Você está na página 1de 51

1

MÉTODOS E TÉCNICAS
PARA COACHING
2

3 UNIDADE 1 – Introdução
5 UNIDADE 2 – Perguntas Eficazes - Iniciando
5 2.1 Os elementos consciência e responsabilidade

5 2.2 A função das perguntas

7 2.3 Preste atenção: às respostas, ao tom de voz, à linguagem corporal

8 2.4 Perguntas úteis

10 UNIDADE 3 – O Questionamento e o Estabelecimento de Metas


10 3.1 Informal, formal, individual

SUMÁRIO
11 3.2 Metas para quê?

13 3.3 Objetivos de quem?

15 UNIDADE 4 – A Realidade e a Consciência - Finalizando


15 4.1 Imparcialidade, discrição, sentidos

18 4.2 As escolhas e a classificação das opções

19 4.3 Finalizando

23 UNIDADE 5 – Algumas Dinâmicas de Coaching


23 5.1 AutoCoaching

26 5.2 Coaching de comunicação

29 5.3 Coaching multifocal

33 5.4 O modelo cíclico DADE e o método Ciclo Team Power ®

36 5.5 O modelo CHA para seleção de pessoal

39 5.6 Coaching transcultural

42 5.7 Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR)

43 5.8 O Balanced Score Card (BSC) na avaliação de resultados do Coaching

48 REFERÊNCIAS
3

UNIDADE 1 – Introdução

Método, segundo Ferreira (2004), pode como foco de ação: informações, ferra-
ser o caminho pelo qual se atinge um obje- mentas, desenvolvimento de habilidades,
tivo ou programa que regula previamente orientação e avaliação. Ele começa com
uma série de operações que se devem re- uma fase de sensibilização, seguida de ca-
alizar, apontando erros evitáveis, em vista pacitação, consolidação e conclusão. De-
de um resultado determinado. senvolve-se a partir da elaboração de um
plano de ação que contempla as principais
Técnica é o procedimento ou o conjunto
metas de crescimento do participante
de procedimentos que tem como objetivo
para atingir seus objetivos profissionais e
obter um determinado resultado, seja no
pessoais.
campo da Ciência, da Tecnologia, das Artes
ou em outra atividade (FERREIRA, 2004). Seminários com grupo, sessões de
atendimento individual, leituras e exercí-
No ser humano, a técnica surge de
cios, canal aberto, reuniões de feedback e
sua relação com o meio e se caracteriza
acompanhamento fazem parte da meto-
por ser consciente, reflexiva, inventiva e
dologia do Coaching.
fundamentalmente individual. O indiví-
duo a aprende e a faz progredir. Só o ser Um modelo de Coaching é um processo
humano é capaz de construir, com a ima- que permite ao Coach estruturar a inte-
ginação, algo que logo pode concretizar ração com o seu Coachee, para este man-
na realidade. Em termos de Tecnologia, a ter o foco nos seus objetivos e decisões.
técnica responde ao interesse e à vonta- A criação de uma agenda de tarefas fa-
de do homem de transformar seu ambien- cilita o cumprimento de todos os pontos
te, buscando novas e melhores formas de necessários para conseguir chegar aos
satisfazer suas necessidades ou desejos. resultados pretendidos. Existem mais de
20 modelos/processos diferentes para
Paladini (2012) nos lembra que as fer-
estruturar uma sessão de Coaching.
ramentas, por si só, não geram melhorias
e nem implantam alterações. O que elas Para usar um determinado modelo com
fazem, na verdade, é orientar a ação do uma pessoa, é necessário perceber quais
usuário. Elas geram dispositivos simples os resultados que essa pessoa pretende e
de avaliação de ações desenvolvidas, pos- qual o modelo que mais se adequa.
sibilitando ao usuário conhecer, passo a
Segundo estudos de Ferreira (2013),
passo, como ocorrem as mudanças nas
para um resultado eficaz, por vezes temos
operações de processo.
de aplicar vários modelos de Coaching.
Nos interessa nesse módulo refletir Durante o processo de resolução de um
e estudar métodos e técnicas para Coa- problema ou situação podem existir abor-
ching! dagens diferentes e para isso podemos
ter de mudar de processo para chegarmos
O Coaching, atividade que se desenvol-
eficazmente aos resultados pretendidos
ve ao longo de um tempo desejável, tem
4

pelo Coachee. incluindo aqueles que consideramos clás-


sicos, não se tratando, portanto, de uma
Ferreira (2013) encontrou pelo menos
redação original e tendo em vista o cará-
50 ferramentas que podem ser aplica-
ter didático da obra, não serão expressas
das no Coaching: Autoavaliação do Coach
opiniões pessoais.
- Contrato de Coaching - Criar Confiança,
Rapport e Empatia - Escuta Ativa - Escuta Ao final do módulo, além da lista de
Estruturada – Feedback – Reformulação referências básicas, encontram-se ou-
- Coaching Apreciativo - Perguntas Pode- tras que foram ora utilizadas, ora somen-
rosas - Feedback 360º - Janela de Johari - te consultadas, mas que, de todo modo,
Assessment Individual - Enunciar a Missão podem servir para sanar lacunas que por
- Tomada de Consciência - Estabelecimen- ventura venham a surgir ao longo dos es-
to de Objetivos - Reconhecimento de Com- tudos.
petências - T.P.O. - Transformar Problemas
em Objetivos - State of Flow - A Linha da
Vida - Roda da Vida - I.D.C.O.R. - G.R.O.W.
- C.R.A. - Método IESEC - Changing Belie-
fs - Análise Uau - C.L.E.A.R. – CreativeUp -
Anatomia do Sucesso - Eleição - ABC - Fast
- Feedforward - O.S.K.A.R. - PCM - PNL -
Mapa Mental - Posições Perceptivas - Yin
& Yang – POWER - QuesUp - 1234 - Filtros
de Sócrates - Inteligência Emocional - Me-
táforas e Frases Inspiradoras - Team Coa-
ching - Risodinâmica© - Ficha de Registo
da Sessão de Coaching – ROI - Supervisão
de Coaching.

Pois bem, neste módulo partiremos das


perguntas eficazes, o questionamento, o
estabelecimento de metas até a finaliza-
ção do processo e apresentaremos alguns
dos métodos citados acima.

Ressaltamos em primeiro lugar que em-


bora a escrita acadêmica tenha como pre-
missa ser científica, baseada em normas
e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos
de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas
não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma
compilação das ideias de vários autores,
5

UNIDADE 2 – Perguntas Eficazes - Iniciando

Nosso objetivo nessa unidade é mos- Consciência é saber o que está acon-
trar a importância das perguntas no pro- tecendo à sua volta.
cesso de Coaching, mas não qualquer tipo
Autoconsciência é saber o que você
de pergunta e sim perguntas que sejam
está sentindo.
eficazes, que nos levem a um resultado
que nos satisfaça. Esse raciocínio passa Consciência é feedback do meio am-
necessariamente por entendermos o lu- biente, do seu corpo, de suas ações, do
gar e importância dos elementos consci- equipamento que você está usando, em
ência e responsabilidade. oposição ao feedback de outras pessoas.

Responsabilidade demanda poder de


2.1 Os elementos consciên-
escolha, implica liberdade.
cia e responsabilidade
Quando a consciência da responsabili-
O primeiro elemento ou elemento-cha-
dade é verdadeira, a culpa dá lugar à esco-
ve do Coaching é a consciência, produto
lha e a performance é melhorada. Em ou-
de atenção direcionada, concentração e
tras palavras, se sentir responsável não
clareza.
faz temer o fracasso, nem lançar a culpa
Consciência inclui ver e ouvir no am- deste nos ombros de outra pessoa, faz
biente de trabalho e muito mais. Trata-se sim ter autoestima e autoconsciência nos
de reunir e perceber claramente fatos e níveis desejados para melhorar a perfor-
informações relevantes e a capacidade mance.
de determinar o que é relevante. Tal ca-
pacidade inclui uma compreensão de sis- 2.2 A função das perguntas
temas, dinâmicas, relações entre coisas e Segundo Whitmore (2010), geralmente
pessoas, e inevitavelmente algum enten- as perguntas são mais comumente feitas
dimento de psicologia. Consciência tam- para se solicitar informações. Eu posso re-
bém engloba a autoconsciência, em par- querer informação para resolver um pro-
ticular o fato de se reconhecer quando e blema meu, para dar um conselho ou su-
como as emoções ou desejos distorcem a gerir uma solução para outra pessoa. Se
própria percepção (WHITMORE, 2010). eu sou um Coach, contudo, as respostas
têm uma importância secundária. A infor-
O Coaching fornece a alternativa de
mação não é para meu uso próprio e pode
uma crescente consciência dos atributos
não ser completa. Ao contrário, a informa-
únicos do corpo e da mente de cada indi-
ção é justamente para orientar o outro, o
víduo, enquanto desenvolve a capacidade
Coachee.
e a segurança para melhorar sem a pres-
crição de terceiros. Isso desenvolve a au- Eu só preciso saber que a pessoa orien-
toconfiança, a segurança e a responsabili- tada tem a informação necessária. As
dade próprias. respostas dadas pelo Coachee frequente-
mente indicam para o Coach a linha a se-
6

guir com perguntas consecutivas, ao mes- e as perguntas contendo COMO, para


mo tempo em que o permite monitorar se “Quais são os passos...?” Elas evocam res-
o orientando está seguindo um caminho postas mais factuais e efetivas (WHITMO-
que seja produtivo ou que esteja alinhado RE, 2010).
com o propósito ou objetivos da empresa.
Outro ponto importante é que precisa-
As perguntas abertas exigem respos- mos focar nos detalhes, ou seja:
tas descritivas, elas promovem a cons-
As perguntas devem começar abran-
ciência, enquanto perguntas fechadas
gentes e focalizar de modo crescente o
são absolutas demais para apresentarem
detalhe. Essa exigência de mais detalhes
precisão, e respostas do tipo sim e não
mantém o foco e o interesse da pessoa
fecham a porta para um exame mais de-
orientada. O argumento é bem ilustrado
talhado. Elas nem mesmo forçam alguém
pelo exercício de olhar para uns centí-
a engajar seu cérebro. Perguntas abertas
metros quadrados de carpete. Depois de
são muito mais eficazes para gerar cons-
observar a fibra, a cor, o padrão e talvez
ciência e responsabilidade no processo de
uma marca ou mancha, o interesse do ob-
Coaching.
servador no carpete vai-se perder quase
As perguntas mais eficazes para inteiramente, e sua atenção vai começar
aumentar consciência e responsabi- a se voltar para coisas mais interessantes.
lidade começam com palavras que Dê-lhe uma lente de aumento e ele vai
procuram quantificar ou juntar fatos, olhar novamente, com mais profundida-
palavras como: de e por mais tempo, antes de se ente-
O QUÊ, QUANDO, QUEM, QUANTO; diar. Um microscópio poderia transformar
aquele pequeno pedaço de carpete em
POR QUE não é aconselhável, visto um universo fascinante de formas, textu-
que muitas vezes implica crítica e provoca ras, cores, micróbios e até insetos vivos o
reação defensiva; e, bastante para manter a mente e os olhos
PORQUE e COMO, se não qualificados, do observador fascinados por muitos mi-
levam ao pensamento analítico, o que nutos.
pode ser contraproducente. O mesmo ocorre no Coaching para ne-
Vamos explicar: análise (pensamento) gócios. O Coach precisa examinar minucio-
e consciência (observação) são módulos samente, ou procurar mais detalhes, para
mentais não semelhantes, cujo emprego manter o Coachee envolvido e para trazer
simultâneo para se obter um efeito abso- à consciência dele os fatores frequente e
luto é virtualmente impossível. Se o que parcialmente obscuros que podem ser im-
se requer é o relato preciso aos fatos, a portantes (WHITMORE, 2010).
análise de sua importância e significado é Além do foco nos detalhes, um princípio
temporariamente suspensa. Se nós real- básico é de que o Coach tem que acompa-
mente precisarmos fazer tais perguntas, nhar as áreas de interesse, o interesse
é melhor parafrasear as perguntas com próprio e o pensamento do Coachee, pri-
PORQUE para “Quais foram as razões...?”, meiro porque o interessado no processo é
7

este e não o Coach e segundo porque se sentir ou de ter uma consciência precisa a
o Coach conduz a direção das perguntas, respeito. É mais provável que nesse “pon-
ele vai enfraquecer a responsabilidade do to cego” esteja um desconforto velado ou
orientando. erro no movimento. À medida que o Coach
busca mais e mais consciência nessa área,
Se não é permitido aos orientandos
a sensação é restaurada e a correção
explorar caminhos nos quais têm interes-
ocorre naturalmente sem recorrer a ensi-
se, é provável que a fascinação persista e
namentos técnicos por parte do Coach. As
cause distorções ou diferenças no próprio
propriedades curativas da consciência são
trabalho, em vez de apenas na sessão de
enormes!
Coaching. Uma vez tendo explorado seus
interesses, eles estarão bem mais pre- Por fim, temos as perguntas conduto-
sentes e concentrados no que quer que ras, recurso de muitos Coaches fracos,
surja como o melhor caminho. Paradoxal- indicam que o Coach não acredita no que
mente, isso também pode ser válido para está tentando fazer. Isso será rapidamen-
o Coach focalizar em algum aspecto que o te reconhecido pelo orientando, e a con-
orientando parece evitar. fiança e o valor da sessão de Coaching se-
rão reduzidos. É melhor para o Coach dizer
Então, a fim de não prejudicar a con-
a quem orienta que ele tem uma sugestão
fiança e a responsabilidade da pessoa
do que tentar manipulá-lo nessa direção.
orientada, a dica é a seguinte: o caminho
As perguntas que implicam crítica tam-
de exploração é mais bem introduzido por
bém devem ser evitadas, como em “Por
uma afirmação seguida de uma pergunta:
que ‘diabos’ você fez isso”?
“Eu reparei que você não mencionou ... Há
alguma razão especial para isso”? Assim como as perguntas são impor-
tantes igualmente são as respostas! Ve-
Os pontos cegos! Esses não podem ser
jamos:
esquecidos de modo algum!

Um exemplo grotesco de ponto cego é 2.3 Preste atenção: às res-


aquela parte do veículo, a barra vertical
entre o para-brisa e o motorista no qual
postas, ao tom de voz, à lin-
este não consegue ver o que acontece. guagem corporal
Até mesmo uma pessoa que esteja pas- O Coach precisa estar integralmente
sando na rua some neste ponto do veícu- atento às respostas de seus orientan-
lo, devendo o motorista ser extremamen- dos. A confiança irá se perder se ele não
te habilidoso para se esgueirar e procurar estiver, e ele também não saberá qual a
visão para não causar um acidente. melhor pergunta a fazer na sequência.
Esse processo tem que ser espontâneo.
Whitmore (2010) cita como exemplo
As perguntas preparadas mentalmen-
o processo para jogadores de golfe e tê-
te antes de realizadas quebram o fluxo e
nis que podem se interessar pelo parale-
não acompanham o interesse da pessoa
lo físico desse princípio. Um Coach pode
orientada. Se o Coach está pensando na
perguntar a um discípulo que parte de
próxima pergunta enquanto o orientan-
seu giro ou tacada ele acha mais difícil de
8

do está falando, este vai se dar conta de de uma antiga linha de pensamento, uma
que aquele não está ouvindo realmente. É voz mais animada vai indicar o surgimento
muito melhor ouvir a pessoa e fazer uma de novas ideias. A escolha lexical do orien-
pausa, se for necessário, enquanto a per- tando pode ser bastante reveladora: uma
gunta seguinte vem à mente. predominância de termos negativos, uma
mudança para uma linguagem formal ou
A maioria das pessoas não é boa em es-
infantil, tudo isso tem significados vela-
cutar os outros. Na escola nos dizem para
dos que podem ajudar ao Coach a enten-
escutar, mas não nos treinam ou orientam
der e, consequentemente, facilitar.
para isso.
A linguagem corporal também deve ser
Essa é uma habilidade que requer con-
observada para além da escuta com o ob-
centração e prática. Ainda que pareça
jetivo de escolher a próxima pergunta. Já
estranho, umas poucas pessoas têm di-
sabemos que a postura indica uma condi-
ficuldade em escutar o noticiário ou uma
ção do Coachee e precisamos agora inter-
boa estação de rádio. O interesse prende
pretar essa postura, por exemplo:
a atenção; talvez precisemos aprender a
nos interessarmos pelos outros. Quan- incerteza ou ansiedade nas respos-
do nós realmente escutamos alguém, ou tas podem ser reveladas pela sua mão co-
quando alguém realmente nos escuta, é brindo parcialmente a boca enquanto fala;
muito bom. Quando escutamos, estamos
braços cruzados na altura do peito
realmente ouvindo? Quando olhamos,
frequentemente indicam resistência ou
estamos realmente vendo? Enganamos
insubordinação; e,
a nós mesmos e àqueles a quem orienta-
mos se não os ouvimos e vemos verdadei- uma postura corporal aberta sugere
ramente, e com isso quero dizer manter receptividade e flexibilidade.
contato visual com eles. A obsessão por
Mais uma vez vale a preciosa dica de
nossos próprios pensamentos e opiniões
Whitmore (2010): se as palavras dizem
e a compulsão por falar, particularmente
uma coisa e o corpo parece estar dizendo
se estamos desempenhando um papel
outra, o corpo está mais propenso a indi-
de aconselhamento, são fortes. Diz-se
car os sentimentos verdadeiros.
que já que nos foram dados dois ouvidos
e uma boca, deveríamos escutar duas ve-
zes mais do que falar. Talvez a coisa mais 2.4 Perguntas úteis
difícil que um Coach precisa aprender seja Existem perguntas que são mais úteis
a calar a boca! ao Coaching do que imaginamos. Elas de-
vem ser sempre autênticas. Vejamos al-
Essa fala de Whitmore (2010) parece guns exemplos:
grosseira, mas é verdade. A escuta em
grande parte das situações é tão ou mais “O que mais?”, usada no final da maio-
importante do que a fala, tanto que o tom ria das respostas fará surgir algo mais.
de voz da pessoa orientada vai indicar Silêncio total, enquanto se permite que
qualquer emoção e deve ser escutado. Um o Coach pense, frequentemente também
tom monocórdio pode indicar repetição evoca algo mais.
9

“Se você soubesse a resposta, qual


seria?” - não é uma idiotice como pode pa-
recer, uma vez que permite ao orientando
olhar além do obstáculo.

