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19/10/2018

CURSO DE
FORMAÇÃO DE
PSICOTERAPEUTAS
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GESTALT TERAPIA

LIERCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

DIFERENÇAS CRUCIAIS

¨ PSICOLOGIA

Wundt

¨ PSICANÁLISE

Freud

¨ PSICOTERAPIA
Ferenczi Otto Rank

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- PSICANÁLISE
- Psicanálise Clássica (S. Freud)
- Psicologia Analítica (C. G. Jung)
- Terapia da Vontade (O. Rank)
- Psicologia Individual ( A. Adler)
- Análise do Ego (M. Klein)
- Análise do Caráter (W. Reich) (Vegetoterapia)
- Bioenergética (A. Lowen)
- Psicologia do Self
- COMPORTAMENTAIS
- Terapia de Reflexos Condicionados (Salter)
- Terapia de Aprendizagem (Dollard)
- Behaviorismo (J. Watson)
- Behaviorismo radical (Skinner)
- HUMANISTAS
- Gestalt Terapia (F. Perls)
- ACP (C. Rogers)
- Logoterapia (V. Frankl)
- Análise existencial (Binswanger)
- Daseinanalyse (M. Boss)
- Psicodrama (J. Moreno)

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AS TEORIAS CIENTÍFICAS

Filosofia Epistemologia Teoria


Científica

Métodos
Técnicas

• Século 19 – Psicologia = Filosofia + Fisiologia


Critérios metodológicos
• 1886 – Friedrich Nietzsche – Falta de sentido histórico
“ Mas onde estão os psicólogos? Na França, com certeza;
talvez na Rússia; seguramente não na Alemanha”.
• No Brasil (anos 20) Lourenço Filho tinha instalado um
laboratório de psicologia com objetivos claros de elaborar
pesquisas de medidas de inteligência.

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• W. Wundt – 1873 - Laboratório de estudos psicológicos

• Observar os processos mentais através de sua reações


neurofisiológicas
“A experiência deveria ser analisada em seus elementos; os elementos deveriam,
por sua vez, serem examinados com a natureza de suas conexões uns com os
outros; e finalmente as leis destas conexões deveriam ser determinadas.” (Fred
Keller)

Fenomenologia Existencialismo
(E. Husserl)

Escola da Gestalt Nietzsche x Kierkegaard


Psicologia Organísmica
(K. Goldstein) - Heidegger
- Sartre
- Merleau-Ponty
- P. Tillich
- G. Marcel
- M. Buber

PSICOTERAPEUTAS EXISTENCIALISTA EUROPEUS


- L. Binswanger
- M. Boss
- Minkovski
- R. D. Laing e D. Cooper

PSICOTERAPEUTAS EXISTENCIALISTAS NORTE-


AMERICANOS
(Psicologia Humanista)
- Maslow
- Rollo May
- Andras Angyal

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MÉTODO FENOMENOLÓGICO

Metafísica
Positivismo
Fenomenologia
FENOMENO/LOGIA
Franz Brentano Husserl (1859 - 1938)

Luz, brilho, aparecimento = tudo aquilo que aparece na consciência

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EXISTENCIALISMO
“FILOSOFIA DA VIDA” de F. Nietzsche

“A desproporção ( . . . ) entre a grandeza da minha tarefa


1844 - 1900

e a pequeneza de meus contemporâneos, alcançou sua expressão


no fato de que nem me ouviram, nem sequer me viram...”
(Nietzsche)

Três raízes básicas da cultura ocidental:


# Grega
# judaica
# Romana
Viver uma expectativa de uma vida além
Ideal Ascético

Nietzsche Afirmação da Vida

Retorno da vida

O Interessa a Nietzsche é realizar uma crítica radical do


conhecimento racional tal como existe desde Sócrates e Platão.

Espírito Científico Grécia clássica Início da idade da razão

A oposição entre arte e conhecimento racional percorre toda a obra de Nietzsche que valoriza
a arte trágica ao combater a pretensão, que caracteriza a ciência, de instituir uma dicotomia
total de valores entre verdade e erro.

Repressão da Arte Trágica da Grécia Arcaica


- Conhecimento
- Vontade de saber
- Vontade de verdade
Crítica da ciência - Impulso epistemofílico
(afirmação pelo conhecimento

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A ARTE TÁGICA E A APOLOGIA DA APARÊNCIA


- O que é arte ?
- Que importância tem ela para a vida ?
- Que relação ela mantém com a força e a fraqueza ?

