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Curso de Graduação em Ciências Agrárias

Licenciatura a Distância

PLANTAS
MEDICINAIS
Profa. MSc. Gisely Maria Freire Abílio
Departamento de Gestão e
Tecnologia Agroindustrial
CCHSA - UFPB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - UFPB
Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância
Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, 1
Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2011
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS SOCIAIS E AGRÁRIAS
Unidade
1
CADERNOS DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS – Volume 6 UNIDADE I - História das plantas medicinais
Caderno Especial 03

FICHA TÉCNICA
CRÉDITOS AUTORAIS LIVRO
© 2011 Editora Universitária da UFPB
Cidade Universitária - Campus I S/N° - Castelo Branco
João Pessoa - PB - 58.059 - 900

1ª edição – 1ª impressão

ISBN: 978-85-7745-336-8

Este livro é parte integrante do Curso de Graduação em Ciências Agrárias – Licenciatura a


Distância do Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba
e está integrado ao Sistema Universidade Aberta do Brasil por meio da Coordenação Institucional
de Educação à Distância UFPB Virtual e disponibilizado on line no ambiente virtual de aprendigem
em www.ead.ufpb.br.
O teor de cada capítulo é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

O
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Fernando Haddad - Ministro
LICENCIATURA A DISTÂNCIA hábito de recorrer às virtudes curativas de certos vegetais data das mais
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA antigas civilizações, que cedo se aperceberam da existência, ao lado das
COORDENADOR
Carlos Eduardo Bielschowsky – Secretário de Educação a Distância
Marcos Barros de Medeiros
plantas com fins alimentares, das plantas com propriedades terapêuticas.
Apesar do potencial curativo destes vegetais, os povos primitivos também
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE
NÍVEL SUPERIOR - CAPES
VICE-COORDENADOR identificaram a existência de plantas potencialmente tóxicas e venenosas.
José Ribeiro de Moraes Filho
Jorge Almeida Guimarães – Presidente da Capes O uso de plantas como medicamento
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
COORDENADORA DE EDIÇÃO esteve muito tempo associado a práticas mágicas,
Geralda Macedo místicas e ritualistas, marcando um antigo desejo de
João Carlos Teatini de Souza Clímaco – DEE- CAPES
COORDENADOR DE TUTORIA compreender e utilizar a natureza como recurso tera-
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO -
FNDE
Luis Felipe de Araújo pêutico, nas doenças que afligem o corpo e a alma.
Daniel Balaban – Presidente do FNDE
SECRETÁRIO GERAL Essa associação dificulta da delimitação exata da evo-
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
José Fernandes de Araújo Leite lução da arte de curar.
Rômulo Soares Polari - Reitor A prática de utilização das plantas medicinais
ORGANIZADORES
Marcos Barros de Medeiros foi transmitida através das gerações, inicialmente oral-
PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO
Valdir Barbosa Bezerra – Pró-Reitor de Graduação
Geralda Macedo mente e posteriormente através da escrita. No Entan-
Luis Felipe de Araújo
to, ainda hoje encontramos indivíduos que por falta de Fonte:http://www.culturamix.com/saude/
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA UFPB informação não conhecem os benefícios de tais vege- beneficios-das-plantas-na-saude
REVISORES DE ESTRUTURA E LINGUAGEM
Renata Patrícia Lima Jerônymo Moreira Pinto – Coordenadora
Geral da UFPB VIRTUAL
Geralda Macedo tais. È ainda importante salientar que a utilização de
Aiene Fernandes Rebouças
Elizandra Ribeiro de Lima Pereira plantas no tratamento de doenças deve ser realizado de forma cautelosa, observando a
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS SOCIAIS E AGRÁRIAS
Antônio Eustáquio Resende Travassos - Diretor
José Roberto da Costa - Apoio Técnico correta identificação e manipulação das mesmas, afim de se evitar casos de intoxicação.

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO


1.1 Registros no mundo
Oba! Multimídia
1.1.1 Idade Antiga
IMPRESSÃO
Gráfica Agenda
Os primeiros escritos sobre as ervas medicinais relatam sua importância nos ce-
C122 Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias / Universidade
Aberta do Brasil / Universidade Federal da Paraíba; Centro de
rimoniais de magia e medicina. Há placas de barro babilônicas de 3.000 anos a.C., que
Ciências Humanas Sociais e Agrárias; Organizadores: Marcos ilustravam tratamentos médicos, e outras mais recentes que registram importações de
Barros de Medeiros, Geralda Macedo, Luis Felipe de Araújo - Autor: ervas. Durante os 1000 anos subseqüentes, culturas paralelas na China, Assíria, Egito
Gisely maria Freire Abílio, Plantas Medicinais.
Bananeiras: Editora Universitária/UFPB, 2011. e Índia, desenvolveram registros escritos de ervas medicinais que constavam de descri-
v. 6. Caderno Especial 03 : il. ções de misturas com utilizações medicinais e mágicas para as plantas.
ISBN: 978-85-7745-336-8
1. Ciências Agrárias – Ensino Superior. 2. Formação de Professores. 3.
Agropecuária e Tecnologia. 4. Educação a Distância. I. Medeiros, Marcos Barros de.
II. Macedo, Geralda. III. Araújo, Luis Felipe de. IV. Abílio, Gisely Maria Freire.

UFPB/BC CDU: 63
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Unidade 1 Plantas Medicinais Unidade 1 Plantas Medicinais

1.1.1.2 Egito

A medicina egípcia apoiava-se em


elementos mágicos e religiosos, além de
estar fortemente vinculada à astrologia e
sugerir uma forte relação entre as plantas
medicinais, planetas e signos correspon-
dentes. Os egípcios utilizavam as plantas
condimentares de muitas formas, deixan-
do-as até mesmo nas tumbas dos faraós
e personalidades importantes, para que
estes fizessem viagem segura aos outros
planos da existência, segundo suas cren-
ças. Nesta época, as plantas eram muitas
vezes escolhidas por seu cheiro, acredita-
vam que certos aromas afugentavam os
espíritos das enfermidades
Mumificação egípicia: técnica que utilizava as plantas medicinais
Fonte: http://bioifbairece.blogspot.com/2011/06/religiao-egipcia.html

Placas de barro babilônicas


Originam-se no Egito os papiros que relatando a adoração que o povo tinha pelas
Fonte: http://maercelosilvabotelho.blogspot.com/
plantas. Nesses catálogos das plantas medicinais já é possível observar a descrição das
características mais simples das plantas, assim como as suas respectivas indicações,
1.1.1.1 China
utilizações e classificação das espécies com base científica. O mais famoso deles é o Pa-
piro Ebers, datado de 1550 a.C., que contém centenas de fórmulas e remédios populares
A china dedica-se ao cultivo de plantas medicinais desde o ano 3000 a.C. O Im-
usados na época. Continha uma coletânea de aproximadamente 125 plantas, entre elas
perador Sheng-Nung utilizou uma série de plantas em seu próprio corpo, para saber o
anis, alcaravia, cardamomo, mostarda, açafrão e sementes de papoula.
efeito que provocavam. Tais experiências culminaram em seu "Cânone das Ervas" que
menciona 252 plantas e destaca entre tantas a raiz de ginseng, anunciando ser a mais
fabulosa das ervas e que favorecia a longevidade. Esta raiz é muito utilizada nos dias atu-
ais com a finalidade de regeneração dos tecidos, melhoria do funcionamento de algumas
glândulas, para o rendimento físico e mental, dores de cabeça, amnésia, como apoio no
tratamento de grande número de doenças do coração, dos rins e dos sistemas nervoso e
circulatório.

Papiro de Éberes
Fonte: ttp://www.culturegipcia.es/pagina/culturaegipcia/papiro/papiro.htm

Através do conhecimento progressivamente adquirido das regras de dosagens es-


pecíficas para cada droga amplia-se a fabricação e à administração de todos os remédios
e pode-se afirmar que nasceu assim a receita médica e a respectiva posologia.
Imperador Shen Nung
Fonte: http://licormusashi.blogspot.com/2009/11/cha-verde-ingredientes-do-licor-musashi.html

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Unidade 1 Plantas Medicinais Unidade 1 Plantas Medicinais

1.1.1.3 Grécia - Plínio:


Escreveu “História Natural” com 37 volumes onde cita mil plantas curativas, como
Hipócrates (460- 361 a.C.), denominado “Pai da Medicina”, reuniu em sua obra por exemplo, o “alho”, que naquela época já era indicado para 61 enfermidades.
"Corpus Hipocratium" a síntese dos conhecimentos médicos de seu tempo, indicando - Galeno:
para cada enfermidade o remédio vegetal e o tratamento. Médico-Farmacêutico, romano de origem grega, nascido no ano de 130 D.C., é
considerado o “Pai da Farmácia” por sua dedicação na preparação de medicamentos
a base de plantas. Elaborou formas farmacêuticas precursoras das que ainda hoje são
usadas. Descreveu adulterações para o açafrão, canela, ruibarbo, mirra entre outras.
Enunciou a maneira de distinguir as drogas entre si pela aparência, o sabor, a origem
geográfica e a potência de sua ação.

Hipócrates: O pai da medicina


Fonte:http://ovelhaperdida.wordpress.com/2010/04/16/o-processo-de-cura-segundo-hipocrates/

Teofrasto (372-285 a.C.), em sua “História das Plantas”, catalogou 500 espécies
vegetais com descrição botânica muito precisas, acompanhadas de efeitos tóxicos e pro-
priedades curativas.
No século XIII a.C., Asclépio, curandeiro grego, grande conhecedor das ervas,
concebe um sistema de cura fundando o primeiro SPA que se tem conhecimento, em
Epidauro. Era baseado em banhos, chás, jejum, uso da música como terapia, jogos e
teatros.
Dioscórides, médico grego, no século I da Era Cristã, enumerou em seu tratado,
"De Materia Médica”, mais de 500 plantas medicinais e seus usos. Este tratado que re-
presenta um marco histórico no conhecimento de numerosos fármacos, muitos dos quais
Galeno: O pai da Farmácia
ainda hoje são usados.
Fonte: http://www.biografiasyvidas.com/biografia/g/galeno.htm
O conhecimento grego sobre as ervas foi adquirido na Índia, Babilônia, Egito e até
na China.
1.1.2 Idade Média, Moderna e Contemporânea
1.1.1.4 Roma
Após a queda do Império Romano e fortalecimento da igreja Católica, segue-se
um longo período no Ocidente denominado de Idade Média. Acredita-se que o estudo
Os romanos aproveita-
das plantas medicinais neste período ficou estagnado por um longo período.
ram os conhecimentos do Egi-
Esta época foi dominada pela magia e pela feitiçaria, que frequentemente con-
to, Grécia e Alexandria sobre
fundem-se com a ciência. Eram considerados como produtos vegetais mágicos entre
a importação de especiarias e
outros, o visco que vegetava sobre o castanheiro, a arruda e até o alho. Drogas como
drogas (pimenta, canela, gen-
meimendro-negro, a beladona e a mandrágora, foram consideradas como plantas de ori-
gibre, mirra, sésamo, goma,
gem diabólica. Neste contexto, Joana D'Arc foi acusada de atormentar os ingleses pela
entre outras). Os que mais se
força e virtude mágica de uma raiz de mandrágora escondida sob a couraça e por isso foi
notabilizaram na arte com as
condenada à fogueira.
plantas foram:

