Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BACIAS HIDROGRÁFICAS:
CENÁRIOS DO BRASIL E DA AUSTRÁLIA
Organização:
Vassiliki Boulomytis
GESTÃO SUSTENTÁVEL DE
BACIAS HIDROGRÁFICAS:
CENÁRIOS DO BRASIL E DA AUSTRÁLIA
Organizadora:
Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
1º Edição
2021
1
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - IFSP
Rua Pedro Vicente, 625 – Canindé. São Paulo, SP, CEP: 01109-010
Telefone +55 (11) 3775-4502
https://www.ifsp.edu.br
Coordenação:
Rubens Lacerda de Sá
Organização:
Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Autores:
Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis, Cristina Elsner de Faria, Iara Bueno Giacomini, Janice
Peixer, Antonio Carlos Zuffo, Urânia Tuan Cardozo, Luiza Ishikawa Ferreira, David Hamilton,
Gabriela Sponchiado Hein, Carmen Regina Mendes de Araújo Correia, Thalita Panegassi
Caporali, Ashantha Goonetilleke, Evanilde Benedito, Luciene Pimentel da Silva, Zaki Shubber,
Nick R. Bond, André Luís Sotero Salustiano Martim, Andreia Isaac, Denise Maria Elisabeth
Formaggia, Giane Cendron, Jaqueline Gil, Karoline Victor Serpa, Larissa Corteletti da Costa,
Matheus Maximilian Ratz Scoarize, Rafaela Faria e Yara Moretto
Revisão:
Cíntia Zorattini, Luís Cláudio Prudente Cicci e Marcelo Rosa Hatugai
Tradução:
Marina Pereira Pires de Oliveira
Pareceristas:
Adriana Marques, Bruno Franco de Souza, Ricardo Luiz Mangabeira e
Ruan Larisson Toninatto Vilela
Colaboração:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Câmpus Caraguatatuba,
Embaixada da Austrália no Brasil e Aliança Tropical de Pesquisa da Água
(TWRA, do inglês, Tropical Water Research Alliance)
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional
Para ver uma cópia desta licença, visite https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/legalcode.pt
2
SUMÁRIO
PREÂMBULOS 7
INTRODUÇÃO 11
1 ÁGUA E SOCIEDADE 15
1.1 Introdução à gestão dos recursos hídricos no Brasil
1.2 Importância dos Comitês de Bacias Hidrográficas
1.3 Panorama dos recursos hídricos no Brasil
1.4 Estruturação da gestão dos recursos Hídricos no Brasil
1.5 Participação social na gestão das águas
1.6 Educação ambiental na gestão das águas
1.7 Inovação social e trilha para a sustentabilidade
3
3 GESTÃO DE CONFLITOS PELO USO DA ÁGUA 53
3.1 Definição no contexto hídrico
3.2 Relevância da gestão de conflitos pelo uso da água
3.3 Principais causas de conflitos pelo uso da água
3.4 Conflitos como janela de oportunidades
3.5 Ciclo de vida dos conflitos
3.6 Ferramentas para análise de conflito
3.7 Gestão de conflitos na prática
3.8 Solução de conflitos pelo uso da água no Brasil
3.9 Dicas valiosas para a gestão de conflitos pelo uso da água
4 SEGURANÇA HÍDRICA 79
4.1 Definição de segurança hídrica
4.2 Paradigma do conceito de segurança hídrica
4.3 Impactos da escassez hídrica na sociedade
4.4 A segurança hídrica e o desenvolvimento social e econômico
4.5 Cidadania hídrica
4.6 Formas de aprimorar a segurança hídrica
4.7 Plano nacional de segurança hídrica
4
5 GESTÃO URBANA DAS ÁGUAS 96
5.1 Ocupação desordenada e contaminação hídrica
5.2 Abastecimento de água para as áreas urbanas
5.3 Propriedades da água para cada tipo de consumo
5.4 Integração de políticas públicas para gestão hídrica e urbana
7 BIOINDICADORES 126
7.1 Tipos de bioindicadores
7.1.1 Microrganismos
7.1.2 Protozoários ciliados
7.1.3 Algas
7.1.4 Macroinvertebrados bentônicos
7.1.5 Macrófitas aquáticas
7.1.6 Peixes
5
7.2 Ferramentas de bioindicação
7.2.1 Índices
7.2.2 Medidas de diversidade funcional
7.2.3 Índices multimétricos
6
PREÂMBULO PELA COORDENADORIA DE RECURSOS
HÍDRICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO
O
conceito de gestão de recursos hídricos é recente no Brasil e vem sendo conso-
lidado desde meados da década de 1980. Até então, o planejamento se dirigia
principalmente às iniciativas setoriais voltadas ao aproveitamento dos recursos
hídricos, dando ênfase às audaciosas obras de engenharia.
Neste cenário, a gênese do modelo de gestão vigente no país deu-se a partir de um
conflito de uso na metrópole paulista, envolvendo a operação do sistema hidráulico
do Alto Tietê, composto basicamente de um reservatório na serra do mar (atual represa
Billings) e do canal retificado do rio Pinheiros, que reverte parte da vazão do rio Tietê
até a Billings para aproveitar a queda de 700 m, e assim gerar energia na Usina Henry
Borden. Por décadas, a oferta de energia garantiu a industrialização e urbanização da
região, porém, a ocupação desordenada e a falta de saneamento levaram à poluição
acelerada dos rios e da represa Billings em níveis alarmantes nas décadas de 60 e 70.