Modelo privilegiado
na crítica dos valores da decadência
Reflexão sobre a Grécia Arcaica

Arte na Grécia - Correlação entre uma sensibilidade exacerbada para o sofrimento


- Extraordinária sensibilidade artística

Qual era o
Sabedoria de antídoto ?
Sileno
Sileno - personagem lendário,
companheiro de Dionísio

Processo Dialógico em Psicoterapia


“Filosofia do Encontro” de Martin Buber

DIALÓGICO: Não se refere ao “discurso” como tal, mas ao fato de que a existência humana,
em seu nível mais fundamental é inerentemente relacional.
• O ser humano é fundamentalmente relação
• Não existe possibilidade de compreensão do ser humano que não seja a partir da relação

Possibilidades de relacionamento:

EU - TU EU - ISSO

Processo de diferenciação Relação cognoscente


Afirmação/Confirmação da diferença Relação de uso

Encontro genuíno imediato “Coisificação” do outro


Afirmação da alteridade Transforma o outro em objeto

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Processo Dialógico em Psicoterapia


“Filosofia do Encontro” de Martin Buber

ELEMENTOS DO INTER-HUMANO

1. O Social e o Inter-humano

2. Ser e Parecer

3. O “ Tornar-se Presente” da Pessoa

4. Imposição e Abertura

5. A Conversação Genuína

“ E com toda a seriedade da verdade, ouça:


o homem não pode viver sem o ISSO, mas aquele que vive somente com o ISSO não é homem”
(Martin Buber)

•CONSIDERAÇÃO POSITIVA INCONDICIONAL

•EMPATIA OU COMPREENSÃO EMPÁTICA

•GENUINIDADE

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ANÁLISE
Tão abstrata é a ideia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a ideia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

Fernando Pessoa

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O Surgimento da Gestalt Terapia...

Friedrich Salomon Perls, nasceu em 8 de julho de 1893, em


Berlim, Alemanha. Filho de pais judeus, Fritz Perls, chegou a
lutar na Primeira Guerra Mundial, como voluntário. Após o
terror passado durante esses anos, terminou sua formação
pouco depois, em 1921, na Universidade Friedrich Wilhelm de
Berlim, como neuropsiquiatra. Suas experiências na Alemanha
proporcionaram- lhe um posterior contato com a psicanálise,
não só como objeto de estudo, mas também,durante anos,
como analisando dos mais renomados psicanalistas da época,
dentre eles, Karen Horney, Wilhelm Reich.

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Em meados de 1926, mudou-se para Frankfurt, onde


conheceu Kurt Goldstein (1878-1965), neurofisiologista,
que, nessa ocasião, desenvolvia um trabalho de
vanguarda, na assistência a soldados que
apresentavam lesões cerebrais advindas da guerra. Fritz
Perls identificou-se com o trabalho desenvolvido por
Goldstein, a ponto de tornar-se seu assistente.

Outro fator importante do contato entre esses dois


pensadores é que Fritz Perls, ao estudar profundamente
os pressupostos de Goldstein, percebeu que seus
trabalhos estavam pautados na lei da figura-fundo,
questão proposta pela psicologia da Gestalt, escola que
estudava a percepção, e cujos expoentes – Köhler,
Koffka e Wertheimer, aplicavam a Fenomenologia de
modo sistemático em suas pesquisas, desenvolvendo a
idéia que a percepção é perpassada pela subjetividade,
envolvendo um processo complexo de organização dos
estímulos visuais, em configurações de figura-fundo.

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Em Frankfurt, no outono de 1926, Fritz Perls conheceu


Lore Posner que seria conhecida posteriormente como
Laura Perls, após sua ida para Nova York. Nascida em
1905, em Pforzheim, Alemanha, Laura Perls envolveu-se
com artes desde a infância, e, aos cinco anos, já tocava
piano com sua mãe, interessando-se mais tarde pela
psicologia. Assinala Laura Perls : “cheguei relativamente
tarde à Psicologia. Primeiro fui estudante de Direito e
Economia [...] fui uma das primeiras mulheres a
ingressar na Escola de Direito. Até então eu estava
engajada e realmente interessada nos aspectos
psicológicos de meus estudos. Foi assim que mudei” .

