Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AMBIENTAL
Organização: 1
Afonso Rodrigues de Aquino
Francisco Carlos Paletta
Thereza Cristina F. Camello
Tainá Pellegrino Martins
Josimar Ribeiro de Almeida
Autores:
Afonso Rodrigues de Aquino
Francisco Carlos Paletta
Ana Claudia Machado Silva
Antonio Sant’ana Galvão
Isabella Cristina Antunes Bordon
Luciana S. S. Ribeiro
Luiza Stecher
Maria José Alves de Oliveira
Mauro Valerio da Silva
Roberto Manoel dos Santos
Sandra Regina Mattiolo
Sandra Regina Scagliusi
Vanessa S. G. Garcia
2
Vice-reitor
Paulo Roberto Volpato Dias
3
Sub-reitora de Graduação – SR1
Lená Medeiros de Menezes
Diagramação
Tainá Pellegrino Martins
BIBLIOTECA DO OUERJ
Conselho Editorial
Fernando Rodrigues Altino (UERJ)
Júlio Nichioka (UERJ)
Oscar Rocha Barbosa (UERJ)
Rachid Saab (UERJ)
Thereza Camello (UERJ)
4
Conselho Executivo
Carlos Eduardo Silva (ESS)
Jackeline Bahe (ETFCS)
Pierre Morlin (PETROBRAS)
Manoel Rodrigues (UERJ)
Nilo Koschek (INPA)
Ricardo Fontenele (AMX)
Pauli Garcia Almada (UFF)
Ricardo Fermam (INMETRO)
Roberto Carvalho (UNESP)
Roberto de Xerez (UFRuRJ)
Conselho Consultivo
Afonso Aquino (USP)
Ana Silvia Santos (UFJF)
Carla Madureira (UFRJ)
César Honorato (UFF)
Cláudio Ivanoff (UERJ)
Elcio Casimiro (UFES)
Flávia Schenatto (CNEN) 5
Guido Ferolla (FGV)
Eduardo Felga (UFPr)
Laís Alencar de Aguiar (CNEN)
Luiz Gonzaga Costa (UFRuPa)
Messias Silva (USP)
NeddaMizuguchi (UFRuRJ)
NivarGobbi (UNESP)
Paulo Sérgio Soares (CETEM)
Pauli Garcia Almada (UFF)
Ricardo Fermam (INMETRO)
Roberto Carvalho (UNESP)
Roberto de Xerez (UFRuRJ)
A BIBLIOTECA OUERJ é composta por diversos volumes
em diferentes áreas temáticas. Representa o trabalho de Pesqui-
sa, Magistério, Consultoria, Extensão e Auditoria de inúmeros
profissionais de diversas instituições nacionais e extra-nacionais.
O objetivo da biblioteca é ser útil como instrumentação e base epis-
temológica dos Graduandos, Pós-graduandos e profissionais das
áreas pertinentes aos temas publicados. Por ser um material didá-
tico público poderá ter uso público especialmente para treinamen-
to, formação acadêmica e extensionista de alunos e profissionais.
Evidentemente que cada caso da BIBLIOTECA OUERJ
6 deve ser encarado dentro de um contexto a que foi inicialmen-
te proposto. Especialmente deve-se levar em conta as limita-
ções vigentes do estado d’arte, das circunstancias e da finali-
dade inicial a que foi proposta. As derivações e extrapolações
podem ser adotadas desde que não se deixe de vislumbrar sem-
pre, estes limites de escopo inicial que norteou estes trabalhos.
Nós do OUERJ, agradecemos especialmente aos autores, a todos
os profissionais que compõem os Conselhos Editoriais, Executivos e
Consultivo do OUERJ. Agradecimento especial a REDE SIRIUS e a Pro
Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ que possibilita esta publicação.