Este conflito fomentou o Acordo entre o Ministério de Minas e Energia e o Governo
do Estado de São Paulo. Inspirado no modelo francês de gestão de recursos hídricos,
implantado em 1964, criou o embrião do primeiro Comitê de Bacias do Brasil, em
1976, na região do Alto Tietê. O modelo foi adaptado e replicado em outras bacias e
discussões nacionais, em meados dos anos 80, levaram à proposição do Projeto de Lei
que originou a Lei nº 9433/1997, consolidando os princípios, diretrizes, instrumentos e
arranjos institucionais da moderna política nacional de recursos hídricos, que até hoje
segue sendo aprimorada sob a égide da participação, integração e descentralização.
Essa obra faz parte do esforço acadêmico de clarear os conceitos fundamentais para
a adequada compreensão da gestão hídrica e se revela como literatura recomendada
para aqueles que desejam conhecer ou fazer parte da gestão dos recursos hídricos.
Embora a gestão de recursos hídricos seja, por definição, transversal, implicando na
visão holística e na articulação de políticas públicas para garantir o uso sustentável das
águas, a adjetivação da gestão como sustentável se justifica por identificar pontos re-
levantes e atuais, que nem sempre são lembrados nos processos de tomada de decisão.
O esforço dos autores em entregar cuidadosa pesquisa, organizando as informações de
forma didática, precisa ser aproveitado, pois a apropriação do conhecimento sistema-
tizado qualifica a participação.
Desejo que todos possam aproveitar os conteúdos do livro, os quais são aplicáveis às
diferentes peculiaridades das bacias hidrográficas de nosso país.
Eng. Rui Brasil Assis
Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Coordenador de Recursos Hídricos
7
Preâmbulo
E
sta obra é fruto do projeto de extensão “Práxis Educativa na Gestão Sustentável
dos Recursos Hídricos”, no contexto do Edital IFSP PRX Nº196 e da interação
de diversos profissionais brasileiros e australianos com apoio da Embaixada da
Austrália no Brasil e da Associação Aliança Tropical de Pesquisa da Água.
As reflexões aqui trazidas estabelecem a gestão como a base para a solução de pro-
blemas relativos aos recursos hídricos. O Brasil tem notória dificuldade de estabelecer
gestões eficientes na iniciativa pública, que pode ser demonstrada pelas diversas “crises
hídricas” espalhadas em todo o território, bem como “apagões de luz” decorrentes
da matriz energética brasileira ser majoritariamente dependente da disponibilidade
hídrica. No entanto, o problema de gestão não é exclusivamente público, basta citar
as inúmeras barragens em risco de rompimento em todo o território, que colocam em
alerta as nossas bacias hidrográficas, como ocorrido nos acidentes de Brumadinho (Rio
Paraopeba - afluente da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco) e Mariana (Bacia
Hidrográfica do Rio Doce).
Vale lembrar que o homem, como indivíduo e cidadão, também é responsável por este
sistema, e assim, tem a obrigação de cobrar dos responsáveis, cuidar daquilo que lhe
compete e compartilhar racionalmente as suas demandas e soluções. No entanto, fica
evidente a necessidade de conhecimento e educação da população. Diante disso, a
produção deste livro trás inúmeras reflexões constituídas por diversas áreas do conhe-
cimento que qualificam esta obra com uma perspectiva transdisciplinar para a solução
dos problemas relacionados à água. Além disso, tentar cumprir a missão de iluminar
as mentes para mudar a realidade de nossa sociedade e estimular o aprimoramento
do sentimento humano pelo respeito ao bem comum. Assim, um livro construído
por muitas mãos guiadas pela troca da experiência e doação de seu saber, leva com
generosidade aos leitores, a possibilidade de aprimoramento e o esclarecimento sobre
as consequências dos impactos ambientais sobre as bacias hidrográficas. Além disso,
aponta caminhos e soluções através do compartilhamento de experiências na tentativa
de um diálogo democrático e plural sensibilizando desde crianças aos mais experientes
de que não há mais tempo para começar a pensar em novos horizontes.
Em nome de todos os pesquisadores da TWRA parabenizo a todos os autores pelo
exemplo de coragem, dedicação e amor expressado em cada capítulo deste trabalho,
que só traz orgulho e estímulos para novas obras inspiradoras como esta. Que todos os
leitores possam se inspirar nos conhecimentos trazidos para transformarmos a nossa
sociedade e consequentemente, um país mais equilibrado para a construção de um
desenvolvimento sustentável.
Prof. Dr. José Francisco Gonçalves Jr.
Fundador e Presidente da TWRA
8
Preâmbulo
A
Austrália e o Brasil compreendem a importância da água para garantir a segu-
rança, a prosperidade e o estilo de vida de seus cidadãos. Como grandes produ-
tores de energia, contamos com a água para manter as luzes acesas nas casas
e as indústrias em produção. Como grandes exportadores agrícolas, dependemos da
água para cultivar grãos, vegetais e proteína animal necessários para colocar alimentos
nos pratos de uma crescente população global.
