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SUSTENTABILIDADE

AMBIENTAL
Organização: 1
Afonso Rodrigues de Aquino
Francisco Carlos Paletta
Thereza Cristina F. Camello
Tainá Pellegrino Martins
Josimar Ribeiro de Almeida
Autores:
Afonso Rodrigues de Aquino
Francisco Carlos Paletta
Ana Claudia Machado Silva
Antonio Sant’ana Galvão
Isabella Cristina Antunes Bordon
Luciana S. S. Ribeiro
Luiza Stecher
Maria José Alves de Oliveira
Mauro Valerio da Silva
Roberto Manoel dos Santos
Sandra Regina Mattiolo
Sandra Regina Scagliusi
Vanessa S. G. Garcia
2

SUSTENTABILIDADE ambiental / Afonso Rodrigues de Aquino,


Francisco Carlos Paletta, Ana Claudia Machado Silva, Antonio
Sant’ana Galvão, Isabella Cristina Antunes Bordon, Luciana S.
S. Ribeiro, Luiza Stecher, Maria José Alves de Oliveira, Mauro
Valerio da Silva, Roberto Manoel dos Santos, Sandra Regina
FICHA CATALOGRÁFICA
Mattiolo, Sandra Regina Scagliusi, Vanessa S. G. Garcia,
Josimar Ribeiro de Almeida. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Rede
Sirius; OUERJ, 2015.
167 p. : il.

ISBN 978-85-88769-89-2 (E-Book)

1. Meio ambiente – Aspectos econômicos. 2. Desenvolvimento


sustentável. I. Título.
CDU 33:504.03
Reitor
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3
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A BIBLIOTECA OUERJ é composta por diversos volumes
em diferentes áreas temáticas. Representa o trabalho de Pesqui-
sa, Magistério, Consultoria, Extensão e Auditoria de inúmeros
profissionais de diversas instituições nacionais e extra-nacionais.
O objetivo da biblioteca é ser útil como instrumentação e base epis-
temológica dos Graduandos, Pós-graduandos e profissionais das
áreas pertinentes aos temas publicados. Por ser um material didá-
tico público poderá ter uso público especialmente para treinamen-
to, formação acadêmica e extensionista de alunos e profissionais.
Evidentemente que cada caso da BIBLIOTECA OUERJ
6 deve ser encarado dentro de um contexto a que foi inicialmen-
te proposto. Especialmente deve-se levar em conta as limita-
ções vigentes do estado d’arte, das circunstancias e da finali-
dade inicial a que foi proposta. As derivações e extrapolações
podem ser adotadas desde que não se deixe de vislumbrar sem-
pre, estes limites de escopo inicial que norteou estes trabalhos.
Nós do OUERJ, agradecemos especialmente aos autores, a todos
os profissionais que compõem os Conselhos Editoriais, Executivos e
Consultivo do OUERJ. Agradecimento especial a REDE SIRIUS e a Pro
Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ que possibilita esta publicação.

Diretoria do OUERJ
SUMÁRIO

PREFÁCIO
INTRODUÇÃO SUMÁRIO 12
1. ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 14
1.1 PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 14
1.2 SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 15
1.3 TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 16
1.4 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO 17
1.5 SUSTENTABILIDADE E GERAÇÃO DE ENERGIA 19
1.6 DESENVOLVIMENTO DA ENERGIA NO DECORRER DA EVOLUÇÃO HUMA-
NA 21
7
1.7 A CHINA JÁ CONTRIBUÍA DIVERSIFICANDO A ESTRUTURA ENERGÉTICA
ANTES DA ERA DO CAPITALISMO OCIDENTAL 23
2. FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVA 26
2.1 ENERGIA HIDRELÉTRICA 26
2.2 BIOMASSA 28
2.3 ENERGIA SOLAR 29
2.4 ENERGIA EÓLICA 31
2.5 ENERGIA GEOTÉRMICA 31
2.6 ENERGIA DOS OCEANOS 32
2.7 GÁS NATURAL 34
2.8 ENERGIA NUCLEAR 35
2.9 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO ENERGÉTICOS 39
3. DIMENSÕES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 44
3.1 DIMENSÃO AMBIENTAL 46
3.2 DIMENSÃO SOCIAL 47
3.3 DIMENSÃO ECONÔMICA 48
3.4 DIMENSÃO INSTITUCIONAL 48
4. AQUECIMENTO GLOBAL E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 50
4.1 PROTOCOLO DE KYOTO 53
4.2 CONFERÊNCIA DE BALI 53
4.3 REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA 54
4.4 CRÉDITOS DE CARBONO 54
4.5 ÁGUA - ABASTECIMENTO E ESCASSEZ 56
5. EFLUENTES GASOSOS 62
5.1 MONÓXIDO DE CARBONO 63
5.2 DIÓXIDO DE ENXOFRE 63
5.3 DIÓXIDO DE NITROGÊNIO 63
5.4 HIDROCARBONETOS E OUTROS COMP. ORGÂNICOS VOLÁTEIS 64
5.5 OZÔNIO (O3) E OUTROS OXIDANTES FOTOQUÍMICOS 64
5.6 MATERIAL PARTICULADO 64
8 6. EFLUENTES LÍQUIDOS 68
6.1 EFLUENTE LÍQUIDO INDUSTRIAL 69
6.2 EFLUENTE LÍQUIDO DOMÉSTICO 72
6.3 REUTILIZAÇÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS 73
7. RESÍDUOS SÓLIDOS 76
7.1 SUSTENTABILIDADE E RESÍDUOS SÓLIDOS 78
7.2 AÇÕES SUSTENTÁVEIS 79
7.3 RESÍDUOS INDUSTRIAIS 81
7.4 RECICLAGEM DE ELETRO-ELETRÔNICO 84
7.5 RESÍDUOS HOSPITALARES OU DE SERVIÇO DE SAÚDE 85
7.6 RECICLAGEM DE LÂMPADAS FLUORESCENTES 86
7.7 REJEITOS RADIOATIVOS 86
7.8 ATERRO SANITÁRIO 88
7.9 BIORREMEDIAÇÃO 89
7.10 COMPOSTAGEM 89
8. AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE 92
8.1 AGROINDÚSTRIA 92
8.2 AGROINDÚSTRIA SUSTENTÁVEL 94
8.3 SISTEMA DE PLANTIO DIRETO E AGRICULTURA ORGÂNICA 99
9. SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL 102
9.1 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL OU INDUSTRIAL 104
9.2 INICIATIVAS DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL NO BRASIL 107
9.3 ECONOMIA SUSTENTÁVEL 111
9.4 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE 113
9.5 SISTEMA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE 115
9.6 INDICADOR DE CONTROLE DE SUSTENTABILIDADE 118
9.7 BARÔMETRO DA SUSTENTABILIDADE 119
9.8 APLICAÇÕES SUSTENTÁVEIS 121
10. SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 124
10.2 A PSICOLOGIA COMO UM SUPORTE
PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 140
10.3 PESQUISA DA ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSICOLOGIA (APA) 141 9
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 144
PREFÁCIO

O termo desenvolvimento sustentável foi apresentado


no relatório Nosso Futuro Comum de 1987, tendo como dire-
triz a ideia de um desenvolvimento que atenda as necessida-
des das gerações presentes, sem comprometer a habilidade
das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades.
O desenvolvimento sustentável é conhecido na interação en-
tre três pilares: o pilar social, o pilar econômico e o pilar am-
biental. A economia verde deve ser uma ferramenta para
10 o desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobre-
za. O desafio apresentado diante de nós é o de pensar um
novo modelo de desenvolvimento que seja ambientalmen-
te responsável, socialmente justo e economicamente viável.
A energia e os problemas que envolvem o seu consumo se
tornaram significativos no âmbito global, não sendo mais
possível se manter alheio aos efeitos da exploração preda-
tória e descontrolada. A proposta deste trabalho é discu-
tir e propiciar novos debates que levem ao consumo sus-
tentável e ao desenvolvimento econômico da sociedade.
Nosso objetivo é contribuir com contínuo aprimora-
mento de profissionais que atuam na área de energia,
meio ambiente e sustentabilidade, tornando-os cada vez
mais engajados e qualificados nas suas ações comprometi-
dos com desenvolvimento econômico sustentável do planeta.
Este livro foi idealizado e realizado dentro da disciplina de pós-
-graduação Análise de Sistemas de Gestão Ambiental – TNM
5790 - do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Pesqui-
sas Energéticas e Nucleares da Universidade de São Paulo. Méri-
to dos alunos, o livro foi organizado pelos docentes Afonso Aqui-
no e Josimar Almeida com o auxílio do Prof. Franciso Paletta que,
por não ser titular da disciplina, atuou como um ombudsman.

Os Organizadores
Afonso Rodrigues de Aquino 11
Francisco Carlos Paletta
Josimar Ribeiro de Almeida
Thereza Cristina F. Camello
Tainá Pellegrino Martins
INTRODUÇÃO

Observando o passado vimos que o trinômio: Energia,


Desenvolvimento e Degradação, sempre se fizeram presen-
tes durante milhares de anos em todas as grandes civilizações.
A lógica da época era muito simples, e assemelha-se em mui-
tos aspectos com a que utilizamos até hoje. O desenvolvimen-
to era pautado na busca incessante de uma fonte energética
que gerasse o custo benefício mais atraente, e isso era tudo,
não haviam outras preocupações. A maior parte dessa ener-
12 gia era oriunda de fontes não-renováveis como o carvão vege-
tal, largamente utilizado nos primórdios de nossa civilização.
O desenvolvimento sustentável, a prevenção e controle inte-
grados da poluição, são palavras-chave para uma nova aborda-
gem, visando a proteção ambiental. Atualmente se considera
indissociável do conceito de produtividade, a minimização de
efluentes e a racionalização do consumo de matérias-primas.
Ao organizar este trabalho nossa proposta é discutir temas rele-
vantes que estão presentes na agenda de todo o setor produtivo,
governo e universidades com objetivo de apresentar possíveis
caminhos que possam garantir o desenvolvimento econômi-
co, a geração de riqueza , a distribuição de renda e ao mesmo
tempo permitir a sustentabilidade do planeta. Apresentamos
temas de significativa importância no debate da sustentabilidade
ambiental como Energia e Sustentabilidade, Energias Alternati-
vas, Dimensões de Desenvolvimento Sustentável, Aquecimemento
Global e Sustentabilidade Ambiental, Efluentes Líquidos e Gaso-
sos, Resíduos Sólidos, Agricultura e Sustentabilidade, Sustenta-
bilidade Empresarial, Sustentabilidade e Educação Ambiental.
Cientes da nossa responsabilidade como educadores, na for-
mação de profissionais que deverão liderar e conduzir os des-
tinos deste país para os próximas décadas, temos o compro-
misso de criar um terreno fértil para o debate em torno da
sustentabilidade ambiental e seus impactos para vida no planeta.
13
Prof. Dr. Josimar Ribeiro de Almeida
Comitê Científico do Observatório Urbano(ONU-UERJ)
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
ENERGIA E
SUSTENTABILIDADE

Primeira Revolução Industrial


Foi a primeira grande transformação sócio-econômica-am-
biental de impacto relevante. Teve na Inglaterra o seu marco inicial
[1], e o país assumiu a partir daí, a liderança do mundo moderno.
Com a ampla utilização do conhecimento científico foi possí-
vel ter início a fabricação de bens de produção e consumo em
escala industrial. O grande marco da revolução industrial foi
14 a máquina à vapor de James Watt (1769). A energia origina-
da pelo vapor foi largamente utilizada na extração de minérios,
na indústria têxtil e no grande avanço em relação aos meios de
transporte de pessoas e mercadorias, reduzindo a necessidade
da força muscular. A escuna é substituída pelo navio a vapor e
os vagões que antes eram puxados por cavalos, pelas locomoti-
vas que também se movimentavam com a energia do vapor [2,3].
Com o advento de Watt, a Inglaterra passou a depender ainda
mais da importação de madeira de outros países. Várias flores-
tas européias foram dizimadas durante essa época, pois a procu-
ra pelo carvão vegetal era intensa. Diante de tal quadro, a Ingla-
terra optou por substituir o uso do carvão vegetal pelo mineral.
Outro fato ocorrido que merece destaque é a morte de milhares
de baleias, pois o óleo extraí- entre as pessoas. A exemplo da
do era utilizado para iluminar revolução do vapor, o petró-
as casas e ruas da Europa [1,2]. leo, a eletricidade e as inven-
Durante esse período a clas- ções que os acompanharam na
se operária sofreu um gran- Segunda Revolução Industrial
de empobrecimento. Um fato continuaram a transferir a car-
interessante é que durante o ga da atividade econômica do
século XVIII o suprimento de homem para a máquina [4].
água de Londres, em parte, A industrialização atingiu vários
era feito com o uso da energia outros países europeus como
das marés (maré motriz) [4]. a Alemanha, Itália e França. Na
América os Estados Unidos e do 15
Segunda Revolução outro lado do mundo o Japão.
Industrial Em 1878 foi utilizada a prensa
A Segunda Revolução In- acionada por uma máquina a
dustrial ocorreu entre 1860 e vapor de fonte solar. Surgem no-
a I Guerra Mundial. O petróleo vos produtos como o plástico e o
começou a competir com o car- aço, sendo esse último o substi-
vão e a eletricidade foi efetiva- tuto do ferro. Em 1888 foi posto
mente utilizada pela primeira em funcionamento nos Estados
vez, criando uma nova fonte de Unidos o primeiro catavento
energia para operar motores, para gerar energia elétrica. Em
iluminar cidades e proporcio- 1878 é construída a primeira hi-
nar comunicação instantânea drelétrica do mundo. Em 1909
é criada a linha de montagem e
a produção em série, por Henry Terceira Revolução Industrial
Ford. Novas fontes energéticas Muito mais dependente de
surgem para juntar-se às outras recursos energéticos, no período
já utilizadas em larga escala (le- pós-II Guerra Mundial a partir da
nha e carvão mineral). No final década de 50, surgem complexos
do século XIX surge a eletrici- industriais e empresas multina-
dade, e em meados do século cionais. As indústrias químicas e
XX o mais versátil dos combus- eletrônicas crescem. Os avanços
tíveis fósseis, o petróleo [2,3,5]. da automação, da informática e
Há um aumento acentuado da da engenharia genética são in-
16 poluição do ar, da água e do solo corporados ao processo produ-
e a devastação das áreas de ex- tivo, que depende cada vez mais
ploração do carvão mineral e de alta tecnologia e de mão-de-
do petróleo. Iniciativas para o -obra especializada. A informati-
controle destes impactos co- zação substitui, em alguns casos,
meçam a ser desenvolvidas. Em a mão-de-obra humana, con-
1913 é desenvolvida no Egito tribuindo para a eliminação de
uma bomba de irrigação com inúmeros postos de trabalho [4].
captadores solares planos. Em A preocupação com o meio am-
1931 são inventadas as célu- biente começa a ganhar espaço
las fotovoltaicas e em 1951 já nas mesas de negociação, pois
existem 50 mil aquecedores so- os efeitos de anos de degradação
lares em Miami, nos EUA [1, 3]. já são sentidos pela população
mundial, como: efeito estufa, chu- neolítica em 5000 a.C. passa a
va ácida e mudanças climáticas. usar 10 mil kcal/dia. Com a ur-
Nesse período entra em cena a banização desencadeada ao final
energia Nuclear, mas precisa- da Idade Média (1400 d.C.) e a
mente na década de 50 quando o consequente ocupação de vas-
primeiro reator nuclear de potên- tas florestas europeias o consu-
cia no mundo, denominado EBR- mo elevou-se para 26 mil kcal/
1, entrou em operação gerando dia. Em plena era industrial, por
0,2 MW elétricos em dezembro volta de 1875, o uso intensivo
de 1951, em Arco, Idaho, EUA do carvão permitiu atingir o ní-
[6]. Inicialmente criada para fins vel médio de 77 mil kcal/dia.
militares, agora vista, como uma Estes números representam um 17
fonte energética capaz de gerar crescimento de 15 vezes nos úl-
eletricidade provocando um im- timos 12 mil anos, um aumento
pacto mínimo ao meio ambiente. exponencial com o tempo [2].
O petróleo tende a permanecer
como a principal fonte energé-
Sustentabilidades e tica, embora com diminuição da
Desenvolvimento das Próxi- sua participação (~30%). Haverá
mas Décadas um aumento da participação do
Na Pré-História estima- gás natural e carvão. Há projetos
-se que o homem nômade con- em andamento a nível mundial,
sumia 5 mil kcal/dia, enquanto visando aumentar significativa-
o agricultor após a revolução mente a participação da energia
nuclear (Projeto “Generation carvão vegetal, largamente uti-
IV”).Grande expectativa em tor- lizado nos primórdios de nossa
no das células combustível, que civilização. Por conta desse tipo
se utiliza do hidrogênio para de desenvolvimento, vários po-
produção de eletricidade e, da vos tiveram o seu auge e declí-
energia nuclear a fusão, que ain- nio alicerçados pela durabilida-
da é uma realidade distante [1]. de de seus recursos energéticos,
Observando o passado vimos a exemplo da Grécia e Roma. Já a
que o trinômio: Energia, Desen- China, deu o primeiro passo em
volvimento e Degradação, sem- relação ao modelo energético
pre se fizeram presentes duran- propício ao desenvolvimento. A
18 te milhares de anos em todas as diversidade energética e uso in-
grandes civilizações. A lógica da tenso de fontes renováveis como
época era muito simples, e as- água e vento, foram capazes de
semelha-se em muitos aspectos sustentar durante séculos o rá-
com a que utilizamos até hoje. pido desenvolvimento Chinês.
O desenvolvimento era pauta- O tipo de desenvolvimento e
do na busca incessante de uma a matriz energética utilizada
fonte energética que gerasse o por nossos antepassados são
custo benefício mais atraente, e uma prova histórica viva das
isso era tudo, não havia outras consequências de nossas esco-
preocupações. A maior parte lhas. Efeito estufa, chuva áci-
dessa energia era oriunda de da, desertificação, variações
fontes não-renováveis como o climáticas, são a herança que
eles nos deixaram. Cabe a nós A matriz energética é resultado
decidirmos hoje, o tipo de de- do balanço energético consoli-
senvolvimento e qual a heran- dado que mostra as interrela-
ça que ele nos permitirá dei- ções entre oferta, transformação
xar para as gerações futuras. e uso final da energia. O estudo
da matriz energética é um im-
Sustentabilidade e portante instrumento no pla-
Geração de Energia nejamento do desenvolvimen-
A energia está presente de to e por consequência, para as
forma essencial em nossas vidas. pretensões do desenvolvimento
As decisões tomadas hoje em sustentável. A energia pode ser
relação a ela influenciam nos- encontrada em forma de ener- 19
so futuro, seu uso afeta, o meio gia atômica ou nuclear, quími-
ambiente trazendo mudanças ca, elétrica, térmica, mecânica
socioculturais e demográficas ou magnética [7] sendo suas
significativas. Não há como ge- principais fontes: hidroelétrica,
rar energia sem agredir o meio solar direta, biodigestores eó-
ambiente de alguma forma . A licos, marítimos, geotérmicos
energia não pode ser criada, mas e magneto-hidrodinâmica [9].
pode ser transferida de uma for- As fontes primárias de energia
ma para outra por meio de pro- são divididas em duas catego-
cessos de conversão, e pode ser rias: as renováveis e as não-
encontrada em dois estados ex- -renováveis e pode-se também
tremos: potencial e cinética [7,8]. dividi-las conforme a fonte de
origem. As energias não-renová- químico) [11]. As energias reno-
veis são aquelas finitas e poluen- váveis são aquelas cujas fontes
tes, já que emitem grandes quan- não se esgotam, ou seja, se re-
tidades de gases na atmosfera, novam. É importante ressaltar
causando problemas de saúde e que nem todas as maneiras de
ambientais [10]. As instalações aproveitar as fontes renováveis
que utilizam combustíveis fós- de energia são sustentáveis [10].
seis (como carvão, petróleo e gás Avaliando-se os recursos na-
natural) não produzem apenas turais existentes, são grandes
energia, mas também grandes as alternativas energéticas. Há
quantidades de vapor de água atualmente grandes reservas
20 e de dióxido de carbono (CO2), de petróleo em formas não con-
gás que é um dos principais res- vencionais. O gás natural possui
ponsáveis pelo efeito estufa do grandes reservas e, o carvão, é
planeta, além disso, são emiti- o combustível mais importan-
dos outros gases nocivos como te na geração de energia elé-
os óxidos de azoto (NOx), de en- trica no mundo, sendo estas as
xofre (SO2) e os hidrocarbone- três principais fontes da ma-
tos (HC). Estes gases provocam triz energética mundial. Exis-
modificações ambientais graves tem grandes reservas de urânio
e sua concentração na atmosfe- e tório, sendo o segundo, pouco
ra causa a poluição das cidades, utilizado [12]. Atualmente os
a formação de chuvas ácidas, de combustíveis fósseis geram 78%
névoa (denominada smog foto- da energia mundial, sendo o pe-
tróleo a principal fonte da ma- sistemas mais eficientes para
triz energética mundial [13], e o que se possa atingir um desen-
alto custo de implementação de volvimento sustentável, redu-
fontes alternativas ainda é um zindo gastos com energia e tam-
obstáculo à sua utilização [8]. bém os impactos causados por
Um aspecto que deve ser anali- novas centrais geradoras [8].
sado na escolha da fonte utiliza- O Desenvolvimento da Ener-
da na produção de energia (fase gia no Decorrer da Evolução
responsável pela maior parcela Humana
dos danos causados pelo uso da Nos primórdios de sua
energia) é o impacto ambien- existência a única fonte de ener-
tal ocasionado por ela na gera- gia que o homem dispunha para 21
ção e no seu transporte, além a sua sobrevivência era a força
das vantagens e desvantagens muscular. Passado esse perío-
do uso de cada uma delas [13]. do, o fogo passou a ser utilizado
A demanda de energia no mun- (50.000 anos a.C.), mas o homem
do cresce a cada ano e os pa- só desenvolveu a capacidade de
drões de produção e consumo acendê-lo 40.000 anos depois.
atuais estão destruindo o meio Esse episódio descreve o primei-
ambiente. É preciso passar a ro avanço tecnológico no qual
depender mais de recursos re- a humanidade foi submetida.
nováveis além de ter uma uti- O período que vai de 10.000 anos
lização responsável da energia a.C. até 5.000 anos a.C. foi marca-
e conservação energética com do pelo uso da força de tração ani-
mal na agricultura [1], essa era para irrigação na Babilônia [4].
capaz de produzir uma potência Os gregos que durante muito
aumentada de no mínimo um fa- tempo tiveram domínio sobre
tor quatro vezes maior [2], quan- o comércio e a navegação nas
do comparado a força humana. margens setentrionais do medi-
Há cerca de 6.000 anos a.C. terrâneo, enfrentaram grandes
o asfalto era usado pelos Su- dificuldades em suprir as suas
mérios, e 4.000 anos de- cidades com alimentos e lenha
pois o petróleo crú foi utili- do seu próprio território. A ma-
zado como combustível [3]. deira era utilizada em grande
Os ventos na navegação a vela escala nos estaleiros e na fun-
22 foram um aproveitamento ener- dição de metais, a sua escassez,
gético importante, que atingiu juntamente com outros fatores
o seu ápice com o povo fenício como, a dificuldade em usar a
no segundo milênio antes de energia hidráulica (devido às
Cristo. O Mar Mediterrâneo, o variações climáticas), contri-
Mar Vermelho e o Golfo Pérsico buíram para o seu declínio [2].
constituem importantes meios Durante o Império Romano (31
para o transporte marítimo a.C. até 410 d.C.) a Península Ibé-
de cargas na antiguidade [2]. rica e a Espanha tiveram as suas
Em 1.700 a. C. a energia dos ven- florestas dizimadas para que a
tos era utilizada para bombe- madeira fosse utilizada em gran-
ar água na Pérsia e em 600 a C. de escala, na fundição de metais
na movimentação dos moinhos para a confecção de armas [2].
A energia hidráulica também se nal e as suas necessidades. Tal
fez presente durante esse perío- procedimento era visto como
do em Roma, mais precisamen- uma tentativa de compensar o
te durante o século II a. C.. Esse desmatamento que já tomava
tipo de energia era utilizada conta de grande parte da China.
para movimentar moinhos. No O uso de animais na agricultura,
ano de 310 d. C. na França, um biomassa como lenha, conver-
grande complexo de moinhos já sores mecânicos de energia da
estava em funcionamento ape- água e do vento, como moinhos
nas com a energia hídrica [4]. e bombas, o gás natural (utiliza-
do para aquecimento do palácio
A China já Contribuía Diversi- do imperador da China 1.000 23
ficando a anos a.C.), contribuíram para
Estrutura Energética tornar a estrutura energética da
Antes da Era do China bastante diversificada e a
Capitalismo Ocidental mais complexa antes da era do
Os chineses foram respon- capitalismo ocidental. Tal estru-
sáveis por várias invenções me- tura propiciou a China um rápi-
cânicas que se anteciparam em do crescimento, que a fez avan-
alguns séculos às dos europeus. çar mais que qualquer outra
A intensificação do uso do com- civilização, até o século XVII [2].
bustível fóssil (carvão mineral) O primeiro uso do gás natural
teve como objetivo, atender o como combustível foi no Orien-
grande crescimento populacio- te Médio há 2.000 a. C. Na Chi-
na o gás também era utilizado turas de vidros. Tal era a devas-
para a iluminação, manufatura tação florestal para estes usos
de dutos de bambu e em perfu- e também para expansão das
rações de até 1000 metros [4]. áreas de agricultura, constru-
Durante a Idade Média, o uso ção civil, estaleiros que a Europa
da energia baseava-se nos bio- teve sérias dificuldades com o
conversores (lenha, tração ani- suprimento de madeira e lenha.
mal) e fontes renováveis como Porque várias áreas florestais
a hidráulica e ventos e marés. da região forma dizimadas [2].
Durante o século X são encon-
trados os primeiros registros do
24 uso da energia das marés [2, 4].
No ano de 1276 é documentada
a existência da primeira indús-
tria de papel operando por ener-
gia hidráulica. Já no século XIV,
25 metros cúbicos de madeira
(cubos de aproximadamente 3
m) eram queimados para ob-
ter 50 kg de ferro [1]. A lenha e
o carvão vegetal eram intensa-
mente utilizados, para cocção
de alimentos e padarias, aque-
cimento, olarias, forjas, manufa-
25
FONTES DE
ENERGIA ALTERNATIVAS