“Quais seriam as consequências disso


para você ou para outras pessoas?”

“Que critérios você está usando?”

“Qual é a parte mais difícil/desafiado-


ra disso para você?”

“Que conselho você daria a um amigo


na sua situação?”

“Imagine-se tendo um diálogo com a


pessoa mais inteligente que você conhe-
ce ou de que se lembra. O que ele ou ela
lhe diria para fazer?”

“Eu não sei o que fazer com isso ago-


ra. O que você faria?”

“O que você ganharia ou perderia fa-


zendo ou dizendo isso?”

“Se alguém lhe dissesse ou fizesse


isso, o que você sentiria, pensaria ou fa-
ria?”

As perguntas do Coaching implicam


atenção para a resposta, concentram
atenção na precisão e criam um feedback.
Instruir não faz nada disso (WHITMORE,
2010, p. 51).
10
UNIDADE 3 – O Questionamento e o
Estabelecimento de Metas
Conhecidas as perguntas “úteis”, é pre- equilíbrio com os demais aspectos de sua
ciso estabelecer sobre o que perguntar, e vida. Esse Coaching pode se dar através
em que ordem, lembrando que o Coaching de reuniões com um Coach externo den-
de maneira geral pode ser formal, infor- tro ou fora das instalações da empresa,
mal ou individual. Quais metas, quais ob- com frequência e duração definidas a par-
jetivos, de quem? Estes são os passos da tir dos objetivos a serem atingidos, esta-
vez. belecidos na contratação do serviço, sen-
do então um Coaching individual e formal.
3.1 Informal, formal, indivi- O Coaching individual pode ocorrer en-
dual tre colegas, entre um gerente e um subor-
O Coaching pode ser livre e informal, a dinado, entre um antigo professor e um
ponto de as pessoas envolvidas no pro- aluno, entre um Coach e um atleta, ou en-
cesso não saberem que estão sendo tre um consultor e alguém buscando seu
orientadas. Para a função diária de geren- auxílio. O Coaching individual pode até
ciamento de instrução e questionamento ser aplicado em direção a um nível mais
da equipe, nada é melhor do que o Coa- elevado, embora quase sempre de forma
ching, mas ele não deve ser reconhecido velada, por um funcionário em seu chefe.
como tal; seria apenas gerenciamento. Afinal, como ninguém chega muito longe
dizendo ao chefe o que fazer, o Coaching
Para Whitmore (2010), no caso acima, o num nível crescente tem uma taxa de su-
Coaching deixa de ser uma ferramenta de cesso muito mais alta! (WHITMORE, 2010).
gerenciamento e se torna simplesmente
uma forma de gerenciar pessoas, e a mais A sequência de passos mais conhecida
efetiva. para o Coach foi proposta por Whitmore,
conhecido como método GROW, chamado
Na outra extremidade do espectro, uma assim por dois motivos: primeiramente
sessão de Coaching pode ser agendada e pelo nome que em inglês significa cresce
estruturada de tal modo que o propósito e por ser as iniciais das 4 etapas do méto-
e os papéis fiquem bem definidos. É o que do.
chamamos de Coaching formal, método
pago, existindo um contrato, com sessões GOAL (META) - defini-la não só para a
ou reuniões agendadas (MARQUES, 2014). sessão, mas também no curto e longo pra-
zos.
Se pensarmos em um executivo, o pro-
cesso de Coaching individual possibilita REALlTY (REALIDADE) - explorar a situ-
reconhecer seus potenciais e entender ação atual.
seu papel na organização, passando a en- OPTlONS (OPÇÕES) - explorar – estraté-
carar desafios com maior segurança. gias alternativas ou cursos de ação.
O objetivo final deve ser conciliar e atin- WHAT/ WHEN/ WHOM/ WILL - o QUE
gir os objetivos pessoais e da empresa, em
11

deve ser feito, QUANDO, por QUEM. 1º. Especificidade significa exatamen-
te ser bem definida.
Essa sequência pressupõe que é de-
sejável se passar pelos quatro estágios, 2º. Mensurabilidade é tornar sua meta
o que geralmente acontece ao se tentar quantificável, palpável.
lidar com um novo e difícil assunto pela
3º. Exequibilidade nada mais é do que
primeira vez. Todavia, o Coaching será fre-
ter uma meta alcançável, possível, viável.
quentemente usado para se avançar em
uma tarefa ou processo que já tenha sido 4º. Relevância é tornar a meta signifi-
discutido ou que já esteja acontecendo. cativa, desafiadora.
Nestes casos, o Coaching pode começar e
5º. O tempo, talvez a variável mais im-
terminar em qualquer estágio.
portante... é preciso estipular o tempo
para realizar algo.
3.2 Metas para quê?
Invariavelmente iniciamos uma reunião Perguntas como:
de Coaching determinando uma meta para
O que você espera obter dessa reu-
ela. Se o orientando buscou uma reunião,
nião?
claramente é ele que precisa definir o que
quer obter dela. Mesmo que tenha sido o Eu tenho meia hora para isso, onde
Coach ou o gerente que tenha solicitado a você espera ter chegado até lá?
reunião para resolver uma questão espe-
Qual seria o ponto mais útil para você
cífica que ele nomeia, o orientando ainda
obter nessa reunião?
pode ser perguntado se há algo que ele
queira da reunião. Iriam evocar respostas do tipo:
GOAL (metas): o primeiro passo do Um resumo do que eu posso desen-
trabalho é estabelecer uma meta, um volver no mês.
objetivo a ser alcançado. Consiste essen-
cialmente em responder à questão: “o Uma ideia clara e um comprometi-
que você quer?” Pode parecer algo muito mento com os próximos passos de minha
simples, mas é muito comum que o clien- ação.
te tenha metas muito genéricas, do tipo Uma decisão sobre que lado seguir.
“quero ser feliz” ou “quero resolver meus
problemas”, e que encontre grande difi- Uma compreensão de quais são as
culdade quando tentamos detalhar seus principais questões.
objetivos. Para isso são empregadas algu- Um orçamento de acordo para o tra-
mas ferramentas como a “Roda da Vida”. balho.
Meta pode ser entendida como a uni- Existem metas finais e metas de per-
dade básica de um projeto de vida, um ob- formance, as quais precisamos saber dis-
jetivo a ser atingido. Uma meta pode ser tinguir.
representada por cinco variáveis: especi-
ficidade, mensurabilidade, exequibilida- Uma meta final: tornar-se o líder do
de, relevância e tempo: mercado, ser nomeado diretor de vendas,
12

conseguir uma determinada conta, ga- tas específicas.


nhar a medalha de ouro – raramente está
OPTIONS (Opções): o passo seguinte
como um todo sob seu controle. Você não
é fazer um levantamento do caminho a
pode saber ou controlar o que seus con-
ser percorrido (o que você pode fazer?).
correntes irão fazer.
Imagine alguém que vai viajar: ele identi-
Uma meta de performance: identifique fica seu destino num mapa e estuda qual
o nível de performance que você acredita o melhor caminho a percorrer, preferindo
que irá lhe proporcionar uma boa chan- uma estrada que seja mais curta ou mais
ce de alcançar o objetivo final. Está em segura, por exemplo. Ao estudar opções,
grande parte sob seu controle e isso ge- podemos considerar relações de custo x
ralmente cria meios de medir progresso. benefício ou de graus de dificuldade.
Exemplos de metas de performance po-
WHAT (O que): o passo final é estabe-
dem ser para 95% da produção passarem
lecer o plano de ações, passo a passo, de-
no controle de qualidade da primeira vez,
talhadamente (o que você vai fazer?). Um
venderem 100 coisas no mês que vem ou
plano de ações é o coração de todo pro-
correrem 1.500m em 4 minutos e 10 se-
cesso; o cliente se compromete com um
gundos até o fim de setembro.
conjunto de ações que vai implantar até
O importante é que é mais fácil se com- a sessão seguinte (normalmente as ses-
prometer e assumir responsabilidade de sões são semanais), e a primeira ativida-
uma meta de performance que esteja sob de da próxima sessão vai ser o exame de
seu controle do que de uma meta final que como o plano de ações foi aplicado.
não esteja. Uma meta final deve, sempre
Em cada uma dessas etapas podem ser
que possível, ser apoiada por uma meta
utilizadas diversas ferramentas de Coa-
de performance.
ching específicas. Ao longo das sessões, o
A meta final pode dar a inspiração, mas cliente vai experimentar um intenso pro-
a de performance define a especificação. cesso de autoconhecimento e revisão de
valores, então é muito comum que a meta
REALITY (Realidade): nessa etapa o
inicial seja substituída por um outro obje-
cliente se dá conta de como está agora, o
tivo mais relevante ou imediato. O êxito
ponto de partida de seu trabalho. A per-
do método depende basicamente de dois
gunta básica seria “o que você quer que
elementos indispensáveis:
aconteça que não está acontecendo ago-
ra?” Em outras palavras, dar-se conta da Comprometimento – a motivação do
situação atual, dos recursos (internos e cliente para atingir seus objetivos é fun-
externos) que tem disponíveis e dos obs- damental, e será constantemente esti-
táculos para o sucesso. Aqui muitas vezes mulada pelo Coach ao longo do trabalho;
ele vai entrar em contato com “crenças li-
Confiança Mútua – a atuação profis-
mitantes” que aumentam a real dimensão
sional e ética do Coach deve ser capaz de
de seus problemas ou escondem sua real
produzir uma intensa relação de confian-
capacidade de resolvê-los, e que precisa-
ça com o cliente; apenas assim ele poderá
rão ser trabalhadas a partir de ferramen-
ser um auxiliar eficiente no intenso pro-
13

cesso de imersão dentro de si que o clien- sido aumentá-la. Eles podem considerar
te vai realizar durante as sessões (CAM- ou não a sua posição irreal e desencora-
POS, 2014). jante, mas certamente estarão motivados
por sua falta de escolha. É claro, o patrão
3.3 Objetivos de quem? tem mais uma opção se ele estiver certo
O valor da escolha e da responsabilida- do que quer, e isso é começar com objetivo
de em termos de automotivação nunca da equipe e orientá-los adiante, exploran-
deve ser subestimado. Por exemplo, se do e ajudando-os a romper suas barreiras
uma equipe de vendas surge com um obje- para alcançar mais. Eles então assumem
tivo que é inferior ao que o patrão almeja, a responsabilidade para o objetivo final
ele deveria analisar as consequências com acordado (WHITMORE, 2010).
muito cuidado antes de passar por cima do Para dar suporte a uma meta final, que
deles e impor seu objetivo. Ele pode fazer não está sob o seu controle, fazendo uso
melhor engolindo seu orgulho e aceitando de uma meta de performance que está, as
o que a equipe estipulou. Insistir na sua vi- metas precisam ser mais que inteligente,
são pode causar a queda da performance precisam ser puras e claras, conforme o
da equipe, mesmo que seu objetivo tenha quadro a seguir:

METAS INTELIGENTES METAS PURAS METAS CLARAS

CHALLENGING (desafiado-
SPEClFlC (específicas). ras).
POSITIVELY (estabelecidas
MEASURABLE (mensurá- LEGAL (legais).
positivamente).
veis). ENVIRONMENTALLY SOUND
UNDERSTOOD (compreen-
AGREED (acordadas). (sintonizadas com o am-
didas).
REAUSTlC (realistas). biente).
RELEVANT (relevantes).
TIME PHASED (planejadas APPROPRIATE (apropria-
ETHICAL (éticas)
por tempo). das).
RECORDED (escritas).

A questão de uma meta ter a maior é muito importante estabelecer me-


parte dessas qualidades é evidente e tas POSITIVAS;
não precisa de mais elaboração, mas as metas devem ser ACORDADAS en-
sim de algumas observações: tre todas as partes envolvidas: o patrão
se uma meta não for REALISTA, não que pensa que deve estipulá-las, o ge-
há esperança, e, se não for DESAFIADO- rente de vendas e a equipe que precisa
RA, não há motivação. Portanto, existe realizar o trabalho. Sem acordo, o domínio
um invólucro aqui dentro do qual todas as vital e a responsabilidade das vendas da
metas devem caber; equipe são perdidos, e sua performance
irá sofrer de acordo com isso;
14

as metas devem ser LEGAIS, ÉTICAS


e SINTONIZADAS COM O AMBIENTE, mas
cada indivíduo tem o seu próprio código
pessoal sobre essas coisas e a única ma-
neira de garantir o alinhamento completo
dos funcionários hoje é ter padrões éticos
mais altos do que os dos antigos gerentes,
que muitas vezes são pegos de surpresa e
cuja desculpa é a já gasta “nós sempre fi-
zemos desse jeito”. Além do mais, a nova
ênfase dada à contabilidade nos negócios
e na sociedade, e as consequências da ex-
posição por um soprador de apito ou um
cão de guarda do consumidor, certamente
é mais importante do que qualquer ganho
no curto prazo que possa seduzir os ines-
crupulosos! (WHITMORE, 2010).
15
UNIDADE 4 – A Realidade e a Consciência -
Finalizando
Claro que uma meta é importante! Mas jetiva, mas a objetividade absoluta não
investigar a realidade em detalhes tam- existe. O melhor que temos é um grau
bém é. dela, mas quanto mais perto conseguimos
chegar disso melhor.
Há quem argumente que metas não po-
dem ser estabelecidas até que a situação
corrente (a realidade) seja conhecida e
4.1 Imparcialidade, discri-
compreendida. ção, sentidos
Whitmore (2010) rejeita esse argu- Para abordar a realidade, então, é preci-
mento tomando como base que um pro- so que ignoremos as possíveis distorções
pósito é essencial para dar valor e direção tanto do Coach quanto do Coachee. Isso
a qualquer discussão. Mesmo que metas exige um alto grau de imparcialidade da
possam ser apenas vagamente definidas parte do Coach, e a habilidade de formular
antes que a situação seja observada em perguntas de maneira que respostas reais
detalhes, isso precisa ser feito primeiro. se façam necessárias por parte do orien-
Então, quando a realidade estiver clara, as tando. “Quais foram os fatores que deter-
metas podem ser levadas a um foco mais minaram a sua decisão?” - esta pergunta
aguçado ou até alteradas se a situação irá evocar uma resposta mais precisa do
acabar sendo um pouco diferente do que que: “Por que você fez isso?”, que tende
se pensava anteriormente. a produzir o que o Coachee acredita que o
Coach quer ouvir ou uma justificativa de-
Sua sugestão passa por listar as op- fensiva.
ções, verificando se cada uma delas real-
mente levaria à meta final pretendida, ou O Coach deve usar, e sempre que pos-
seja, pode-se retroceder e redefinir me- sível encorajar o orientando a usar, termi-
tas até que a realidade e a meta encon- nologia descritiva em vez de terminologia
trem-se equilibradas. avaliativa. Isso ajuda a manter a imparcia-
lidade e a objetividade e reduz a autocrí-
O critério mais importante para exami- tica contra produtiva que distorce a per-
nar a realidade é a objetividade. A objeti- cepção.
vidade está sujeita às maiores distorções
causadas por opiniões, julgamentos, ex- Quanto mais específicas e descritivas
pectativas, preconceitos, preocupações, as nossas palavras e frases se tornarem,
esperanças e medos do observador. A menos crítica elas tenderão a carregar, e
consciência está observando as coisas mais produtivo será o Coaching, ou seja, a
como elas são; a autoconsciência está re- descrição agrega valor, a crítica geralmen-
conhecendo esses fatores internos que te retira.
distorcem a percepção que a pessoa tem Se um Coach apenas fizer perguntas e
da realidade. receber respostas no nível de consciên-
A maioria das pessoas pensa que é ob- cia normal, ele pode estar ajudando os
16