Diretoria do OUERJ
SUMÁRIO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO SUMÁRIO 12
1. ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 14
1.1 PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 14
1.2 SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 15
1.3 TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 16
1.4 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO 17
1.5 SUSTENTABILIDADE E GERAÇÃO DE ENERGIA 19
1.6 DESENVOLVIMENTO DA ENERGIA NO DECORRER DA EVOLUÇÃO HUMA-
NA 21
7
1.7 A CHINA JÁ CONTRIBUÍA DIVERSIFICANDO A ESTRUTURA ENERGÉTICA
ANTES DA ERA DO CAPITALISMO OCIDENTAL 23
2. FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVA 26
2.1 ENERGIA HIDRELÉTRICA 26
2.2 BIOMASSA 28
2.3 ENERGIA SOLAR 29
2.4 ENERGIA EÓLICA 31
2.5 ENERGIA GEOTÉRMICA 31
2.6 ENERGIA DOS OCEANOS 32
2.7 GÁS NATURAL 34
2.8 ENERGIA NUCLEAR 35
2.9 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICOS 39
3. DIMENSÕES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 44
3.1 DIMENSÃO AMBIENTAL 46
3.2 DIMENSÃO SOCIAL 47
3.3 DIMENSÃO ECONÔMICA 48
3.4 DIMENSÃO INSTITUCIONAL 48
4. AQUECIMENTO GLOBAL E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 50
4.1 PROTOCOLO DE KYOTO 53
4.2 CONFERÊNCIA DE BALI 53
4.3 REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA 54
4.4 CRÉDITOS DE CARBONO 54
4.5 ÁGUA - ABASTECIMENTO E ESCASSEZ 56
5. EFLUENTES GASOSOS 62
5.1 MONÓXIDO DE CARBONO 63
5.2 DIÓXIDO DE ENXOFRE 63
5.3 DIÓXIDO DE NITROGÊNIO 63
5.4 HIDROCARBONETOS E OUTROS COMP. ORGÂNICOS VOLÁTEIS 64
5.5 OZÔNIO (O3) E OUTROS OXIDANTES FOTOQUÍMICOS 64
5.6 MATERIAL PARTICULADO 64
8 6. EFLUENTES LÍQUIDOS 68
6.1 EFLUENTE LÍQUIDO INDUSTRIAL 69
6.2 EFLUENTE LÍQUIDO DOMÉSTICO 72
6.3 REUTILIZAÇÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS 73
7. RESÍDUOS SÓLIDOS 76
7.1 SUSTENTABILIDADE E RESÍDUOS SÓLIDOS 78
7.2 AÇÕES SUSTENTÁVEIS 79
7.3 RESÍDUOS INDUSTRIAIS 81
7.4 RECICLAGEM DE ELETRO-ELETRÔNICO 84
7.5 RESÍDUOS HOSPITALARES OU DE SERVIÇO DE SAÚDE 85
7.6 RECICLAGEM DE LÂMPADAS FLUORESCENTES 86
7.7 REJEITOS RADIOATIVOS 86
7.8 ATERRO SANITÁRIO 88
7.9 BIORREMEDIAÇÃO 89
7.10 COMPOSTAGEM 89
8. AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE 92
8.1 AGROINDÚSTRIA 92
8.2 AGROINDÚSTRIA SUSTENTÁVEL 94
8.3 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO E AGRICULTURA ORGÂNICA 99
9. SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL 102
9.1 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL OU INDUSTRIAL 104
9.2 INICIATIVAS DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL NO BRASIL 107
9.3 ECONOMIA SUSTENTÁVEL 111
9.4 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE 113
9.5 SISTEMA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE 115
9.6 INDICADOR DE CONTROLE DE SUSTENTABILIDADE 118
9.7 BARÔMETRO DA SUSTENTABILIDADE 119
9.8 APLICAÇÕES SUSTENTÁVEIS 121
10. SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 124
10.2 A PSICOLOGIA COMO UM SUPORTE
PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 140
10.3 PESQUISA DA ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSICOLOGIA (APA) 141 9
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 144
PREFÁCIO
Os Organizadores
Afonso Rodrigues de Aquino 11
Francisco Carlos Paletta
Josimar Ribeiro de Almeida
Thereza Cristina F. Camello
Tainá Pellegrino Martins
INTRODUÇÃO
Energia Hidrelétrica
A hidroeletricidade é a fonte de energia renovável mais utili-
zada para a produção de energia elétrica, sendo obtida pela conver-
são da energia mecânica potencial gravitacional da água em energia
elétrica por meio da instalação assoreamento dos reservatórios
de turbinas em rios represados e perda de recursos minerais nas
ou não. Mesmo sendo uma fonte áreas alagadas, além da emissão
limpa, não está livre de impac- de gases do efeito estufa. As PCH´s
tos ambientais [12]. A produção (Pequenas Centrais Hidrelétri-
deste tipo de energia é depen- cas) apresentam impactos muito
dente da chuva. Quando chove pequenos [13]. Essa fonte pode
abundantemente, a contribuição ser afetada pelo aquecimento
destas centrais atinge os 40%, e, global, reduzindo seu potencial
nos anos mais secos, apenas 20% com o passar do tempo [16].
da energia total consumida pro- A energia hidráulica é converti-
vém dos recursos hídricos [15]. da em energia mecânica. Ao con- 27
Uma das vantagens dessa fonte é trário das demais fontes reno-
a versatilidade de configurações, váveis, representa uma parcela
permitindo desde micro-cen- significativa da matriz energéti-
trais até grandes hidrelétricas ca mundial e possui tecnologias
[13], além de produzir uma ener- de aproveitamento devidamente
gia barata e limpa emitindo pou- consolidadas. Embora a energia
co carbono na atmosfera [16]. hidráulica ocupe uma posição de
Os impactos variam de acordo destaque na produção de ener-
com o tipo e tamanho da usina. gia elétrica no Brasil com 79%
As grandes impactam a fauna e a de toda a energia elétrica gerada
flora com o alagamento de gran- no País, representa por cerca de
des áreas, afetam o paisagismo, 17% da produção mundial [17].
Biomassa de café, entre outros) [18].
Biomassa é uma desig- A importância da biomassa
nação que engloba o aprovei- como fonte renovável de produ-
tamento energético da ma- ção de energia, para a produção
téria orgânica, dos resíduos de combustíveis, calor ou ele-
provenientes da limpeza das tricidade, dado que a sua quei-
florestas, da agricultura e dos ma devolve à atmosfera o CO2
combustíveis resultantes de retido pelas plantas e árvores,
sua transformação. A energia que mantêm o ciclo do carbono
pode ser obtida por meio da atmosférico em equilíbrio, por
combustão direta dos mate- meio da reabsorção deste CO2.
