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Site Tabelas de Frete


MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Apresentação:
Eng. Antonio Lauro Valdivia Neto
Especialista em transportes; Engenheiro de Transportes, pós-graduado e Mestre em Administração de
Empresas. Corresponsável técnico pelo site Guia do TRC, sócio da RLV Soluções Empresariais,
colunista da Revista “O Carreteiro”, Professor Universitário;. Assessor técnico da Associação
Nacional do Transporte de Cargas – NTC, membro da Câmara Temática Veicular do DENATRAN,
membro da Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI) da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) e membro do Conselho Estadual para Diminuição dos Acidentes de Trânsito e
Transporte (CEDATT) do Governo do estado de São Paulo.

Eng. João Roberto Valdivia


Engenheiro Civil, Bacharel em Administração de Empresas com especialização em transporte e Mestre
em Administração, atua na área de administração de frotas, apropriação e formação de custos
operacionais de transporte. Ministra cursos sobre gerenciamento de frotas e administração de
empresas de transporte. Professor universitário, autor de artigos e ensaios técnicos publicados em
revistas especializadas. Auditor e consultor da Confederação Nacional do Transporte no Programa
QUALIDAQ (Programa IDAQ de Gestão pela Qualidade e Produtividade em Transporte). Está no setor
desde 1990, é sócio da RLV Consultoria e Treinamento em Transporte e é um dos responsáveis
técnicos do site Transporte e Economia.

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

INTRODUÇÃO

Na ânsia de pegar serviço, muitos esquecem de analisar o próprio valor do frete. Assim,
acabam por ignorar boa parte dos custos, tendo muitas vezes prejuízos e estragando o
mercado todo, pois desta forma o preço do frete diminui cada vez mais para todos que
atuam neste setor.
O profissional de transporte precisa ter consciência que não é só quem oferece frete que tem
o poder de ditar preços. Já é hora do fornecedor do serviço de frete equilibrar esta balança,
negociando melhores preços e fazendo com que o frete recebido retome cada vez mais a
sua função: viabilizar o negócio com lucro e rentabilidade.
Afinal é o lucro que gera os recursos necessários para o investimento nas melhorias e
crescimento da empresa.

A Estória tem Início

Custos Operacionais de Caminhões

Certa vez, em um restaurante de beira de estrada, dois grandes amigos jogavam conversa
fora na mesa após a janta. Os dois estavam envolvidos com o setor de transporte sendo José
um motorista autônomo e Augusto era funcionário de uma grande empresa transportadora.
Em dado momento da conversa, a discussão passou a ser os fretes praticados e os gastos
que o caminhão dava, pois a grosso modo ambos concordavam que as despesas do veículo
eram grandes, tanto para José que possuía veículo próprio quanto para a empresa de
Augusto que possuía uma frota razoável de caminhões. Assim, ambos resolveram levantar o
quanto deveria custar ter e manter um caminhão e, ainda verificar se o frete recebido era
suficiente para cobrir todos os custos.
Ambos tinham um caminhão parecido, ou seja, um caminhão do tipo truck (3 eixos).

Como primeiro passo, eles resolveram listar todos os gastos que eles imaginavam que um
caminhão tinha.

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Combustível Manutenção Pneus

Lavagem Licenciamento

Num primeiro momento, José ficou até contente, pois a lista não era tão grande quanto ele
imaginava. Mas ai, Augusto, com cara de dúvida, questionou se realmente seriam só estes os
custos de um caminhão. E resolveram então, que ambos tentariam levantar com seus
conhecidos os possíveis custos que poderiam estar faltando. E, em um próximo encontro
eles examinariam o resultado.

Alguns dias depois, no novo encontro, José e Augusto analisaram o resultado de seus
esforços. E, uma nova lista surgiu:

Combustível Pneus Manutenção (peças e mão de obra)

Lubrificantes Lavagem Licenciamento

Seguro obrigatório IPVA Seguro do veículo

E, até umas tais de, remuneração de capital e depreciação do veículo, que um colega do
Augusto disse que também eram custos do veículo. E para esclarecer a José, Augusto pediu
ao seu colega, que escrevesse uma explicação sobre estes dois custos que ele não conhecia,
mas que seu colega afirmava que existiam e eram muito importantes.
Depreciação do veículo
Depreciação é o nome que se dá a perda de valor do caminhão à medida que este fica mais
velho. Ou seja, com o passar do tempo o caminhão adquirido vai ficando cada vez mais
velho e, além disso, são lançados caminhões novos mais avançados, seguros e econômicos.
E, portanto, para você trocar o seu caminhão por um mais novo de igual categoria é
necessário que você pague a diferença de valor entre ambos. E, é justamente esta diferença
de valor que é considerada como um dos custos do veículo: o custo de depreciação do
veículo.

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Este é um custo importante, pois se você não o considera, quer dizer que não terá nunca
dinheiro para trocar o caminhão por um mais novo. E, desta forma, o dono do veículo teria
que trabalhar com o caminhão até que este ficasse tão velho a ponto de não rodar mais. E, ai
só lhe sobraria duas opções: recorrer ao banco para financiar um novo caminhão ou mudar
de negócio.
Remuneração de capital
Quando você ou a empresa tira o dinheiro de uma caderneta de poupança, por exemplo,
deixa de receber os juros deste dinheiro. Como para adquirir um caminhão é necessário ter
certa quantia de dinheiro, dinheiro este que, antes de se investir na compra do caminhão,
estava rendendo no banco, e deixa de render com a compra do caminhão. Portanto, nada
mais justo que o caminhão “pague” o valor que você estava recebendo do banco, e é este
valor que se chama remuneração do capital investido.
Mesmo porque, se você não tiver o dinheiro e recorrer a um financiamento para comprar um
caminhão, quem lhe emprestar o dinheiro irá cobrar juros da quantia emprestada. E, você
terá que faturar o suficiente com o caminhão para pagar estes juros também.
Lista dos Custos
Convencidos sobre a importância da remuneração do capital e a depreciação, os dois amigos
resolveram montar um quadro com todos os valores necessários para calcular o custo
operacional de um caminhão.
Preço do caminhão mais novo
Preço do caminhão usado
Taxa de juro anual
Quantidade de anos de utilização do caminhão
Total gasto com Licenciamento, IPVA e Seguro Obrigatório
Valor para assegurar o caminhão por um ano

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Gasto médio no mês com manutenção do caminhão


Quilometragem média mensal rodada pelo caminhão
Preço do pneu novo
Durabilidade do pneu novo em quilômetros
Preço da recapagem
Número alcançado de recapagens por pneu
Durabilidade alcançada em cada recapagem em quilômetros
Consumo médio de combustível em km/litro
Preço pago pelo litro de combustível
Preço do litro de óleo lubrificante de motor
Capacidade de Carter em litros
Remonta de óleo entre trocas (óleo completado)
Intervalo entre trocas de óleo de motor em quilômetros
Preço da lavagem completa do caminhão
Quantidade de lavagens por mês

Custos Fixos e Variáveis de um caminhão

Mas nesta nova lista, José percebeu que alguns custos, apesar de serem do caminhão, sua
ocorrência variava. Alguns custos variavam com a quilometragem e outros com o tempo. E,
então José sugeriu que fosse feita uma classificação:

Custos ligados ao tempo: Custos ligados à quilometragem


rodada:

Custos Fixos mensais Custos Variáveis por km


Depreciação do veículo Manutenção do veículo (peças e MO)
Remuneração do capital Pneus, câmaras, protetores e recapagens
Licenciamento Combustível
Seguro Obrigatório Troca + Remonta de óleo de motor
IPVA Lavagem
Seguro do veículo
Depois de organizar as contas de forma satisfatória, faltava determinar quanto se gastava
com cada um deles.

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Para ajudar nesta tarefa eles consultaram o site Tabelas de Frete


(WWW.tabelasdefrete.com.br).
Custos Fixos
Custos que, se por um lado, não se alteram com a quilometragem rodada pelo caminhão,
por outro variam com o tempo.
Depreciação do caminhão
Este é um custo que só ocorre na hora da troca do caminhão e, portanto, muitas vezes não é
lembrado e considerado nos cálculos de custos operacionais. Mas para ter à diferença na
hora da troca do caminhão é necessário que o dono do mesmo guarde todo mês um pouco
do que recebe, como se fosse uma parcela de financiamento, bem mais barata é claro. E, é
desta forma que ele terá o valor para a troca de seu caminhão. Veja este exemplo:

ANO 2015 2014 2013 2012 2011 2010


Valor do caminhão 180.000 152.500 125.000 111.000 94.000 82.700

+ NOVO USADO

Caminhão mais NOVO R$ 125.000,00


Caminhão a ser Trocado R$ 82.700,00
Diferença em 3 anos R$ 42.300,00 o que dá  R$ 14.100,00 por ano

Observe o raciocínio utilizado: tem-se um caminhão ano 2010 que será substituído por
outro, 3 anos mais novo. Isto quer dizer que, para trocar o caminhão por outro, 3 anos mais
novo, deve-se dispor de R$ 42.300,00, ou seja, deve-se guardar R$ 14.100,00 por ano (
42.300,00  3), ou R$ 1.175,00 por mês (14.100,00 12 meses de um ano).
Remuneração de capital - investido no caminhão
No caso da remuneração de capital também se calcula um valor mensal por se tratar de um
intervalo de tempo que as pessoas e as empresas estão mais acostumadas. Exemplo:

Valor do veículo mais novo (compra) = R$ 125.000,00


Valor do veículo usado = R$ 82.700,00
Taxa de juro anual = 6% (poupança)

Etapa 1: soma-se o valor de compra com o valor de venda:

Valor de Compra + Valor de Revenda


125.000,00 + 82.700,00 = 207.700,00

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Etapa 2: multiplica-se a soma anterior pela taxa de juros anual adotada:

Somatória X Taxa de Juro Anual


207.700,00 x 6% = 12.462,00

Etapa 3: divide-se o montante anterior encontrado, de 12.462,00, por 24:

Montante  24
12.462,00  24 = R$ 519,25 (valor de remuneração de capital mensal)

Licenciamento, IPVA, seguro obrigatório, etc


O licenciamento, seguro obrigatório, IPVA, despachante e seguro do veículo
são valores que são gastos a cada ano e não se alteram se o veículo rodar ou não. Neste
caso deve-se transformar esses valores em parcelas mensais, dividindo-se a somatória deles
por 12 meses.

