos Est"dos Unidos". III: TriLJllIwl do
- Estlldo .,obre t1 /llnis de!JJocrlÍlictl illSllliliçllO lml"ílcirn. Silo Paulo, RTf
p.101.
TI,IIlUNJ\L DO JÚFl 75
nos Estados Unidos. 99 Na Inglaterra, onde a idéia do júri com Já nos Estados Unidos, o júri tem arida constitucional,J01
doze jurados, o júri ainda é figura centn:d, muito embora seu uso na lendo-se no art. 3º, seção II, item 3, que julgamento de todos os
atua]idade se restrinja a menos de 5% dos julgamentos criminais crimes de responsabilidade será feito por júri e esse julgamento
de julgamento pelo júri crimes de homicídio e o realizar-se-á no Estado em que os crimes tiverem sido cometidos;
além de outros crimes considerados graves, cabendo ao não sejam cometidos em nenhum dos
z togado decidir se envia ou não o processo ao tribunol ocorrerá na localidade ou que o
Até o ano de 1933 existia o Gmild llue era por 12 a 24 a 6" Emenda acrescentou
pessoas e ia por maioria de 12. !\tualmente só existe o Petit o ai:lsado tern direito a por um
que o vered icto de 01' not do loca! onde o crime medida em que
De registrar que, na Inglnterra, não S80 necessários veredictos não havia forma de organiza-
maioria de J(J·2 ou 11-1, pelo menos. Com do jú desenvoh.!('1..l a du
o artigo 1. da Lei de ,1974 Act) habilita o juiz de funcionamento da jurados (como na 1nglil ter-
primeira instância a aceitar um ~)()r maioria, de ra) e a presidência togado, O federal deverá
menos duas horas de infru do jtíri. Este loriJmente ser de doze que
veredicto é efetivo se obtiver adesão de dez jurados em um júri de não se estende ao funcionamento do júri nos exemplo do
onze ou mais, ou de nove em um júri de dez. Se o corpo de jllrados qual é o Estado da Flórida. No júri federal, o resultado necessaria-
não chegar a um unânime ou m<liori<l, o mente deve ser unânime; nos júris estaduais têm sido possíveis, em
desotlC'LÍ-los de sua Tal circu decisões por ma ioria de votos, desde que 1180
sido ou pUl1iclos cum de morte. Nesse
onde unl;l
di ficíl sem constitucionill
em razão do fato de as serem imotivadas. Courl, sob o argumento de que a 6,t Emenda estlbcleceu o
as razões formais (nulidZldes) que acabam sendo o· fundamento da direito ao júri imparcial, mas não obrigou a unanimidade nas
maioria das invalidações de julgamentos.lOO decisões, Há uma diferença entre o grand jury e o pefit jury. O
judiciu!1l accusatio/lis, espécie de juízo de pronúncia brasileiro, é
feito pelo grand jury. Na jurisdição federal, é obrigatória a existência
do gralld jUl"y para todos os deli tos considerados graves, A composi-
99 Marques, José Frederico, op. cit., p.35, informa que, enquanto o júri, sillvo nos
pilÍSes de língua inglesa, é instituição em decadência, o escabinato se encontril cm
ção do gmnd jury varia de Estado para Estado, e seu número vai de
franca ascensão. Na França, desde a Lei de 25 de novembro de 1941, emendada 16 a 23 membros. Já o pequeno é o júri propriamente dito, a quem
, ordOIIlI{//J(;' de 20 de abril de 1945, e leigos em compete julgar se o réu é inocente ou culpado, cabendo ainda aos
numero de tres c estes cm sete) deliJ;>;o:ral1l sobre o crime e a jurados fazer a recomendação da pena a ser aplicada ao reú,HJ3
ilpliCilÇào di] pena. NiI Alemanha democrátiCil \Veimilr, a reforma de 1924
transformou em escabinato o Tribun,d do Júri De registrar que nas cortes federais é permitido ao réu abrir
funcionilr, com esse carMer, entre os tribunais da mesma mão do seu direito ao julgamento pelo júri, incluindo casos puní-
já existentes. Da eis o que diz
10\ informa Nucci, cit., citando dados coletados por Nádía de
número de cantões ignora a COllr d'Asô'ises (parlicu!Jrmente os de
e Hicarclo Almeida, silo cerca de 120.000 ano nos Estados
ne: Bãle-VilIe, Schahouse, S. Gal!, Valais). Outros introduziram os tribu-
Unidos, o que no mundo
naiS de escabinos (entre eles Reme, Tícino, Vaud, ou tentaram criá-los
todo.
Outros, enfim, procuram o Júri na de sua tarefa 102 A 7· Emenda
Haros são assim os conservado o Júri só". estabeleceu o direito
"nenhum caso por um
efC'. Nucci,. Guilherme de Júri. Clfl5tiluciollllis. São Paulo,
Estildos Unidos, senão em conformidade
Juarez de OlIveira Edl[ora, 1999, p. 63 e segs. I'vlurais, António Manuel. O
110 ln/mI/III. Hugin, 2000 com as
103 Idem,
~- -._- -~-~-~~_.---"--_._-~-----.~----"- ---"~_ ..--._,- -- ------------------------------_._---
76 LENIOLUIZSTRECK
TRIBUNAL DO
veis com a pena capítal desde que esteJ'a< aconse IIla d o 4,1.2. O Frnnçl7
°
f c •
e.E'ltos ou nome[ldos pelo Poder Executivo ine ' t' d extinto enl 1808, era composto de oito membros, que decidia por
nút I', .j d ' . , 'XIS ln o concurso m.aioria de votos. O Tribunal do Júri iniciou com o número de dez
r 1 lCO oe a l1llSSao, onde prevalece o sistemil do dI'l'DI'tC) .t '
'C • f./ 'j " . c '- ,cos un1el-
1,)' maIS l,agl ~u~ o pnnClplO de reserva legal recomendada, bem
membros. Em 1808 entrou em vigor o Código de Instrução Crimi-
~J~;1'.? onde, s: ~lllvlle~:a a p<1rtlClpação do cidadão leigo na adminis- nal, passando o Júri a ser composto por oito membros através das
,?ao .de Justlça, o Jun e uma gilrantía que o réu tem contra i1 leis de 4 de março de 1831 e de 28 de abril de 1832.
opressao pesco~ pOl' U111 acusa- Depois de várias modificilções, o Júri firmou-se como escabina-
I ' . eve,'ntualmente
I flssilcada contra sua '
to>(3 magistradqs. e 9 jurados). Na realidade, o júri é llma parte c!a
cc! U
d , . u garnen
E' . o pe o lUl I, cO!1se bO'lundo l:r ue seLIS p"res ;,Jec1'd
- '- , ',"" d clln seu Advogados, A lista ilnual e a especial são enviadas pelo Presidente
estmo. "ntretanto, aj)es<1r de nítidllc gal·"]ltl·., ~ .'
o'lU!] c_
cln Comissão ao Prefeito, que a faz chegar (lO Presidente de cada
t (" ", llflO
e.m,a] 1::eS!1ln força 9ue o tribunal popul<1r auferiu na Constituiç~o Câm(ll'il. Pelo menos trinta dias de antecedênciil em relação Zl
lnaS] ella o reu ten1 POSS]!l] "'l'J'd aue
J d e retutar
.
('n011'1n to , , " ' " esse d',,·t
II elo,
abertura das sessões da Cou/' os seus presidentes fazem o
. '1' " cm nosso caso, a constitucional é irrenunciável. Jo -+ sorteio em audiência püblica sobre a lista anual, retirando os nomes
j~----'--: de trinta e cinco jurados que irão formar a lista da sessão e os dez
Cf\'. NllCC1, o)'. cit. jurados suplentes, com uma i1ntccedência de quinze dias, pelo
menos, sobre o dia da abertura da sessão. Na do acusado e
78 tINjO LUl? STRECK
TRmUNAL DO 79
por sorteio, sZlo extrElídos os nove nomes que de sendo que, a serão necessários oito
jurados que participação da sessão de votos, bastando apenas cinco para a do acusado. Hessal-
O Procédure no Livre na parte te-se que, a exemplo do que ocorre cm Portugal, a Cour
de o funcionElmento da Cour também delibera sobre a a ser aplicada ao ilcusado. Para
dita o A da o mínimo de oito votos. Não
e por dois assessores. o mfíximo da pena ficar6 limit,llb il trinta
ou ele uma Corte de anos. A decis;'ío sobre a penél, lato sellSIl, maioria absoluta.,
~~endo que serão tos tos turnos para
o quorulll. Ou se o primeiro turno não for
o .1e maioria absoluril acerca
será um turno, sendo que i1
não atinoiu
b
o IlllUrl/!iI, deverô ser descartada na_
o segundo a pena roposta llao
o quorum de maioria nbsolutn, ser{í feito um
descartando-se a pena maior anteriormente proposta. !)o meSl110
modo, será feito um quarto escrutínio e assim por diante, sempre
descartando a pena Hwíor, até ati o quorulll necessário para a
da pena. A Corte t,lmbém sobre as pem,s "'.'''''''ou-
rias ou ilssim conlO enl ao :::lIrSIS.
4.1.3. ()
ueju
Vi,yente Vé1rias modalidades desde o século importa
a produção da prova e os debates, o presidente exporá à illform~r que o Tribunal do Júri no século XX, até a Revolução dos
CDU!' reunida em sala secreta, ponto a ponto as questões Cravos, muito embora regulado pelo Código de Processo Penal de
discutidas, seguindo o seguinte modelo: '"Laccusé cst-il coupable 1929, não foi aplicado na prática, uma vez que a Lei de ~ecn:tamen
davoir cOl1llllis fel fait?" Uma questão é posta sobre cada fato, to dos Jurados nunca chegou a ser decretada. MaIS amda, o
conforme constou na acusação (Intra de rCl1voi). De igual modo, Decreto-Lei nº 35.044, de 20 de outubro de 1945, correspondente ao
cada circunstância agravante será objeto de uma questão distinta.
Estatuto Judiciário, não previa o Tribunal do Júri, o que faz com que
Se resultar dos debates fatos que comportarem outra qualifica- se possa afirmar que o júri estava abolido desde ~quela data.
ção legal não constante na acusação do Ministério Público, o Com a Revolução, dirigida pelo MFA - Movlmento das Forças
presidente da Cour poderá propor outros "quesitos" (sub- Armadas, Porrllgal retornou à democracia. Nesse contexto de retor-
sidiários). Cada magistrado e cada jurado responderá a cada ques- no ao Estado Democrático de Direito, o Decreto-Lei nº 605/75, de 3
tão, começando com a expressão "SUl' lIum hOlll1cur et ma consciellce, de novembro, informava no seu preâmbulo que o Programa do
ma 1ftr1l7mtiol1 tst ... N. responderá sim ou não, entre- MFA determina, nas medidas a curto prazo, a dignificação do
gando o voto ao presidente, que a depositará em uma urna. processo penal em todas as suns fases, !endo o Minist.ério da Justiça,
O presidente abrirá cada voto na de todos os mem- no seu Plano de Acção, aprovado em Conselho de M ll11stroS a 20 de
bros da Corte. Os votos nulos e os brancos são contados em favor da setembro de como prioriti:íria, em ordem ao cumprimento
íO'i Cfe. Stefani, CevaSSE'ur e Sou Ioe Procédurc PI'unle, Paris, 1980; Toulemol1, norma, a simplificnção e celeridnde do processo pe:,al, a
André. Ln liu Paris, Eel. Librairie Recueil 1930; F. LII num só dos correcionais e de polícia correclOnal,
Com Morais, Antonio ManueL O 110
Hugin, 2000. assim como a instituição do Júri julgar os crimes mais
No n" 4 do citado Preâmbulo, constou que a
80 LENIO IUl2 STJ<ECK
princípio da ordem democrática instaurada
verdade, totalitários
receio da dos
a ordem
formado
intervirei somente
rélm, deixando-se
efetuado
o
visa à existênciLl d(~ suficien tes, não se vê
Úí':l - e tlssim concluia o do MFA - que a sen
da lnstânia que o se possa recorrer perante o
Supremo Tribunal de Justiça, somente dt'stinado por natureza a
do .
