Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
1. Introdução
A literatura sobre a avaliação de universidades no Brasil apresenta uma carência de
modelos quantitativos de avaliação da eficiência produtiva que contemplem os
múltiplos fatores envolvidos na atividade universitária e considerem os princípios e as
características norteadoras da avaliação institucional. Assim, são necessários estudos
dedicados a mensurar e fazer análises de eficiência destas instituições que sejam
capazes de considerar múltiplos recursos e múltiplos resultados.
A ferramenta Análise Envoltória de Dados – DEA utiliza uma técnica não-paramétrica
que emprega programação matemática para construir fronteiras de produção de
unidades produtivas – DMUs que empregam processos tecnológicos semelhantes para
transformar múltiplos insumos em múltiplos produtos. Tais fronteiras são empregadas
para avaliar a eficiência relativa dos planos de operação executados pelas DMUs e
servem, também, como referência para o estabelecimento de metas eficientes para cada
unidade produtiva.
Desta maneira, o seguinte trabalho tem como objetivo fazer uma comparação entre o
índice de esforço dos departamentos da Universidade Federal de Ouro Preto - Morro do
Cruzeiro, que também pode ser considerado como a eficiência, utilizando a DEA e o
método de cálculo adotado pela instituição.
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Análise Envoltória de Dados (DEA)
A análise envoltória de dados, ou DEA (Data Envelopment Analysis) consiste em uma
técnica bastante utilizada para avaliações de desempenho em organizações e, segundo
Colin (2007, p.142), “é considerada um dos sucessos recentes da Programação Linear e,
em termos mais amplos, da Pesquisa Operacional”.
Segundo Charnes et alii (1994) citado por Lins (2006, p. 255)
A história da Análise Envoltória de Dados começa com a dissertação para obtenção de grau de
Ph.D. de Edwardo Rhodes sob a supervisão de W.W. Cooper
publicada em 1978 (Charnes, Cooper e Rhodes, 1978). O problema
abordado na tese era o de desenvolver um método para comparar a
eficiência de escolas públicas, levando em conta “outputs” como:
escores aritméticos; melhoria de auto-estima medida em testes
psicológicos; habilidade psicomotora; e “inputs” como: número de
professores-hora e tempo gasto pela mãe em leituras com o filho.
Para cada uma das UTDs menos eficientes, o grupo das unidades de melhor prática que
são mais parecidas com elas e que poderiam ser usadas como
benchmarks.
O sucesso desse método no estudo da eficiência das instituições de ensino faz com que
o número de publicações sobre esse tema cresça de forma impressionante. De acordo
com um levantamento feito por Rosano-Peña (2011), existe uma compilação
bibliográfica sobre a DEA no site http://www.deazone.com/, e até março de 2010, o
número de publicações sobre educação já se aproximava de 70.
Especificando um pouco mais, Belloni (2000) destaca que o desempenho de uma
Instituição de Ensino Superior está relacionado com a forma como a instituição se
organiza para atender às necessidades da sociedade. A perspectiva da avaliação do
desempenho é então, organizacional, com referências internas, julgando a “organização
universidade” através de critérios relativos à missão institucional, objetivos, programas
e metas, recursos, resultados e todas as relações de gestão e produção que ocorrem no
seu interior.
Decorrem daí três dimensões distintas da avaliação do desempenho de uma
universidade:
- Dimensão técnico-operacional, que procura conhecer os recursos, os resultados e as
relações de produção que ocorrem no interior da universidade, e cujos critérios de
avaliação são a produtividade e a eficiência;
- Dimensão pedagógica, que está relacionada com os processos educacionais
propriamente ditos, tem como referência os objetivos e as metas organizacionais, cujo
critério de avaliação é a eficácia;
- Dimensão política, que busca aferir em que medida a instituição consegue responder
aos desafios que lhe são impostos, em termos do cumprimento da missão institucional.
O critério de avaliação é a efetividade. (Belloni, 2000, p. 32-33).
No entanto, a efetividade nem sempre é vista como um critério de avaliação do
desempenho, uma vez que está associada às necessidades e aos objetivos políticos da
sociedade e não necessariamente da Instituição de Ensino, o que também não elimina a
relação de coexistência e cooperação que existe entre as duas. Uma visão mais simplista
foi dada por Lindsay (1982), que descreve o conceito de “desempenho institucional”
somente com as dimensões da eficácia e da eficiência. Eficácia, relacionada com a
extensão com que as metas e objetivos são alcançados, e eficiência, que diz respeito às
relações entre recursos utilizados e resultados alcançados.
3. Estudo de caso
3.1 Definição do problema
A faculdade vem tentando estabelecer um método para medir a eficiência da instituição
para utilizar como indicador de suporte para tomada de decisão sobre redistribuição de
recursos. Assim, tivemos acesso a uma planilha eletrônica, no excel, utilizada para
calcular o índice de esforço dos departamentos, com dados do período 2017.1. Os
parâmetros utilizados para o cálculo foram: Carga horária média na graduação; Carga
horária média na Pós-Graduação; Bolsas graduação; Orientação mestrado; Orientação
doutorado; Iniciação científica e Bolsa de extensão. Sendo que as bolsas e orientações
são transformadas em horas para que os parâmetros fiquem na mesma medida. Logo de
cara podemos perceber o peso que a pós graduação leva no cálculo, o que pode ser
considerado um parâmetro inadequado para comparação, uma vez que nem todos os
departamentos contam com pós graduação. E os que possuem não estão no mesmo nível
de consolidação.
Outro ponto a ser destacado é a simplicidade com que o cálculo foi feito, utilizando
apenas operações algébricas comuns. Daí então veio a ideia de modelar o problema com
a ajuda da Análise Envoltória de Dados, que também irá medir para então compararmos
os modelos de cálculo.
A modelagem foi feita da seguinte maneira:
Os outputs foram considerados os mesmos parâmetros utilizados pela modelagem feita
pela faculdade, (Carga horária média na graduação; Carga horária média na
Pós-Graduação; Bolsas graduação; Orientação mestrado; Orientação doutorado;
Iniciação científica e Bolsa de extensão.) com acréscimo dos trabalhos de conclusão de
curso aprovados no mesmo período (TCC). Esse acréscimo tem função de tentar
diminuir a discrepância entre o peso das cargas horárias da pós graduação e da
graduação.
Os inputs foram o total de professores por departamento, considerando efetivos, efetivos
afastados e substitutos, e também o total de professores considerando apenas os efetivos
e efetivos afastados, e desconsiderando os substitutos. Desta maneira o modelo foi
rodado duas vezes, uma com cada input citado acima.
O modelo utilizado foi o BCC, que admite rendimentos variáveis de escala, com
orientação a maximizar os outputs e mantendo os inputs constantes.
Cada departamento foi considerado como uma DMU, totalizando 44, e com 8 variáveis
(outputs). Obedecendo assim a regra definida por Cooper at al. (2000), em que a
quantidade de DMUs deve ser no mínimo o triplo da soma da quantidade de inputs com
a quantidade de outputs.
O software utilizado para modelagem foi o Open Source DEA.