28 riais ou de uma transforma- Este ciclo de carbono “zero” ou
ção química ou biológica, de neutro pode ser repetido inde-
forma a aumentar o poder finidamente, desde que a bio-
energético do biocombustível. massa seja permanentemente
Existem vários aproveitamen- regenerada [19]. Mesmo sendo
tos para este tipo de combus- uma boa alternativa aos com-
tíveis, dos quais salientam-se bustíveis fósseis, o uso repeti-
a combustão direta (queima tivo do solo pode trazer impac-
de resíduos florestais e agríco- to quanto à fertilidade destes.
las), o biogás (digestão anaeró- Além disso, a coleta e trans-
bia dos resíduos orgânicos), porte da biomassa utilizam
e os bicombustíveis (milho, veículos que causam emissões
soja, cana-de-açúcar, palha na atmosfera [13], sendo prefe-
rível que as usinas conversoras tir da biomassa, quando as
situem-se próximas ao ambien- fontes de energia renováveis
te de geração da biomassa [21]. forem mais competitivas em
“Para a produção industrial de relação aos combustíveis fos-
energia, de 80 a 100% do supri- seis, o que é esperado até 2020.
mento de biomassa deve vir de Aproximadamente 11% da ener-
plantações, e o uso de biomas- gia produzida mundialmente
sa em larga escala pode levar a originam-se deste insumo [12].
competição com a agricultura
para alimentação. Mas a produ- Energia Solar
ção de energia pela biomassa não • Sistema Solar Térmico
deve chegar a esse ponto, pois Existem dois tipos princi- 29
até 2100 serão necessários 1,7 pais de sistemas de energia solar
bilhão de hectares extras para térmica, os de circulação em ter-
sustentar um alto crescimento mossifãoeosdecirculaçãoforçada.
na produção de biomassa. Isso Circulação em termossifão: Nos
mostra que o uso de biomassa sistemas termossolares, a ener-
para geração de energia é sus- gia solar é utilizada para pro-
tentável nos próximos cem anos, duzir vapor que aciona uma
sem conflitos com o uso de terras turbina a vapor [13]. O aque-
para agricultura de alimentos”. cimento de água por esse pro-
Pesquisas mostram que no fu- cesso é uma tecnologia viável e
turo haverá muitas vantagens economicamente competitiva, e
em se produzir energia a par- suas maiores aplicações verifi-
cam-se no uso domestico [15], por ser regulada por meio de
por oferecer instalações e ma- um controlador diferencial [23].
nutenções simples. Funciona de A energia solar não apresenta
forma autônoma, sem recurso a emissão de poluentes, não con-
bomba auxiliar para fazer a cir- tribuindo para o efeito estufa,
culação do líquido solar [22]. é isenta de ruídos sendo des-
Circulação forçada: A radiação ta forma uma das alternativas
solar incide sobre a cobertura de mais indicadas dentro de um
vidro que compõe a parte supe- desenvolvimento sustentável.
rior do coletor solar, penetran-
do no interior do painel solar. O • Sistema Solar Fotovoltaico
30 calor é transferido para o fluido Nos sistemas fotovoltaicos
que circula pela tubulação. O a conversão de energia solar em
fluido quente circula em circuito energia elétrica é feita de for-
fechado e transfere calor através ma direta [13] através de pai-
da serpentina do depósito para néis fotovoltaicos baseados em
a água de consumo. A circulação materiais semicondutores [24].
do fluido é gerida pelo controla- Essa fonte não apresenta im-
dor diferencial e pelo grupo de pactos ambientais diretos, mas
circulação em função das tem- a produção dos painéis solares
peraturas medidas. O sistema causam impactos ambientais. O
de circulação forçada tem um sistema não necessita de água
rendimento superior, dado que para sua refrigeração, poden-
a gestão da energia é mais eficaz do ser utilizada em áreas urba-
nas eletricamente congestio- o desenvolvimento sustentável.
nadas. Contudo, sua produção Os possíveis impactos causa-
ainda é muito pequena já que dos por essa fonte estão os ru-
está fora do alcance do consumi- ídos produzidos pelos aeroge-
dor médio devido ao alto custo radores, colisão de pássaros,
de fabricação dos painéis [25]. impacto visual e limitação do
uso de espaço [13], pode inter-
Energia Eólica ferir nos radares de vigilância e
Entre as fontes renová- os melhores locais são distan-
veis de energia a eólica é a mais tes dos centros urbanos [25].
promissora e desenvolvida e Existem atualmente 29 países
apresenta um grande potencial com programas ativos de energia 31
para geração de energia elétri- eólica sendo a Alemanha, os Esta-
ca. Com o surgimento de novas dos Unidos, Espanha e Dinamar-
tecnologias, sua utilização vem ca seus maiores produtores [13].
crescendo rapidamente [13, 25].
Uma grande vantagem do uso de Energia Geotérmica
centrais eólicas é a quase total A energia geotérmica é
ausência de impactos ambien- uma fonte de energia alternati-
tais, sendo que seus geradores va que é encontrada em locais
não causam poluição ou gases especiais da superfície terres-
que contribuem para o aumen- tre. Numa central de energia
to do efeito estufa, sendo tam- geotérmica, utiliza-se o calor
bém uma boa alternativa para existente nas camadas interio-
res da Terra, para produzir o cúrio (Hg), arsênico (As), lixo
vapor que irá acionar a turbina sólido, água residual, pequenos
[25], gerando eletricidade por tremores, rebaixamento de solo,
meio de quatro maneiras prin- a localização das fontes está sub-
cipais: energia hidrotérmica, ro- metida à natureza e nem sempre
cha quente e seca, reservatórios próxima de linhas de transmis-
geopressurizados e magma [13]. são [25]. Contudo, todos esses
O uso da energia gerada do mag- impactos podem ser controla-
ma esta em estudo teórico [26]. dos, colocando a energia geotér-
Diferente das usinas solares mica dentro das fontes que pou-
ou eólicas, a usina geotérmi- co causa impactos ambientais.
