O documento apresenta uma análise de um livro didático sobre ensino religioso. O livro analisado propõe um modelo de educação da religiosidade que não é proselitista, reconhecendo que há verdades em todas as religiões. A estrutura de cada capítulo introduz o tema e depois inclui exercícios, debates e provocações para desenvolver a reflexão crítica dos alunos. O livro parece adequado tanto para escolas públicas quanto para escolas particulares não confessional e promove o respeito à diversidade e inclusão.
Descrição original:
Roteiro de análise de livro de educação religiosa.
Título original
Roteiro de Análise de Livro Didático - Antropologia Teológica c (11!10!2018)
O documento apresenta uma análise de um livro didático sobre ensino religioso. O livro analisado propõe um modelo de educação da religiosidade que não é proselitista, reconhecendo que há verdades em todas as religiões. A estrutura de cada capítulo introduz o tema e depois inclui exercícios, debates e provocações para desenvolver a reflexão crítica dos alunos. O livro parece adequado tanto para escolas públicas quanto para escolas particulares não confessional e promove o respeito à diversidade e inclusão.
O documento apresenta uma análise de um livro didático sobre ensino religioso. O livro analisado propõe um modelo de educação da religiosidade que não é proselitista, reconhecendo que há verdades em todas as religiões. A estrutura de cada capítulo introduz o tema e depois inclui exercícios, debates e provocações para desenvolver a reflexão crítica dos alunos. O livro parece adequado tanto para escolas públicas quanto para escolas particulares não confessional e promove o respeito à diversidade e inclusão.
apresentado na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, como requisito parcial para a obtenção de média na disciplina de AntropoIogia Teológica C.
Professor: José Donizeti de Souza
PUC-CAMPINAS
2018 Introdução
O presente trabalho tem por objetivo analisar o livro didático Todos os
jeitos de crer, de Dora Incontri e Alessandro Cesar Bigheto. O livro se propõe ao ensino inter-religioso com vistas à prática da tolerância entre as religiões de modo a não conferir valor de verdade apenas a religião A ou B. Também o livro não possui o objetivo de descaracterizar a crença de alguém ou de tornar o seu leitor ou estudante um cético em relação às religiões. Pontos de vista diferentes são trazidos no livro acerca de vários temas de ordem existencial, como Deus, vida após a morte, importância da religião, origem do universo, etc. Há provocações e polêmicas incitadas em algumas questões e textos presentes no livro sem, contudo, ofender a crença pessoal do estudante. Tais provocações e polêmicas incitam o aluno a pensar melhor as questões das quais também são importantes para a sua experiência no mundo.
1. Concepção e modelo de ensino religioso presente no livro.
1.1. Identificação do modelo.
Logo de inicio, em sua apresentação (página 3), o material didático se
propõe a não ser proselitista, demonstrando que há verdades em todas as religiões e que este é um principio importante para a aceitação do outro e evitar intolerâncias que levaram e levam a violências de todo o tipo. Por outro lado, há a orientação para que cada um siga seu caminho de religiosidade a partir do aperfeiçoamento pessoal e aprendizado a partir dos conteúdos trazidos no livro. Na página 10 é dito que a verdade não é exclusiva a nenhuma religião. Na página 27 as perguntas são feitas de modo a não induzir ou constranger o leitor ou estudante a tomar partido sobre uma religião ou outra. Este esquema de afirmar a importância da religião sem indução ou constrangimentos faz parte de todo o livro. Com isso, pode-se concluir que o modelo de ensino religioso é o de educação da religiosidade. 1.2. A escola mais adequada para o material.
Conforme o exposto no item anterior o livro analisado pode ser utilizado
tanto em escola particular (não confessional) quanto em escola pública. Contudo, se a escola particular for confessional aí muito provavelmente estre será um obstáculo a confessionalidade requerida pela instituição, uma vez que para cada tópico trabalhado no livro: verdade – página 10; o valor dos mitos – página 22; perspectivas sobre o paraíso futuro – página 106, e assim por diante, é dado um tratamento à luz de possibilidades interpretativas a partir de cada religião trazida para o debate pelo livro.