orientandos a estruturarem seus pensa- negócios, a realidade irá tratar-se de fatos


mentos, mas não está sondando níveis e imagens, os incidentes que ocorreram,
de consciência mais novos e profundos. as ações assumidas, os obstáculos a se-
Quando o orientando tem de parar para rem superados, os recursos e as pessoas
pensar antes de responder, talvez levan- disponíveis, etc. - coisas chamadas pela e
tando os olhos para fazer isso, a consci- para a mente. No entanto, se o orientando
ência está sendo elevada, pois está tendo estiver aprendendo uma nova habilidade
de examinar novas profundidades de sua física, de uma ferramenta de sua função,
consciência para reaver a informação. É de uma engrenagem de ferrovia a uma ra-
como se ele estivesse investigando seus quete de tênis, o Coaching também estará
arquivos interiores mais secretos para concentrado nos sentidos: tato, audição e
buscar a resposta. Uma vez encontrada, visão. A consciência do corpo traz com ela
essa nova consciência se torna atenta e o a autocorreção automática.
orientando torna-se mais capacitado com
Tal qual os sentidos são um aspecto
ela.
da autoconsciência, as emoções têm re-
Nós temos uma medida de escolha e levância específica com problemas inter-
controle sobre o que temos consciência, pessoais no trabalho ou em outro local.
porém somos controlados pelo que não Perguntas assim deverão ser feitas:
temos consciência.
O que você sente quando é chamado
O bom Coach tenderá a seguir o interes- repentinamente à sala do chefe?
se ou a cadeia de pensamento do orien-
Que emoções restam a você após
tando, enquanto ao mesmo tempo ele irá
uma sequência recente de redundâncias?
monitorar como isso se relaciona com o
assunto como um todo. Apenas quando Do que você acha que tem medo?
o orientando estiver pronto para deixar
Em que parte do seu corpo você sen-
cada aspecto da questão é que o Coach
te a tensão?
deve levantar qualquer coisa que ele con-
sidere que tenha sido omitida. Se o orien- De que maneiras você inibe seu po-
tando parecer ter saído muito do caminho, tencial?
uma pergunta como “De que maneira isso
se relaciona com o problema?” pode tra- Qual é o sentimento predominante
zê-lo de volta ou revelar uma razão válida. que você tem quando sabe que fez um
De qualquer maneira, isso irá permitir com bom trabalho?
que ele continue direcionando o processo. Você pode me dar um número na es-
Ao seguir a linha de pensamento do cala de 1 a 10 para o seu nível de confian-
orientando, em vez de impor a sua, o Co- ça na sua habilidade para fazer uma boa
ach ganha a confiança dele, porque o in- apresentação esta tarde?
teresse e a necessidade do orientando A autoconsciência também precisa ser
estarão sendo respeitados. trazida à tona em nossos pensamentos e
Na maioria dos cenários de Coaching em atitudes do momento presente, e em ou-
tros em que normalmente temos menos
17

acesso consciente. Cada um de nós traz mente treinado em Coaching ou for co-
consigo, algumas vezes desde a infância, varde, é melhor ficar fora disso! Se você
crenças e opiniões existentes há muito suspeitar que um problema de relaciona-
tempo que irão colorir nossa percepção mento na equipe tem origem profunda,
e nossos relacionamentos com os outros. então é melhor trazer um profissional com
Se falharmos em reconhecer a sua exis- as habilidades necessárias. Uma distinção
tência e não compensarmos seus efeitos, entre Coaching e aconselhamento é que
nossa percepção de realidade será distor- o primeiro é basicamente proativo e o se-
cida para eles. gundo é geralmente reativo. Outra distin-
ção é que o Coaching muitas vezes aborda
A maioria dos pensamentos carrega
questões diretamente relacionadas ao
uma emoção consigo; todas as emoções
local de trabalho, porém as habilidades do
são refletidas no corpo; sensações corpo-
aconselhamento são necessárias, caso a
rais frequentemente despertam pensa-
questão ainda ocorra ou tenha origem na
mentos.
infância.
O que se segue, portanto, é que pre-
É nessa fase da realidade do Coaching
ocupações, bloqueios e inibições podem
que as perguntas devem ser iniciadas na
ser abordados pela mente, pelo corpo ou
maioria das vezes por palavras interroga-
pelas emoções, e o esclarecimento de um
tivas como O QUÊ, QUANDO, ONDE, QUEM
tende a libertar os outros, embora isso não
e QUANTO. COMO e POR QUE devem ser
aconteça sempre. O estresse persistente,
usadas apenas algumas vezes ou quando
por exemplo, pode ser reduzido identifi-
nenhuma outra for suficiente.
cando as tensões do corpo; evocando a
consciência dos sentimentos que abas- Essas duas palavras requerem análise
tecem o trabalho excessivo; descobrindo e opinião, bem como aptidão, visto que as
atitudes mentais como perfeccionismo. interrogativas buscam fatos. Na fase da
Pode ser necessário trabalhar em todos os realidade do Coaching, os fatos são im-
três separadamente e nesse ponto talvez portantes e, assim como na investigação
seja importante limitar a profundidade! policial, a análise diante de todos os fatos
pode, em teoria, levar a uma formação
É hora de uma palavra de cautela. Um
de teoria e coleta de dados parciais mais
Coach pode ficar ciente ao investigar mais
tarde. Os Coaches precisarão estar espe-
a fundo do que o previsto os impulsos e
cialmente alertas, de ouvidos atentos e
motivos ocultos de um orientando. Essa
observando para pescarem todas as dicas
é a natureza do Coaching: ele trata da
que indiquem a direção que as perguntas
causa, não meramente do sintoma. O Co-
devem tomar. Deve ser ressaltado aqui
aching pode exigir mais do que esconder
que é a consciência do Coachee que está
as falhas interpessoais no escritório com
sendo elevada. O Coach muitas vezes não
diretivas, mas ele também pode ser mais
precisa saber toda a história de uma situ-
recompensador em termos de resultados.
ação, mas precisa estar meramente certo
Vale a recomendação de Whitmore de que o orientando sabe. Isso, portanto,
(2010, p. 73): se você não for adequada- não consome tanto tempo quanto consu-
18

miria se o Coach precisasse ter todos os sintam seguros o bastante para expres-
fatos em ordem para fornecer a melhor sarem seus pensamentos e ideias sem ini-
resposta. bição ou medo de julgamento do Coach ou
de outros. Todas as contribuições, ainda
Uma pergunta de realidade que várias
que aparentemente bobas, precisam ser
vezes fracassa na tentativa de contribuir
anotadas, geralmente pelo Coach, para
com valor é: “Que atitudes você tomou em
o caso de elas conterem um embrião de
relação a isso até agora?”, seguida por:
ideia que possa se encher de significação
“Quais foram os resultados dessa ação?”
à luz de sugestões posteriores.
Isso serve para enfatizar o valor da ação
e a diferença entre agir e pensar sobre Um dos fatores que mais restringem
os problemas. Muitas vezes as pessoas a geração de soluções criativas para os
pensam nos problemas muito tempo, mas negócios e outras áreas são as assun-
apenas quando são perguntadas o que fi- ções implícitas que carregamos, das quais
zeram em relação a eles é que percebem muitas vezes mal temos consciência. Por
que nunca tomaram nenhuma atitude. exemplo:
isso não pode ser feito;
4.2 As escolhas e a classifi-
cação das opções isso não pode ser feito dessa manei-
ra;
O propósito do estágio das opções não
é encontrar a resposta “certa”, mas criar e eles nunca concordariam com isso;
listar o maior número possível de cursos
é limitado para custar tanto;
de ação. A quantidade de opções é mais
importante nesse estágio do que a quali- não podemos gastar tempo;
dade e a adequação de cada um. O proces-
os concorrentes devem ter pensado
so estimulador do cérebro de reunir todas
nisso.
as opções é tão válido quanto a própria
lista de opções, porque mantém a essên- Há muitas outras. Observe que to-
cia criativa fluindo. É dessa ampla base das contêm uma negativa ou recusa.
de possibilidades criativas que passos de Um bom Coach convidaria seus orien-
uma ação específica serão selecionados. tandos a se perguntarem “E se...”. Por
Se preferências, censura, sarcasmo, obs- exemplo:
táculos ou a necessidade de completude
são expressos durante o processo de co- E se você tivesse um orçamento sufi-
leta, potencialmente, contribuições de cientemente grande?
valor serão perdidas e as escolhas serão
E se você tivesse uma equipe maior?
limitadas.
E se você soubesse a resposta? Qual
O Coach fará tudo que puder para ar-
seria?
rancar essas opções do orientando ou da
equipe que ele esteja orientando/geren- E se o obstáculo não existisse? O que
ciando. Para isso, ele precisa criar uma você faria?
atmosfera em que os participantes se
19

Através desse processo, que tempora- mentos sem diminuir o senso de respon-
riamente acompanha a censura da mente sabilidade do orientando? Simplesmente
racional, mais ideias criativas são libera- dizendo: “Eu tenho algumas opções pos-
das e talvez se descubra que o obstáculo síveis. Você gostaria de conhecê-las”?
é menos intransponível do que sempre Poucos orientandos dirão não, mas eles
parecera. podem pedir ao Coach que espere até que
eles concluam uma corrente de pensa-
Talvez outro membro da equipe conhe-
mento. A quaisquer sugestões dadas pelo
ça um desvio para esse obstáculo em par-
Coach deve ser atribuída a mesma impor-
ticular, de modo que o impossível torna-se
tância conferida a todas as outras opções.
possível pela combinação das contribui-
ções de mais de uma pessoa.
4.3 Finalizando
Devemos classificar as opções que po- Chega um momento em que precisamos
dem ser em função do custo-benefício, converter uma discussão em decisão, não
dos ensinamentos do Coach, do mapea- é verdade? Para isso acontecer construí-
mento de opções. mos um plano de ação que satisfaça pelo
menos um requisito, no entanto, usando a
Uma vez gerada uma lista abrangen-
gama mais abrangente de elementos pos-
te, a fase vai do Coaching pode ser uma
sível.
simples questão de selecionar o melhor
do grupo. Entretanto, em assuntos mais O conjunto, a seguir, de perguntas do
complexos, como há tantos no ramo dos tipo VAI é aplicável à maioria das situações
negócios, pode ser necessário reexaminar de Coaching. É claro que o Coach irá acres-
a lista observando os custos e benefícios centar subconjuntos de perguntas para
de cada um dos cursos de ação. Isso deve esclarecer cada um desses pontos, mas as
mais uma vez ser feito pelo Coaching, e perguntas principais formam um esquele-
é aí que alguma combinação de duas ou to eficaz para essa fase.
mais ideias podem surgir como o melhor.
As demandas de uma autocracia ge-
Em relação às opções de ensina- rencial são frequentemente conseguidas
mentos do Coach, pensem nos se- com resignação silenciosa, resistência
guintes questionamentos: ou ressentimento, não importa o quanto
estes últimos são expressados com diplo-
O que faz o Coach se ele tem um deter-
macia (WHITMORE, 2010, p. 87).
minado conhecimento, habilidade ou ex-
periência quanto ao assunto em questão Um Coach, por outro lado, pode trazer
e o orientando não diz ao Coach qual é a um surpreendente grau de firmeza para
solução óbvia? essa fase de questionamento sem causar
quaisquer sentimentos ruins, visto que
Em que estágio o Coach deve oferecer
não está impondo sua própria vontade,
sua sabedoria? Certamente quando ele
mas ativando a da pessoa a quem orienta.
reconhece que o orientando esgotou suas
Esta sempre mantém seu poder de esco-
possibilidades.
lha e responsabilidade, mesmo que sua
Mas como ele pode passar seus ensina- decisão seja a de não agir; consequente-
20

mente, não se sentirá oprimida pelas per- minado.


guntas duras.
Se uma simples ação é exigida, a res-
Os Coachees podem até se divertir com posta desejada poderia ser “às dez da
o reconhecimento de sua própria ambiva- manhã da próxima terça, dia 12”. Com fre-
lência. O fato de eles se sentirem força- quência, tanto a hora e a data de início
dos sugere que o Coach esteja revelando quanto a data de término serão requisita-
inconscientemente que ele acha que o das. Se a ação que se segue é repetitiva,
orientando deve agir de um modo especí- então os intervalos precisam ser especi-
fico. ficados: “Vamos nos encontrar às nove da
manhã da primeira quarta-feira de cada
Veja a diferença de valor do modo mês”. É responsabilidade do Coach limitar
como se faz a pergunta: o orientando aos prazos determinados.
O que você vai fazer? Essa pergun- Este pode tentar esquivar-se, mas um
ta é bem diferente de “O que você poderia bom Coach não deixará que ele se livre da
fazer?” ou “O que você está pensando em obrigação.
fazer?” ou ainda “Qual destas você prefe- Esta ação vai atingir seu objetivo?
re?”. Nenhuma dessas implica uma deci- Agora que temos uma ação e um limite de
são firme. Uma vez tendo feito a primeira tempo para realizá-la, é importante que
pergunta com uma voz firme, clara, indi- antes de prosseguirmos verifiquemos se
cando que é chegada a hora da decisão, esses levam na direção tanto do objeti-
ele pode completá-la com uma pergun- vo da sessão quanto do objetivo no lon-
ta como “Sobre qual dessas alternativas go prazo. Sem examinar o que já ocorreu,
você vai agir?”. Na maioria das questões o orientando pode achar que se afastou
relativas ao Coaching, o plano de ação vai bastante da trilha.
incorporar mais de uma opção ou parte
das possibilidades combinadas. Se isso aconteceu, é importante correr
para mudar a ação, mas verificar se, de
As opções têm sido definidas de forma fato, é esse objetivo que precisa ser modi-
mais solta. Agora é hora de o Coach fazer ficado à luz do que surgiu desde que fora
perguntas para esclarecer detalhes das definido.
opções escolhidas.
Que obstáculos você poderia en-
De longe, as mais importantes são: contrar no caminho? É importante se
Quando você vai fazer isso? Esta preparar para isso e prevenir quaisquer
é a pergunta mais difícil. Todos temos circunstâncias que possam surgir e que
grandes ideias do que gostaríamos de fa- impeçam a finalização da ação. Os cená-
zer ou vamos fazer, mas somente quando rios externos destruídos podem ser ilu-
estipulamos um tempo para realizá-las sórios, mas os internos também podem
é que elas atingem uma dimensão real. E ocorrer, como a falta de coragem do orien-
em algum momento do próximo ano tam- tando. Algumas pessoas se comprometem
bém não é suficiente. Se alguma coisa vai de forma rasa e mal podem esperar para
acontecer, o prazo precisa ser bem deter- que um obstáculo apareça e Ihes dê uma
21