Ambos os países também estão na linha de frente para o enfrentamento das mudan-
ças climáticas. Temos desafios comuns relacionados à água ao lidar com os efeitos de
secas, enchentes e outros eventos climáticos extremos. Se quisermos preservar nossos
recursos hídricos, e tudo o que deles depende para as gerações futuras, a cooperação
internacional e o compartilhamento de conhecimento são essenciais.
Reconhecendo a centralidade de executar ações colaborativas para enfrentar os desa-
fios relacionados aos recursos hídricos, os governos do Brasil e da Austrália renovaram
recentemente seu Memorando de Entendimentos bilateral sobre Cooperação na Área
de Gestão da Água. O Memorando fornece um arcabouço importante para fomentar
a cooperação técnica entre ambos os países em temáticas relacionadas à escassez de
água e à gestão eficiente dos recursos hídricos.
O Memorando já trouxe resultados tangíveis, incluindo o apoio para o estabeleci-
mento da Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA) no Brasil, com o objetivo de
promover conexões entre acadêmicos e pesquisadores brasileiros e australianos. Outro
resultado é o projeto “Práxis Educativa na Gestão Sustentável dos Recursos Hídricos”
implementado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
(IFSP), Câmpus Caraguatatuba, pelo qual foi ofertado o curso de formação à distância
“Problemas e Soluções para Gestão de Bacias Hídricas”. Para a produção e publicação
deste livro “Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas”, a participação do IFSP, Câm-
pus Caraguatatuba, e da TWRA foram fundamentais.
A Embaixada da Austrália no Brasil tem orgulho de apoiar esta iniciativa, motivo pelo
qual parabenizo a todos os pesquisadores envolvidos. Seus esforços são uma contri-
buição importante para aprimorar a gestão dos recursos hídricos em ambos os países
e um marco para o relacionamento Brasil-Austrália.
Timothy Kane
Embaixador da Austrália no Brasil
9
Foto: Tourism Australia
10
Introdução
O
presente livro é fruto de um projeto colaborativo desenvolvido entre professores,
pesquisadores e demais profissionais comprometidos com a gestão eficiente dos
recursos hídricos. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo (IFSP), com o apoio da Embaixada da Austrália no Brasil e da rede de pesquisa-
dores brasileiros e australianos do Tropical Water Research Alliance (TWRA), concebeu
em 2020 o projeto de extensão “Práxis Educativa na Gestão Sustentável dos Recursos
Hídricos”, no contexto do Edital IFSP PRX Nº196. O projeto foi coordenado pela Profa.
Dra. Vassiliki T. G. Boulomytis com a colaboração da equipe formada pela Profa. Dra.
Janice Peixer, Prof. Dr. Leandro C. de L. Peixoto, Prof. Me. Marcelo Hatugai, Prof. Me.
Mauro R. Chaves, Prof. Esp. Renan Mendes e Profa. Me. Vivian A. de Oliveira. Como
alunos e alunas bolsistas do IFSP Câmpus Caraguatatuba (CAR) participaram do proje-
to: João Victor G. Chagas, Lucas P. Stoppa, Michael P. R. de Souza, Rafael F. de Morais,
Thalita P. Caporali e Urânia T. Cardozo.
Por meio do projeto foram promovidos 13 webinários intitulados “Desafios para a Ges-
tão Sustentável de Bacias Hidrográficas”, que contou com a participação de mais de
50 palestrantes brasileiros e australianos. O ciclo de webinários compôs parte do curso
EaD “Problemas e Soluções para a Gestão de Bacias Hidrográficas”, que foi ofertado
para 80 alunos, entre eles diversos membros de Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs)
de todo o Brasil.
Assim, esse livro sistematiza os principais debates técnicos e as boas práticas de gestão
das águas discutidas no projeto. O objetivo é compartilhar boas práticas e disseminar
conhecimento para subsidiar os processos de tomada de decisão dos membros de
CBHs de forma sustentável e participativa.
11
Introdução
um ambiente colaborativo para a formulação de políticas públicas para a gestão dos re-
cursos hídricos, desde a década de 1980 foram criados os CBHs. Os membros dos comitês
são responsáveis por discutir e avaliar os reais interesses e demandas pelo uso das águas.
Dessa forma, é indispensável conhecer e discutir questões técnicas, sociais, políticas,
econômicas, ecológicas e culturais para subsidiar os processos de tomada de decisão.
Conhecer a evolução das ferramentas utilizadas para a gestão dos recursos hídricos; as
formas de gerir os conflitos pelo uso da água; os desafios encontrados para obter segu-
rança hídrica, com foco especial para a gestão das águas urbanas; as particularidades dos
ecossistemas aquáticos; e as práticas para a condução de diálogos construtivos à rotina
dos Comitês de Bacias Hidrográficas são alguns dos assuntos explorados nesse livro.
Apresentação do Livro
O livro “Gestão Sustentável das Bacias Hidrográficas” materializa o conhecimento e a
sinergia entre pesquisadores brasileiros e australianos, com o intuito de refletir sobre
problemas comuns, causas e possíveis soluções. A proposta é propiciar aos membros dos
CBHs o conhecimento básico essencial para participar de processos coletivos de tomada
de decisão, representando sua comunidade de forma efetiva, democrática e transparente.