A busca de um desenvolvimento limpo exige uma vi-


são sistêmica do setor energético. No caso da sustentabilida-
de é relevante observar, por exemplo, as fontes renováveis.
As fontes renováveis de energia têm a característica de se-
rem dispersas e sazonais e seus potenciais variam de região
para região do planeta. Desta forma, por serem disponíveis em
qualquer lugar da terra permitem a participação na sua ex-
26 ploração por todos, sendo, naturalmente democratizadas.
Em agosto de 2002, em Johanesburgo ocorreu a Conferência das
Nações Unidas sobre ambiente e desenvolvimento sustentável. Foi
apresentado que as fontes de energia renováveis tais como biomassa,
pequenas hidroelétricas, energia eólica e solar, incluindo a fotovol-
taica oferecem inúmeros benefícios, pois aumentam a diversidade
e complementaridade da oferta de energia e reduzem a emissão de
gases poluentes na natureza reduzindo o aquecimento global [14].

Energia Hidrelétrica
A hidroeletricidade é a fonte de energia renovável mais utili-
zada para a produção de energia elétrica, sendo obtida pela conver-
são da energia mecânica potencial gravitacional da água em energia
elétrica por meio da instalação assoreamento dos reservatórios
de turbinas em rios represados e perda de recursos minerais nas
ou não. Mesmo sendo uma fonte áreas alagadas, além da emissão
limpa, não está livre de impac- de gases do efeito estufa. As PCH´s
tos ambientais [12]. A produção (Pequenas Centrais Hidrelétri-
deste tipo de energia é depen- cas) apresentam impactos muito
dente da chuva. Quando chove pequenos [13]. Essa fonte pode
abundantemente, a contribuição ser afetada pelo aquecimento
destas centrais atinge os 40%, e, global, reduzindo seu potencial
nos anos mais secos, apenas 20% com o passar do tempo [16].
da energia total consumida pro- A energia hidráulica é converti-
vém dos recursos hídricos [15]. da em energia mecânica. Ao con- 27
Uma das vantagens dessa fonte é trário das demais fontes reno-
a versatilidade de configurações, váveis, representa uma parcela
permitindo desde micro-cen- significativa da matriz energéti-
trais até grandes hidrelétricas ca mundial e possui tecnologias
[13], além de produzir uma ener- de aproveitamento devidamente
gia barata e limpa emitindo pou- consolidadas. Embora a energia
co carbono na atmosfera [16]. hidráulica ocupe uma posição de
Os impactos variam de acordo destaque na produção de ener-
com o tipo e tamanho da usina. gia elétrica no Brasil com 79%
As grandes impactam a fauna e a de toda a energia elétrica gerada
flora com o alagamento de gran- no País, representa por cerca de
des áreas, afetam o paisagismo, 17% da produção mundial [17].
Biomassa de café, entre outros) [18].
Biomassa é uma desig- A importância da biomassa
nação que engloba o aprovei- como fonte renovável de produ-
tamento energético da ma- ção de energia, para a produção
téria orgânica, dos resíduos de combustíveis, calor ou ele-
provenientes da limpeza das tricidade, dado que a sua quei-
florestas, da agricultura e dos ma devolve à atmosfera o CO2
combustíveis resultantes de retido pelas plantas e árvores,
sua transformação. A energia que mantêm o ciclo do carbono
pode ser obtida por meio da atmosférico em equilíbrio, por
combustão direta dos mate- meio da reabsorção deste CO2.
28 riais ou de uma transforma- Este ciclo de carbono “zero” ou
ção química ou biológica, de neutro pode ser repetido inde-
forma a aumentar o poder finidamente, desde que a bio-
energético do biocombustível. massa seja permanentemente
Existem vários aproveitamen- regenerada [19]. Mesmo sendo
tos para este tipo de combus- uma boa alternativa aos com-
tíveis, dos quais salientam-se bustíveis fósseis, o uso repeti-
a combustão direta (queima tivo do solo pode trazer impac-
de resíduos florestais e agríco- to quanto à fertilidade destes.
las), o biogás (digestão anaeró- Além disso, a coleta e trans-
bia dos resíduos orgânicos), porte da biomassa utilizam
e os bicombustíveis (milho, veículos que causam emissões
soja, cana-de-açúcar, palha na atmosfera [13], sendo prefe-
rível que as usinas conversoras tir da biomassa, quando as
situem-se próximas ao ambien- fontes de energia renováveis
te de geração da biomassa [21]. forem mais competitivas em
“Para a produção industrial de relação aos combustíveis fos-
energia, de 80 a 100% do supri- seis, o que é esperado até 2020.
mento de biomassa deve vir de Aproximadamente 11% da ener-
plantações, e o uso de biomas- gia produzida mundialmente
sa em larga escala pode levar a originam-se deste insumo [12].
competição com a agricultura
para alimentação. Mas a produ- Energia Solar
ção de energia pela biomassa não • Sistema Solar Térmico
deve chegar a esse ponto, pois Existem dois tipos princi- 29
até 2100 serão necessários 1,7 pais de sistemas de energia solar
bilhão de hectares extras para térmica, os de circulação em ter-
sustentar um alto crescimento mossifãoeosdecirculaçãoforçada.
na produção de biomassa. Isso Circulação em termossifão: Nos
mostra que o uso de biomassa sistemas termossolares, a ener-
para geração de energia é sus- gia solar é utilizada para pro-
tentável nos próximos cem anos, duzir vapor que aciona uma
sem conflitos com o uso de terras turbina a vapor [13]. O aque-
para agricultura de alimentos”. cimento de água por esse pro-
Pesquisas mostram que no fu- cesso é uma tecnologia viável e
turo haverá muitas vantagens economicamente competitiva, e
em se produzir energia a par- suas maiores aplicações verifi-
cam-se no uso domestico [15], por ser regulada por meio de
por oferecer instalações e ma- um controlador diferencial [23].
nutenções simples. Funciona de A energia solar não apresenta
forma autônoma, sem recurso a emissão de poluentes, não con-
bomba auxiliar para fazer a cir- tribuindo para o efeito estufa,
culação do líquido solar [22]. é isenta de ruídos sendo des-
Circulação forçada: A radiação ta forma uma das alternativas
solar incide sobre a cobertura de mais indicadas dentro de um
vidro que compõe a parte supe- desenvolvimento sustentável.
rior do coletor solar, penetran-
do no interior do painel solar. O • Sistema Solar Fotovoltaico
30 calor é transferido para o fluido Nos sistemas fotovoltaicos
que circula pela tubulação. O a conversão de energia solar em
fluido quente circula em circuito energia elétrica é feita de for-
fechado e transfere calor através ma direta [13] através de pai-
da serpentina do depósito para néis fotovoltaicos baseados em
a água de consumo. A circulação materiais semicondutores [24].
do fluido é gerida pelo controla- Essa fonte não apresenta im-
dor diferencial e pelo grupo de pactos ambientais diretos, mas
circulação em função das tem- a produção dos painéis solares
peraturas medidas. O sistema causam impactos ambientais. O
de circulação forçada tem um sistema não necessita de água
rendimento superior, dado que para sua refrigeração, poden-
a gestão da energia é mais eficaz do ser utilizada em áreas urba-
nas eletricamente congestio- o desenvolvimento sustentável.
nadas. Contudo, sua produção Os possíveis impactos causa-
ainda é muito pequena já que dos por essa fonte estão os ru-
está fora do alcance do consumi- ídos produzidos pelos aeroge-
dor médio devido ao alto custo radores, colisão de pássaros,
de fabricação dos painéis [25]. impacto visual e limitação do
uso de espaço [13], pode inter-
Energia Eólica ferir nos radares de vigilância e
Entre as fontes renová- os melhores locais são distan-
veis de energia a eólica é a mais tes dos centros urbanos [25].
promissora e desenvolvida e Existem atualmente 29 países
apresenta um grande potencial com programas ativos de energia 31
para geração de energia elétri- eólica sendo a Alemanha, os Esta-
ca. Com o surgimento de novas dos Unidos, Espanha e Dinamar-
tecnologias, sua utilização vem ca seus maiores produtores [13].
crescendo rapidamente [13, 25].
Uma grande vantagem do uso de Energia Geotérmica
centrais eólicas é a quase total A energia geotérmica é
ausência de impactos ambien- uma fonte de energia alternati-
tais, sendo que seus geradores va que é encontrada em locais
não causam poluição ou gases especiais da superfície terres-
que contribuem para o aumen- tre. Numa central de energia
to do efeito estufa, sendo tam- geotérmica, utiliza-se o calor
bém uma boa alternativa para existente nas camadas interio-
res da Terra, para produzir o cúrio (Hg), arsênico (As), lixo
vapor que irá acionar a turbina sólido, água residual, pequenos
[25], gerando eletricidade por tremores, rebaixamento de solo,
meio de quatro maneiras prin- a localização das fontes está sub-
cipais: energia hidrotérmica, ro- metida à natureza e nem sempre
cha quente e seca, reservatórios próxima de linhas de transmis-
geopressurizados e magma [13]. são [25]. Contudo, todos esses
O uso da energia gerada do mag- impactos podem ser controla-
ma esta em estudo teórico [26]. dos, colocando a energia geotér-
Diferente das usinas solares mica dentro das fontes que pou-
ou eólicas, a usina geotérmi- co causa impactos ambientais.
32 ca opera sob demanda, já que o Os EUA são os principais pro-
calor da Terra está sempre dis- dutores de energia elétri-
ponível e geralmente as usinas ca proveniente dessa fonte,
funcionam ininterruptamente produzindo 2850 MW [27].
[25]. O uso da energia geotér-
mica, principalmente na for- Energia dos Oceanos
ma de calor, emite menos gases A energia dos oceanos
que os combustíveis fósseis. pode ser utilizada na forma
Sua operação envolve alguns im- de marés (a mais avançada e
pactos, como ocupação do solo, com maiores plantas em ope-
efeito estético, ruídos, emissão ração), ondas, gradiente tér-
de gases poluentes (H2S e CO2), mico, salinidade, correntes e
elementos tóxicos como mer- biomassa marítima, sendo uma
energia de baixa densidade. a água através de uma turbina.
O aproveitamento desta fonte As tecnologias de alto mar em
não causa emissão de poluentes produção também incluem ca-
na atmosfera além da barragem nais afunilados e dispositivos de
poder proteger a costa quando coluna de água oscilante (OWC)
de tempestades marítimas. Desta construídos em boias [28].
forma, é uma alternativa na pro- As estruturas podem afetar
dução de energia com agressões negativamente o aspecto es-
mínimas ao meio ambiente [13]. tético do local onde for imple-
As tecnologias de onda presas mentado [13], além do fato
como as ancoradas ao solo oce- da construção de estruturas
ânico estão a ser preparadas duráveis em locais com arre- 33
para ser aplicadas em alto mar, bentação forte ser cara [25].
onde a profundidades da água A energia oceânica, ape-
é de mais de 40 metros. Muitos sar de ter excelente po-
destes protótipos exploram o tencial de utilização, se
movimento diferencial de bóias apresenta de forma difusa dificul-
atadas umas às outras, enquanto tando sua utilização econômica.
outros empregam bóias que se Este tipo de geração de energia
movem em direção ao solo oceâ- já está passando por testes, mas
nico. Nestas tecnologias, os mo- ainda não está disponível para
vimentos ascendentes e descen- comercialização [25], sendo Por-
dentes são usados para mover tugal o país pioneiro com duas
bombas hidráulicas ou forçar centrais de aproveitamento [15].
Gás Natural natural também pode substituir
O gás natural é um com- carvão na geração de energia elé-
bustível fóssil formado por uma trica. Comparativamente ao car-
mistura de hidrocarbonetos com vão e ao petróleo, o gás natural
predominância do metano e é en- apresenta menores emissões de
contrado em rochas porosas em gases poluentes, principalmente
jazidas subterrâneas, apresen- SOx e material particulado [13].
tando baixos teores de contami- Um dos obstáculos para imple-
nantes em seu estado bruto. Suas mentação das plantas de gás é
reservas comprovadas (formas seu alto custo inicial com altos
convencionais e não convencio- investimentos em tubulações e
34 nais) são bem maiores que o seu infraestrutura [12]. Com relação
uso atual, confirmando seu po- ao transporte do gás, os impac-
tencial de utilização futura [13]. tos causados originam-se princi-
O gás natural apresenta uma palmente da escolha do traçado
combustão mais limpa que qual- das redes, já que elas demandam
quer outro derivado de petróleo escavações e desmatamentos
[11], mostrando-se um ótimo para construção dos dutos. Há
substituto para o petróleo em ainda a possibilidade de alte-
diversas aplicações como no rações na qualidade do ar e de
uso industrial além da possibi- eventuais explosões, mas o seu
lidade de substituir a gasolina transporte ainda é o menos im-
no uso veicular com vantagens pactante ao meio ambiente [20].
econômicas e ambientais. O gás O gás natural ocupa hoje o ter-
ceiro lugar na matriz energé- ar utiliza minerais presentes na
tica mundial e aproximada- natureza, como urânio e tório,
mente 13% das termelétricas como combustível e consiste na
mundiais são abastecidas por fissão de um núcleo pesado em
ele sendo estas responsáveis dois núcleos de massa menores
por 3% da produção de ener- e dois a três nêutrons, que irão
gia primária no mundo [13]. fissionar outros tantos núcleos
Sendo assim, o gás é uma fon- de urânio-235, sucessivamen-
te de energia de potencial para te liberando muito calor. O pro-
o século XXI por tratar-se de cesso de fusão nuclear consiste
um tipo de combustível limpo na união de dois núcleos leves
e a busca pelo desenvolvimen- para formar outro mais pesado 35
to sustentável deve aumentar e com menor conteúdo energé-
o esforço para localizar novas tico, por meio do qual se libe-
reservas deste insumo [12]. ra energia em grandes quanti-
dades. Este processo envolve
Energia Nuclear átomos leves, como os de deu-
A energia nuclear é pro- tério, trítio ou hidrogênio [15].
duzida por meio das reações O processo de fusão tem se mos-
de fissão ou fusão dos átomos, trado de difícil controle. Já o pro-
durante as quais são liberadas cesso de fissão é mais fácil de ser
quantidades de energia que po- controlado e também são libera-
dem ser utilizadas para produzir das quantidades de energia, o
energia elétrica. A fissão nucle- que levou ao crescimento do seu
uso [7]. O urânio é conveniente rados a metal liquido/reatores
para o uso como combustível de- super regenerados rápidos [13].
vido à liberação de quantidade Ao contrário de outras fontes,
de energia no processo de fissão o custo principal da energia
[29]. A fissão de urânio produz nuclear deriva da construção
quantidade de energia quando das usinas, e não do combus-
comparado com outros com- tível, visto que o urânio é re-
bustíveis fosseis. 1 kg de urânio lativamente barato. Além dis-
produz 14.000 vezes mais ener- so, a energia nuclear é limpa e
gia que 1 kg de petróleo [12]. sustentável, já que não produz
Com relação à emissão de ga- gases de efeito estufa, não ne-
36 ses efeito estufa, na produção cessita de grande área e produz
de 1 kWh de energia elétrica, baixos impactos ambientais [16].
uma usina carvão emite 995 É importante citar tam-
gramas de CO2 , a óleo 818 gra- bém que o uso da radiação ge-
mas, a gás 446 gramas e a nu- rada por meio da fusão pode
clear apenas 4 gramas [30]. ser aplicada em diversas áreas:
As principais tecnologias de re- industria, agricultura e meio
atores nucleares são os reato- ambiente e também na medi-
res a água leve (75% das usinas cina, onde se aplica em técni-
utilizam esse tipo de reator), cas avançadas de diagnóstico e
reatores a água pesada (8% de no tratamento de câncer [29].
utilização), reatores a gás (está As reservas de urânio, que são
em desuso) e reatores refrige- avaliadas em 2,3 milhões de to-
neladas, são suficientes para subproduto do processo, ou seja,
abastecer todos os reatores em o lixo atômico. Alguns desses re-
funcionamento por pelo menos jeitos radioativos duram deze-
mais um século [36]. As maio- nas de milhares de anos, perío-
res reservas desse mineral en- do em que devem ser mantidos
contram-se em países pacíficos em cápsulas seguras de concreto
como a Austrália, Canadá e Bra- e chumbo [16]. É importante sa-
sil (a reserva brasileira é a sexta lientar que o combustível usado
do mundo). Em função disto, seu durante todo o período de vida
suprimento dificilmente será útil de até 20 reatores iguais ao
ameaçado por grandes crises de Angra II pode ser armazena-
como as que ocorrem nos países do em uma área do tamanho de 37
produtores de petróleo [12, 16]. um campo de futebol, isto quer
Os riscos referentes ao transpor- dizer que o problema é facilmen-
te são mínimos se respeitados os te gerenciável [29]. Hoje no Ja-
procedimentos e recomendações pão, é investigado por cientistas
das normas de segurança, não que trabalham no projeto Ku-
há registro no mundo de fatali- matori, a possibilidade de cons-
dades decorrentes de acidentes truir um reator subcrítico que
envolvendo o transporte de ma- com a ajuda de um acelerador
terial radioativo ou nuclear [20]. de partículas é capaz de dimi-
O que dificulta a disseminação nuir o tempo de vida da radioa-
da tecnologia nuclear na gera- tividade de resíduos de milhares
ção de energia é a formação do para centenas de anos, o reator
deve começar a operar em 2015. Environmentalists for Nuclear
O auge da energia nuclear como Energy (Ambientalistas a favor
alternativa na geração de ener- da Energia Nuclear), presente em
gia veio em maio de 2007, com 17 países – como Canadá, Fran-
o relatório do Painel Intergover- ça, Estados Unidos e China [31].
namental de Mudanças Climáti- Aproximadamente 16% da ener-
cas (IPCC), órgão da ONU criado gia elétrica mundial é gerada
para ser autoridade mundial em a partir de centrais nucleares.
aquecimento global, e este órgão Os principais produtores são
afirmou que a energia nuclear é os EUA, alguns países que fize-
fundamental para o planeta dei- ram parte da URSS e os países
38 xar de aquecer. De acordo com europeus. No Brasil, a energia
os dados do relatório é necessá- nuclear ainda é pouco utiliza-
rio que os países concentrem-se da, correspondendo a 1,3% do
em sistemas energéticos que não total gerada [13]. Atualmente
emitem carbono como os siste- estão em operação 440 reato-
mas renováveis e nucleares [16]. res nucleares para geração de
Patrick Moore, um dos fundado- energia em 31 países e outros
res do Greenpeace, assegura que 33 estão em construção, além de
a energia atômica é a “única ma- 284 reatores de pesquisas ope-
neira de evitar uma catástrofe rando em 56 países e em torno
climática”. Os defensores dessa de 220 reatores de propulsão
nova vertente vêm se organi- em navios e submarinos [29].
zando, por meio da organização A Agência Internacional de
Energia prevê um crescimento namento brasileiro de 2001,
na geração de energia nuclear quando a sociedade despertou
entre 13 a 40% até 2030. O Bra- para a economia de energia e
sil, por ter tecnologia e autoriza- deu um passo importante em di-
ção para enriquecer urânio está reção a um dos princípios para
inserido neste potencial [16]. o desenvolvimento sustentá-
vel: a moderação no consumo.
Sustentabilidade e A eficiência energética e o uso
Desenvolvimento racional são pré-requisitos no
Energético modelo de desenvolvimento
O setor básico de energia sustentável e as políticas que vi-
afeta todos os demais, o acesso sam o uso sustentável da energia 39
à energia influencia fortemente devem encorajar o aumento do
o desenvolvimento humano, já uso de fontes renováveis, crian-
que, existe uma forte relação en- do dispositivos que favoreçam
tre energia e desenvolvimento. o seu uso, aumentado os mer-
No centro de qualquer estraté- cados e criando novas tecnolo-
gia visando o desenvolvimen- gias que aumentem a eficiência
to sustentável está um meio de do uso da energia e diminuam
viabilizar a produção e o uso seus impactos ambientais. Já
da energia de forma a contri- existe um novo consenso global
buir para a sustentabilidade e sobre a necessidade da criação
para isso são necessárias mu- de um novo paradigma energé-
danças. Um exemplo é o racio- tico aliado ao objetivo de atin-
gir essa sustentabilidade [7]. conservação de energia, a efici-
No atual paradigma, os méto- ência energética e o uso racional
dos de previsão de demanda minimizam a necessidade de ge-
baseiam-se principalmente em ração. Além disso, é fundamental
analises do consumo do passado a regulamentação bem definida
e projeções da economia. A po- do setor. Esse novo paradigma
tencialidade de mudanças nos depende, além do comporta-
padrões de consumo, ganhos de mento dos sistemas energéticos,
eficiência, mudanças na matriz do comportamento das pessoas
energética e disseminação de que esta ligado a sua cultura.
novas tecnologias para a produ- Os obstáculos ao uso eficiente
40 ção de energia praticamente são de energia variam por diversas
ignorados, estando focado na razões, incluindo treinamento
produção de mais energia quan- técnico e educação, imperfei-
do há desequilíbrio entre oferta ções no mercado, tradições re-
e demanda, buscando soluções sidenciais, questões financei-
para o desequilíbrio dentro do ras, legislação vigente na região
próprio setor. Para que os siste- além da dificuldade de quantifi-
mas energéticos estejam focados car e demonstrar seus impactos.
na promoção do bem estar das A utilização de combustíveis fós-
populações e sejam inseridos seis e as queimadas são as princi-
em um modelo de desenvolvi- pais causas do aumento da tem-
mento sustentável é necessário peratura global causada pelos
que haja quebra de paradigma. A gases de efeito estufa, o que nos
leva a pensar em outras fontes O que temos pela frente é uma
renováveis e alternativas limpas. corrida contra o tempo no esfor-
O uso de energia deve deixar de ço de conter a deterioração am-
ser considerada primeiramen- biental. A utilização de energias
te como uma questão setorial alternativas começa a se tornar
para ser vista sistemicamen- realidade, mudando os concei-
te junto com questões sociais tos energéticos do planeta, ex-
e ambientais [8] que ainda são plorando fontes renováveis e re-
grandemente subestimadas difi- tomando a energia nuclear [32].
cultando a formulação de políti- Os recursos de energia dis-
cas energéticas sustentáveis [13]. poníveis são suficientes para
A decisão de adicionar combus- construir um desenvolvimento 41
tível bioenergético (álcool) à sustentável. Existem muitos re-
gasolina para abastecimento de cursos alternativos, porém os
veículos automotores mostra a custos de produção são altos
possibilidade de adequação dos comparados com os utilizados
energéticos da região às condi- atualmente. Os recursos reno-
ções de sustentabilidade, visan- váveis são abundantes, mas
do garantir o não comprometi- grande parte ainda não dispõe
mento das gerações futuras [7]. de tecnologia para seu apro-
O impacto do efeito estufa no cli- veitamento e algumas que dis-
ma caminha rapidamente para põem de tecnologia ainda não
tornar-se o maior desastre am- são comercialmente aprovei-
biental da historia da civilização. táveis. Alternativas não faltam
para um futuro sustentável de
abastecimento de energia onde
fontes de energia mais lim-
pas podem ser utilizadas [13].