"m
dL'rlÍ
da da
icabi
para
crimes de
de 1822,1\17
t'es l: patrio-
tas", Já entfío seu cariÍter de tividade passou a ser
medida em sociedade escravocrata, só
os 50S ser ou
bons", detivessem uma determinada renda
por conseqüência, às camadas dominantes, Já na
do il Lei de 20 de setembro de
ínc;tituído o jú de e o ri de
vinte e e o
u-
I
ma ser su norte-americanas e deu ao
:l'rto com
- nova
- , (élté'er "':i ' ,
s· a,mgll a a necessana maioria A
1
?l~l lcaçao nao poder? deixar de submeter à votação a parte 'd
amplíssimas, superiores ao grau de desenvolvimento da nação que
se constituía, esquecendo-se, assim, o legislador de que as institui-
,a _~_ pelo magIstrado-presidente, O que pode ser feita 6 o
ções judiciárias, segundo observa Mittermayer, para que tenham
llle usao um novo quesito, sendo vedada altera ão - ue ') _ ' e ,a
que o acusado, Os jurados também deliberam sob~~e o~ b,F I,{,u~il~ bom êxito, também exigem cultura, terreno e clima apropriados'/108,
como hberdade condicional e ' d' , I ,ene lClOs estabeleceu duas formas de processo: sumário e ordinário, O pro-
para tanto votos, { JU lCIa, sendo necessários cesso sumário cuidava dos crimes de competência do juiz de paz, o
Se o veredicto for pch ' que incluía a formação das queixas, Já o processo ordinário era da
, ; i', ' '- c o magIstrado-presidente competência do Conselho de Jurados, tanto na fase da denúncia
1l1leC latamente a 'lbs l!t t' " S ' ,
" ':1' f ' ,c 1 O1Ia, e, ao contrarlO (aceitaçãcr'(m não da queixa) quanto na de julgamento, O Conselho
\ erecIcto 01' pela culpabilidad, o presidente concede" '1'" o
1'J ',' ' -, laapaa\'Iaao de Jurados era presidido por um juiz de direito, O conselho de
(L llstlça e a defesa para C1 ue ne1"
da '
ounledldas ' r " pronúncia de acusação) devia responder à seguinte pergunta:
'seri
- ao a como "Há neste suficiente esclarecimento sobre o crime e seu
civil.
autor para proceder a ?" CilSO negativo, procedida a uma
instrução perante ° que enUío deveria '/ratificar" o
4,2, O júri IHJ. Brasil so e pergunta: "Procede a
lU7 Sobre (1 hist6rico do Tribun;:lI cio Júri, ver José Frederico,
Assim C01110 o dir,'t t" 'Lunbélll Bonfim, Edilson Júri - do 110 Siío
, d - ::l (1 o cons J tuclOnal nos IJrimórdios ::ll B . '1 Saraiva, 1994,
lJ1 e]-,enl ente esteve . 'd ' L l rasI
.1.'
( ausenCla de controle
nos I eaIS da revolução lOR Cfc, José Frech'rico, A !Il,tillliçiio do JlÍri, 550 P,llIlo, GookseJ!er, 1997,
Id - " .
__ ._ ..'_ ... e constItucIOnal, mode- p,39, Cindido de Oliveira Filho,
86 UNIO LUIZ STRECK
TRIBUNAL 87
de ou as que fossem de um só termo, desde que
contra alguém?" , em a d' , fosse possível ir e voltar da Relação em um só dia, Foi
sentença,
, f O J'üri de então ' , nava CiO segumte e1 JUlgamento
t'UI'Cl'O l. ç o , . d f ou
m arma Mendes de Alme'd ," no d'la do Jun " I 10 o, con arme
também restabelecida a competência do júri os crimes que a lei
1 a, de n 9 562 havia atribuído aos juízes. De registrar a
sorteados sessentaos de
d fato e ' O ~ , d. ~ paz. elo dIstnto " da eram
sede dos de polícia! a
, o::; dlstlltos do termo, remetidos crimes conluns, as
certas formalidades de direito nas comarcas
encnminhiwa os e dos
secreta, , onde " ou o juiz de
ou l!l1pronullClas, Constituíam os J'ura-
's .' _ , .de i.l S'o ele sua decisão foi mantido, tendo o
() 1 cu::; ser acusados nte o conseli'( d··
est.) J' 'd ' ,) c Decreto de o júri
que, o ntH11e' do sortead(~lr;os~:ej~:~~~;ol~l~:~'a~~l~)à sorte~à m,cd, de doze jurados, sorteados dentre trinta e seis
de jurado estaduàl da Con,arca, A Né mantida a
podlar .lCusaelor c cllCll,,"do 0'1 " d
c ncusa os fazer
,I (e " dnelto,
"u\..
dc) júri" gerou intenso debate, De um autores como
das, em"llc'mwro
' . ele doze
,." t'()!"l ' d'
, os unpe 1CtOS", ,O') J • . ln10tlva-
Rui Barbosa, Duarte Azevedo e Pedro Lessa sustentavZlm a tese
pass~ndo. a lI:stru~~~
, O Jun de acusação foi extinto em 1841' . de que a manutenção pela Constituição significava que a essência
cnminal para a responsabílidnde da oh'"
de acusaç{ío sendo a formaç" d PJ un, Ou seja, tOl extmio JUfl do leis
, '1 " , ' ,(,o ,il cu pa e a de
atnullldi1s autoridades . '
dendo dos
dos 1\
. remeliam juízes dir"it
a uma ~ Junta, cOlnposta " , . , 'pi" e o JUIZ, pc I o promotor .. , ~ o, ção não significava a imposição do stl7tus-ryuo J12
C
e pelo outubro de 1899, o Supremo Tribunal assim deddiu .
a lista geral de' . d A ' ~ ,.ecer l as rec amações e fazer
d a amara MUl1lclpal conh :l 1 A Constituição do Estado Novo, de 1937, não assinala sua
JLll a os, eXlgencla da un . 'd d d
am?11 ~ e e votos
existência, sendo que somente no ano seguinte foi regulamentado.
constante no Código de Processo Penal
morte foi modificada pelo art 66 d E~ra ~l. aphcaçao da pena de Naquele período, o Decreto 167 regulamentou o júri, alterando-lhe
fosse a decisão do júri vencida' ::I a e1 n- 261, que determinou profundarnente a substância, Com efeito, uma das alterações consis-
demais decisões deveriam se .p~r L ~s terças pa,rte~ dos votos; as tiu na retirada da soberania dos veredictos, mediante a possibilida-
aplicaÇ d , : I oma as por maIOrIa absoluta A de de apelação sobre o mérito, quando houvesse "injustiça da
de acOl~;oLc~~~~~~:~~~e~~j,~~i~, ~:s ~ra.udmáxiAmlo"
cc 's c )u! a os
médio ou míni~o,
el 562 de 2 d ' li
por sua completa divergência com a provas existentes noS
autos ou produzidas em plenário" (art. 92, b), o que o aproximava
d e 1850,su b traiu da competên' d ,/ -:,/', ' e JU 10
,roubo, homicídio nos municípi~;: d~ g~ll ~)~ cr~nels. de,l1:oeda falsa, do sistema de recursos que vigora atualmente, A diferença é que, ao
da e retirada de preso"c, ""'1e'111 'C1'a b anca rrota 1 eIra o mpeno, resistên- contrário de devolver os autos à Comarca! o Decreto 167 estabele-
110
ceu que o Tribunal de Apelação estabeleceria a nova pena ou
. /,' ~ reforn:a processual de 1871 trouxe se~lsíveis absolveria o acusado (art. 96), De salientar, ainda, que, em 1934, o
JUIl.' Com
, efeIto,a lei
"nº. 2 03'"o (e
I 20:l
(e setembro de 1871 t no Tribunal do Júri já tinha passado do uDos Direitos e
a d 1VISão territorial em dist fl't d R .1. _ ' man eve Individuais" o que tratava liDo Poder Judiciário"
distritos de 1 'f d os e e açao, comarcas, termos e
e . ' c aSS1 Jcan o as comarcas em e saindo, da cidadania a órbita do Eslado.
~~~~mpreend1das como as que estivessem na sede dos
109Id 111 Idem, ibidem, p, 45 e 46,
110 em,l'b'd
J em, p. 41-
Idem, íbidel11, p, 43 e 44, 112 Idem, ibidem, p, 48 e 49,
nW3UNAL DO 89
88 ---~--
TRmUNAL DO 91
seres
já vem antecipado
o sentido Haveria o jujz, que se conformar,. _ e~a.criticamente,
se conclui que o à imposta pelas premolllçoes dogmatlcas: ~nqu~n-
(juiz ou jurado) não con o mundo, para depois lhe
dar um sentido. Intérprete c to o procedimento civil valorizaria os interesses das . . 1Sto ~, a
e fenônleno,
desde verdade mesmas - a verdade form,ll -, relvllldlcana o
verdade lTlateríat juiz
1. Os lili/os ria verdI/de rCil! c da I/CI!! no curso de uma
cbbora as bases de sua decisfiollB. Essa no âmbito da
ática a idéia que (o i
com a realidade dos
fatos." 11~
Pode-se dizer, ent50, assim como é trabalhada
tica jurídica no âmbito do processo penaC p. ex., é uma
(no sentido e, portanto, metafísica 120. A
dil de uma "essência"
coisas. assim,1IIll-l1l/llldo-cm-si, estrutura o jurista (no
caso o J'ujz) l)ode apreender/conhecer através da razão e depois
r ' . J' . 11"1
comunicar ;10S outros pela vIa sen jUCtlClil ~.
outro . '
IlCcl1nenlo
( j
rnais do um"
a fi i
conhecime1~~) ve~dj~~~
conforme Wilrilt e n C>
dade e submissão que não se cunformalll, à
pod:. desvendil!' e reproduzir no plano do il um princípio cíentífico 124 ,
:::sCt~~12~_reilhdadeJ23 implica duas teses: a primcir~ in;istiriil em Vê-se, assim, que a concepção de verdade vigorante no campo
Consultar Vattimo
cllltllra
4
" ,-.' j"'El
'1: Gianni .[, /1/ IIIO! I"
,c Cll1Idod - 11t!1I11~IJIO
, '. lf hcr!llcllculica ell la
da dogmática jurídica tradicionat que abarca os mitos da verdade
n eXICO, ucc IS;] 1985
da hermenêulic] CO\11] '1111Iít" , j' --,
]C)9121
•
I! 1. -
. élocrmilS, fazcndo il soma
real e da neutralidade judicial, guarda profundos coloridos metafí-
" I ~_ , . (: ( < lGl (. t1 d (l - " . . sicos. O pensamento dogm(1tico do Direito continua refém da
u.ln 1l'Clll1Cnto verdadeIro ;,C1110 c'lll L(Jl1
__ 1leCllnento
. d ilC1cdlla em
VP [](l0
I ( .
mmUNAL DO 95
94 LENIO LUIZ STJ<ECK
muito íntima com o que se chamar de cientificismo, ou ns vezes dos il I1U111 do júri, às vezes dos
usar a ciência ou colocilr como científico para dar status que são contrários a que o condenam
O proferido pelos jurados não teria às vezes pelos qlle o
cientificidade. Afinal, da
os jurados, sendo
comum, além de influenciar
rZl o alerta de Rubem
cientista se refere dO
nas pessoas que não pass3-
ínstítu do pur
"ausência de rigor técnico nos veredictos." perda dos direitos do inhator.