Exemplo:
ANUAL Parcelas MENSAIS
12
Licenciamento R$ 60,00  R$ 5,00
12
Seguro Obrigatório R$ 240,00  R$ 20,00
12
IPVA R$ 3.600,00  R$ 300,00
12
Taxa Vistoria de Tacógrafo R$ 84,00  R$ 7,00
Despachante R$ 60,00 12
 R$ 5,00
TOTAL R$ 337,00

Seguro do Casco do Veículo


Para cobrir o custo dos eventuais acidentes e roubos, que por acaso, possam
acontecer com o veículo, seu proprietário pode fazer um seguro com uma
seguradora, transferindo desta forma estes riscos, ou pode, bancar o risco formando um
fundo de reserva para ser utilizado quando alguma destas eventualidades acontecerem.
A forma mais prática de se determinar qual o valor deve-se adotar como custo é consultar
algumas seguradoras e trabalhar com a média dos valores orçados, na opção de se bancar
os riscos, ou adotar o valor contratado com a empresa escolhida. Caso o valor, como é
comum, seja fornecido por ano, deve-se dividir o mesmo por 12 para ter o custo mensal.

Seguro Anual do veículo R$ 12.600,00 12


 R$ 1.050,00 (custo mensal)

Custo fixo mensal do caminhão


A somatória dos custos fixos calculados resulta no quanto custa o veículo por me para o seu
proprietário.
Depreciação do veículo .............................. R$ 1.175,50

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Remuneração de capital investido .............. R$ 519,25


Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc ............ R$ 337,00
Seguro do Veículo ...................................... R$ 1.050,00
Total do custo fixo mensal ......................... R$ 3.081,25

Lembre-se sempre que os custos fixos estão ligados ao tempo, portanto, sua
variação será proporcional ao tempo gasto na execução do serviço de
transporte. É prático ter o valor do custo fixo por dia e por hora:
Custo fixo por dia = Custo fixo mensal ÷ Dias efetivamente trabalhados pelo veículo
(média/mês)
Exemplo: o veículo trabalha em média 21 dias por mês (está média é resultado dos dias
trabalhados por mês pela frota toda da empresa, caso o mesmo faça parte desta frota,
considerando os doze meses do ano).

R$ 3.269,83 ÷ 21 = R$ 155,71
Custo fixo por hora = Custo fixo por dia dividido pelas horas trabalhadas em média por dia.
Exemplo: o veículo trabalha 12 horas por dia.

R$ 155,71 ÷ 12 = R$ 12,98

Custos variáveis por quilômetro


Os custos que variam com a quilometragem rodada do caminhão são os mais conhecidos e
sentidos pelos donos de caminhões, pois o seus gastos ocorrem com mais frequências, pois
são os insumos gastos para fazer o veículo se movimentar, são eles:
Manutenção do veículo
O custo com manutenção do veículo são todos os gastos relacionados com a
troca das peças com defeitos e desgastadas, a mão de obra que executa a troca
da peça, bem como os serviços feitos no veículo que não envolva peças, por
exemplo, execução de regulagem e ajustes.
O modo mais fácil para se calcular o custo quilômetro de manutenção é apurar tudo que se
gastou com manutenção do veículo em um determinado período, por exemplo, nos últimos
12 meses e, verificar qual foi à quilometragem que o caminhão rodou neste período. Após o
levantamento, basta dividir o gasto pela quilometragem rodada. Veja o exemplo:
gasto com manutenção em 12 meses ou um ano = R$ 24.000,00
quilometragem rodada nos 12 meses ou um ano = 100.000 km

Manutenção =
gasto  
24.000
 R$ 0,240 por km
km 100.000

Combustível

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Este é o custo que ninguém esquece e o mais fácil de calcular, pois, basta dividir o preço do
litro de combustível pela média de consumo alcançada pelo seu caminhão. Exemplo:

Combustível =
$litro  
2,80
 R$ 0,824 por km
média 3,4

Pneus
Apesar de ser um custo fácil de calcular, a obtenção dos dados utilizados em seu
cálculo requer um bom controle por parte do dono do caminhão. Saber quanto
dura um pneu novo e cada uma das recapagens é um trabalho que exige cuidado,
empenho e dedicação, pois um descuido nas anotações pode por tudo a perder. O
cálculo é feito dividindo-se o preço pago pelo pneu novo mais as recapagens, pela
quilometragem que os pneus durarem considerando todas as suas vidas (novo mais
recapes). Exemplo:

Pneus =
gasto 
km

Gasto:
[Preço pneu Novo] + [Quantidade média de Recapes] X [Preço da Recapagem]
Tudo vezes o total de pneus utilizados pelo veículo
Km:
[Durabilidade dos pneus Novos] + [Qde média de Recapes] X [Durabilidade média da
Recapagem]

Exemplo:

Preços Durabilidade
Pneu novo: R$ 1.000,00 90.000 km
Recapagem: R$ 420,00 80.000 km
Média de recapes por pneu: 2,5
Quantidade de pneus do veículo: 10
Gasto:
( R$ 1.000,00 + 2,5 x R$ 420,00 ) x 10 = R$ 20.500,00
Km:
90.000 + 2,5 x 80.000 = 290.000 km

Pneus =
gasto  
20.500,00
 R$ 0,071 por km
km 290.000

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Lubrificantes (óleo de motor)

Este também não é um custo difícil de apurar, basta pegar o manual do


caminhão e verificar qual é a capacidade do carter, o preço do litro do óleo
recomendado e por fim o intervalo de troca, em quilômetros, exigido pelo tipo de óleo. O
custo por quilômetro de lubrificante de motor é o que se gastou (quantidade de litros vezes
o preço do litro de óleo) dividido pelo intervalo entre as trocas em quilômetros. Entretanto,
você não deve esquecer dos litros utilizados para completar o óleo entre as trocas, assim, os
litros utilizados na remonta devem ser somados aos da troca. Exemplo:

Quantidade de litros = capacidade do carter + remonta de óleo = 15 + 3 = 18


litros
Preço do litro = R$ 13,50
Intervalo entre trocas = 10.000 km

Lubrificantes =
gasto  
18x13,50
 R$ 0,024 por km
km 10.000

Lavagem

Para este item deve-se determinar o número de vezes que o caminhão é lavado
em média por mês (lavagem completa) e verificar a quilometragem média rodada
por mês, e por fim ligar para um posto e perguntar o preço de uma lavagem, caso não se
tenha o custo da lavagem própria. E, também neste caso, se divide o gasto com a média de
lavagens do mês pelos quilômetros rodados em média por mês, obtendo-se assim, o custo
por quilômetro de lavagem. Exemplo:

Número de lavagens mês = 2,2 lavagens


Preço de cada lavagem = R$ 120,00
Quilometragem média mensal = 6.000 km

Lavagem =
gasto  
2,2 x120,00
 R$ 0,044 por km
km 6.000

Desta forma, fazendo a somatória dos valores se apura custo total variável de cada
quilometro que o caminhão roda.

Manutenção R$ 0,240
Combustível R$ 0,824
Pneus R$ 0,071
Lubrificantes R$ 0,024
Lavagens R$ 0,044
Total do custo por km R$ 1,203 por km.

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Como compor os custos operacionais de um caminhão


E agora, o que fazer com todos estes valores? E foi com esta pergunta na
cabeça que os dois amigos tiveram uma grande idéia. Trabalhar com o
custo fixo do veículo por dia e o custo por quilômetro rodado, pois desta
forma, facilitaria bastante a análise dos fretes oferecidos. Bastando
multiplicar os dias de viagem pelo custo dia e somar o resultado da quilometragem rodada
pelo o custo do quilômetro para ter o custo do caminhão em cada viagem.

Mas, ai surgiu uma nova dúvida:


Será que é certo dividir os custos mensais por 30 dias?
E raciocinando melhor José e Augusto chegaram à conclusão que não. Eles deveriam
descontar pelo menos os dias que não tinha serviço, os dias que eles passavam com a
família, e também os dias em que o veículo ficava parado em manutenção. Que em média,
eles concluíram ser de oito dias por mês, ou seja, o caminhão trabalhava efetivamente 22
dias por mês e este foi o valor que eles resolveram utilizar na divisão dos custos mensais.
Vejamos um exemplo do cálculo desta diária:
Custo Fixo mensal do caminhão DIÁRIA
R$ 3.081,25  
22dias
R$ 140,06
E assim eles conseguiram o que queriam: os dois valores para o cálculo do custo da viagem.

Custo da Diária R$ 140,06


Custo do km R$ 1,203

Não ligados diretamente ao veículo (Custos Indiretos)


Os custos indiretos, também conhecidos como despesas administrativas e de terminais
(DAT), são aqueles que não estão relacionadas diretamente com a operação do veículo. Não
variam, portanto, com a quilometragem rodada, e também estão relacionados com o tempo
assim como os custos fixos do veículo.
Quando se tratar de profissionais autônomos são consideradas as seguintes despesas:
Despesas Administrativas
Contador
Telefone
Material de escritório
Seguro de vida
Outras
Também não se pode esquecer que há ainda as despesas que ocorrem durante a viagem,
por exemplo:
Despesas de Viagem
Borracharia (estrada)

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Pedágios
Refeições
Chapa
Entre outras

E foi assim que eles trataram as despesas administrativas, José procurou levantar as despesas
de um ano de cada um dos itens e as dividiu por 12. Ele tomou este cuidado, pois se pegasse
a despesas de alguns poucos meses, por exemplo, poderia haver algum gasto alto ou baixo
demais, o que poderia mascarar o resultado. Já com dados de um ano, estes poucos valores
atípicos são diluídos juntamente com os demais meses.