desculpa para não completar a ação. Isso levará adiante as ações combinadas?
pode ser prevenido através do processo Isso não é uma classificação da certeza do
de Coaching. resultado verdadeiro. É uma classificação
da intenção do orientando em realizar sua
Quem precisa saber? Muito fre-
parte do trabalho. A finalização da tarefa
quentemente, no ramo dos negócios,
pode depender da concordância ou das
muda-se de planos e as pessoas que de-
ações de outros, e isso não pode ser clas-
veriam saber imediatamente só tomam
sificado.
conhecimento disso depois e por via indi-
reta, o que é muito ruim para o relaciona- O que impede a obtenção do grau
mento da equipe. O Coach precisa cumprir 10? Se você se classificou abaixo de 8,
as expectativas de que todas as pessoas como pode reduzir o tamanho da tarefa
apropriadas sejam informadas e de que ou alongar o cronograma de tal modo que
um plano é feito por elas para ser trans- lhe permita elevar a classificação para 8
mitido. ou um grau acima disso? Se a sua classifi-
cação ainda está abaixo de 8, risque esse
De que apoio você precisa? Isso
passo da ação, porque você provavelmen-
possivelmente está relacionado à per-
te não irá realizá-lo.
gunta anterior, mas o apoio pode vir de
diversas formas. Pode significar um acor- Segundo Whitmore (2010), isso não é
do para agregar pessoas, habilidades ou o mesmo que sabotar a finalização, como
recursos externos, ou pode ser simples, pode parecer, mas sua experiência diz que
como comunicar sua intenção a colegas aqueles que atingem uma classificação
e pedir a eles que o lembrem desta ou menor do que 8 raramente seguem adian-
o mantenham no foco. Com frequência, te. Contudo, uma vez tendo que admitir o
apenas compartilhar com outras pessoas insucesso, o orientando pode de repente
sua ação pretendida tem o efeito de ga- encontrar a motivação necessária.
rantir a sua realização.
A maioria de nós está familiarizada com
Como e quando você vai conse- os itens recorrentes em nossas listas de
guir esse apoio? Não é nada bom querer serviço, seja no trabalho, seja no que diz
apoio, mas não seguir os passos necessá- respeito aos serviços domésticos pecu-
rios para consegui-lo. Aqui o Coach preci- liares. Nossa lista se torna tão amassada
sa insistir até que as ações do orientando e rabiscada que, no final, acabamos re-
sejam claras e certas. escrevendo-a, e aqueles mesmos itens
seguem sendo copiados repetidamente.
Que outros pontos você está consi-
Com o tempo, começamos a nos sentir
derando? Esta é uma pergunta multiuso,
apropriadamente culpados, mas ainda as-
de modo que o orientando não pode re-
sim nada acontece. “Como é que eu nunca
clamar que o Coach omitiu alguma coisa. É
acabo isso?”, resmungamos para nós mes-
responsabilidade do Coachee garantir que
mos. Nossa lista de serviços incompletos é
nada fique de fora.
a prova de nosso insucesso. Bem, por que
Em uma escala de 1 a 10, qual é o se sentir mal por isso? Se você não vai fa-
grau de certeza que você tem de que zer uma coisa, tire-a de sua lista. E se você
22

quer ser um sucesso contínuo, não ponha


nada em sua lista que não pretende fazer!
(WHITMORE, 2010).

Lembre-se de que o Coaching tem por


objetivo construir e manter a autoconfian-
ça do orientando, o que significa orientar
as pessoas para o sucesso em seu próprio
benefício e no de sua empresa.

Até aqui o ciclo de Coaching está com-


pleto, no entanto, fica a cargo do Coach
entregar ao orientando um registro escri-
to, claro e preciso, dos passos combinados
da ação e das respostas dos orientandos
para todas as perguntas do tipo vai. Ele
deveria fazer o orientando ler tal registro
e confirmar que é verdadeiro, que aquele
é seu plano, que ele compreende inteira-
mente, e que pretende realizá-lo.

Nesse momento você, enquanto Coach,


pode se colocar à disposição do orientan-
do, caso ele precise, se oferece para ini-
ciar o contato após um intervalo propício,
só para ver como as coisas estão andando.
Tudo isso serve para ajudar o orientando a
perceber que ele é importante.

É gratificante e consensual que o Coa-


chee deixe a sessão se sentindo bem em
relação a si próprio e às suas chances de
finalizar o trabalho. Se ele se sentir assim,
o trabalho será realizado.
23
UNIDADE 5 – Algumas Dinâmicas de
Coaching
Na introdução listamos algo em torno dias de abstinência antes de recomendar”.
de 50 dinâmicas que fazem parte do mix
A autora reconhece que nem todo
de Coaching. Aqui discorremos em deta-
mundo está disposto a praticar o AutoCo-
lhes sobre algumas delas, mas deixamos
aching, e que muitos preferem ser con-
nas referências sugestões variadas para
duzidos por um profissional habilitado.
aqueles que queiram se aprofundar e co-
Para isso existem os Coaches. Mas, de
nhecer outras dinâmicas em seus deta-
qualquer forma, fica a sugestão que você
lhes.
experimente ler e responder as ques-
tões propostas, que funcionam como um
5.1 AutoCoaching disparador para que continue se pergun-
O autoconhecimento nos aproxima de tando e descobrindo sozinho, ou com seu
nós mesmos quando ensina que o nosso Coach, quais são as verdadeiras expecta-
estilo, preferências e talentos não são tivas que, uma vez alcançadas, farão bem
melhores ou piores que os de ninguém, a você (LOVISARO, 2011).
que todos temos importância e evita tam-
bém a possibilidade de cairmos naquela Antes de lançar mão das perguntas,
armadilha da soberba. precisamos entender que AutoCoaching
é a capacidade de mudar o que não está
O autoconhecimento encurta o cami- bom em sua vida, de modo consciente e
nho para chegarmos à nossa alma, nossa planejado. O autoconhecimento é um alia-
essência e o verdadeiro sentido para a do porque facilita enxergar a realidade tal
existência. como é. Esse processo pede: força de von-
Terapias, cursos, leituras, práticas de tade; discernimento; responsabilidade
meditação, e claro, o Coaching, estimulam e, principalmente, que você acredite que
a reflexão e promovem a interiorização impedimentos são limites temporários
necessária ao crescimento pessoal. Quan- autoimpostos, tão imperceptíveis quanto
to maior o autoconhecimento, mais fácil poderosos, também chamados de crenças
aceitar o que precisa melhorar. ou voz interior, que insiste em desestimu-
lar, amedrontar e gerar falta de confiança.
Lovissaro (2011) conta que certa vez,
Gandhi foi procurado por uma senhora As crenças não são certas ou erradas.
para saber o que fazer com o filho que só Uma crença pode ter sido útil num deter-
queria se alimentar através de doces. Ao minado momento da vida e noutro tornar-
invés de responder de imediato, ele pediu -se um grande obstáculo.
um prazo de quinze dias. Quando ela reto-
Pra iniciar o AutoCoaching é preci-
mou, após receber o conselho, não resistiu
so:
e perguntou: “Mestre, por que me pediu
este tempo?”. E ele, humildemente, res- visão clara do que quer conseguir. A
pondeu: “Porque eu também gosto muito visão de futuro funciona como um guia, e
de doces e precisei experimentar quinze nos momentos difíceis é ela quem forne-
24

ce o combustível e estímulo necessários (crenças), posturas e atitudes;


para continuar a jornada;
saber dosar o desafio e o acolhimento
reconhecer que a mudança é inevi- necessários aos processos de mudança;
tável se você quiser obter resultados di-
identificar se o que você busca de
ferentes dos atuais;
fato é o produto da meta ou o que ela irá
avaliar se o ganho obtido com a con- lhe proporcionar quando for alcançada.
quista é maior ou igual à perda que terá
Enfim, quando entendemos a real mo-
quando alcançar a meta.
tivação que está por trás de uma meta é
Para cada sim que disser, terá que di- mais fácil perceber se o que almejamos
zer um não para outra coisa. Muitas pes- é a meta em si ou o que ela nos traz. O
soas sabotam as próprias metas por não desejo por um relacionamento pode ser
considerar as perdas e os ganhos. Por menor do que a necessidade de atenção
exemplo, uma promoção que implique e aceitação.
expatriação envolve pessoas de seu re-
lacionamento e, se isso não for conside-
São benefícios do AutoCoaching,
rado e negociado anteriormente, poderá principalmente quando você começa
ser o fim de um relacionamento versus com o objetivo em mente:
uma promoção. 1. Identificar as próprias necessidades
É importante: e buscar como superá-las.

ter clareza que você é o responsável 2. Apropriar-se dos recursos internos


pelos resultados do processo e que pode- e aprender como acessá-los.
rá contar com a ajuda de outras pessoas 3. Aprender a pedir ajuda.
para acompanhar seu progresso;
4. Nutrir a autoestima.
reconhecer e valorizar pontos fortes
e enxergar o que pode melhorar; 5. Assumir a responsabilidade por suas
ações e consequências.
ter a dimensão do impacto que você
causa no ambiente e nas pessoas através Comece com o objetivo em mente!
de suas ações; Todo ser humano nasceu para ser feliz
aprimorar sua capacidade de ouvir e e, por isso, buscar como se sentir melhor
entender o que está sendo dito, sem pre- é praticamente uma obrigação. Ao en-
cipitações ou julgamentos; xergar as discrepâncias é mais fácil deci-
dir por onde começar as mudanças. Uma
aceitar que uma limitação é um impe- técnica simples para fazer AutoCoaching,
dimento temporário que pode ser mudado avaliar sua vida de forma profunda está
e superado, se souber como fazê-lo; descrita abaixo:
ser capaz de se desafiar a fazer dife- Pegue uma folha de papel A4, divida-
rente do habitual para provocar mudan- -a em oito partes iguais e anote em cada
ças de comportamentos, hábitos mentais parte o nome de uma área.
25

1. Área pessoal - você corpo, mente


2. Área familiar - você e a família.
espírito.

3. Área profissional - você e o traba- 4. Área da carreira - você e a carreira


lho (posição que ocupa hoje). escolhida.

5. Área dos relacionamentos - você 6. Área do romance - você e o (a)


e as outras pessoas. companheiro (a).

7. Área financeira - você e os recur- 8. Área lazer/diversão - você e a


sos financeiros. descontração.

Aqui não existe resposta certa e cada 2º. Para a primeira área escolhida
pessoa distribui a sua atenção entre as faça as nove perguntas a seguir:
áreas de acordo com os interesses. As
1) Quão satisfeito me sinto em relação a
oito áreas são complementares, e cada
esta área?
uma oferece um tipo de reconhecimento,
e uma não pode suprir a outra. Aprenda a 2) O que é mais importante para mim
diversificar sua atenção e interesses para nesta área?
rentabilizar os ganhos. Ao avaliar como se
sente em relação a cada área será mais fá- 3) O que eu faço e quero preservar? O
cil perceber o que traz equilíbrio ou a falta que eu faço e quero eliminar?
dele (analisaremos detalhes em outra di- 4) Qual tem sido a minha dedicação para
nâmica adiante). E a partir desta consta- esta área?
tação, planeje mudanças que tragam re-
sultados imediatos. 5) O que eu não faço e gostaria de fa-
zer?
Olhar para as oito áreas nos questio-
nando como estamos conduzindo nossa 6) O que eu ganho se fizer o que desejo?
vida pode ser uma forma rápida de fazer 7) O que eu terei de abrir mão para fazer
uma análise profunda. A boa notícia é que o que desejo?
pequenos ajustes podem trazer grandes
benefícios. Lovisaro (2011) sugere que 8) O que eu posso começar a fazer para
você escreva suas respostas e evite ela- me sentir melhor em relação a esta área?
borá-las, registre o primeiro pensamento 9) Quando pretendo começar?
que lhe ocorrer como resposta.
3º. Repita as perguntas de 1 até 9
Instruções para trabalhar as oito para todas as áreas.
áreas:
4º. Defina uma meta para cada área.
1º. Pergunte-se: Por qual área quero
começar? 5º. Ao final, olhe para a folha preen-
chida e para as metas declaradas por
26

área e pergunte-se: Por onde eu quero te acostumado não irá negar que sente
começar? aquele “friozinho” no estômago antes de
ficar diante de uma plateia.
Avalie o tipo de meta que você costuma
declarar, principalmente porque algumas É inegável a sensação de desconforto
metas são inspiradoras e atraentes, en- quando estamos totalmente expostos,
quanto outras estão repletas de obriga- sendo o centro das atenções, ainda mais
ção, e alcançá-las costuma ser pesaroso. se tivermos um holofote nos iluminando
Uma meta pode ser simples ou complexa, em um palco. E nem precisa ser um palco
grande ou pequena. Para qualquer tipo, para nos causar este desconforto, pode
vale perceber se existe conflito interno ser até numa reunião de negócios ou mes-
de interesse antes de iniciar a conquista. mo numa ocasião social, quando estamos
Considere se o que você deseja ameaça o cercados de familiares ou amigos.
que quer preservar.
Quem é que já não foi exposto numa
Ponderando as perdas e os ganhos, situação destas? Imagine você na sua
terá mais clareza para decidir o que quer. própria festa de aniversário ou numa co-
Inconscientemente, podemos sabotar o memoração por uma promoção e, de re-
alcance de uma meta por medo de per- pente, seus amigos começam com aque-
der algo tão importante quanto ela. Uma le corinho famigerado, o tal do “Discurso!
mulher que deseja engravidar e ser pro- Discurso! Discurso!”. Você já vai sentindo
movida simultaneamente pode gerar um aquele frio no estômago, aquele arrepio
conflito interno de interesses e sentir-se na espinha, a boca seca, o rosto vai fican-
confusa. do todo vermelho. É quase inevitável que
você sinta esse desconforto pelo menos
As metas podem ser de processo ou
uma vez na vida.
de resultado: para alcançar uma meta de
resultado pode ser necessário alcançar Só existe um jeito de você enfrentar
várias submetas (etapas) de processo. este medo, que é ter a real consciência do
Por isso, desfrutar a cada etapa o momen- seu limite e a partir deste ponto, através
to presente deveria ser tão importante de muita disciplina e determinação, você
quanto o alcance da meta em si. ir se desafiando aos poucos para vencer
este medo, através do controle de suas
5.2 Coaching de comunica- emoções.