Roma
Fonte: http://www.baixaki.com.br/pa-
pel-de-parede/5393-coliseu-roma-italia.htm

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Unidade 1 Plantas Medicinais Unidade 1 Plantas Medicinais

Fonte: http://naturezaesaude.blogspot.com/2010/11/medicina-indigena-da-magia-cura.html

Fonte: http://mantenedordafe.org/blog/?p=1849 Apesar das tentativas do padre José de Anchieta em despertar os portugueses
para a diversidade das ervas medicinais brasileiras, este esforço foi em vão.
Surgem as Escolas de Salerno e Montpellier (séc.XIII) e, a partir delas, as univer- Segundo naturalista Von Martius, eles os "selvagens" conheciam apenas algu-
sidades, abrindo para o leigo as portas do conhecimento até então reservado aos mon- mas quantas plantas comestíveis e outras que serviam de tinturas. Das ervas medicinais
ges e religiosos. teriam unicamente uma "obscura noção", quase sempre supersticiosa. Esta falta de in-
Durante o século XIX, o uso das ervas ficou mais restrito e cresceu o uso dos me- teresse dos nossos colonizadores pelas ervas brasileiras e continuamente dos nossos
dicamentos obtidos através de processos químicos industriais. Entretanto, os livros sobre governantes culmina no fato de quase tudo que se sabe da flora brasileira foi descoberto
ervas continuaram aparecendo. Somente em finais do século XVIII, se começa a isolar e por cientistas estrangeiros, especialmente os naturalistas, que realizaram grandes ex-
determinar a estrutura dos constituintes ativos dos produtos de origem natural dotados de pedições científicas ao Brasil, desde os descobrimento pelos portugueses até o final do
propriedades medicinais. século XIX.
Nos anos que ocorreram as guerras mundiais, o interesse pelas plantas medi-
cinais voltou devido à necessidade de obter remédios eficazes para múltiplas enfermi- Referências consultadas:
dades, visto que toda a economia dos países envolvidos na guerra estava destinada à
produção de material bélico. BARRACA, S. A. Relatório do Estágio Supervisionado. Produção Vegetal-II: MANEJO
E PRODUÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS. Universidade de São Paulo
1.2 Registros no Brasil - Escola Superior de Agricultura“Luíz de Queiroz”. Julho, 1999.
CUNHA, A. P. O emprego das plantas aromáticas desde as antigas civilizações até
A utilização de plantas no Brasil, não só como alimento, mas também como fonte ao presente. In: caracterização e utilização das plantas aromáticas em Portugal. Funda-
terapêutica começou desde que os primeiros habitantes chegaram ao Brasil, há cerca de ção Calouste Gulbenkian: 2007.
12 mil anos. Historicamente, quando os portugueses aqui chegaram, encontraram índios DANTAS, I. C. ; FELISMINO, D. C. . O RAIZEIRO. 1. ed. Campina Grande: EDUEP, 2007.
que usavam urucum para pintar e proteger o corpo das picadas de insetos e também para v. 1. 540 p.
tingir seus objetos cerâmicos. JORGE, S.S.A. Plantas medicinais:coletânea de saberes. 2009.
Entre 1560 a 1580 a partir das observações e anotações do uso freqüente de
ervas pelos índios, o padre José de Anchieta detalhou melhor as plantas comestíveis e
medicinais do Brasil em suas cartas aos Superior Geral da Companhia de Jesus. Das
plantas medicinais, especificamente, Anchieta falou muito em uma “erva boa”, a hortelã-
-pimenta, que era utilizada pelos índios contra indigestões, para aliviar nevralgias e para
o reumatismo e as doenças nervosas.

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2
Unidade 1 Plantas Medicinais Unidade

UNIDADE II - Introdução às plantas medicinais

2.1 Alguns conceitos úteis

F
itoterapia - é a ciência que estuda a utilização de plantas medicinais, que
compreendem os vegetais que possuem características que ajudam no tra-
tamento de doenças ou que melhorem as condições de saúde das pessoas.
Homeopatia - é um método terapêutico baseado no princípio da similitude,
cujo enunciado é o de que as enfermidades são causadas pelo sofrimento e
autopunição (por exemplo, perdas, culpas, medos etc.), que levam o pacien-
te a adoecer. Utiliza medicamentos em doses infinitesimais, diluídos em água e álcool,
dinamizados para liberação de sua energia medicamentosa.
Erroneamente o termo homeopatia pode ser utilizado como sinônimo de fitotera-
pia. No entanto, a homeopatia prepara medicamentos de origem vegetal, mineral e ani-
mal, enquanto que a fitoterapia por definição utiliza apenas matéria-prima vegetal.
Fitoquímica – é a química dos vegetais, que se encarrega de estudar as suas
substâncias ativas, e respectivas estrutura, distribuição na planta, modificações e proces-
sos de transformação que se produzem no decurso da vida da planta, durante a prepa-
ração do remédio vegetal e no período de armazenagem. A fitoquímica está em estreita
ligação com a
Farmacologia – é a ciência que estuda os efeitos das substâncias medicinais
sobre o organismo humano. Preocupa-se com os princípios ativos no que se refere à: me-
canismo de ação; velocidade da ação; processo de absorção e eliminação; e indicações
(isto é, do uso contra determinadas doenças).
Produtos do metabolismo primário - são essencialmente sacarídeos, substân-
cias indispensáveis à vida da planta que se formam em todas as plantas verdes graças à
fotossíntese.
Produtos do metabolismo secundário - substâncias que resultam essencial-
mente da assimilação do azoto (nitrogênio amínico). Estes produtos parecem freqüen-
temente ser inúteis a planta, mas os seus efeitos terapêuticos, em contrapartida, são
notáveis.

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Unidade 2 Plantas Medicinais Unidade 2 Plantas Medicinais

2.2 Plantas medicinais

Há muito tempo os produtos de origem natural são utilizados no mundo inteiro


pela medicina alternativa. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que
cerca de 80% da população mundial fez o uso de algum tipo de erva na busca de alívio
de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável e estima-se que as comunidades lo-
cais utilizam cerca de 10% das plantas nativas com fins terapêuticos. Entretanto, apenas
1% dos produtos utilizados ganha reconhecimento científico.
O uso de plantas medicinais é uma prática rotineira nos países em desenvolvi-
mento, especialmente na África, Ásia e América Latina, onde existe uma necessidade de
utilização da medicina popular com solução alternativa para problemas de saúde.
As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes da água e da luz
que recebem. Muitos desses compostos ou grupos deles podem provocar reações nos
organismos, esses são os princípios ativos. Algumas dessas substâncias podem ou não
ser tóxicas, isto é, causar efeito danoso ao organismo, dependendo da dosagem em que
venham a ser utilizadas. Assim, "Planta medicinal é aquela que contém um ou mais de
um princípio ativo que lhe confere atividade terapêutica".
Os vegetais utilizados podem ter basicamente duas origens: cultivados ou silves-
tres. Os silvestres, como são utilizados na maioria das vezes no Brasil, sendo pratica- Amora silvestre: Possui propriedades medicinais.
mente impossível garantir uma eficácia eqüitativa da mesma droga obtida de diferentes Fonte: http://sites.google.com/site/florasbs/rosaceae/amora-silvestre---rubus-niveus--rosaceae
fontes. Já no caso dos cultivados, normalmente se procede de uma maneira padrão em
todos os aspectos ligados ao desenvolvimento do vegetal, garantindo assim, equitativi- Hoje em dia, diversos institutos de pesquisa trabalham no intuito de compreender
dade de produção dos seus constituintes químicos. e até mesmo de melhorar as condições para que uma droga produza da melhor forma,
seus constituintes ativos.
É relevante mencionar que só estão cientificamente aprovadas a serem utilizadas
pela população nas suas necessidades básicas de saúde as plantas que têm avaliadas a
sua eficiência terapêutica e a sua toxicologia ou segurança de uso.
Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a
lei permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por
aqueles que disponham de condições mínimas necessárias. Com isto, é facilitada a au-
tomedicação orientada nos casos considerados mais simples e corriqueiros de uma
comunidade, o que reduz a procura pelos profissionais de saúde, facilitando e reduzindo
ainda mais o custo do serviço de saúde pública.
Considerando a perspectiva de obtenção de novos medicamentos, os produtos
naturais se diferenciam dos sintéticos sob o aspecto da diversidade molecular. Sabe-se
que a diversidade molecular dos produtos de origem natural é muito superior àquela deri-
vada dos processos de síntese, que, apensar dos avanços consideráveis, é ainda limita-
da. Isso proporciona a elaboração de diversos novos fármacos com funções terapêuticas
diversificadas.
No Brasil, país dotado de imensa biodiversidade, diversas experiências atreladas
ao conhecimento popular aproximam a utilização de plantas aos recursos terapêuticos
disponíveis, sendo, inclusive, esta prática recomendada pelo poder público. Em 3 de maio
de 2006, o Ministério da Saúde, através da Portaria nº 971, aprovou a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no âmbito do Sistema Único de Saúde
Plantas medicinais cultivadas (SUS) (BRASIL, 2006).
Fonte: http://www.campomourao.pr.gov.br/seama/cultivo.php Em 2007, O Ministério da Saúde do governo brasileiro lançou a Política Nacional
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), que visa garantir à população brasileira
o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, e tem como al-
guns dos seus objetivos: inserir plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados
à fitoterapia no SUS, desenvolver instrumentos de fomento à pesquisa, desenvolvimento
de tecnologias e inovações em plantas medicinais e fitoterápicos, nas diversas fases da