42
43
DIMENSÕES DE
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

A Comissão Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU)


sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento apresentou em 1987 o
Relatório Brundtland que se tornou um marco quanto a formalização
do conceito de desenvolvimento sustentável, o qual define “desen-
volvimento sustentável como sendo o desenvolvimento que satisfaz
as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as
44 futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades” [7].
Historicamente o conceito de sustentabilidade vincula-se à preocu-
pação na manutenção e na existência de recursos naturais para a con-
tinuidade das gerações futuras. Somados às preocupações dos am-
bientalistas, baseadas na manutenção do meio ambiente, formou-se
um cenário, cujo desafio centrou-se num desenvolvimento susten-
tável em que a preservação ambiental seria a base de crescimento
dos negócios e da economia [33]. Assim, o conceito ideológico que
permeia a dimensão de desenvolvimento sustentável conciliando-
-se com a decisão de custo versus benefícios, retoma a necessidade
de repensar como produzir e aproveitar de forma eficiente os recur-
sos, visto que estes são escassos e as necessidades ilimitadas [34].
Com o aumento crescente do consumo na sociedade capitalista, as
empresas utilizam estratégias e ambientais apontadas [35].
para conquistar o consumidor e Analisando as publicações re-
vencer a batalha da competitivi- centes sobre o tema, percebe-
dade global. A embalagem, den- -se que existe um consenso por
tre outras funções, surge como determinados indicadores. A
uma ferramenta estratégica para construção de indicadores de
divulgação da marca e do pro- desenvolvimento sustentável
duto, sendo um dos fatores que no Brasil integra-se ao conjun-
podem contribuir para a decisão to de esforços internacionais
da compra. O grande problema para concretização das ideias e
está no descarte destas emba- princípios formulados na Con-
lagens, pois segundo dados do ferência das Nações Unidas so- 45
IBGE e Ministérios das Cidades, bre Meio Ambiente e Desen-
mais de 25% do lixo produzi- volvimento, realizada no Rio
do nas cidades poderiam ser de Janeiro em 1992, no que diz
recicláveis ou reaproveitados. respeito à relação entre meio
E quem fica com o prejuízo é o ambiente, desenvolvimento e
meio ambiente e as futuras ge- informações para a tomada de
rações. Diante deste contexto a decisões. Com a publicação, In-
reutilização, a reciclagem, reu- dicadores de Desenvolvimento
so e a logística reversa surgem Sustentável: Brasil 2008, o IBGE
como alternativas que eviden- dá continuidade à série iniciada
ciam as preocupações com as em 2002, mais uma vez colo-
dimensões econômicas, sociais cando à disposição da socieda-
de um conjunto de informações Dimensão Ambiental
sobre a realidade brasileira, em A construção de indicado-
suas dimensões ambiental, so- res de desenvolvimento susten-
cial, econômica e institucional. tável no Brasil integra-se ao con-
A conquista do desenvolvimento junto de esforços internacionais
social é uma aspiração de abran- para concretização das ideias e
gência universal, toma feições princípios formulados na Confe-
concretas em cada país, nasce de rência das Nações Unidas sobre
suas peculiaridades e responde Meio Ambiente e Desenvolvi-
aos problemas e oportunidades mento, realizada no Rio de Janei-
de cada nação. Portanto a esco- ro em 1992, no que diz respeito
46 lha dos indicadores de desen- à relação entre meio ambiente,
volvimento sustentável reflete desenvolvimento e informa-
as situações e especificidades ções para a tomada de decisões.
de cada país, apontando para a Na publicação Indica-
necessidade de produção regu- dora de Desenvolvimento Sus-
lar de estatísticas sobre os ter- tentável: Brasil 2010, o IBGE
mos abordados. Estabelecendo dá continuidade à série inicia-
comparações entre países e re- da em 2002, reafirmando, mais
giões, indicando necessidades uma vez, seu compromisso de
e prioridades para a formula- disponibilizar à sociedade um
ção, monitoramento e avaliação conjunto de informações sobre
de políticas ambientais [36]. a realidade brasileira, em suas
dimensões ambiental, social,
econômica e institucional [37]. te. É preciso haver cidadãos e
Uso dos recursos naturais e a líderes alfabetizados no aspecto
degradação ambiental esta re- ambiental para construir socie-
lacionada aos objetivos de pre- dades mais sustentáveis e justas.
servação e conservação do meio É necessário ainda tratar as áre-
ambiente, fundamental ao be- as mais frágeis numa perspec-
neficio das gerações futuras. tiva sub-regional diferenciada
Portanto, produção limpa é a no que tange ao gasto social e
continua aplicação de uma es- às políticas de emprego e ren-
tratégia ambiental preventiva e da. A intenção é estimular uma
integrada, aplicada a processos, convergência das prioridades
produtos e serviços para au- de gasto da União, estados e 47
mentar a eco-eficiência e reduzir municípios, num conjunto de
riscos humanos e ao ambiente. políticas estruturantes (trans-
ferência de renda, saneamen-
Dimensão Social to, habitação, saúde, educação,
Objetivo ligado à sustenta- informação e conhecimento,
ção das necessidades humanas, meio ambiente, associadas toda
melhoria da qualidade de vida a uma política sob medida de
e justiça social, buscando retra- emprego e renda), gerenciadas
tar a situação social, a distribui- de forma articulada, visando
ção de renda e as condições de ao desenvolvimento local [38].
vida da população, apontando o
sentido de sua evolução recen-
Dimensão Econômica na valorização da livre iniciativa
Trata do desempenho ma- e do trabalho a fim de assegurar
cro econômico e financeiro e dos aos empresários, trabalhadores
impactos no consumo de recur- e clientes condições econômi-
sos materiais e o uso de energia cas para viver com dignidade,
primaria. Ocupa-se com os obje- será duradora com prática, ética
tivos de eficiência dos processos das estratégias de negócios, da
produtivos e com as alterações vantagem competitiva, do inves-
nas estruturas de consumo orien- timento, do lucro, dos resulta-
tados e uma produção econômi- dos, da relação com os acionis-
ca sustentável ao longo prazo. tas, clientes e fornecedores [39].
48 O desenvolvimento econômico
é inevitável e necessário. Con- Dimensão Institucional
tudo, para a própria empresa Orientação política, capa-
garantir lucro a médio e longo cidade e esforço desprendido
prazo é preciso combinar a di- para as mudanças requeridas
mensão econômica com as ques- para uma efetiva implementa-
tões sociais e ambientais perti- ção do desenvolvimento sus-
nentes à própria sobrevivência tentável. Aborda temas de difícil
da empresa e de sua responsa- medição e carece de mais estu-
bilidade com a comunidade e a dos para o seu aprimoramento
preservação do meio ambiente. [40]. Entre esses temas estão a
A sustentabilidade econô- função de Proteção o Meio Am-
mica de uma empresa, fundada biente, inclui a administração,
operação e suporte dos órgãos
encarregados de controle am-
biental, controle da poluição do
ar e do som, políticas e progra-
mas de reflorestamento, moni-
toramento de áreas degradadas,
obras de prevenção a secas, le-
vantamentos e serviços de re-
moção de lixo em áreas de prote-
ção e reservas ambientais [41].
Por fim, em todas as metodologias
observa-se a preocupação em es- 49
tabelecer indicadores que sejam
representativos da região de es-
tudo, além de capazes de serem
observados historicamente [36].
AQUECIMENTO GLOBAL E
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Aquecimento global é causado pelo aumento do chamado


efeito estufa. O efeito estufa é gerado, entre outros fatores, pela
derrubada de florestas e pela queimada das mesmas. Estas por
sua vez regulam a temperatura, os ventos e o nível de chuvas em
diversas regiões. Como as florestas estão diminuindo no mun-
do, a temperatura terrestre tem aumentado na mesma proporção.
Outro fator que está gerando o efeito estufa é o lançamento de ga-
50 ses poluentes na atmosfera, principalmente os que resultam da
queima de combustíveis fósseis. A queima do óleo diesel e da ga-
solina nos grandes centros urbanos tem colaborado para o efeito
estufa. O dióxido de carbono (CO2) e o monóxido de carbono (CO)
ficam concentrados em determinadas regiões da atmosfera forman-
do uma camada que bloqueia a dissipação do calor. Outros gases
que contribuem para este processo são: gás metano (CH4), óxido
nitroso (NO) e óxidos de nitrogênio (NO2). Esta camada de po-
luentes, tão visível nas grandes cidades, funciona como um isolan-
te térmico do planeta Terra. O calor fica retido nas camadas mais
baixas da atmosfera trazendo graves problemas ao planeta [42].
Todos os processos que geram gases de efeito estufa estão relaciona-
dos a atividades econômicas importantes em todos os países. O me-
tano é o segundo gás de efeito es- capturando-se as emissões para
tufa mais importante, depois do uso como um combustível [43].
dióxido de carbono. Entretanto, O CO2 é um gás incolor, subpro-
o metano tem uma meia-vida na duto da combustão de matéria
atmosfera de aproximadamen- orgânica. Ele representa menos
te dez anos, enquanto CO2 tem de 0,04% da atmosfera da Terra,
uma meia vida mais longa. Isso a maior parte foi liberada mui-
pode a princípio parecer menos to cedo na vida do planeta pela
nocivo, mais existem efeitos indi- atividade vulcânica. Atualmente,
retos a considerar. Na troposfera a atividade humana lança enor-
o metano é atacado por espécies mes quantidades de CO2 na at-
reativas como os radicais de OH-, mosfera, resultando em aumen- 51
ou óxidos de nitrogênio, even- to total da sua concentração.
tualmente produzindo outros O aumento da concentração é
gases de efeito estufa como O3. considerado o fator primário no
Tem sido estimado que os efei- aquecimento global, porque o
tos de CH4 na mudança no clima CO2 absorve radiação infraver-
são no mínimo um terço, ou tal- melha. Como a maior parte da
vez até mesmo metade, tão gran- energia que escapa da atmos-
des quanto os de CO2. Dada essa fera da Terra sai na forma de
grande contribuição, reduções radiação infravermelha, o CO2
importantes do efeito estufa po- extra, significa maior absorção
deriam ser atingidas pela redu- de energia e um aumento total
ção das emissões de metano ou na temperatura do planeta [27].
Os cientistas climáticos são unâ- aumentam o efeito estufa no
nimes em afirmar que o impacto planeta. O principal objetivo
do aquecimento será enorme. A é que ocorra a diminuição da
maioria prevê falta de água potá- temperatura global nos próxi-
vel, mudanças drásticas nas con- mos anos. Infelizmente os Es-
dições de produção de alimentos tados Unidos, país que mais
e aumento no número de mortes emite poluentes no mundo, não
causadas por inundações, secas, aceitou o acordo, pois afirmou
tempestades, ondas de calor e que ele prejudicaria o desen-
fenômenos naturais como tufões volvimento industrial do país.
e furacões. Além disso, pesqui- O alerta dos cientistas sobre o
52 sadores europeus e americanos aquecimento global e suas con-
estimam que, caso as calotas po- sequências, que há poucos anos
lares derretam, haverá uma ele- mobilizava apenas órgãos técni-
vação de cerca de 7 metros no ní- cos de governos e ambientalistas,
vel dos oceanos. Outro impacto hoje se tornou um tema onipre-
provável é a extinção de diversas sente. O combate ao aumento do
espécies animais e vegetais [21]. efeito estufa está na retórica dos
O Protocolo de Kyoto tem sido políticos e nos planos de negó-
acompanhado ao longo desses cios dos empresários. Virou fer-
anos com críticas e ressalvas. ramenta de marketing na publi-
Este protocolo é um acordo in- cidade e de autopromoção entre
ternacional que visa a redução celebridades. É fator preocupan-
da emissão dos poluentes que te a possibilidade de ocorrerem
catástrofes cada vez mais devas- Certamente o critério social tem
tadoras por causa da elevação sido pouco explorado [27]. Com
da temperatura no planeta [45]. o aumento das discussões sobre
o desenvolvimento sustentável,
Protocolo de Kyoto cada vez mais estão sendo gera-
A ratificação do Protocolo das metodologias que objetivam
de Kyoto abriu perspectivas para determinar a sustentabilida-
que recursos externos sejam di- de de uma determinada região.
recionados a projetos no Brasil
que atinjam o desenvolvimento Conferência de Bali
sustentável e contribuam para A Conferência de Bali
reduzir o efeito estufa por meio realizada entre os dias 3 e 14 53
do Mecanismo de Desenvolvi- de dezembro de 2007, na ilha
mento Limpo (MDL). Projetos de Bali (Indonésia), a Confe-
com reduções certificadas de rência da ONU sobre Mudan-
emissões de gases de efeito estu- ça Climática terminou com um
fa (GEE) poderão gerar créditos avanço positivo. Após 11 dias de
de carbono, negociáveis com os debates e negociações, os Esta-
países desenvolvidos. Mas, con- dos Unidos concordaram com a
forme o Artigo 12 do Protocolo posição defendida pelos países
de Kyoto, esses projetos têm que mais pobres. Foi estabelecido
atingir a sustentabilidade, o que um cronograma de negociações
significa atender a critérios eco- e acordos para troca de informa-
nômicos, ambientais e sociais. ções sobre as mudanças climá-
ticas, entre os 190 países par- se caracterizam tanto pela al-
ticipantes. As bases definidas teração de condições consi-
substituirão o Protocolo de Kyo- deradas normais como pelo
to, que venceu em 2012 [45; 46]. aumento de problemas já exis-
tentes. Os efeitos podem ocorrer
Redução de Emissões de a nível local, regional e global.
Gases de Efeito Estufa
Quanto uma empresa emi- Créditos de Carbono
te gases de efeito estufa, ela deve A neutralização de pro-
rastrear as emissões de carbo- dutos, serviços ou eventos é
no direta e indireta das suas um conceito crescente junto ao
54 atividades. Mais do que isso, mercado. Empresas, além de
construir um inventário de car- reduzirem suas emissões, dese-
bono, uma poderosa ferramen- jam compensar as emissões re-
ta de planejamento e controle. manescentes por meio da com-
A metodologia para o cálculo pra de créditos de carbono, é o
das emissões estimadas pode- chamado mercado voluntário.
rá ser a da norma ABNT NBR Créditos de carbono ou redução
ISO 14.064 -1 - Gases de Efeito certificada de emissões (RCE)
Estufa ou do “GHG Protocol” ou são certificados emitidos quan-
ainda outra similar, até que a do ocorre a redução de gases do
CETESB defina outra metodolo- efeito estufa (GEE). Para alguns
gia para o referido cálculo [47]. países desenvolvidos, reduzir a
Os efeitos da poluição do ar emissão de gases do efeito es-
tufa pode significar alterações sem controle e o lançamento de
profundas colocando em risco toneladas de poluentes para a
suas economias. E justamen- atmosfera e contribuindo para
te para evitar essa possibilida- a redução da emissão de gases
de de causar efeitos na econo- do efeito estufa (GEE) foi desen-
mia dos países desenvolvidos volvido o projeto de construção
que foi criado o Protocolo de de uma Central Térmica a Gás do
Kyoto um sistema chamado de Aterro Sanitário Municipal Ban-
Mecanismo de Desenvolvimen- deirante. O projeto consistiu na
to Limpo (MDL), inserido nes- implantação de uma unidade de
te os créditos de carbono [48]. produção de energia limpa, a par-
Podemos citar como exemplo o tir do aproveitamento adequado 55
Aterro Bandeirantes em São Pau- do gás metano gerado pelo lixo.
lo, considerado um dos maiores A técnica consiste em converter
depósitos de lixo do mundo, re- o metano gerado pelo lixo, em
cebendo cerca de 7 mil tonela- gás carbônico (CO2), com a quei-
das de lixo gerado pela cidade ma controlada do metano (CH4)
de São Paulo, isto é a metade do e aproveitando para gerar ener-
que a cidade produz. Neste local gia. Embora haja emissão de
os gases produzidos, originários CO2, o ganho é explicado porque
da decomposição de matéria o metano tem um poder de po-
orgânica eram queimados em luição 21 vezes maior que o gás
drenos verticais e lançados na carbônico. Significando que a
atmosfera. Para evitar a queima conversão de uma substância em
outra gera créditos de carbono. aplicações industriais, utilizan-
Portanto, cada crédito equivale a do resíduos, biocombustíveis e
uma tonelada do gás, o valor de outras fontes renováveis; ater-
mercado varia de acordo com a ros sanitários urbanos: captação
cotação internacional, passa a e aproveitamento energético do
ser um certificado para venda si- biogás; biodigestão de biomas-
milar ao mercado de ações [49]. sa, resíduos e efluentes: produ-
A abordagem ao proble- ção e aproveitamento de biogás
ma das mudanças climáti- na agricultura, pecuária, frigo-
cas não deve ser vista de for- ríficos, agroindústria em geral;
ma isolada ou oportunista. processos industriais: siderur-
56 Reduzir as emissões continu- gia, alumínio, cimento, papel e
amente, ano após ano, é o que celulose, indústria química; efi-
garantirá futuro às empresas e ciência energética: redução de
aos seus mercados. A formula- consumo de energia elétrica ou
ção de Orçamentos de Carbono, térmica; atividades florestais:
como projeções dos Inventários energéticas ou para fins de su-
de Carbono, é uma das ferra- primento de matérias primas.
mentas usada na elaboração de
projetos visando à compensação Água - Abastecimento e
de carbono. Por exemplo: subs- Escassez
tituição de combustíveis fósseis O aquecimento global afe-
por renováveis na geração de ta o ciclo da água, aumentando
vapor, gases quentes, e outras a evaporação, alterando as con-
diçòes de chuvas, mudando a águas subterrâneas próximas ao
umidade do solo e o escoamen- litoral, comprometendo seu uso.
to das águas sobre ele. Com isto, As mudanças climáticas afeta-
trará consequências sobre a rão o funcionamento dos siste-
quantidade de água disponível mas de abastecimento de água
para consumo humano, tanto e alguns destes poderão não
superficial quanto subterrânea. ser capazes de resistir aos im-
Projeções para o final da pactos de enchentes e da seca,
primeira metade do século XXI agravados pelo crescimento po-
indicam uma redução na quanti- pulacional em algumas cidades.
dade da água de rios e na dispo- Haverá mais dificul-
nibilidade dessa água nas regiões dade para os serviços de 57
mais secas e países tropicais, a abastecimento de água para
exemplo do Nordeste brasileiro. planejarem o futuro das carac-
O aumento da temperatu- terísticas dos seus mananciais
ra da água e a maior ocorrência de abastecimento, pois uma
de enchentes e de secas afetarão particularidade das mudanças
a qualidade da água e aumen- climáticas é certa imprevisibi-
tarão a poluição provocada por lidade dessas variações [51].
diversos compostos, inclusive Vivemos no planeta água na sua
microrganismos, aumentando maioria água salgada que co-
o risco à saúde humana [50]. bre cerca de 70% da superfície
O aumento do nível dos terrestre. Todos os organismos
mares contaminará por sal as vivos são compostos por uma
grande parte de água. Apesar de te Médio; China, Índia e o Norte
sua importância, é um de nossos da África, e até 2050, as previsão
recursos mal administrado. Nós da Organização Mundial da Saú-
a desperdiçamos e poluímos. de (OMS) é que mais de cinquen-
Somente pequena fração das ta países enfrentarão crise no
abundantes reservas de água abastecimento de água. É com-
do planeta esta disponível como preensível, esta crise deve-se a
água doce. Se a reserva de água determinados fatores, como o
do mundo tivesse apenas cem crescimento da população, ati-
litros, nossa reserva utilizável vidades econômicas e desper-
de água doce seria apenas 0,014 dícios domésticos por mau uso
58 litros ou 2,5 colheres de chá. deste líquido, tratado na maioria
O consumo de água vem au- das vezes como ilimitado [30].
mentando rapidamente, e hoje Para minimizar ou talvez so-
milhões de pessoas do mundo lucionar a escassez da água, os
inteiro já enfrentam escassez cientistas pesquisam três saídas,
e racionamento, e o problema visando aumentar a oferta de
tende a aumentar. Parece inacre- água: o aproveitamento das ge-
ditável, mas o mundo atual está leiras e dos icebergs; o uso dos
prestes a enfrentar uma grande estoques subterrâneos, ainda
crise no abastecimento de água. não totalmente explorados; e a
Atualmente, 29 países já têm dessalinização da água do mar,
problemas com a falta de água, ou seja, o processo de transfor-
entre eles, pode-se citar o Orien- mação da água salgada em água
doce. Entretanto, nenhuma des- O alerta é da ONU, que
sas soluções é corriqueira e eco- já traça um cenário atual bas-
nomicamente viável, o que as tante difícil: mais de um bilhão
torna impraticáveis para a maio- de pessoas, cerca de 18% da
ria dos países que enfrentam o população mundial estão sem
problema. Sabe-se que o Brasil acesso a uma quantidade mí-
é um país privilegiado, possui nima de água de boa qualidade
20% de toda água doce da su- para consumo. A questão é que,
perfície da Terra, porém, tam- mantidos os atuais padrões de
bém enfrenta grandes proble- consumo e de danos ao meio
mas de abastecimento, pois 80% ambiente, o quadro pode piorar
dessa água esta localizada na muito e calcula-se que, em 2025, 59
Amazônia, região mais desabi- dois terços da população global
tada do país. Os 20% restantes é 5,5 bilhões de pessoas pode-
distribuído desigualmente pelo rão ter dificuldade de acesso à
restante do país e precisa aten- água potável; em 2050, já seria
der 95% da população. Além do cerca de 75% da humanidade.
mais, a grande maioria dessa O drama diz respeito à sede e à
água está contaminada, sendo escassez de água para cozinhar,
que os grandes vilões são os es- tomar banho e o cultivo de agri-
gotos domésticos, a indústria e cultura, mas também à dissemi-
os inúmeros resíduos tóxicos nação de doenças causadas pela
descartados em rios mananciais ausência de tratamento da água,
sem o mínimo controle [52]. como diarreia entre outras [53].
A principal causa da escassez de danças no uso econômico, tanto
água potável também é relacio- agrícola quanto industrial, tam-
nada ao mau uso. Estima-se que, bém podem cortar o consumo.
de cada 100 litros de água pró- Parte importante, porém, ca-
pria para consumo, 60 se per- bem aos governos, responsáveis
cam em razão de maus hábitos por investimentos para resol-
ou de distribuição ineficiente. A ver problemas estruturais [54].
agropecuária é a atividade que As possibilidades de redução
mais consome água no mundo. de emissões dos gases de efeito
Calcula-se que as plantações estufa são identificadas e estu-
respondam por 69% de seu dadas cuidadosamente, inves-
60 uso. A indústria utiliza 21% e o timentos, custos operacionais,
consumo doméstico responde riscos, e receitas. Com base no
por 10%. O uso consciente esta Inventário de Emissões de Ga-
relacionada à popularização ses de Efeito Estufa (GEE), estas
crescente da idéia do uso sus- oportunidades são identificadas
tentável dos recursos naturais. e analisadas de forma a permi-
Medidas simples e ao alcance tir a tomada de decisões a res-
de todos, como reduzir o tempo peito da sua implantação [55].
de banho e fechar a torneira ao Para reduzir o impacto da po-
escovar os dentes ou ensaboar luição atmosférica no meio am-
a louça, podem resultar em até biente, evitando maior aqueci-
um terço de economia na utili- mento global, devem-se criar
zação do uso doméstico. As mu- legislações mais rigorosas
antipoluição, que determi-
ne as fábricas instalarem fil-
tros nas suas chaminés, e a
tratar os seus efluen-
tes sólidos e gasosos [56].