32 ca opera sob demanda, já que o Os EUA são os principais pro-
calor da Terra está sempre dis- dutores de energia elétri-
ponível e geralmente as usinas ca proveniente dessa fonte,
funcionam ininterruptamente produzindo 2850 MW [27].
[25]. O uso da energia geotér-
mica, principalmente na for- Energia dos Oceanos
ma de calor, emite menos gases A energia dos oceanos
que os combustíveis fósseis. pode ser utilizada na forma
Sua operação envolve alguns im- de marés (a mais avançada e
pactos, como ocupação do solo, com maiores plantas em ope-
efeito estético, ruídos, emissão ração), ondas, gradiente tér-
de gases poluentes (H2S e CO2), mico, salinidade, correntes e
elementos tóxicos como mer- biomassa marítima, sendo uma
energia de baixa densidade. a água através de uma turbina.
O aproveitamento desta fonte As tecnologias de alto mar em
não causa emissão de poluentes produção também incluem ca-
na atmosfera além da barragem nais afunilados e dispositivos de
poder proteger a costa quando coluna de água oscilante (OWC)
de tempestades marítimas. Desta construídos em boias [28].
forma, é uma alternativa na pro- As estruturas podem afetar
dução de energia com agressões negativamente o aspecto es-
mínimas ao meio ambiente [13]. tético do local onde for imple-
As tecnologias de onda presas mentado [13], além do fato
como as ancoradas ao solo oce- da construção de estruturas
ânico estão a ser preparadas duráveis em locais com arre- 33
para ser aplicadas em alto mar, bentação forte ser cara [25].
onde a profundidades da água A energia oceânica, ape-
é de mais de 40 metros. Muitos sar de ter excelente po-
destes protótipos exploram o tencial de utilização, se
movimento diferencial de bóias apresenta de forma difusa dificul-
atadas umas às outras, enquanto tando sua utilização econômica.
outros empregam bóias que se Este tipo de geração de energia
movem em direção ao solo oceâ- já está passando por testes, mas
nico. Nestas tecnologias, os mo- ainda não está disponível para
vimentos ascendentes e descen- comercialização [25], sendo Por-
dentes são usados para mover tugal o país pioneiro com duas
bombas hidráulicas ou forçar centrais de aproveitamento [15].
Gás Natural natural também pode substituir
O gás natural é um com- carvão na geração de energia elé-
bustível fóssil formado por uma trica. Comparativamente ao car-
mistura de hidrocarbonetos com vão e ao petróleo, o gás natural
predominância do metano e é en- apresenta menores emissões de
contrado em rochas porosas em gases poluentes, principalmente
jazidas subterrâneas, apresen- SOx e material particulado [13].
tando baixos teores de contami- Um dos obstáculos para imple-
nantes em seu estado bruto. Suas mentação das plantas de gás é
reservas comprovadas (formas seu alto custo inicial com altos
convencionais e não convencio- investimentos em tubulações e
34 nais) são bem maiores que o seu infraestrutura [12]. Com relação
uso atual, confirmando seu po- ao transporte do gás, os impac-
tencial de utilização futura [13]. tos causados originam-se princi-
O gás natural apresenta uma palmente da escolha do traçado
combustão mais limpa que qual- das redes, já que elas demandam
quer outro derivado de petróleo escavações e desmatamentos
[11], mostrando-se um ótimo para construção dos dutos. Há
substituto para o petróleo em ainda a possibilidade de alte-
diversas aplicações como no rações na qualidade do ar e de
uso industrial além da possibi- eventuais explosões, mas o seu
lidade de substituir a gasolina transporte ainda é o menos im-
no uso veicular com vantagens pactante ao meio ambiente [20].
econômicas e ambientais. O gás O gás natural ocupa hoje o ter-
ceiro lugar na matriz energé- ar utiliza minerais presentes na
tica mundial e aproximada- natureza, como urânio e tório,
mente 13% das termelétricas como combustível e consiste na
mundiais são abastecidas por fissão de um núcleo pesado em
ele sendo estas responsáveis dois núcleos de massa menores
por 3% da produção de ener- e dois a três nêutrons, que irão
gia primária no mundo [13]. fissionar outros tantos núcleos
Sendo assim, o gás é uma fon- de urânio-235, sucessivamen-
te de energia de potencial para te liberando muito calor. O pro-
o século XXI por tratar-se de cesso de fusão nuclear consiste
um tipo de combustível limpo na união de dois núcleos leves
e a busca pelo desenvolvimen- para formar outro mais pesado 35
to sustentável deve aumentar e com menor conteúdo energé-
o esforço para localizar novas tico, por meio do qual se libe-
reservas deste insumo [12]. ra energia em grandes quanti-
dades. Este processo envolve
Energia Nuclear átomos leves, como os de deu-
A energia nuclear é pro- tério, trítio ou hidrogênio [15].