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Unidade 2 Plantas Medicinais Unidade 2 Plantas Medicinais

cadeia produtiva, promover e reconhecer as práticas populares e tradicionais de uso de mente odoríferas e líquidas. Além de óleos es-
plantas medicinais, fitoterápicos e remédios caseiros, bem como estabelecer uma políti- senciais, são conhecidos também por essên-
ca intersetorial para o desenvolvimento socioeconômico na área de plantas medicinais e cias vegetais, óleos etéreos ou óleos voláteis.
fitoterápicos. À temperatura ambiente, apresentam-se como
Essa política de atuação governamental visa enfrentar os empecilhos para a uti- substâncias líqüidas oleosas e bastante volá-
lização dos produtos naturais que levantam a problemática do desconhecimento dos teis, diferindo assim dos óleos fixos. Outra ca-
profissionais de saúde sobre as indicações e cuidados no uso de plantas medicinais. Do racterística importante é o aroma agradável e
ponto de vista dos usuários dos serviços de saúde as plantas medicinais são vistas ape- intenso da maioria dos óleos essenciais. São
nas como uma alternativa aos elevados custos dos medicamentos convencionais e não solúveis em solventes orgânicos e muito pou-
como opção terapêutica devido às propriedades curativas das plantas. co solúveis em água.
Existe uma clara necessidade de minimizar a distância entre a técnica e pesqui- Óleos essenciais podem estar presen-
sas científicas das crenças populares e tradições, proporcionando uma valorização dos tes em todas as partes de uma planta. No en-
conhecimentos populares, agregando-lhes comprovação científica e, permitindo, assim, tanto, sua composição pode variar de acordo
divulgação à população em geral de conhecimentos úteis, antes utilizados apenas in com sua localização em um mesmo vegetal.
loco, valorizando tanto a cultura quanto a ciência de um povo. Fonte: http://www.dicas10.com/receita-para-dormir-bem-2/

As funções dos óleos essenciais nas plantas são extremamente complexas, po-
2.3 Constituintes químicos dos vegetais dendo possuir atividade alelopática (processo que envolve metabólitos secundários pro-
duzidos por plantas, algas, bactérias e fungos que influenciam o crescimento e desen-
Todo ser vivo é constituído por uma infinidade de constituintes químicos, que clas- volvimento de sistemas biológicos), fitoalexiníca (capacidade de manter a parede livre de
sificam-se em: princípios ativos e princípios inativos. microorganismos), evitar a perda de água pelos vegetais ou mesmo agir como atraente
para agentes polinizadores.
2.3.1 Princípio inativo
Alcalóides – formam um grupo economicamente importante, pois entram na composição
Princípio inativos são todos os compostos químicos presentes nas plantas medi- de inúmeros medicamentos. São, na maior parte dos casos, venenos vegetais muito ati-
cinais, mas que não lhes confere nenhuma atividade biológica. Como exemplo, temos o vos, dotados de uma ação específica. Podem causar toxicidade mesmo quando usadas
amido, as gorduras, as fibras, a celulose e outras. em pequenas doses. Podem ter coloração amarela, roxa ou incolor. Nas células vege-
tais estão nos vacúolos. Quando na forma de sais, encontram-se nas paredes celulares.
2.3.2 Princípio ativo Apenas 10 a 15 % das plantas conhecidas apresentam alcalóides em sua constituição.
Localizam-se nas folhas, sementes, raízes e nos caules.
Entende-se como princípio ativo o composto ou mistura de compostos sintetiza- Alguns autores afirmam que a função dos alcalóides nos vegetais é restrita a atua-
dos pelas plantas através dos seus nutrientes, água e luz recebida, que podem provocar ção como fitoalexinas. Outros autores apontam para a possibilidade deles serem metabó-
reações positivas ou negativas nos organismos vivos. Podemos citar como exemplo os litos terminais, em outras palavras produtos sem utilidade, o que é muito pouco provável.
alcalóides, atropina e hiosciamina que são os princípios ativos que conferem atividade
anti-espasmódica ao meimendro. Podemos ainda citar a morfina presente no ópio.
Para as plantas a produção de princípios ativos está relacionada com atividades
de proteção contra pragas e doenças e atração de polinizadores. Têm a função de me-
lhorar as condições de sobrevivência da planta. Não são estáveis e nem se distribuem
de maneira homogênea. Podem estar concentrados nas raízes, rizomas, ramos, caules,
folhas, sementes ou flores, e o teor varia de acordo com a época do ano, hora de coleta,
solo ou clima onde vive a planta.
Para que a utilização de plantas medicinais tenha ação máxima e propicie uma
melhora rápida, é preciso que: sejam colhidas no momento em que haja maior quantida-
de de princípios ativos; seja colhida a parte da planta em que a concentração de princípio
ativo seja máxima; sejam manipuladas de forma a preservar a quantidade de princípios
ativos.
Para melhor compreensão dos componentes vegetais e de suas ações, apresen-
tamos a seguir um breve resumo dos principais princípios ativos.

Óleos essenciais – são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geral- A cafeína presente no café é um alcalóide com atividade estimulante.
Fonte: http://www.fsm.edu.br/?p=8751

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Unidade 2 Plantas Medicinais Unidade 2 Plantas Medicinais

Taninos – são substâncias amorfas, geralmente coloração marrom escura. Em solução maior quantidade.
aquosa são levemente ácidas e de sabor azedo (adstringentes). É a classe de substân-
cias mais comum no reino vegetal encontrada principalmente nas cascas dos vegetais. Princípios amargo – vegetais contendo estas substâncias apresentam um gosto amar-
Não são encontrados em algas, fungos e liquens. go, excitam as células gustativas, estimulam o apetite e aumentam a secreção dos sucos
O principal uso do tanino desde a antiguidade tem sido o curtimento do couro e gástricos. Alcachofra, chicória e boldo são espécies ricas em princípios amargos.
como anti-séptico. Estas substâncias protegem o vegetal do ataque de microorganismos,
formigas ou cupins e podem provocar irritação gástrica. 2.3.3 Fatores que afetam os teores de princípios ativos

Mucilagens – são polissacarídeos complexos formados por açúcares simples e que in- Vários fatores, tanto internos quanto externos, podem interferir na quantidade de
cham quando em contato com a água proporcionando um líquido viscoso. Com água princípios ativos das plantas.
fria, as mucilagens engrossam e formam geis, com água quente dissolvem-se e formam
soluções coloidais que se gelificam de novo ao arrefecer. Nas plantas, estas substâncias 2.3.3.1 Fatores intrínsecos
servem de reservatórios, sobretudo pela sua capacidade de reter a água. Nas infusões
e decocções, as mucilagens das plantas medicinais têm como efeito reduzir a irritação Os fatores intrínsecos são inerentes do próprio vegetal. Algumas substâncias são
quer física quer química. Exercem assim uma ação favorável contra as inflamações das produzidas pelas plantas com uma finalidade que existe apenas numa determinada eta-
mucosas, especialmente as das vias respiratórias e digestivas, atenuam as dores das pa da vida da mesma, (floração, frutificação, amadurecimento da semente, etc.). Esta
contusões e amaciam a pele quando são aplicados cataplasmas. Ocorrem em diversas peculiaridade de cada planta produzir compostos específicos está relacionada ao seu
plantas, mas somente algumas espécies possuem aplicação terapêutica. São encontra- respectivo número cromossômico e estágio de desenvolvimento.
dos em maior quantidade nas sementes de tanchagem e malva, goma arábica e algas Plantas geneticamente inferiores não produzirão com qualidade satisfatória mes-
marinhas. Em menor quantidade encontram-se nas raízes tuberosas, folhas suculentas mo que sejam dadas a elas as melhores condições durante o cultivo, pois o seu código
e plantas de clima árido. genético não lhes confere a capacidade de produzir determinado princípio ativo.

Glicosídeos – as plantas produtoras de glicosídeos são de uso industrial, pois seu uso 2.3.3.2 Fatores extrínsecos
sem orientação médica pode ser perigoso. Apresentam ações e efeitos tão diversos que
é difícil agrupá-los sob um conceito químico. Os glicosídeos podem ser: alcalinos, ciano- Os fatores extrínsecos são os relacionados com o meio onde o vegetal está loca-
gênicos, cardiativos, antraquinônicos, flavonóides e saponínicos. lizado. Estes fatores podem ser divididos em três categorias:

Flavonóides – Este termo se aplica a uma larga gama de compostos naturais, com ex- a) Fatores climáticos (irradiação e temperatura)
tensas propriedades físicas e químicas, vulgarmente conhecidos como “pigmentos das b) Fatores climático-edáficos (água e gás carbônico)
flores”, por participarem na coloração das pétalas. Nas plantas apresenta as funções de c) Fatores edáficos (estrutura física do solo, arejamento, nutrientes, minerais, pH
fitoalexinas, agentes atrativos de insetos e aves, agentes repelente, agentes protetores e microorganismos)
contra radiação UV e inibidores enzimáticos. Possuem propriedades antioxidante, atrasa
o envelhecimento celular. Tem ação antiespasmódica, ação em determinados distúrbios Os fatores climáticos influenciam fortemente aéreo do vegetal. A temperatura afe-
cardíacos e circulatórios e em casos de cólicas estomacais. ta não só o vegetal como também o solo, modificando a composição do mesmo em ter-
mos de umidade, gás carbônico e nitrogênio.
Ácidos Orgânicos – diversas plantas apresentam ácidos orgânicos, que lhes conferem Produtos como os óleos essenciais, extremamente voláteis, são afetados de ma-
sabor ácido e propriedades farmacêuticas características, como, ação laxativa e refres- neira extrema pela temperatura.
cante. Plantas ricas em ácidos orgânicos são muito utilizadas na fito-cosmética. Essas A combinação dos fatores climáticos e edáficos constituem obstáculos importan-
substâncias encontram-se em maior quantidade nos frutos cítricos e ácidos e nas ver- tes na qualidade do solo. Pode-se citar, por exemplo, a diminuição da umidade e conse-
duras. Tem ação brandamente diurética, antifermentativa, e estimulante da respiração qüente dificuldade de germinação das sementes e/ou crescimento e desenvolvimento das
celular. plantas.
Os fatores edáficos propriamente ditos constituem uma combinação de condições
Saponinas - constituem um grupo de compostos praticamente onipresente nos vegetais. que influenciam sobremaneira toda a vida do vegetal. Eles relacionam-se mais diretamen-
São caracterizadas principalmente pela sua capacidade de formar espuma abundante e te com as condições do solo. Os mais importantes são:
estável. Apresenta forte atividade hemolítica (promove a destruição dos glóbulos verme- - Estrutura física do solo – Influencia a permeabilidade da água no mesmo e a
lhos do sangue), espermicida (mata espermatozóides), ictiotóxica (tóxica aos peixes). retenção de CO2.
As saponinas favorecem a ação dos demais princípios ativos da planta e em excesso - Presença de sais minerais e micronutrientes.
podem causar irritação da mucosa intestinal e manifestações alérgicas. Em algumas - pH do solo influencia de formas diferentes variadas plantas.
espécies como: erva-mate, joazeiro, e salsaparrilha, as saponinas são encontradas em - Presença de microorganismos - importantes no desdobramento de compostos

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3
Unidade 2 Plantas Medicinais Unidade

nitrogenados. UNIDADE III - Cultivo de plantas medicinais


A altitude também influi na produção de determinados constituintes químicos de
plantas, notadamente óleos essenciais.
A maneira de preparar o solo (caso de vegetais cultivados), incluindo-se ai aduba-
ção, aragem, e irrigação podem alterar a produção de princípios pela planta.