61
EFLUENTES GASOSOS

A poluição do ar nos grandes centros urbanos é um dos


maiores problemas ambientais da atualidade, com implicações
graves na saúde da população. A concentração de poluentes no
ar é resultado das emissões proveniente de fontes estacionarias
como indústrias e veículos automotores conjugados a outros fato-
res, tais como clima, geografia, uso do solo, distribuição e tipolo-
gia das fontes, condições de emissão e dispersão local dos poluen-
tes. O monitoramento do ar subsidia ação de fiscalização, controle
62 e gestão da qualidade do ar, tais como a melhoria dos transpor-
tes públicos e a introdução de tecnologia menos poluente [57].
Na Resolução CONAMA nº 03 de 28/06/1990 estão descritas os
padrões para todo o território nacional. Os poluentes considerados
foram: partículas totais em suspensão (PTS), dióxido de enxofre
(SO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), fumaça, dióxido de
nitrogênio (NO2). Foram estabelecidos Padrões Primários, desti-
nados à proteção da saúde publica e Padrões Secundários, para a
proteção do meio ambiente em geral e do bem-estar da população,
bem como os métodos de referencias usados nas medições [58].
Monóxido de Carbono (CO) contém enxofre, que na com-
Gás incolor, inodoro e insí- bustão se transforma em óxi-
pido é o poluente característico do de enxofre, sendo estes,
dos grandes centros urbanos. Sua constituídos principalmente
fonte principal são os veículos por SO2. É um gás irritante das
automotores, mas estão presen- vias respiratórias, e é capaz
tes em qualquer combustão (em de produzir broncoconstrição.
maior ou menor quantidade),
dependendo de sua qualidade. A Dióxido de Nitrogênio (NO2)
presença de CO indica uma com- Gás, cuja fonte princi-
bustão incompleta. Seu principal pal de emissão é a combustão,
efeito é a redução da habilidade onde o nitrogênio do combus- 63
do sistema circulatório de trans- tível se associa ao oxigênio
portar oxigênio, devido a sua do ar, nas altas temperatu-
maior afinidade pela hemoglo- ras da câmara de combustão.
bina do que o oxigênio, forman- Os efeitos são os aumentos da
do a carboxihemoglobina, ao in- resistência à passagem de ar
vés da oxihemoglobina que leva nas vias respiratórias, danos
oxigênio para os tecidos [59]. ao transporte normal de gases
entre o sangue e os pulmões.
Dióxido de Enxofre (SO2)
Gás incolor, que pro-
vém, principalmente da quei-
ma de combustíveis fósseis,
Hidrocarbonetos e Outros tróleo e processo de produção
Compostos Orgânicos Voláteis de algumas indústrias químicas.
Os hidrocarbonetos ga- Seus efeitos a saúde estão re-
sosos como um todo não cau- lacionados com o processo de
sam preocupação com relação formação do sangue. Exposição
a efeitos diretos à saúde. Mas prolongada pode resultar em
são importantes, de uma forma redução substancial do núme-
indireta, pois participam da rea- ro de células vermelhas [60].
ção fotoquímica, produzindo ou-
tros compostos agressivos como Ozônio (O3) e Outros Oxidan-
os aldeídos (aldeído fórmico tes Fotoquímicos
64 e a acroleína). Esses compos- “Oxidantes fotoquími-
tos causam desde irritação dos cos” é a denominação que se dá
olhos e vias respiratórias, até à mistura de poluentes secun-
pneumonia e em altas concen- dários formados pelas reações
trações, são compostos letais. entre os óxidos de nitrogênio e
Alguns hidrocarbonetos e outros compostos orgânicos voláteis,
compostos orgânicos também na presença de luz solar, sendo
causam impacto direto à saúde, estes últimos liberados na quei-
como o benzeno, por exemplo. ma incompleta e evaporação
Esse composto provém princi- de combustíveis e solventes. O
palmente da emissão de carros principal produto desta reação
a gasolina, do armazenamento é o ozônio, por isso mesmo uti-
de gasolina, de refinarias de pe- lizado como parâmetro indica-
dor da presença de oxidantes posição e concentração, depen-
fotoquímicos na atmosfera. Tais dem do período, local e hora
poluentes formam a chamada considerados. E os efeitos à
névoa fotoquímica ou “smog saúde dependem dessa com-
fotoquímico”, que possui este posição e concentração [62].
nome porque causa na atmos- Sob a denominação geral de Ma-
fera diminuição da visibilidade. terial Particulado (MP) se encon-
Além de prejuízos à saú- tra um conjunto de poluentes
de, o ozônio pode causar danos à constituídos de poeiras, fumaças
vegetação. É sempre bom ressal- e todo tipo de material sólido e
tar que o ozônio encontrado na líquido que se mantém suspenso
faixa de ar próxima do solo, onde na atmosfera por causa de seu 65
respiramos chamado de “mau pequeno tamanho. As principais
ozônio”, é tóxico. Entretanto, na fontes de emissão de particula-
estratosfera (a cerca de 25 km de do para a atmosfera são: veícu-
altitude) o ozônio tem a impor- los automotores, processos in-
tante função de proteger a Terra, dustriais, queima de biomassa,
como um filtro, dos raios ultra- ressuspensão de poeira do solo,
violetas emitidos pelo Sol [61]. entre outros. O material parti-
culado pode também se formar
Material Particulado (MP) na atmosfera a partir de gases
O material particulado como dióxido de enxofre (SO2),
presente na atmosfera é de ori- óxidos de nitrogênio (NOx) e
gem diversificada e sua com- compostos orgânicos voláteis
(COVs), que são emitidos princi-
palmente em atividades de com-
bustão, transformando-se em
partículas como resultado de re-
ações químicas no ar.O tamanho
das partículas esta diretamente
associado ao seu potencial para
causar problemas à saúde, sen-
do que quanto menores, maio-
res os efeitos provocados [61].

66
67
EFLUENTES LÍQUIDOS Todo processo industrial gera
resíduos, muitas vezes tóxicos
O padrão de desenvolvi- e perigosos, não sendo possí-
mento econômico vigente na vel simplesmente descartar es-
maioria dos países está associa- ses materiais na natureza sem
do diretamente ao crescimento causar danos à saúde e ao meio
industrial e consequentemen- ambiente. A solução dos proble-
te, ao aumento de degradação mas do acondicionamento, co-
ambiental. A intensificação na leta, transporte, tratamento e/
operação de certos ramos de ou disposição final dos resídu-
atividades, como química, pe- os perigosos está intimamente
68 troquímica, metalmecânica, ligada à sua composição [63].
madeira, papel e celulose, ma- Uma das soluções para os pro-
terial de transportes e mine- blemas gerados é a reciclagem
rais, todos com uma forte carga de resíduos. A reciclagem de
de impactos sobre o meio am- resíduos pela indústria vem se
biente incorporando padrões consolidando como uma práti-
tecnológicos avançados para a ca importante para a sustenta-
base nacional, mas ultrapassa- bilidade seja atenuando o im-
dos no que se refere à relação pacto ambiental gerado pelo
com o meio ambiente que, neste setor ou reduzindo os custos.
caso, são escassos de elemen- Segundo a Norma Brasileira —
tos tecnológicos de tratamento, NBR 9800/1987, efluente líqui-
reciclagem e reprocessamento. do industrial é o despejo líquido
proveniente do estabelecimen- to e Meio Ambiente (do inglês
to industrial, compreendendo WCED, 1987), a sustentabilidade
emanações de processo indus- baseia-se no “desenvolvimento
trial, águas de refrigerações de acordo com as necessidades
poluídas, águas pluviais polu- do presente sem comprome-
ídas e esgoto doméstico [64]. ter a capacidade das gerações
Na busca da minimização dos futuras de satisfazer suas pró-
problemas ambientais a utili- prias necessidades”. Portanto,
zação de rejeitos em proces- um projeto realmente susten-
sos industriais tem uma grande tável deve considerar seu im-
importância, haja vista que di- pacto sobre as gerações futuras,
minui o volume dos depósitos onde os principais aspectos a se- 69
e contribui significativamente rem considerados no ambiente
para a redução na extração da construído são os usos da ener-
matéria-prima. Atualmente vem gia, água e materiais. (WCED,
sendo ampliado o aproveita- 1987; CMMD, 1991) [66].
mento de rejeitos domiciliares
e industriais, dentro de uma vi- Efluente Líquido
são que trata estes poluentes Industrial
como matérias-primas impor- A grande diversidade das
tantes para aplicações nobres e atividades industriais ocasiona
com maior valor agregado [65]. durante o processo produtivo,
Segundo definição da Comis- a geração de efluentes, os quais
são Mundial de Desenvolvimen- podem poluir/contaminar o solo
e a água, sendo preciso obser- e a iminente cobrança pelo uso
var que nem todas as indústrias e descarte da água vêm preo-
geram efluentes com poder im- cupando a sociedade e incen-
pactante nesses dois ambientes. tivando pesquisas na área de
Em um primeiro momento, é otimização do uso da água e
possível imaginar serem sim- minimização de efluentes. O se-
ples os procedimentos e ativida- tor industrial é um dos setores
des de controle de cada tipo de que mais tem se preocupado
efluente na indústria. Todavia, e se empenhado em encontrar
as diferentes composições físi- soluções para este problema,
cas, químicas e biológicas, as va- pois vivenciam os dois proble-
70 riações de volumes gerados em mas ao mesmo tempo, a alta de-
relação ao tempo de duração do manda de água e o tratamen-
processo produtivo, a potencia- to dos efluentes gerados [67].
lidade de toxicidade e os diver- Por muito tempo não existiu a
sos pontos de geração na mesma preocupação de caracterizar a
unidade de processamento reco- geração de efluentes líquidos
mendam que os efluentes sejam industriais e de avaliar seus im-
caracterizados, quantificados e pactos no meio ambiente. No
tratados e/ou acondicionados, entanto, a legislação vigente e
adequadamente, antes da dis- a conscientização ambiental fa-
posição final no meio ambiente. zem com que algumas indústrias
A escassez de água, o alto cus- desenvolvam atividades para
to do tratamento de efluentes quantificar a vazão e determi-
nar a composição dos efluentes composição do efluente indus-
industriais. As características trial possibilita a determinação
físicas, químicas e biológicas do das cargas de poluição / conta-
efluente industrial são variáveis minação, o que é fundamental
com o tipo de indústria, com para definir o tipo de tratamen-
o período de operação, com a to, avaliar o enquadramento na
matéria-prima utilizada, com a legislação ambiental e estimar
reutilização de água. Com isso, o a capacidade de autodepuração
efluente líquido pode ser solúvel do corpo receptor. Desse modo,
ou com sólidos em suspensão, é preciso quantificar e caracte-
com ou sem coloração, orgânico rizar os efluentes, para evitar
ou inorgânico, com temperatura danos ambientais, demandas le- 71
baixa ou elevada. Entre as deter- gais e prejuízos para a imagem
minações mais comuns para ca- da indústria junto à sociedade.
racterizar a massa líquida estão Assim, as indústrias estão bus-
às determinações físicas (tempe- cando caminhos para diminuir
ratura, cor, turbidez, sólidos.), as o volume de resíduos gerados
químicas (pH, alcalinidade, teor com a implantação de estraté-
de matéria orgânica, metais.) e gias de recuperação e de reuso
as biológicas (bactérias, proto- (EPA, 2002). Há inúmeras van-
zoários, vírus). Estes padrões es- tagens, diretas e indiretas, com
tão estabelecidos na Resolução a implantação de estratégias de
CONAMA n° 357 de 2004[58]. recuperação. Afirma que o al-
O conhecimento da vazão e da cance da sustentabilidade está
associado à estabilização ou re- rentes da otimização do pro-
dução da carga ambiental [68]. cesso, da conscientização e do
O desenvolvimento sustentável, a envolvimento dos funcionários.
prevenção e controle integrados
da poluição, são palavras-chave Efluente Líquido
para uma nova abordagem, vi- Doméstico
sando a proteção ambiental. Atu- Todos os elementos que
almente se considera indissociá- são rejeitados do ambiente do-
vel do conceito de produtividade, miciliar são efluentes domés-
a minimização de efluentes e a ticos sendo os sólidos classi-
racionalização do consumo de ficados como lixo e suas sub
72 matérias-primas. São diver- qualificações (orgânico, inorgâ-
sos os benefícios advindos da nico) e os líquidos, semi-liquí-
implantação de programas de dos, amorfos, semi-sólidos e al-
reuso e reaproveitamento: guns tipos de sólidos presentes
• Redução dos custos em meio aquoso como esgoto.
de implantação e operação A palavra esgoto costuma ser
de estações de tratamento; usada para definir tanto a tubu-
• Possibilidade de au- lação condutora das águas servi-
mentar a produção sem am- das de uma comunidade, como
pliar as instalações para também o próprio líquido que
tratamento de efluentes; flui por estas canalizações. Hoje
• Aumento de produtivida- este termo é usado para caracte-
de e redução de perdas decor- rizar os despejos provenientes
das diversas modalidades do uso tantes. Por outro lado, os dados
e da origem das águas, tais como revelam que apenas 5% da po-
as de uso doméstico, comercial, pulação da região Norte é ser-
industrial, as de utilidades pú- vida por rede de esgotos e, na
blicas, de áreas agrícolas, de su- região Sudeste, o mesmo índice
perfície, de infiltração, pluviais, e não ultrapassa os 41%. Apesar
outros efluentes sanitários [69]. dos grandes avanços na área do
Os esgotos domésticos provêm tratamento de efluentes, muitas
principalmente de residências, cidades ainda adotam sistemas
edifícios comerciais, institui- simplificados de tratamento por
ções ou quaisquer edificações fossas sépticas e lagoas de esta-
que contenham instalações de bilização, que podem provocar a 73
banheiros, lavanderias, cozi- poluição das águas superficiais e
nhas, ou qualquer dispositi- subterrâneas. Ademais, as lagoas
vo de utilização da água para de estabilização ocupam áreas
fins domésticos. Compõem- enormes e podem gerar um pas-
-se essencialmente da água sivo ambiental significativo [71].
de banho, urina, fezes, papel,
restos de comida, sabão, deter- Reutilização de
gentes, águas de lavagem [70]. Efluentes Líquidos
Os esgotos domésticos respon- Toda vida existente na
dem por cerca de 85% da polui- Terra nasceu da água e poderá
ção das águas, e os industriais desaparecer pela própria água,
são responsáveis pelos 15% res- por ser ela um dos elementos
indispensáveis ao ecossistema nos ciclos bioquímicos. Em nú-
chamado Planeta Terra. No Pla- meros aproximados, tem-se que
neta, 97% de toda água exis- o consumo de uma família na
tente são salgadas; do restante, cidade é seis vezes maior que
água doce, apenas 0,03% estão de outra família no campo; uma
fáceis e diretamente disponíveis descarga sanitária equivale a
para o uso do homem nos rios, doze litros, e para encher-se uma
lagos e subsuperfícies [67,71]. banheira ou se lavar uma quan-
Levantamentos preliminares tidade de roupas na máquina, o
efetuados pela CETESB apontam consumo é de 120 litros, [67].
nada menos que 2.300 áreas po- Mas, se compararmos esses con-
74 tencialmente contaminadas em sumos, ditos diretos, com os in-
função das atividades que são diretos, a situação é alarmante:
desenvolvidas, sem incluir os para produzir um simples pão-
postos de gasolina, que somam zinho são necessários 400 litros
mais de 2.000 e dos quais 45 já de água, considerar-se as neces-
estão comprometidos com va- sidades desde o trigo que lhe
zamentos. Isto só na região me- deu origem. Um quilo de carne
tropolitana de São Paulo [72]. corresponde a 18.000 litros de
O homem é o grande consumi- água que foram fornecidos dire-
dor de água doce, quer direta ta ou indiretamente ao animal
ou indiretamente. Esta água faz que lhe deu origem até a carne
parte integrante dos ecossiste- estar pronta para o consumo. A
mas devido à sua participação produção de uma tonelada de
75
RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos é um tema central quando se fala em sus-