Total ANUAL Média MENSAL


Contador R$ 900,00 R$ 75,00
Telefone R$ 1.296,00 R$ 108,00
Material de escritório R$ 108,00 R$ 9,00
Seguro de vida R$ 780,00 R$ 65,00
Carnê do INSS – autônomo R$ 1.920,00 R$ 160,00
TOTAL mensal de R$ 5.004,00 R$ 417,00

Com mais este cálculo faltava a José determinar os impostos pagos e uma diária que
cobrisse as despesas de viagem: café, almoço, janta e repouso. Já que os pedágios são
reembolsados e o custo de borracharia entrou como custo de manutenção.
Como definir uma diária de viagem?
José estabeleceu os seguintes valores para compor a diária:

Café da manhã R$ 6,50


Almoço R$ 17,50
Janta R$ 17,50
Pernoite R$ 30,00
TOTAL R$ 71,50
Ou seja, para cada dia de viagem José deveria receber R$ 71,50 para cobrir estas despesas.

Impostos
Agora só ficam faltando os impostos devidos.
Sob este aspecto os autônomos também levam vantagem, por ter, basicamente três
impostos a recolher:
IR
Sest/Senat
INSS - autônomo

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José considerou as seguintes alíquotas de impostos:


IR 2,7%
Sest/Senat 0,5%
INSS – autônomo 2,2%
Total de Impostos 5,4%
Com tudo isto calculado, José pode montar o seguinte quadro com as informações
resumidas:

Custos do veículo
Fixo mensal R$ 3.081,25
Variável por km R$ 1,203

Despesas Administrativas R$ 415,00

Impostos sobre o preço cobrado 5,4 %

Diária (viagem) R$ 71,50

E agora, como chegar ao valor correto do frete?


Bom, e o que fazer com todos estes valores? Foi com esta pergunta na cabeça que José
lembrou da sua ideia de trabalhar com a diária que ele calculou e o preço por quilômetro
rodado.
Para o cálculo desta diária ele utilizou:
MÊS DIA
22dias
Custo Fixo mensal do veículo R$ 3.081,25  R$ 140,06
Despesas Administrativas mensais R$ 417,00   R$ 18,95
22dias

Diária (viagem) -----X----- R$ 71,50


Total R$ 230,51
E assim José conseguiu o que queria: os dois valores para o cálculo do frete. Mas mesmo
assim não ficou satisfeito, pois teria que incluir ainda os impostos. E resolveu perguntar para
seu contador se não existia alguma maneira de embutir os impostos juntamente com os
custos. Como resposta seu contador lhe forneceu um número, chamado de MARK UP para
multiplicar a sua diária e o valor do quilômetro rodado, incluindo assim os impostos. E,
forneceu também um valor de mark up já com uma margem de lucro de 15%, caso José
resolvesse incluir o seu lucro também.

MARK UP = 1 / [ 1 – ( 5,4%) ] = 1,0571 (só impostos)

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MARK UP = 1 / [ 1 – ( 5,4% + 15%) ] = 1,256 (impostos + 15% de lucro)

E assim ficaram seus preços:


Só com impostos:

Custo Dia R$ 230,51 x 1,0571 R$ 243,67

Custo Km R$ 1,203 x 1,0571 R$ 1,271

Estes são valores utilizados para a comparação de fretes oferecidos, sendo que neste caso o
lucro será a diferença entre o frete oferecido e o calculado por estes valores. Veja o exemplo
mais a abaixo.
Com mais 15% de lucro:

Diária (frete) R$ 230,51 x 1,2563 R$ 289,59

Km R$ 1,203 x 1,2563 R$ 1,511

Neste segundo caso, os valores são utilizados quando se dá o preço do frete a alguém ou se
utiliza para mondar uma tabela de frete. Desta forma o lucro será o do percentual embutido
de 15 %.
E, com uma cara de satisfação José concluiu que não era tão difícil assim calcular um frete.
Como teste José utilizou o último frete que recebeu.
Frete recebido .................. R$ 2.450,00

Distância percorrida na ida e na volta ........ 900 km


Duração do serviço ..................................... 4 dias
Custo do Tempo

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Custo do Tempo = Duração Serviço x Custo DIA = 4,0 dias x 243,67 = R$ 974,68
Custo Quilômetro
Custo km = Distância x Custo km = 900 km x 1,271 = R$ 1.144, 05

Custo do Serviço = Custo do Tempo + Custo Quilômetro


= 974,68 + 1.144,05
Custo do Serviço = R$ 2.118,72
Assim, para verificar o ganho aproximado neste serviço bastou fazer:
Receita (Frete) R$ 2.450,00
Custo Total do Serviço R$ 2.118,72
Resultado (Lucro ou Prejuízo) R$ 331,28 margem de lucro de 13,5%
Mas quanto José deveria cobrar para ter os 15% de lucro que ele imaginou?
Neste caso, a conta é a mesma só que usando o preço calculado com o Mark up com a
margem de lucro almejada.

Diária (frete) R$ 289,59

Km R$ 1,511

Preço do Tempo
Preço do Tempo = Duração Serviço x Preço do DIA = 4,0 dias x 289,59 = R$ 1.158,35
Preço Quilômetro
Preço km = Distância x Preço km = 900 km x 1,511 = R$ 1.359,63

Preço do Serviço = Preço do Tempo + Preço Quilômetro


= 1.158,35 + 1.359,63
Preço do Serviço com 15% de margem = R$ 2.517,98 (ganho de R$ 377,70 = 15%)
Enfim, Augusto, amigo de José sugeriu que eles analisassem mais a fundo o negócio do José.
E, passaram a calcular os possíveis ganhos mensais do José e seu caminhão.
Faturamento e ganho mensal
A primeira coisa feita foi verificar qual a quantidade de viagens ou serviços possíveis de se
fazer durante um mês:
Nº Serviços/mês = 22 dias trabalhados ÷ tempo do serviço = 22 ÷ 4 = 5,5 serviços por mês
Com o frete de R$ 2.450,00 sua receita mensal seria de R$ 13.475,00 (2.450,00 x 5,5) e seu
ganho de R$ 1.822,02 (331,28 x 5,5).
Já com o frete de R$ 2.517,98 sua receita mensal seria de R$ 13.848,89 (2.517,98 x 5,5) e seu
ganho passaria a ser de R$ 2.077,33 (377,70 x 5,5).

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Ambos chegaram à mesma conclusão: trabalhar como motorista empregado, como Augusto,
não era tão ruim, pois, seu salário era de R$ 1.800,00 e ele ainda tinha férias, décimo terceiro
salário e o fundo de garantia.
Sem se conformar José foi verificar aonde ia todo o dinheiro recebido, pois ele tinha a
impressão de que deveria sobrar muito mais do que as contas indicavam.
Demonstrativo
Depreciação do veículo R$ 213,64
Remuneração de capital investido R$ 94,41
Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc R$ 61,27
Seguro do Veículo R$ 190,91
Manutenção R$ 216,00
Combustível R$ 741,18
Pneus R$ 63,62
Lubrificantes R$ 21,87
Lavagens R$ 39,60
Despesas Administrativas R$ 75,82
Diária (viagem) R$ 286,00
Impostos sobre o preço cobrado R$ 114,41
Total dos Custos R$ 2.118,72
Margem de Lucro R$ 331,28
Valor Recebido R$ 2.450,00
O demonstrativo acabou mostrando que o transporte é uma atividade que, para os que não
o conhecem bem, é aparentemente “muito” lucrativo. Isto ocorre porque boa parte dos
custos não é paga durante a prestação do serviço (viagem), o que acaba por iludir os
desavisados.
Assim, quase metade (48%) do valor recebido não sai do bolso do dono do caminhão
durante o mês que o serviço de transporte foi realizado. E, muitos acabam achando que
como sobrou no bolso é lucro e, caso fosse verdade seria realmente um lucro excepcional.
Mas a realidade mostra que o lucro é de 13,5%, portanto muito abaixo dos 48% imaginado.

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Demonstrativo
Depreciação do veículo R$ 213,64 Não se PAGA
Remuneração de capital investido R$ 94,41 Não se PAGA
Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc R$ 61,27 Não se PAGA
Seguro do Veículo R$ 190,91 Não se PAGA
Manutenção R$ 216,00 Não se PAGA
Combustível R$ 741,18
Pneus R$ 63,62 Não se PAGA
Lubrificantes R$ 21,87
Lavagens R$ 39,60
Despesas Administrativas R$ 75,82
Diária (viagem) R$ 286,00
Impostos sobre o preço cobrado R$ 114,41
Total dos Custos R$ 2.118,72
Margem de Lucro R$ 331,28 Não se PAGA
Valor Recebido R$ 2.450,00 R$ 1.171,12 48%

Estes cálculos permitiram que José e Augusto tirassem algumas conclusões importantes com
relação ao frete recebido.
Outras conclusões que os dois amigos chegaram
1. Que o lucro que eles pensavam que José estava tendo inicialmente, era bem maior
que o seu lucro real apurado de R$ 331,28, uma diferença creditada aos custos já
pagos (Ex. IPVA) ou a pagar (Ex. depreciação).
2. Que se ele recebesse menos de R$ 2.118,72 de frete nesta viagem ele teria prejuízo.
3. Que existem custos e despesas em transporte que não são imediatas ou visíveis, mas
que existem e são altas, como por exemplo: a depreciação, os gastos com pneus, a
própria manutenção do veículo, e etc.
4. Há despesas que são pagas adiantadas e precisam ser recuperadas ao longo do
tempo, como é o caso do licenciamento, IPVA, seguro obrigatório, etc.
5. Que existem vários tipos de custos: os ligados ao veículo, os administrativos, os que
variam com a quilometragem rodada, os que variam com o tempo, etc.
Mas será que o transporte de carga por caminhão é um bom negócio? Ou seja: Será que este
lucro é bom?
Para saber se um negócio é bom, é preciso compara-lo a outros. Uma forma simples de se
verificar é comparar o dinheiro investido no caminhão com o rendimento da poupança, por
exemplo. Entretanto não podemos esquecer que só porque o negócio hoje não está bom
que ele nunca o foi ou não poderá melhorar.
Alem disso, muito do sucesso de um negócio está ligado a forma de administra-lo, ou seja,
está nas mãos do próprio proprietário. E este deve gerir o negócio caminhão de forma
racional:

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1. Ter sempre em mente a economia, seja dirigindo o caminhão, seja no momento de


comprar: peças, combustível, caminhão e etc.
2. Produzir cada vez mais, ou seja, aproveitar ao máximo a capacidade de seu
caminhão ao longo do tempo.
3. Negociar sempre: procurando os melhores fretes e analisando sempre o frete
oferecido.
4. Não esquecer nunca que toda viagem tem ida e volta.
Enfim, faça como José, questione o que lhe é oferecido, pois desta forma, você poderá se
certificar que este é realmente o melhor negócio e descobrir o que fazer para melhora-lo.