Referências consultadas:

ALBUQUERQUE, U. P.; HANAZAKI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de no-


vos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista
Brasileira de Farmacognosia, v. 16, p. 678-689, 2006.
BARRACA, S. A. Relatório do Estágio Supervisionado Produção Vegetal-II: MANEJO
E PRODUÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS. Universidade de São Pau-
lo - Escola Superior de Agricultura“Luíz de Queiroz”. Julho, 1999.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitote-
rápicos. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Brasília, 2007.
BRASIL. Decreto nº 5.813 de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF,

O
jun. 2006
cultivo da plantas medicinais inicia-se com a correta seleção e identificação
JORGE, S.S.A. Plantas medicinais:coletânea de saberes. 2009.
da espécie. O adequado manejo dessas culturas implica o domínio tecnoló-
KHAN R, ISLAM B, AKRAM M.; SHAKIL, S.; AHMAD, A, A.; ALI, S. M.; SIDDIQUI, M.;
gico de todas as etapas de desenvolvimento da espécie, visando, além da
KHAN, A. U. Antimicrobial activity of five herbal extracts against multi drug resistant
produção de biomassa, a produção do(s) princípio(s) ativo(s), que conferem
(MRD) strains of bacteria and fungus of clinical origin. Molecules, v. 14, n. 2, p. 586-
qualidade à planta enquanto matéria-prima para a fabricação de medicamen-
597, 2009.
tos fitoterápicos.
NISBET, L. J.; MOORE, M. Will natural products remain na important source of drug rese-
arch for the future? Current Oppinion in Biotechnology, v. 8, n. 6, p. 708-712, 1997.
Estudos agronômicos vêm sendo desenvolvidos visando propor tecnologias per-
OLIVEIRA, F., AKISUE, G.; AKISUE, M.K. Farmacognosia, Atheneu, São Paulo, 1991.
tinentes para o cultivo de plantas medicinais com qualidade. No entanto, a demanda de
SARTORATTO, A.; MACHADO, A. L. M.; DELARMELINA, C.; FIGUEIRA, G. M.; DUAR-
mercado de produtos fitoterápicos cresce mais rapidamente que a geração e difusão
TE, M. C. T.; REDHER, V. L. G. Composition and antimicrobial activity of essential oils
dessas tecnologias, considerando a grande variedade de espécies medicinais cultivadas.
from aromatic plants used in Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 35, n. 4, p.
Em linhas gerais, vários autores recomendam que o cultivo de plantas medicinais
275-280, 2004.
devem seguir como etapas básicas: escolha e preparo da área para cultivo; sistema de
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PE-
cultivos e tratos culturais; colheita, secagem e beneficiamento.
TROVICK, P.R. FARMACOGNOSIA: da planta ao medicamento. 6 ed. Porto Alegre:
Ressalta-se ainda a importância da agricultura praticada de forma orgânica para
UFSC, 1999 821p.
a produção de plantas medicinais. Fato resultante da clara tendência do mercado no
sentido da valorização do produto orgânico e da exigência da certificação da produção
orgânica pelas empresas e laboratórios produtores de medicamentos.

3.1 Escolha das espécies a serem cultivadas

É essencial a prévia escolha das plantas que serão cultivadas, respeitando os


critérios de adaptação das mesmas às características edafoclimáticas da propriedade em
questão. O desconhecimento dessas critérios pode levar ao insucesso na obtenção dos
princípios ativos de interesse, pela não adaptação da planta ao local de cultivo, ou mesmo
pela ausência de algum órgão, que pode ser a parte da planta utilizada como medicinal.

3.2 Escolha e preparo da área para cultivo

O local de cultivo deve guardar semelhança com o local de ocorrência natural da


espécie, para que a mesma expresse o seu potencial da produção.

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Unidade 3 Plantas Medicinais Unidade 3 Plantas Medicinais

Os locais com exposição ao sol, principalmente pela manhã, são indicados em Os biofertilizantes podem ser úteis não ape-
terrenos planos ou pouco inclinados, pois minimizam os problemas com a erosão do solo nas no fornecimento de nutrientes à planta, mas
e facilitam a utilização de equipamentos agrícolas quando necessário. O local de cultivo também na promoção do equilíbrio nutricional e da
deve ser isolado de áreas que possam contaminar as plantas cultivadas, como fossas, proteossíntese no interior das células e na seiva, o
esgotos e trânsito, bem como de áreas em que são aplicados adubos químicos e agrotó- que torna a planta menos suscetível à ação de pre-
xicos. O local do cultivo deve dispor de água em abundância e de boa qualidade. dadores e parasitas.
O tamanho da área destinada ao cultivo de cada espécie deve ser determinado Em ambientes equilibrados as espécies me-
de acordo com os métodos de propagação, espaçamento de plantio e estimativa de dicinais normalmente apresentam alta resistência
quantidade a ser produzida, bem como em função das épocas de colheita. ao ataque de doenças e pragas, já que não sofrerão
O solo deve ser leve e fértil para que as raízes tenham facilidade de penetrar e distúrbios fisiológicos. O uso de produtos químicos
desenvolver. Tendo disponibilidade é bom fazer a análise do solo, principalmente se tra- (agrotóxicos) é condenado para o cultivo de espécies
tando de horta comercial. medicinais, isto se justifica pela ausência de produtos
A análise do solo do local do cultivo, indicando as características químicas e físi- registrados para estas espécies, conforme exigência Fonte:http://salto15vermelho.blogspot.
cas do solo, é necessária para que possam ser realizadas práticas de correção e fertili- legal, e pelas alterações que tais produtos podem com/2010/07/boa-semana.html
zação do mesmo, apresentando as plantas as melhores condições de desenvolvimento. ocasionar nos princípios ativos.
Esta análise fornecerá os teores de alguns nutrientes presentes na amostra, que, A ocorrência de pragas e doenças no cultivo pode ser controlada através de prá-
caso estejam abaixo do ideal deverão ser corrigidos com o auxílio de metodologias de ticas culturais, como seleção de área de cultivo, manejo adequado do solo, rotação de
adubação orgânica pertinentes. A adubação orgânica pode ser fornecida de várias ma- culturas, consórcios, uso de material de propagação sadio, plantio na época correta e
neiras, sendo a adubação verde, o composto e o húmus de minhoca as formas mais plantio no espaçamento adequado. Para o controle específico de pragas e doenças, po-
utilizadas no cultivo de plantas medicinais. dem ser utilizados métodos alternativos, como a catação manual de insetos, eliminação
Nem sempre as condições ideais para o desenvolvimento e produção de biomas- de plantas ou galhos doentes, além da aplicação do macerado do fumo, da solução de
sa são as mais adequadas para a produção de princípios ativos de interesse. Muitas es- água e sabão e do extrato de alho e pimenta e biofertilizantes.
pécies produzem substâncias ativas quando submetidas a condições de estresse, como
uma reduzida disponibilidade de nutrientes no solo, pois em geral o princípio ativo de 3.4 Colheita, secagem e armazenagem
interesse está associado ao metabolismo secundário da planta que reflete adaptações a
condições adversas ou mecanismos de defesa. Como foi dito antes, o teor de produ-
Quanto ao aspecto físico do solo, pode ser melhorado, no seu preparo, incorpo- ção de determinados constituintes químicos
rando no mesmo, esterco e/ou composto orgânico, onde fornecerá nutrientes que ajuda- numa planta pode ser influenciado por uma
rão a reter a umidade. série de fatores. Esse teor varia também de
Após a correção do solo e do levantamento de suas características, procede-se o órgão para órgão, com o estádio de desen-
seu preparo para o plantio. O cultivo mínimo, onde o solo é revolvido somente na linha de volvimento, com a época de colheita, e até
plantio, através da abertura de sulcos, ou o plantio direto, em que o propágalo é deposita- mesmo o período do dia em que é coletada.
do diretamente no solo não revolvido, são sistemas de preparo de solo mais apropriado.
No entanto, para o cultivo da maioria das espécies medicinais, a melhor estratégia é a Fonte: http://www.tecnologiaetreinamento.com.br/agri-
cultura/plantas-medicinais/colheita-beneficiamento-
produção de mudas em viveiro, para posterior transplante a campo.
-plantas-medicinais-aromaticas/

3.3 Sistema de cultivo e tratos culturais


Dependendo do órgão a ser coletado, existem normas gerais a serem seguidas:

Os sistemas de cultivo variam de acordo com a espécie plantada, baseadas na
- Raízes, rizomas e túberas devem ser coletadas, geralmente na primavera ou no
forma de propagação, podendo ser sexuada ou assexuada.
outono. Nesta época, os processos vegetativos estão em fase estacionária;
Após o plantio, os tratos culturais serão responsáveis pelo sucesso no desenvol-
- Cascas devem ser coletadas na primavera;
vimento das plantas. A água é imprescindível no cultivo das plantas medicinais. Visto que
- Folhas devem ser coletadas durante o dia, quando o processo de fotossíntese é
a necessidade varia entre as espécies, deve-se irrigá-las sempre que necessário, pois
mais intenso;
um estresse híbrido pode ser irreversível, causando a morte da planta.
- Flores devem ser coletadas na época de polinização, quando se encontram bem
abertas e desenvolvidas;
- Sementes devem ser coletadas quando completamente maduras.

Deve-se evitar a colheita de plantas doentes, com manchas, fora do padrão, com
terra, poeira, órgãos deformados, etc. Durante o processo de colheita é importante evitar
a incidência direta de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente flores e fo-

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Unidade 3 Plantas Medicinais Unidade 3 Plantas Medicinais

lhas. As raízes podem permanecer por algum tempo ao sol. flores, para cascas e raízes esta umidade varia entre 12 e 20%.
Alguns autores mencionam que, de acordo com a substância ativa da planta, exis- O período de armazenamento deve ser o menor possível, pois com o passar do
tem horários em que a concentração desses princípios é maior. No período da manhã é tempo podem ocorrer perdas qualitativas e/ou quantitativas nas substâncias ativas das
recomendada a colheita de plantas com óleos essenciais e alcalóides, e no período da plantas. O local destinado ao armazenamento deve ser seco, escuro, arejado e isolado
tarde plantas com glicosídeos. Esse critério é importante no que diz respeito à qualidade da presença de pragas. Assim como na secagem, as plantas também deverão ser arma-
química do produto, pois uma baixa concentração da substância ativa no material pode zenadas isoladamente, cada espécie numa embalagem para que não ocorra a mistura.
levar a uma desconfiança na pureza do produto. O acondicionamento do material vai depender do volume produzido e do tempo
Um ponto importante para a qualidade é a anotação dos dados referentes às que se pretende armazená-lo. Serão necessários estudos para avaliar os diversos tipos
condições no momento da colheita, condução da lavoura, local, produtor, condições de de embalagens e o período de conservação máximo.
secagem, etc.
Normalmente após a colheita das plantas pode-se fazer o uso direto do material
fresco, extrair substâncias ativas e aromáticas do material fresco ou a secagem para co-
mercializaçao "in natura".
Afim de se evitar à degradação de princípios ativos o tempo decorrido entre o
momento da colheita e a secagem deve ser o menor possível. Pelo mesmo motivo a se-
cagem ao sol não é recomendada.
O uso de estufas com ar circulante é bastante adequado para efetuar a secagem
de drogas vegetais. Essas estufas trabalham a temperaturas baixas (35 a 45o C) e o ar
circulante ajuda sobremaneira a retirar a umidade que exsuda do vegetal.