Com a perseguição nazista aos judeus, Fritz Perls viu-


se obrigado a fugir de seu país. No início de 1933,
procurou abrigo em Amsterdam, na Holanda, onde
morou com outros refugiados, em uma casa de uma
comunidade judia local. Laura e sua primeira filha,
Renate, então com dois anos, vieram a juntar-se a ele
em setembro desse mesmo ano. Ainda em Amsterdam,
estando em situação bastante difícil, Laura ficou
novamente grávida, mas procurou um médico para
fazer um aborto.

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Nessa época, Fritz Perls procurava permissão de trabalho,


para tentar escapar da perseguição. Foi a Londres e, ao
encontrar-se com Ernest Jones, biógrafo de Freud, foi
surpreendido com a proposta de Jones que “sabia que
alguém que havia trabalhado com Theodor Reik e que era
terapeuta na África do Sul, necessitava de um analista didata
e um co-terapeuta para um trabalho neste país” (Gaines,
1989, p. 31).
Fritz Perls conseguiu a vaga pois outros terapeutas, mais
renomados, não tinham interesse em deslocar-se para a
África do Sul, visto que o país que mais se desenvolvia
nessa época eram os EUA. Assim, em dezembro de 1934, a
família Fritz Perls seguiu para seu novo destino.

Perls afirma que a fuga e posterior mudança


tinham interrompido seu treinamento como
psicanalista: “Na época, o meu analista era
Wilhelm Reich e meus supervisores Otto
Fenichel e Karen Horney. De Fenichel,
recebi confusão; de Reich, ousadia; de
Horney, envolvimento humano sem
terminologia”

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Após a familia estabelecer-se em seu novo destino,


Fritz Perls teve que ultrapassar a barreira do idioma, já
que, apesar de ter estudado latim, grego e francês,
nunca fora muito bom no inglês. Apesar disso, o casal
fora bem recebido na África do Sul, e nesse país os
Perls tiveram contato com Jan Smuts, filósofo e
general do exército sul africano, e criador do holismo –
teoria de grande importância para a Gestalt. Em 1935,
Fritz e Laura Perls fundaram o Instituto Sul-Africano
de Psicanálise. Nesse momento promissor nasceu o
segundo filho do casal, Steven, mesmo a contragosto
do pai.

Fui designado para dar uma palestra na Checoslováquia,


no Congresso Internacional de Psicanálise. Eu queria
impressionar com o meu vôo e com uma palestra que
transcendesse Freud (...). A palestra que apresentei tratava
das ‘resistências orais’, e ainda era escrita em termos
freudianos. A palestra encontrou profunda desaprovação. O
veredito ‘todas as resistências são anais’ me deixou
bestificado. Eu quis contribuir com a teoria psicanalítica,
mas não percebi, na época, quão revolucionária era a
palestra, e quanto ela balançaria e até mesmo invalidaria
alguns fundamentos básicos da teoria do Mestre (Perls,
1979, p. 49-51).

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Após ser por ele recebido, em um momento em que Freud,


em razão de seu câncer bucal, já não mais aparecia tanto em
público, declara:

‘Vim da África do Sul para dar uma


palestra e para vê-lo’. ‘Bem, e quando
você volta?’ disse ele. Não me recordo do
resto da conversa (talvez de quarenta e
cinco minutos de duração). Fiquei chocado
e desapontado (Perls, 1979, p. 74).

Em 1946, Fritz Perls, no período pós-guerra, foi para os EUA


país que o acolheu e deu sustentação à sua nova teoria. Neste
contexto, surgiu um novo livro, em 1951, com o título, Gestalt
therapy, em co-autoria com Ralph Hefferline e Paul Goodman.
O livro havia sido concebido em duas partes, uma prática –
originalmente escrita com base em experiências clínicas do
próprio Fritz Perls – e uma teórica, que ficou a cargo de Paul
Goodman. Restou a Ralph Hefferline um papel mais
figurativo – afirma Laura Perls (1994) – pois, à época,
pretendia-se que a Gestalt tivesse alguma penetração no meio
acadêmico, daí a necessidade de vinculá-la a uma figura do
porte de Hefferline.

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A constituição formal da nova abordagem deu-se


em New York, com a criação do Grupo dos Sete,
formado por Fritz Perls e Laura Perls, Paul
Goodman, Isadore From, Paul Weisz, Elliot
Shapiro e Sylvester Eastman, com a criação do
Gestalt Institute of New York, em 1952. Dois
anos depois, em 1954, já foi criado o Gestalt
Institute of Cleveland.