Percebe-se, pois, como a ciência, detentora do discurso da Os jurados são escolhidos dentre cidadãos de notória idoneidade,
:Ter?~?~, passa a ter a função de legitimar, ideologicamente, o consoante o artigo 436 do Código de Processo Penal, estando isentas
JudICIano togado, colocando o Tribunal do Júri con10 "não-científi- do serviço do júri as seguintes pessoas: o Presidente da República,
co-desviante". Mariza Correa traz importante contribuição, aludin- os Ministros de Estado, os Governadores, os deputados federais e
?? que ?s argumentos favoráveis ou contrários à manu tenção do estaduais, o prefeito m.unicipal, os magistrados e membros do
Jun~ ~u a su~ rep~e~entativídade popular são sempre argumentos Ministério Público, funcioniÍrios da polícia, militares da ativa e,
polItIcos ou ldeologlcos, ou levantados a partir dos interesses importante, as "mulheres que não exerçam função pública e provem
dos e:wolvi.~o~ na discussão em tern10S de sua função e que, em virtude de ocupações domésticas, o serviço do júri lhes é
atuaçao no Jlll'l ou fota dele - e argumentos fundados na visão de particularmente difícil", exceção prevista no artigo 342 do
mundo dos debatedores. A própria definição do Direito Pena! citado Código. Percebe-se, destarte, o papel que o "legislador"
brasileiro como contraditório implica que adjetivo penal reservou à mulher no Tribunal do Júri ... Talvez por
contraI' um contra-argumento para para "evitar contratempos" para quem se dedica às prendas
que não há domésticas, () corpo de jurados de muitas cidades brasileiras so-
que o Tribunal do mente a partir da década de 80 começou a admitir a participação de
em seus mulheres cm sua composição, sendo que, em sua maio-
125 Cfe. Alves, Rubem.
1984, p. 13. o número de mulheres é inferior ao de homens.
Ver Luhmann, Nicklas. Trad. de Mariil da 127 Ver, tanto, Correil, l'daria. Os crillles dIZ São Paulo, Brasiliense, 1981,
Corte-Rea l. 13rasíliil,
p. 34 c
- -" ---- ----- ------- .-"-----"---------
96
--~---~- ---~-
LENIO
TRlBUNAL DO
por outro lado, que a jurado traz uma série é do usuário 13 ]. Quais as de
de idoneidade moral", para então, que um detenninado rótulo
em caso de crime cornl1rn. O a um determinado caso ou não? No Cód
de
Processo Penal.
A ddi
<1 como
nzmte denolativo. ]ti a que (2
um caso pélrticular de íncertezél designativa, que ocorre quando
uma palavra (ou expressão) possui mais de um conjunto de
ti é visto como um
lei, está-se diante do que se chama de vagueza ambigüidade. Um L&PM Editores, 1988, p. 39. Doí por ql/e 11111 COIiI
termo é vago nos casos onde não existe uma regra definida quanto do pel/sl/l11e/1to e /1i/o se se!li rl/II/lllms: NA
metafísica do Direito n?io se faz sem O
a sua aplicilção. Na prática, não é possível decidir os limites
mesmo ocorre, ;lliás, com a afirmaç:lo dessa Crer (lue
precisos para a sua Por isso, a decisão de inclusão ou não verdadeira cm si mesma do Direito - como que espera de ser enê sua
de determinadas ou subclasses de termos dentro inteireza do conhecÍJl1cl,!o, mediante Ulll trabalho estritamente
r;1CÍonal dl'dutÍV.l, cm que as normas do Direito racional, isto é, as
chamadas leis da naturezil, seriam (ümo autÉ:nticos corolários a que
12B Esse de discutível constitl1cion;didade, em filce do da raciocíniu i1 p(lrtir .luto-evidentes estabelecidos 1/
isonorniJ Fed(·rilJ. CSSn es~(:ncill na dinEllT11cõ. da vida social, através dLt investi-
Ver, nesse sentido, Milrizil Correil, que ;lfirJ11il que, dé'sde a do júri, do fenômeno buscandO-à na dos textos
seus rncmbros foram sempre, às classes -, crer nísso,
dominallles. Ver, tanto, Os dn Eamalho. Subsídios
130 José A illslil !liçi/o do BouksE'lIef, 1997, p. III: Direito e
183.
nonnas
tadas. . d' ,
llcídadc. O que ocorre é uma tribu Deslute, as mínimas (entre 111 IVl-
sere'! fei ta juiz-in térprete duos e grupos) em uma sociedade - mesmo que tal iden/ti~ade não
No ftmbito do Tribullill do Júri, a _ podem trazer a lUlne algumas caractenstlcas que
idoneidade" ser vista C01110 uma que é dizer, o
(e Ilorllilll. Desse (> "firmar lJue o mil
/\ I de selecionar e dizer quem
um cidd idollcida- cri t(~
de vío!8nci" :oimb(;líca que mundo tuil1 ins!i!Uldél /1,1
estabelece. result<ldo processo é a / no m'ínimêls dôquela sociedade, a partir d~ tr(\d o "coloca:' no
imaginário social de um padrão de normalidade acerca do que seja mundo), estarei remetido àqueles padro~s de comportamento tldos
"notória idoneidade". Constrói-se, desse modo, aquilo que Ferraz e bavidos como l1€>rmais para aquela SOCIedade.
J1'.133 chama de "arbitnírio socialmente prevalecente". Assim estruturas sociais de diferentes comunidades engendra-
Pode-se acrescentar, ainda, que, assim como o padrão de rão corpos 'de jurados de acordo CO~T\ os padrões int:rr:ali~~do~ de
normalidade vigente na sociedade tem enorme influência na desig- cada uma. Tal circunstância, indubitavelmente, trara slgmfIc(\tlvas
nação de quenl possui as características que permitam o encaixe de conseqüências nos resultados dos julgamentos, como se observará
alguém no conceito de "notória idoneidade", tal "padrão de norma-
mais adiante.
lidade" terá efeito no âmbito da apreciação dos jurados sobre o
acusado no momento do julgamento pelo júri. Ou seja, (f partir da
do corpo de delineia-sc o padrão de comporfall1cnto
do "restaI/te da sociedade".
confl1ndi-
povos que as LI
por
l1lesrnos - uma
vez que não í'émetcrn il -, e a atribuir a esses
significantes como tomado em si mesmo, um Conseqüentemente, faz-se nccessé'íria uma investigação não
infinitamente às que certamente
no pertine ,lOS prcsslI e
condicionam o de
TWBUNALDO 105
STRECK
por todo o . Os rituais nem como é ser, jô que o cerimo-
ao n1eSl110 tempo, estruturadas e estruturantes, no definição, um Mas esse estado passa-
cm expressam a ordem das coisas e a no rituzll, a
de como o lnundo e as devem entend continuar, 11:10 mais como
Tribuna! do n" medida cm que iS um ritual ínélrio de
rticuLl nlens;lgens diretamen" maior
. No ;-;cu interior, lido n mlJn'dn
socicda- então, o veículo de nêl1CÍa e da
como ordem, e da de unta nova uma nova il]ternativa"145.
li rn t1lomen to é'xtraord inôrio 11 ue Por tudo torna-se relevante dt'monslrar que as
l1i,aneíra diferente os momentos ordin,írios da rotina cotidiana da SOCJalS - de UWél socíed[ldl~ na qual
sociedade e, 3 parte de tomEÍ-la de ser lid" íd", esconder a forte dade económica e
insh outra sociais venham a até mesmo !l" do físico na
ni10 se dêem
si10 "nornlClis", c q Júri, muito os do júri
e que a lei tem a conta. De tal modo, em um estií o público, os sem
para todos, qualquer símbolo distinga uns d?s outros; jé1 em outro níve1r
de clilsses rac\o do um" chvJsao - re;l1
C01'710 social SCNI ln
11;1 <JCUF'i111lcs
meio de tll1H íalétiGl entre o cotidiano e o xos, ta em se :\1
o estando na situação extraordinária, ele se constitui de ~1foximidade se reproduz aqui, oa .
pela abertura desse mundo I para a coletividade. NBa hô dos, estudantes de Direito e jornalistas são os escolhJdo~ pc:ra
sociedade sem uma idéia de um mundo extraordinário, onde ficarem mais próximos do ccnEÍrío das ações, o pr?motor de. J,ll~tlça
habitam os e onde, em geral, a vida transcorre num plano de ocupa a mesa que fica ao lad~ direito do juiz-pr.cs~del~te do Jun. Os
plenitude, E1bastança e liberdade. Montar o ritual é, abrir-se para auxiliares do juiz sentam-se a esquerda. O escnvao S? anota o que
esse II ILIIli!O, 1111111 rl'lllidade, criando 1I1lI I'S1Ji7ÇO pnra c/I' e lhe for ditado pelo milgistrado. Abaixo do tabla:J 0 ' Ílca a mesa do
abrindo as cntre o 'mundo real' c (l !/Ilwdo advogado defensor do réu, à frente das sete cadell:a~ reser:adas ao~
É no sobretudo no ritual coletivo, que a sociedade pode íurados. No meio da quase em frente ao Jmz, esta o lugal
ter (e dctivamente tem) uma visão alternativa de si mesma. Pois é aí ;'eservado ao réu, ladeado, via de regra, por dois policiais miJita-
que ela sE1i de si própria e ganha um terreno onde ni10
Tem-se, então, uma distribuição dos espaços no júri que pode-
í"cis conlribuíçôcs de: Teixoir", ria ser caracterizada como geopolítica 147. Essa de posições
cit. c Plilv, FIm" tllld Rifual: _ que existe em llualquer tribunal, mas que principalmente, estereo-
Found,ltinl1, tipada no júri -, é tornada pelas lembra como parte do
Cfe. Da I\'Llltil, Roberto. Co rII 111 '0 is, IIl,lilll/dros c lieréiis, Rio ele Janeiro, Zahllr,
socia i, dl2
unl
a qualquer .. 1
ralrnente reconhecida. os ritos de ou c e
caracterizam-se, assim, por três fases: separação, margem (ou
~ "1S1
significando 'limiar' em latim ) e agrc?a~?o '.