duzida por meio das reações O processo de fusão tem se mos-
de fissão ou fusão dos átomos, trado de difícil controle. Já o pro-
durante as quais são liberadas cesso de fissão é mais fácil de ser
quantidades de energia que po- controlado e também são libera-
dem ser utilizadas para produzir das quantidades de energia, o
energia elétrica. A fissão nucle- que levou ao crescimento do seu
uso [7]. O urânio é conveniente rados a metal liquido/reatores
para o uso como combustível de- super regenerados rápidos [13].
vido à liberação de quantidade Ao contrário de outras fontes,
de energia no processo de fissão o custo principal da energia
[29]. A fissão de urânio produz nuclear deriva da construção
quantidade de energia quando das usinas, e não do combus-
comparado com outros com- tível, visto que o urânio é re-
bustíveis fosseis. 1 kg de urânio lativamente barato. Além dis-
produz 14.000 vezes mais ener- so, a energia nuclear é limpa e
gia que 1 kg de petróleo [12]. sustentável, já que não produz
Com relação à emissão de ga- gases de efeito estufa, não ne-
36 ses efeito estufa, na produção cessita de grande área e produz
de 1 kWh de energia elétrica, baixos impactos ambientais [16].
uma usina carvão emite 995 É importante citar tam-
gramas de CO2 , a óleo 818 gra- bém que o uso da radiação ge-
mas, a gás 446 gramas e a nu- rada por meio da fusão pode
clear apenas 4 gramas [30]. ser aplicada em diversas áreas:
As principais tecnologias de re- industria, agricultura e meio
atores nucleares são os reato- ambiente e também na medi-
res a água leve (75% das usinas cina, onde se aplica em técni-
utilizam esse tipo de reator), cas avançadas de diagnóstico e
reatores a água pesada (8% de no tratamento de câncer [29].
utilização), reatores a gás (está As reservas de urânio, que são
em desuso) e reatores refrige- avaliadas em 2,3 milhões de to-
neladas, são suficientes para subproduto do processo, ou seja,
abastecer todos os reatores em o lixo atômico. Alguns desses re-
funcionamento por pelo menos jeitos radioativos duram deze-
mais um século [36]. As maio- nas de milhares de anos, perío-
res reservas desse mineral en- do em que devem ser mantidos
contram-se em países pacíficos em cápsulas seguras de concreto
como a Austrália, Canadá e Bra- e chumbo [16]. É importante sa-
sil (a reserva brasileira é a sexta lientar que o combustível usado
do mundo). Em função disto, seu durante todo o período de vida
suprimento dificilmente será útil de até 20 reatores iguais ao
ameaçado por grandes crises de Angra II pode ser armazena-
como as que ocorrem nos países do em uma área do tamanho de 37
produtores de petróleo [12, 16]. um campo de futebol, isto quer
Os riscos referentes ao transpor- dizer que o problema é facilmen-
te são mínimos se respeitados os te gerenciável [29]. Hoje no Ja-
procedimentos e recomendações pão, é investigado por cientistas
das normas de segurança, não que trabalham no projeto Ku-
há registro no mundo de fatali- matori, a possibilidade de cons-
dades decorrentes de acidentes truir um reator subcrítico que
envolvendo o transporte de ma- com a ajuda de um acelerador
terial radioativo ou nuclear [20]. de partículas é capaz de dimi-
O que dificulta a disseminação nuir o tempo de vida da radioa-
da tecnologia nuclear na gera- tividade de resíduos de milhares
ção de energia é a formação do para centenas de anos, o reator
deve começar a operar em 2015. Environmentalists for Nuclear
O auge da energia nuclear como Energy (Ambientalistas a favor
alternativa na geração de ener- da Energia Nuclear), presente em
gia veio em maio de 2007, com 17 países – como Canadá, Fran-
o relatório do Painel Intergover- ça, Estados Unidos e China [31].
namental de Mudanças Climáti- Aproximadamente 16% da ener-
cas (IPCC), órgão da ONU criado gia elétrica mundial é gerada
para ser autoridade mundial em a partir de centrais nucleares.
aquecimento global, e este órgão Os principais produtores são
afirmou que a energia nuclear é os EUA, alguns países que fize-
fundamental para o planeta dei- ram parte da URSS e os países
38 xar de aquecer. De acordo com europeus. No Brasil, a energia
os dados do relatório é necessá- nuclear ainda é pouco utiliza-
rio que os países concentrem-se da, correspondendo a 1,3% do
em sistemas energéticos que não total gerada [13]. Atualmente
emitem carbono como os siste- estão em operação 440 reato-
mas renováveis e nucleares [16]. res nucleares para geração de
Patrick Moore, um dos fundado- energia em 31 países e outros
res do Greenpeace, assegura que 33 estão em construção, além de
a energia atômica é a “única ma- 284 reatores de pesquisas ope-
neira de evitar uma catástrofe rando em 56 países e em torno
climática”. Os defensores dessa de 220 reatores de propulsão
nova vertente vêm se organi- em navios e submarinos [29].
zando, por meio da organização A Agência Internacional de
Energia prevê um crescimento namento brasileiro de 2001,
na geração de energia nuclear quando a sociedade despertou
entre 13 a 40% até 2030. O Bra- para a economia de energia e
sil, por ter tecnologia e autoriza- deu um passo importante em di-
ção para enriquecer urânio está reção a um dos princípios para
inserido neste potencial [16]. o desenvolvimento sustentá-
vel: a moderação no consumo.