Mas e para a empresa transportadora será que os custos são os


mesmos? E, a forma de calcular também?
Com o fim dos cálculos feitos com base nos custos do José, que
trabalha por conta própria, os dois amigos se animaram e,
resolveram prosseguir e ver se conseguiam descobrir as diferenças
existentes entre os custos de um caminhoneiro e de uma
transportadora.
A primeira coisa que observaram é que os custos do caminhão são
praticamente os mesmos. O que deve variar é o preço pago em alguns insumos, onde a
empresa consegue preços um pouco melhores, pois compra em maior quantidade. Por outro
lado, o consumo dos caminhões dos autônomos tende a ser menor, por ser o dono que o
dirige.
Mas há uma diferença significativa no custo dos veículos da transportadora é o custo com os
motoristas, valor que deve fazer parte da planilha do caminhão da empresa e não fez parte
dos custos do José, cujo salário é o que sobra no final do mês.
Mão de Obra de Motorista
O valor que deve compor a planilha neste item engloba um salário médio que inclui: salário
base, horas extras, prêmios, comissões, todos os benefícios (cesta básica, vale transporte,
plano de saúde, seguro de vida, entre outros) do motorista e/ou ajudante, alem dos
encargos sociais (férias, décimo terceiro, salário família, fundo de garantia, INSS, contribuição
para o SEST/SENAT, etc).
Também é bastante comum, a empresa ter mais de um motorista por caminhão, o que deve
aumentar o seu valor. Portanto, o cálculo a ser feito é o seguinte:

Para definir os custos dos encargos Augusto conversou longamente com o pessoal de
Recursos Humanos da empresa onde ele trabalha. A conversa resultou em um quadro com
encargos sociais:

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Equipe Embarcada
Motorista
Salário Base -
INSS 20,00%
FGTS 8,00%
SEST 1,50%
SENAT 1,00%

Grupo A
INCRA 0,20%
Sebrae 0,60%
Salário educação 2,50%
Seguro acidente do trabalho 3,00%
Impostos

PCMSO -
Férias 8,33%
1/3 Férias 2,78%
Grupo B

Aviso Prévio 2,08%


Auxílo Doença 0,41%
Férias Proporcionais (Sobre Aviso) 1,04%
13º Salário 8,33%
Grupo C

50% Multa FGTS 4,25%

Total de Encargos 64,64%

E um quadro com os principais benefícios.

Assistência Médica 3,1%


PLR 3,2%
Benefícios

Seguro de Vida 0,7%


Contribuição Sindical/Assistencial 1,7%
Cesta Básica 4,8%
Vale Transporte Total (-6%) 4,0%
Total de Benefícios 17,56%

Na empresa do Augusto os encargos mais os benefícios alcançaram a cifra de 82,2% (64,64%


+ 17,56%), ou seja, a empresa tem um custo quase igual ao salário recebido pelo funcionário.
A transportadora possui 1,8 motoristas por caminhão - são 182 motoristas para 101 veículos.
O salário médio de um motorista na empresa do
Augusto, incluindo o dele, é de R$ 1.800,00. Planilha de Custo Operacional do Veículo
Depreciação do veículo R$ 1.175,00
MO de Motorista = 1,8 x ( 1 + 82,2% ) x R$ Remuneração de capital investido R$ 519,25
1.800,00 Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc R$ 337,00
MO de Motorista = R$ 5.903,28 Seguro do Veículo R$ 1.050,00
Total do custo fixo mensal R$ 3.081,25
Com mais este custo a planilha de custo
MO de Motorista R$ 5.903,28
operacional do veículo ficou assim:
Total do custo fixo mensal com MO R$ 8.984,53
Mas esta não foi a única diferença encontrada. Manutenção R$ 0,240
Quando Augusto olhava para a estrutura Combustível R$ 0,824
administrativa que a sua empresa possuía, Pneus R$ 0,071
juntamente com seus custos, comparados com Lubrificantes R$ 0,024
Lavagens R$ 0,044
Total do custo variável por km R$ 1,203

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os do José, parecia que o amigo não tinha este tipo de custo (administrativo).
Só a lista dos custos era enorme:

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Salários, ordenados e honorários de CPMF


Diretoria IOF
Salários Funcionários Multas
Honorários Outros impostos
Encargos sociais Depreciações
Benefícios concedidos Depreciação de máquinas e
Aluguéis equipamentos
Aluguéis de áreas e imóveis Depreciação de móveis e
Aluguéis de equipamentos utensílios
Tarifas de serviços Outros custos
Água Material de escritório e limpeza
Energia elétrica Viagens, estadias e condução (taxi)
Correio Despesas legais e judiciais
Telefone, fax , EDI etc. Contribuições e doações
Provedores de Internet Uniformes
Serviços profissionais Despesas com promoções, brindes
Serviços de manutenção, e propaganda
conservação e limpeza Despesas com conservação de
Serviços profissionais de terceiros bens e instalações
(contador, advogado, etc) Despesas financeiras
Serviços de processamento de Taxas bancárias
dados Refeições e lanches
Serviços de atendimento ao Fotocópias
cliente Veículos auxiliares
Impostos e taxas OUTROS
IPTU Propaganda e Promoções

Observando a relação de despesas administrativas e de terminais (DAT) verifica-se que,


basicamente, se trata de dois grandes grupos de custos:
 Salários e encargos sociais do pessoal não envolvido diretamente com a operação dos
veículos (todos na empresa com exceção dos motoristas, ajudantes e do pessoal da
oficina);
 Outras despesas necessárias ao funcionamento da empresa, como aluguel, impostos,
material de escritório, comunicações, depreciação de máquinas e equipamentos etc.
O total destas despesas deve ser pago pelos serviços prestados, Entretanto, eles não estão
ligados diretamente aos mesmos, ou seja, é muito difícil, por exemplo, calcularmos quanto
do salário da telefonista deve ser apropriado a uma viagem de dois dias que um caminhão
da empresa fez para um determinado cliente.
Assim, este valor deve ser distribuído entre todos os serviços, usando uma regra arbitrária de
rateio. Lembrando que uma parte do valor recebido deve ser para pagar as despesas
indiretas, e sem o mesmo o resultado da operação será comprometido, já que a empresa
terá que tirar o valor do seu lucro para honrar estes custos – isto se, o mesmo for suficiente.
Pode-se dizer que há inúmeras formas de realizar este rateio, pois, depende da imaginação
de cada um. Contudo, existem algumas formas clássicas de fazê-lo, são elas:

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Usando a sua “grande” influência Augusto conseguiu levantar boa parte dos custos
administrativos da sua empresa, para que eles pudessem prosseguir em sua empreitada. São
elas:
DESPESAS ADMINISTRATIVAS E DE TERMINAIS
Total das Despesas Administrativas = 504.353,30
SALÁRIOS, ORDENADOS E HONORÁRIOS DA DIRETORIA 233.634,98 IMPOSTOS E TAXAS 29.976,44
01 - Salário-base do Pessoal Administ. e de Terminais 84.029,00 01 - IPTU 1.918,10
02 - Encargos Sociais 52.097,98 02 - IOF 16.583,50
03 - Honorários de Diretoria 35.120,00 03 - Multas 7.948,84
04 - Participação nos Lucros 36.332,00 04 - Outros Impostos e taxas 3.526,00
05 - Benefícios 26.056,00
ALUGUÉIS 57.631,73 DEPRECIAÇÕES e REMUNERAÇÕES 27.989,00
01 - Aluguéis de Áreas (Armazém.Ofic.Administ.Estac.) 52.482,17 01 - De máquinas e equipamentos 24.029,00
02 - Aluguéis de Equipamentos 5.149,56 02 - De móveis e utensílios 3.960,00
TARIFAS PÚBLICAS 41.443,51 OUTROS CUSTOS 56.492,00

01 - Água 2.929,01 01 - Material de Escritório e de Limpeza 8.155,00


02 - Energia elétrica 8.267,49 02 - Viagens, Estadias e Condução 12.847,00
03 - Correio 6.553,24 03 - Despesas Legais e Judiciais 2.620,00
04 - Telefone e internet 23.693,77 04 - Contribuições e Doações 6.891,00
05 - Uniformes 8.140,00
SERVIÇOS PROFISSIONAIS 45.728,36 06 - Despesas de Promoção, Brindes e Propaganda 2.355,00
07 - Despesas de Conservação de Bens e Instalações 5.500,00
01 - Serviços de Manutenção, Conservação e Limpeza 15.915,03 08 - Despesas Diversas 1.500,00
02 - Serviços Profissionais de Terceiros 18.990,99 09 - Refeições e lanches 3.800,00
03 - Serviços de Processamento de Dados 8.322,33 10 - Cópias e xerox 1.177,00
04 - Serviços de Atendimento ao Cliente 2.500,00 11 - Outras 3.507,00
SEGURO DE VIDA EM GRUPO 11.457,29

01 - Seguros de vida 11.457,29

Depois de analisar os prós e os contras de cada opção de rateio e tomando alguns cuidados
para não prejudicar alguma rota ou operação, sobrecarregando as mesmas com excesso de
custos indiretos.