[I'<:;CC;' o JUl'lClél1 um;! forma de instru-
~c., c da
n~l!l de rncdiéldorcs de um<l realidade que
di' tido (k inscrito no
r Llto, tl)(
Corn o júri tn
Ressalte-se, ainda, que "o processilmento também transcorre não se que a expressão "ritoproccs,su~l:' foi, .
como se todos os casos fossem i1 mesllla história, llill só cnso, contado da pelo direito processualla1o SI;1511 a tri:l)etona do. r.eu no,pJO~esso
diversas vezes e de diversas 1l1l7llei1'l7S. É como se todos os atos é marcilda pela presença dos tres mon~entos espeClfIcados pOl Van
envolvidos 1Ii1 quebra da regra legal fossem equivalentes desde que Gennep: separação, margem e agregaçao. ,', '
possíveis de serem enquadrados dentro do mesmo artigo do Código A prinlcira fase pela qu~l ~assa o acusado ~e ~lIm~ que e
Penal, todos sujeitos, portaHto, à mesma triljetória Jegill. Mas é i1 julgado pejo jüri é a separaç.a(~b2; ?sta, fa.se contl?1.:la-s~. ~om o
de limites previamente traçados pi1ra cada um que se estabe- acatamento da denúncia do MWlsteno Pubhco pelo JUIz-presIdente
interna do levando'·se a público apenas _ momento em que, legalmente, tem início a ação penal - e a
as suscitadas por pergunti1s nunCil explicitadas, que subseqüente sentença de pronú:'0:' O ~ódigo de Processo Penal
serão, apesar d aceitas implicitamente como válidas."15o reguli1 a matéria atínente à pronuncla aSS1ll1:
Vale frisar, por último, que, nos júris simulados realizados nas
Filculdades de Direito, há, na maioritl delas, uma reprodução do 151 Victor 'N. Turner, op. cit., estudado, baseia-se em
ritu<1 lísticil processO
ritutll, tanto no pltlno do simbólico como no da hiera () de dos ritos. Saliente-se, ainda,
il
instl1ura 11111111101'11
TRlllUNAL DO 109
UArt. 408. Se o juiz se convencer da
do crime e de e do Rio Grande do Sul (RJTJRGS
de o réu o seu autor, pronunciá-Io-á, dando os
motivos do seu indicam a necessidade de a de
§ 1" Na do art. 408 do CPP, os motivos de convencimento do
em do no que se refere il existência do crime e aos indícios da
nome no au estendendo-se t;11mot ~s ficadoras do deli-
e n,10 admi li-Ias tno-sornente por
denúncia. 1I1CI1c1S ('XI/lo,
na delllíncio SOlilC!l1 e
preso. ' !
mente e de todo descabidos. A1esI1Io
incluídas 110 pron ~l(ím que solne c/a
111111.1vclf nos processos dos crimes COlltra 17 vida'
),Tal entendimento é lhado
forme ildverte acórdfío
, ,. '. ,CO;110 uma peça processua iu pro
e, havendo rdzodvel nrava
r de. qLle o fato'" ,
( L I l1111noso
O ilCusé1do O autor, isto seriÍ suficiente tribunal do Júri (CF, arL 5 Q,
m entendem os do
1: cvidl'nte que em um,]
j
do
, _ . ojuizsc
• 3' eXlstenC!i.l. ··1 no
, de pronúncia o crÚili; ifl' IlOlI!icídio em
sendo melamente decli.lratono, há inversão da regra nrocedj~ sfío· absollitmnellle âiversos das 11ue deCOiTCIH do
menté1! do III /"7 . -I b' . r
do Li pi.lra ~ II! (di I~ pro s(~c!etl7te, em razão crime de homicídio simples. Observe-se que em nossos Tribunais é
. . de prOva meqUlvoca e que deve o réu predominante COI1"\O já se demonstrou, a tese de que "as qualifica-
j
seu JUIZ natural: o júri" (RJTJRGS 80/37), doras articuladas na denúncia sornente elevem ser afastadas quando
A acerca da !)ronúncii.l e seus Cj'j' l11111
" t es assu- manifestamente improcedentes e de todo descilbidas. Mesmo !)uando
• , - .• o.
me pj OpOlçoes que merecem uma reflexão l1li.lis aprofundada ' duvidosas devcm ser incluídlls 1111 proll pllra que so/!re elas se
parte da cOl1lunidade jurídica no que se ' l' ft ( 'd POl e dccidn o Júri juiz Ilotural JIOS processos dos crimes contra 17
j
;11nda de illnbos".
Il cxcd uodns as
;\
niais
ou que não têm seu nome no poténcia diante da que a , ft
rol dos culpados". Está, pois, concluída LI primeira fase do ritual. impõem, tem sua contrapartida, l1ue é o "pod.er dos tracos que I
A fase, porém, que lllais interessa nesta análise é a que vem será desenvolvido na parte destmada aos dIscursos dos atores
logo a seguir, qual seja, a da l7largern ou da lilllinaridade. É a fase que jurídicos no plenário do júri. ,. " ~
vai desde a sentença de pronúncia, que remete o acusado a julga- Na terceira fase, chamada por Gennep, no contexto dos ntos de
mento pelo Tribunal do Jüri, até o veredicto final. Turner 1S5 caracte- passagem, de agregação, estará consum~da a p~ssagem.,O l:éu. volta
riza a liminaridade com muita propriedade, dizendo que "os a ter estabilidade mais uma vez e, dIante dISSO, tera dueJtos e
atributos de liminaridade [... ] são necessariamente (/IllbZr.;;IIOS, uma obrigações frente aos demais cidadãos de tipo claramente definido:
vez que esta condição e estas pessoas (liminares) furtam-se ou e "estruturais", esperando-se dele que se comporte conforme os
escapam à rede de classificações que normalmente determinam a ditames da sentença. Se absolvido, seus embaraços serão menores
localização de estados e posições num espaço cultural. As cntidades (porque sempre permanece o estigma de q~lern foi réu de um.·
límínares !liio se situam Ilell/ lleJII lá: est{fo no I/leio c el1tre processo alguma vez). Se condenado a maIS de dOlS anos d<.;
atribuídas e ordellodas pela costullles, pelas c pelo reclusão irá o cárcere. Se for condenado a uma pena de ate
cerl/nomo/. [ ... ] As entidades liminares [ ... ] podem ser representadas dois an;s e for primário, C0111 bons antece~entes, t:~ú que cumprir
como se nada [... ] como seres não possuem stntus [... ] religiosamente as regras do (suspensao cor:dlclOnal d~ pena),
~~da _que _ as distinguir de seus colegas neófitos ou en. mediante cláusulas constantes na sentença do Tnbunal do Jun.
de, de Processo P(,!lnl COl/lentado. São Paulo, Saraiva,
NiJo se pode esquecer, por outro lado, que vive:11os em uma
sociedade de classes (bem) diferenciadas. Nesse sentIdo, no ntual
Tum"r, op. cit., p. 116. de julgamento pelo Tribunal do Júri, o acusado l1{foestâ numa
155 Idem, p. 117. de círcu o Julgamento -, momento em.
TRIBUNAL 113
112 LEN!OLUIZSTRECK
que perdeu seus atributos SOClms. é perl1lnnen/e e alm.a trovejante, só faz saltar, da sala do Tribunal, a
poderia ser definida como uma insti da liminaridade: tese de um orador incrédulo, anêmico, chocho ou frouxo. De que
ele está através de lima adiilntaria a este um processo repleto de provas, uma ?em
li tilizada se, com sua acabarL:l por desacrechtan-
doZls? As nilo falam si, ao contrário do
do
do que ocorre do r
(rc)adequa a dimensão dos acontecimentos e mais moderada 162.
polit!za as relações entre ilS pessoas no universo fenoménico, no O Direito Penal da vontade situa-se, historicamente, como uma
mtenor do qual os conflitos são institucionalizados. As diversidades e variante do Direito Penal do autor que, sob diversos rótulos doutri-
ambigüidade~. são negadas ~10 momento ern que os fatos e relações nários, em épocas distintas, se contrapôs ao Direito Penal do fato. O
passarn pelo hltro de uma lmguagem formalizada que transforma e Direito Penal da vontade ou do autor esteve a serviço do arbítrio e
reduz as chances do réu a apenas duas interpretações, ambas, frise-se, da prepotência do nacional-socialismo, sendo levado a extremos
tributárias do mesmo modelo, provenientes de uma mesma IlOldil19,. incompatíveis com a liberdade do ser humano. O "tipo normativo
As duas interpretações possíveis serão, ainda uma vez, reduzid~s do autor" foi uma de suas criações teratológicas, com rude golpe no
na decisão que será, além da escolha da apresentação lJIois coerente sagrado e consagrado princípio da legalidade dos crimes e nem o
COIII o lI/odeio que 0s111lgndores uisualizam pnm i7 sociedade cm q1ie grupo de Mm'burgo, de Zimmerl e Klee, que se dizia fiel à inspira-
tambem um sel,o de aprovação. dos procedimentos escolhidos por ção de von Liszt, logrou escapar às distorções doutrinárias da nova
essa mesma SOCIedade na transformação mencionadai61. ordem social nazista 1h3 •
[Não é difícil perceber / constatar que nos julgamentos do Tribu-
nal do Júri prevalecem as teses do Direito Penal do Esse típo
5.4. O Direito Penal do autor versus o Direito Penal do fato de procedimento é exercitado exatamente [porque o Direito Penal
está inserido em urna sociedade desigual, em que, se o indivíduo
vivemos em uma sociedade atravessada por contrastes tiver bons antecedentes, for um bom pai de família, trabalhador,
dos mais do cultural ao não o
Nesse sentido, consultar o trabalho de Coelho, Walter
lfiO Ferraz Ir, ilO eS/lIdu du Direito, op. 280. Teoril/ Ceral do Crime. Porto 1991.
161 Nesse sentido, consultar Correa, ll/lor!c CI/I op. cit., p. 301. 163 Idem.
5.5. O discurso da
já n
sua nUle doente",
as linhas a sef
mais de s pessoas um caso em. que um cidad !11,üara
do São Caetano",
Analisnndo () cha mil a
arrancam as que os
5.7. O poder dos fracos versus a
" e reduzem-nos ao nível da humnnidnd d ' rejeitam ou a dialética
comuns'
, " , Também nos trac11'cl'011"l" "s f'l1 111es d e e e os mortaIs
U
mlstenoso estranho sem lar . > , ' • ' vemos o É razoável afirmar que, nos discursos dos operadores jurídicos
equilíbrio 't' ' sem llqueza ou nome, e que restaura o
e e lCO num grupo 1 l:l ' 1 - que atuam no Tribunal do Júri, estão perfeitamente caracterizadas e
poder, eliminando os chefo-es )l'of oC,a, l, e re açoes políticas de
'f anos mJllstos ' materializadas _ em maior ou menor grau - as teses do "poder dos
pequenos proprietários", " . opnmem os fracos" e "da pedra que os construtores rejeitam", Desse modo, do
, A de alguns julgnmentos ')] T "t ' instituto do Tribunal do Júri pode-se depreender, analiticamente,
, , o uso da tesc d"" uf'
deixa bem claro oIça d'os Ffe o ll')unnl
1'ncos", d "J, do Ju1'i
' Ullla dimensão teórica ou doutrinária e outri?\ dimensão
mento llJ1lmarc's"
• ( .
C OlTl e f el'ot '
c"ta - e o' CleSpO]c1-
. no que aO objeto em estudo, A relação entre a teoria e a práxis
no rio ' , 'u lrltroJetada
sos da ' - tO] nando-se lugar-comum dos discur- é sobretudo idealista, porque uma "promíscua",
- o uso,dmUltas vezes até d o poder dos
U •
na medida em que o objeto se determina a partir do rnétodo
, ~ ce~to m?do (ou de todo modo), o estereóti-
.>
empregado jurista,
de deteoa lmagmado pejo senso comum :! '
( a soc},~;
Resulta dessa relação um novo/ discurso,
por Bcm em de Evaristo de
conformador de discursos e novas
1lI1i emito auditório,
IllOstra 17 todo,~ ({ 175 Cfe. Bonfim, cit., p. 234. C 11 oro!. São Paulo,
176 Ver Branco, Prata Castelo, O
Li terá rias, 1977 p. 91 ' São Paulo, Saraiva, 1982,
C'ímal"f\, João l'vleírelcs. No do
p,104,
~~'--_._------
TRIBUNAL DO 123
122 LEN10 L~~;~TR-;~K
cas no campo da jurídico-forma! dos conflitos inerentes às
tradicionais, Resulta que, no plano do conhecÍ-
pode-se extrair, :10 o fato de que a separa-
(eplsteme-doxa) não existe senão no
de vez que, na prtítica, muitas
em lugar do
o
6. e os resu
dos j
1111171 os
da relôrÍca, A dia létíca é reprimida
encontro dos discursos no plcn,írio, 6.1, o discurso como mani concreta do i o
tem-se uma tese e unia na DI'a't"
teses . t ' 1 é r ' leil, dos juristas
llue apon am CamlnllnS diferentes, onde pore'111 t d
'c.,11 q,aua
,e.
,)' ~ e, o mesmo: 1I11l17 't
, " I , o' pon
- o- e
de _
1 ' " . IUp llms: sfo porque o o imaginário gnosiológico dos juristas, marcado cu liura
. , , e,11 plenallo tem bem l-l.ehnefldos os seus jurídico-liberal, fruto de um modelo liberal-individualista de Direi-
ChZCI, as conlrél q $0C' "'('l n,; l'; ''''.
