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SUS - PATRIMÔNIO DO POVO

Cantigas e Músicas
Populares
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2013
Apresentação Tal proposta educacional transborda as paredes das salas de aula,
dos consultórios e das instituições de saúde, pois considera o
“saber-de-experiência-feito” como ponto de partida e base da
Este caderno foi especialmente elaborado para os participantes das produção do conhecimento, segundo o Manifesto da Universidade
atividades da Tenda Paulo Freire que ainda não conhecem algumas Popular de Arte e Ciência (UPAC).
das cantigas e músicas disseminadas pelos educadores populares e
cuidadores durante eventos e ações relacionadas à Educação Esta rede de coletivos e entidades é composta por militantes,
Popular em Saúde. estudantes, profissionais e cidadãos que se apropriam das práticas
tradicionais de cuidado, da cultura popular e da ciência como forças
Nosso intuito é de colaborar para que estas e outras canções de valorização da nossa identidade e como estratégia de
possam penetrar pelos canais da sensibilidade, tocar os corações das emancipação social efetiva.
pessoas, enriquecer seu aprendizado e, de alguma forma, se
capilarizar nos territórios do Brasil a fora. Paulo Freire, Nise da Silveira, Baruch de Spinoza, Nelson Vaz, Amir
Haddad, José Pacheco, Heloísa Helena, Drummond, Humberto
Seus autores são gente como a gente, ou foram nossos ancestrais. Maturana, Vera Dantas, Ray Lima, Júnio Santos e tantos outros
Além de brincantes e mestres na arte de despertar a consciência contribuíram e contribuem com a construção desses diferentes
crítica do público, marcam história e/ou carregam consigo a modos de ser e de fazer éticos. Suas obras nos remetem ao afeto, ao
amorosidade e a solidariedade em relação a todos os seres. Seus cuidado, ao conhecimento e à alegria como recursos fundamentais à
atos afetivos, artísticos, culturais, espirituais e cenopoéticos nos existência humana e, infelizmente, ainda tão carentes na política.
ensinam naturalmente a dialogar com nossas próprias experiências, Lembram-nos da bagagem social sagrada, que não necessariamente
a respeitar o outro e a compreender que cada um possui uma precisa ser pautada pela moeda e pela exclusão.
dimensão infinita de potências (destrutivas e construtivas).
Sendo assim, aprendendo e ensinando, façamos uso da liberdade
Pensando na composição de uma sociedade mais justa e equânime, que temos para despertar novos olhares, conquistar outros espaços,
acreditamos que a diversidade de culturas e crenças traz em si um ajudar a construir e a concretizar, dentre tantas coisas, relações
caldeirão de possibilidades humanizadas de transformação sociais e políticas públicas mais favoráveis à transformação que
individual e coletiva, no campo da Saúde Pública e nas demais áreas. desejamos para o mundo. Cantemos e dancemos!
Para tanto, sugerimos começar pelo exercício da convivência entre
semelhantes e também junto aos reconhecidos como diferentes. A
partir daí, teremos a vivência do aprendizado partilhado como Thamara Fernandes
exemplo de caminho, que segue indefinidamente rumo à evolução. Secretária Geral da UPAC
Qual a tua cor? Eu tô na rua
Ray Lima Júnio Santos

Chegue mais perto ator, atriz, Eu tô na rua


Companheiro, companheira dia-a-dia Pra brincar de roda
Venha logo homem Cantando moda pra lhe atrair
Deixa de bobagem BIS
A arte é nossa linguagem Desfilando a fantasia do povo
De tecer cidadania. Venho de novo
Te fazer sorrir
Qual a tua cor?
Preto, vermelho ou amarelo? Saia pra rua (2x)
Importa não, vale mais tua vontade BIS Venha se divertir
De vir comigo fazer arte na cidade Com o teatro que é um festejo
Com o cidadão que de nós espera amor. E os brincantes já estão aqui.

Chegue mais perto ator, atriz,


Companheiro, companheira dia-a-dia Escuta
Venha logo homem Ray Lima
Deixa de bobagem BIS
A arte é nossa linguagem Escuta, escuta
De tecer cidadania. O outro, a outra já vem BIS
Escuta e acolhe
Qual a tua cor? Cuidar do ouro faz bem.
Preto, vermelho ou amarelo?
Importa não, vale mais tua vontade BIS
De vir comigo aprender a ser feliz
Molambos
Na inquietude que nos traz um grande amor.
Ray Lima

Bocados de mulambos molhados manchando o chão


Bocados de mulambos molhados manchando o chão
Mas o que tinha dentro
Era gente ainda, BIS
Era gente ainda.
Cometa loucuras Você e Eu
Filippo Rodrigo, Júnio Santos, Patrícia Caetano Edu Viola