tentabilidade e na Agenda 21 estão estabelecidas diretrizes para o
gerenciamento desses resíduos sólidos. As formas tradicionais de
abordagem sobre o assunto devem ser atreladas a uma mudança
de estilo de vida, com mudanças na forma de consumo, nos pa-
drões de produção e consequentemente na geração de resíduos.
A denominação de resíduos é um tema polêmico e para
muitos a palavra resíduo e lixo querem dizer a mes-
76 ma coisa por não conhecerem as diversas técnicas de tra-
tamento, reutilização e disposição final destes resíduos.
Os progressos da humanidade aumentaram a qualidade e
a duração da vida. A contrapartida é um padrão de consu-
mo e demanda de matérias-primas, que de certa forma pode
comprometer a qualidade de vida das gerações futuras. O cres-
cimento sustentável espera que o homem use a capacidade
de transformar as matérias, porém de forma sustentável [75].
Vamos definir resíduo sólido, segundo a NBR 10004/87:
 Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de
atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica, hospi-
talar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se
também resíduos sólidos os lodos provenientes de sistemas de trata-
mento de água, aqueles gerados nham as mesmas característi-
em equipamentos e instalações cas dos gerados nos domicílios;
de controle de poluição, bem Resíduos sólidos industriais:
como determinados líquidos, resíduos sólidos oriundos dos
cujas particularidades tornem processos produtivos e insta-
inviável o seu lançamento na lações industriais, bem como
rede pública de esgotos ou cor- os gerados nos serviços públi-
po d´água, ou exijam para isso cos de saneamento básico, ex-
soluções técnicas e economica- cetuando-se os relacionados
mente inviáveis em face da me- na alínea “c” do inciso I do Art.
lhor tecnologia disponível [76]. 3° da Lei n° 11.445, de 2007;
O Projeto de Lei que Institui Resíduos sólidos de serviços de 77
a Política Nacional de Resídu- saúde: resíduos sólidos oriun-
os Sólidos classifica os resí- dos dos serviços de saúde,
duos segundo sua origem em: conforme definidos pelo Mi-
Resíduos sólidos urbanos: re- nistério da Saúde em regula-
síduos sólidos gerados por mentações técnicas pertinentes;
residências, domicílios, esta- Resíduos sólidos rurais: resíduos
belecimentos comerciais, pres- sólidos oriundos de atividades
tadores de serviços e os oriun- agropecuárias, bem como os ge-
dos dos serviços públicos de rados por insumos utilizados nas
limpeza urbana e manejo de respectivas atividades; e resídu-
resíduos sólidos, que por sua os sólidos especiais ou diferen-
natureza ou composição te- ciados: aqueles que por seu vo-
lume, grau de periculosidade, de Sustentabilidade e
degradabilidade ou outras espe- Resíduos Sólidos
cificidades, requeiram procedi- Os Projetos de Lei que
mentos especiais ou diferencia- institui a Política Nacional
dos para o manejo e a disposição de Resíduos Sólidos define:
final dos rejeitos, considerando Consumo sustentável: o consu-
os impactos negativos e os ris- mo de bens e serviços, de for-
cos à saúde e ao meio ambien- ma a atender às necessidades
te; e segundo sua finalidade em: das atuais gerações e permi-
Resíduos sólidos reversos: re- tir melhor qualidade de vida,
síduos sólidos restituíveis, por sem comprometer o atendi-
78 meio da logística reversa, visan- mento das necessidades e as-
do o seu tratamento e reaprovei- pirações das gerações futuras.
tamento em novos produtos, na Destinação final ambientalmen-
forma de insumos, em seu ciclo te: adequada técnica de des-
ou em outros ciclos produtivos; e tinação ordenada de rejeitos,
Rejeitos: resíduos sólidos que, segundo normas operacionais
depois de esgotadas todas as específicas, de modo a evitar
possibilidades de tratamento e danos ou riscos à saúde pública
recuperação por processos tec- e à segurança, minimizando os
nológicos acessíveis e disponí- impactos ambientais adversos.
veis, não apresentem outra pos- Logística reversa: instrumento
sibilidade que não a disposição de desenvolvimento econômi-
final ambientalmente adequada. co e social, caracterizada por
um conjunto de ações, proce- dos para o ar, solo e águas [77].
dimentos e meios, destinados a
facilitar a coleta e a restituição Ações Sustentáveis
dos resíduos sólidos aos seus Hoje o assunto central
geradores para que sejam tra- em sustentabilidade é mudan-
tados ou reaproveitados em ça de hábitos e atitudes e não
novos produtos, na forma de tanto as tecnologias desenvol-
novos insumos, em seu ciclo ou vidas para se manter a susten-
em outros ciclos produtivos, vi- tabilidade. Não basta poluir e
sando a não geração de rejeitos. tratar é necessário não poluir.
Tecnologias ambientalmente Existem diversos movimentos
saudáveis: tecnologias de pre- e ações organizadas ou não em 79
venção, redução ou eliminação prol de pequenas ações sus-
de resíduos sólidos ou poluen- tentáveis para o dia-a-dia dos
tes, propiciando à redução de cidadãos. Dentre estas orga-
desperdícios, a conservação de nizações podemos citar o site
recursos naturais, a redução ou www.cidadaosustentavel.com.
eliminação de substâncias tóxi- br, apoiado pelo Ministério do
cas presentes em matérias-pri- Meio Ambiente. Vindo ao en-
mas ou produtos auxiliares, a re- contro da proposta dos 3R’s:
dução da quantidade de resíduos redução, reutilização e recicla-
sólidos gerados por processos e gem [referência....hoje é falado
produtos e, conseqüentemente, em 5R´s (Reduzir, Reutilizar,
a redução de poluentes lança- Reciclar, Reeducar, Replanejar)
Podemos chamar de redução na em que é produzida uma nova
fonte, a redução do uso de maté- quantidade de materiais a partir
rias primas (menor quantidade do material captado no mercado
de matérias irá produzir menor e reprocessamento para ser co-
quantidade de resíduos), menor mercializado. Em alguns casos,
uso de energia e escolha criterio- não há nenhuma diferença entre
sa dos matérias empregados na o produto gerado a partir de re-
fabricação. O reaproveitamento ciclagem e aquele gerado a partir
ou reutilização de resíduos está de matéria prima nova, havendo,
ligado à idéia de valorização, via de regras grandes economias
ou seja, obter algum ganho com em energia e matéria prima [78].
80 materiais que seriam descarta- Nesta última abordagem po-
dos. O reaproveitamento pode demos citar a importância
ser pela recuperação, como por social das cooperativas e ca-
exemplo, a recuperação da pra- tadores de materiais reciclá-
ta nos filmes de raios X ou pela veis. Hoje, esta atividade em-
reutilização por meio do rea- prega milhares de pessoas.
proveitamento direto, como é Segue a descrição de alguns
o caso das garrafas retornáveis. exemplos de materiais do lixo
A reciclagem é uma forma parti- comum que podem ser reci-
cular e consagrada de reaprovei- clados, mencionados pelo Ins-
tamento de matérias primas, tais tituto de Biociências da Uni-
como papel, plásticos, latas de versidade de São Paulo [79].
alumínio e de aço, pneus, vidro, PAPEL: Aparas de papel, jor-
nais, revistas, caixas, papelão, frascos, garrafas de bebi-
papel de fax, formulários de das, copos, embalagens.
computador, folhas de caderno, ORGÂNICOS: Restos de co-
cartolinas, cartões, rascunhos mida em geral, cascas de fru-
escritos, envelopes, fotocópias, tas, casca de ovo, sacos de
folhetos, impressos em geral; chá e café, folhas, caules, flo-
PLÁSTICOS: Tampas, potes de res, aparas de madeira, cinzas.
alimentos (margarina), frascos,
utilidades domésticas, embala- Resíduos Industriais
gens de refrigerante, garrafas Os resíduos industriais
de água mineral, recipientes podem ser: cinzas, lodos, óle-
para produtos de higiene e lim- os, metais, vidros, plásticos, or- 81
peza, PVC, tubos e conexões, sa- gânicos etc. e de acordo com as
cos plásticos em geral, peças suas características, são classifi-
de brinquedos, engradados de cados segundo a Norma 10.004
bebidas, baldes. Embalagens de da ABNT, como: classe I – peri-
TetraPak® podem ser separa- gosos; de classe II – não iner-
das juntamente com o plástico. tes; ou de classe III – inertes.
METAIS: Latas de alumínio, la- Na Agenda 21, os programas
tas de aço (latas de óleo, sar- considerados importantes para
dinha, molho de tomate), o equacionamento da poluição
tampas, ferragens, canos, esqua- por resíduos perigosos são: pro-
drias e molduras de quadros. mover a minimização da geração
VIDRO: Tampas, potes, de resíduos perigosos; promover
e fortalecer a capacitação insti- e pré-tratamento e o real conhe-
tucional para o gerenciamento cimento do processo de queima;
de resíduos perigosos; promo- • Queima em incinera-
ver e fortalecer a cooperação dores de forno rotativo – este
internacional para o gerencia- sistema possui um contro-
mento da movimentação de resí- le da poluição ambiental;
duos perigosos entre fronteiras; • Tratamento quími-
e impedir o tráfico internacio- co para neutralização e es-
nal ilegal de resíduos perigosos, tabilização de resíduos;
sempre objetivando reduzir ou • Injeção em po-
eliminar os riscos para a saúde ços profundos (deep well).
82 pública e para o ambiente [80]. Uma técnica que mere-
As principais técnicas de tra- ce destaque como medida sus-
tamento destes resíduos, em- tentável é o reprocessamento e
pregadas atualmente são: destinação final de resíduos in-
• Aterros industriais; dustriais que a Empresa SUZA-
• Incineração em fornos de QUIM Indústrias Químicas Ltda.
produção de cimento – este pro- realiza em pilhas, baterias e re-
cessamento exige um nível de es- síduos tecnológicos para a pro-
pecialização capaz de assegurar dução de óxidos e sais metálicos.
a correta identificação dos resí- O processo produtivo de sais e
duos que possam ser incinerados óxidos metálicos consiste em
nos fornos de cimento, as me- secagem e calcinação das maté-
lhores condições de acumulação rias-primas e/ou resíduos indus-
triais, reação química, moagem, exaurida no reprocessamento,
balanceamento, formulação e processo este, possivelmen-
misturas. A legislação ambien- te, sem similar no Brasil [81].
tal vincula o gerador de resíduos O Grupo Santander Brasil, por
às possíveis conseqüências de meio de seu Programa de Reci-
agressão ao meio ambiente. No clagem de Pilhas e Baterias, re-
procedimento executado pela aliza o recolhimento de pilhas
SUZAQUIM, essa preocupação e baterias e envia para a reci-
deixa de existir, pois os resíduos cladora Suzaquim Indústrias
industriais sofrem a qualificada Químicas Ltda. As pilhas e ba-
química de reconsumo, ou seja, terias são desencapadas e seus
lavagens e tratamentos térmi- metais queimados em fornos 83
cos, como separação via reação industriais de alta temperatura,
química, queima em forno cal- dotados de filtros que impedem
cinador (oxidação), moagem e a emissão de gases poluentes.
redução do teor de umidade (se- Nesse processo são obtidos sais
cagem). Os possíveis poluentes e óxidos metálicos, que são uti-
atmosféricos são controlados lizados na indústria de refratá-
por meio de lavadores de gases, rios, vidros, tintas, cerâmicas e
não havendo sobra de resíduos químicas em geral, sem riscos
e/ou descarte de efluentes lí- às pessoas e ao ambiente [82].
quidos, que depois de tratados Pilhas e baterias representam
são reutilizados. A destinação hoje um sério problema ambien-
final dos resíduos é totalmente tal, são produzidas a cada ano
no país cerca de 800 milhões Além disso, estimativas apon-
de pilhas secas (zinco-carbono) tam que a venda de equipamen-
e alcalinas (hidróxido de po- tos eletrônicos deve crescer con-
tássio ou de sódio-zinco) [83]. sideravelmente nos países em
desenvolvimento nos próximos
Reciclagem de 10 anos. Nestes países, a classe
Eletro - Eletrônico média está cada vez mais forta-
A rápida evolução tecno- lecida e a estabilidade econô-
lógica nos PC´s faz com que uma mica leva ao aumento da com-
grande quantidade de materiais, pra de eletroeletrônicos [84].
lixo eletrônico (os chamados A sustentabilidade no
84 e-waste ou e-lixo) sejam descar- setor será garantida pelo rea-
tados no meio ambiente, podendo proveitamento e reciclagem de
assim contaminar o solo e água. materiais de informática como
De acordo com o relatório hard disks, drives e placas, en-
do Programa das Nações Unidas tre outros. Outra ação importan-
para o Meio Ambiente (PNU- te é a de produtos com o “selo
MA), atualmente são gerados verde”, ou seja, que os compu-
40 milhões de toneladas de lixo tadores estão livres de chumbo
eletrônico por ano no mundo, são econômicos no consumo de
principalmente oriundos de pa- energia e seus componentes são
íses desenvolvidos. Só a União totalmente recicláveis. O Centro
Europeia gera anualmente de de Computação Eletrônica (CCE)
8,3 a 9,1 milhões de toneladas. da USP, juntamente com a Mas-
sachusetts Institute of Techno- tipos de destino final: Grupo A
logy (MIT), dos Estados Unidos, - abrange os resíduos que apre-
é pioneiro nesse assunto [85]. sentam riscos à saúde pública
e ao meio ambiente devido à
Resíduos Hospitalares ou de presença de agentes biológicos
Serviços de Saúde (resíduos hospitalares). O trata-
Os resíduos hospitalares mento é realizado pelo Processo
ou de serviços de saúde, incluem de Desativação Eletrotérmica
os resíduos infectantes (classe (ETD), que consiste em triturar
A) como culturas, vacinas ven- o material e depois aquecê-lo
cidas, sangue e hemoderivados, num processo semelhante ao do
tecidos, órgãos, perfurocor- microondas doméstico; Grupo 85
tantes, animais contaminados, B - abrange drogas quimioterá-
fluidos orgânicos; os resíduos picas, resíduos farmacêuticos e
especiais (classe B), rejeito ra- demais produtos considerados
dioativo, resíduos farmacêuticos perigosos. O tratamento é reali-
e resíduos químicos; e os resídu- zado pelo processo de incinera-
os comuns (classe C), das áreas ção, que reduz o peso e o volume
administrativas, das limpezas de do lixo por meio de combustão;
jardins, conforme estabelecido Grupo C - abrange os resíduos
na Norma NBR 12.808 – Resí- radioativos ou contaminados
duos de Serviços de Saúde [80]. com radionuclídeos que são
Os resíduos sólidos dos servi- provenientes de laboratórios
ços de saúde têm, em geral, três de análises clínicas, serviços de
medicina nuclear e radioterapia. Recicla Lâmpadas que trabalha
E os animais mortos – animais com equipamento 100% desen-
com causa mortis desconheci- volvido internamente, baseia-se
da, sacrificados por eutanásia em um processo de produção
ou com doenças infectocon- mais limpa, com reciclagem to-
tagiosas são incinerados [86]. tal da lâmpada, sem descartes
em aterros, minimizando o vo-
Reciclagem de lume do nosso lixo e principal-
Lâmpadas Fluorescentes mente evitando a contaminação
Outro resíduo que deve ser dos solos e águas. Tecnologia
tratado de forma especial são as aliada a sustentabilidade [87].
86 lâmpadas fluorescentes que pos-
suem em sua composição metais Rejeitos Radioativos
pesados, principalmente o mer- Os rejeitos radioativos,
cúrio e necessitam de empresas popularmente conhecidos como
especializadas nesse assunto. O “lixo radioativo” ou “lixo atômi-
Brasil possui um consumo mé- co” são os mais diversos mate-
dio anual de quase 100 milhões riais resultantes da atividade hu-
de lâmpadas fluorescentes em mana que extrapolam os limites
todo pais e apenas 6% das lâm- de presença de radionuclídeos
padas descartadas passam por estabelecidos pela Comissão Na-
algum processo de reciclagem. cional de Energia Nuclear- CNEN,
Um exemplo de recicladora de tem origem das instalações nu-
lâmpadas é a empresa Tramppo cleares e instalações radioativas.
As instalações nucleares envol- mazenamento, controle e de-
vem as instalações do ciclo de posição de rejeitos radioativos.
combustível, desde a mineração Os rejeitos radioativos devem ser
até o armazenamento final, já as separados por estado físico: sóli-
instalações radioativas envolvem do, líquido e gasoso e são classi-
as clínicas, universidades, cen- ficados em rejeitos de baixa, mé-
tros de pesquisa, indústrias [88]. dia e alta atividade. Eles devem
Esses rejeitos radioativos devem ser segregados, ou seja, separa-
ser acompanhados desde seu sur- dos pelo estado físico (sólido, lí-
gimento até seu descarte ou ar- quido e gasoso), pela meia-vida
mazenamento final, este proces- curta ou longa T1/2 > 60 dias,
so é denominado gerenciamento compactáveis e não compactá- 87
de rejeitos, todos os recipientes veis putrescíveis ou patogênicos,
contendo esses rejeitos devem se for o caso e outras caracterís-
ser identificados, datados e tem ticas perigosas (explosividade,
uma ficha de acompanhamento combustibilidade, inflamabili-
que deve ser arquivado para fu- da-de, piroforicidade, corrosivi-
turas consultas e fiscalizações. dade e toxidade química) [89].
A Gerência de Rejeitos Radioa- O descarte desses rejeitos radio-
tivos é o conjunto de atividades ativos só poderá ser feito após de-
administrativas e técnicas en- caimento em depósito apropria-
volvidas na coleta, segregação, do para este fim, e até que tenham
manuseio, tratamento, acon- atingido os limites de descar-
dicionamento, transporte, ar- tes pela norma CNEN 6.05 [90].
Todo material não re- é totalmente coberta e poderá
ciclável, ou seja, aquele que ser utilizada como área de lazer,
não pode ser reutilizado após depois que o nível de contami-
transformação química ou fí- nação for praticamente zerado.
sica é destinado a aterros sa- A formação de gás metano devi-
nitários e os orgânicos podem do a fermentação dos produtos
ir para compostagem [90]. orgânicos nos aterros sanitários
é inevitável, com a finalidade
Aterro Sanitário do aproveitamento do biogás
Os aterros sanitários são como fonte de energia de baixo
grandes áreas preparadas tec- custo econômico, alguns empre-
88 nicamente para receber os re- sas como a Heleno & Fonseca,
síduos domiciliar, o de limpeza em parceria com a Arcadis Lo-
pública de ruas e o de indústrias, gos Engenharia S.A. e a Van der
desde que não sejam tóxicos e Wiel Stortgas B.V., constitui a
devidamente autorizados pelos Biogás - Energia Ambiental S.A.,
órgãos ambientais. Os resídu- se juntaram para comerciali-
os hospitalares e de saúde são zar o biogás gerado pelo aterro
destinados a tratamento apro- sanitário bandeirantes em São
priado. Estas áreas contam com Paulo, visto que o mesmo apre-
garantias de proteção ao meio senta altas concentrações de
ambiente, evitando a contami- metano, com valores próximos a
nação do lençol freático. Após o 55% ideais para utilização [91].
esgotamento dos aterros, a área Quando a coleta seletiva não
é eficientes muitos materiais biológicos como enzimas [80].
que poderiam ser destina- A biorremediação pode ser usa-
dos a reciclagem acabam indo da como tratamento de resíduos
para os aterros sanitários. sólidos seja em áreas controla-
das como os aterros, sejam em
Biorremediação áreas degradadas anteriormen-
A compostagem é um te, aterros mal administrados,
exemplo bastante conhecido de aterros antigos, áreas conta-
tratamento biológico e, portan- minadas por pesticidas, explo-
to, de biorremediação, utilizado sivos, óleo e os mais diversos
para o tratamento de resídu- compostos, advindos das mais
os sólidos orgânicos. Defini-se diferentes situações: despe- 89
biorremediação como um con- jos, acidentes, antigos aterros.
junto de tecnologias que utilizam
processos biológicos aplicados à
recuperação ou remediação de Compostagem
áreas contaminadas, ou no tra- A compostagem é um
tamento de compostos orgâni- processo biológico em que os
cos voláteis tóxicos ou efluentes microrganismos transformam
contendo resíduos tóxicos que a matéria orgânica, como estru-
devam ser eliminados antes da me, folhas, papel e restos de co-
descarga no ambiente. Para isto, mida, num material semelhante
em geral, utilizam-se microor- ao solo, a que se chama compos-
ganismos, plantas ou produtos to, e que pode ser utilizado como
adubo. É uma estrutura própria
para o depósito e processamen-
to do material orgânico [79].