Tipo de acondicionamento para plantas medicinais após secagem


Fonte: http://empregoerenda.com.br/paginas/275/4/hidroponia-de-plantas-medicinais-e-condimentares

Referência consultada:

SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PE-
TROVICK, P.R. FARMACOGNOSIA: da planta ao medicamento. 6 ed. Porto Alegre:
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Estufa com circulação de ar


Fonte:http://www.wfa.com.br/Produtos/DetalheProduto.aspx?Id=265&CategoriaCodigo=secadores

Existem várias razões para se promover a secagem de uma droga vegetal. Uma
delas é a diminuição de volume da mesma, o que além de tudo, facilita a conservação. A
redução do peso da planta ocorre em função da evaporação de água contida nas células
e tecidos, promovendo o aumento percentual de princípios ativos em relação ao peso
inicial da planta.
Deve-se observar que o teor de umidade numa droga é de extrema importância
para sua conservação. Quanto maior for esse teor, mais sujeita a agentes deletérios a
planta fica. O teor de umidade ideal após a secagem deve ser de 5 a 10% para folhas e

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4
Unidade 3 Plantas Medicinais Unidade

UNIDADE IV
Identificação das plantas medicinais

E
stima-se que o número de espécies de seres vivos no globo seja de 1,5
milhões. Essa diversidade é responsável pela dificuldade que os biólogos
têm em reconhecer todas as entidades de seres vivos e classificá-las em
sistemas que reflitam a sua real posição hierárquica na natureza.
Primeiramente faz-se necessário estabelecer diferenças entre identificação
e classificação.
A identificação é feita a cada vez que se deseja saber o nome de um ser coletado
ou encontrado na natureza e consiste na comparação com uma espécie já descrita. Pode-
-se basear também com dados de uma espécie existente em uma coleção (em caso de
plantas – um herbário), ou ainda com dados e ilustrações da literatura. Já a classificação,
coloca ou agrupa um determinado ser vivo em uma categoria específica dentro de uma
hierarquia.
A classificação botânica é feita por especialistas, onde atribúi-se um nome forma-
do por duas palavras latinas, designando o gênero e a espécie acompanhados do nome
do Autor (primeira pessoa que classifica a planta no sistema botânico). O nome científico
vem grifado de forma diferente, isto é, em itálico, negrito ou grafado. O primeiro nome
(gênero) inicia em maiúscula e o segundo em minúscula. No final do nome científico vem
o nome do autor.
A comparação realizada durante o processo de identificação pode ser feita através
de processos diretos ou indiretos.

4.1 Processos de identificação

4.1.1 Processos diretos

Neste processo não são utilizados equipamentos sofisticados, com exceção de


lupas de pequenos aumentos. Leva-se em conta quatro aspectos:
- Visão;
- Tato;
- Degustação ou sabor;
- Olfato;

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Unidade 4 Plantas Medicinais Unidade 4 Plantas Medicinais

As características morfológicas são obviamente muito importantes nos processo de vegetais, plantio de espécie não adequada ao local, etc. Na tentativa de facilitar este
diretos de identificação. Cada órgão vegetal apresenta características morfológicas que trabalho surge a identificação científica, que dá um nome oficial para a classificação dos
devem ser observadas e comparadas com as drogas padrão ou com as monografias vegetais.
especializadas. Sob este aspecto, as plantas são identificadas pelo seu porte, forma e ta-
manho da folha e, principalmente, pelo aspecto e coloração das flores. Assim para termos 4.2.2 Identificação científica
certeza da identidade de uma planta devemos observá-la na época de floração.
A identificação científica pode ser realizada
Principais aspectos a serem observados para a identificação direta das plantas: através de processo indireto ou direto, comparan-
- Porte da planta: arbóreo, arbustivo, semi-arbustivo, herbáceo, etc.; do-se o material desconhecido com espécies já
- Tipo de folha: folhas simples, composta, alternas, opostas, etc; classificadas em coleções denominadas “Herba-
- Forma da folha: redonda, ovalada, penada, cordiforme, septada, etc.; rium”.
- Tipo e cor da flor: é o principal meio de diferenciar as espécies; flor simples ou Os herbários nacionais estão localizados
inflorescência; em Jardins Botânicos, Universidades ou outras ins-
- Época de florescimento: existem basicamente duas épocas de florescimento, tituições de pesquisa. Alguns deles têm em suas
na primavera ou outono; coleções centenas de milhares de plantas secas,
- Produção de semente: a produção da semente é importante na reprodução da identificadas e ordenadas, destinadas à exposição
planta e na variabilidade genética da espécie. A propagação vegetativa garante a ausên- e ao estudo.
cia de variabilidade genética.

4.1.2 Processos indiretos Herbarium
Fonte: http://www.anbg.gov.au/cpbr/program/hc/hc-ANH.html
Três são os tipos de processos indiretos de identificação: físicos, químicos e bioló-
gicos. Os processos físicos podem ser considerados aplicam-se a identificação da maio-
ria das espécies vegetais, envolvendo principalmente microscopia e cromatografia. Os Para que possamos efetuar a comparação das plantas desconhecidas com as
processos químicos podem ser de três tipos: contidas no Herbário é necessária a elaboração de uma exsicata. Para a elaboração
- Transformações químicas - podem ocorrer no próprio tecido vegetal ou em seu desta devem ser coletadas plantas que contenham estruturas reprodutivas como flores
extrato; ou frutos. O material coletado deve ser submetido à secagem à sombra, prensado em jor-
- Reações características – dão reações de coloração específica ou de precipita- nal, e se o procedimento for realizado a temperatura ambiente, o jornal deve ser trocado
ção; todos os dias, para evitar o crescimento de fungos. Durante a coleta devem ser anotados,
- Incineração – fornecem um resíduo cujo peso deve ficar dentro de um determi- o nome científico e popular, local, data, nome do coletor, etc. Estes dados devem ser
nado limite. Pode fornecer evidências importantes de processos fraudulentos em maté- adicionados à exsicata junto com o nome botânico de identificação. Após a secagem, a
rias- primas vegetais destinadas a fabricação de medicamentos. planta deve ser fixada em papel ou cartolina, de preferência com linha e agulha.

4.2 Tipos de identificação

O processo de identificação de uma planta exige uma classificação que pode ser
em nível popular como em nível científico.

4.2.1 Identificação popular

Popularmente uma planta é identificada através do processo direto, usando os


sentidos e memorização dos aspectos de importância. Sob este aspecto os vegetais
podem ser classificados em plantas cheirosas, de beira de estrada, de beira de rio, do-
mésticas, rasteiras, etc.
È importante destacar que uma planta pode receber vários nomes, de acordo com
a região e cultura da população local. O nome popular é fundamental no trabalho comu-
nitário, é através dele que se dá o reconhecimento popular das plantas. No entanto, de
modo geral, não são úteis nos trabalhos científicos.
Confusões na identificação de plantas medicinais favorecem o aparecimento de
diversos problemas como: uso inadequado, intoxicações, comercialização equivocada
Exsicata
Fonte: http://gogocath.blogspot.com/2011/03/
pra-inspirar-decoracao-com-exsicatas.html

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5
Unidade 4 Plantas Medicinais Unidade

UNIDADE V
Referências consultadas: Manipulação de plantas medicinais
BEVILAQUA, G. A. P.; SCHIEDECK, G.; SCHWENGBER, J. E. Identificação e tecnologia
de plantas medicinais da flora de clima temperado. Circular Técnica 61. Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Pelotas, 2007.
JORGE, S.S.A. Plantas medicinais:coletânea de saberes. 2009.
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.;
PETROVICK, P.R. FARMACOGNOSIA: da planta ao medicamento. 6 ed. Porto Alegre:
UFSC, 1999 821p.

D
urante a formulação dos fitoterápicos deve-
mos levar em conta alguns pontos para que
a manipulação e a aplicação na clínica mé-
dica ocorram. Estes pontos envolvem a cor-
reta seleção da espécie vegetal, cultivo ade-
quado e avaliação dos teores dos princípios
ativos.
O aproveitamento adequado dos princípios ativos
de uma planta exige o preparo correto, ou seja, para cada
parte a ser usada, grupo de princípio ativo a ser extraído
ou doença a ser tratada, existem diversas formas de pre-
paro para o seu consumo ou utilização. Os efeitos colate-
rais são poucos na utilização dos fitoterápicos, desde que
utilizados na dosagem correta.
Apesar das especificidades de preparo para cada Fonte: http://medicinaseterapias.blogspot.
espécie existem algumas recomendações gerais no uso de com/2010_12_01_archive.html
plantas medicinais:
- Utilizar somente plantas perfeitamente identificadas;
- Nunca utilizar plantas desconhecidas ou de identidade duvidosa;
- Não colher plantas próximo a locais onde foi aplicado agrotóxico;
- Não coletar plantas à beira de estradas ou locais poluídos;
- Observar rigorosamente a higiene pessoal e dos utensílios utilizados no preparo;
- Não misturar plantas sem o conhecimento prévio do seu efeito, pois os princípios
ativos podem não ser compatíveis ou causarem efeitos contrários aos esperados;
- Não utilizar plantas com qualquer tipo de efeito tóxico durante a gravidez ou ama-
mentação, sem orientação médica;
- Utilizar utensílios adequados no preparo;
- Não utilizar chás laxantes e/ou diúreticos como emagrecedores;
- Não utilizar uma mesma planta ou preparado por período superior a 15 dias sem
consultar um profissional de saúde;
- Colocar rótulo em todos os preparados, contendo composição e data.