ção Esse “pavor” nada mais é do que a mes-


Segundo De Paula (2011), o medo de ma sensação que você tem ao praticar um
falar em público é, comprovadamente, um esporte radical ou quando está exposto
dos maiores medos do ser humano, va- em um momento conflitante. Nas situa-
riando apenas o seu grau de intensidade ções do dia a dia, ao qual somos desafia-
de pessoa para pessoa. dos ou expostos, temos essas sensações
de medo, alegria, euforia e com o tempo
Existem pessoas que, literalmente, tra- até de prazer, pois nossos neurotransmis-
vam na hora de falar ou expor suas ideias sores, que são os responsáveis pelo nosso
publicamente. Mesmo um palestran-
27

equilíbrio mental e fisiológico, acabam li- Assertividade, poder de negociação,


berando certas substâncias químicas que empatia, audição ativa, capacidade de im-
estimulam e aceleram nosso metabolis- proviso e domínio ou controle do medo de
mo. falar em público são, por exemplo, alguns
dos assuntos trabalhados dentro deste
Quando isso acontece, sentimos nosso
processo de Coaching.
coração disparar, a temperatura do nosso
corpo baixar, entre outras sensações físi- No Coaching de Comunicação, os re-
cas. É nesse momento que você precisa sultados são significativos, pois tudo é
aprender a se conhecer melhor para supe- amparado e respaldado no exato momen-
rar seus limites de forma consciente. to em que é identificado como um limite
de comunicação, através do processo de
O medo pode ser o nosso maior aliado
autoconhecimento que é promovido por
ou nosso pior inimigo e o que devemos fa-
reflexões, feedbacks, ensaios mentais e
zer é respeitá-lo, mas não aceitá-lo. Quan-
dramatizações, ajustando positivamente
do você tem consciência de seus medos,
o desempenho do cliente.
o que você precisa fazer é negociar com
eles, fazendo uma avaliação muito crite- Quem passa por um processo de Co-
riosa de tudo o que você ganha ou perde aching de Comunicação adquire maior
quando sustenta seus limites. consciência da necessidade de dominar o
assunto que vai ser comunicado, além de
O medo pode gerar três compor- obter uma maior percepção de sua lingua-
tamentos básicos: a fuga, a inércia ou gem corporal, controle respiratório e arte
o movimento. Ao decidir movimentar-se de ouvir e cativar as pessoas com o olhar,
para dominar o medo, é necessário que gerando a empatia necessária para obter
você se conheça profundamente, ou seja, melhores resultados em um simples di-
você precisa obter o autoconhecimento álogo familiar, reunião de negócios e até
dos seus limites e também dos seus re- numa apresentação pública.
cursos e capacidades para, aos poucos,
aprender a controlar e transformar suas A própria essência do Coaching já sus-
emoções em resultados positivos. tenta em si a ideia de Coaching de Comu-
nicação.
Communication Coaching ou Coaching
de Comunicação é um trabalho focado no Se tomarmos por referência que o Co-
aprimoramento das habilidades de comu- ach, profissional que aplica o processo de
nicação e tem como objetivo fazer com Coaching, deve, acima de tudo, ser um óti-
que o cliente obtenha maior percepção mo ouvinte para poder ouvir com precisão
sobre como sua comunicação impacta o diálogo interno do seu cliente e também
no ambiente pessoal ou profissional (DE um observador sistêmico para perceber,
PAULA, 2011). sem julgamentos, a relação deste cliente
com os diversos ambientes pelos quais
Podemos dizer que é um processo de atua, entenderemos que a comunicação é
aceleração de resultados de um indivíduo a pedra fundamental de todo e qualquer
que busca aumentar o desempenho em processo de Coaching.
alguma área da vida.
28

Nas sessões de Coaching de Comunica- Ele faz uma autoanálise de seus ges-
ção, o Coach utiliza vários recursos para tos, eliminando tudo aquilo que julga ser
promover o aprimoramento da comuni- repetitivo e desnecessário numa apre-
cação do seu cliente. Um dos recursos é sentação. Para o Coach de comunicação,
fazer com que o cliente tome consciência é importante frisar que, recursos de gra-
do seu espaço corporal, ou seja, o espaço vação de som e vídeo são importantes
que o seu corpo ocupa. Inicialmente, isso ferramentas para este processo. O clien-
é feito com ensaios mentais. O cliente é te, quando vê sua performance em vídeo,
influenciado, por exemplo, a se imaginar tem melhores parâmetros para avaliar sua
jogando tênis, surfando, se alongando condição de comunicação.
ou empinando pipa, entre outros temas.
E a partir destas gravações de perfor-
A partir deste ensaio mental, é sugerido
mance que o cliente vai modelando novos
que o cliente se movimente de acordo
recursos e extraindo aquilo que não ser-
com as imagens da sua mente, projetando
ve mais para sua apresentação. Também
o ensaio mental no seu corpo físico.
começa a perceber se está precisando ser
O objetivo destes exercícios práticos é mais criativo e onde poderá flexibilizar a
fazer o cliente adquirir uma maior cons- comunicação pela improvisação.
ciência do espaço corporal que utiliza e
Ter a capacidade de influenciar pessoas
também flexibilizar seus movimentos cor-
é, atualmente, uma das peças principais
porais, sentindo-se assim mais relaxado e
para o sucesso pessoal e profissional. E
à vontade.
isso só é possível com o aprimoramento
Incentivar novas possibilidades como, da comunicação assertiva e da autocon-
por exemplo, falar de forma diferente é fiança (DE PAULA, 2011).
também uma maneira de quebrar para-
O grande comunicador é aquele que
digmas no processo de comunicação do
consegue se autoavaliar constantemen-
cliente. É importante que o Coach incen-
te e se adaptar rapidamente a qualquer
tive-o a criar novas intenções para sua
ambiente, identificando qual é o melhor
comunicação, percebendo e modelando
estilo para passar a mensagem ao seu re-
desempenhos de outros comunicadores.
ceptor e, desta forma, obter resultados
Neste momento, poderão ser analisados
superiores pela sua comunicação. Em ou-
vídeos que mostrem a performance de
tras palavras, saber como transferir infor-
outros comunicadores, para que o cliente
mações gerando empatia no público e ca-
modele comportamentos.
tivando sua atenção para obter o melhor
O objetivo principal é adquirir o senso resultado de comunicação.
de autenticidade na sua comunicação, uti-
Para conseguir uma mudança efetiva,
lizando a naturalidade do seu estilo pes-
há a necessidade da troca de feedbacks
soal. O cliente que passa por um processo
constantes entre Coach e coachee. Tam-
de Coaching de Comunicação começa a ter
bém há a necessidade do cliente escolher
um contato direto com sua expressão cor-
algumas pessoas para acompanhar o pro-
poral, verbal e vocal.
cesso e observar os resultados.
29

Com isso, ele irá se aperfeiçoar cada A comunicação é, provavelmente, a


vez mais, adquirindo autoconfiança, pois única ferramenta disponível para manter
o feedback é a melhor ferramenta para o as pessoas interessadas e envolvidas em
processo de mudança de um comporta- seu próprio crescimento e desenvolvi-
mento. Isso só será possível se o cliente mento, mas deve ser usada com conheci-
confiar no Coach e no processo, estando mento e compreensão. Além disso, é im-
aberto para o autoconhecimento e, aci- prescindível que haja coerência no que se
ma de tudo, compreendendo seus pontos é comunicado.
fortes e pontos a serem melhorados, re-
Podemos fazer aqui uma analogia com
conhecendo suas reações ao estresse e
as crianças que, percebendo os padrões
pressão, identificando como reage aos di-
comportamentais dos seus pais, acabam
ferentes estilos de comunicação das pes-
“espalhando-os”, mesmo que sejam nega-
soas.
tivos, pois não têm a devida consciência
Uma das maiores dificuldades dos clien- para julgar o que é certo ou errado. Os pais,
tes de Coaching de comunicação é saber como líderes naturais, devem tomar muito
organizar seus pensamentos, transfor- cuidado com as exigências que fazem aos
mando-os em sequências de frases lógi- filhos, pois muitas vezes eles mesmos não
cas que possuam objetividade e clareza, conseguem exigir de si próprios o que so-
possibilitando assim uma comunicação licitam aos seus.
eficaz que gere resultados positivos.
É preciso entender que a comunicação
O processo de Coaching de comunica- é uma das habilidades mais fáceis que
ção também auxilia o cliente a reavaliar uma pessoa pode adquirir, porém, a mais
suas relações interpessoais, comunican- difícil de ser praticada. Qualquer pessoa
do-se com mais confiança e assertividade, pode falar o que pensa, mas falar não é o
pois todo o foco deste processo é emba- mesmo que comunicar.
sado no ato de pensar para sentir e sentir
Tudo é possível quando se sabe comu-
para comunicar.
nicar: liderados compreendem suas fun-
O papel do Coach é oferecer ao seu ções na organização, as equipes sabem
cliente um espaço físico e mental onde ele como canalizar seus esforços rumo aos
consiga, de uma maneira segura e tran- objetivos, os líderes integram pessoas e
quila, se aventurar e experimentar novas desenvolvem sucessores e, principalmen-
possibilidades de comunicação, sem in- te, os seres humanos se relacionam mais e
terferências negativas. melhor (DE PAULA, 2011).

A simulação com a realidade aproxima


melhores resultados e isso poderá ser
5.3 Coaching multifocal
impactante nos processos que envolvam Coaching Multifocal está fundamen-
grandes negociações, mediações, geren- tado na teoria da Inteligência Multifocal,
ciamentos de conflitos e que necessitem que é uma das poucas teorias que investi-
de uma visão mais ampla das vantagens e gam os quatros grandes processos da psi-
desvantagens das partes envolvidas. que ou mente humana.
30

Como o próprio nome sugere, essa teo- organização da história consciente e in-
ria estuda os múltiplos focos do funciona- consciente em nossa memória.
mento da mente e do desenvolvimento da
O intuito desse estudo é conduzir o ser
personalidade, o processamento de ideias
humano a utilizar recursos intelectuais e
e pensamentos (MARQUES, 2014).
emocionais, a fim de ampliar a sabedoria,
É uma teoria original, mas abrangente, o pensar, a solidariedade, entre outras
pois envolve os pontos fundamentais das habilidades, através de um processo de
principais teorias psicológicas da atuali- análise de suas experiências e situações
dade, sobretudo, a Psicologia Positiva ou do dia a dia.
Psicologia da Felicidade.
A teoria do funcionamento da mente
A maioria das teorias usou o pensamen- visa promover o pensamento humano,
to pronto para produzir conhecimento so- expandindo seu senso crítico e racional,
bre a personalidade humana, enquanto a através de um processo de interioriza-
teoria de Inteligência Multifocal investiga ção. É baseado na filosofia, na psicologia
como se constroem os próprios pensa- existencial e na psicanálise arquetípica,
mentos. Por isso, é uma teoria universal e levando o homem a ser produtor de suas
pode ser usada para fundamentar pesqui- próprias ideias e pensamentos (MAR-
sas em diversas áreas do saber. QUES, 2014).

Segundo Vítor (2011), embora seja uma Passamos todos os dias por experiên-
teoria estudada por vários cientistas em cias positivas e outras não. A inteligência
diversos países e inserida na grade curri- multifocal busca resgatar a autoestima,
cular de cursos de Psicologia, Psiquiatria e trabalhando de forma positiva nas frus-
áreas afins em universidades de todos os trações e nos auxiliando a nos proteger
continentes, ela foi desenvolvida pelo psi- das emoções negativas.
quiatra, cientista e pesquisador brasileiro
Segundo Vítor (2011), as pessoas são
Augusto Jorge Cury.
treinadas para dirigir um carro, uma em-
Após mais de vinte anos de pesquisas presa, uma comunidade, uma cidade, um
e exaustivos testes com resultados sig- estado, um país, uma nação. Mas não são
nificativos em seus pacientes, Cury vem treinadas para governar seus próprios
popularizando o conhecimento e demo- pensamentos. Não aprenderam as técni-
cratizando a ciência por meios de livros. cas, não desenvolveram as habilidades e
Atualmente, ele figura entre os autores não possuem as ferramentas necessárias
que mais publicam e vendem livros sobre para administrar as emoções. Por isso, a
o assunto, no Brasil e no exterior. grande maioria foi e ainda está sendo pre-
parada para atuar somente na plateia, e
Segundo Marques (2014), ela tem como
não para ser líder de seu mundo psíquico.
objetivo explicar como se constrói os pen-
samentos, investigando quatro processos Os pensamentos os dominam e as emo-
da mente humana, sendo eles: a constru- ções os controlam. As ciências e os sis-
ção de pensamentos, a transformação da temas e, sobretudo, o sistema educacio-
energia psíquica, a formação do “eu” e a nal, preparam as pessoas para explorar o
31

mundo externo, mas não o território de o perturba, cada angústia, humor triste,
seu próprio ser. medos, insegurança, etc. E, por fim, não
peça compaixão para os pensamentos ne-
Há pessoas que sofrem muito com
fastos.
ideias obsessivas. São escravas de ideias
fixas. Quem produz os pensamentos que Esse sentimento pode gerar o “coitadis-
detestamos? Claro que são os fenômenos mo” (estado ou condição de ter compaixão
inconscientes! Eles comandam o palco de de si mesmo) ou a “vitimização” (estado de
nossa mente. se considerar vítima das circunstâncias).
Vítimas vivem uma vida baseada no medo,
Não há meio termo, ou você governa
antecipando problemas e preocupações
seus pensamentos ou eles o dominam, en-
que possivelmente não ocorrerão e que
tão a sugestão é praticar as técnicas abai-
servem apenas para deixá-la na “inércia”,
xo sugeridas, as quais alimentam nossa
longe de atingir suas metas, alcançar seus
capacidade de gerenciar os pensamentos
objetivos e realizar seus sonhos. Pelo con-
e emoções para sermos líderes no palco
trário, reinvente-se, exorcize os pensa-
de nossa mente. Vamos expor duas delas
mentos ruins e com fé, força e convicção,
que alicerçam e englobam as demais.
determine ser alegre, tranquilo, sereno,
1ª) Reeditar a memória a viver uma vida baseada no amor. A con-
quistar tudo o que quiser ter. A amar, fazer
Reeditar a memória é um dos processos
acontecer. A ser tudo o que puder, ou seja,
de transformação da personalidade estu-
líder de si mesmo.
dados pela teoria da Inteligência Multifo-
cal. Segundo essa teoria, a memória hu- 2ª) Janelas paralelas da memória
mana é indelével, só podemos reeditá-la
Construir janelas paralelas é criar na
ou reescrevê-la. Reeditar ou reescrever
memória janelas saudáveis e que têm in-
a memória não é apagar os pensamentos
terconexão com as janelas doentias do in-
doentios, mas inserir novas experiências.
consciente. As janelas paralelas abrem-se
É construir segurança onde existe o imediatamente quando as janelas doen-
medo, lucidez onde existe estupidez, tias são abertas, fortalecendo a liderança
tranquilidade onde existe excesso de do “eu”.
ansiedade. É possível reeditá-la usando
Criar janelas paralelas pode acontecer
a técnica do DCD (duvidar, criticar, deter-
pela técnica da mesa-redonda do “eu”.
minar). A prática dessa técnica estimula o
“eu” a gerenciar os pensamentos e a ree- A prática dessa técnica cria janelas pa-
ditar a memória. ralelas em pessoas que desejam superar
transtornos psíquicos ou que queiram de-
Não seja prisioneiro de seus pensa-
senvolver seu potencial intelectual e ex-
mentos doentios. Duvide de tudo que eles
pandir sua qualidade de vida.
produzem e que faz você ficar deprimido,
ansioso, sem motivação, com a autoes- Na verdade, essa técnica é uma mescla
tima em baixa. Critique seriamente cada de várias outras técnicas, tais como DCD,
pensamento negativo, cada ideia tola que distração saudável por meio da ruminação
32

positiva, esvaziamento (interiorização) e dade gostam de pensar em termos de dez


relaxamento, dentre outras. Ela consiste minutos. Saiba que muitos avanços ocor-
numa reunião íntima consigo mesmo. Su- reram em dez minutos. Muitos acordos
gerimos que seja praticada logo pela ma- foram selados e muitos relacionamentos
nhã, ao despertar. Antes de fazer ou até foram curados em apenas dez minutos.
mesmo pensar em coisa alguma. Faça uma Portanto, possua esses dez minutos de
respiração da vida. Expire, jogue fora to- maneira eficaz.
dos os seus medos, fobias, pensamentos
O uso adequado dessas técnicas e fer-
negativos. Promova um debate franco,
ramentas tem contribuído ao longo dos
lúcido e silencioso com seus problemas,
anos para que haja mudanças significa-
dificuldades, crises, perdas. Duvide de
tivas de comportamento, tanto pessoal
cada um deles, critique-os severamente,
quanto organizacional. Além disso, o Co-
determine neutralizá-las. Viaje para den-
aching Multifocal contempla em sua me-
tro de si mesmo e faça uma faxina em sua
todologia a análise de forças e fraquezas,
mente. Tente com todas as suas forças es-
para identificar oportunidades e ameaças.
vaziar-se. Só e somente só, quando sentir-
Essa análise é sustentada pelos pilares da
-se totalmente esvaziado, então, inspire o
sobrevivência, do crescimento, do desen-
ar de um novo dia. Agradeça ao autor da
volvimento e da manutenção. Como com-
vida por mais um dia. Peça forças a Ele
plemento, é utilizado também testes e
para vivê-la intensamente. Inspire a vida
ferramentas da investigação apreciativa.
e tudo que ela pode lhe oferecer de bom.
Esse método possibilita ressaltar e apre-
Afinal, a vida é belíssima e brevíssima.
ciar o que há de melhor em cada pessoa,
Portanto, cada segundo deve ser vivido mensurar seu quociente de positividade
como se fosse único. Não aceite nada ve- e, partir daí, utilizar todo seu potencial
lho, brinde o novo. Discutir e traçar cami- para reivindicar as qualidades requeridas.
nhos numa mesa-redonda silenciosa situ-
Como resultado disso, as empresas ga-
ada no palco da mente é argumentar com
nham colaboradores mais produtivos, mo-
o pensamento negativo e cortar a negati-
tivados pela melhora significativa em sua
vidade pela raiz. Aprender a argumentar
qualidade de vida e na capacidade e faci-
sobre as formas torcidas de pensamentos
lidade de desenvolver relacionamentos
negativos é o pilar de sustentação do TCC
intra e interpessoais nas esferas: familiar,
(Terapia Cognitivo Comportamental).
profissional e social.
Para praticar essa técnica, não há ne-
Para aqueles que ocupam cargo de lide-
cessidade de muito tempo. Basta apenas
rança seja nas empresas, na família, nos
dez minutos por dia. Lembre-se, o tempo
esportes, na escola, na comunidade ou
gasto em “afiar” o machado não é tempo
em qualquer outra instituição, o Coaching
perdido. É melhor perder dez minutos na
Multifocal apresenta dicas de Liderança
vida, do que a vida em dez minutos. Aliás,
Situacional, que mostram quais são os ti-
essa é uma maneira inteligente de se usar
pos básicos de liderança e como diagnos-
dez minutos (VÍTOR, 2011).
ticá-los para ter a flexibilidade necessária
Pessoas com alto quociente de positivi- ao usar cada um deles de acordo com a si-
33