Sustentabilidade e A eficiência energética e o uso
Desenvolvimento racional são pré-requisitos no
Energético modelo de desenvolvimento
O setor básico de energia sustentável e as políticas que vi-
afeta todos os demais, o acesso sam o uso sustentável da energia 39
à energia influencia fortemente devem encorajar o aumento do
o desenvolvimento humano, já uso de fontes renováveis, crian-
que, existe uma forte relação en- do dispositivos que favoreçam
tre energia e desenvolvimento. o seu uso, aumentado os mer-
No centro de qualquer estraté- cados e criando novas tecnolo-
gia visando o desenvolvimen- gias que aumentem a eficiência
to sustentável está um meio de do uso da energia e diminuam
viabilizar a produção e o uso seus impactos ambientais. Já
da energia de forma a contri- existe um novo consenso global
buir para a sustentabilidade e sobre a necessidade da criação
para isso são necessárias mu- de um novo paradigma energé-
danças. Um exemplo é o racio- tico aliado ao objetivo de atin-
gir essa sustentabilidade [7]. conservação de energia, a efici-
No atual paradigma, os méto- ência energética e o uso racional
dos de previsão de demanda minimizam a necessidade de ge-
baseiam-se principalmente em ração. Além disso, é fundamental
analises do consumo do passado a regulamentação bem definida
e projeções da economia. A po- do setor. Esse novo paradigma
tencialidade de mudanças nos depende, além do comporta-
padrões de consumo, ganhos de mento dos sistemas energéticos,
eficiência, mudanças na matriz do comportamento das pessoas
energética e disseminação de que esta ligado a sua cultura.
novas tecnologias para a produ- Os obstáculos ao uso eficiente
40 ção de energia praticamente são de energia variam por diversas
ignorados, estando focado na razões, incluindo treinamento
produção de mais energia quan- técnico e educação, imperfei-
do há desequilíbrio entre oferta ções no mercado, tradições re-
e demanda, buscando soluções sidenciais, questões financei-
para o desequilíbrio dentro do ras, legislação vigente na região
próprio setor. Para que os siste- além da dificuldade de quantifi-
mas energéticos estejam focados car e demonstrar seus impactos.
na promoção do bem estar das A utilização de combustíveis fós-
populações e sejam inseridos seis e as queimadas são as princi-
em um modelo de desenvolvi- pais causas do aumento da tem-
mento sustentável é necessário peratura global causada pelos
que haja quebra de paradigma. A gases de efeito estufa, o que nos
leva a pensar em outras fontes O que temos pela frente é uma
renováveis e alternativas limpas. corrida contra o tempo no esfor-
O uso de energia deve deixar de ço de conter a deterioração am-
ser considerada primeiramen- biental. A utilização de energias
te como uma questão setorial alternativas começa a se tornar
para ser vista sistemicamen- realidade, mudando os concei-
te junto com questões sociais tos energéticos do planeta, ex-
e ambientais [8] que ainda são plorando fontes renováveis e re-
grandemente subestimadas difi- tomando a energia nuclear [32].
cultando a formulação de políti- Os recursos de energia dis-
cas energéticas sustentáveis [13]. poníveis são suficientes para
A decisão de adicionar combus- construir um desenvolvimento 41
tível bioenergético (álcool) à sustentável. Existem muitos re-
gasolina para abastecimento de cursos alternativos, porém os
veículos automotores mostra a custos de produção são altos
possibilidade de adequação dos comparados com os utilizados
energéticos da região às condi- atualmente. Os recursos reno-
ções de sustentabilidade, visan- váveis são abundantes, mas
do garantir o não comprometi- grande parte ainda não dispõe
mento das gerações futuras [7]. de tecnologia para seu apro-
O impacto do efeito estufa no cli- veitamento e algumas que dis-
ma caminha rapidamente para põem de tecnologia ainda não
tornar-se o maior desastre am- são comercialmente aprovei-
biental da historia da civilização. táveis. Alternativas não faltam
para um futuro sustentável de
abastecimento de energia onde
fontes de energia mais lim-
pas podem ser utilizadas [13].
42
43
DIMENSÕES DE
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
61
EFLUENTES GASOSOS
66
67
EFLUENTES LÍQUIDOS Todo processo industrial gera
resíduos, muitas vezes tóxicos
O padrão de desenvolvi- e perigosos, não sendo possí-
mento econômico vigente na vel simplesmente descartar es-
maioria dos países está associa- ses materiais na natureza sem
do diretamente ao crescimento causar danos à saúde e ao meio
industrial e consequentemen- ambiente. A solução dos proble-
te, ao aumento de degradação mas do acondicionamento, co-
ambiental. A intensificação na leta, transporte, tratamento e/
operação de certos ramos de ou disposição final dos resídu-
atividades, como química, pe- os perigosos está intimamente
68 troquímica, metalmecânica, ligada à sua composição [63].