Pensando nas temáticas abordadas pelos CBHs, o livro foi estruturado em 8 capítulos que
tratam de assuntos técnicos e metodologias para gestão das águas. O primeiro capítulo
discute sobre os conceitos básicos de gestão dos recursos hídricos, a importância dos CBHs
para as tomadas de decisão e a necessidade de ações de educação ambiental para disse-
minação de conhecimento na sociedade. O segundo capítulo contextualiza a história da
gestão dos recursos hídricos no Brasil e apresenta os instrumentos a serem utilizados pelos
membros de CBHs para fins de gerenciamento e planejamento das águas. No terceiro capí-
tulo são apresentados os desafios para a gestão de conflitos pelo uso da água, com várias
técnicas sugeridas para resolução dos mesmos. O capítulo 4 explana sobre a segurança
hídrica necessária para o atendimento de todas as demandas ao uso da água. A gestão
das águas urbanas é tradada no capítulo 5, mostrando a problemática do uso e ocupação
12
Introdução
irregular do solo, além das possíveis soluções para minimizar os impactos no bem estar das
comunidades e na qualidade dos ecossistemas aquáticos. Os capítulos 6 e 7 discutem sobre
as espécies invasoras e os indicadores biológicos dos ecossistemas aquáticos, respectivamen-
te. Primeiramente, são relatados os tipos das espécies invasoras comumente encontradas
nas águas e os impactos que elas podem representar ao meio. No capítulo conseguinte, os
bioindicadores são apresentados como forma de indicar o padrão de qualidade das águas.
No oitavo e último capítulo, são apresentadas diversas formas de promover a articulação
entre os diferentes atores, que ocorrem por meio de ações colaborativas e de uma comuni-
cação eficaz para o acesso à informação e sensibilização das comunidades.
O padrão inovador do livro, com o uso de “QR codes” (códigos de resposta rápida, do
inglês, Quick Response), possibilita ao leitor o acesso a diversos materiais disponibilizados
gratuitamente online, de forma a se aprofundarem nos assuntos de maior interesse.
A riqueza de figuras visa mostrar o contexto real de cada um dos assuntos abordados ao
longo do livro, além de cenários deslumbrantes do contexto hídrico do Brasil e da Austrália.
A disponibilização do livro digital gratuito nos sites institucionais dos colaboradores é um
exemplo de prática sustentável, promovendo também o acesso ilimitado ao conhecimento.
Por fim, esperamos que este livro auxilie no trabalho dos membros de CBH, enrique-
cendo o debate sobre o uso consciente da água e facilitando o intercâmbio de soluções
e boas práticas para a gestão dos recursos hídricos.
Boa leitura!
Foto: Tourism Australia
13
Foto: Anderson Souza
A
Carmen Regina Mendes de Araújo Correia
Luciene Pimentel da Silva
Urânia Tuan Cardozo
Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Crianças na terra indígena do Alto Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira, AM, Brasil.
15
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Governo
MDR SNSH GOVERNOS
Estadual
Fonte: ANA (2020)
Órgão ou ÓRGÃOS
ANA Entidade GESTORES
Estadual
Comitê FÓRUM DE
de Bacia DEBATES
ESCRITÓRIO
Agência TÉCNICO
de Água
16
Água e Sociedade Capítulo 1
Para a formulação da PNRH, além da ANA, das agências estaduais e dos conselhos, o QUADRO 1-01
SINGREH conta também com as agências de bacias hidrográficas e seus respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs). As agências se articulam com os comitês, que, Vídeo “CBH:
junto com o CNRH e CERH, constituem os organismos colegiados onde é institucio- O que é e o
nalizada a participação social. Os CBHs são grupos colegiados formados pelos setores que faz?”
usuários da água, da sociedade civil e do poder público.
Os membros dos CBHs representam o poder público e a sociedade civil, mas nem
sempre são especialistas na área de recursos hídricos. Por outro lado, também há
membros que são especialistas focados em um único aspecto da água, desconsideran-
do os demais que são igualmente relevantes para a discussão. Assim sendo, para que
ocorra uma gestão participativa eficiente, torna-se necessário que as diferentes áreas
de conhecimento, dimensões de gestão e escalas espaço-temporais sejam considera-
17
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Palestra do IFSP sobre alagamentos para os jovens da zona sul de Caraguatatuba, SP, Brasil.
18
Água e Sociedade Capítulo 1
O manejo inadequado das áreas rurais também prejudica a oferta hídrica, devido à
compactação do solo e, por consequência, aumento do escoamento superficial, da
erosão e da perda de nutrientes dos solos. Esses sedimentos são escoados para as QUADRO 1-02
partes mais baixas dos terrenos e para os córregos, rios e lagos, promovendo blo-
queios nas calhas e aumento de nutrientes nas águas. Isso acaba potencializando Cartilha “A poluição
o risco de inundações e de eutrofização. Nos sistemas agropecuários, onde o uso das águas e as
de produtos agroquímicos é intenso, também ocorrem a degradação e poluição dos cianobactérias”
sistemas hídricos.
Foto: Luciene Pimentel da Silva
19
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Eutrofização natural nos pântanos das florestas de eucaliptos, Albury, VIC, Austrália.