tuação. Trata-se de um enfoque prático, Veja abaixo palavras que em sua grafia
de fácil compreensão e aplicação (VÍTOR, têm letras do mesmo grupo do nosso jogo
2011). de palavras, e oportunamente, fazem parte
do implemento ou mesmo dos objetivos per-
O autor frisa que as técnicas, dicas e
seguidos pelo SER humano ao longo de sua
ferramentas descritas acima funcionam
vida:
em qualquer área de sua vida. Elas contri-
buem para que você seja tudo aquilo que
puder ser, mesmo quando se esquecer agilidade, amizade, ansiedade, as-
disso. sertividade, beldade, bondade, ca-
ridade, credibilidade, criatividade,
Por tudo isso e muito mais, o Coaching crueldade, cumplicidade, dificuldade,
Multifocal apresenta-se como um pro- dignidade, feminilidade, fertilidade,
cesso completo para desenvolvimento da graciosidade, honestidade, humildade,
gestão do comportamento organizacional idade, identidade, idoneidade, igual-
e plena utilização do potencial humano. dade, lealdade, legitimidade, liberda-
Um processo eficazmente flexível para de, magnanimidade, masculinidade,
ser operacionalizado tanto em pessoas fí- maturidade, necessidade, personali-
sicas quanto jurídicas (VÍTOR, 2011). dade, piedade, privacidade, qualidade,
responsabilidade, sanidade, saudade,
5.4 O modelo cíclico DADE e sensibilidade, sensitividade, sobrieda-
o método Ciclo Team Power ® de, sociabilidade, tranquilidade, vaida-
De acordo com o modelo cíclico proposto de, variedade, verdade.
por Oliveira (2013), através do jogo de pa- FELICIDADE
lavras DADE1 , a intenção é levar o Coachee
em uma espiral cíclica de mudança mediante
1- DIRECIONAR – Confirmar direção, sinalizar. Certificar cami-
desenvolvimento, que tem foco na melhoria nho ou rumo. Orientar. Centralizar ou canalizar a atenção para
contínua, como extensão e seguindo os mol- algo ou alguém, concentrar
AVANÇAR – Caminhar para frente. Adiantar-se, progredir. Inves-
des do PDCA 2 (agir, planejar, fazer e checar), tir com ímpeto. Fazer sacada ou saliência. Fazer ir para frente.
Prosseguir, continuar uma obra. Fazer sair do alinhamento.
em que um ponto de ação leva a outro, inter- Praticar, executar, investir. Expor, proferir.
DESENVOLVER – Fazer crescer; aumentar, expor minuciosamen-
ligado um complexo processo, sejam eles de te; explanar. Economia: fazer progredir um país, uma região,
competência ou comportamentais. etc., em todos os setores de atividades. Crescer, progredir.
EXECUTAR – Realizar, levar a efeito, pôr em prática. Cumprir.
2 - Ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo de Shewhart ou
O DADE estabelece uma espécie de sin- Ciclo de Deming, é uma ferramenta de gestão muito utilizada
cronicidade tipo a defendida por Jung, base- pelas empresas do mundo todo. Este sistema foi concebido por
Walter A. Shewhart e amplamente divulgado por Willian E. De-
ada em acontecimentos que se relacionam ming e, assim como a filosofia Kaizen, tem como foco principal
a melhoria contínua.
não por relação causal e sim por relação de Seu objetivo principal é tornar os processos da gestão de uma
significado. Desta forma, torna-se necessá- empresa mais ágeis, claros e objetivos. Pode ser utilizado em
qualquer tipo de empresa, como forma de alcançar um nível de
ria a condução do indivíduo no caminho por gestão melhor a cada dia, atingindo ótimos resultados dentro
do sistema de gestão do negócio.
ele estabelecido em progressão, mediante a O Ciclo PDCA tem como estágio inicial o planejamento da ação,
em seguida tudo o que foi planejado é executado, gerando,
interpretação das atitudes que o farão obter posteriormente, a necessidade de checagem constante destas
seus resultados, para as metas preestabele- ações implementadas. Com base nesta análise e comparação
das ações com aquilo que foi planejado, o gestor começa então
cidas. a implantar medidas para correção das falhas que surgiram no
processo ou produto (PERIARD, 2011).
34

O método ciclo Team Power®, modelo no de ação, visando provocar mudanças sig-
de aprendizagem e mudança desenvolvi- nificativas durante o ciclo do Coaching. Você
do por Robert Dilts, com base no trabalho é capaz de perceber o mundo à sua volta?;
de Gregory Bateson, denominado Níveis
gustação – o porquê fazer vem através
Neurológicos, é a base para realizar com
dos questionamentos, em que se trabalha
eficácia comprovada processos de Coa-
na implementação do plano de ação. Signi-
ching com PNL.
fica execução, com um loco especial para as
Com base no modelo DADE, o método estratégias e os recursos necessários para
Ciclo Team Power, é determinado por no- que o planejado aconteça. Você consegue
minar uma fase relacionando-a com os sentir o gosto da vida? Você sente o gosto do
cinco sentidos humanos e mais a intuição. amor? Você sente as pessoas?;
Uma fase leva para o nível ao ser alinhado
olfativa – o quem estará presente em
com propósitos e perguntas afirmativas,
todos os questionamentos representa o
diretamente à fase seguinte tornando-
faro. Trabalhe na superação de possíveis
-se obrigatório o alinhamento, através
oposições e impeditivos, inclusive no senti-
da passagem por todas as fases (níveis),
do de “reprogramar” crenças e suposições
concluindo, assim, o objetivo determina-
limitantes, comportamentos indesejáveis
do pelo processo de Coaching, objeto do
e estratégias não eficazes. Movimento de
contrato entre Coach e Coachee (OLIVEI-
transformação, onde serão revisadas as ex-
RA, 2013).
pectativas, diante da sua real identidade,
Ciclo team power: suas crenças focando a inteligência emocio-
nal, para descartar comportamentos desne-
visão – todas as perguntas base para cessários. Quem é você? Alguém... Quem tão
o ciclo são efetivadas a partir do direciona-
os outros? Eles têm...;
mento de espaço do Coachee; está vinculada
a avaliação com foco no ambiente e desem- intuição – através dos questionamen-
penho. Como você vê o mundo hoje? Como tos de quem mais, trabalhe para concluir e
você vê o mundo perfeito? Como você vê o tornar seguras as aprendizagens adquiridas,
aqui e o agora?; visando seguir sempre em frente, com au-
tonomia. Neste ângulo do ciclo a premiação
audição – deste modo, todas as afirma- oferecida ao Coachee é a contemplação dos
tivas da fase, são ligadas ao comportamento
resultados obtidos por ele próprio. Objetiva
visto de fora, incluindo o pensamento sistê-
alinhar os níveis neurológicos trabalhados
mico e fronteiras de pensamento. Corres-
durante todo o ciclo. Qual a sua intuição so-
ponde a fase de fundamentação. Você ouve
bre você? Qual sua projeção para os outros?
o que te dizem? Você ouve palavras positi-
Qual sua projeção para a vida? (OLIVEIRA,
vas? Você ouve as intenções?;
2013, p. 151).
toque – todos os questionamentos gi- Todo Coaching é de desenvolvimento de
ram em torno de “como fazer”, consiste na
novas competências comportamentais e
formulação de prioridades, para o ciclo em
pessoais. Trata da promoção do potencial das
curso, baseada no trabalho de construção.
pessoas, do aumento de suas possibilidades
Os mark’s serão mensuráveis e com um pla-
35

e o desfrute da liberdade de viver a vida que vas predeterminadas quais as inteligências


elas valorizam, no pensamento clássico e, dominantes, que o mesmo apropria para si;
em particular, com as ideias de Aristóteles,
logotipo da linha do tempo – o Coa-
que acreditava que alcançar a plenitude do
chee desenvolve uma “logo” na qual serão
florescimento das capacidades humanas é
determinadas duas fases dentro da linha do
o sentido e fim de todo desenvolvimento.
tempo: o presente e o futuro; como e o quê,
Integra aspectos como a qualidade de vida,
representadas mediante a inserção de cores,
bem-estar individual e social e felicidade.
palavras, ícones, o que a imaginação mandar,
Voltando um pouco à importância do ou seja, o que o identifica como ser humano
questionamento, lembramos que o bom e profissional.
questionamento é aquele que nos dá um di-
recionamento para fora da caixa e nos con-
Pizza da vida®: ou Roda da Vida
duz a explorar novos caminhos, dando asas Ferramenta que visa mensurar o equilí-
ao imaginário colidindo com respostas não brio do Coachee, realizada em duas instân-
convencionais. Uma pergunta soberana au- cias, a do estado atual e a do estado deseja-
xilia: do, em que a cada fatia designam-se quais os
níveis de satisfação e importância. É a visua-
o despertar da curiosidade;
lização que nos ajuda, e alimenta a trabalhar
o estímulo da qualidade de reflexão e com ideias positivas. Podem ser:
posteriormente exaltação da criatividade;
pizza da vida das prioridades – o Co-
a revelação e o desafio das suposições e achee define através de ordem cronológica
crenças da situação vigente; suas necessidades e prioridades;
abertura de perspectivas e possibilida- pizza da vida cromoterápica – o Coa-
des diferentes, sentimento de inovação; chee define através da escolha de cores qual
a sensação que cada fatia de suas necessi-
a geração de energia, sinergia e movi-
dades tem em relação a cor escolhida.
mento;

a canalização da atenção, promovendo


Lembram-se da sugestão de dividir
a investigação;
uma folha A4 em oito partes? Aqui é se-
melhante:
a impulsionar novas abordagens de coo-
peração entre pessoas e equipes. Divida um círculo em oito partes, cada
uma correspondendo às áreas que você de-
Logotipo de identidade®: seja prosperar, de acordo com a cronologia,
necessidades e prioridades. Preencha da se-
Ferramenta para explorar o poder de de-
guinte maneira: para cada área dê uma nota
finição do Coachee através da identificação
de 0 a 10 para seu nível de satisfação, poste-
das oito inteligências de Gardner e linhas de
riormente de prioridade para obtenção.
tempo. Aqui temos:

logotipo das inteligências – o Coa- Os questionamentos que surgem gi-


chee desenvolve uma “logo” própria, na qual ram em torno de:
possam ser observadas através de afirmati-
36

Há alguma desproporção forte? eu me importo com esta área da minha vida?

O que vai acontecer se continuar assim? Qual é o passo mais fácil, mais viável,
mais acessível que posso dar hoje ou esta
Onde mexer para ter efeito cascata?
semana em direção daquilo que quero?
O que teria que mudar nas minhas atitu-
Qual área da roda da vida de vocês que
des e meus comportamentos para saber que
está precisando de atenção?

Exemplo: saúde, amor, trabalho, viagens, sucesso profissional, etc.

Fonte: Oliveira (2013, p. 160).

Simulando a pizza preenchida: ambien- Justifica-se que o recrutamento inter-


te (9), saúde (3), lazer (2), finanças (7), no é mais econômico e costuma ser mais
desenvolvimento pessoal (8), carreira (9), rápido que o recrutamento externo, pois
relacionamentos (5) e espiritualidade (4), só depende da disponibilidade do colabo-
estes seriam valores/escalas correspon- rador para ser transferido e/ou promo-
dentes à satisfação ou prioridade para vido, apresenta também maior índice de
sua obtenção. validade e de segurança, visto que não
necessita período de experiência, nem
5.5 O modelo CHA para se- integração. Considera-se como fonte de
motivação, além de estimular o autode-
leção de pessoal senvolvimento e a autoavaliação, apro-
Melo et al. (2012) apresentaram um es- veitando assim o investimento da em-
tudo sobre as ferramentas de Coaching presa em treinamento. “Desenvolve uma
que visam maximizar a eficácia do proces- competição ética entre os colaboradores,
so de seleção interno, que vale muito na uma vez que as oportunidades são ofere-
construção do nosso arcabouço de estu- cidas a todos e aproveitadas por aqueles
do. que realmente demonstrem condições de
37

merecê-las” (CARVALHO, PASSOS, SARAI- que a organização procura para preencher


VA, 2008, p. 69). a vaga.

No entanto, considerado-se que os co- Para tornar-se mais fácil a aplicação, a


laboradores estão prontos para serem ferramenta pode ser apresentada atra-
promovidos e tal processo não ocorrer, vés de um questionário padrão, fornecido
corre o risco de frustrá-los. Além disso, se pela equipe responsável, buscando a mi-
administrado incorretamente, a organiza- nimização de variações de respostas.
ção pode elevar seu funcionário a um ní-
O modelo de mudança consiste em pe-
vel maior que seu grau de conhecimento,
dir ao candidato que pense em sua situ-
é necessário também oxigenar, renovar, a
ação atual dentro da empresa e imagine
organização, pois os mesmos problemas e
como estaria se conquistasse o cargo pre-
situações podem dificultar a criatividade
tendido, fazendo anotações em um mate-
e o surgimento de novas ideias (MELO et
rial pré-disposto pela equipe, analisando
al., 2012).
os pontos positivos e negativos da movi-
O modelo CHA objetiva que o candidato mentação.
mapeie seus conhecimentos, habilidades
É interessante que esta ferramenta
e atitudes. Sendo assim, avalia-se a ca-
seja trabalhada com imagens, como exem-
pacidade do mesmo desenvolver-se. Para
plificado na figura abaixo, orientando o
análise de resultado, o recrutador deverá
candidato a analisar quais recursos serão
observar como o colaborador apresenta-
necessários a ele para ocupar a vaga pre-
-se diante dos requisitos interessantes
tendida.

Material para aplicação da ferramenta modelo de mudança

Fonte: Adaptado de O’Connor e Seymour (1995, p. 32 apud MELO et al., 2012, p. 7).
38

Uma vez selecionados através da primei- Os pressupostos da PNL são utilizados


ra etapa alguns candidatos potenciais, cabe para tratar de uma situação limitante, que
à utilização de outras ferramentas que exi- pode ser neste caso uma situação relacio-
jam mais tempo de aplicação e de análise de nada a rotina de trabalho do cargo preten-
resultado. São citadas assim as perguntas dido, ao serem aplicados conscientemente,
poderosas e pressupostos da programação a resposta.
Neurolinguística (PNL).
Este exercício tem por objetivo ampliar
Essas questões são chamadas de pode- a percepção do candidato utilizando os
rosas por serem compostas de palavras es- pressupostos – formas de pensar e agir – e
pecíficas que orientam o pensamento e as a distribuição espacial para separar as dife-
emoções do entrevistado. Perguntas for- rentes questões envolvidas e trazer mais
muladas com método e técnica que direcio- opções para o cliente (LAGES e O’CONNOR,
nam o pensar à forma construtiva e otimis- 2010).
ta. Em conjunto, as perguntas rotineiras de
Na tabela abaixo serão exemplificadas as
uma entrevista comum, auxiliarão de forma
perguntas necessárias para desenvolver a
a maximizar o aproveitamento das respos-
ferramenta.
tas, tornando-a assim mais eficaz.