2. Questões didático-pedagógicas e culturais.
2.1. Habilidades da faixa etária.
O livro é dirigido aos alunos do 6º ao 9º ano. Possui uma boa e acessível
linguagem, além de as atividades, questionários e pesquisas serem elaboradas de modo a atender o nível exigido para a faixa etária. Geralmente pede-se para comentar o texto de modo pessoal, assim como consta na página 124. Há indicativo de filmes para serem assistidos, como o filme Cidade dos Meninos, 1938 (página 129). As reuniões em grupo e as pesquisas recomendadas também são todas acessíveis em cada tópico do livro, pois em todas elas, assim como a pesquisa da página 145, há o acompanhamento do professor/orientador. A única objeção para o correto entendimento das propostas do livro é o nível educacional baixo das escolas na atualidade, cujos alunos em sua maioria não possuem domínio básico de gramática e de lógica para poder absorver melhor o conteúdo.
2.2. Tipos de exercícios
Os exercícios para fixação do conteúdo são bem ecléticos. Em todos os
tópicos são apresentados: o nó das questões – trata de questões relacionadas ao texto dado; criando polêmica – apresenta um pequeno texto provocativo e convida os alunos ao debate; comente o texto – para comentar outro texto dado relativo ao tópico do livro; façam vocês – atividades diversas a serem realizadas em sala de aula sob orientação do professor; pesquisa – pesquisa que pode ser feita fora da sala de aula em grupo; ...e fazendo a ponte – reflexão sobre o tema com resposta pessoal; o que isso tem a ver – desenvolver argumentos a partir de perguntas feitas com vistas a trazer o aluno à reflexão; e para terminar – perguntas feitas a partir de textos poéticos.
2.3. Estrutura de cada capítulo
O Livro é formado por 15 capítulos ou tópicos e a sua estrutura é bem
organizada de modo que o tema é inicialmente exposto na forma de texto para explicação do professor com algumas imagens que auxiliam na dinâmica de aprendizado. Chama a atenção do aluno para situações específicas de cada religião e o faz comentar textos sobre o tema, mas com pontos de vistas diferentes de acordo com a religião trabalhada em cada tópico. Depois do conhecimento ser introduzido, através da exposição do professor, são lançadas dinâmicas de trabalho em grupo, exercícios e esquemas de provocação para levar o aluno à reflexão do tema proposto.
2.4. Relação entre sociedade, escola e cultura
Há uma boa proposta de unidade e interação entre sociedade, escola e
cultura no livro analisado. Por exemplo, na página 186 é dada a letra da canção Procissão do compositor baiano Gilberto Gil, para a realização de uma atividade. A recomendação para se assistir a produções de cinema diversas, assim como o filme Germinal, 1993, constante na página 171, ou ainda, a busca através da internet para a realização de pesquisas como a da página 145 (busca de personagem-modelo da religião do aluno) são elementos indicadores desta unidade. 2.5. Participação nas atividades
A própria noção de que não há verdades exclusivas a determinada religião,
além da possibilidade de alteridade e de tolerância para com todos expostas em todo o livro é prova de que há uma preocupação com o desenvolvimento de autonomia e participação como cidadão ativo em sua esfera de vivência.
2.6. Respeito à inclusão, à diversidade social, sexual e religiosa
A diversidade religiosa é notória no livro, conforme já exposto nos itens
anteriores. Quanto à diversidade sexual há um tópico que trata sobre sexualidade e religião (página 148). Em especial é tratado o tema da homossexualidade a partir da página 155 trazendo um pano de fundo até os dias atuais, de modo a tentar diminuir preconceitos e paradigmas, bem como fomentar a diversidade e a tolerância para com a sexualidade do outro. Há indicações sobre o cuidado com o corpo na página 85, porém, não há qualquer conscientização direta acerca das pessoas com deficiência. Sobre o cuidado com o outro, com os mais pobres e, acerca do combate a violência é visto no tópico Para que vivemos (página 49). A teologia da libertação é utilizada neste tópico para o tratamento e reflexão acerca destas questões.
2.7. Interação família e escola
Como este livro é orientado à educação da religião e não um livro de
caráter confessional, as questões provocativas como a falta de sentido na vida (página 58) proposta por alguns filósofos como Friedrich Nietzsche, certamente levam o aluno a interagir e a indagar seus pais ou responsáveis sobre situações que fogem da tradição familiar da qual o aluno está inserido. 3. Bibliografia
BIGHETO. C. A., INCONTRI. D. Todos os jeitos de crer. São Paulo: Editora