20
Água e Sociedade Capítulo 1
Foto: Rogério Ribeiro Marinho
Por outro lado, os períodos de estiagem têm sido mais longos, mesmo durante o verão,
quando antes eram esperados os maiores volumes pluviométricos. Com isso, tende a
ser observada a ocorrência mais frequente de níveis d’água críticos nos reservatórios
brasileiros, levando às crises hídricas, como as de 2014 e 2021 em diversas regiões
brasileiras.
A escassez de recursos hídricos também interfere no sistema energético brasileiro, uma
vez que a geração de energia depende, predominantemente, das usinas hidrelétricas.
Além disso, afeta o agronegócio, pelas demandas crescentes por irrigação e avanço das
fronteiras agrícolas, constituindo o chamado nexo água, energia e alimento.
Outro grande problema para a agricultura refere-se ao uso de hidrovias para o transpor-
te de grãos. Quando os níveis d’água estão baixos, as hidrovias tornam-se impróprias
para a navegação. Tudo isso faz com que as crises hídricas estremeçam as relações
entre os usos sociais e econômicos da água, com potencial de geração de conflitos.
Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Nível baixo da Represa de Igaratá durante a crise hídrica de 2021, SP, Brasil.
21
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 1-04 No Brasil, a evolução da situação dos recursos hídricos é documentada no Relatório
de Conjuntura dos Recursos Hídricos. O relatório faz um balanço atualizado da im-
“Relatório de plementação dos instrumentos de gestão, dos avanços institucionais do sistema e da
Conjuntura dos política nacional de gerenciamento dos recursos hídricos. O documento é elaborado
Recursos Hídricos pela ANA, conforme consta na Resolução nº 58/2006 do CNRH, e sua primeira versão
no Brasil “ foi publicada em 2009.
22
Água e Sociedade Capítulo 1
23
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
24
Água e Sociedade Capítulo 1
Curso de extensão sobre saneamento ambiental nas comunidades da Bacia do Rio Jacu, SP, Brasil.
25
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
26
Água e Sociedade Capítulo 1
Fonte: ONU Brasil (2021)
5 P’s da Sustentabilidade
No contexto dos compromissos assumidos pelo Brasil como membro da ONU e dos
marcos normativos e legais da Eco-92, foi estabelecida a Política Nacional de Educa-
ção Ambiental (PNEA) instituída pela Lei nº 9.795/1999. O enfoque é humanista, ho-
lístico, democrático e participativo. A PNEA envolve em suas esferas de ação, órgãos e
entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), instituições
educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, órgãos públicos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de organizações não governa-
mentais com atuação em EA. Na regulamentação da PNEA, está prevista a inclusão da
EA em todos os níveis e modalidades de ensino, tendo como referência os Parâmetros
Curriculares Nacionais, integrada às demais disciplinas de forma transversal, contínua
e permanente.
27
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
pelas questões sociais, entre eles a lacuna na equidade e justiça social. As emergên-
cias pandêmicas em 2020 e 2021 evidenciaram a grande lacuna entre os mais pobres
e os mais ricos.
Há um contingente considerável no Brasil que vive em locais degradados, sem garan-
tias das necessidades básicas dos serviços de saneamento e saúde, ou em áreas susce-
tíveis a desastres naturais. O número de moradias em assentamentos informais quase
dobrou entre 2010 e 2019 (IBGE, 2019).
A ideia de inovação social tem sido apontada como um dos caminhos para o enfrenta-
mento das questões sociais, promovendo geração de renda, inclusão social e melhoria
da qualidade de vida da população mais vulnerável. Assim como as empresas podem
inovar com tecnologias, medicamentos e ciência para responder às demandas atuais,
cada sujeito pode também responder aos desafios socioambientais e econômicos por
meio da mudança de comportamento e da forma como se relaciona com o meio am-
biente e a sociedade, ou seja, aderindo à inovação social.
Na questão da água, observa-se a necessidade da mudança de paradigmas e a necessidade
de se promover o seu uso racional, o reúso das águas pluviais e de efluentes, a universaliza-
ção do saneamento básico, assim como a adesão às soluções baseadas na natureza. Foto: Rogério Ribeiro Marinho
Sistema de captação de água de chuva nas comunidades do Rio Uaupês, AM, Brasil.
28
Água e Sociedade Capítulo 1
QUADRO 1-08
Livro “Visão da
ANA sobre os
indicadores”
Fonte: ANA (2020)
29
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 1-09
ESTUDO DE CASO
30
Água e Sociedade Capítulo 1
Foto: Luciene Pimentel da Silva
Agricultura urbana em telhados verdes – Escola Teófilo Moreira da Costa, RJ, Brasil.
31
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
32
Água e Sociedade Capítulo 1
Categorias Comunicação e Participação do Sistema de avaliação de programas e projetos de educação ambiental para
gestão de recursos hídricos – Sapea-Água.
COMUNICAÇÃO
INDICADORES MEIOS DE VERIFICAÇÃO
Divulgação de informações sobre Descreve as ações de comunicação indicando o
as ações do programa/projeto e título, os meios de comunicação, assim como
sobre a conservação e gestão dos seus períodos de divulgação, finalidade e perfil
recursos hídricos locais por meio do público alvo.
de diversos meios de comunicação
com a finalidade de ampliar a par-
ticipação da população local em Apresenta materiais textuais, digitais e fotográ-
processos decisórios e de controle ficos produzidos nas ações de comunicação.
social dos recursos hídricos locais.