madeira, papel e celulose, ma- Uma das soluções para os pro-
terial de transportes e mine- blemas gerados é a reciclagem
rais, todos com uma forte carga de resíduos. A reciclagem de
de impactos sobre o meio am- resíduos pela indústria vem se
biente incorporando padrões consolidando como uma práti-
tecnológicos avançados para a ca importante para a sustenta-
base nacional, mas ultrapassa- bilidade seja atenuando o im-
dos no que se refere à relação pacto ambiental gerado pelo
com o meio ambiente que, neste setor ou reduzindo os custos.
caso, são escassos de elemen- Segundo a Norma Brasileira —
tos tecnológicos de tratamento, NBR 9800/1987, efluente líqui-
reciclagem e reprocessamento. do industrial é o despejo líquido
proveniente do estabelecimen- to e Meio Ambiente (do inglês
to industrial, compreendendo WCED, 1987), a sustentabilidade
emanações de processo indus- baseia-se no “desenvolvimento
trial, águas de refrigerações de acordo com as necessidades
poluídas, águas pluviais polu- do presente sem comprome-
ídas e esgoto doméstico [64]. ter a capacidade das gerações
Na busca da minimização dos futuras de satisfazer suas pró-
problemas ambientais a utili- prias necessidades”. Portanto,
zação de rejeitos em proces- um projeto realmente susten-
sos industriais tem uma grande tável deve considerar seu im-
importância, haja vista que di- pacto sobre as gerações futuras,
minui o volume dos depósitos onde os principais aspectos a se- 69
e contribui significativamente rem considerados no ambiente
para a redução na extração da construído são os usos da ener-
matéria-prima. Atualmente vem gia, água e materiais. (WCED,
sendo ampliado o aproveita- 1987; CMMD, 1991) [66].
mento de rejeitos domiciliares
e industriais, dentro de uma vi- Efluente Líquido
são que trata estes poluentes Industrial
como matérias-primas impor- A grande diversidade das
tantes para aplicações nobres e atividades industriais ocasiona
com maior valor agregado [65]. durante o processo produtivo,
Segundo definição da Comis- a geração de efluentes, os quais
são Mundial de Desenvolvimen- podem poluir/contaminar o solo
e a água, sendo preciso obser- e a iminente cobrança pelo uso
var que nem todas as indústrias e descarte da água vêm preo-
geram efluentes com poder im- cupando a sociedade e incen-
pactante nesses dois ambientes. tivando pesquisas na área de
Em um primeiro momento, é otimização do uso da água e
possível imaginar serem sim- minimização de efluentes. O se-
ples os procedimentos e ativida- tor industrial é um dos setores
des de controle de cada tipo de que mais tem se preocupado
efluente na indústria. Todavia, e se empenhado em encontrar
as diferentes composições físi- soluções para este problema,
cas, químicas e biológicas, as va- pois vivenciam os dois proble-
70 riações de volumes gerados em mas ao mesmo tempo, a alta de-
relação ao tempo de duração do manda de água e o tratamen-
processo produtivo, a potencia- to dos efluentes gerados [67].
lidade de toxicidade e os diver- Por muito tempo não existiu a
sos pontos de geração na mesma preocupação de caracterizar a
unidade de processamento reco- geração de efluentes líquidos
mendam que os efluentes sejam industriais e de avaliar seus im-
caracterizados, quantificados e pactos no meio ambiente. No
tratados e/ou acondicionados, entanto, a legislação vigente e
adequadamente, antes da dis- a conscientização ambiental fa-
posição final no meio ambiente. zem com que algumas indústrias
A escassez de água, o alto cus- desenvolvam atividades para
to do tratamento de efluentes quantificar a vazão e determi-
nar a composição dos efluentes composição do efluente indus-
industriais. As características trial possibilita a determinação
físicas, químicas e biológicas do das cargas de poluição / conta-
efluente industrial são variáveis minação, o que é fundamental
com o tipo de indústria, com para definir o tipo de tratamen-
o período de operação, com a to, avaliar o enquadramento na
matéria-prima utilizada, com a legislação ambiental e estimar
reutilização de água. Com isso, o a capacidade de autodepuração
efluente líquido pode ser solúvel do corpo receptor. Desse modo,
ou com sólidos em suspensão, é preciso quantificar e caracte-
com ou sem coloração, orgânico rizar os efluentes, para evitar
ou inorgânico, com temperatura danos ambientais, demandas le- 71
baixa ou elevada. Entre as deter- gais e prejuízos para a imagem
minações mais comuns para ca- da indústria junto à sociedade.
racterizar a massa líquida estão Assim, as indústrias estão bus-
às determinações físicas (tempe- cando caminhos para diminuir
ratura, cor, turbidez, sólidos.), as o volume de resíduos gerados
químicas (pH, alcalinidade, teor com a implantação de estraté-
de matéria orgânica, metais.) e gias de recuperação e de reuso
as biológicas (bactérias, proto- (EPA, 2002). Há inúmeras van-
zoários, vírus). Estes padrões es- tagens, diretas e indiretas, com
tão estabelecidos na Resolução a implantação de estratégias de
CONAMA n° 357 de 2004[58]. recuperação. Afirma que o al-
O conhecimento da vazão e da cance da sustentabilidade está
associado à estabilização ou re- rentes da otimização do pro-
dução da carga ambiental [68]. cesso, da conscientização e do
O desenvolvimento sustentável, a envolvimento dos funcionários.