SITUAÇÃO LIMITANTE SITUAÇÃO ATUAL DO CANDIDATO

Ponto neutro, serve apenas para quebrar o


Quebra de estado
estado.
O que está vivendo é apenas um mapa e
1. O mapa não é o território. não a realidade. Que outros mapas poderia
usar?
Onde está seu foco? Onde pode levar o
2. O que você foca, aumenta.
foco?
Qual é a sua contribuição para a manuten-
3. Você faz parte do sistema.
ção da situação?
4. Há intenção positiva por trás do compor- Qual é o propósito por trás das ações de
tamento. todos os presentes?
Está funcionando o que está fazendo?
5. Flexibilidade.
Identifique três respostas alternativas.
Está se lembrando de confiar que o sis-
6. Os recursos existem no sistema. tema tem os recursos necessários para
mudanças desejadas?
Você está mantendo uma mentalidade de
7. Não existe fracasso, tudo é feedback.
feedback? O que aprende aqui?

Fonte: Melo et al. (2012, p. 8).


39

Segundo os autores da pesquisa, do tes mudanças decorrentes dos processos


leque de ferramentas e técnicas que um de aquisição de controle societário, in-
profissional Coaching pode utilizar, esco- corporações societárias, fusões e até de
lheu-se quatro: modelo CHA, modelo de parcerias técnicas e comerciais, fatos que
mudança, perguntas poderosas e pressu- afetam de forma planejada ou imprevista,
postos da PNL, para adaptá-las ao proces- as ideias, valores, crenças, conceitos, co-
so rotineiro de uma seleção interna. nhecimentos, costumes, expressões, re-
lações e práticas.
Analisando o mercado atual como um
todo, nota-se a importância de ferramen- Seja qual for o fato que exija interações
tas competitivas necessárias ao fortale- entre os executivos de empresas que até
cimento da gestão, onde o Coaching se então vinham funcionando de forma indi-
apresenta como diferencial. vidual, estaremos frente ao risco potencial
para que conflitos se instalem. E, o pior,
Quando for mais utilizado pelas empre-
apesar de existir um grande inúmeros de
sas como um processo, auxiliando na ges-
exemplos onde as associações precisaram
tão de pessoas, trará resultados mais efe-
ser canceladas por problemas de choques
tivos tanto nos ciclos de aprendizagem
culturais entre os executivos, novas ope-
quanto no compartilhamento do conheci-
rações continuam sendo realizadas sem a
mento, principalmente pela obtenção de
devida atenção para se programar no iní-
metas através do foco e do direcionamen-
cio do processo uma ação corporativa que
to, características principais desta técni-
incentive as lideranças e suas respectivas
ca.
equipes operacionais a se relacionarem
Tal instrumento foca não só na organi- com padrões de pensamento, comporta-
zação, mas torna seus membros mais hu- mento e atitude afirmativos. Observa-
manizados, focados e alinhados com suas -se, que já nas primeiras experiências de
metas pessoais e objetivos empresariais. interação, surgem iniciativas de algum
Eles concluíram também que a possibili- dos lados, que desconsideram ou desres-
dade e a necessidade de unir o Coaching peitam determinados valores individuais
ao processo de R&S interno, reter e apro- e coletivos com prejuízos significativos.
veitar mais assertivamente os talentos já Egos inflados e preconceitos arraigados
inseridos na empresa, traz a possibilida- se instalam com agilidade para marcar os
de de maior competitividade no mercado “territórios” bem no início das interações.
(MELO et al., 2012).
Lombardo (2012) também justifica que
os efeitos da globalização, impulsionada
5.6 Coaching transcultural pelo desenvolvimento da tecnologia, da
Como o título já diz, esse modelo de Co- informação e dos meios de comunicação,
aching objetiva interações harmoniosas as mudanças culturais tornaram-se mais
de um executivo com duas culturas distin- rápidas e influentes, principalmente nos
tas ou em culturas diversificadas. setores da economia e dos negócios. Se
Castro (2013) explica que executivos e por um lado está em constante aumento
organizações estão expostos a frequen- o número de executivos estrangeiros de
40

empresas multinacionais que trabalham adequados e propícios diante de um novo


no Brasil, liderando equipes brasileiras, contexto. Sob essa perspectiva, estudar e
por outro, muitos executivos brasileiros levar em consideração as características
mudam para outros países com a missão culturais de outro país antes de se esta-
de abrir ou comandar filiais de empresas belecer uma relação concreta diminui a
nacionais, principalmente na Ásia e na probabilidade de geração de conflitos e
África. Em ambos os casos, a adaptação minimiza insucessos (LOMBARDO, 2012).
do executivo ao novo contexto exige dele
Nesse contexto, para se conseguir en-
uma grande capacidade de compreensão
frentar e gerenciar da melhor maneira
da cultura com a qual pretende se relacio-
o choque cultural que a interação entre
nar, negociar e desenvolver como pessoa
grupos diferentes gera, é preciso analisar,
e profissional.
entender, e, de preferência, saber como
Mudanças culturais de maior impacto antecipar as prováveis possibilidades de
podem induzir transformações na aparên- conflitos. Precisa-se de uma postura cor-
cia, forma, natureza ou caráter de deter- porativa forte e afirmativa, que leve em
minados elementos típicos das culturas conta as características culturais de cada
envolvidas ou alterar as relações previa- uma das equipes envolvidas com um dis-
mente estabelecidas entre essas. Rela- curso claro, objetivo e transparente, que
cionar-se com outras culturas demanda diminua a probabilidade de geração de
disposição para lidar com outros padrões conflitos, e, que minimize insucessos.
de pensamento, comportamento e atitu- Por trás destas operações sempre existe
de. Quanto maior for essa interação, em a intenção expressa de que a integração
termos de espaço e tempo, maior será o empresarial trará mais benefícios opera-
potencial de mudança individual ou cole- cionais e mercadológicos. Precisam acon-
tiva. tecer economias de escala, desova de
estoques improdutivos, segmentação de
Entretanto, incorporar passivamente
mercados-alvo, facilidades do processo
elementos de outras culturas que des-
logístico, e, principalmente, incorporação
considerem ou desrespeitem determina-
do aprendizado organizacional pelo uso
dos valores individuais e coletivos pode
das melhores práticas entre os players.
gerar prejuízos significativos. Por isso,
(CASTRO, 2013).
para conseguir enfrentar e gerenciar da
melhor maneira uma mudança cultural, é As melhores metodologias, ferramen-
preciso analisá-la, entendê-la e, de prefe- tas e abordagens devem ser estendidas
rência, saber antecipá-la. para todos de forma positiva. Isto deve ser
um processo saudável e muito bem vindo
Assim, profissionais e empresas que
por todos, e, jamais uma intenção de ex-
conseguem prever, planejar e antecipar
por culturas ou profissionais ultrapassa-
mudanças culturais obtêm uma vanta-
dos ou inadequados. A soma do todo tem
gem competitiva que permite atingir me-
que necessariamente ser maior do que as
tas importantes antes de qualquer outro
partes. As interações precisam ser harmo-
concorrente ou adquirir conhecimentos
niosas e produtivas entre todos os execu-
que favoreçam comportamentos mais
41

tivos, mesmo que as culturas sejam total- e Coaching ao longo da própria vivência na
mente distintas. A administração superior Indonésia (país caracterizado por gran-
precisa usar as ferramentas do Coaching de multiculturalidade), de 2000 a 2003,
Transcultural para criar um movimento Lombardo (2012) desenvolveu uma nova
que favoreça a integração alinhada de to- metodologia: o Coaching Transcultural,
das as partes deste todo (CASTRO, 2013). que facilita interações harmoniosas e pro-
dutivas entre indivíduos, grupos, comuni-
Uma iniciativa de Coaching Transcul-
dades ou organizações de duas ou mais
tural, com certeza, apoiará o processo de
culturas distintas.
mudança organizacional necessário, ex-
pandido a visão executiva que favoreça o Os encontros de Coaching Transcultural
desenvolvimento e o aprimoramento das devem favorecer um processo constru-
competências individuais, facilitando a tivo para o desenvolvimento das compe-
instalação da maturidade necessária para tências necessárias ao Coachee, visando
lidar com a diversidade, superar polariza- prepará-lo para vivenciar o novo em sua
ções emocionais e ampliar as capacitações vida.
transculturais, contribuindo para a cons-
Cada conversa e interação com o Coa-
trução de “pontes de aprendizado”, que
ch ajudará o Coachee a prevenir as poten-
irão aproximar todas as culturas organiza-
ciais adversidades, a liberar seu pensa-
cionais envolvidas. Por isso, devemos ter
mento criativo, a gerar aprendizado e se
um item na agenda de planejamento de
corresponsabilizar na construção de uma
integração dos negócios, promover ações
interação produtiva com pessoas de outra
que busquem alinhar todos em direção ao
cultura.
norte único desejado.
Além disso, o Coach auxilia no “apren-
O Coaching oferece para indivíduos e
dizado inconsciente”, pois desperta nos
organizações metodologias, ferramentas
indivíduos ou grupos atendidos algumas
e abordagens que promovem o desenvol-
indagações e questionamentos espon-
vimento de planos e estratégias volta-
tâneos que os levam a buscar uma maior
das para o alcance de metas previamente
abertura e predisposição às novidades
identificadas. O Coach, profissional que
apresentadas por indivíduos e grupos
estuda e aplica o Coaching, auxilia pro-
representantes de outras culturas. Mu-
cessos de mudança por meio de técnicas
dando percepções equivocadas e desen-
e conversas transformadoras que esti-
volvendo a própria tolerância, o Coachee
mulam o desenvolvimento individual ou
passará pelas etapas sucessivas de ad-
organizacional. A crescente populariza-
missão, respeito e valorização de diferen-
ção do Coaching abriu novos campos e ho-
ças culturais.
rizontes para sua aplicação, entretanto,
até poucos anos atrás, ainda não existiam Assim, as habilidades para desenhar
metodologias e programas de Coaching seu futuro serão desenvolvidas e suas
especificamente focados em contextos incertezas, paulatinamente, confronta-
multiculturais. das, a fim de fortalecer o Coachee para
que consiga vivenciar situações menos
Por isso, a partir de estudos de cultura
42

ordenadas, talvez mais caóticas e impre- bem como para a otimização do desempe-
visíveis, mas não necessariamente nega- nho. Cresce a cada dia o número de estu-
tivas. Com o acompanhamento paciente, dos científicos assegurando a eficácia do
não invasivo e não impositivo do Coach, tratamento e manutenção dos resultados
o Coachee identifica seu papel no cenário obtidos (TESSARO, 2008).
atual e busca inserir-se no cenário deseja-
Com o EMDR, ativamos várias áreas ce-
do, construído por ele mesmo; ao mesmo
rebrais através da estimulação sensorial
tempo, o Coach procura auxiliar o Coachee
bilateral. Um processo simples que pro-
a desenvolver uma estrutura de apoio
move a dessensibilização daquilo que nos
para os demais colegas ou membros da
incomoda colocando-nos em um estado
família que vivenciam um processo seme-
mais adaptativo e saudável no qual razão,
lhante, ora em conversas individuais com
emoção e ação estão mais alinhadas. O
o Coachee, ora em conversas conjuntas
cérebro é acessado pela EMDR da mesma
com outros colegas ou familiares, tendo
maneira que ele recebe as informações
em vista o fato de que estão todos vincu-
do ambiente: visão, audição, tato, olfato e
lados a um projeto comum, que diz respei-
paladar.
to ao presente e ao futuro de uma organi-
zação ou de uma família. O EMDR é aplicado em etapas, sendo o
básico composto de perguntas que ativam
É um processo interessante de apren-
diferentes regiões cerebrais de ambos os
dizagem que estimula uma atitude cos-
hemisférios. Estimulações sensoriais bi-
mopolita, não apenas tolerante, mas livre
laterais que promovem o fluxo de energia
de qualquer julgamento onde cabe ques-
entre diferentes regiões cerebrais de am-
tionar expectativas para prevenir con-
bos os hemisférios, integrando as infor-
trariedades, visualizando alternativas e
mações e transformando-as.
soluções viáveis para que seja construída
a confiança necessária para atingir metas Em todo o processo, o paciente man-
(LOMBARDO, 2012). tém-se consciente. Estar acordado é fun-
damental, assim o cérebro entende que
5.7 Dessensibilização e Re- está no presente e que o que está ocor-
rendo lá dentro são só lembranças. É o
processamento por Movi- que chamamos de atenção dual. Inicial-
mentos Oculares (EMDR) mente eram usados apenas os movimen-
O EMDR, originalmente Eye Movement tos oculares (lembre: no sonho os olhos se
Desensitization and Reprocessing é uma movem quando dormimos) depois perce-
abordagem que ativa mecanismos de cura beu-se que sons e toques bilateralizados
e criatividade do nosso cérebro. tinham o mesmo efeito.

A técnica foi descoberta por Francine Dentre as vantagens do EMDR, Tes-


Shapiro no final da década de 80. Inicial- saro (2008) cita:
mente era utilizada para pacientes que
rapidez – o fluxo rápido e intenso do
sofriam de stress pós traumático, hoje seu
processamento traz agilidade ao trata-
uso foi ampliado para outras patologias,
mento;
43

mudança global – nossos sintomas mada de decisões ao permitir obter uma


e dificuldades têm componentes de várias visão balanceada e integrada da organi-
regiões do cérebro. No EMDR há interco- zação, traduzindo a estratégia em mapas
nexão das regiões relacionadas indepen- e gráficos de fácil entendimento.
dente de sabermos quais elementos es-
O BSC é uma destas ferramentas que
tão sendo integrados e em que proporção.
além de ser aplicada às organizações, hoje
Nossa certeza é que a integração caminha
encontra um viés na aplicação de pessoas.
no sentido da cura;
Nóbrega (2011) nos explica a diferença
rastreamento – podemos não saber
entre coaching e terapia para justificar o
exatamente qual é o trauma, mas o sis-
uso de ferramentas e metodologias que
tema de processamento de informação e
antes eram aplicadas somente à organi-
adaptação tem a capacidade de rastrear o
zações e hoje encontram campo fértil nas
problema. Há um verdadeiro instinto para
“pessoas”.
a cura.
O campo de estudo da terapia está no
Dentre as indicações, que são mui- passado, ou seja, ela busca algo que pos-
tas e para todas as idades, têm-se: sa estar influenciando negativamente no
baixa autoestima, dificuldade de apren- presente. Já o Coaching tem seu estado
dizagem, de relacionamento, fobias, timi- inicial no presente e traça caminhos para
dez, excesso de ansiedade, culpa, triste- atingir um ponto desejado no futuro. O
za, vergonha, medos, etc. Coach surge justamente para orientar o
Igualmente, é indicado para pessoas coachee a atingir um determinado obje-
que buscam melhoria de desempenho tivo. Pois bem, para finalizar o processo,
profissional nos negócios, artes e espor- utiliza-se o BSC para avaliar se as expec-
tes; melhoria de desempenho no aprendi- tativas foram atingidas.
zado de idiomas; redução e administração O Balanced Scorecard (BSC) é uma
do estresse e instalação de recursos po- metodologia criada por dois professores
sitivos. de Harvard (Kaplan e Norton) em 1990 e
De todo modo, frise-se que deve ser que veio evoluindo ao longo do tempo, à
aplicado por Psicólogos e Psiquiatras de- medida que é aplicada no mundo inteiro.
vidamente capacitados pelo EMDR Insti- Ela permite que a organização traduza a
tute (TESSARO, 2008). visão de futuro em objetivos estratégi-
cos relacionados, distribuídos em quatro
5.8 O Balanced Score Card perspectivas de negócio. A partir de cada
perspectiva, são criados indicadores e
(BSC) na avaliação de resul- metas vinculados aos objetivos, priorizan-
tados do Coaching do projetos alinhados com a estratégia da
mesma. Aqui, como no Coaching, um dos
Existem muitas metodologias e ferra-
grandes desafios não é definir os objeti-
mentas de grande utilidade para a gestão
vos e os caminhos, e sim colocar em prá-
estratégica como matriz SWOT e o Balan-
tica. Com a utilização do BSC, a organiza-
ced Score Card (SBC). O BSC auxilia a to-
44

ção pode avaliar o seu modelo de gestão e atingir seus objetivos é criando uma es-
verificar se todos os pontos-chave estão tratégia. Essa estratégia tem que estar
trabalhando de forma alinhada e integra- alinhada com a sua missão e visão de fu-
da. O BSC ajuda a avaliar se os caminhos turo. Na vida pessoal não é diferente. Para
tomados estão situados com os objetivos atingir um objetivo, deve-se primeiro es-
pretendidos (NÓBREGA, 2011). crever uma missão e também visão.