~ • ~ \,tl" ittC">
tO tem um s\'ntido !l1:11'Gld(1l11ente
f l1il medidi1 enl que o
discurso o tcmente, rn,;1'Gl LI 0/;) tra vcssarlo
,/íml'ln:i,ilichH:k do ,No Tribu-
.. 110 I f via _ lud SCH::clbde
Ideologicamente, um rso Olle ten(1el'a' a f· 1 'd os de conduta que e
e a i f d' d ai e
_' ~,enas l e en er os mteresses de alguns. A l)artir dessa"
- j . "
t' vantes - esta questão' se torna ainda mais pela forte
çao ijS~ n"l'tes
r'C<
d t' t" / -
, es Illa anas consumidoras "ti'
t'
.. '1' cons 1 u-
f -t ..! f ,
• ,. " a n q l l l lzam-se" con- presença de um discurso engendrado por categorias pseudoexplica-
01 aCtOS pela IdeIa de oue estão proteO'idas I l i ' . I
tivas, que encobrem/mascaram as diferenças da sociedade, notada-
-d ' "J b 10) JCS11l17l1ll1CI1fc pelo
01 enam,ento Jun.chco, Como todo esse trabalho - lembra Faria _ só mente conflituosa,
pode S~l ,Cll.:l1P:ldo~~r l1;eio de procedimentos cerimoniais a Dito de outro modo, não é temerário afirmar que o Tribunal do
~~~ologla JUlldlCO-p~lIhca e encoberta pelo discurso místico que f
Júri se encontra historicamente dependente di1s figuras retóricas,
,c\a os h~me:l,~ a a,celtar,em os rituais inerentes ao universo jur:idico utilizadas para chamar a atenção de todas as classes sociais, visando
como necessallOS a realIzação da idéia de )'ustl'ça El11 out . 1 a obter sua lealdade, Muito embora a impossibilidade do encobrimen-
vr t I d' - ' , r a s pa a-
as, . a lscurso nao, se limita a fazer com que os homens se to da flagrante desigualdade social, presente, como jtí se viu, até na
~onf~l]~le~11 com sua sltuaç50 social, mas os estimula a aceitar e distribuição geopolítica dos espaços na sala do Tribuna.!, busca-se,
enelal as formas de poder que engendraram essa situação 179 , retoricamente, uma homogeneidade dentro da heterogeneidade. Esse
é também o trabalho da dogmática jurídica nos procedimentos
Falácia é lima idéia judiciais em geral. Consoante mostra Faria "graças ao seu traba-
equivocada ou falsa crença, f' um tipo dn . ' , .
Íncorreto. C) . r I" , " UICIOCll110
L lho acrítico, a dogmtítica jurídica faz com que o discurso retórico
(Pi, .1 aCla e uma forma de raciocínio que parece
ganhe um colorido analítico, e o interesse ídeológíco adquira
_ (l não o é. É proveitoso
com des e seu entendimento aparência de legalidade e, como diz Luis Alberto Warat, a adesão
~'~o '. iludidos. Estar é estar armado de antemão. explícita ern relação ao ordenamento legal serve, como
~ hlJ'Ja, José Eduardo,
CraaJ, p, 256 c 277, delllocrática. Rio de recurso para esconder a dos significados normativos".
18U Faria, José Eduardo. Retórica democrática. cit, p. 248.
124 LENJO STRECK
TRrBUNAL. DO 125
leva os súditos do a aceitar os
o Tribunal do Júri, ritualisticamente! tem o seu bem da discurso mí(s)tico,
dJ idéia de "justiça Por fi •
torna ausente a
no sentido de q\W sua vez, com
harmonioso sonho dentro de
de com absoluta um
No en desse consenso .A
aos princípios do Direito sempre
o Direito corre o risco de acabar
to
TRIBUNAL DO 127
126 LENIO LUIZ STRECK
deZ ejercicio jurídica) reconhece quem exerce a .efjGícj~ simbólica do discurso
como podendo exercê-Ia de dnclto: A
dade governa sob a
ou ii assistôlcil7 dos
til! fundada por sua vez no desco-
otras de loda e qua aurorida-
tlríd isso ocorre de forma
de
destinados ao consumo da corllunícL le
rência da busca do n ';l] " sentido da
!l
do :entido que a essa norma foi dado pelo intérprete. Alerte-se, serviço de efeitos de no interior da qual não, ~ em
1 questão a validilde do enunciado, mas a verdade ehl cmmclaçao no
porem, com Warat nesse processo de (inter)mediação, pelo
I a z d de diz lo a sua cota ele vcrOSSlm
ndo vincll
en
é filho
'científic;)', de um monastério dos sábios".
É razo,1vel afirmar que, no âmbito do Tribunal do Júri, sofrem
I~ é ju~télmente desse monastério de sábios que emana a "fala 111aio1'es condenações aquelc:s que são apresentéldos como os mais
~utonz~da que (re)p.ro~iuz o lzl1/JitllS. Os eleitos, os que podem
inadequados ao modelo de comportamento social implícito nos
falar/ drzer-a-leJ-e-o-dlreIto recebem o cetro (o skeptnm da obra de
códigos e explicitado n<1 sua apJicação l92 fsto porque, ha - necessa-
Homero~ de que fala Bourdieu 189 . Estão, assim, (plenamente) autori- riamente - uma estreita relação entre os resultados dos Julgamentos
. " a tazer, inclusive, "extorsôes de sentido" e "abusos significa- e a cornposição do corpo de jurados de ~a~a cida<.;e/ co.mllI:idade I43 .
tIvos . E quem se rebelar, quem tiver a ousadia de desafiar esse Pode não ser o fator determinante por SI SO, mas e eluCldatlvo o fato
processo de confinamento discursivo, enfim, quem tentar entabolar de que () elevado grau de participação das camadas nH~dío-supe-
um responde(rá) pelo (hediondo) crime de "porte
ilegal da fala"".
Esse .?~ produção da "faJa autorizada" exige de parte 1<)0 Nesse sentido, ver Bourdieu, (lI'. cil., p. 91
dos jLlJ'ldlCOS uma de cumplicidade lingüística. 191 Cfe. Eco, Umberto. A obra aIJalr? 5;'\0 I\mlo, 1981, p.188 c
apenas se e (1uando o público-alvo (comunidade ln Cfc. Corrca, IVlor!c op. ciL, p. 308.
193 Não é demais lembrar quc pelo menos cinco dos sete que cnndC!1iHillll
111 EI discurso José l<ainha a 26 anos de tinham afetl\'as, culturaIsou economIcas
p, Buenos Aires, com a famílii1 do morto OLI com os !'lOS furaIS da de
Wal'at, Luis Alb('r!o, Pedro Calhhin. interior do Estado do \lvr,
Ver !lO dirrilo II, op, dI, p. 67 e 68.
189 de Fernanda da Escóssia
89, Pierre. A eco/lolliia das IroCtls SP, USP, 1996, p. 39, 63 c "Jurados têm com donos de
, Ilrasil 1-10 c 1-11.
dos casos
lpJe rnan
j
1 lrc:
e os quc são julgados, ter-se-à um n(ú1\cro maior de
por de nlOdo , dn nações,
ilfirmar que existe uma tendência por Dito de outro modo, as disparidades sociais inexoravelmente
esperar um comportamento conforme à lei dos terão no resultado dos julgamentos tribunal
aos estratos médios e superiores; o inverso do júri, Tal conclusão se afigura como insofismé'ível. Entretanto e ao
ocorre com os indivíduos dos estratos inferiores", lado disso, l1Iais do q1le ns (J júri serve 17
0m
A elitizélç50 dos corpos de jurados Nesse contexto assume relevância - como já explicitado
merece luz dél Antropologia, pilrél à saciedade anteriormente - o papel da ideologia e suas formas de
I'J5 n1ujto dc lUll de disseminação, Í: evidente que a sociedade não pode confessar
valores e aderenl él um C(111- si mesma as suas próprias contradições/e, portanto, élssumir (1
à condutil e a atributos fracasso naquilo que diz respeito J reali / cOllcretiz<lçào das
chamar destoante a qualquer membro individ que n50 da modernidade. Ao longo da história construímos 1..Il1\a
ils normas, e desvio a sua peculiaridade", O socicebdto cada dia mais injusta. E quanto mais injusta é a socieda-
mesmo autor revela que I'se deve haver um campo de mais necessitamos de mecanismos para a maioria não
chamado de desviante' silo os seus desv a ser dar conta dessa
conforme aqui que deveriam/ mívelmente, Desse modo, e como o da
constituir o seu cerne, As tu os em d os como os crimes que são silo
delinqüentes [ .. ,] seriam incluídos, invariavedlnente pelas can,adas rnenos parece
194 Cfe, 13arJtli1, op, cil, p, 177 c 178,
afirmar o tribunal do júri tem-se constituído em forte (e
195 Cfe, Guffmilll, op. (it, p,] 1. cm CorreJ, op, ciL, p, 311,
as representações
como tais, mas que perrn'l11é"
cem desconhecidas como tais.
198 Cfe. Treín, Thales Nilo. Júri: as Rio de Jillleiro, Aide,
1996, p,
TRIBUNAL DO 133
sociill
Oliveira Vianna e tzmtos ou tros
menos con hecidos.
Problclnas'
militH -
uma i(
ca rú ter
na cioni,1 c l]lIilliâilâcs ~if1(:l'cllles fi
esquema das doutrinas autores, () tema, quando não aparece de
porque essas teorias 110 Brasil. um lado, como sua sinlplesmente não aparece.
aceitação coinc!de com a abolição da escravatura, poder-se-ia pen- De toda sorte, como já frisado, é razoúvc1 afirmar
sar que as teonas raClstas constituem a forma de defesa do grupo de estereótipos favoráveis ou desfavoráveis do
branco con tra a ascensiío dos escravos. De outro lado social e wltuml dos Dito de outro modo,
poderia ser a juslifiCiltiva para a J11i1nu ' pode-se dizer que, através dO$ ,estereótipos, s50 m.ol1tados ul1Tlmagi-
~io. fI assiill COIIIO os cu ropells nário e un,a lógica de.ider1ti [icação social, com.4 Junçãopredpt1àde
dos IlS escamotear/aJ1\algamar. e.céllHuflaTadominação, A gene-
doslwgros, estereotipi1da - conceito elaborado no no
como univcl'sat aceito todo o tecido
Thaics- de contribui na t claro que retornando ZI controvérsia sobre o júri -, d1d
que parece, estamos numa medida em .que.. os j lJ rados, e até !TH1SmOOS
que tem como Glracterístico
'~') ,
;;.J COl1,:u!:i1t' MnrciraLcíl,c, D,ln!". O ,adie!' ',1tlciOJilií lil'llsilnro. Ti1mbém
,1Iho, Cd~.lho c Nedcr, Clzlcnc. L11"1:"I: l'/{'/I'I1C!iI c /10 dia'ihli,J.