A figura de Paul Goodman é de capital importância


para a construção da Gestalt terapia. Paul
Goodman (1911-1972) além de sociólogo, era
escritor, doutor e professor pela Universidade de
Chicago. Conceituado intelectual, coube-lhe trazer
a filosofia pragmatista – representada por William
James e John Dewey – para a Gestalt terapia.

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O processo psicoterápico...

Privilegiar a própria pontualidade do vivido do terapeuta


e de sua ação criativa experimental, em dialógica
relação interhumana com o cliente, como recurso
psicoterapêutico básico. Privilegiar a liberação da ação
criativa e as possibilidades de ajustamento criativo do
cliente, potencializar a criatividade e os poderes de sua
espontaneidade, e de sua atividade espontânea, na
reorganização de seu modo de ser e das condições de
seu mundo. Criar condições para a potencialização do
cliente como existencialmente criativo.

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Podemos dizer, em Gestalt Terapia, que o terapeuta investe o


seu poder e capacidades no sentido da criação de condições
para que o cliente assuma e desenvolva, na resolução de suas
questões existenciais, e na sua vida de um modo geral, a
‘habitualidade’ de uma postura fenomenológico existencial.
Que lhe permita usufruir da criatividade natural e das
potencialidades múltiplas da existência de seu ser no mundo.
Que lhe permita reorganizar e recriar produtivamente os seus
estilos de ser, estar e relacionar-se, e que lhe permita
enfrentar as suas questões existenciais da perspectiva de sua
originalidade, das suas possibilidades e da perspectiva da
originalidade de suas necessidades, capacidades e poderes.

A afirmação do desdobramento de sua vivência


de consciência é privilegiada. A partir da
perspectiva de uma certa filosofia da vida, e como
elemento metodológico fundamental do processo
psicoterapeutico. Destacando-se, neste sentido, o
privilégio de seus componentes afetivos, e a
efetivação de suas possibilidades como ação
criativa de auto-criação.

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Trata-se de reconhecer, na prática e ativa vivência


da espontaneidade, e na contingência da
consciência/afetividade do cliente, no momento de
sua atualidade existencial, em sua relação dialógica
com o terapeuta, as possibilidades de auto-liberação
de suas potencialidades, e das possibilidades de
enfrentamento criativo de suas questões e desafios
existenciais.

O estilo de F. Perls era, como sabemos desde o início em GT,


um estilo bastante curioso, freqüentemente hilariante, polêmico,
ou francamente bizarro. Independentemente de sua teorização,
que não o apreendia em sua inteireza, o seu estilo era, para ele,
o próprio exercício da GT. É importante observar, todavia
(como parece que começamos a tomar conhecimento de um
modo generalizado), que o estilo de Perls não era, nem é, o
método da GT, ainda que fosse uma implementação desse
método. Seu estilo era, como tal, particular e único, uma forma
idiossincrática (ainda que historicamente condicionada) de
operacionalização de um método.

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A maneira como a pessoa se torna aware é crucial para


qualquer investigação fenomenológica. O paciente deve
aprender a ampliar a awareness. De acordo com Fernandes e
Arruda (in D’ACRI, LIMA E ORGLER, 2007), a primeira
referência a essa palavra foi trazida por Perls. Quando
escreveu o livro “Gestalt-terapia” trouxe uma nova definição
para esse termo em que diz que “awareness caracteriza-se
pelo contato, pelo sentir (sensação/percepção), pelo
excitamento e pela formação de Gestalten”. (PHG in
D’ACRI, LIMA E ORGLER, 2007, p.32).

A Fenomenologia é uma busca de entendimento, baseada no


que é óbvio ou revelado pela situação, e não na interpretação
do observador. Os fenomenólogos referem-se a isto como
“dado”. A Fenomenologia trabalha entrando experiencialmente
na situação e permitindo que a awareness sensorial descubra o
que é óbvio/dado. A atitude fenomenológica é reconhecer e
colocar entre parênteses (colocar de lado) ideias preconcebidas
sobre o que é relevante, entendendo que uma observação
fenomenológica integra tanto o comportamento observado
quanto relatos pessoais, experienciais e que a exploração
fenomenológica objetiva uma descrição cada vez mais clara e
detalhada do que é (YONTEF, 1998).

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Bibliografia Indicada

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