a) Ambição pessoal: Ela deve se concentrar naquilo que você


deseja ser (caráter) e fazer (contribuições
O ponto inicial desse processo começa
e conquistas), e nos valores/princípios
com a sua ambição pessoal escrita. Aqui,
nos quais o ser e o fazer estão enraizados.
como nos negócios, tudo começa com
Essa deve ser a sua missão.
um desejo, ou seja, você deseja atingir
um objetivo ou vários objetivos, tanto no A vida profissional e pessoal, e todas
âmbito pessoal como no profissional. Nos suas outras dimensões são afetadas por
negócios é do mesmo modo. A declara- seu conceito de missão de vida. Mapear,
ção de ambição pessoal deverá conter um ou mesmo construir sua missão, é a pri-
conjunto de princípios que irá orientá-lo meira ação de quem deseja buscar a equi-
sobre quem você é, e para onde está indo. valência entre o que se faz e o que deve-
ria estar fazendo para atingir a realização
Nos negócios, as quatro perspectivas
plena.
mais utilizadas no BSC são: financeira,
clientes (externo), processos (interno) e Maslow, especialista em motivação
conhecimento. Aqui vamos criar quatro humana, foi quem melhor difundiu pelo
perspectivas também: financeira, exter- mundo a relevância de identificar sua mis-
na, interna e conhecimento (NÓBREGA, são e seus valores fundamentais como
2011). Após termos bem clara a nossa am- forma mais apta de conquistar o sucesso.
bição pessoal, temos que levantar quais Ele criou um modelo, nomeado Pirâmide
são os Fatores Críticos de Sucesso (FCS) das Necessidades, em que cada parte dela
relacionados com os objetivos estabeleci- representa um conjunto de necessidades
dos para cada perspectiva. fundamentais que norteiam a vida e as
motivações humanas.
Uma ambição pessoal, portanto, tem
que ter no mínimo quatro FCSs (no mínimo em sua base colocou as necessidades
um por perspectiva). Para cada FCS, você primárias como: alimentação, saúde, la-
precisa ter no mínimo um objetivo. Cada zer, etc.;
um tem que ter no máximo dois indica-
nos patamares superiores encontra-
dores de desempenho correspondentes,
-se a necessidade de segurança; reconhe-
cada indicador tem somente uma meta e
cimento e interação social;
cada meta é vinculada a uma ou mais ini-
ciativas de melhoria. no topo desta pirâmide, você irá en-
contrar a missão, visão, valores e os prin-
b) Missão e visão:
cípios.
A forma mais eficaz para a empresa
Os seres humanos que fazem a dife-
45

rença na história concentram seu foco na vel e vinculam-no a prazos-limite.


parte mais elevada desta pirâmide, man-
Uma avaliação de desempenho pessoal
tendo sempre a sua motivação em alta.
é um ponto de medição através do qual é
Quando descobrir o âmago de sua natu- possível ponderar sobre a sua própria per-
reza e saber realmente quem é (sua mis- formance em relação aos FCSs e aos seus
são de vida), quando tiver um melhor en- objetivos.
tendimento de si mesmo, será mais fácil
A meta pessoal é um alvo quantitati-
direcionar sua energia no sentido correto
vo de uma mensuração de desempenho
rumo a esse sonho (desejo).
pessoal. Ela é um valor que é perseguido
Após escrever sua missão de vida, deve e, em seguida, avaliado por meio de uma
trabalhar na sua visão de futuro. A sua vi- medição da realização pessoal. As metas
são de futuro nada mais é do que pegar a pessoais devem ser definidas com um pro-
sua missão e colocar prazos. Nesse mo- pósito específico, que possam ser mensu-
mento, o desejo que era sonho se trans- ráveis, realistas, direcionada a resultados
forma em objetivo e tem uma data para se e com prazos definidos, sendo este último
concretizar. o de maior importância.

Sua visão funciona como uma bússola Uma ferramenta simples, porém muito
ética, que fornece significado à sua vida. eficaz no mundo dos negócios, é a matriz
Ela deve resultar na atuação com propósi- SWOT (strengths, weaknesses, opportu-
to e a empreender esforços para concreti- nities e threats; ou seja, pontos fortes,
zá-la. Ela provê direção aos seus esforços. pontos fracos, oportunidades e amea-
ças). A matriz SWOT traça uma análise
A missão e visão pessoais têm relação
da situação atual do negócio, e pode ser
com suas necessidades e razões internas,
usada também para desenhar o seu esta-
bem como com seu autoconhecimento,
do inicial. Esta análise é uma ferramenta
imaginação e consciência. Elas devem ser
extremamente útil e deve ser utilizada
ambiciosas e inspiradoras, refletir sobre
continuamente com o objetivo de clarear
sua vida e empreendimentos, porque mis-
o caminho a ser seguido e o que deve ser
são e visão sem energia para atuar não fa-
feito. A estratégia SWOT resume-se em
zem qualquer sentido (NÓBREGA, 2011).
eliminar os pontos fracos em áreas onde
c) Objetivos pessoais: existem riscos e fortalecer os pontos for-
tes em áreas onde se identificam oportu-
Os objetivos pessoais decorrem dos
nidades.
FCSs e resultam também de uma análise
particular dos pontos fortes e fracos. Os Baseado nessa proposta, podemos co-
objetivos devem ser afirmados de manei- meçar a definir as iniciativas de melhoria
ra clara, concisa, específica, orientada a que serão necessárias para atingir as me-
resultados, desafiadora, porém realista, tas, ou seja, vamos determinar quais se-
relevante e efetiva no tocante aos custos. rão as estratégias utilizadas para atender
Os indicadores e metas de desempenhos aos objetivos definidos na missão e visão
relacionados tornam o processo mensurá- pessoal.
46

d) Plano de Desempenho: período de avaliação, o Coach deve abor-


dar os níveis de cada competência e/ ou
Outra ferramenta simples, nem por isso
habilidade, baseado no desempenho das
pouco utilizada nas organizações, e que
tarefas observadas.
podemos aplicá-la em nosso plano pes-
soal, é a PDCA (já explicamos o que seja). Na reunião de planejamento de resulta-
O plano de desempenho é derivado do dos, são feitos acordos entre o Coach e o
scorecard, que foi montado quando você Coachee a respeito, de um lado, das áreas,
definiu sua ambição pessoal, objetivos, dos objetivos, dos indicadores de desem-
FCSs, metas, indicadores de desempe- penho e das metas de resultados; e de
nho e as iniciativas de melhoria; ou seja, outro, sobre a utilização de competências
as competências e habilidades a serem orientada ao lado pessoal e profissional
adquiridas. Nesse momento, sua prepa- para o adequado cumprimento dos resul-
ração articulada tem efeito positivo na tados. Desse modo, certifique-se de que
motivação do Coachee. O papel dele nes- está conduzindo uma discussão bilateral;
te processo é trabalhar com seu Coach a criando um tom e clima positivos; ouvin-
criação do plano de desempenho pessoal do com a atenção os pontos de vista do
e assumir responsabilidades pelo seu pró- Coachee; estimulando um diálogo aberto
prio desenvolvimento. e conseguindo o envolvimento dele; cap-
tando a reação e as percepções do mesmo
Os objetivos do Coachee devem ser for-
e se está levando em consideração as con-
mulados de modo a serem desafiadores,
dições de sua vida pessoal e profissional.
viáveis, específicos, mensuráveis, realis-
tas e temporais. Ao formular o plano de A importância do Coach neste ponto é
desempenho, certifique-se de que o BSC ajudar a melhorar a qualidade do desem-
tenha elementos que avalie tanto o de- penho e desenvolver os talentos do Coa-
sempenho no âmbito pessoal como no chee – tanto a longo quanto a curto pra-
âmbito profissional do Coachee. zo – melhorar o modo como ele trabalha e
influenciando positivamente a motivação
Cada competência e/ou habilidade a ser
do mesmo. Nesta fase, também devem
adquirida deve consistir em uma definição
ser efetuadas revisões provisórias do Co-
clara, com uma descrição dos comporta-
achee, com uma avaliação de seus pontos
mentos específicos que podem ser ob-
fortes e fracos. Algumas perguntas de-
servados quando alguém demonstra essa
vem ser respondidas, como: O que está
competência e/ou habilidade. Exemplos:
indo bem? O que pode ser feito melhor?
comunicação efetiva, inovação, tomada
Que obstáculos foram encontrados? Que
de iniciativas, Coaching, delegação efeti-
treinamentos devem ser providenciados e
va, reações pró ativas, persuasão, etc.
de que forma eles serão realizados? Res-
As competências e/ou habilidades sele- salte-se que contrariamente à reunião de
cionadas devem ser avaliadas em um for- Coaching, a reunião de avaliação é unila-
mulário separado durante o processo de teral.
Coaching, e na reunião de avaliação, pelo
Neste momento, o Coach dá sua opinião
uso de pontuações de ganho. No final do
sobre o desempenho do Coachee, sem a
47

participação do mesmo. O Coach confere


se todos os compromissos foram cumpri-
dos, se os resultados acordados foram
obtidos conforme as metas, e de que for-
ma eles foram obtidos. Pela concessão de
feedback ao Coachee, durante o tempo
acordado, e em face das frequentes reu-
niões de Coaching, há maior probabilidade
de o Coachee aceitar a avaliação, e sur-
presas são evitadas (NÓBREGA, 2011).
48

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS aching-o-processo-de-Coaching.php

PERSIA, André; SITA, Maurício. Manu- CARVALHO, Lêda Maria V.; PASSOS, An-
al Completo de Coaching. São Paulo: Ser tônio Eugênio Valverde Mariani; SARAIVA,
Mais, 2011. Suzana Barros Correa. Recrutamento e
seleção por competências. Rio de Janeiro:
PERSIA, André et al. Master Coaches: FGV, 2008.
técnicas e relatos de mestres do Coaching.
São Paulo: Ser Mais, 2012. CASTRO, E. COACHING TRANSCULTU-
RAL: uma metodologia para gerenciar
WHITMORE, John. Coaching para per- mudanças organizacionais em culturas
formance: aprimorando pessoas, desem- diversificadas (2013). Disponível em:
penhos e resultados. Tradução de Tatiane http://ecastroconsulting.blogspot.com.
de Sá. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. br/2013/05/ano-2-post-41-Coaching-
-transcultural.html
REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento,
COMPLEMENTARES recrutamento e seleção de pessoal: Como
ANABB. BB implanta o Plano de Carrei- agregar talentos à empresa. 7 Ed. Barueri:
ra e Remuneração (2012). Disponível em: Manole, 2010.
http://www.anabb.org.br CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Hu-
ARTIGOS. Dinâmicas de Motivação para manos. 7 ed. São Paulo Campus Elsevier,
Empresas, Professores, Grupos e Equipes 2002.
de Trabalho. http://www.esoterikha.com/ DE PAULA, Edson. Coaching de comuni-
Coaching-pnl/dinamicas-de-motivacao- cação: a melhor forma de encarar o “mons-
-para-empresas-sala-de-aula-professo- tro” da plateia. In: PERSIA, André; SITA,
res-brincadeiras.php Maurício. Manual Completo de Coaching.
BANOV, M. Recrutamento, seleção e São Paulo: Editora Ser Mais, 2011.
competências. São Paulo: Ed. Atlas, 2010. FERREIRA, Anabela Almeida. Coaching
BECCKHARD, R. Como fazer o Coaching e programação neurolinguística na edu-
dos Coaches. In: GOLDSMITH, M. et. al. Co- cação: Planificação, implementação e
aching: o exercício da liderança. Rio de Ja- avaliação de uma formação e-learning em
neiro: Campus, 2003. ferramentas de motivação para docentes.
Porto: Universidade do Porto, 2013. Dispo-
CAMPOS, Marcelo Leandro de. Estru- nível em: http://repositorio-aberto.up.pt/
tura de um trabalho de Coaching – o pro- bitstream/10216/68492/2/954545.pdf
cesso de Coaching (2014). Disponível em:
http://www.esoterikha.com/Coaching- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holan-
-pnl/a-estrutura-de-um-trabalho-de-Co- da. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio ver-
são 5.0. 1ª. impressão da Editora Positivo
49

2004. MORA, F. Continuun: Como o Cérebro


Funciona? Porto Alegre: Artmed, 2004.
FRANÇA, A. Práticas de recursos hu-
manos: conceitos, ferramentas e procedi- NÓBREGA, Amauri. Utilizando o BSC
mentos. São Paulo: Atlas, 2007. na avaliação dos resultados do Coaching.
In: PERSIA, André; SITA, Maurício. Manu-
GRAND, D. Cura Emocional em Veloci-
al Completo de Coaching. São Paulo: Ser
dade Máxima: o Poder do EMDR. Brasília:
Mais, 2011.
Nova Temática, 2007.
O’CONNOR, J.; SEYMOUR, J. Introdução à
IVANCEVICH, J. Human Resource Mana-
programação neurolinguística: Como en-
gement. New York: Irwin, 1995.
tender e influenciar as pessoas. 7 ed. Rio
LAGES, A.; O’CONNOR, J. Como o co- de Janeiro: Summus, 1995.
aching funciona. Rio de Janeiro: Quali-
OLIVEIRA, C. O recrutamento interno
tymark, 2010.
como fator motivacional, Luziânia: UEG,
LOMBARDO, Adriana. Coaching trans- 2009. Disponível em: <http://www.luzia-
cultural: uma nova metodologia para an- nia.ueg.br/master/biblioteca/tcc_adm/o_
tecipar e gerenciar mudanças individuais recrutamento_interno_como_fator_mo-
e organizacionais. In: PERSIA, André et tivacional.pdf>
al. Master Coaches: técnicas e relatos de
OLIVEIRA, Ritah de Kássia Marcesz. Life
mestres do Coaching. São Paulo: editora
Coaching em uma abordagem de três inte-
Ser Mais, 2012.
ligências: potencializando as relações in-
LOVISARO, Denise. Por que AutoCoa- terpessoais. Rio de Janeiro: Qualitymark,
ching? In: PERSIA, André; SITA, Maurício. 2013.
Manual Completo de Coaching. São Paulo:
PALADINI, Edson Pacheco. Ferramen-
Editora Ser Mais, 2011.
tas para a Gestão da Qualidade. In: CARVA-
LUBEC PSICOLOGIA E COACHING. Mé- LHO, Marly Monteiro de; PALADINI, Edson
todos & Abordagens. EMDR – Dessensi- Pacheco. Gestão da qualidade: teoria e ca-
bilização e Reprocessamento por Movi- sos. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier/ABEPRO,
mentos Oculares. Disponível em: http:// 2012.
lubecpsicologia.com/abordagens/
PERIARD, Gustavo. O ciclo PDCA e a
MARTIN, R.; MOLDOVEANU, M. Capital X melhoria contínua (2011). Disponível em:
Talento: batalha que está reconfigurando http://www.sobreadministracao.com/o-
os negócios. Harvard Business Review, v. -ciclo-pdca-deming-e-a-melhoria-conti-
81, n. 7, 2003. nua/

MELO, Fernanda Augusta de Olivei- SCHEIN, E. Coaching e consultoria: os


ra et al. A Utilização de Ferramentas de dois são a mesma coisa? In: GOLDSMITH,
Coaching no Processo de Recrutamen- M. et. al. Coaching: o exercício da lideran-
to e Seleção Interno (2012). Disponível ça. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
em: http://www.aedb.br/seget/arti-
SERVAN-SCHREIBER, D. Curar: O Stress,
gos12/25416214.pdf
50

A Ansiedade e a Depressão sem Medica-


mento nem Psicanálise. São Paulo: Sá Edi-
tora, 2004.

TESSARO, Giovana. O que é EMDR?


(2008). Disponível em: http://www.gio-
vanatessaro.com.br/emdr

ULRICH et. al. Liderança orientada para


resultados. Como líderes constroem em-
presas e aumentam a lucratividade. Rio de
Janeiro: Campus, 2003.

VÍTOR, Tércio. Coaching multifocal –


gestão do comportamento organizacional
e a plena utilização d potencial humano.
In: PERSIA, André; SITA, Maurício. Manual
Completo de Coaching. São Paulo: Editora
Ser Mais, 2011.
51

Você também pode gostar