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Eles concluíram que a opção mais simples e prática seria a do faturamento. E, assim, com o
faturamento médio e as despesas médias eles fizeram o cálculo:
Faturamento médio mensal = R$ 3.462.000,00
Despesas administrativas médias mensais = R$ 504.353,30

504.353,30
= = 14,6%
3.462.000,00

Por fim, a última diferença encontrada na apuração do custo do autônomo e da empresa


foram os impostos, que para as empresas transportadoras a relação é um pouco maior:
PIS - Programas de Integração Social
COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CSSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido
IRPJ – Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica
ICMS/ISS – Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço/Imposto sobre Serviço
INSS sobre o Faturamento
As alíquotas variam em função do regime adotado ou imposto pela faixa de faturamento da
empresa.
Na empresa de Augusto os valores eram os seguintes:
PIS 0,65%
COFINS 6,00%
CSSLL 1,50%
IRPJ 1,50%
Totalizando 9,65% sem o ICMS que varia em função do estado.
No mais é aplicar a fórmula do mark up da mesma forma que foi feito para os autônomos.

Contudo, como se optou pelo rateio das despesas administrativas pelo faturamento, deve-se
incluir o percentual de participação na somatória.

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MARK UP = 1 / [ 1 – ( 9,65% + 14,6%) ] = 1,3196 (só impostos e administrativo)

E, considerando uma margem de 15%, vem:


MARK UP = 1 / [ 1 – ( 9,65% + 14,6% + 15%) ] = 1,6452 (impostos + administrativo + lucro)
Para que pudessem comparar, José sugeriu que eles calculassem o frete para a mesma
viagem que foi usada no caso do José:

Distância percorrida na ida e na volta ........ 900 km


Duração do serviço ..................................... três dias (tempo ajustado para uma operação
com a utilização de 1,8 motoristas)
Despesas de viagem - Pedágios R$ 125,00

Cálculo do preço da Diária


Custo fixo mensal do veículo R$ 8.984,33
Dias trabalhados por mês pelo veiculo 22 dias
Diária paga ao motorista R$ 35,00
Preço por dia = 8.984,33 + R$ 35,00
22
Custo por dia = R$ 443,39
Custo do Tempo
Custo do Tempo = Duração Serviço x Custo DIA = 3,0 dias x 443,39 = R$ 1.455,16
Custo da Quilometragem percorrida
Custo km = Distância x Custo km = 900 km x 1,203 = R$ 1.144,05

Custo do Serviço = Tempo + Quilometragem + Despesa de Viagem


= 1.455,16 + 1.082,27
Custo do Serviço = R$ 2.537,42
Assim como foi feito no caso do José, para incluir os impostos, a margem de lucro e, nas
empresas, as despesas administrativas, é necessário multiplicarmos o custo do serviço pelo
mark up, para apurar o valor do frete da viagem.
Frete (viagem) = 2.537,42 x 1,6452
Frete (viagem) = R$ 4.174,66
Para que eles chegassem ao valor da tonelada bastou dividir o frete viagem pela capacidade
útil do caminhão, que no caso do José era um veículo truck de 14 toneladas.
Frete (ton) = Frete (Viagem) ÷ Carga Útil
= 4.174,66 ÷ 14

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Frete (ton) = R$ 298,19


Frete mínimo (margem de Lucro Zero) = 2.537,42 x 1,3196
Frete mínimo (margem de Lucro Zero) = R$ 3.348,34 ou R$ 239,17/ton
Para ter certeza do valor alcançado, os amigos resolveram fazer um demonstrativo do frete
calculado e verificar como estavam distribuídos os custos.

Demonstrativo
Depreciação do veículo R$ 160,23 3,8%
Remuneração de capital investido R$ 70,81 1,7%
Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc R$ 45,95 1,1%
Seguro do Veículo R$ 143,18 3,4%
Mão de Obra de Motorista R$ 804,99 19,3%
Manutenção R$ 216,00 5,2%
Combustível R$ 741,18 17,8%
Pneus R$ 63,62 1,5%
Lubrificantes R$ 21,87 0,5%
Lavagens R$ 39,60 0,9%
Despesas de viagem - Pedágios R$ 125,00 3,0%
Despesas de Viagem - Diárias motoristas R$ 105,00 2,5%
Despesas Administrativas e de Terminais R$ 608,18 14,6%
Impostos R$ 402,85 9,7%
Margem de Lucro R$ 626,20 15,0%
R$ 4.174,66 100,0%

Seguindo o mesmo raciocínio deduziram que poderiam montar uma tabela de frete da
seguinte forma:

Diária (frete) R$ 443,39 x 1, 6452 R$ 729,48

Km R$ 1,203 x 1,6452 R$ 1,9784

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Tempo do Serviço km rodado Despesas de viagem


Descrição da Rota
[$ Diária] x [Tempo] + [$km] x [km rodado] + [Total Despesas] x [MKP]
3 900 R$ 230,00
São Paulo - Rio de Janeiro 3 x 729,48 900 x 1,9784 230,00 x 1,6452
(Ida e Volta) R$ 2.188,43 R$ 1.780,58 R$ 378,40
R$ 4.347,41 ou por ton ? R$ 310,53
3,5 1.100 R$ 180,00
São Paulo - Belo Horizonte 3,5 x 729,48 1.100 x 1,9784 180,00 x 1,6452
(Ida) R$ 2.553,16 R$ 2.176,26 R$ 296,14
R$ 5.025,57 ou por ton ? R$ 358,97
7 2.800 R$ 290,00
São Paulo - Salvador 7 x 729,48 2.800 x 1,9784 290,00 x 1,6452
(Ida e meia volta) R$ 5.106,33 R$ 5.539,58 R$ 477,12
R$ 11.123,02 ou por ton ? R$ 794,50

Mas, ambos ficaram ainda com uma dúvida: será que as transportadoras só tinham estes
custos?
Onde está o custo das indenizações pagas por extravios e avarias de carga? Por exemplo.
 E o custo com as devoluções e reentregas de cargas?
 Onde está contemplado o custo com o gerenciamento de risco?
Foi neste momento que eles resolveram chamar mais um conhecido transportador, Sr
Roberto, para uma conversa, com a intenção de esclarecer as dúvidas que surgiram.
Na conversa o Roberto explicou que tudo que eles haviam calculado, de forma correta, se
referia a apenas um dos componentes tarifários da tabela de frete de uma transportadora.
Contudo, quando envolve uma empresa, com todas as responsabilidades e riscos imputados
a ela, por lei ou pelo mercado, deve-se acrescentar mais três ou quatro componentes
tarifários:
1. Frete-peso
2. Taxa de Despacho
3. Frete-valor
4. GRIS
5. Tabela de Generalidades
1. Frete-peso
Destina-se a remunerar os custos de Transferência (operação rodoviária) bem como as
Despesas Administrativas e de Terminais (DAT), impostos e margem de lucro. O frete deve
ser calculado para uma cubagem mínima determinada, em geral entre 200 e 300 kg/m³.
Seu valor, como foi demonstrado até agora em R$/viagem, R$/unidade de transporte ou, em
alguns casos, em R$/despacho, variável com o peso da carga e a distância percorrida.
Sr Roberto também os ensinou a fazer o fracionamento do frete quando a carga for
fracionada (pequenos pacotes), ou seja, estamos falando de cargas com peso bem abaixo de
uma tonelada:
O modelo apresentado foi o seguinte:

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[Frete Tonelada]
Frete Fracionado = ------------------------ x [Peso Máximo do Pacote] x [FatorFracionamento]
1.000

Peso (kg) Até de 1 a 10 kg de 11 a 20 kg de 21 a 30 kg de 31 a 50 kg de 51 a 70 kg de 71 a 100 kg de 101 a 150 kg de 151 a 200 kg acima de 200 kg
Fator de
3,25 2,30 1,75 1,40 1,25 1,12 1,05 1,00 1,00
Fracionamento

Por exemplo, para a primeira faixa de 1 a 10 kilos fica para a rota São Paulo – Rio de Janeiro:
Frete Tonelada = R$ 310,53 (da tabela)
Peso Máximo do Pacote = 10 kilos
FatorFracionamento = 3,25
Frete Fracionado = 310,53 / 1.000 x 10 x 3,25
Frete Fracionado = R$ 10,09
E, assim deve ser feito para as demais faixas.
Peso (kg) Até de 1 a 10 kg de 11 a 20 kg de 21 a 30 kg de 31 a 50 kg de 51 a 70 kg de 71 a 100 kg de 101 a 150 kg de 151 a 200 kg acima de 200 kg
Fator de
3,25 2,30 1,75 1,40 1,25 1,12 1,05 1,00 1,00
Fracionamento
Frete R$ 10,09 R$ 14,28 R$ 16,30 R$ 21,74 R$ 27,17 R$ 34,78 R$ 48,91 R$ 62,11 R$ 0,31

2. Taxa de Despacho ou Coleta&Entrega


A função desta taxa é ressarcir os custos relativos ao transporte envolvidos na operação de
despacho e nas atividades de coleta e entrega no transporte de cargas fracionadas. Neste
caso, deve-se considerar o despacho como um conjunto de mercadorias acobertadas pela
mesma Nota Fiscal e admite-se, quando se trata de carga de um mesmo destinatário, o
agrupamento de Notas Fiscais em um mesmo despacho.
A apuração deste componente é simples: basta dividir o custo total do veículo utilizado nas
coletas e entregas pela média de coletas ou entregas feitas no mês.
Custos do veículo de coleta e entrega
- Fico mensal: R$ 5.675,00
- Variável por km: R$ 0,77
Outros dados levantados: cada veículo faz uma média de 378 de coletas/entregas
por mês e roda 3.800 km mensais.
Custo total mensal do veículo = [Fixo mensal] + [km rodado] x [Custo km]
Custo total mensal do veículo = [5.650,00] + [3.800] x [0,77]
Custo total mensal do veículo = R$ 8.601,00
Taxa de despacho = { [Custo TT mensal] ÷ [média de col/entregas] } x [MKP]
Taxa de despacho = { [8.601,00] ÷ [378] } x 1,6452
Taxa de despacho = R$ 37,44
3. Frete-valor