90
91
AGRICULTURA E
SUSTENTABILIDADE

O aumento da ocupação humana no planeta tem causa-


do sérios danos ao meio ambiente e, entre as atividades que
apresentam mais fatores impactantes está a agricultura [92].
A agricultura moderna originou-se nos séculos XVIII e XIX
em grande parte da Europa e divide-se em duas fases, a pri-
meira e a segunda revolução agrícola contemporânea [93].
Possui características que se aproximam de uma indús-
92 tria extrativa, o que tende a torná-la não sustentável [94].
A primeira revolução agrícola contemporânea caracterizada pelo
abandono do pousio (é nome que se dá ao descanso ou repouso
proporcionado às terras cultiváveis) e pela introdução de sistemas
rotacionais com leguminosas ou tubérculos, com isso intensificou-
-se a utilização da terra, aumentando a produção agrícola, com o
objetivo de eliminar a escassez de alimentos de períodos anteriores.
A chamada segunda revolução agrícola contemporânea ocorrida no
final do século XIX e inicio do século XX na Europa e EUA foi mar-
cada por avanços científicos e tecnológicos com a introdução de
fertilizantes químicos, o que levou ao abandono da adubação ver-
de e do esterco na fertilização das lavouras, motores de combus-
tão, melhoramento genético de plantas e redução da rotatividade
de culturas e finalmente a absor- mentos de oposição e crítica a
ção de algumas etapas agríco- esse sistema, devido às conse-
las pelas indústrias (primeiros qüências do modelo tais como:
passos para a agroindústria). erosão do solo, contaminação da
Com a intensificação da produ- água por agrotóxicos, eutrofiza-
ção de insumos agrícolas a partir ção da água pelo uso de adubos
da primeira guerra mundial uti- químicos, aumento do numero de
lizando cada vez mais recursos pragas e doenças, destruição de
tecnológicos e menos recursos habitats naturais, erosão gené-
locais, a indústria passa a mani- tica e aumento da instabilidade
pular grande parte da produção econômica e social nas comuni-
agrícola. Tudo isso culminou na dades de agricultores familiares. 93
chamada revolução verde no fi- Via-se a necessidade de promo-
nal da década de 1960 que visa- ver mudanças no modelo uti-
va à monocultura e a produção lizado, já que não só estava-se
estável de alimentos, lutando degradando o meio ambiente
contra a deficiência de alimen- como exterminando espécies
tos pela aplicação massiva de animais e vegetais e colocan-
inovações tecnológicas no cam- do a própria espécie humana
po, como motomecanização, fer- em risco, e passa-se a pensar
tilizantes químicos, pesticidas em sustentabilidade [93].
e irrigação e, muitos países in-
vestiam alto nessas tecnologias.
Nos anos 70 iniciam-se movi-
Agroindústria grande risco ambiental devido
A agroindústria compre- as suas características de uso
ende a atividade econômica de exaustivo do solo, que pode cau-
industrialização ou beneficia- sar erosão, compactação, redu-
mento de produtos agropecuá- ção das águas e alta utilização
rios, agregando valor às maté- de insumos externos ao meio.
rias primas. Elas vão das mais Algumas medidas podem ser
artesanais as mais sofisticadas adotadas para a redução desses
em termos tecnológicos. A mais impactos, tais como cobertura
importante é a alimentar, onde do solo, cultivo integrado com
estão inseridas frutas, legu- a rotação de culturas, formação
94 mes, hortaliças, grãos, oleagi- de faixas contra a erosão, redu-
nosas, carne, leite e pescados. ção da utilização de máquinas
Nos sistemas agrícolas moder- pesadas reduzindo a pressão
nos estão incluídos os agrone- sobre o solo, reflorestamento
gócios, geralmente monocultu- com espécies nativas, tratamen-
ras, como a soja e o café, além de to correto do solo, seleção de
reflorestamentos e pastagens, sementes resistentes, nutrição
altamente dependentes de téc- das plantas por adubação orgâ-
nicas modernas como semen- nica entre outras medidas [95].
tes melhoradas geneticamente, Um dos temas cruciais em rela-
equipamentos agrícolas, fertili- ção a agroindústria relaciona-se
zantes químicos e agrotóxicos. ao estudo da localização de suas
São culturas extensivas com instalações. Sua principal preo-
cupação tem como foco a água, xas e, a depender da matéria-
pois os principais impactos cau- -prima utilizada, esses resíduos
sados por este tipo de atividade poderão apresentar colibacilos.
estão relacionados ao seu eleva- Resíduos de agrotóxicos, óleos
do consumo. A sua utilização se complexos, compostos alcali-
faz presente em várias etapas do nos e outras substâncias orgâ-
processo como: matéria-prima, nicas também poderão surgir.
processamento, limpeza, res- Em relação à poluição atmosfé-
friamento, segurança, geração rica, essa poderá ser gerada pela
de vapor. Contudo, o lançamento emissão de poeira e materiais
de efluentes e a disposição dos particulados, materiais pulveri-
resíduos sólidos também geram zados, dióxido de enxofre, óxi- 95
igual atenção, pois os mesmos dos nitrosos, hidrocarbonetos e
podem causar a contaminação outros compostos orgânicos. O
das águas, da atmosfera, além armazenamento incorreto das
de promover alterações no solo. matérias primas e a eliminação
A geração de resíduos depen- ou disposição de resíduos sóli-
de fundamentalmente das ma- dos podem contaminar o solo,
térias-primas e dos processos as águas superficiais e subter-
de produção utilizados. Esses râneas e degradar a vegetação.
efluentes possuem alto nível de Os principais impactos ambien-
demanda bioquímica e química tais que podem ser gerados pela
de oxigênio, sólidos em suspen- agroindústria, além dos já ci-
são e dissolvidos, óleos e gra- tados são a contaminação das
águas superficiais e subterrâ- prejuízos à microfauna e micro-
neas em função do lançamento flora; a lavagem após a fermen-
de efluentes sem tratamento ou tação produz águas residuárias
com tratamento parcial; incô- biologicamente contaminantes;
modos à vizinhança pela geração • Processamento do leite:
de odores desagradáveis, devido águas de processo, contamina-
a deterioração de resíduos e dos das por componentes do leite; re-
efluentes; poluição do ar; prolife- síduos de enxágüe de perdas e de
ração de vetores de doença [96]. purificação, contaminados por
Abaixo serão apresentadas, de soluções alcalinas, ácidas e de-
forma resumida, algumas ativida- sinfetantes; resíduos sanitários;
96 des do setor agroindustrial, des- • Processamento de fru-
tacando-se os principais impac- tas e hortaliças: a água residu-
tos negativos de cada atividade: al utilizada para a lavagem da
• Processamento de cere- matéria-prima poderá conter
ais: emissão de pós que pode- detergentes, agrotóxicos e ma-
rão provocar a contaminação da terial corrosivo; a presença de
água e do solo; geração de ruídos sucos e restos de frutas poderão
que provocam incômodo no lo- se fazer presentes também na
cal de trabalho e em seu entorno; água, ocasionando o mal cheiro;
• Produção de chá e café: • Produção de cana-de-açú-
as substâncias formadas du- car: podem ser gerados efluen-
rante a fermentação podem ser tes hídricos e atmosféricos, bem
acumuladas no solo, causando como resíduos sólidos, os quais
poderão contaminar as águas su- rá vir a contaminar o solo, das
perficiais, subterrâneas e o solo. águas superficiais e subterrâ-
• Produção do álcool: as neas, além de gerar odor desa-
águas residuárias de uma uni- gradável oriundo da matéria or-
dade de produção de álcool gânica em decomposição [97].
são altamente poluidoras, par- O atual modelo de agroin-
ticularmente pela vinhaça/ dústria está muito longe de ser
vinhoto. Para cada litro de ál- sustentável. Se a agricultura
cool produzido, são produzi- minimizar ou extinguir o uso
das 12 a 15 litros de vinhoto; de fertilizantes, utilizando téc-
• Matadouros de pequeno nicas como o cultivo direto, por
porte: todo o processo de lava- exemplo, os agrotóxicos com o 97
gem e retirada de vísceras, pê- cultivo de orgânicos, investir em
los e outras partes do animal, estudos e pesquisas onde o rea-
consome uma grande quantida- proveitamento do material que
de de água e resulta em águas antes era descartado seja uma
residuárias com a presença de prioridade, minimizar o uso da
sangue, pêlos, graxas, fezes. Es- água e garantir que ao ser de-
tima-se que para cada bovino volvido ao meio ambiente ela
abatido são gerados de 600 a se encontre em condições mui-
800 litros de água residual, suí- to próximas àquelas apresen-
no 300 a 500 litros e ovinos de tadas no início de todo o pro-
200 a 300 litros; toda essa água cesso, além dos cuidados com
resultante do processo pode- o solo citados, a agroindústria
deixará de ser um grande agen- sa capacidade futura de praticar
te degradador do meio ambien- agricultura com sucesso [93].
te e passará a assumir um papel De uma forma geral, o conceito
de suma importância em ma- de agricultura sustentável en-
téria de sustentabilidade [98]. volve tanto aspectos ambien-
tais quanto socioeconômicos.
Agricultura Sustentável Como alternativa a agricultura
A agricultura sustentável tradicional que é a prática mais
pode ser definida como uma comum nos dias atuais e é con-
agricultura ecologicamente siderada de alto impacto, pois
equilibrada, com a manutenção utiliza técnicas como a aragem,
98 dos recursos naturais e mínimos tradagem, subsolagem e causa a
impactos ao meio ambiente; eco- erosão, o baixo teor de matéria
nomicamente viável, com o re- orgânica do solo, alta lixiviação
torno adequado aos produtores de nutrientes, e desequilíbrio
e a otimização da produção além biológico do solo, podemos citar
da satisfação das necessidades o plantio direto e a agricultura
humanas de alimento e renda; orgânica, além da utilização da
justa socialmente, atendendo às rotação de culturas, menos im-
demandas sociais das famílias e pactante que a monocultura [92].
das comunidades rurais [93,99].
Seus processos consistem em
atividades que produzam cultu-
ras que não comprometam nos-
Sistema de Plantio culturas. O sistema conserva a
Direto e Agricultura matéria orgânica do solo, re-
Orgânica têm nutrientes, aumentando a
O sistema de plantio dire- quantidade de microorganismos
to tem sido amplamente utiliza- benéficos no solo e desta forma
do nos dias de hoje já que causa armazena uma maior quantida-
menos impactos que a agricul- de de água reduzindo a erosão e
tura tradicional por utilizar a lixiviação. O plantio direto as-
princípios conservacionistas de semelha-se à condição de flores-
preservação e ciclagem de nu- ta onde não há o movimento de
trientes. Uma das bases do sis- solo e existe uma grande quan-
tema é revolver o solo o mínimo tidade de matéria orgânica. Isso 99
possível, já que quando revol- torna esta prática mais sustentá-
vemos o solo, a matéria orgâni- vel e mais produtiva que a técni-
ca é rapidamente decomposta. ca tradicional, sendo a mais re-
No plantio direto a semente é comendada atualmente para os
semeada direto no solo, sem grandes plantios. Como limita-
aração ou gradagem, sendo feito ções podem ser citadas: algumas
apenas um pequeno sulco para doenças e insetos que se favo-
comportar a semente. Após a recem nesse processo e falta de
colheita os restos da cultura são conhecimento técnico [92, 101].
roçados, permanecendo no solo A agricultura orgânica ainda tem
o que reduz muito a erosão, bem seu uso restrito e baseia-se na
como a utilização da rotação de ausência de pesticidas utilizan-
do adubos orgânicos, simulando compreendam além da visão
o que ocorre na natureza, e, mes- utilitária da agricultura outras
mo sendo sustentável do ponto dimensões. A busca pela susten-
de vista ecológico, não é do pon- tabilidade na agricultura deve
to de vista econômico e social considerar não somente os as-
devida a sua baixa produtivida- pectos ambientais ou somente os
de já que é limitada a pequenas aspectos socioeconômicos, mas
produções e possui um alto cus- o equilíbrio entre elas, buscando
to, além das altas infestações de como resultado uma agricultura
ervas daninhas e pragas [92]. altamente produtiva, de qualida-
Além da agricultura alternativa, de e custos baixos, equilibrada
100 que tem um papel importante com o meio ambiente [92, 94].
no processo de desenvolvimen-
to da agricultura sustentável, é
necessário levar em considera-
ção a complexidade ambiental,
econômica e social de cada sis-
tema agrícola, tendo como refe-
rência as condições locais [93].
A grande pressão sobre o am-
biente vindo da agricultura indi-
ca a necessidade de um novo pa-
radigma cientifico e tecnológico
nesta área, onde as inovações
101
SUSTENTABILIDADE
EMPRESARIAL