Fabris, I,)K7; C;eri11ôo c Fiorill", PM'heco, Sem
nem docull1ento: cordiilliciJde. índole
crise, Istn São Paulo, \1, l')')lJ. . a sua visão
Thi11es de. Os bmsilcirns: esludos de cor,ilc!' lIilCiollill. 5.11\'0"\(.101'. Centro utilitária iJl1cdin que, <1liilda élO senso comum
Editorial e Did,H!co da UNB, 19RI, p,
21L~ (-:fc. Leile, Cís;ílio e Nede!', Cizk'ne, (:p. cit., p. 2').
o seu valor
fieL! ou
não," como é possível (ue a i
em seu il sua forma de
. 1
VUÜlilnl <1 roubar , u,,]'11(]",,(lue tJ\<
l.)el'(~
b un t
e nem 1110S1110 C0I110; ,,1
's
"c sem Convém salientar, porém, que a circularidade desteimilginádo
nuem a votill' em talou eleDI 1>"'I't"':l c posslveI que conti- social produzido porsuéts·inslitui'iõesdeterrninmn il concretudE' das
, ' r" l( O mesmo [lI" t
repetIdamente? Pero"l t . ' . ( "os erem sido .llue nOrITliüí·vizam ascondulas
, o' n e-::iC antes' Ql aI
o meu pensamento e de t :1 .~' lc a parcela de cümunidades, Desse modo, é "normal" para os componentes ele
e de fazer coisas que nEíOo~:~s, ~s mInhas maneinls de uma determinada comunid<1de que o Tribun<1l do Júri de SU<1 cid<1de
em 0rall ' es a condlCIonado e
b pela estrulura e p('/1s si profira veredictos condenatórios em bem maior número do que os
materna, peLls n . <l< < c••• de suas cidade vizinha ou . Isto porque, a partir-de~tllll
I . , l o
1'12 o pnm12uo <1 2118 Cfe. DUl'ecn, Gerilrd. cnquDnto iltores sociais: tiS
sociais em desenvolvimento. lil: sacioi" op. cit.,
2U9 Cfc. .A. Sem" dil\heiro n50
III: Textos ell,' I<cpresel/loçô,;, sociais,
esse
cliÍssicil. ln:
TFlBUNJ\L DO IÚRI
de normalidade",
·os
nisso se incluindo
do para '. ' ..... ' .
') . to ao Tnbunaldo Júri
]. esta . através de
de uma de
. pa:,;sM pnr llLlcstl)CS de etnias ou no1' do
UIlbldcr;1il\ () JU • ,
<'1 )l . o ,. o
"
l'( 1 () . ' , " j U .como tuna e 11<10 como um
(e Ullla "ouc< ade atravessada por uma luta de cl~sc 's
IIICXOraV(,Jmente., rnur . «, .oe.
sócio·cco-
das Glmadas res sobre
excluídas sociedade. 7.1.
R('ssalta-s~, por último, que urna ve/ d,'] rou-se ,llizarl
111,ltlCa.. e nec('ssiÍrio ., .. ' . lj ueo se "
nilm mal-entendidos toda essacu No mento destas
as institui e a
por um lado, a profunda crise
~)p.
. qu?relas. Nesse com Codelie' ( ." J, conflitos sociais silo
un1 I11C.l..0ii. de . expllcar
. c.omo os indivíduos L ., n ()s gl'lll,,()·lS~;U()nllna(
•. , '. J •
cÜ')jha
os dogmritica jurídica, além de mostrar C01110 os simboliGmlente
conscntn espontill1t'amente" na SUêl . . .
illcs /'I'çr/ COli/O ii !iI
r.\.
h S,4."c: L ,l'l -
lil(l() destl's
dOlninad( Li "deucl'
lo, que dominadores c llados partillwm a sob
d;lS normas com a persuasória, uma vez que a c!iGlcia do
,' pdrn que nas.çél él mais forte do p()d"
os discurso jurídico está condicionada a sua capacidélde de persuadir
". ioutros'
I,: '. 11111. C()!lSell . . el
" t 'llllCllto, fundado 110 rcconhccimellto
sem contradizer as formas axiológicas predominantes e élS valorações
c /' li, 'C6Lt:~J~~I:llde desse poder, IIIJl COl1sellSO fundado 110
de cada um de seus destinatários. Nesse contexto, é relevante
é e ::;ua llCLLSSldl7de. No fundo, trate-se de u;'n ~;A"",I".~1
lembrar a crescente dependência do Direito às figuras retóricas, as
quais permitem rclativJ concil das contradições sociais, na
N~ medidil em que élS instituições o medida em que estas siío projetadas numa dimensão harmoniosa de
ber/lel,
da/d os
. .10aV'entes .
- notcl
d . .
amente a classe menos
'.' _ . puras _ relações e esquemas ideais, aos qUélis
,. j 0111Hléluél
. - 1.·sao·
.•• '
t' 'd
oesltLlI'OS
J
de sua' '
prol utnres, de detentores e de leç'ítimos l:lest' 't'c" :l os homens devem, obrigatoriamente, dar sua adesão, Nesta pers-
cabel1d 11. _ ,o
0- 1es, télo-somenté no ,roces
' ma allOS (O
:l.'. . - , : ,. . pectivêl, contim!êl o professor paulista, a avaliação ideológica é
c(;ildj'Ll\1i1nt~:s/~'~1~r~~~~~;~j6:,
.
social, o Pilpel de mel'OS do 1l11élgmário rígida e limitada. Consiste, assim, numa metaconnmicaçiío que
estimula as estimativas dos agentes sociais destirwtários da norma,
valora as dos denlais jurídicos e
as garantindo o consenso daqueles que precisam
manifestar seus valores, assegurando-Ibes a possibilidade de ex-
Por isso, ao mesmo torna
possível a comunicação dos
retirando-lhes a
211 efc. Félria. Refôricn c
op. ,iL p. 255.
TRlilUNAL DO 141
140
cooptação e
e através delas,
que tais
conSlDUivcl
du
cnn!
p(lfa ilustrDf
é intcressilntc citélr a de Cam
faz
juízes de fato, só técniGl dos
homens de bOé1 morDI, ídó-
neos, da clnsse pilril ci!lla. NilO e de/leul ler
1I1illllto ilí(ld culturnl".
Essa lT\eSrna tese - merece a nossa crítica por estar dissocia-
QUS di [)enHlcr,í Ueo do Di rei ida
Bon
a 'rnóxin1<1
de intJu i r na
UjlZ
De }),1 muito se a lIerar o rito
Vários jii tramitaEH11 e ainda tramitam no
Nacional. Vale que o lo de Lei n"1655-B
Câmara dos junho de 1984. Mais
que alterar o rito do o tratava de um novo de
Processo Penal. Não prosperou o projeto, De qURlquer
tnrrlilva
t!uni". , Di ,I..
~ ~ e"lerceIra
,.
tambem. " ser I' . 'd .' '- lcmunhas
". 1 aZl os a aprecwçao popular.
rOI ultJmo, cabe referir que ao 101 )-) :i:> ., _ A
das testcnlllllhas de defesa; 6) Rcareações; 7) reconhecimento de
aventado (lue l"ln fe> ()s este <!'" 1 9 C C estas leflexoes pode ser ou coisas; 8) outras provas.
" r e 0 1 pos UI' d . i . d .
. "I , '--"
11ca, ritUillística e ideolo . ícamente ,ela/- ° .1lZ?C.OS e forma slmbó- As finais, hoje escritas, passariam a ser produzidas
os setores dominantes l~ socjedad~22:' mstlt~l~çoes que representam oralmente, a não ser que <, causa apresentasse questões complexas,
na d t . . ". , cumpl em pi1pe] tundamental caso em l1ue haveria substitui por razões escritas, no prazo de
. o s ntus cOllsubstan" d " I .
dlsCUrSiV(D),'~ suprel1lêlcia i1!~uns indivíd~:~~ S~l)l~~l~l~~~"~~~~ !~~st~J~n)~ cinco diRs. Importante frisar que a decisão de pronúncia seria feita
dI a C"l'll lCi1
_ "fel j exões! CS em audiência, após as orais. A acusaç50 e a defesa, uma
vez intimae1c!s da designaçe'ío da data do julgamento, poderiam, no
prazo de cinco dias, requerer diligências, inquirição de testemunbas
7.2. Aspectos formais-instrumentais e esclarecimento de peritos em pleni'irio.
No dia 16 de março do 1994, () Poder Executivo no
como ficou il Diário Oficial da União a to, resultado de Comiss;\(} I-
díve~ democfi1tização do da lv!inistw Sá]vin de redo Teixeira, contendo ullla série
221 Tj~) f(J~;-
."
_
que Oss()wski
de destinados a "realizar o interesse
J'"" "LOutro. rl!'oiildus por
clel criminalidade".
utudl que se ('llr,llza na consciência soeiill
de 1994 modificwa sl'l1siv,'lrnl'nte a () atual
ií prova di] r",] lidé1de" CPl' par,l;l que () se convença da existh1Ciil de
/Iii CO/lscit'ncin socinl. Tra,!. de /~ff() . de
1')76, p. 51. . n~o aut(lrí~l, il proposti'l ViSilV,l a reduzir a influência a
eXl'Tce sobre os clil
e ao
também
/1I1IS
I7S les!elllunIUlS. Como se
do júrÍ, mas lião 110
tante avanço e111
de rticif,a
eíll ilO
em que o réu \'oluntariamentc um crime juiz sobre as partes para conduzir a busca da
menor para evitar punição prov,ivcl por um crime de mais gravida-
conclui, concede aos e Ilão ao Estado, o do
de; a prisão especial, privilégio assegurado legalmente certas a saber.Outra importante proposta modifica a instrução cm plenário.
'categorias' sociais; a não-transcriçfío, no processo, dos debates Com a nova redação, além das p8rtes, também os jurados poderão
orais, inclusive os do júri, que impedem o entendimento di1s razões
fazer perguntas ao acus8do. COI1:o já dito ante-
f
que levam à condenação ou absolviçilo; a nilo-transcriçilo literal das riormente, que li fOllzbelll, aos proced1!nel/tos proces-
declarações de acusados e testemunhas, silo 'interpretadas'
sllais relativos aos delitos ao júrI,
pelo juiz de uma hierar-
quia la de provas; a Merece crítica, entretanto, a propOSL1 da comissão no que se
refere à mudança na formulação dos tos, traduzidil, basica-
privilégio de julgamento por superiores conce-
mente, nil de três perguntils (materialidade, autoriil,
dido a funcionários públicos, mesmo em crimes comuns; os
conden,lção ou absolvição). Melhor seria se o novel projeto tivesse
procedimentos judiciário-administrativos do to policial',
são alguns dos institutos e adotildo as sugestões da comissfío de juristas do Ministério Público do
no e que Rio Crande do Sul, já que, além de se opor à institll de
inquirição."w to do tipo "condenaçfío ou absolvição", propõe quesito
e único para cada tese sem desdobramentos.
Ainda com ao interrogatório merece
referência também o trabalho do Promotor de Justiça de Silo Paulo Preocupa também a do Protesto por Novo Júri, lli1S
Antonio Milton Barros, para quem: 1. o interrogatório é 111eio de acima de vinte anos, um novo julgilmer1to. Com efeito,
prova e de . 2. como meio de prova, o Ministério 22-1 Cfe. Barros, Antonio Milton. A deiesa do acusado e sua no
III: R/'l'ísl,] I3msi!cirll de Ciêllcias Crilllílll1is, n. 14 - abr-
Cfe. Kant de Lima, op. cit., p. 170 Q 17] . op. cit., p. 131 e segs.
cm
com o do novo
assistente de i\.lbrzllllcnto de
consoante já sustentado. .612, [J
Por derradeiro, relevêl anotar que, muito embora os avanços e
indiscutíveis méritos do citado anteprojeto, chamo a a
validade d
a estando OU ao
aos quesitos do júri. COl11~ efeito: _ a tri abe.rta _
es~~ecer da Justa .causa, definida como o suporte probatório Projeto de Lei n Q 1.655/83, a COll1lSSaO sugere que a quesJtaçao se
ll1mlmO da autona de um crime), o juiz deferirá e determinaní a
oriente pelos seguintes princípios:
realização de eventual prova pericial postulada, designando, desde
log?, data p~ra a sessão de julgamento do Tribunal do Júri, onde 1. Conto o réu se defende de acusação explícita de autoria de
ser a produz](.ia a prova oral, seguida de debates e decisão dos crime doloso contra a vida, é desnecessário submeter aos jurados
jurados 225 . quesitos sobre materialidade e autoria, quondo l1/io 1I0uver quolquer
sobre elns.