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Unidade 5 Plantas Medicinais Unidade 5 Plantas Medicinais

5.1 Algumas formas de preparo das plantas medicinais Findo o tempo previsto, filtra-se o líquido e pode-se acrescentar uma quantidade de di-
luente (água por exemplo), se achar necessário para obter um volume final desejado.
Dependendo da parte vegetal utilizada os chás apresentam formas diferentes de
preparo. Esta bebida tem uso externo e interno, por infusão ou decocção de uma ou mais Banhos - faz-se uma infusão ou decocção mais concentrada, que deve ser coada
espécies vegetais. e misturada na água do banho. O cozimento leva 20 a 40 minutos. Os banhos podem ser
Infusão ou chá abafadinho – es- parciais ou de corpo inteiro, e devem durar uns 20 minutos e são normalmente, indicados
sas preparações são ideais para partes das uma vez por semana.
plantas medicinais ricas em compostos volá-
teis (óleos essenciais), aromas delicados e Cataplasmas – São aplicações locais onde as plantas são utilizadas diretamente
princípios ativos que se degradam durante sobre a pele. As plantas podem ser cozidas brevemente ou amassadas, ou pulverizadas e
o contato com o calor intenso e prolongado. misturadas com água, ou com água e farinha formando uma pasta, logo após o preparado
Normalmente, trata-se de flores, brotações e pode ser envolvido em gaze para a aplicação.
folhas. As infusões são obtidas fervendo-se
a água, quando esta estiver em estado de
ebulição, põe-se sobre as plantas, tapa-se o
recipiente e aguarda-se de 5 a 30 minutos.
Isto para evitar que o vapor se perca e os
princípios ativos também. Em seguida, côa
o infuso e o utiliza acordo com a posologia Infusão
indicada para as plantas. Fonte: http://curaeencantamento.blogspot.
com/2010/11/do-preparo-e-utilizacao-das-plantas.html

Decocção – utilizada na preparação de


chás a base de ervas não aromáticas (que contém
princípios estáveis ao calor) e para as amostras ve-
getais constituídas por sementes, raízes, cascas e Cataplasma
Fonte: http://drmouramendes.blogspot.com/2010/03/argila-no-uso-externo-i.html
outras partes de maior resistência à ação da água
quente. Neste tipo de chá as partes das plantas uti-
lizadas devem ser cortadas em pequenos pedaços Compressas – É uma preparação de uso local (tópico) que atua pela penetra-
ou esmagadas antes de serem utilizadas. ção dos princípios ativos através da
Numa decocção, coloca-se a parte da plan- pele. Prepara-se amassando as ervas
ta na quantidade prescrita de água fervente. Co- frescas e depois de limpas. Aplicando-
bre-se e deixa-se ferver em fogo baixo por 10 a 20 -as, envolvida em um pano fino ou gaze
minutos. A seguir deve-se coar e espremer a erva ou diretamente sobre a parte afetada.
com um pedaço de pano de ou coador. Pode-se utilizar farinha de mandioca ou
Decocção fubá de milho adicionado ao chá ainda
Fonte: http://curaeencantamento.blogspot.com/2010/11/ quente, fazendo uma papa. Neste caso,
do-preparo-e-utilizacao-das-plantas.html envolve-se essa mistura da planta em
um pano limpo e aplica-se na região
Maceração – Processo realizado a frio quando o chá é tóxico, devido à ação do afetada. A compressa pode ser quente
calor utilizado na preparação do mesmo, que pode ou fria. Outra forma é molhar a ponta de
alterar as propriedades medicinais da planta. Esta uma toalha e colocar no local afetado,
preparação consiste em colocar a parte da planta cobrindo com a outra ponta da toalha
medicinal de molho em álcool, óleo, água, vinho ou seca, para conservar o calor.
outro líquido, durante um período de 18 a 24 horas.
Neste caso, as vitaminas e sais minerais não são Compressa
alterados pela fervura. È indicada para uso interno Fonte: http://banhodeluz1.blogspot.com/
e externo e pode utilizar flores, folhas e sementes.
Plantas onde há possibilidade de fermentações não Gargarejos – Usado para combater afecções da garganta, amigdalites e mau há-
devem ser preparadas desta forma. O recipiente lito. Faz-se uma infusão, decocção ou maceração concentrada e gargareja quantas vezes
deve permanecer em lugar fresco, protegido da luz for necessário. Ex.: Sálvia (máu hálito), tanchagem, malva e romã (amigdalites e afecções
solar direta, podendo ser agitado periodicamente. na boca).
Maceração
Fonte: http://fitomedicinapopular.blogspot.com/2009/06/
maceracao.html

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Unidade 5 Plantas Medicinais Unidade 5 Plantas Medicinais

gens utiliza-se o óleo de amêndoas ou o óleo de coco. A mistura deve permanecer em


frasco transparente e fechado a temperatura ambiente por 2 a 3 semanas. Terminado este
tempo filtra-se e separa-se uma possível camada de água que se formar.

Sumos – são sucos naturais extraídos das plantas medicinais e que constituem
uma terapêutica enérgica e eficaz para combater enfermidades. Pode-se obtê-los esma-
gando as ervas frescas com um pilão, liquidificador ou centrífuga. O pilão é mais usado
para as partes pouco suculentas. Quando a planta possuir pequena quantidade de líquido,
deve-se acrescentar um pouco de água e triturar novamente após uma hora de repouso,
recolher então o líquido liberado. Sequencialmente procede-se à filtragem, utilizando-se
uma peneira de malha fina ou um coador ou simplesmente um pano de filó. Os sumos
devem ser feitos para uso no mesmo dia, pois os seus princípios ativos alteram-se facil-
mente.

Gargarejo Tinturas - É uma maceração especial a frio, onde
Fonte: http://drogariasonlinecom.wordpress.com/category/uncategorized/page/11/ as partes de uma ou mais espécies são trituradas e ficam
macerando por um período de 8 a 15 dias, ao abrigo da
Inalações – preparação recomendada para uso interno no tratamento de proble- luz e à temperatura ambiente. Esta preparação utiliza o
mas do aparelho respiratório, onde utiliza-se 1 ou mais plantas com substâncias voláteis álcool, referencialmente de cereais, com concentração
ou aromática na forma de chá. Coloca-se a erva a ser usada em uma vasilha com água entre 70 a 90% e tem a finalidade de conservar os princí-
fervente, na proporção de uma colher (sopa) de erva fresca ou seca em 1/2L de água. pios ativos vegetais por longos períodos. O tempo de ar-
Respirar lenta e ritmicamente por 15 minutos. O recipiente pode ser mantido no fogo para mazenamento de uma tintura pode ser de um ano, desde
haver contínua produção de vapor. Usa-se um funil invertido de cartolina (ou outro papel que seja conservado em recipiente fechado ao abrigo da
duro), ou ainda uma toalha sobre os ombros, cabeça e vasilha, para facilitar a inalação luz e umidade.
do vapor que contém os princípios ativos. No caso de crianças deve-se ter muito cuidado,
pois há riscos de queimaduras.

Pós – após secar a planta o suficiente Tintura
para permitir a trituração manual das partes mais Fonte: http://www.spaceblog.com.br/error/
frágeis (folhas e ramos) e moer as raízes e cas-
cas, pode-se adicionar ao leite, ao mel, ao suco. Garrafada – preparado de origem popular que se assemelha a tintura. Neste caso,
Externamente, deve ser espalhado diretamente ocorre uma maceração do material verde ou seco em um líquido que pode ser vinho tinto
sobre o local ferido ou misturado em óleo, vase- ou vodka, mas que geralmente é a cachaça. A extração deve ser realizada num período
lina ou água antes de aplicar. Os pós são muito de 7 a 21 dias. . O recipiente deve ser agitado uma a duas vezes ao dia para melhorar a
sensíveis à ação da luz, do oxigênio e da umida- extração. A garrafada possui baixo grau alcoólico (40 – 45%), o que diferencia da maioria
de. das tinturas que possuem grau alcoólico entre 50-70%. Por ser um preparado de origem
Hoje é comum o encapsulamento de plan- popular, não existe relação fixa entre a quantidade de material vegetal e a quantidade de
tas finamente trituradas, só que a quantidade de líquido.
matéria vegetal é pequena, havendo necessida-
de de consumo de várias cápsulas por dia.

Cápsulas de plantas medicinais


Fonte: http://www.dohler.com.br/revistadohler16/vida.htm


Óleos – são elaborados através do processo de maceração a frio, onde as ervas
secas (folhas, sementes e flores) são misturadas com óleos de oliva, ou de girassol, ou
de milho, quando destinam-se ao uso interno. Para uso externo, em fricções e massa- Garrafadas
Fonte:http://curaeencantamento.blogspot.com/2010/11/do-preparo-e-utilizacao-das-plantas.html

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5 Unidade
6
Unidade Plantas Medicinais

Xarope - para o seu preparo adiciona-se extratos, tinturas e/ou alcoolaturas de UNIDADE VI
ervas ao mel ou ao xarope simples (calda de açúcar ou rapadura ralada). Mexe-se por Toxicologia das plantas medicinais
3 a 5 minutos em fogo baixo, coar e guardar em frasco de vidro. A quantidade de planta
a ser adicionada em cada xarope é variável de acordo com a espécie vegetal. O xarope
pode ser guardado por até 15 dias na geladeira, pois em temperatura ambiente ocorre
fácil contaminação. São utilizados nos ca-sos de tosse, dores de garganta e bronquite

Lambedor – preparação caseira,
feita com rapadura, açúcar ou mel, água e
plantas medicinais in natura. É obtido da se-
guinte maneira: coloque as cascas e raízes
das plantas picadas e lavadas no mel ou na
calda de açúcar e cozinhe em banho-maria
ou temperatura branda, deixando durante 10-
15 minutos após a fervura, mexendo algumas
vezes. Após esse tempo adicione as folhas
que já deverão estar previamente lavadas
e cortadas, e quando voltar a abrir a fervura
deixe em ebulição por no máximo 5 minutos.

P
Desligue o fogo, abafe, deixe em repouso até
esfriar, coe e coloque num vidro limpo com opularmente diz-se que o uso da fitoterapia
tampa e guarde em local fresco e ao abrigo “se bem não faz, mal também não”. Esta afir-
da luz. mação caracteriza um grave erro. Todos os
Lambedor vegetais possuem em sua composição uma
Fonte: http://conveniencia24h.com.br/product.php?id_product=503 série de princípios ativos que podem ser be-
néficos ou maléficos aos organismos. Além
Unguentos e pomadas – podem ser preparados com o sumo da erva ou chá disso, mesmo as plantas que comprovadamente possuem
mais concentrado, dissolvido num veículo gorduroso (base). Os produtos mais utilizados apenas princípios ativos benéficos podem atuar causando
como bases na preparação de pomadas são banha animal, gordura de coco ou vaselina malefícios se usadas em dose excessivas.
líquida. As pomadas e os unguentos permanecem por mais tempo sobre a pele, devem
ser usados a frio e renovados mais de uma vez ao dia. "A diferença entre o remédio e o veneno está na dose".