prevenção e controle integrados
da poluição, são palavras-chave Efluente Líquido
para uma nova abordagem, vi- Doméstico
sando a proteção ambiental. Atu- Todos os elementos que
almente se considera indissociá- são rejeitados do ambiente do-
vel do conceito de produtividade, miciliar são efluentes domés-
a minimização de efluentes e a ticos sendo os sólidos classi-
racionalização do consumo de ficados como lixo e suas sub
72 matérias-primas. São diver- qualificações (orgânico, inorgâ-
sos os benefícios advindos da nico) e os líquidos, semi-liquí-
implantação de programas de dos, amorfos, semi-sólidos e al-
reuso e reaproveitamento: guns tipos de sólidos presentes
• Redução dos custos em meio aquoso como esgoto.
de implantação e operação A palavra esgoto costuma ser
de estações de tratamento; usada para definir tanto a tubu-
• Possibilidade de au- lação condutora das águas servi-
mentar a produção sem am- das de uma comunidade, como
pliar as instalações para também o próprio líquido que
tratamento de efluentes; flui por estas canalizações. Hoje
• Aumento de produtivida- este termo é usado para caracte-
de e redução de perdas decor- rizar os despejos provenientes
das diversas modalidades do uso tantes. Por outro lado, os dados
e da origem das águas, tais como revelam que apenas 5% da po-
as de uso doméstico, comercial, pulação da região Norte é ser-
industrial, as de utilidades pú- vida por rede de esgotos e, na
blicas, de áreas agrícolas, de su- região Sudeste, o mesmo índice
perfície, de infiltração, pluviais, e não ultrapassa os 41%. Apesar
outros efluentes sanitários [69]. dos grandes avanços na área do
Os esgotos domésticos provêm tratamento de efluentes, muitas
principalmente de residências, cidades ainda adotam sistemas
edifícios comerciais, institui- simplificados de tratamento por
ções ou quaisquer edificações fossas sépticas e lagoas de esta-
que contenham instalações de bilização, que podem provocar a 73
banheiros, lavanderias, cozi- poluição das águas superficiais e
nhas, ou qualquer dispositi- subterrâneas. Ademais, as lagoas
vo de utilização da água para de estabilização ocupam áreas
fins domésticos. Compõem- enormes e podem gerar um pas-
-se essencialmente da água sivo ambiental significativo [71].
de banho, urina, fezes, papel,
restos de comida, sabão, deter- Reutilização de
gentes, águas de lavagem [70]. Efluentes Líquidos
Os esgotos domésticos respon- Toda vida existente na
dem por cerca de 85% da polui- Terra nasceu da água e poderá
ção das águas, e os industriais desaparecer pela própria água,
são responsáveis pelos 15% res- por ser ela um dos elementos
indispensáveis ao ecossistema nos ciclos bioquímicos. Em nú-
chamado Planeta Terra. No Pla- meros aproximados, tem-se que
neta, 97% de toda água exis- o consumo de uma família na
tente são salgadas; do restante, cidade é seis vezes maior que
água doce, apenas 0,03% estão de outra família no campo; uma
fáceis e diretamente disponíveis descarga sanitária equivale a
para o uso do homem nos rios, doze litros, e para encher-se uma
lagos e subsuperfícies [67,71]. banheira ou se lavar uma quan-
Levantamentos preliminares tidade de roupas na máquina, o
efetuados pela CETESB apontam consumo é de 120 litros, [67].
nada menos que 2.300 áreas po- Mas, se compararmos esses con-
74 tencialmente contaminadas em sumos, ditos diretos, com os in-
função das atividades que são diretos, a situação é alarmante:
desenvolvidas, sem incluir os para produzir um simples pão-
postos de gasolina, que somam zinho são necessários 400 litros
mais de 2.000 e dos quais 45 já de água, considerar-se as neces-
estão comprometidos com va- sidades desde o trigo que lhe
zamentos. Isto só na região me- deu origem. Um quilo de carne
tropolitana de São Paulo [72]. corresponde a 18.000 litros de
O homem é o grande consumi- água que foram fornecidos dire-
dor de água doce, quer direta ta ou indiretamente ao animal
ou indiretamente. Esta água faz que lhe deu origem até a carne
parte integrante dos ecossiste- estar pronta para o consumo. A
mas devido à sua participação produção de uma tonelada de
75
RESÍDUOS SÓLIDOS
90
91
AGRICULTURA E
SUSTENTABILIDADE
25. h t t p : / / w w w n o v a s . b l o g s p o t . c o m . b r / 2 0 0 9 / 0 2 /
energia-geotermica.html. Consultado março 2013.
34. GUELBER,T.T.F.etal.AEmbalagemPETeaReciclagem:umaVisão
Econômica Sustentável para o Planeta, Foz do Iguaçu, PR- Brasil, 2007.
78.
Indicadores de Desenvolvimen-
to Sustentável Brasileiro IBGE, 2010.
105.
ROCHA, T. M. DORRESTEI-
JN, H. GONTIJO, J. M.(org.) Volume 5, 2006.
147. http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/psicologia-e-
-fundamental-na-queso-climatica/. Consultado em março de 2013.
155. SUSTENTABILIDADE, São Paulo, ed. Abril, 10ª edi. 2009. Con-
sultado e abril de 2013. http://scholar.google.com.br/scholar?q=%-
09SUSTENTABILIDADE%2C+S%C3%A3o+Paulo%2C+ed.+Abril.