7.2.2. O problcmo dos 2. Como conseqüência da proposta de dispensa de quesitos
Mu~tos doutrina~ores defendem a sirnplíficação dos quesitos. autoria e 111aterialidilde, a decisão condenatória ou ilbsolutó-
ria da dos jurados a quesito
Os quesItos, da maneira como hoje são regulados pelo Códi<'o de
- sem desdobramentos.
Processo Penal em vigor,' tornam bastante difícil o trabalhg dos ou
jurados. Tubenchlak226 , embora defensor da tese da a
adverte que, por exemplo, o princípio do or not serão red lIzidos,
Consultar JiHdim, Afrânio SílVJ. Direito Processual Pellol. 6' ed. Rio de Janeiro,
Saraiva, 1987. 335
226 Cfe. ~ op. cit., p. 14l. Procuradores de Justiça Antonio
227 Há uma verdadeira - e
sistema americano do Tassel Francisco Selistre, PZlulo
. É nessa linha que o PL 629/97, de auforia do
que tramita no tratando da
TRlBUNAL
LENIO STRECK
de de f/IlC(l17JU
resultará da 7,2.3,
réu foi o autor
e
o
o da tiVil de
alidadc c fin;llizilndo-
rici<bdc c de cu
7
Sabe-s(~ 'IÚ
d' , " violenta o juiz to o escrutínio, têm urna peculiaridade, ta 1 a de que,
, e quesltar a quallhcadorél do motivo f'fl resultados si'io unânimes, fica rompido, materíalnlente, o sigilo
'S ' _ te ll1compatibilidade entre tais circunst: .' L1 I , voto de cada jurado, Para solucionar esse problenul, busca-se
TEm 1 azao os membros da Co ',,_ . anuas, socorro no modelo francês, com a interrupção do escrutínio toda
n10 l'd < .mlssao, quando aduzem que "s
, (co I . en1 com a reeTra proibir\' i f ' - <,
quesIto recheado de siçrnifica -50' b / j , '.. A I ~ l e" olmulaçao de
vez que a contagem chegar ao quarto voto definidor do julgamento.
os \ ' d " ,9 <,;, )UtlllCa, r\. antJga ahrmaç50 d Corno conseqüência, o julgamento ocorreró por maioria de
J lia os so se" mamtestam sobre matéria ' (il _ e' comnletame 'nt
f't'llil votos, resguordonc!o-se os jurodos que, enquanto cidadi'ios despro-
a, AI lilS, o que é "atenuilnte"? UE ' ,'.,,, "e e vidos de quaisquer garan devem voltar às SUilS 111últiplas
moderildo dos meic)s") . , A qua I a frOl' t·, lllJLlsta ? Uso o término de cada i popular. A matéria é
matéria de fato e o oue 'I la ena d'
11 t"
e 1 eIra entre o que
' b'ltO d ojúri?
noam " de tamanha relevância, que várias propostas nesse sentido foram
apresentadas na revisão tucional,23\
ficados, devendo ser
. niio se tindo sua inovação decorre; de cnnSé'nsn entre 05 j\bilio
com serllo sobre: materialidade do
e Denise Oliveira C:csar! e os
fato, ,clUtoria ou ol' I deve..c"'r"b
e. • 50 I VH
':l o ou conden'1(ln Roberto Ribeiro, Thales Nílo Trein e Cláudio Brito, estão <1lLnndo Vilrzt
Esse terceiro (os '~ )50 vem ou condenam o acusado) <""
TlUI31JNAL DO
LENIO LUIZ STRECK
o réu na fase da
da
de Processo Penal,
no Processo nº 01393087125:
outra; ou a d os os cidad
. (lo devidu ,.I ,1\ tI' t' enl
em 111UltOS " , . ' . . que, por reconhecer que, recorrendo, estaria colocando em dúvid,l o
, ' como, \ .g., o de Jose 1\L11n11a, lIder do M5T
meu convencimento e minha capacidade de exercer a jurisdi-
oU
-ualdo caso
. dosd colonos sem tern em Porto Aegle,
II • G
l ' o quesIto . "de
ção; e, finalmente, por entender que, ungido o Ministério
quer dmo o r tem servIdo nara e11 c' 1.1 "' C:11''']' os fld .
lJ
" • TT '" r "J U U eSVlal1 t es so- Público de funções constitucionais que dilarg aram suas atri-
~~~ll~a" :~1~0_~~ltf~~i~1~t~~~~:,c:~i:~1:~~~~~1~'00;,uC~X:Oenc~ tt)los~IPartte
en redeles, J:ão
a efetlV"'
mormente no que diz respeito à titularidade da açilo
penat n50 compete ,lO juiz investir-se deste exercício privat~,,,,
r .« Ln
A iJ/colIslif do Ilssistellte de
que é antinôrniGl (1
defende os interesses
defende
II
cslZl Lli
públiCé1, O argumento, calcou-se muito mais na
privada discutir, na , legitimada pelo a clara diferença en tre o que se poderia chamar de I" '
SCl1SU - feita pelo Mimsteno , ,. P l'1:T i ) ICO -, e. umac.
ato Ó't:!lSL/,
,
interesse patrimonial, não convence, O ofendido terá a oportunida-
de de executar a condenatória, podendo, se preferir, de~envolvjdél pelo assistente de acusação, mms preocupado com a
discutir o mérito de sua pretensão, ingressar no cível, inclusi- do caso,
A lé111 a sus t en l :l ca tese.da
, nZío-inconstítucionalidilCle
ve amplitude, sabido que a culpa cível é bem mais L ,
dem se o reu e ou nilO ,. crinie. importante, em ressaltar, nesse aspecto, que a dinâmica do ritual do ri propicia a
caso
::>'
de. _ •
il penil e ilp I.1C~'.ri il pe lo 'Juiz-presidente do júri.
L
(1ue a relação do acusado com o mundo lhe tomada, afastada e
I Ol tanto, n<lO deverlil kr (t,mt<l) mrJuência, em sede de mento 'transformada pelos agentes legais. Daí lia sua relação, pessoal e
.,. j l ' " 1, r '] J, I' •• ' .
I ' elL"', , ' .• ",on"
• I
I (OS é1nteced '111 •. d', infinit"mulle sofre ,1 de um aDi1rilfO externo
• , 'S'l ./ . l. .e,'; ,
d( l .. LC ir de base do scrvir,'í de: mediador entre seus iltos c , I S ' sociais
Pellal.
. criou" cI illforma] entre o "d tu:;
to. ,do fato" e o "direitu penal do autor", com predominância para di r seu no. Sc: ele for um ln1ba!hador assalaria-
deste ,~tlt~mo, ou seja, acusa-se e defende-se o indivíduo não pelo do, como o são quase todos os acusados nestes casos, sua alienação
:ato CIlmmoso que cOl.Heteu, mas pelo que ele, efetivamente, repre- é dupla; além de sofrê-la no mercado de trabalho, também,
se:'ta l:a :e~sItura SOCIal, cOI.,forme tií delineado no capítulo sexto, "estranhildo" do controle do seu passado, de St1a história, seus
motivos e sua situação, sendo redefinidos a partir de interesses que
ltem6.4. Esse tIpO de procedImento e exercitado exatamente porque
o ~lrelto Penal e o Processual Penal estão inseridos em uma não são os seus. "239
sOCledade desigual, na qual, se o tiver Não é demais lembrar, a propósito, o dizer de um dos expoen-
conduta ílilmda, etc., enfil/l, se se cll!)lIadmr denlro dos tes da dogmática penill, Magalhães Noronha 240 , para quem, na
dc 1l0rllll7!/(lade das camadas terlÍ IIll1íofi"S 237 Cfc. Ferrajoli, Dcrecho II RIlZÓll, op. cit.
ser do que alguélll f ido 011 COl110 desvioufc. 238 Várias de âmbito nacional têm demonstr3do esse proble-
O que se faz é enquadrar os acusados dentro das regras 1113, Outra restrita ao Estado do Rio Grande do Su 1, retrata as caracterís-
idealizadas e comprov<1r sua maior ou mell())' ticas das pessoas presas no Estado nos últimos dez anos, coníorme o tipo de delito
a elas. Do cometido. Com l'xccção aos delitos de tóxico, e estdionato, os
sucesso de tal operação v<1i depender a ou a demais (lesões homicídio, furtos e
dos ,acusados l;~ júri, no qual o que se pune é a conduta social do m~inrjil, JIlillbbetos ou
aC~lsado e da vltIma, e não o crime cometido 2 ·l6 . O resultêldo :I' A
ferlet" d' .. C ISSO se L
relativamentl~
;\ soberania dos vere- ele St:us d (1S
dictos, que ali se inserira peja vez primeira, inovando no contexto constituintes, popular. Só élS Cunsti
das cartas constituciona is republicRnas de 1891 e de 1 que autoritárias, outorgadas pelos regimes de exceç50, podaram do júri
apenas declaravmn que era "mantida a instituição do júri", enquan- sua soberania ... Ou, interpretações jurisprudenciais como aquelas
to a de 1937 se fez simplesnlente omissa a respeito. Reanima-se, havidas no ocaso da vigência da Constítuição de 1946. Assim, ao
destarte, a: tese de que, soberano o veredicto dos jurados, torna-se reafirmar a soberania dos veredictos, o constituinte de 1988 enter-
impossível, eH, grau de apelação, a sua reapreciação. rou de vez os resquícios do Estado Novo, const,:mtes do Código de
------ Processo Penal, tarefa na qual o constituinte de 1946 não logrou
241 Por ocasião do assim chamudo júri dos "colonos sem-lerra" rca liz<ldo cm
dadas as interpretações abusivas. Concluindo, assevera o
de 1992, em Porto a presença dCSSél temática. Em 19')0,
centenas de sem-terra acampar'llll l'fl1 frente 'lO l'aL'ício do Coverno autor que "não é soberana a decisão sujeita à revisão. Assim,
Est'lducll. Houve conflito, resullcHldn a morte de um militar. Seis colonos revogado pela nova Carta, o fundamento de recurso previsto
foram acusados da morte, resultando todos O Movimento no 593, III, d, do Código de Processo Penal".
dos Sem-Terra umi1 not" ressilltilndo Contrariamente a tudo isso, quem ataca a tese se sustenta no
Porto não foi o
do princípio do "duplo grau de jurisdição". Tubenchlak244 com isso não
rcÍorma concordi1: primeiro, pela razão de não ser o jüri, simplesmente, um
do no bônco dos réus era do Poder Judicíúrio, tanto assim que não se submete ao
Hor'l de 28.6.92). De sorte, !anto a ;}cus~lção COl110 a defcSil
mm os fatos. Por 3 assistência da dcusaçAo crn dcterntinac1u lllcnllcnto r 242 Cfe. Tuhenchbk, James. Soberimia cios veredictos do inconsti tuciona Iídil-
de dedo cm riste, cm {rente ilO "cusado, disse: "Com carinhil de de dl' reCllrso vl'rsando o mérito. 111: Livro de Estudos n.4. Rio de Janeiro,
de e lá fora foi um leão, vem mentir Pilril nós. Mentir como se 1992, 226.