Referências consultadas:
A ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes
BEVILAQUA, G. A. P.; SCHIEDECK, G.; SCHWENGBER, J. E. Identificação e tecnologia das interações de substâncias químicas (princípios ativos)
de plantas medicinais da flora de clima temperado. Circular Técnica 61. Ministério da com o organismo, com a finalidade principal de prevenir o aparecimento deste efeito, ou
Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Pelotas, 2007. seja, estabelecer o uso seguro destas substâncias químicas chama-se Toxicologia.
DANTAS, I. C. ; FELISMINO, D. C. . O RAIZEIRO. 1. ed. Campina Grande: EDUEP, No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa são consumidas com pouca ou
2007. v. 1. 540 p. nenhuma comprovação científica de seus efeitos benéficos propagadas por usuários ou
JORGE, S.S.A. Plantas medicinais:coletânea de saberes. 2009. comerciantes. Muitas vezes essas ervas são utilizadas no tratamento de doenças para as
PEREIRA, D. S.; SACRAMENTO, L. R.; COSTA, J.F.; SILVA, V. A. S.; SILVA, A. C.; GAL- quais não possui princípio ativo positivo, resultando no não tratamento da enfermidade. A
VÃO, R. C.; PAULA, J. T.; LIMA, M. V. F. B.; COELHO, M. C. O. C. Secagem, preparo e toxicologia de plantas medicinais e fitoterápicos pode parecer inexistente quando compa-
manipulação de plantas medicinais. Revista Brasileira de. Farmacognosia v. 14, supl. rada com a dos medicamentos usados nos tratamentos convencionais. No entanto, isto é
01, p. 37-40, 2004. um equívoco. A toxicidade de plantas medicinais é um problema sério de saúde pública.
Os efeitos adversos dos fitomedicamentos, possíveis adulterações e toxidez, bem como
a ação sinérgica (interação com outras drogas) ocorrem comumente.
As pesquisas realizadas para avaliação do uso seguro de plantas medicinais e
fitoterápicos no Brasil ainda são incipientes, assim como o controle da comercialização
pelos órgãos oficiais em feiras livres, mercados públicos ou lojas de produtos naturais.

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Unidade 6 Plantas Medicinais Unidade 6 Plantas Medicinais

6.1 Reações tóxica e efeitos adversos


6.3 Classificação das plantas quanto ao uso:

O uso milenar de plantas medicinais Plantas de uso interno - são as que apresentam índices muito baixo de toxicidade ao
mostrou, ao longo dos anos, que determi- homem ou animais podendo ser ingeridas nas diversas formas de preparo.
nadas plantas apresentam substâncias po-
tencialmente perigosas. Do ponto de vista Plantas de uso externo - são as que apresentam altos índices de toxicidade ao homem
científico, pesquisas mostraram que muitos não devendo ser ingeridas e apenas usadas na forma de pomadas, unguentos ou banhos.
desses efeitos tóxicos são causados por
substâncias agressivas, que são tóxicas ou 6.4 Plantas medicinais que podem provocar intoxicação:
anti-nutricionais e, por esta razão, devem
ser utilizadas com cuidado, respeitando Algumas plantas apresentam altos índices de toxicidade e são consideradas vene-
seus riscos toxicológicos. nosas, pode-se citar: coroa de cristo (Euphorbia sp.), mamona (Ricinus communis), maria
O intenso apelo comercial advindo da procu- mole (Senecio brasiliensis), espirradeira (Nerium oleander), copo de leite (Zantedeschia
ra por produtos naturais aumentou o consu- sp.), sendo utilizadas de forma bastante restrita pelo homem, inclusive externamente.
mo de plantas medicinais. Entretanto, o uso
indiscriminado de fitoterápicos, sem o ade- Plantas que podem causar problemas no fígado - Confrei (Symphytum officinale);
quado conhecimento sobre seus efeitos tó- cambará (Lantana camara); canela sassafrás (Ocotea pretiosa); maria-mole (Senecio
xicos e colaterais, representa cada vez mais brasiliensis);
um risco para a saúde humana. Plantas que podem causar irritação no estômago e intestino - Jurubeba (Solanum
A maioria dos efeitos colaterais pro- paniculatum), umbu (Phytolacca dioica); arnica (Arnica montana)
movidos e registrados durante o uso de plantas medicinais são extrínsecos à preparação Plantas que podem afetar o sistema nervoso - Erva de santa maria (Chenopodium
e estão relacionados a diversos problemas de processamento, tais como identificação in- ambrosioides); trombeteira (Datura suaveolens); losna (Artemisia absinthium); cavalinha
correta das plantas, necessidade de padronização, prática deficiente de processamento, (Equisetum arvense)
contaminação, substituição e adulteração de plantas, preparação e/ou dosagem incorre- Plantas que podem provocar danos na pele - Arnica (Arnica montana); folhas de figo
tas. (Ficus carica); mamica de cadela (Brasimum gaudichaudii).
Os preparados com plantas não devem ser usados por tempo prolongado, aca- Plantas que podem provocar diarréias em doses altas - Babosa (Aloe vera); sene
bam perdendo o efeito ou causando efeitos colaterais. (Cassia acutifolia); ruibarbo (Rheum palmatum); tajujá (Cayaponia spp);
As plantas medicinais também são passíveis de causar problemas à saúde quan-
do contaminados com metais pesados ou por contaminação microbiológica. A contami- Referências consultadas:
nação de vegetais com metais pode ter diversas origens, tais como acidental, proposital,
contaminação do solo, de materiais de origem natural ou mineral e durante a manufatura. BEVILAQUA, G. A. P.; SCHIEDECK, G.; SCHWENGBER, J. E. Identificação e tecnologia
Já a microbiológica pode ser decorrente de plantas mofadas e mal conservadas ou da de plantas medicinais da flora de clima temperado. Circular Técnica 61. Ministério da
inadequada manipulação das ervas pelos comerciantes de feiras livre e de mercados Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Pelotas, 2007.
públicos. JORGE, S.S.A. Plantas medicinais:coletânea de saberes. 2009.
A hipersensibilidade é um dos efeitos colaterais mais comuns causado pelo uso de plan- VEIGA JUNIOR, V. F.; PINTO, A.C.; MACIEL, M. A. M. Plantas medicinais: cura segu-
tas medicinais. Ela pode variar de uma dermatite temporária (comum, por exemplo, entre ra?. Química Nova. V. 28, N. 3, 519-528, 2005.
os fitoquímicos) até um choque anafilático.
O uso concomitante de plantas medicinais e medicamentos sintéticos podem pro-
vocar intoxicações pela potencialização do efeito de algum princípio ativo.

6.2 Tipo de intoxicação causada:

Intoxicação aguda - é decorrente de um único contato ou múltiplos com pequenas do-


ses da planta que contém princípios ativos tóxicos, num período de tempo aproximado
de 24 horas. Os efeitos surgem de imediato ou no decorrer de alguns dias, no máximo 2
semanas.
Intoxicação crônica - resulta de contatos repetidos com a planta contendo princípios
ativos tóxicos, num período de tempo prolongado, de meses ou anos. Mesmo após sus-
pender o uso da planta os sintomas de intoxicação podem ocorrer.

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6 Unidade
7
Unidade Plantas Medicinais

UNIDADE VII - Algumas plantas importantes

7.1 Alecrim (Rosmarinus officinalis L.)

I
ndicações: estimulante digestivo e para fal-
ta de apetite (inapetência), contra azia, para
problemas respiratórios e debilidade cardíaca
(cardiotônico), contra cansaço físico e men-
tal, combate hemorróidas, antiespasmódico
(uso interno) e cicatrizante (uso externo).
Parte usada: folhas
Podem ser preparados xaropes, infusões e tintu-
ras. Usam-se ainda ramos em armários para afugentar
insetos.
Toxicologia: em altas doses pode ser tóxico e abortivo.

Fonte: http://www.fotosantesedepois.com/2010/03/23/alecrim-planta/

7.2 Alecrim-pimenta (Lippia sidoides)

Indicações: para impingens, acne, pano-branco, aftas, escabiose, caspa, maus odores
dos pés, axilas, sarna-infecciosa, pé-de-atleta, para inflamações da boca e garganta,
como antiespasmódico e estomáquico. Seus constituíntes químicos lhe conferem forte
ação antisséptica contra fungos e bactérias.
Parte usada: folhas secas ou frescas.
Podem ser preparados infusões e tinturas.

7.3 Alho (Allium sativum L.)

Indicações: contra hipertensão, picadas de inseto, diurético, expectorante, antigripal, fe-


brífugo, desinfetante, antinflamatório, antibiótico, antisséptico, vermífugo (lombriga, soli-
tária e ameba), para arterioesclerose e contra ácido úrico.
Parte usada: dentes (bulbilhos)

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Unidade 7 Plantas Medicinais Unidade 7 Plantas Medicinais

Podem ser preparados através de maceração e tin- 7.6 Boldo (Vernonia condensata Beker)
turas.
Toxicologia: contra indicado para pessoas com pro- Indicações: aperiente, colerético, desintoxicante do fígado, diu-
blemas estomacais e de úlceras, incoveniente para rético e antidiarrético. Usado popularmente para a ressaca al-
recém-nascidos e mães em amamentação. Em do- coólica.
ses muito elevada, pode provocar dor de cabeça, de Parte usada: folhas.
estômago, dos rins e até tonturas. A partir destas plantas são preparadas infusões, tinturas e ma-
cerados.
Fonte: http://receitasmarinpreciado.wordpress.com/category/
historia-do-alho/ Fonte: http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/ervas4.html