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A partir do momento em que o transportador retira a carga na sua origem e fica de posse
dela até a sua efetiva entrega no destino - durante todo este período tudo que acontecer
com a carga é de sua responsabilidade.
Este componente, representado por percentual (%) sobre o valor da carga constante da Nota
Fiscal e variável com a distância a ser percorrida, destina-se a cobrir os custos com o seguro
obrigatório do transportador rodoviário de carga, RCTR-C (Decreto-Lei nº 73/66, art. 20,
“m”; e no Decreto nº 61.867/67, art. 10) e das instalações, além da administração deste e
demais seguros, bem como as despesas com indenizações de mercadorias não cobertas por
seguros (avarias de manuseio, violações, extravios, greves, motim, atos de vandalismos,
furtos simples, roubos nos depósitos, água de chuva, etc.) e os custos da mão de obra
utilizada nestas atividades.
Como o valor deste componente depende do valor da mercadoria, sua cobrança é feita em
percentual do valor da Nota Fiscal da mercadoria transportada. E, vai depender ainda, do
tipo de carga, da embalagem da mesma, das condições da rota, da distância a ser percorrida,
entre outras. De forma geral se adota valores compreendidos 0,15% a 1,2%.
Tabela de Frete valor sugerida pela NTC – Associação Nacional de Transporte de Carga
Faixa Alíquota
1 a 250 km 0,30%
251 a 500 km 0,40%
501 a 1.000 km 0,60%
1.001 a 1.500 km 0,70%
1.501 a 2.000 km 0,80%
2.001 a 2.600 km 0,90%
2.601 a 3.000 km 1,00%
3.001 a 3.400 km 1,10%
acima de 3.400 km 1,20%

4. Gerenciamento de Risco e Segurança - GRIS


Representado por um percentual (%) sobre o valor da Nota Fiscal, independentemente da
distância a ser percorrida (em substituição ao antigo Adicional de Emergência, ou ADEME),
tem como finalidade cobrir os custos específicos decorrentes das medidas de combate ao
roubo de cargas, notadamente as de prevenção de risco (segurança patrimonial de
instalações, rastreamento de veículos, entre outros), redução de risco (ociosidade dos
veículos determinada pela limitação do valor das mercadorias) e transferência de riscos
(Seguro de RCF-DC), além dos custos de mão de obra aplicada a essas atividades.
Para este componente também se convencionou a sua cobrança como um percentual do
valor da Nota Fiscal, no geral em torno de 0,3%.
5. (Tabela de) Generalidades
Os valores contidos nas tabelas de frete decorrem diretamente do serviço de transporte
prestado, entretanto, há diversas atividades inerentes à atividade principal de transporte, que
não são cobertas pelos componentes tarifários básicos (frete peso, frete valor, GRIS e taxa de
despacho). Nestes casos, deve-se complementar o frete devido com a cobrança das
generalidades, que podem ser compostas dos seguintes itens:

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

IMPORTANTE: Sempre que o texto abaixo fizer referência a “frete original”, deve-se
entender como a somatória dos componentes tarifários: frete peso, frete valor, GRIS e a taxa
de despacho.
Algumas generalidades são comuns a todos os tipos de transportes (lotação, fracionada,
frigorificada, química, contêiner, carga viva, etc), com pequenos ajustes. São elas:

1. CUBAGEM
Entende-se por densidade de carga (peso/volume), o valor obtido dividindo-se o peso da
carga, em quilogramas pelo seu volume em metros cúbicos (= comprimento X largura X
altura, todos em metros).
Cargas de baixa densidade (leves), que lotem a carroceria antes de completar o limite de
peso, devem sofrer acréscimo no frete-peso.
A forma de cobrança está na conversão do peso real para o “Peso Cubado”, em valor
equivalente em quilo, para cálculo sobre o frete peso.
2. DEVOLUÇÃO DE MERCADORIAS
A devolução da mercadoria para a origem gera custos equivalentes ou maiores (dependendo
da rota ou região) ao do transporte para o destino. Portanto, deve-se cobrar adicionalmente
um novo frete, com o mesmo valor do frete original, para executar a devolução.
Por razões logísticas de frequência e rotas, recomenda-se a adoção de um novo prazo para
execução das atividades de devolução de mercadorias. A prática de mercado nestes casos é
a adoção do dobro do prazo original.
O valor a ser cobrado é o mesmo valor do frete original, acrescido do ICMS gerado.
3. ESTADIA DO VEÍCULO
Todas as vezes que o tempo de imobilização do veículo for superior aos prazos estipulados
em lei ou contrato, deve-se cobrar uma taxa adicional para o ressarcimento deste tempo
gasto a mais.
Esta taxa tem como base o custo fixo do veículo e a mão de obra utilizada na operação,
portanto, os valores são diferentes por tipo de veículo.
A cobrança deve ter como base o valor específico por tipo de veículo / dia ou hora (toco,
truck, conjunto carreta/cavalo e carreta) aplicado a partir da quinta hora da apresentação do
veículo no para a carga ou a descarga da mercadoria.
4. TAXA DE DIFICULDADE NA ENTREGA – TDE
Destina-se a ressarcir o transportador pelos custos adicionais sempre que a entrega for
dificultada por um ou mais dos seguintes fatores: 1) Recusa da mão de obra da
transportadora; 2) Recebimento por ordem de chegada, independentemente da quantidade;
3) Recebimento precário, que gere longas filas e tempo excessivo na descarga; 4) Exigência
de separação de itens no recebimento; 5) Exigência de tripulação superior à do veículo para
carga e descarga; 6) Disposições contratuais que agravem o custo operacional.
A aplicação da TDE não deve excluir a cobrança da estadia, pois suas finalidades são
diferentes.

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

A cobrança deve ser feita em percentual do frete original, normalmente acima de 40%.
5. TAXA DE RESTRIÇÃO AO TRÂNSITO – TRT
Destina-se a ressarcir o transportador pelos custos adicionais sempre que a coleta e/ou a
entrega for realizada em Municípios que possuam algum tipo de restrição à circulação de
veículos de transporte de carga e/ou à própria atividade de carga e descarga. Incluem-se
nesta generalidade as restrições impostas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,
Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Belém e outras que vierem a adotar medidas
semelhantes. Para centros importantes e complexos como São Paulo e Rio de Janeiro, onde
as restrições são muito severas, e consequentemente diminuem muito a produtividade dos
veículos, a TRT deve ser agravada para compensar os maiores custos.
Forma de cobrança: percentual do frete original.
6. TAXA DE FIEL DEPOSITÁRIO - TFD
Destina-se a ressarcir o transportador pelo período de permanência da carga em áreas de
operação de transporte motivado por entraves fiscais que geram apreensões de mercadorias
pela Secretaria da Fazenda, nomeando o transportador como Fiel Depositário (por definição:
auxiliar da justiça, cabendo-lhe a preservação e a guarda dos bens que lhe foram confiados).
Deve ser cobrada a partir do 1º dia corrido, a contar, da data de envio do aviso aos
responsáveis.
Forma de cobrança: percentual do valor da mercadoria ao dia, acrescida de Frete Valor e
GRIS.
7. ESCOLTA ARMADA
Nos serviços de transporte cuja carga exija escolta armada terrestre deverá ser cobrado um
valor por hora e por veículo utilizado, como forma de ressarcimentos dos custos envolvidos
nesta operação, assim como, todas as despesas decorrentes da sua administração.
A forma de cobrança sugerida é um valor por veículo/hora.

Outras generalidades são específicas de cada segmento de transporte. Por exemplo:

Generalidades da Carga Fracionada

1. TAXA DE PERMANÊNCIA DE CARGA


Leva em consideração o peso, valor e período de permanência da carga. Seu cálculo tem
como base a área de piso ou posição ocupada, pelo armazenamento da carga em áreas
destinadas a operações de transporte (“cross docking”), além do prazo estritamente
necessário ao serviço de transporte – atualmente, é consenso que este período deve ser de,
no máximo, sete dias corridos.
Visa ressarcir proporcionalmente os custos com a locação de armazéns (ou a remuneração
de capital das instalações), imposto predial, serviços de vigilância, despesas com seguro, etc.
A forma de cobrança é por tonelada/dia ou fração.

2. REENTREGA - SEGUNDA E TERCEIRA ENTREGAS

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Sempre que, por responsabilidade do usuário, a entrega não puder ser concretizada na
primeira tentativa, deverá ser cobrada a segunda entrega e as seguintes. O valor deste
serviço tem como base o custo correspondente à distância de ida e volta entre o
estabelecimento de destino e o polo ou terminal da transportadora mais próxima.
Observa-se, que o mercado convencionou a cobrança de um acréscimo de 50% do frete
original para o ressarcimento deste serviço.
Forma de cobrança: percentual do frete original.

3. PEDÁGIO
O parágrafo 4º do artigo 2º da Lei 10.209, de 23 de março do 2.001, determina o rateio do
custo do pedágio no caso de transporte de cargas fracionadas. A NTC apresenta em seu site
um detalhamento de cálculo para o fracionamento da mesma.
Forma de cobrança: valor fixado por 100 kg ou fração.
4. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO SEFAZ – TAS
Tem como função ressarcir os custos administrativos dos transportadores decorrentes dos
entraves fiscais e das exigências burocráticas.
Forma de cobrança: valor fixo por conhecimento emitido
Generalidades da carga fracionada cuja atuação se dá na região Amazônica
1. TAXA DE REDESPACHO FLUVIAL – TRF
Aplicada a cargas com destino às regiões onde se utiliza o transporte fluvial como
complemento. O valor cobrado é para ressarcir frete fluvial para atendimento do interior
destes estados.
Forma de cobrança: percentual do valor da mercadoria.
2. SEGURO FLUVIAL (origem/destino em Manaus - AM)
Esta taxa se destina às cargas com destino ou origem no estado do Amazonas, para ressarcir
as despesas extras com o seguro especial da carga em quanto esta estiver em vias aquáticas
(balsa).
Forma de cobrança: percentual do valor da mercadoria.
3. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DA SUFRAMA
Esta taxa se destina a ressarcir o transportador das despesas decorrentes dos tramites
burocráticos que envolvem a SUFRAMA, tais como: despachantes, preparação e
acompanhamento das documentações junto aos órgãos competentes,
recebimento/envio/troca de arquivos eletrônicos.
Forma de cobrança: valor fixo por conhecimento emitido.