C0111 ceqno se esii "esse llÇl os crre. Nelson de. Soberania do e decisão contrária à prova dos
com seus instrumentus de trabalho" (Zero De ZiutOS. 11/: Livro de Esllldos Jurídicos, n.2. Eio de [EL 1991, p. 400.
que o soldado foi morto com uma foice. ;>i~ Cfe. Tubcnchlak, op. cit., p. 235.
llOnna"j sendo que .'1111 nonflt! ['S !lu/do Ilficnfnl:5 no ~;('fl rtyltlnfjida y fralda
e se levarrnos em linha de con la que o mesmo 1111 presente donde III/ de IllOstrnr virluillidndcs. Es entonccs
reformar a decisão dos jurados, mas tão-somente provocar outra cuando ser,í en 'su' sentido", Cíe. Fernández-Largo, Antonio Osuna,
decisão do Tribunal Popular, descabendo nova apelação pela mes- La hel'lllClléutictl de Clldt1llle!', V;dladolid, Universidad
de Villladotid, 88 e 98, Desse lIlodo, perglll1tal' acerca do
ma hipótese de cabimento, verificarnos ínexistir violaçâo à sobera- contrlÍrio" é COl1l0 o COI/ceifo de
nia do júri, Illi1S apellas um mecnllÍslllo de provocar U/I1 novo julgamento jusfil C!lIISil, dCIi/Ocmcia,
por este II/esmo Tribunal do Júri, em busca de maior segurança em face cante fundante, ou ilcredilal' em verdades apofânticils .. ,
de crimes e penas tão graves"24 ó • assunto, ver Streck, Hermenêutica Jurídica E(m) crise, op.cit.
248 Várias decisões podem ser arroladas, as quais, ii evidência,
É evidente que a tese acerca da não-recorrebilidade contém do contexto fálico do qual
(fortes) atrativos. Tal tese reforça a soberania do júri, ,únda que de dois ciclistas, DenlÍllcia por
aparentemente. Porém, elll Lima perspectiva ;;Ulri11ltísta do processo penal, da dClllÍllciâ" o' 121, § 3Q, do
não há como evitar que as lias de serell/ de '1 noite, em uma curva para
contrárias às provas do autos 247 , venham a ser revistas na instâncía Fê-lo em local que sinalizado com faixas amarelas contínuas,
Colhendo e tirando a vida ii dois ciclistas, os
245A tese foi sustentada nas duas desta obra. em que ia, <1 aç50 do
246Oe. Jardim, op, dt, p. 336,
247 É dissertar acerca da (excessiva) textura ilberta da expressão consta tilçZío para
contrária ii prova dos ilutos", Em termos de hermenêutica como crimes dolosos contra a vid,l, vale dizer,
é inexor'1vel que isso ocorra, Como bem diz Orlandí, Jl, 686053257 - Frederico 1\S" "IfOlllicidio,
sentido, é delimitar domínios, é construir sítios de dolo eventual em homicídio (lU lesão
p, O disCl/rso Editora Pontes, 1993, Para tanto, automotor. Ni'w é ínsita aos delitos com veículos a
pretender estar frente ai texto normativo libre de precoJ1lpren- que se forma dolosa do fato que agt'nte tenha o
siones, pues elJo i1 estar fuera la historia y ahacer cnmudccer i1 la resultado, não visado. [ .. ,] Recurso crime]1, 27,268 Canoas, RS",
é consentir
a ocorrer"25ll.
ra do dolo eventual niío deve ser [idade admite a existi'llcia de
ou rem io contra a violência no trflnsitü. ta o resultado como muito
como jci dfi rmacio emterÍun1H:nte, n;10 deve ser atua, admitindu ou niío essa
Dito de outro o do hl1VCf3
o autor,
é suficiente
é
CClbo-Ví
240 l'~ra Francisco Assis Toledo, a difC'rença entre dolo eventual e culpa consciente é
Contra a teoria da probabilidade, diz o autor espanhol, afirma-
que nesta o não quer o resultado nem :1ssume o risco de se que deixa em valorar uma parte essenci,l! do dolo: o elemento
sabendo-o acredita sinceramente evitá-lo, o que n?ío acontece volitivo e que, por outra parte, nem sempre a alta probabilidade de
de Gílculo Oll erro de execuç50. III básicos do dirt'ifo Silo Paedo, produçiío de um resultado obriga a imputá-lo a título de dolo
'1984, 218. Cesar Bitencourt, "há O
de observar
(pense-se nas intervenções cirúrgicas de alto
milS confia Assim, MUJ10Z Conde m,mifesta sua preferência pela teoria da
o resultado, vontade, porquanto apesar de ler em conta o elemento volitivo,
delimita com maior nitidez o dolo e a culpa. Inobstante, também
a contra ela se opuserem objeções. Em primeiro lugar, porque presu-
consciente!
é (1 con~ciéncia ;Jcerca
me algo que n~o ocorre na realidade: que o autor supõe o que farÍa,
III; Tcoriil do tldito. P"lllo, RT,19':!7, p. 110. caso o resultado fosse de produção certa. Evidentemente a teuria da
té1mbé'm, T,wares, Jllilrez. Tcorid du ddito. 8;10 Paulo, RT, ·l98.o. vontade se ocupa de confrontar o delinqüente com o
Gastos Jr, José dc. Dulo c\'l'nlllil!, cu conscientc c crimes de este ainda não se tenha produzido! imaginando-o como
tránsito. III: ÁlJcr Ano II, n.3, out/95, 47.
251 SilJU de o fa to b'lsl:.ldos em
te acontecido. Em segundo , porque nem sempre se
r,1cionalidade l11êl!erial 5:l0 demonstrar um querer nem mesmo nos casos em
g.lrantidori1 inclusive. O que ilrlO se pude ndlllilir, sou liI'JlO de' do" o autor um. resultado Cl.~rt().
COl1stJlllciOlll1is, il da meioilolídndc IIliliLrinj in 11l11lbm parlem. o II grau se satisfaz com a representaç~o da necessciria
caso d() costume: é de criar delitos l' aumentar pCll.lS, l1lilS opera
como descriminalizador de (ato na ConsultcH, tanto,
Saio de. A do di,;cursu 252 Cfe, Mui'toz Conclc, Francisco. Teoria Cerni do De/ilo. Tréld. de Jualez Tllvilres
Luiz Prado. Porto F.lbris, I p.60-61.
democriÍ e n;10 o
em face da aboliçiío do júri do México, recordou frase que
ficou famosa, pois para cá também valia: "Era un espectáculo, pero
no hacia justicia". .
7.3. Deve o Júri ser extinto? O julgamento por íntima convicção, Conto contraponto, o criminalista paulista Alberto Zachanas
sem a necessidade de justificaçãolfundamentação, é Toron sustenta que o Tribunal do Júri deve ser mantido Porql..le,
compatível com uma garantista do Direito? entre outros benefícios, oxigena a justiça brasileira. Para ele, com
políticrr-ideológicos e formais-instrumentais todos os seus defeitos, o júri popular não encontrou outra institui-
acerca da controvérsia que o pudesse substituir com vantagem. lIá uma crença, diz o
advogado paulista, fortelnentt:Vinspirada pelo positivismo jurídico,
A acerca di1 ou extinção do júri vem de segundo a qual os juízes de carrcint, isto é, os cursaram
anos. Scguid a l1len te vol ti! i-l mormente ql1i1ndo a faculdades de Direito e se submeteram a concurso reahzam
207 Consultar Folllll dr Silo Plilllo, :'11.05.97, 1'.1-:1.
De] À evidênciél. existem inúmeros escritos
do Tribullill do Júri do r. O
pro-
Tríbunill cio us
d,:litos cometidos por no exercício de seus Glrgus, outros, todos, a favor ou contra,
(onlr,) :1 honr<1, a !ib<'nLlde e a segurança. e deli!os de incêlldios
De ludo /llOdo, toda essa disClISSI70 l1i70 teria selltido sem 17 necesstÍria
crítica 110 TriLnllwl do Júri elll seus e da
da confissão urgente necessidade da 1105 seus fornwís-estruturois,
comum, que levil em advertindo-se o leitor para o fato de que a separaçi10 entre "aspectos
dados 11:30 liC:ccSSi.lriiJ- c "formais-estruturais" tem sorllcnte U111 car,1-
isto Olmo normils disci-
r d
Stll'Í;l is.
Por ou r(} Zlcn2Sl.enta hei uma trama in Uva do fazem as COJ
em torno das p.rovas, de tal modo que, e de acordo com a capacida- desenvolvidas pelos cultores das clenciilS jurídicas,
de. argumentiltlv~ de promotores e advogados, a aquiescência dos quase sempre ilrtlficiilis, que contribuem para institucionalizar o
J_~llzes popu!ar~s.e obtIda p.or meio da mobilizaç50 de seu imaginá- saber enquanto instrumento de dominaç50 26o .
110. O Jllr! e cntIcado por ISSO. Porém, argumenta Toron, também Nesse sentido, e correndo o risco de pesadas críticas, chamo a
nos processos desenvolvidos sem a oralidade dos profissionais o atenção da comunidade jurídica acerca daquilo que pode ser consi-
mesmo ocorrer - isto t', aquele mais bem preparado derado o "calcanhar de Aquiles" do Tribunal do Júri, no confronto
reu!lir mais provas, mais e melhores argumentos e, com o garantisI1lo jurídico. Refiro-me ao falo de o j/lrado decidir por
enhm, mais força a sua íntilllo sem a de justifico/' seu voto. O modelo de
_ arremata, o direito comumente apresenta questôes Estado Democrático de Direito, garantista e secularizado,
cuja resoluça~) encontra eco não na d tiCél, mas na cultura de cO!1til1uar a conviva com tos 1105 quais lIi'io liilja a
. E aí que o povo, no de o jllstifícaçi'io/julld{llllel1taçi'io. Entretanto, trata-se de um proble-
r teses inovadoras ma de difícil soluç50, uma vez que a Constituição estabelece a
diversa (pense-se no garantia do "sigilo das , o que implica a impossibilidade
nos na defesa, bani imediata de qualquer tentativa de introduzir outros modelos de
nos casos dos assim julgamento popular, como, por exemplo, o escabinato francês ou o
por tude do português ou até mesmo uma das fórmulas tradicionais
do júri americilno ou inglês, discutem entre
259 Cfe. Nà5sif, op. cit., p. 158.
260 Nesse sentido, ver Karan, op. cit, p. I D.
c\)Jlsti tuciond I
j1í ,1
no demandns lIdicidis ti11ltes de uma
usta, na qual, mente, a cacb dia o cidadão perde, Cor tez Editora/CEDES, n.5,
a pouco, o que resta de sua capacidade de indignação. Ocve, Lefort, para um,) das
arejado, democratizlldo. A mitificação simbólico consiste em pilssa r do de ao
tualística do júri, historicamente, tcm como resultado a supressão detectar os momentos pelos ocorre o
de ml1 por quando o discurso da
simbólica da autonomia dos sujcítos/atores jurídicos/sociais, cons- soci<ll se tornou realmente em virtude da divisão SOCIal,
truindo um imaginário cocrcitivo, no interior do os conflitos um discurso sobre a llllidacl,'; gu"ndo o discurso da loucura tem que ser
são resolvidos através de silenciado, em seu surge um discurso sobre a loucura;_ onde não _ " haver
lima das realirfadcs e não 17 um discurso da surge Ulll outro sobre a revoluçao; <lI! n<1O
em si mesma. O bem como as dellli/is haver o discurso da mulher surge UlJl dicurso sobre iJ molheI' etc), A _
entre duas formas ue~ d·I S. -C U l S O '1ue 'lue.tendelJlo~
_
exanlÍ!lfldo 110 cOllte:rto de 1I1Jll1 sociedade cm cri:'ic. a não diferenciar muito: () O conheCimento e a
No final de contas, como muito bem diz intelectual de um cel'to
perguntar se, no nlOmento de ser examinada pelo isto é, como fatos ou como idéias.
é trabalho de reflexiío csforç,' P'Wil eJevilr lima (niío
não se viu substituídn por um certo arranjo de Ulll
acolhendo i1
nham a crise em um modclo r .. ] o que
da dos
rem como racional ou, caso eles não () voltar-se sobre si mesm;l e
non,e destél mesma racionéllidàde il cristalizar-se no discurso sobre; o
quem sélbe, já
nos reC1!Sor 17 aceitar ('ssa nada
se para a busca para ser visto,
261 Cfe. Arnaud, op. cil., p. 179 e 180.
TRmUNAL DO
174 LENTO LUIZ STRECK
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