Nem tudo que cai do céu é estrela Eu vim aqui


Nem tudo que cai do céu é cometa Pra falar de você e de mim

Cometaaaaa loucuras (BIS) Eu vim assim


Pra falar de você e de mim
Nem tudo que reluz é ouro
Nem tudo que balança cai Eu os vejo rindo
Nem toda brincadeira tem um fundo de verdade Rindo, rindo
Nem tudo que entra sai
Eu me vejo rindo
Cometaaaaa loucuras (BIS) Rindo, rindo

Nem tudo que é claro é dia


Nem tudo que é escuro é noite Nada continua como está
Nem tudo que rima é poesia Junio Santos
Nem tudo que é chicote é açoite
Nada continua como está
Cometaaaaa loucuras (BIS) Tudo está sempre mudando
O mundo é uma bola de idéias
Se transformando, nos transformando. BIS
Folia do hospício
Vitor Nina, Jadiel Lima Abra a cabeça
Saia do escuro
O louco carnaval chegou Não tenha medo
E o povo afinal dançou Do seu futuro
Vamo acordar para vida Faça o que sabe
Com vontade nada é difícil Pra se cuidar
De mãos dadas, sorriso aberto BIS A vida não pode parar
Ocupando o hospício. O mundo não vai acabar!
Está louco, disse o doutor
Enlouqueça, disse o poeta
Não há nada escrito na testa BIS
Além do amor.
Cura Me dê amor
Edu Viola Ray Lima

Chora, chora morena Um novo amor está pra nascer


Torna a chorar morena Ninguém sabe dizer pra quem
Põe a mão na cabeça Mas se é amor, deixa vir meu bem
Porque amor nem todo mundo tem.
Morena põe a mão na cintura Uma relíquia, uma relíquia é o amor (4X)
Dá um sapateadinho
Mais um requebradinho Quem tem amor, pelo amor de Deus?
Me dê amor, pelo amor de Deus
Morena diz adeus ao povo Cura essa dor, pelo amor de Deus
Pega na mão de todos Me dê amor, pelo amor de Deus!
Chora, chora, chora. Uma relíquia, uma relíquia é seu amor (4X)

Quem nunca amou, pelo amor de Deus


Ritual coletivo Chegou a hora, abrace o seu
Tá sem amor, pelo amor de Deus
Somos um círculo Não fique só, lhe oferto o meu.
Dentro de um círculo Uma relíquia, uma relíquia é o meu amor (4X)
Sem início e sem fim

Horizontal cotidiano
Cidadania já Ray Lima
(Cirandas da Vida)
Franzinos meninos
Chega de só pensar, Trouxas na cabeça
Tá na hora de agir Buxo nas costelas
Chega de só chorar, Panela sem feijão.
Tá na hora de sorrir
Chega de só lutar, Toinha e seu Tonho choram quando amanhece
Tá na hora de conquistar Irrigam de lágrima e suor o resto no sol
Chega de silêncio, O pó
Tá na hora de gritar Da sombra que réstea no arrebol,
Cidadania já! (4X) Capuchos de algodão.
Caravana SUS De sonhação
Johnson Soares, Ray Lima O SUS é feito; BIS
Com crença e luta
De sonhação O SUS se faz.
O SUS é feito; BIS
Com crença e luta Diz aí meu Brasil!
O SUS se faz. O SUS é teu por inteiro
Ou sonho de iluminado?
Saúde é coisa de branco? E o povo brasileiro
Saúde é coisa de preto? O que sabe, o que nos diz,
Saúde é coisa de gente? É o SUS um legado?
Saúde comporta gueto?
De sonhação
De sonhação O SUS é feito; BIS
O SUS é feito; BIS Com crença e luta
Com crença e luta O SUS se faz.
O SUS se faz.
Se cada causa é uma causa,
Saúde é coisa de elite? O descaso como fica?
O SUS é coisa do povo? Pela vida a gente briga
O acesso tem um limite? A gente vive, a gente ama.
O SUS é vida pra todos? Mas se acaso transformarem-se
Em muro as diferenças
De sonhação Nada justificará
O SUS é feito; BIS Morrer pela indiferença.
Com crença e luta
O SUS se faz. De sonhação
O SUS é feito; BIS
Toda doença é complexa Com crença e luta
Do nascedouro ao finzinho O SUS se faz.
Porque nasce em ser complexo
Não há reta nem convexo
Não despreze um só caminho.
Corpo meu, minha morada De infeliz a esperançoso,
Ray Lima O trabalhador rural
Dando provas de coragem,
Corpo meu, minha morada Fé e organização,
Corpo meu, minha morada Arrebentou cadeados,
Desde que o sol explodiu Ocupou os descampados
Minha alma em estilhaços De litoral, cerrado, sertão
A natureza estende os braços De litoral, cerrado, sertão.
Renasce o mundo em desafio.