É fundamental a compreensao sobre o conceito de desenvol-


vimento sustentável e sustentailidade. Quando se menciona desen-
volvimento sustentável, uma vez que muitos utilizam o termo para
designar a expectativa de que o país entre numa fase de crescimen-
to que se mantenha ao longo do tempo, faz com que tal forma de
desenvolvimento pressuponha a expansão econômica permanente,
gerando melhoria nos indicadores sociais, além da preservação am-
biental. Sustentabilidade é a capacidade de se auto sustentar, de
102 se auto manter. Uma atividade sustentável qualquer é aquela que
pode ser mantida por um longo período de tempo, de forma a não
se esgotar nunca, apesar dos imprevistos que podem vir a ocorrer
durante este período. Pode-se ampliar o conceito de sustentabili-
dade, em se tratando de uma sociedade sustentável, que não coloca
em risco os recursos naturais como o ar, a água, o solo e a vida ve-
getal e animal dos quais a vida (da sociedade) depende [101, 102].
Apesar de apresentarem similaridades torna-se comum rela-
cionar desenvolvimento sustentável a políticas públicas e susten-
tabilidade as demais ações. A partir desta explanação o termo a ser
utilizado será sustentabilidade, pois relaciona o termo com as em-
presas e organizações. Na área empresarial a preocupação com a
sustentabilidade tem se generalizado, e um grupo mais envolvido
com esta inquietação criou uma de nacional e internacional, in-
entidade voltada a sustentabili- clusive assistência aos países em
dade empresarial, ligada ao mo- desenvolvimento de acordo com
vimento internacional de em- seus planos de desenvolvimento,
presários com este foco [101]. prioridade e objetivos nacionais
[103]. Implica também a exis-
Sustentabilidade tência de meio econômico in-
Empresarial ou Industrial ternacional propício que resulte
Existe uma variedade de ao crescimento e no desenvolvi-
definições concernente a este mento. Estes são elementos da
conceito de sustentabilidade maior relevância para a gestão
empresarial. Em cada uma delas sadia do meio ambiente. Desen- 103
percebe-se a necessidade de in- volvimento sustentável implica
troduzir elementos e contextos ainda a manutenção, o uso ra-
de modo a torná-las mais com- cional e valorização da base dos
pleta. Desenvolvimento susten- recursos naturais que sustenta a
tável tampouco implica trans- recuperação dos ecossistemas e
gressão alguma ao principio de crescimento econômico. Desen-
soberania. Considera-se que a volvimento sustentável implica,
consecução do desenvolvimento por fim, a incorporação de cri-
sustentável envolve cooperação térios e considerações ambien-
dentro das fronteiras nacionais tais na definição de políticas e
e por meio daquelas. Implica de planejamento de desenvol-
progresso na direção da aquida- vimento e não represente uma
nova forma de condicionalidade o desenvolvimento provém de-
na ajuda ou no financiamento les mesmos. Para estes, muito
para o desenvolvimento. O con- embora a manutenção da base
selho de administração esta in- de recursos naturais para as fu-
teiramente consciente de que os turas gerações seja de grande
próprios países são e devem ser relevância, as necessidades da
os principais atores na reorien- geração atual são de importân-
tação de seu desenvolvimento cia crítica. Ações induzidas pela
de forma a torná-lo sustentável. pobreza e pela necessidade de
O desenvolvimento sustentá- sobrevivência deterioram a base
vel e ambientalista sadio é de de recursos e assim geram mais
104 grande importância para todos pobreza. Em todos os países,
os países, industrializados e em questões de desenvolvimento
desenvolvimento. Os países in- e meio ambiente estão entrela-
dustrializados possuem os re- çadas em uma mútua interação.
cursos necessários para fazer os “Hoje, novas questões ambien-
ajustes requeridos, algumas das tais desafiam a comunidade in-
atividades econômicas efetiva- ternacional, enquanto as velhas
mente têm impacto substancial questões se mantêm e até ad-
no meio ambiente, não apenas quirem maior magnitude” [104].
no âmbito nacional, mas alem se Empresas ou indústrias con-
suas fronteiras. Mesmo no caso temporâneas querem sejam elas
dos países em desenvolvimento, pequena, média ou grande é im-
a maior parte dos recursos para prescindível verificar uma vasta
gama de situações ambientais espécies se tornem uma verdade
presentes atualmente. Entre es- que se deve levar em considera-
sas situações não se pode negar ção quando se fala em sustenta-
a destruição visível na cama- bilidade empresarial ou indus-
da de ozônio, as alterações no trial. Sendo as mais vulneráveis
ecossistema Vê-se, por exemplo, a essas mudanças as regiões do
o que acontece hoje em África, trópico já que é ela que tem a
mas concretamente no Quênia maior diversidade do planeta.
com a montanha do Kilimanjaro Adaptação das empresas ou in-
(o derretimento do gelo). Tudo dústrias diante de situações
isso nada proveitoso para um indesejadas deve ser vista por
desenvolvimento sustentável da todos os empresários com a 105
humanidade tem crescido nos oportunidade para contribuir
últimos anos levando as popu- para o desenvolvimento susten-
lações dos trópicos em particu- tável da sua comunidade região
lar dos países subdesenvolvi- ou país. As recentes mudanças
dos, a situações nada desejáveis. políticas e econômicas obrigam a
De igual modo, a poluição dos pensar que a empresa e a indús-
rios o desmatamento, a extra- tria são os motores catalisadores
ção de matéria prima pelas mi- do desenvolvimento sustentável,
neradoras e a pesca predatória, a base para avançar rumo ao fu-
faz com que a situação de risco turo promissor. Elas têm agora a
dos sistemas alimentícios, a per- missão de fazer a sua parte para
da das fontes de água, bosques e a construção da nova sociedade.
O conceito de desenvolvimento • Capital financeiro –
sustentável das empresas e in- conjunto de recursos mo-
dústrias está fundamentada nos netário à disposição [105].
seguintes pontos: todas as regi- Entende-se hoje que qualquer
ões do planeta tenham garan- instituição comercial ou indus-
tia de alimento; os ecosostemas trial deveria focalizar-se em bus-
sejam produtivos e protegidos car a realização dos objetivos
e que as condições climáticas econômica, social, e sobre tudo
sejam estáveis e seguras; as ati- ambiental para a contribuição
vidades humanas não compro- de um desenvolvimento susten-
metam as futuras gerações vi- tável do meio em que vive. No
106 sando sembre o seu bem estar. que tange ao objetivo ambiental
Para que este bem feito seja alcan- as empresas ou indústrias de-
çado, o mundo deve contar com: vem conduzir a sociedade à pro-
• Capital humano - re- moção do desenvolvimento da
fere-se à capacidade de pen- biodiversidade e a manutenção
samento critico e analítico, dos ecossistemas. A orientação
assim como criatividade e ini- de qualquer empresa ou indús-
ciativas para empreender no- tria, pela visão econômica deve
vas empresas ou indústrias; ser o crescimento, a eficiência e a
• Capital ecológico – são os inovação. Em qualquer sistema
recursos que o individuo tem à sua econômico, empresa ou indús-
disposição para a geração do seu tria deve contribuir para o aces-
desenvolvimento na sociedade; so justo e igualitário à forma-
ção e ao conhecimento. Isso se nômico, onde o aspecto social
torna cada vez mais um direito recebe maior ênfase, tanto no
reivindicado pelos povos [104]. se refere às praticas como no
que se refere aos motivos, su-
Iniciativas Sobre gerindo que, mais que um mero
Sustentabilidade modismo, o desenvolvimento
Empresarial no Brasil sustentável tem sido visto pelo
O modelo de crescimen- mercado como elemento funda-
to praticado ao longo da era in- mental para a sobrevivência das
dustrial, no qual as organizações organizações a longo prazo [106].
ocupam-se apenas em extrair, A crescente exposição na mídia
transformar, comercializar e dos danos que as organizações 107
descartar os recursos naturais vêm causando ao meio ambien-
utilizados, já não é mais viável, te fez surgir a preocupação de
tendo em vista que esses recur- que este não ofereça mais con-
sos estão ameaçados a escassez. dições adequadas para que as
Na compreensão do conceito empresas operem em um futuro
de desenvolvimento sustentá- próximo. Essa exposição, aliada
vel adotado pelas organizações à melhoria do nível educacional
por meio da análise do discur- da sociedade e a velocidade da
so empresarial percebe-se que disseminação, provocou o sur-
o desenvolvimento sustentável gimento de um novo mercado
está pautado nos seus três pi- consumidor, que agora, mais in-
lares: social, ambiental, e eco- formado e esclarecido, tornou-
-se mais exigente, pressionando sibilizar a comunidade para o
as empresas a adotar um mode- processo acelerado de destrui-
lo de atuação mais responsável. ção do meio ambiente [108].
É assim que o desenvolvimen- Do resultado dos fóruns, em
to sustentável está presente no 1958, nasce no Rio de Janei-
Brasil desde 1913, quando se ro a Fundação Brasileira para a
criou o primeiro parque nacio- Conservação da Natureza consi-
nal para a preservação do meio derada a primeira organização
ambiente, o parque Nacional ambiental que conseguiu criar e
de Itatiaia, situado na divisa do manter uma presença nacional.
estado do rio de Janeiro com Essa fundação alcançou vários
108 Minas Gerais. Em 1915, outros intentos, pois contava com as-
dois importantes parques fo- sociados capazes de influir dire-
ram criados: Cataratas do Igua- tamente em medidas governa-
çu, no rio Paraná e Serra dos mental de proteçào da natureza.
Órgãos, no Rio de Janeiro [107]. Em 1997, cinco anos após a Rio
A crescente aparição na mí- 92, foi criado no Brasil o Conse-
dia dos assuntos relacionados lho Empresarial Brasileiro para
ao meio ambiente no Brasil, o Desenvolvimento Sustentável
pais de riqueza ambiental in- (CEBDS), entidade sem fins lu-
discutível, chamou a atenção crativos que integra a rede de
de cientistas, jornalistas e po- conselhos vinculados ao World
líticos, que iniciaram fóruns de Business Council for Suatainna-
discussões com intuito de sen- ble Development (WBCSD). O
CEBDS agrupa 56 grupos empre- combate aos desequilíbrios so-
sarias mais expressivo no Bra- cioambiental apesar de o pro-
sil, representando cerca de 450 cesso de mudança que consiste
unidades produtivas.Sendo um em divulgar o conceito da sus-
conselho que atua juntamente tentabilidade esteja em cons-
com empresas, o CEBDS possui trução. É indispensável que as
um importante papel na defesa empresas discutam de forma
do desenvolvimento sustentável confiável seu planejamento es-
no país, provendo seminários e tratégico a assuntos ligado ao de-
reuniões, praticas de debates, senvolvimento sustentável [109].
trabalho em parceria com orga- Ainda segundo para que as orga-
nizações não governamentais nizações efetivamente obtenham 109
e instituições acadêmicas [104, sucesso em suas estratégias de
108]. Algumas delas estão ex- desenvolvimento sustentável,
perimentando ações em direção é fundamental que elas consi-
ao desenvolvimento sustentável, derem o interesse de seus di-
por entenderem que a pratica versos públicos estrangeiros,
da sustentabilidade, no sentido pois possuem obrigações não
de várias áreas de influência dos só com elas mesmas, mas tam-
países desenvolvidos, poderá bém com todos os seus grupos
proporcionar sua sobrevivência. de interesse, com fornecedores,
Propõe-se que todas as áreas do clientes, colaboradores, entre
pensamento e da ação humana outros. Assim sendo os desafios
devam se comprometer com o que as organizações passam a
ter é desenvolver novas formas tivas viu-se surgir o conceito
de operar em cooperação com ecoeficiência. A ecoeficiência
esses grupos de interesse [106]. consiste em aproveitar da me-
Sendo assim, propõe-se lhor forma o uso da matéria
que a visão organizacio- – prima e o da energia para au-
nal de sustentabilidade sus- mentar os benefícios econômi-
tenta-se em quatro pilares: cos e ecológicos com o objetivo
• Razões físicas, onde en- de reduzir o impacto no meio
contramos os recursos na- ambiente. Ela vem para criar
turais e o meio ambiente; oportunidades que impulsio-
• Razões sociais, que en- nem a rentabilidade e o desen-
110 globam ações efetivas de or- volvimento sustentável. Dentre
ganização na sociedade, alem alguns benefícios destacam-se:
do simples cumprimento de • Uso de combustíveis alter-
leis ou criação de empregos; nativos e reutilização de resíduos;
• Razões éticas, que incluem • Aproveitamento da melhor
a individualidade e os valores maneira dos recursos renováveis;
pessoas no trabalho, alem de • Aumento do tem-
contribuir para a distribuição de po de vida dos produtos;
oportunidades para a sociedade; • Diminuição do
• Razoes de negócios, re- consumo de energia;
sultados da combinação dos • Crescimento da re-
três pilares anteriores [110]. ciclagem de materiais;
Com todas essas inicia- • Diminuição da emissão de
tóxicos; ciedade decidem (escolhem)
• Aumento de bens e servi- empregar recursos produtivos
ços [104]. escassos na produção de bens
Para o desenvolvimento e serviços, de modo a distribuí-
sustentável faz-se indispensável -los entre as várias pessoas e os
à manutenção de parcerias que grupos da sociedade, para satis-
podem resultar em manuten- fazer as necessidades humanas”.
ção e conservação ambiental, Essa ciência social tem que aten-
social e inovações tecnológicas der a dois princípios básicos:
que trará como conseqüência • Os recursos são li-
o desenvolvimento industrial mitados e escassos;
que completariam o ciclo da • As necessida- 111
vida de produtos. É importan- des humanas são ilimita-
te também a colaboração de das e se renovam sempre.
todos os segmentos da socie- Diante desse paradoxo, é ine-
dade inclusive o relacionamen- vitável atendermos a concei-
to entre países desenvolvido tos importantes que são a base
e em desenvolvimento [109]. e o objeto do estudo da Ciên-
cia Econômica: escolha; es-
Economia Sustentável cassez; necessidades; recur-
Vasconcelos [112] defi- sos; produção e distribuição.
ne economia sustentável como: A atenção aos conceitos funda-
“Economia é a ciência social que mentais que permitem a susten-
estuda como o indivíduo e a so- tabilidade foi sendo distorcida
em função da criação da socie- que gaste mais matéria prima
dade de consumo, onde não se ou mão de obra é preterido em
busca mais a satisfação da neces- função de outro mais eficiente.
sidade do homem, mas criam-se Por outro lado, se o processo é
necessidades para crescimento mais barato, menos eficiente,
da produção e aumento do lucro. produz muito mais resíduo, mas
Quando refere-se a ações indi- mesmo assim mais lucrativo
viduais, domésticas, particula- por questões de mercado, ele é
res, mantêm o foco nas ações e preferido em relação a um pro-
seu desenvolvimento. Podemos cesso mais limpo e sustentável.
até considerar os processos Uma economia sustentável tem
112 desenvolvidos, mas seria um que caminhar no conhecimento
exagero analisar esses proces- e prática de processos naturais.
sos detalhadamente. Por outro Os processos naturais foram se-
lado, considerando grandes po- lecionados durante milhões de
pulações, empresas, governos, anos. Privilegiam o consumo mí-
os processos são importantes nimo de energia e matéria prima
e decisivos para os resultados com máximo de produtividade
que queremos ou vamos obter. ao longo do tempo. A produti-
Aspectos mais específicos da vidade natural é real e não for-
economia seus princípios sem- çada por um período desejado.
pre privilegiaram o menor custo
em vista da viabilidade econô-
mica da produção. Um processo
Indicadores de do pelo United Nations Environ-
Sustentabilidade mental Program (UNEP) e o go-
Desde fins da década de verno holandês que possui um
80 os indicadores de desenvol- programa de indicadores am-
vimento sustentável (IDS) vêm bientais desde 1991 permitindo
sendo construído, a partir da um monitoramente efetivo das
Rio-92, a segunda conferência ações de desenvolvimento, agi-
das Nações Unidas sobre o Meio lizando a tomada de decisões e
Ambiente e Desenvolvimen- tendo uma importante participa-
to, que reconheceu sua impor- ção popular no processo [113].
tância por meio da Agenda 21, O capítulo 40, da agenda 21,
com objetivo de guiar as ações aborda a necessidade da cons- 113
e monitorar o progresso em di- trução de indicadores que con-
reção ao desenvolvimento sus- templem a realidade de cada
tentável (DS). Os IDS analisam país para a tomada de decisões.
as condições ambientais, sociais, Podemos citar três gera-
econômicas e institucionais ções, no processo de cons-
de um local, enfocando de for- trução de indicadores de De-
ma multidimensional o desen- senvolvimento Sustentável:
volvimento sustentável [112]. • Primeira geração: forma-
Em 1993 ocorreu encontro so- do pelos indicadores ambien-
bre Indicadores Ambientais e de tais clássicos que não possuíam
Desenvolvimento e Sustentável, interrelações entre os compo-
ocorrido em Genebra, organiza- nentes de um sistema, como por
exemplo: emissões de CO2, um meio de representar, as de-
desmatamento, erosão, quali- corrências das várias ativida-
dade das águas, entre outros; des humanas de um grupo, bem
• Segunda geração: com- como as relações dessas decor-
postos por quatro dimensões: rências, cujo objetivo principal
econômica, social, institucional consiste em agregar e quantifi-
e ambiental, sem estabelece- car informações ressaltando sua
rem vinculações entre os temas; significância, visando melhorar
• Terceira geração: esses o processo de comunicação e
indicadores incorporam simul- entendimento dos fenômenos
taneamente vários atributos complexos. As principais fun-
114 ou dimensões do desenvolvi- ções dos indicadores são os de
mento sustentável, as variá- comparar lugares e situações,
veis escolhidas têm que possuir avaliar condições e tendências
correlação muito clara com os em relação às metas e aos ob-
demais, pois fazem parte de um jetivos, prover informações de
sistema como um todo [114]. advertência, e antecipar futuras
Os indicadores devem ser enten- tendências. Construir indica-
didos como variáveis, ou seja, a dores de sustentabilidade é um
representação operacional de ato complexo porque os mes-
um atributo (qualidade, carac- mos devem refletir a relação da
terística, propriedade) de um sociedade com o meio ambiente
sistema, a expressão indicador numa ampla perspectiva, consi-
de sustentabilidade refere-se a derando os múltiplos fatores en-
volvidos no processo [115, 116]. humana e suas conseqüências,
Os indicadores de sustentabili- pois tem a capacidade de abor-
dade representam o futuro pre- dar os diferentes segmentos:
visível a partir do conhecimento social, ambiental e econômico
disponível, considerando as va- de forma conjunta [116,118].
riáveis do contexto no qual um
grupo vive, as atividades desse Sistema de Indicadores
grupo e as decorrências dessas de Sustentabilidade
atividades para todo o sistema. Os indicadores de susten-
Os indicadores de sustentabili- tabilidade mais utilizados por
dade também têm o papel adi- cientistas e políticos á partir
cional de informar e orientar in- de 2000 como ferramenta para 115
divíduos, empresas, ou grupos a mensurar o desenvolvimento
reconhecerem que o comporta- sustentável são a Pegada Ecoló-
mento e escolha de cada um têm gica (Ecological Footprint Me-
efeitos sobre o estado da susten- thod), o Painel da Sustentabilida-
tabilidade que se busca [117]. de (Dashboard of Sustainability)
Estes também comunicam o e o Barometro da Sustentabilida-
progresso em direção a uma de- de ( Barometer of Sustainability).
terminada meta de uma forma De acordo com Van Bellen es-
simples e objetiva, bem como ses indicadores representam
objetivo retratar a realidade, informações relativas a toda a
enfatizando os fenômenos que população global ou delimita
tenham ligações entre a ação grupos como nações, estados,
cidades, bairros, organizações se deve adotá-los sem que os
e mesmo o comportamento de mesmos estejam contextualiza-
um indivíduo .No Brasil, o Ins- dos na analise a ser realizada.
tituto Brasileiro de Geografia e O indicador Pegada Ecoló-
Estatística (IBGE) trabalha com gica nos permite ter uma visão
59 indicadores de sustentabi- clara das implicações transfor-
lidade, que esta baseado nos mando hectares em área bioló-
58 indicadores da Comission gica produtiva necessária para
on Sustainable que formam um manter os hábitos de vida de uma
escopo das quatro dimensões: população ou de um indivíduo
ambiental, social, econômica e específico. Temos hoje uma área
116 institucional, enquanto que ao de aproximadamente 1,9 hecta-
redor do mundo temos cerca de res para cada habitante do pla-
559 iniciativas de indicadores neta Terra, já no Brasil a média
de sustentabilidade [115,116]. de consumo é de 2,39 hectares
Os indicadores de sustentabi- de área útil necessária em fun-
lidade não são definitivos, eles ção do padrão de vida. Enquanto
variam de acordo com a nature- que nos Estados Unidos esta área
za do objeto de estudo, ou seja, hoje é de 9,57 hectares por habi-
são dinâmicos, embora haja tante, analisando criticamente,
sugestões que contemplem as para estas condições se todos
demais dimensões da susten- os habitantes do planeta tives-
tabilidade social, econômica, sem os mesmos padrões de vida
ambiental e institucional, não de um americano precisaríamos
de pelo menos quatro planetas • A área total é obtida mul-
Terra para a população atual. tiplicando a área média pelo
O indicador Pegada Ecológica número de habitantes da região;
leva em consideração, para o seu • As áreas representam
cálculo da área para manter uma usos exclusivos e cada hectare
determinada população ou siste- representa uma quantidade
ma econômico, os seguintes itens: produtiva de biomassa, elas se
• energia e recursos natu- somam ao total que reflete a
rais; demanda humana;
• a capacidade de absorção • A área total para a deman-
de resíduos e dejetos do da humana pode ser compara-
sistema. da à oferta ambiental, uma vez 117
Para o cálculo da área neces- que também é possível avaliar a
sária para a sustentabilidade área biologicamente produtiva
baseia-se em: do planeta [114, 117].
• Cálculo da média anual Para que este indicador seja pa-
de consumo em termos de terra dronizado são utilizadas médias
utilizada; nacionais de consumo e médias
• Estima-se a área apro- mundiais de produtividade da
priada per capita para a produ- terra para que assim possamos
ção dos itens de consumo esco- obter padrões de consumo e
lhido, dividindo-se o consumo produtividade que auxiliam
anual per capita pela produtivi- na elaboração dos modelos de
dade média anual; gestão. Este indicador explora
a relação sociedade e meio Indicador de Controle da
ambiente e considera que para Sustentabilidade
alcançar a sustentabilidade, Este indicador é cons-
um sistema precisa levar em tituído de medidas agregadas
consideração o tempo e a ca- em três dimensões da susten-
pacidade de regeneração dos tabilidade: a econômica, a so-
ecossistemas [120]. cial, e a ambiental de um país,
Uma constatação da pegada eco- cidade, município ou região.
lógica é que o grau de explora- Seu conceito é o índice agrega-
ção de recursos naturais e pro- do de indicadores contidos em
dução de resíduos dependem, cada um dos mostradores, que
118 em grande medida, dos padrões é obtido pelo resultado final do
de consumo das sociedades. cálculo de índices de cada mos-
Devemos considerar que a pe- trador. A representação gráfi-
gada ecológica varia com re- ca do indicador é semelhante
lação ao tamanho da popula- a de um painel de controle de
ção, à média de consumo por um carro, com três mostrado-
pessoa, à intensidade de uso e res, um para cada dimensão,
recursos e também à capaci- a motivação para o seu uso foi
dade do homem em construir criar uma ferramenta robus-
artifícios para reutilizar os ta que tivesse uma aceitação
recursos e tratar os resíduos internacional [115,116, 121].
e dejetos do processo [144]. A seguir estão listados alguns
indicadores constantes no pai-
nel nas dimensões ecológica, resumem as características de
econômica e social [119,116]: um sistema ou realçam algum
• Dimensão Ecológi- ponto desse sistema. Este ín-
ca: qualidade da água, do ar, dice pode ser utilizado para
do solo, níveis de lixo tóxico; comparar nações como re-
• Dimensão Econômica: giões e área urbanas [120].
emprego, investimento, pro-
dutividade, distribuiçõ de re- Barômetro da
ceitas, inflação e utilização efi- Sustentabilidade
ciente de materiais e energia; O Barômetro da Susten-
• Dimensão Social: alfa- tabilidade ou Barometer of Sus-
betização, moradia, violên- tainability) foi desenvolvido 119
cia e população, crime, saú- para auxiliar agências gover-
de, mortalidade, nutrição, namentais e não governamen-
condições sanit;arias, água tais, tomadores de decisões, e
potável, educação, pobreza, indivíduos atuando na área do
governança, gastos militares desenvolvimento sustentável
e cooperação internacional. à nível nacional, regional, essa
Constituídos de medidas agre- ferramenta tem com objeti-
gadas as três dimensões: eco- vo de avaliar sustentabilidade
nômica, social e ambiental, de um sistema econômico, foi
este indicador é definido pe- desenvolvida pelo The World
los seus idealizadores como Conservation Unit (IUCN) e o
unidade de informação que International Development Re-
search Centre (IDRC). Este in- sociais e ecológicas do desenvol-
dicador permite a combinação vimento sustentável [116, 120].
de indicadores e chega a seus 1. Para os elaboradores do
resultados por meio de índi- Barômetro de Sustentabilidade,
ces, mensurando os aspectos o conceito do desenvolvimento
mais representativos do siste- sustentável pode ser entendido
ma por meio de indicadores por meio de quatro etapa in-
do meio ambiente e do bem terligadas [119,120]:Globalida-
estar da sociedade [120, 121]. de: as pessoas fazem parte do
Uma das medidas mais utili- ecossistema e, portanto devem
zadas para avaliar a susten- ser considerados conjuntamen-
120 tabilidade é a monetarização, te e ter igual importância no
enquanto o Barômetro da Sus- modelo de sustentabilidade;
tentabilidade integra indicado- 2. Levantamento de Ques-
res biofísicos e da saúde social, tões: Devido a falta de conhe-
para avaliar o progresso rumo cimento sobre as relações en-
a sustentabilidade, baseada em tre as diferentes dimensões
indicadores de grande varieda- do desenvolvimento susten-
de de questões ou dimensões, tável, deve-se levantar ques-
tais como qualidade da água, tões relevantes que possam
emprego, economia, educação, esclarecer a natureza e a in-
crime e violência. O Barômetro tensidade destas interações;
cumpre a função de avaliar, si- 3. Instituições Reflexivas:
multaneamente, as dimensões O contexto institucional das
questões a serem analisadas empreendimento humano para
exige uma abordagem conjun- ser considerado sustentável
ta de todas as pessoas envolvi- deve de forma equilibrada aten-
das na elaboração do indicador; der quatro requisitos básicos
4. Foco nas Pessoas: Ao ela- como a adequação ambiental,
borar o indicador devem-se le- viabilidade econômica justi-
var em consideração que as ça social e aceitação cultural.
pessoas são as fontes tanto dos Baseado nessas premissas a
problemas quanto de suas solu- Associação Brasileira dos Es-
ções. O indicador deve fornecer critórios de Arquitetura – As-
informações que possibilitem BEA e o Conselho Brasileiro de
a motivação e a influência das Construção Sustentável CBCS 121
pessoas em suas abordagens e outras instituições apresen-
na integração do bem estar tam diversos princípios básico
entre elas e o meio ambiente. da construção sustentável, nos
quais podemos destacar [122]:
Aplicações Aproveitamento de condições
Sustentáveis naturais locais; Utilizar mínimo
Podemos observar que terreno e integrar-se ao meio
hoje os mais diversos setores ambiente natural; Implanta-
possuem ou buscam implantar ção e análise do entorno; Não
indicadores, para que possam provocar ou reduzir impactos
apresentar padrões de quali- no entorno – paisagem, tempe-
dade competitivos. Qualquer raturas e concentração de ca
calor, sensação de bem-estar; res de sustentabilidade ambien-
Qualidade ambiental interna e tal, enquanto outros procuram
externa; Gestão sustentável da construir indicadores de desen-
implantação da obra; Adaptar- volvimento sustentável, englo-
-se às necessidades atuais e fu- bando dimensões econômica,
turas dos usuários; Uso de ma- social, ambiental e institucional.
teriais-primas que contribuam No Brasil apenas em 2006, o IBGE
com a eco-eficiência do proces- lançou o seu trabalho “Indicado-
so; Redução do consumo ener- res de Desenvolvimento Susten-
gético; Redução do consu- tável” (2003), tentando fornecer
mo de água; Reduzir, reutilizar, uma base de dados coletados em
122 reciclar e dispor corretamente outras fontes para a construção
os resíduos sólidos. de indicadores específicos [114].
Na atualidade existem muitas É importante que todos os pa-
iniciativas de construção de in- íses construam, desenvolvam,
dicadores de sustentabilidade, acompanhem e renovem seus
porém para a grande parte, as indicadores de sustentabilida-
variáveis não estão necessa- de, para que eles possam ser-
riamente integradas e ordena- vir como referências para ava-
das, porém respondem temas liar riscos, vulnerabilidades
bem específicos (qualidade de e primordialmente a susten-
água, ar, biodiversidade, deser- tabilidade do meio ambiente.
tificação) em escala local [120].
Alguns países buscam indicado-
123
SUSTENTABILIDADE E
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Em junho 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU)