O número e o perfil do público alvo atingido
pelas ações de comunicação estão em conso-
nância com as metas previstas.
33
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
PARTICIPAÇÃO
INDICADORES MEIOS DE VERIFICAÇÃO
34
Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
A
Antônio Carlos Zuffo
Rafaela Silva de Faria
Thalita Panegassi Caporali
Urânia Tuan Cardozo
Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
36
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
Foto: Jean-Baptiste Debret
Passagem de um rio vadeável do livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-1839)” QUADRO 2-01
37
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 2-02 Em 1972, foi realizada em Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas so-
bre o Meio Ambiente Humano. Essa conferência é reconhecida como um marco nas
“Códigos das tentativas das Nações Unidas em melhorar as relações do ser humano com o meio
Águas” ambiente, visando a busca por um equilíbrio entre crescimento econômico e redução
da degradação ambiental, em busca de um desenvolvimento sustentável. Ela teve um
papel fundamental na inserção das problemáticas ambientais nas agendas dos países,
além da conscientização da população. Pela primeira vez, o mundo dirige sua atenção
para os problemas relacionados ao crescimento da população mundial absoluta, da
superexplotação dos recursos naturais e da poluição atmosférica.
38
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Em 1997 é promulgada a Lei nº 9.433, que define a Política Nacional de Recursos Hídricos, QUADRO 2-03
também conhecida como Lei das Águas. A partir de então, todos os agentes envolvidos em
atividades relacionadas ao gerenciamento de recursos hídricos passaram a gozar de legitimi- Sistema
dade necessária para prosseguir em seus respectivos cursos de ação (MORAES, 2009). Nacional de
Gerenciamento
Em julho de 2000 é promulgada a Lei nº 9.984, que dispôs sobre a criação da Agência Na- de Recursos
cional de Águas (ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos
Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
•
39
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 2-04
•
Vídeo “Lei das
A gestão dos recursos hídricos no Brasil abrange vários componentes do planejamento
Águas do Brasil”
e gerenciamento dos corpos d’água no espaço da bacia hidrográfica conjuntamente
com a questão política, econômica e social do território. Ela envolve aspectos institu-
cionais como legislação, diagnóstico e planejamento dos usos da água, estratégias e
metas de desenvolvimento, preservação e conservação ambiental.
nascente
cursos d’água
divisor de águas
exutório
direção do escoamento
No Brasil, existem 12 regiões hidrográficas, sendo que cada região pode envolver bacias,
sub-bacias ou um grupo de bacias hidrográficas próximas, possuindo características
geográficas, sociais e econômicas similares, sendo definidas pelo Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (CNRH). Essa divisão tem por objetivo orientar o planejamento e o
gerenciamento de recursos hídricos no País.
40
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
Fonte: SIGRH (2018)
Amazônica Paraguai
Outro ponto importante refere-se aos instrumentos que estabelecem meios de aplica-
ção da gestão de forma a garantir a qualidade e a racionalidade no seu uso, tais como
os planos de recursos hídricos, o enquadramento dos corpos de água em classes, a
outorga dos direitos de uso destes recursos, a cobrança pelo seu uso e o Sistema de
Informações sobre Recursos Hídricos:
41
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
42
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
A PNRH também estabelece os membros que são integrantes do SINGREH, sendo eles:
o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; a ANA; os conselhos de recursos hídricos
dos Estados e do Distrito Federal; os CBHs; os órgãos dos poderes públicos federal,
estaduais, municipais e do Distrito Federal, cujas competências se relacionem com a
gestão de recursos hídricos.
ÓRGÃO FUNÇÃO
Conselho Nacional de Recursos Hídricos Desenvolve regras de mediação entre os
(CNRH) diversos usuários da água. Aprova e esta-
belece diretrizes para implementação da
PNRH.
Conselhos de recursos hídricos dos esta- Encaminham questões para serem delibe-
dos e do Distrito Federal radas pelo Conselho Nacional de Recur-
sos Hídricos. Deliberam sobre assuntos
relacionados às acumulações, derivações,
captações e lançamentos de pouca ex-
pressão, para efeito de isenção da obri-
gatoriedade de outorga de direitos de uso
de recursos hídricos.
Comitês de bacias hidrográficas (CBHs) Espaço em que representantes da comu-
nidade de uma bacia hidrográfica discu-
tem e deliberam a respeito da gestão dos
recursos hídricos.
Secretaria Nacional de Segurança Hídrica Integração de políticas, sustentabilidade
(SNRH) socioambiental e no controle e participa-
ção social.
Agência Nacional de Águas e Saneamen- Regula o acesso e uso dos recursos hídri-
to Básico (ANA) cos, emite e fiscaliza o cumprimento das
normas e elabora ou participa de estudos
estratégicos.
Agências de Água Secretaria executiva do Comitê de Bacia
Hidrográfica.