Quero saúde humanizada


Se tivesse Elias Silva, Johnson Soares, Júnio Santos
Ray Lima
Ai saúde por onde tu andarás BIS
Se eu tivesse que nascer Ai saúde chega de olhar pra trás
Eu nasceria
Se eu tivesse que viver Já faz um tempo que não caio nos teus braços
Eu viveria E sem abraços não dá mais pra caminhar
Se eu tivesse que morrer Romper as grades, acabar com o sofrimento
Eu morreria Por um fim nos lamentos
E se eu tivesse que matar É reclame popular
Eu poesia. (5X)
Quero saúde humanizada
Quero atitude, quero parar de implorar
Nossa história Quero direito sem preconceitos
Ray Lima É meu direito lhe pedir para mudar
É meu direito lhe pedir para mudar.
Nossa história é tão antiga!
Se eu for contar, você duvida.
Desde os tempos de Zumbi, Marinheiro
Balaios e Cariris,
Nosso povo passa fome Oh marinheiro é hora BIS
Sem terra, casa, sem nome É hora de trabalhar
Nascemos nesse país. É o céu, é a terra, é o ar BIS
Oh marinheiro olha o balanço do mar.
Cirandas da vida Sem canto e alegria ciranda não é
Ray Lima Cirandas da vida sem sonho não sei
Cirandas da vida, rotina e prazer
Abre tua roda ciranda Cirandeiro é assim, quem não é há de ser
Agita essa roda ciranda
Gira sem medo cirandas (REFRÃO) REFRÃO
Cirandas da vida estão sempre a girar
Vida que é vida não pode parar. Cirandas são trilhas, caminhos humanos
Do povo as pegadas são ruas de sonhos
Cirandas da vida já sabe o que quer Fortaleza bela abrindo as janelas
Trilhando na praia, no sol da maré Futuro almejado, cidade sonhada.
Cantando e dançando o que há, o que é
Pirambu, Serrinha, Palmeira, Jardim REFRÃO

REFRÃO
Ciranda do caminho
Cirandas da vida não é salvação Johnson Soares
Mas é luta, é fé e participação
É a arte do encontro da articulação Ai Cirandá!
De povo e cidade, utopia e ação Ai cirandê!
Nessa roda eu também quero entrar
REFRÃO Ai Cirandá!
Ai cirandê!
Cirandas de sonhos, cultura, trabalho Pari passu, nos teus braços rodar.
Saberes, pessoas, conflito, harmonia
Cirandas da vida circulam poderes Tu me ensinas que eu te ensino
Semeiam cuidados e cidadania O caminho no caminho
Com tuas pernas, minhas pernas andam mais.
REFRÃO

Quanto o povo cria e não sai na imprensa


De estética, de fé, de negócio e ciência
Quanto pensa e faz, quanto sonha e inventa
De amor sabe tanto e a imprensa não diz

REFRÃO
Ritual de louvor Ritual de libertação

Salve o povo da terra Quem deu esse nó não soube dar


Salve o povo da água Quem deu esse nó não soube dar
Salve o povo do fogo Esse nó tá dado e eu desato já
Salve o povo do ar Esse nó tá dado e eu desato já!
Ó muito obrigado! (4X)
Oh desenrola essa corrente, BIS
Salve o povo da terra Deixa o índio trabalhar.
Salve o povo da água
Salve o povo do fogo
Salve o povo do ar Utopia II
Ó venha nos curar! (4X) Ray Lima

A vida é o fluxo da história,


Ritual de resgate O movimento da maré,
Ré, ré, ré,
Volta pra mim, meu curumim (2X) Ré, ré, ré, ré, ré, ré.
Meu curumim, meu curumim.
Fica comigo, meu curumim (2X) Na vida, rola a brincadeira,
Meu curumim, meu curumim. Rola a bola do universo,
Brinca comigo, meu curumim (2X) Rola a prosa, rola o verso,
Meu curumim, meu curumim. Saúde vem da in-formação,
Cura-me, meu curumim (2X) Das ciências, do cuidado,
Meu curumim, meu curumim. Do saber acumulado, seu doutor,
Da cultura popular.