promoveria a “Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano”
mais conhecido como “Conferência de Estocolmo”, reunindo 113
países com a finalidade de estabelecer uma visão global e princí-
pios comuns para a preservação e melhoria do ambiente humano.
Considerada um marco histórico-político internacional, que pos-
sibilitou o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental.
124 A Conferência gerou a “Declaração sobre o Meio Ambiente”, esta-
beleceu um “Plano de Ação Mundial”, e ainda, propôs que deveria
ser criado um Programa Internacional de Educação Ambiental.
Diante das propostas feitas na Conferência de Estocolmo, em 1975, a
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura) realizou em Belgrado (Iugoslávia), o “Encontro Interna-
cional sobre Educação Ambiental”, reunindo 65 países. Foram pro-
postos princípios e orientações a fim de se criar um Programa Inter-
nacional de Educação Ambiental, em que esta deveria ser contínua,
multidisciplinar, ligada às diferenças de cada região e interesses na-
cionais. Neste encontro foi criada a Carta de Belgrado, voltada para a
necessidade de uma nova ética global, que objetivasse o fim da pobre-
za, da fome, do analfabetismo, da poluição e da exploração humana.
Em um trecho da carta é discu- das discussões geradas a partir
tido que os recursos do mundo da carta de Belgrado, realizou-se
deveriam ser utilizados de um em Tbilisi, na Geórgia (ex-União
modo que beneficiasse toda a Soviética), a Primeira “Conferên-
humanidade e proporcionasse cia Intergovernamental sobre
a todos a possibilidade de au- Educação Ambiental”, promo-
mento de qualidade de vida, este vida pela UNESCO juntamente
conceito viria a ser tratado mais com o Programa das Nações Uni-
tarde como Desenvolvimento das para o Meio Ambiente (Pnu-
Sustentável. Em outro trecho da ma). A Conferência contou com
carta é ressaltado um programa a participação de especialistas
mundial de Educação Ambien- do mundo inteiro, para discutir 125
tal: “(...) devem ser lançadas as propostas feitas em vários en-
fundações para um programa contros sub-regionais, e ainda,
mundial de Educação Ambien- definiu os princípios, objetivos e
tal, que possa tornar possível o características da Educação Am-
desenvolvimento de novos co- biental. Esta teria como finalida-
nhecimentos e habilidades, va- de promover a compreensão da
lores e atitudes, visando à me- existência e importância nas es-
lhoria da qualidade ambiental feras política, econômica, social
e, efetivamente, à elevação da e ecológica da sociedade; dar às
qualidade de vida para as gera- pessoas a possibilidade de ad-
ções presentes e futuras” [123]. quirir conhecimentos, valores,
Ainda em 1975 em decorrência interesse ativo e atitudes que
contribuiriam para proteção e os objetivos destacados para a
melhora da qualidade do meio educação ambiental, estavam:
ambiente; gerar novas manei- a promoção da conscientiza-
ras de conduta dos indivíduos, ção, transmissão de informa-
grupos sociais e na sociedade ções, novos hábitos e habilida-
em seu conjunto, possibilitando des, valores, estabelecimento de
a ação em busca de alternativas critérios e padrões, e direcio-
de soluções para os seus proble- namento para a resolução de
mas ambientais, melhorando, problemas e tomada de decisões.
assim, a qualidade de vida [124]. Em 1992, ocorreria então a
Após mais de dez anos, em “Conferência das Nações Uni-
126 1987, realizou-se em Moscou das sobre o Desenvolvimento e
o “Congresso Internacional so- o Meio Ambiente”, realizado no
bre Educação e Formação Am- Rio de Janeiro, que ficaria co-
biental”, promovido pela UNES- nhecida como RIO-92/ ECO-92.
CO juntamente com o Pnuma, Esta contou com a participa-
com a finalidade de analisar o ção de 175 países, e em termos
desenvolvimento da Educação de Educação Ambiental propôs
Ambiental desde a Conferên- esforços para a erradicação do
cia Intergovernamental sobre analfabetismo ambiental e para
Educação Ambiental (Tbilisi as atividades de capacitação de
-1975), e estabelecer uma es- recurso humanos para a área.
tratégia internacional de ação Por meio da Agenda 21, a Rio-
para a década de 90. Dentre 92 corroborou com o proposto
em Tbilisi, e propôs enfoque nas da 21: “Agenda 21 está voltada
seguintes áreas: reorientação para os problemas prementes
da educação para o desenvolvi- de hoje e tem o objetivo, ainda,
mento sustentável, aumentar os de preparar o mundo para os
esforços para promover a cons- desafios do próximo século. Re-
cientização popular e erradi- flete um consenso mundial e um
car o analfabetismo ambiental. compromisso político no nível
Durante a realização da Rio-92 mais alto no que diz respeito a
foi assinada e elaborada pelos desenvolvimento e cooperação
membros dos países partici- ambiental. A responsabilidade
pantes a Agenda 21 Global, um e o envolvimento dos Governos
documento de 40 capítulos que são fundamentais para o êxito 127
teve como objetivo primordial de sua execução, para concreti-
um novo padrão de desenvolvi- zá-la, são cruciais as estratégias,
mento para o planeta no sécu- os planos, as políticas e os pro-
lo XXI, denominado, então, de cessos nacionais. A cooperação
“desenvolvimento sustentável”. internacional deverá apoiar e
Documento foi elaborado base- complementar tais esforços na-
ado em mudanças na educação cionais. Nesse contexto, o siste-
ambiental, conciliando proteção ma das Nações Unidas tem um
ambiental, justiça social e eco- papel fundamental a desempe-
nomia, a fim de garantir a sus- nhar. Outras organizações in-
tentabilidade da vida. Segundo ternacionais, regionais e subre-
o próprio documento da Agen- gionais também são convidadas
a contribuir para tal esforço. A Por ocasião da Rio-92, foi elabo-
mais ampla participação públi- rado em junho de 1992 o “Tra-
ca e o envolvimento ativo das tado de Educação Ambiental
organizações não governamen- para Sociedades Sustentáveis e
tais e de outros grupos também Responsabilidade Global”, com
devem ser estimulados” [125]. base nas recomendações de Tbi-
Ainda conforme o próprio docu- lisi e no documento Cuidando
mento: “A Agenda 21 é um pro- do Planeta Terra – uma estra-
grama dinâmico. Ela será leva- tégia para o futuro da vida, es-
da a cabo pelos diversos atores crito pela União Internacional
segundo as diferentes situações, para a Conservação da Natureza
128 capacidades e prioridades dos (UICN), Programa das Nações
países e regiões e com plena Unidas para o Meio Ambiente
observância de todos os prin- (Pnuma) e pelo Fundo Mun-
cípios contidos na Declaração dial para a Natureza (WWF),
do Rio sobre Meio Ambiente e em 1991. Dentre os princípios
Desenvolvimento. Com o correr apresentados destacaram-se: a
do tempo e a alteração de ne- Educação Ambiental como pre-
cessidades e circunstâncias, é conizadora da transformação e
possível que a Agenda 21 venha construção da sociedade; a Edu-
a evoluir. Esse processo assina- cação Ambiental deve estabele-
la o início de uma nova associa- cer a relação homem, natureza
ção mundial em prol do desen- e universo de forma interdisci-
volvimento sustentável” [124]. plinar; a Educação Ambiental
deve ajudar no desenvolvimen- sustentabilidade, uma enorme
to de uma consciência ética so- coordenação e integração de
bre todas as formas de vida. esforços é necessária em diver-
Após 20 anos de Tbilisi, em sos setores cruciais e uma mu-
1997, foi realizada a “Conferên- dança rápida e radical em com-
cia Internacional sobre Meio portamentos e estilos de vida,
Ambiente e Sociedade: Educa- incluindo mudança no padrão
ção e Conscientização Pública de consumo e produção. Para
para a Sustentabilidade” promo- isso, uma educação apropriada
vida pela UNESCO em Tessalonik e conscientização pública de-
(Grécia), contando com partici- vem ser consideradas os pilares
pantes de mais de 83 países. Nes- da sustentabilidade, juntamente 129
ta, foi proposta a reorientação com legislação, economia e tec-
da educação visando a susten- nologia”. O documento também
tabilidade, estando relacionada afirma que a sustentabilidade
não só com o meio ambiente, é um imperativo moral e ético
mas também com a pobreza, no qual a diversidade cultural
habitação, saúde, segurança ali- e o conhecimento tradicional
mentar, democracia, direitos hu- precisam ser respeitados [124].
manos e paz, sendo ressaltado
também o padrão de consumo Educação Ambiental:
adotado pelas pessoas [125]. um Caminho para
Conforme o documento da Con- Sustentabilidade
ferência: “A fim de atingir a A educação é um ato de
conhecimento, pois por meio te injusto e devastador [128].
dela é possível obter uma vi- Ela se coloca numa posição con-
são do mundo que seja crítica trária ao modelo de desenvolvi-
da realidade. A conscientização mento econômico existente no
deve estar ligada a um proces- sistema capitalista, em que os
so ação-reflexão, em que o in- valores éticos, de justiça social e
divíduo toma conhecimento da solidariedade não são conside-
realidade por meio da razão, rados, nem a cooperação é esti-
lançando um olhar mais crítico mulada, apenas prevalecendo o
em relação à realidade [126]. lucro a qualquer preço, a com-
A Educação Ambiental propõe petição, o egoísmo e os privilé-
130 a reconstrução da sociedade gios de poucos em detrimento
para uma nova relação com o da maioria da população [129].
meio ambiente [123], assumin- Acerca disso Silva e Taglieber
do um papel de transformadora, (2006) afirmam que vivemos
na qual a corresponsabilização em uma sociedade em que os
dos indivíduos torna-se o obje- valores estão ligados aos bens
tivo principal na promoção do adquiridos, à complexa rede
desenvolvimento sustentável social contemporânea avan-
[127], ampliando reivindicações ça para a cultura do consumo,
sociais, denunciando todo um direcionada ao lucro e ao acú-
modelo e processo de desenvol- mulo de bens materiais [130].
vimento econômico, responsá- As práticas voltadas para a
vel por um contexto socialmen- educação ambiental garantem
meios de criar novos estilos de mas também à cultura, histó-
vida e promovem uma consciên- ria e sistemas sociais do local
cia ética que questione o atual onde ocorre [132]. A educação
modelo de desenvolvimento, ca- voltada para o desenvolvimen-
racterizado pela ação predató- to sustentável deve voltar-se
ria e pelo reforço das desigual- para a aprendizagem de atitu-
dades sócios ambientais [127]. des, perspectivas e valores que
Segundo Dias et. al. (2004) “Edu- orientam e impulsionam as pes-
cação Ambiental é um processo soas a viverem suas vidas mais
permanente no quais indivíduos sustentavelmente. Educar para
e as comunidades tomam cons- o desenvolvimento sustentável é
ciência de seu meio ambiente e educar para se tomar consciên- 131
adquirem conhecimentos, va- cia da irresponsabilidade do ser
lores, habilidades, experiências humano frente à questão am-
e determinação que o tornem biental, a fim de superá-la [133].
aptos a agir e resolver proble- O tema sustentabilidade con-
mas ambientais, presentes e fronta-se com o paradigma da
futuros.” [131]. A participação, transformação de um plane-
a organização, a educação e o ta, não apenas crescentemente
fortalecimento das pessoas são ameaçado, mas também afetado
condições necessárias para que pelos riscos socioambientais e
se chegue ao desenvolvimento. seus danos, é cada vez mais no-
Deve ser apropriado não só aos tória, a concepção “sociedade de
recursos e ao meio ambiente, risco”. Isto implica na necessida-
de de se multiplicarem as práti- contribuição da educação am-
cas sociais baseadas no direito de biental é de suma importância.
acesso à informação e à educa- Pedrini & Brito (2006) analisam
ção ambiental. A multiplicação as possibilidades pedagógicas
dos riscos, principalmente am- que podem ser criadas abordan-
bientais e tecnológicos, são ele- do comportamentos, atitudes e
mentos para que se possa enten- ações generalizadas direciona-
der as características, os limites das a um projeto de sociedade
e as transformações da moder- baseado na eficiência econômi-
nidade. Isto faz com que a socie- ca, prudência ecológica e justiça
dade produtora de riscos se tor- social em uma sociedade de ris-
132 ne cada vez mais reflexiva, o que co devido à modernidade [135].
propicia abordar a temática das O caminho para que uma so-
relações entre o meio ambiente ciedade se torne sustentável se
e a educação, a partir de alguns fortalece na medida em que se
aspectos contidos nas práticas desenvolvam práticas educati-
sociais centradas na educação vas que pautadas pelo paradig-
para a sustentabilidade [134]. ma da complexidade, tragam
Deste modo, se tornam necessá- para a escola e os ambientes
rias ações que levem a promoção pedagógicos, uma atitude re-
de sociedades mais sustentáveis, flexiva em torno da questão
de cidadãos mais conscientes de dos problemas ambientais, e os
seu papel perante a sociedade e efeitos causados por uma socie-
ao ambiente, e neste aspecto a dade pragmática e utilitarista,
com o objetivo de formar no- A educação ambiental tida como
vas mentalidades, conhecimen- um processo político e pedagó-
tos e comportamentos [134]. gico deve formar para o exercí-
Diante desse aspecto, pode-se cio da cidadania, desenvolvendo
analisar que a educação ambien- conhecimento interdisciplinar
tal torna-se um elemento deter- baseado em uma visão integrada
minante para a formação de ci- do mundo. Tal formação fornece
dadãos, uma vez que educa para subsídios para que cada pessoa
a cidadania, revendo valores e investigue, reflita e aja sobre
atitudes que possam contribuir efeitos e causas dos problemas
para ações sustentáveis [135]. ambientais que afetem a sua qua-
A educação ambiental surgiu lidade de vida. A interdisciplina- 133
com uma visão fundamental- ridade é importante no sentido
mente política despertando de superar a fragmentação das
o exercício da cidadania, for- diferentes áreas do conhecimen-
mando pessoas que assumam to, buscando pontos de conver-
seus direitos e responsabilida- gência e propiciando a relação
des sociais, formando cidadãos entre os vários saberes [137].
que adotem uma atitude parti- A educação voltada para a ques-
cipativa e crítica nas decisões tão ambiental pode contribuir
da vida cotidiana, a fim de que para o equilíbrio entre o homem
se possa transformar a socie- e a natureza, construindo uma
dade em busca de um presen- ética ambiental que assegure
te e um futuro melhor [136]. uma educação sistematizada, li-
gada ao contexto cultural da co- paz de formar um pensamento
munidade, levando em conta os crítico e ligado com a necessi-
aspectos políticos econômicos, dade de buscar respostas para o
sócio-culturais, científicos, tec- futuro, capaz de analisar as rela-
nológicos e éticos [135]. Ações ções entre os processos naturais
que busquem o equilíbrio entre e sociais e de atuar no meio am-
o bem estar dos homens e a pre- biente em uma perspectiva glo-
servação dos recursos naturais, bal. Neste aspecto, o papel dos
somados ás técnicas e tecnolo- educadores é de extrema im-
gias que viabilizem os desenvol- portância para impulsionar as
vimentos social e econômico, e transformações de uma educa-
134 que garantam condições favorá- ção que assume um compromis-
veis de vida na Terra para as gera- so com a formação de valores
ções futuras, estão relacionadas de sustentabilidade, como par-
a programas e projetos ligados te de um processo coletivo na
à Educação Ambiental [138]. construção do conhecimento do
As práticas educativas articula- cidadão para com suas respon-
das com a problemática ambien- sabilidades ambientais [134].
tal devem ser analisadas como É necessário priorizar a impor-
parte de um processo educativo tância da qualidade de vida nas
que enfatize um pensar da edu- cidades e regiões, fortalecer a
cação e dos educadores voltados importância de garantir padrões
para a sustentabilidade [128]. O ambientais adequados e estimu-
processo educativo deve ser ca- lar uma consciência ambiental
focada no exercício da cidadania ferentes soluções, conceituar
e na reformulação dos valores e executar um plano de ação,
éticos e morais, individuais e co- avaliar os processos e assegurar
letivos, numa perspectiva volta- que a educação para o desenvol-
da para a sustentabilidade [116]. vimento sustentável possa pro-
A educação ambiental procura mover o uso criativo e efetivo
conscientizar os indivíduos para do potencial humano e todas as
a adoção de atitudes e compor- formas do capital para garantir
tamentos mais sustentáveis, um crescimento mais rápido e
desta forma, reduzindo o consu- justo, com menor impacto sobre
mo, reaproveitando e reciclan- o meio ambiente [139]. Gadotti
do os materiais, economizando e et.al. (2007) afirmam que uma 135
água, energia, recursos naturais, educação para o desenvolvimen-
formando cidadãos compro- to sustentável deve ser holística,
metidos com a causa ambien- transdisciplinar, crítica, constru-
tal e capaz de intervir na vida tiva, participativa, ou seja, uma
social, pública e política [117]. educação guiada pelo princí-
Neste contexto, as estratégias pio da sustentabilidade [133].
educativas que auxiliam a reso- Pode-se observar que a educa-
lução de problemas são favoreci- ção ambiental é um processo
das com frequência. O aprendi- que pode fornecer aos cidadãos
zado essencial inclui identificar, uma compreensão crítica e glo-
analisar e diagnosticar um pro- bal do meio ambiente, demons-
blema, pesquisar e avaliar di- trando valores e atitudes que
lhes proporcionem uma toma- natureza e busca a compreensão
da de posição consciente e par- dos problemas ambientais na
ticipativa no que diz respeito escola e no seu entorno [123].
às questões ligadas com a pre- Refletir sobre a complexida-
servação e adequado uso dos de ambiental abre espaço para
recursos naturais [140]. Desta um processo educativo arti-
forma, proporcionando o pleno culado e compromissado com
exercício da cidadania, pela for- a sustentabilidade, questiona
mação de uma base conceitual valores e premissas que nor-
abrangente, técnica, e cultural- teiam as práticas sociais hoje
mente capaz de permitir a su- existentes, implicando na mu-
136 peração dos obstáculos à utili- dança na forma de pensar, uma
zação sustentada do meio [132]. transformação no conhecimen-
A educação ambiental pressu- to e das práticas educativas
põe a capacidade de aprender, [134]. Gadotti e et. al. (2007)
criar e exercitar novas concep- afirmam que para os sistemas
ções e práticas de vida, da edu- educativos possam incorporar
cação e de convivência individu- em seus processos pedagógicos
al, social e ambiental capazes de a educação para o desenvolvi-
substituir os velhos modelos de mento sustentável, é necessário
esgotamento [141]. Baseando- educar o cidadão conscienti-
-se em um processo educativo zando-o da necessidade da sus-
voltado para a reflexão dos alu- tentabilidade ambiental [133].
nos a partir das relações com a Pensar em desenvolvimento
sustentável ou sustentabilidade tância da responsabilidade de
pressupõe ações práticas e te- cada de construir uma socieda-
óricas de Educação Ambiental. de mais igualitária e ambien-
“educar ambientalmente” passa talmente sustentável [133].
pela sensibilização a respeito da Reconhecer as questões per-
importância de ações ligadas à tinentes à temática ambien-
preservação e conservação do tal é fundamental na visão do
meio ambiente e do uso correto mundo e do ambiente, que im-
de seus recursos naturais [138]. plicam em relações sociais e
A preservação do meio ambien- culturais. Tal compreensão pro-
te depende de uma consciência porciona aos educadores uma
ecológica e a formação da cons- forma consciente e responsável 137
ciência depende da educação. para planejar estratégias peda-
A educação, nas suas diversas gógicas e atividades para um
possibilidades, cria um estimu- melhor desenvolvimento das
lante espaço que possibilita o habilidades, atitudes e valo-
repensar das práticas sociais e res no ambiente escolar [123].
o papel dos educadores como O grande desafio dos educado-
mediadores de um conheci- res ambientais é, de um lado,
mento necessário para que os o resgate e o desenvolvimen-
alunos possam compreender to de valores e comportamen-
o meio ambiente global e local, tos e de outro, os estímulos a
a interdependência dos pro- uma visão global e crítica da
blemas e soluções e a impor- temática ambiental e a promo-
ção de uma abordagem inter- lizada por meio da educação
disciplinar que possa resga- ambiental que possibilitará às
tar e construir saberes [127]. pessoas a construção de conhe-
Desta forma, a educação as- cimentos, valores, novas formas
sume um papel importante de ser, dentro de uma nova éti-
quando associada à formação ca, tornando-as aptas a esta-
de cidadãos críticos conscien- belecer uma relação de causa
tes de sua posição como agen- e conseqüência dos problemas
te transformador da sociedade, ambientais, discutir questões,
ajudando-os a conservar sua fixar propriedades, tomar de-
tradição cultural, novos valores cisões, exercer sua represen-
138 éticos com o objetivo de alcan- tatividade, buscando o desen-
çar a sustentabilidade em sua volvimento sustentável [136].
comunidade local, e ao mesmo Segundo Nunes (2009) “é pre-
tempo global. A educação am- ciso colocar, efetivamente, em
biental marca uma nova função prática, a Educação Ambiental
social da educação, não constitui – emancipatória, transforma-
apensa uma dimensão, nem um dora, participativa, abrangente,
eixo transversal, mas é respon- permanente, contextualizadora,
sável pela mudança da educação ética e interdisciplinar”. A Edu-
com um todo, em busca de uma cação Ambiental mostra-se uma
sociedade sustentável [125]. ferramenta capaz de auxiliar na
A construção de uma cidada- mudança de comportamento e
nia, portanto, poderá ser rea- conscientização necessária para
a sensibilização sobre ações e de vida adotado no último sécu-
atitudes danosas da humanidade lo, caracterizado pela utilização
que estão comprometendo a prá- da natureza de modo predató-
tica da sustentabilidade [142]. rio e indiscriminado. O repen-
A educação ambiental vem pro- sar de atitudes e valores fren-
por não apenas um papel, mas te a essa situação proporciona
uma missão à educação: a de re- aos indivíduos a decisão por
criar a sociedade de uma forma optar por ações mais sustentá-
mais justa e sustentável. Forman- veis em suas vidas.
do cidadãos capazes de atuar nas A educação ambiental abre ca-
esferas da vida pública e política minhos que possibilitam a cons-
a fim de favorecer os processos trução de sociedades mais sus- 139
de transformação social, promo- tentáveis, mais compromissadas
vendo mudanças nos modos de com as questões ambientais e
produção e consumo social, mo- com suas próprias vidas. Di-
dificando estilos de vida e tra- minuindo, desta forma, o risco
balhando visando a construção e a vulnerabilidade existentes
de uma sociedade ambiental- nas sociedades, atualmente. A
mente mais equilibrada [128]. educação ambiental como prá-
As práticas educativas voltadas tica é uma via de acesso que
para a temática ambiental são pode contribuir ao verdadei-
ferramentas, que podem con- ro modo de vida sustentável.
tribuir na revisão da postura
dos homens frente ao modelo
A Psicologia Como um Ambiental para o planejamen-
Suporte Para a to urbano da reconstrução das
Educação Ambiental cidades e reorganização social.
A Psicologia Ambiental O psicólogo atua com um gru-
é relativamente nova no Brasil po de profissionais de diferen-
e trata da inter-relação entre tes áreas para identificação do
ser humano e ambiente, seja problema. O objetivo dessa
este ambiente natural (criado união é fazer com que a situação
e mantido pela natureza) ou problema seja analisada sob o
construído (criado e mantido maior número de ângulos pos-
pelo homem). A área da psico- síveis, dando o suporte neces-
140 logia, de maneira geral, é a ci- sário para a compreensão e a
ência que busca compreender solução da situação o mais pró-
e atuar sobre as redes de rela- ximo do conceito de sustentabi-
cionamento estabelecidas entre lidade (que é o atendimento das
as pessoas, com suas famílias e necessidades da continuidade
comunidades, mas acabam es- dos aspectos econômico, social,
quecendo que o meio por onde cultural e ambiental da comu-
circulamos, no qual habitamos nidade humana), sem para isso
e trabalhamos, também é um prejudicarmos as demais comu-
elemento desta relação [143]. nidades vivas do planeta, nem
Na Europa, após a 2ª Guerra tampouco as futuras gerações.
Mundial foi iniciado os estudos A psicologia funciona neste caso
e ações na área da Psicologia como um suporte para a Edu-
cação Ambiental, pois atuará ambiente como um todo. Desta
de forma profunda nas pesso- forma fará a sociedade perceber-
as, levando em conta aspectos -se no contexto do meio ambien-
culturais, regionais. Geralmente te e mudar os hábitos de vida.
estes aspectos, não só nas ques- A psicologia ambiental suge-
tões ambientais, estão gravados re que o ser humano precisa
na memória, nos costumes, na de uma relação de maior pro-
cultura do indivíduo ou da co- ximidade com o seu lugar. Sen-
letividade. A educação ambien- tir-se pertencendo a algum lu-
tal seria o fim e a psicologia o gar possibilita a criação de um
meio. A educação ambiental vínculo afetivo com ele [145].
nada mais é do que a própria 141
educação, com sua base teórica Pesquisas da
determinada historicamente e Associação Americana de
que tem como objetivo final me- Psicologia – APA
lhorar a qualidade de vida e am- A Associação Americana
biental da coletividade e garan- de Psicologia (APA) realizou um
tir a sua sustentabilidade [144]. estudo para entender porque as
A psicologia ambiental atuará pessoas estão demorando tanto
na mudança de paradigmas para para perceber que devem se en-
trazer a compreensão de novos gajar no combate às mudanças
conceitos de crescimento, de- climáticas. Essa responsabilida-
senvolvimento e da ligação en- de se dá principalmente por mo-
tre a vida das pessoas e do meio tivos comportamentais, como
o consumo de energia e o cres- de querer agir estão: desconhe-
cimento populacional e mostra cimento, desconfiança, negação,
que a psicologia deveria exercer a sensação de que elas sozinhas
uma função maior nessa luta. não influem no cenário maior
O trabalho “Psychology and e pura e simplesmente a recu-
Global Climate Change: Addres- sa para alterar antigos hábitos.
sing a Multi-faceted Pheno- A APA destacou algumas ma-
menon and Set of Challenges” neiras de como a psicologia já
examina décadas de pesquisas está trabalhando para ultra-
e práticas psicológicas que fo- passar essas barreiras. A enti-
ram utilizadas em áreas ligadas dade reconheceu, por exemplo,
142 com as mudanças climáticas, que as pessoas utilizam mais
como meio ambiente conserva- aparelhos com boa eficiência
ção e desastres naturais [146]. energética se a economia deles
Os cientistas e ambientalistas for clara e imediata. Os equipa-
alertam que para minimizar os mentos que mostram o quanto
efeitos das mudanças climáti- de energia e de dinheiro estão
cas as pessoas deveriam mudar economizando são mais pro-
imediatamente seus hábitos, curados pelos consumidores.
entretanto o cidadão comum Outro exemplo prático que é ci-
simplesmente não tem esse sen- tado pelo estudo é um programa
timento de urgência. Entre os de adoção de sistemas mais efi-
fatores citados pelo estudo da cientes de controle de tempera-
APA para essa falta de vontade tura de residências, e consequen-
temente a redução do consumo lo, mas de sobrevivência [147].
energético, cerca de 20% das
pessoas aderiu maior quantida-
de, do que as que contaram ape-
nas com incentivos financeiros.
Outras áreas que a psico-
logia poderia ajudar são
no desenvolvimento de
leis ambientais, programas
de incentivos econômicos,
tecnologias de eficiência energé-
tica e métodos de comunicação. 143
A Educação usada junto com a
Psicologia Ambiental será im-
portante no desenvolvimento do
“pensamento sustentável”. So-
mos escravos de uma visão redu-
cionista, que muitas vezes rele-
ga à natureza a função de apenas
nos suprir de alimentos, energia,
matéria-prima e belas paisagens.
Viver de forma sustentável – em
equilíbrio com o meio ambien-
te – não é uma questão de esti-
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