Funções dos órgãos de gestão hídrica
Com base nas atribuições estabelecidas pela PNRH, em parceria com o Ministério de
Desenvolvimento Regional, a ANA desenvolveu o Plano Nacional de Segurança Hídri-
ca (PNSH) de forma a garantir ao Brasil um planejamento integrado e consistente de
infraestrutura hídrica de forma a reduzir os impactos de secas e cheias. Uma grande
inovação relacionada ao PNSH é a apresentação de um índice de segurança hídrica (ISH) QUADRO 2-06
que engloba quatro dimensões: ecossistêmica, econômica, humana e de resiliência. Para
garantir a segurança hídrica é essencial a atuação de uma gestão integrada dos recursos Acervo da ANA
hídricos, que no Brasil, é norteada pela PNRH.
A ANA disponibiliza um acervo virtual com cartilhas, livros e vídeos que tratam sobre
o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e Instrumentos da PNRH.
O acervo tem informações detalhadas que incluem desde a definição dos comitês de
bacias hidrográficas até os sistemas de informação utilizados na gestão das águas.
•
43
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
44
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
Réguas linimétricas para leitura do nível d’água do Rio Yarra – Abbotsford, VIC, Austrália
45
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Diferentemente de uma partitura, o plano de bacia tem prazo de validade, uma vez
que há a necessidade de atualizações. Uma bacia é dinâmica e o que se busca é o seu
desenvolvimento sustentável e integral. O que foi realidade no passado pode não servir
no presente, justamente por causa dessa dinâmica.
46
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
47
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Nesse último caso, procura-se identificar quais foram os problemas ou limitações ob-
servadas, se houve alguma mudança interna ou externa que possa ter alterado as
condições inicialmente consideradas. Assim, procede-se a uma reavaliação do plano e
estratégias procurando resolver o problema anteriormente identificado, realimentando
o processo de planejamento com novas informações decorrentes dessa avaliação ini-
cial, fechando-se o ciclo, que é repetido continuadamente e visando sempre o aperfei-
çoamento da estratégia de ação e, consequentemente, melhorando a gestão.
Área Agrícola e açude para dessedentação de animais - Bueno Brandão, MG, Brasil
48
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
No Brasil, além das bacias nacionais, existem as bacias estaduais, que podem até
mesmo ser interestaduais. Nesse caso, há uma gerência estadual e outra federal. Estas
devem ter seus planos elaborados da mesma maneira. Como exemplo, cita-se o Esta-
do de São Paulo, que é composto por 22 bacias, institucionalizadas por 22 unidades
de gerenciamento de recursos hídricos (UGRHI). Essas UGRHIs deverão produzir seus
planos de bacias individuais, que deverão subsidiar as ações estratégicas previstas no
Plano Estadual de Recursos Hídricos, que, juntamente com os outros planos estaduais,
nortearão os Planos das Regiões Hidrográficas, que, por sua vez, nortearão o Plano
Nacional de Recursos Hídricos. Isso equivale dizer que o planejamento deve partir de
um universo micro para um universo macro, pois as partes deverão compor o todo.
BARTH (1987) apresenta uma definição para o planejamento bastante perspicaz, quando
diz: “Planejamento no conceito da ciência econômica, onde é bastante empregado, é a forma de
conciliar recursos escassos e necessidades abundantes”. Assim, o planejamento dos recursos
hídricos, considerando a disponibilidade restrita desse recurso, envolve um conjunto de pro-
cedimentos organizados que permite a orientação do atendimento das demandas de água.
O gerenciamento dos recursos hídricos tem por objetivo assegurar a disponibilidade de
água em quantidade e qualidade suficientes e satisfatórias para a atual e as próximas
gerações. Para isso, deve ser resultante de um processo de planejamento, fundamental
para esse modelo de gerenciamento, que busca o uso racional da água e das medidas
necessárias para minimizar problemas relacionados à disponibilidade desse recurso. O
processo de planejamento dos recursos hídricos é desenvolvido a partir do meio social
e político através dos meios técnicos e decisórios para atender as demandas socioeco-
nômicas, em consonância com as diretrizes político-administrativas.
49
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Cobrança
pelo uso da
água
Sistema de
Enquadramento informações
dos corpos
d’água Plano de
Recursos
Hídricos
O espaço decisório para as deliberações setoriais deve ser organizado de forma a assegu-
rar o suprimento aos usos já estabelecidos, de acordo com o previsto por regras pré-es-
tabelecidas, no que se refere à quantidade e à qualidade da água (ANEEL e ANA, 2001).
O conteúdo mínimo previsto na Lei está complementado pelas Resoluções nº 17/2001
e nº 22/2002 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. A primeira estabelece as
diretrizes para os planos por bacias hidrográficas, detalhando e recomendando os oito
tópicos que o integrarão, além de apresentar um fluxograma do processo de elabora-
ção desses planos.
A segunda resolução diz respeito às diretrizes para inserção dos estudos das águas sub-
terrâneas nos planos de recursos hídricos, incorporando a temática dos usos múltiplos
da água, as peculiaridades dos aquíferos e os aspectos relacionados não só em relação
à quantidade, mas também à qualidade.
50
Planos para a Gestão dos Recursos Hídricos Capítulo 2
QUADRO 2-08
51
Foto: Flávia Campos Martins
D
resolver conflitos já estabelecidos”.