Calculando o Frete usando os Componentes Tarifários

Vejamos um exemplo de apuração do valor final de um frete de uma carga fracionada


considerando todos os componentes tarifários:

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Frete para o transporte de uma carga de 110 kg, valor de R$ 580,00, com as seguintes
dimensões: largura de 60 cm, por 110 cm de comprimento e 75 cm de altura. A coleta da
mesma deve ser em São Paulo com agendamento e a entrega é em local com restrição ao
tráfego de caminhões na cidade do Rio de Janeiro.
O frete é composto a princípio pelos componentes tarifários:
1. Frete peso
2. Taxa de Despacho
3. Frete valor
4. GRIS
5. Generalidades: TRT e Taxa de Agendamento

O primeiro procedimento a fazer é calcular o volume da carga e verificar se é necessário


fazer a cubagem da mesma:
Volume = [Comprimento] x [Largura] x [Altura] = [1,10 x 0,60 x 0,75] = 0,495 m3
Peso “cubado” = 0,495 x 300 = 148,5 kg
Neste caso o certo é usar o peso maior indicado pela cubagem da carga igual a 148,5 kg.
Feitos os devidos ajustes no peso, pode-se verificar o frete peso indicado pelo cálculo e os
demais valores.
1. Frete peso
Valor = R$ 48,91 (faixa de 101 a 150 kg)
2. Taxa de Despacho
Valor = R$ 37,44
3. Frete valor
Valor = [valor da carga] x [percentual custo valor]
[percentual custo valor] = 0,40% (faixa de 251 a 500 km)
Valor = R$ 580,00 x 0,40%
Valor = R$ 3,48
4. Gerenciamento de Risco – GRIS
GRIS = [valor da carga] x [percentual de GRIS]
Valor = R$ 580,00 x 0,30%
Valor = R$ 1,74
Frete original = [Custo peso] + [Despacho] + [Custo valor] + [GRIS]
Frete original = 48,91 + 37,44 + 3,48 + 1,74
Frete original = R$ 90,40
Alem dos componentes tarifários deve-se ser consideradas na cobrança das generalidades,
sempre que a operação exigir. Neste exemplo compreendem a TRT – Taxa de Restrição ao
Tráfego cujo valor é de 15% sobre o valor do custo-peso, ou seja:
TRT = [custo-peso + despacho + custo-valor] x [percentual de TRT]
TRT = 90,40 x 15% = 13,56

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É importante destacar que sempre que o valor calculado for inferior ao mínimo exigido,
deve-se aplicar a cobrança do valor mínimo definido. Observar os valores mínimos de cada
cobrança é fundamental para que a rentabilidade do negócio seja mantida.
Neste exemplo, há também a solicitação de um serviço adicional, ou seja, o agendamento da
coleta, assim, a cobrança deve ser feita com base em um percentual, neste caso adotou-se
20% sobre o frete total de R$ 90,40.
Agendamento = [custo-peso + despacho + custo-valor] x [percentual de Agendamento]
Agendamento = 90,40 x 20%
Agendamento = R$ 18,08
A operação de transporte de cargas fracionadas é a única em que a lei permite que se cubra
o pedágio do dono da carga, pois, quando a carga é lotação o embarcador da carga é que
deve pagar diretamente o pedágio. Assim, neste exemplo deve se calcular o valor a ser
cobrado de pedágio em função das frações de 100 quilos.
Nº frações de 100 kg = 148,5 ÷ 100 = 1,485 = 2 frações
Taxa adotada para a cobrança da fração de 100 kg para o pedágio será de R$ 4,50:
Taxa de Pedágio = [Nº frações] x [Taxa] = 2 x 4,50
Taxa de Pedágio = R$ 9,00
Conclusão o valor que deve ser cobrado por este serviço é composto de seis parcelas, sendo:
três componentes tarifários, dois generalidades e um serviço adicional:
1. Custo peso = R$ 48,91
2. Despacho = R$ 37,44
3. Custo valor = R$ 2,32
4. GRIS = R$ 1,74
5. TRT = R$ 13,56
6. Agendamento = R$ 18,08
7. Pedágios = R$ 9,00
A somatória é igual ao frete total do serviço, que neste caso resultou em R$ 131,05.

Generalidades do Transporte de Produtos Químicos e Agroquímicos


Embalados
1. SERVIÇO DE ESTIVA (carga e/ou descarga)
As operações de carga ou descarga que ocorrerem fora das dependências da transportadora
e que ficarem a cargo da mesma.
A forma de cobrança é por unidade (volume, peso, etc.) ou modelo aplicado nos pontos de
coleta ou entrega, conforme o tipo de volume estivado.
2. TAXA DE ENTREGA EM ÁREAS RURAIS - TEAR
Esta generalidade é utilizada para ressarcir o acréscimo de custos gerados pelas condições
precárias das estradas (ex. não pavimentadas), consumo maior de insumos (combustível,
peças, pneus, etc), além da diminuição da velocidade média (tempo maior para a execução
do serviço de transporte).
A forma de cobrança é em percentual do frete original.

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Generalidades do Transporte de Produtos Farmacêuticos


1. MÃO DE OBRA PARA CARGA/DESCARGA
O destinatário determina a quantidade de ajudantes adicionais conforme o volume de carga,
mas a predominância é de um ajudante adicional para cada 200 a 300 volumes,
independente do tamanho, peso ou embarcador, podendo este ser de equipe fixa, volantes
ou mistas, desde que sejam fornecidas pelos transportadores e aprovadas pelos
distribuidores.
Sua cobrança é feita por dia de utilização do funcionário.
2. ALLOWANCE PARA AVARIAS
Devido ao maior rigor das áreas de qualidade e associada à manipulação adicional das
cargas, o que provoca pequenos amassamentos e a consequente recusa pelo mercado, há
necessidade de tolerância mínima da quantidade de cartuchos considerados avariados.
A forma de cobrança é percentual sobre o valor do volume de cartuchos manuseados.

Generalidades do Transporte de Produtos com equipamento Silo


1. TAXA DE REALOCAÇÃO DE ENTREGAS
Sempre que, por solicitação do usuário, for necessário se fazer a realocação da entrega para
local e data que diferirem da inicialmente contratada, deverá ser cobrada esta taxa. O valor
deste serviço tem como base o custo correspondente à distância de ida e volta entre o local
de destino estabelecido originalmente e o novo destino.
2. TAXA DE DESCARGA COM EQUIPAMENTO COMPRESSOR ACOPLADO AO VEÍCULO
Destina-se a ressarcir o transportador pelos custos gerados, pelo equipamento compressor,
que envolvem, desde o capital empatado, a instalação e manutenção do mesmo, os custos
operacionais, entre outros.
Para a sua cobrança sugere-se um valor por tonelada descarregada através do equipamento
compressor.
Generalidades do Transporte de Contêiner
1. PRÉ-STACKING
Ocorre quando há necessidade de armanar o contêiner no pátio da transportadora por
algum motivo, antes de ser levado ao terminal de embarque. Inclui o handling in/out e
armazenagem por tempo pré-determinado pela empresa.
Forma de cobrança: valor diferenciado por contêiner de 20’ ou 40’ pelo período pré-
determinado pela empresa.
2. TAXA PARA CUMPRIMENTO DO DRAFT (Siscarga)
Ocorre devido à necessidade de retirada antecipada do contêiner vazio e remoção para o
terminal da transportadora para obtenção dos dados do contêiner para atendimento do
draft documental na exportação.
Forma de cobrança: valor diferenciado por contêiner de 20’ ou 40’.
3. TAXA DE DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO ADUANEIRO – DTA

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Na importação, o contêiner tem a opção de ser desembaraçado nas Estações Aduaneiras do


Interior – EADI. Nesse caso, o transporte entre o porto e a EADI é realizado em regime DTA,
dentro de uma janela de tempo determinada pela Receita Federal, e o transportador assume
a responsabilidade solidária perante a Receita Federal. Por todas estas razões o
transportador deve ser remunerado por tal serviço.
Forma de cobrança: valor por contêiner.
4. INDEFERIMENTO DE DTA
No caso de indeferimento da DTA e consequente dispensa do veículo, será cobrado um valor
sobre o percentual do custo peso.
Forma de cobrança: percentual sobre o custo peso.
5. TAXA DE MANUSEIO (handling in/out) – cheio ou vazio
Todas as vezes que for necessária a retirada do contêiner do caminhão, por motivos alheios
a necessidade exigida na operação de transporte, deverão ser cobrados os custos envolvidos
nas movimentações de embarque ou desembarque do container no caminhão (handling
IN/OUT).
Forma de cobrança: valor por movimentação.
6. TRANSPORTE DE CONTÊINER DE PRODUTOS QUÍMICOS/PERIGOSOS
Para o transporte de contêiner cujo conteúdo seja composto de produtos classificados como
químico e/ou perigoso (IMO / ONU) os custos envolvidos devem ser majorados.
Forma de cobrança: percentual sobre o valor do custo de frete apurado.

Generalidades do Transporte de Rodoviário de Carga Internacional


1. TAXA DE DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO ADUANEIRO – DTA
Semelhante ao transporte de Contêiner.
2. TAXA PARA CARGAS ALIMENTÍCIAS (ANVISA)
Para as cargas que envolvam a sua liberação pela ANVISA, será cobrado um valor adicional
por conta do período relativo à execução do mesmo, em percentual do custo peso.
Forma de cobrança: percentual sobre o custo peso.

SERVIÇOS ADICIONAIS
Atividades extras que não são atribuições do serviço de transporte, mas que são solicitadas
pelos clientes, ou oferecidos pelas transportadoras como complemento, têm seu custo
próprio e deve ser cobradas de forma complementar ao frete. As mais comuns são:
1. SERVIÇO DE UNITIZAÇÃO OU PALETIZAÇÃO DE CARGA
O serviço de montagem de paletes ou unitização de carga pelo transportador deve ser
cobrado à parte. Observa-se que este serviço não contempla o fornecimento do palete pelo
prestador do serviço.
Forma de cobrança: por palete padrão PBR de 1,00x1,20m manuseado/montado ou unidade
montada.