7.7 Calêndula (Calendula officinalis)


7.4 Artemísia (Chrysanthemum parthenium Bern.)
Indicações: cicatrizante e antisséptico (uso externo). Sudorífico, analgésico, colagogo,
antinflamatório, antiviral, antiemético, vasodilatador e tonificante da pele (contra acne).
Indicações: antileucorréico, antiespasmódico, febrifugo, para do- Parte usada: flores e folhas.
res de cabeça, enxaquecas, artrites, diarréia, pertubações gás- Esta planta pode ser utilizada como tinturas, infusões e cataplasmas.
tricas e insônia.
Parte usada: folhas e flores. 7.8 Capim-santo (Cymbopogon citratus)
São utilizadas como infusões e repelente de insetos.
Toxicologia: Não deve ser utilizado durante a gravidez, pois exer- Indicações: bactericida, antiespasmódico, calmante, anal-
ce forte ação sobre o útero, podendo causar aborto. gésico suave, carminativo, estomáquico, diurético, sudo-
rífico, hipotensor, anti-reumático. Mais utilizado em diar-
réias, dores estomacais e problemas renais.
Fonte: http://www.fotosantesedepois.com/2010/03/25/artemisia/ Parte usada: folhas
Esta planta pode ser utilizada como infusões.
Toxicologia: pode ser abortivo em doses concentradas.
7.5 Babosa (Aloe sp.)
Fonte: http://kefireiogurte.blogspot.com/2008/07/sabor-e-aroma-do-capim-santo-e-limao.html
Indicações: o suco das folhas é hidratante e re-
solutivo, quando usadas topicamente sobre in- 7.9 Confrei (Symphitum sp. L.)
flamações, queimaduras, eczemas, erisipelas,
queda de cabelo, etc. A polpa é antioftálmica, Indicações: hemostático, antinflamatório, cicatrizante. Utilizando para favorecer o cresci-
vulnerária e vermífuga (uso interno). A folha des- mento de tecidos novos em ulcerações, feridas e cortes, fraturas e afecções ósseas (onde
pida de cutícula é um supositório calmamente age como indutor da produção calcárea).
nas retites hemorroidais. É ainda utilizada exter- Parte usada: rizoma, raízes e folhas.
namente nas entorses, contusões e dores reu- Esta planta pode ser utilizada como cataplasmas, banhos locais, emplastos e tinturas.
máticas. O uso externo sobre feridas pode promover rápida cicatrização externa, sendo que o
Parte usada: folhas, polpa e seiva. processo inflamatório pode continuar internamente. A absorção dérmica, das substâncias
Podem ser preparados como suco, cataplasma tóxicas, parece não ser significativa.
e tinturas.
Toxicologia: não deve ser ingerida por mulheres 7.10 Erva-cidreira-de-arbusto (Lippia alba (Mill) N. E. Brown)
durante a menstruação ou gravidez. Também
deve ser evitada nos estados hemorroidários. Indicações: antiespasmódico, estomáquico, carminati-
Não usar internamente em crianças. vo, calmante, digestivo e combate a insônia e asma.
Parte usada: folhas.
Fonte: http://distribuidoraloevera.wordpress.com/category/aloe-verababosa/
Esta planta pode ser utilizada como infusões.
Toxicologia: popularmente não se recomenda o uso por
hipotensos (pressão baixa).

Fonte: http://omeujardim.com/artigos/top-10-ervas-aromaticas

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Unidade 7 Plantas Medicinais Unidade 7 Plantas Medicinais

7.11 Erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides L.) 7.15 Gengibre (Zingiber officinalis)

Indicações: estomáquico, diurético, vermífugo, su- Indicações: estimulante gastrintestinal, aperiente,


dorífico, para angina e infecções pulmonares. Ci- combate os gases intestinais (carminativo), vômitos,
catrizante e para contusões (uso externo). rouquidão; tônico e expectorante. Externamente é
Parte usada: folhas e flores. revulsivo, utilizado em traumatismos e reumatismos.
Esta planta pode ser utilizada como infusões, su- Parte usada: rizoma ("raiz").
mos e cataplasmas. Esta planta pode ser utilizada como tinturas, cata-
Outro usos: elimina e repele pulgas e percevejos - plasmas e decocto.
colocar os ramos debaixo dos colchões e varrer a Toxicologia: o uso externo deve ser acompanhado,
casa utilizando-os como vassoura. para evitar possíveis queimaduras.
Toxicologia: deve ser administrada com cautela. É
Fonte: http://www.cultivando.com.br/plantas_
contra indicado para gestantes e para crianças me- medicinais_detalhes/erva_de_santa_maria. Fonte: http://www.cozinhajaponesa.com.br/dieta-e-nutricao/index.php/gengibre-beneficios-na-saude/
nores de 2 anos de idade. Usar sob orientação de html
profissional da área.
7.16 Goiabeira-vermelha (Psidium guajava)

7.12 Falso boldo (Coleus barbatus) Indicações: antisséptico bucal e intestinal, inibe microorganismos como Salmonella, Ser-
rata e Staphylococcus. Para diarréias (principalmente de origem bacteriana) e inflama-
Indicações: tônico, digestivo, hipossecretor gástrico (para azia e dispepsia), carminativo, ções da boca e garganta.
para afecções do fígado e para ressaca alcoólica. Parte usada: folhas novas, brotos ou "olhos"(até a 6ª folha tenra, a partir do ápice). Folhas
Parte usada: folhas frescas. velhas não têm atividade antisséptica.
Esta planta pode ser utilizada como sumos e tinturas. Em gargarejos e bochechos, a infusão atua nas inflamações da boca e garganta.
Toxicologia: em doses elevadas pode causar irritação gástrica.

7.17 Guaco (Mikania glomerata Spreng.)


7.13 Folha-da-fortuna (Bryophylum pinnatum Kurtz)
Indicações: tem efeito broncodilatador, comprovado. É um antisséptico das vias respirató-
Indicações: emoliente (para furúnculos), cicatrizantes (queimaduras) e antinflamatório rias, expectorante, antiasmático, febrífugo, sudorífico, anti-reumático e cicatrizante.
local (uso externo). Refrescante intestinal, para coqueluche e demais infecções das vias Parte usada: folhas ou planta florida.
respiratórias, usada também para úlceras e gastrites (uso interno). Esta planta pode ser utilizada como infusões e xaropes.
Parte usada: folhas. Outros usos: é utilizada contra picada de cobras e insetos.
Esta planta pode ser utilizada como cataplasmas e sucos. Toxicologia: pode causar vômitos e diarréia quando usado em excesso.

7.18 Hortelã-comum (Mentha villosa)


7.14 Funcho (Foeniculum vulgare Mill)
Indicações: digestivo, estimulante e tônico geral, car-
minativo, antiespasmódico, estomáquico, expectoran-
Indicações: carminativo, galactagogo, digestivo, diurético, tô- te, antisséptico, colerético e colagogo, vermífugo (giar-
nico geral e antiespasmódico (cólicas de crianças). dia/ameba e lombrigas).
Parte usada: folhas, frutos e raízes. Parte usada: folhas frescas ou secas.
Esta planta pode ser utilizada como infusões e decocção. Esta planta pode ser utilizada como infusões.
Outros usos: o óleo essencial é utilizado na fabricação de li- Toxicologia: pode causar insônia, se tomado antes de
cores e perfumes. As sementes são utilizadas na confeitaria dormir, ou em uso prolongado.
como aromatizante de pães, bolos e biscoitos.
Toxicologia: O uso de mais de 20 g/l dessa erva pode ser
convulsivante.
Fonte:http://ocantinhodaservas.blogspot.com/2009/04/menthas-um-mundo-parte.html

Fonte: http://plantamania.wordpress.com/2010/03/29/funcho/

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Unidade 7 Plantas Medicinais Unidade 7 Plantas Medicinais

7.19 Macaé (Leonurus sibiricus) 7.23 Pata -de-vaca (Bauhinia fortificata Link.)

Indicações: estomáquico, febrífugo, anti-reumático, eupépico, contra vômitos e gastrinte- Indicações:hipogliceminante (antidiabético), purgativo e diurético. Para problemas do
rite. As flores são usadas para bronquite e coqueluche. aparelho urinário.
Parte usada: folhas e flores. Parte usada:folhas, flores e raízes e/ou cascas do tronco.
Esta planta pode ser utilizada como infusões, tinturas, friccionada as folhas sobre as Esta planta pode ser utilizada como infusões.
partes afetadas (anti-reumático).e cataplasmas.
7.24 Poejo (Mentha pulleglum)

7.20 Maracujá (Passiflora edulis) Indicações: carminativo, digestivo, vermífugo,expectorante,


antisséptico, antiespasmódico, emenagogo e para hidropsia.
Indicações: é utillizada contra inquietações nervosa, irritação fre- Parte usada: toda a planta.
quente e contra insônia. Esta planta pode ser utilizada como infusões.
Parte usada: folhas. Outros usos: serve para afugentas pulgas e mosquitos.
Esta planta pode ser utilizada como infusões. Toxicologia: a pulegona é citada por possuir efeito tóxico em
altas doses. Devido à presença do borneol, não se recomen-
Fonte: http://www.guiavegano.com.br/vegan/nossa-loja/alimentos/chas-organi- da o uso de planta por grávidas, especialmente nos 3 primei-
cos/capim-limao-melissa-e-maracuja-tribal-brasil ros meses.

Fonte: http://www.ninaflowers.com.br/index.php?p=ervas&id=49
7.21 Mestrato (Ageratum conyzoides L.)

Indicações: anti-reumática (uso externo), antidiarrético, febrífuga, antinflamatória, carmi- 7.25 Quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.)
nativa, emanagogo, tônica, útil contra resfriados e para cólicas menstruais.
Parte usada: toda a planta. Indicações: diurética, fortificante do estômago, aperiente, para cistite, anti-infeccioso das
Esta planta pode ser utilizada como tinturas, infusões e decocção. vias urinárias, para hipertensão arterial(diurético). A ação analgésica e relaxante muscu-
Outros usos: apresenta atividade contra insetos hemípteros (precocenos). lar de seus alcalóides, ajuda na expulsão dos cálculos renais, por atuar no relaxamento
Toxicologia: sem efeitos tóxicos nos estudos realizados. dos uréteres.
Parte usada: toda a planta
Esta planta pode ser utilizada como infusões, decocções.
7.22 Mil-folhas (Achilea millefolium L.) Toxicologia: abortiva e purgativa em dosagens acima das normais.

7.26 Tanchagem (Plantago sp.)


Indicacões: antiespasmódico, estomáquico
e expectorante. Contra distúrbio digestivos Indicações: expectorante, antidiarréico (folha), cicatri-
(dispepsia) e úlceras internas, varises, cólicas zante, adistrigente, emoliente e depurativo. Usada no
menstruais, amenorréia, celulite e hemorrói- tratamento da inflamações bucofaringeanas, dérmi-
das. Cicatrizante, antinflamatório e anti-reu- cas, gastrintestinais e das vias urinárias. As sementes
mático (uso externo). são laxativas.
Parte usada: folhas e inflorescências. Parte usada: toda a planta.
Esta planta pode ser utilizada como infusões, Esta planta pode ser utilizada como infusões, gargare-
decocções e sumos. jos e cataplasmas.
Toxicologia: existem referências que tratam
de sua possível ação tóxica nos animais do-
mésticos. Fonte: http://abecedariovegetal.wordpress.com/2010/04/15/tanchagem-maior/

Fonte:http://sitiogralhaazul.net/dev15/index.php?product_id=58&page=shop.product_details&category_
Referência consultada:
id=13&flypage=flypage.tpl&option=com_virtuemart&Itemid=1&vmcchk=1&Itemid=1

DANTAS, I. C. ; FELISMINO, D. C. . O RAIZEIRO. 1. ed. Campina Grande: EDUEP, 2007.


v. 1. 540 p.

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Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias
Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância
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Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2011 Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2011

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