Lâminas
Ray Lima

Lâmina de corte fácil


Lâmina de cortar faces
Faces de palavras, face ao mundo
Facetas da vida
Lâminas, lâminas
Lami, lami, lami – nados.
Cuidar do outro é cuidar de mim Cuidar do outro é cuidar de mim,
Johnson Soares, Júnio Santos, Ray Lima Cuidar do outro é cuidar de mim,
Cuidar do mundo é cuidar de mim,
Gritava um homem da rua Cuidar de mim é cuidar do mundo.
Cantando com sua voz
Embargada de pigarro
Em sua língua rota e nua: Utopia I
Ray Lima
Lá no tempo em que nasci,
Logo aprendi algo assim: Ponta de pé.
Cuidar do outro é cuidar de mim, Pise no chão.
Cuidar do outro é cuidar de mim, Alongue o braço.
Cuidar do outro é cuidar de mim, Estique a mão.
Cuidar de mim é cuidar do mundo. Toque no céu.
Aí, pegue o sol,
Se cuido um pouco de tudo, Agarre o sol,
De mim, de mim quase nada; Pegue com a mão.
Eu preciso me incluir,
É hora de me amar; Eu quero pegar o sol.
É sabido, viver é bom, Você se queima. 3X
Viver é bom pra quem sabe amar. Você se queima.

Lá no tempo em que nasci, Ai, ai, ai.


Logo aprendi algo assim: Ai, ai, ai.
Cuidar do outro é cuidar de mim,
Cuidar do outro é cuidar de mim, Eu te avisei.
Cuidar do outro é cuidar de mim, Eu te avisei.
Cuidar de mim é cuidar do mundo. E agora, o que fazer?

Outro mundo, outros tempos; É só curar a queimação,


Outros fins, outro começo; Buscar de novo o sol,
Sabidos são os afetos, Pegar o sol,
O amor é terapêutico. Pegar com a mão.

Lá no tempo em que nasci,


Logo aprendi algo assim:
Ô meu! No balão
Ray Lima, Cirandas da Vida Johnson Soares, Ray Lima

Se o tempo, nosso tempo No balão, cirandas


Não te agrada, te degrada A girar no céu.
Não te basta, te desgasta No balão, o abraço
O que te afasta da idéia Cirandeiro, chão.
Menos fácil de muda-la?
Ô meu! Ô meu! No balão, a vida na palma da mão.
No balão, a vida na palma da mão.
Já ouvi essa história
Minha memória é reprimida No balão, a força
Mas quando a gente lembra Da imaginação,
Os nervos em demência se abalam Cirandando giros
A gente ganha voz De irmanação.
A gente ganha vida
E pensa e lembra e pensa No balão, a vida na palma da mão.
Não fui eu No balão, a vida na palma da mão.
Ô meu! Ô meu!
No balão, o sonho
A nos tirar do chão.
Esse mundo não é nada engraçado Neste sonho, asas
Ray Lima À revolução.

Esse mundo não é nada engraçado No balão, a vida na palma da mão.


Ricos fingem entediar-se com o mercado No balão, a vida na palma da mão.
E o mercado quanto mais nervoso
Tanto mais os pobres nadam em marés No balão, leveza
E o mercado quanto mais nervoso No balão, ação
Tanto mais os pobres nadam em marés de alegria Amorosidade,
Domam suas fantásticas utopias Gesto, construção.
Com chicotadas de embriaguês sem pão.
No balão, a vida na palma da mão.
No balão, a vida na palma da mão.
Saúde A rede
Junio Santos Junio Santos, Ray Lima

Saúde, tchu ru ru, Nas malhas da rede eu vou, eu vou


Tem que ser boa para todos. Balançar pra vida vir
Tchu ru ru. Com o tempo avançar.
Ainda há gente sem comer Nas malhas da rede eu vou, eu vou
A nossa luta é pra valer, Navegando na maré
Tchu ru ru ru ru. Da cultura popular.

Saúde não é bula e ambulância. Essa rede é do homem


A ficha cai, o caso é grave, o tempo avança. Essa rede é da mulher
É dever da gestão, do controle social Essa rede é inclusiva
Ouvir o território, o movimento social. Pode vir donde vier
Saúde é cidadania
Saúde, tchu ru ru, Trabalhador sonha e tem fé.
Mais que remédio é atitude.
Tchu ru ru. Nas malhas da rede eu vou, eu vou
Participação é pra valer Balançar pra vida vir
Reforma agrária do saber, Com o tempo avançar.
Tchu ru ru ru ru. Nas malhas da rede eu vou, eu vou
Navegando na maré
Cidadania e saúde andam juntas Da cultura popular.
Na sua inquietação em mil perguntas.
É dever do bom gestor, é dever do cidadão Nossa rede é unida
Romper com o marasmo, que é pai da servidão. É erudita, é popular
A rede é libertadora
Saúde, tchu ru ru, Sabe aonde quer chegar
Mais que remédio é atitude. Nela cabem as diferenças
Tchu ru ru. E os saberes do lugar.
Ainda há gente sem comer
Nas malhas da rede eu vou, eu vou
Mais que esmola quer saber.
Balançar pra vida vir
Tchu ru ru ru ru.
Com o tempo avançar.
Nas malhas da rede eu vou, eu vou
Navegando na maré
Da cultura popular.

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