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2. TAXA DE AGENDAMENTO - ENTREGAS AGENDADAS


Entregas com agendamento prévio geram custos adicionais com: controles paralelos,
telefone, transmissão de fax e e-mails, separação especial de cargas/lotes, uso de horários
diferenciados e pessoal dedicado etc. Além disso, expõe a carga a maiores riscos, necessita a
utilização de maior número de veículos e mão de obra, mais espaço no depósito, entre
outros.
Forma de cobrança: percentual do frete original.
3. DEVOLUÇÃO DE CANHOTOS DE NOTAS FISCAIS
O conhecimento de transporte, assinado pelo destinatário é o documento hábil para
comprovar a entrega da mercadoria. Ele pertence ao arquivo da transportadora e é
apresentado sempre que for solicitado.
Assim, as devoluções das notas fiscais ou os canhotos assinados ao remetente, para
comprovar a entrega, constitui serviço adicional não incluído nos custos normais. Toda vez
que este serviço for solicitado, deve-se cobrar um valor suficiente para ressarcir os custos
envolvidos: funcionários, móveis, equipamentos e formulários. Da mesma forma, deve ser
cobrado, sempre que exigido, o fornecimento de cópias de documentos originais.
Se houver condicionamento do pagamento do frete à devolução de canhotos de Notas
Fiscais e/ou comprovantes de entregas, devem ser acrescidas, caso haja as eventuais
despesas financeiras resultantes da dilatação do prazo de cobrança.
Forma de cobrança: por documento ou canhoto entregue.
4. ENTREGAS COM A EXIGÊNCIA DE VEÍCULOS DEDICADOS
Nos casos de solicitação de entregas com veículos exclusivos em que o cliente não aceita o
compartilhamento da sua carga com a de outras empresas, ou nas situações onde a
transportadora não pode esperar a consolidação da carga, devido à urgência imposta para a
realização da entrega, o solicitante deve arcar com o frete lotação do veículo utilizado na
entrega, mesmo que a carga não ocupe a totalidade da capacidade do mesmo.
Forma de cobrança: por entrega.
5. COLETAS/ENTREGAS FORA DE DIAS E HORÁRIOS NORMAIS DE OPERAÇÃO
O serviço regular de transporte prevê a realização de coletas/entregas de segunda a sexta
feira em horário comercial. A coleta fora dos dias e horários normais de operação, aos
sábados, domingos, feriados e a noite, exige o uso de pessoal em regime de hora extra,
acarreta ociosidade nos veículos, custos administrativos aos terminais e outras atividades
que elevam consideravelmente os custos.
Forma de cobrança: percentual do frete original.
6. PAGAMENTO A PRAZO
Forma de acréscimo: adicional ao total da fatura
Os valores das tarifas de fretes são para pagamento à vista. Os custos do pagamento a prazo
deverão ser acrescidos de juros idênticos aos cobrados pelos bancos para desconto de
duplicatas, mais despesas para respectivas cobranças.

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Observação: Outros serviços adicionais poderão ser incorporados aos apresentados


conforme a demanda.

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Fim da Estória

Como ambos imaginavam, a participação dos custos operacionais do caminhão no frete é


muito grande. Neste caso chegou a mais de 85% do que José recebeu. E, José ainda lembrou
que dos R$ 331,28 que sobrou do frete analisado, ainda tinha que tirar algumas despesas,
tais como: pedágios dos retornos sem carga, custos financeiros, deslocamentos vazios entre
um cliente e outro, etc. Ou seja, nem de longe sobra aquilo que ele e o amigo imaginavam
inicialmente e, assim, chegaram a conclusão que o melhor a fazer para aumentar o lucro era
produzir mais: aumentando os dias trabalhados no mês e diminuindo o tempo de viagem
sem arriscar o pescoço correndo demais; além de trabalhar incansavelmente na diminuição
dos custos: economizando combustível, pneus, peças, etc.

Alguns meses depois, em outro restaurante de beira de estrada, José e Augusto se


encontraram novamente. José contou que havia contratado outro motorista para trabalhar
com seu caminhão nas suas folgas. E, que só estava parando o caminhão para as
manutenções programadas, além de estar economizando o máximo possível: dirigindo com
mais cuidado e comprando produtos de melhor qualidade e maior rendimento.

Augusto, por outro lado, contou que mostrou a seu chefe as contas e as conclusões que
ambos chegaram e além de receber elogios, recebeu uma promoção: foi incumbido de
ensinar aos demais motoristas o que os dois haviam aprendido.

É sempre bom lembrar que um bom frete não é tudo, pois ele é apenas parte do problema.
O negócio transporte depende também dos custos, e da quantidade produzida. Assim, não
adianta conseguir um frete muito bom se este for o único do mês. A receita ótima e o lucro
vêm do equilíbrio entre frete cobrado e a quantidade de serviços realizados.

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O bom negócio é aquele onde o comprador e o vendedor saem satisfeitos,


pois ambos de alguma forma sentem que ganharam algo.

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Equipe responsável pela atualização deste Manual

Eng.: Antonio Lauro Valdivia Neto

Eng: João Roberto Valdivia

Diagramação e publicação: Samuel Rocha

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aprender a identificar, planilhar e calcular os diversos custos formadores do preço do frete
rodoviário de cargas, assim como promover a sua atualização com base no INCT e demais índices
de mercado.

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

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Manual Prático de Cálculo de Frete (Rodoviário)


CUSTOS DIRETOS DO VEÍCULO
CUSTO FIXO MENSAL

Depreciação do veículo
PREÇO DO CAMINHÃO VALOR DO CAMINHÃO Resultado 1 Constante 1 CUSTO MESNSAL DE

(1)
MAIS NOVO USADO DEPRECIAÇÃO

Remuneração de capital investido


PREÇO DO CAMINHÃO VALOR DO CAMINHÃO Resultado 1 TAXA DE JUROS CUSTO MENSAL

24 (2)
MAIS NOVO USADO ANUAL DE REMUNERAÇÃO

Licenciamento, seguro obrigatório, IPVA, seguro do casco, etc


ANUAL Parcelas MENSAIS
12
Licenciamento R$  R$
Seguro Obrigatório R$ 12
 R$
IPVA R$ 12
 R$
Despachante R$ 12
 R$
Seguro do veículo R$ 12
 R$
(3)
TOTAL Mensal de R$

CUSTO VARIÁVEL POR QUILÔMETRO

Manutenção – peças e mão de obra


GASTO COM MANUTENÇÃO INTERVALO EM KM CUSTO POR KM

(4)
)
DE MANUTENÇÃO
Combustível
PREÇO DO LITRO CONSUMO MÉDIO EM km/l CUSTO POR KM

(5)

DO COMBUSTÍVEL DE COMBUSTÍVEL

Pneus
Preço Durabilidade em km
Pneu novo

43
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1ª recapagem
2ª recapagem
3ª recapagem

Total

QUANTIDADE DE PNEUS PREÇO TOTAL DURABILIDADE EM KM CUSTO POR KM

(6)

DO CAMINHÃO DE PNEUS

Lubrificantes (óleo de motor)


CAPACIDADE DE CARTER REMONTA DE óleo Quantidade total de litros
QUANTIDADE DE LITROS =
+
Quantidade total de litros PREÇO DO LITRO DE ÓLEO INTERVALO DE TROCA CUSTO POR KM

(7)
DE ÓLEO de motor EM KM DE PNEUS

Lavagem
QUANTIDADE DE PREÇO DE CADA QUILOMETRAGEM CUSTO POR KM

(8)

LAVAGENS POR MÊS LAVAGEM RODADA POR MÊS DE LAVAGEM

PLANILHA DE CUSTOS OPERACIONAIS DE CAMINHÕES


DEPRECIAÇÃO DO CAMINHÃO (1)

REMUNERAÇÃO DE CAPITAL (2)

LICENC., SEG. OB., IPVA, ETC (3)

TOTAL DE CUSTO FIXO MENSAL (A)

MANUTENÇÃO (4)

COMBUSTÍVEL (5)

PNEUS (6)

LUBIFICANTES (7)

LAVAGEM (8)

TOTAL DO CUSTO POR KM (B)

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

CÁLCULO DO CUSTO DA DIÁRIA

Custo Fixo mensal do caminhão DIÁRIA


(A) ÷ dias

Diária (viagem)
+

Diária (Total) (C)

CÁLCULO DO MARK UP

Imposto 1 (exemplo PIS)


Imposto 2 (exemplo COFINS) 1
Imposto 3 (exemplo IR) SOMATÓRIA TOTAL
1-
Imposto 4 (exemplo CSLL) DOS IMPOSTOS

Comissão de venda
Somatória Total (F) MARK UP =
(MKP)

Lembre-se que junto com os impostos pode ser somada as despesas administrativas,
desde que a mesma esteja em percentual do faturamento. E, caso o objetivo seja
calcular o frete a ser cobrado deve-se incluir também a margem de lucro,

VALORES PARA O CÁLCULO DO CUSTO DA VIAGEM


(C) (C1)
Custo da Diária
x (MKP)
(B) (B1)
Custo do km

CUSTO DA VIAGEM

Dias de viagem Custo da diária


(C1)
x =
Distância percorrida Custo do km +
(B1)
x =
Custo da viagem = (D)

CÁLCULO DA DIFERENÇA
Frete Recebido Diferença

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Custo da viagem
(D)
=

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MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

QUADRO RESUMO

Custos Operacionais de Caminhões

Fixo mensal
Depreciação do caminhão (1)
Remuneração de capital (2)
Licenc., seg. obrigatório, IPVA, etc
(3)

Total - custo fixo mensal (A)

Variável por km
Manutenção (4)
Combustível
(5) Pneus
(6)
Lubrificantes (7)
Lavagens (8)

Total - custo variável por km (B)

Custo da Diária (C) Custo do km (B)

Preço da Diária * Preço do km *

* Valores calculados utilizando o Mark up com despesas administrativas e margem de


lucro

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