Iara Bueno Giacomini
Zaki Shubber
Vídeo “Atuando
na gestão de
conflitos”
Foto: Tourism Australia.
53
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 3-02 Fala-se em “arte” porque vai além da ciência a capacidade de se conectar com os
usuários concorrentes, ouvi-los e compreender seus posicionamentos, justificativas e
Vídeo “Poder interesses, vislumbrando zonas de possíveis convergências e acordos. Também é uma
da Empatia” arte a habilidade de transmitir a própria posição de forma construtiva, permitindo às
partes interessadas irem além do conflito para alcançar espaços de busca de soluções
(SHUBBER, 2017).
•
Assim, como ponto de partida para fazer gestão de conflito pelo uso da água é ne-
cessário ter um arcabouço de qualificações, técnicas e não técnicas. Isso porque as
disputas hídricas geralmente ocorrem entre atores que possuem diferentes:
• Posicionamentos (querem coisas distintas), interesses (por motivos distintos) e
valores (baseados em necessidades distintas);
• Entendimentos, conhecimentos e relações com a água;
• Níveis de poder para influenciar a resolução do conflito.
54
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
Diante desse cenário, é necessário buscar cooperação entre as partes envolvidas para
minimizar perdas (MITCHELL; ZAWAHRI, 2015) e aumentar benefícios. Entretanto,
estabelecer arranjos de cooperação hídrica, que acomodem os usos competitivos de
todos os usuários interessados, não é uma tarefa simples. Por exemplo, apesar da
existência de 310 bacias hidrográficas internacionais (transfronteiriças), distribuídas
em 148 países, que drenam 80% das águas fluviais do mundo e abastecem 40% da
população global (MCCRACKEN et al., 2018a; MCCRACKEN; WOLF, 2019), apenas
140 tratados de rios internacionais (WOLF, 1997) e 119 organizações internacionais de
bacias hidrográficas foram formalizados até recentemente (SCHMEIER, 2012).
Entre as complexidades inerentes à gestão e governança da água estão o aumento pela
demanda hídrica com padrões mínimos de qualidade, a diminuição da disponibilidade
e a escassez de acordos e protocolos de cooperação hídrica. Assim, considerando tais
complexidades, incorporar a gestão de conflitos à gestão das águas é uma necessidade
urgente. O mesmo ocorre com a capacitação dos representantes dos comitês de bacias
hidrográficas (CBHs), dos gestores hídricos e dos tomadores de decisão nessa área do
conhecimento.
Segundo Wolf (1997) a gestão das águas é, por definição, gestão de conflitos. As ra-
zões dessa afirmação são as seguintes:
• Ao contrário de outros recursos escassos e consumíveis, a água é utilizada para
atender uma longa lista de demandas da sociedade, que variam da biologia à
economia, da estética à espiritualidade e da ecologia à política (WOLF, 1997);
• A sua administração é geralmente fragmentada e, muitas vezes, está sujeita a
princípios legais vagos, misteriosos e contraditórios (WOLF, 1997);
• A água é o único elemento que possui três atributos (mostrados no quadro a
seguir) que a caracterizam ao mesmo tempo como bem público, privado e patri-
mônio de uso comum (VAN DER ZAAG, 2015).
Assim, não existe gestão da água para um único objetivo. Toda gestão hídrica é mul-
tiobjetiva e baseia-se no desenvolvimento de interesses e usos concorrentes, mui-
tos dos quais estão constantemente em desacordo. A inserção de limites regionais,
estaduais e internacionais aumenta substancialmente a complexidade para obter
soluções mutuamente aceitáveis, devido a um número maior de partes interessadas
(MCCRACKEN; WOLF, 2009).
55
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Riacho Vitória – Petrolina, PE, Brasil, durante o período (a) da seca e (b) das chuvas.
QUADRO 3-03
Filme “Ruivaldo, •
o homem que
salvou a terra” 3.4 CONFLITOS COMO JANELA DE OPORTUNIDADES
Se por um lado o uso da água pode gerar conflitos, por outro também pode oferecer
benefícios, como melhoria na qualidade do solo, oportunidades de comércio, turismo
e recreação, entre outros. Isso significa que o uso da água pode desencadear ambos,
conflitos e cooperação, e é a consciência dos potenciais benefícios e oportunidades
que determina qual dinâmica prevalecerá (SADOFF; GRAY, 2002).
Para desenvolver essa consciência e identificar potenciais benefícios e oportunidades
latentes em uma disputa hídrica (ou em uma ausência de cooperação) é importante
entender como a situação se desenvolveu sob diferentes perspectivas. Tendo em mente
que na base dos conflitos estão as pessoas, observa-se que a gestão de conflitos vai
além das questões técnicas e envolve também aspectos subjetivos das emoções hu-
manas, como: frustração, raiva, ansiedade, expectativa, confiabilidade, desconfiança,
rancor, entre muitas outras.
56
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Dessa forma, os processos de gestão de conflitos são pluralistas, multifacetados e en- QUADRO 3-04
volvem complexas dimensões dos relacionamentos humanos que vão muito além dos
aspectos superficiais do conflito. Por isso, organizar momentos para os atores de um Vídeo “Como
conflito hídrico passarem um período de descontração juntos, de maneira informal (al- conviver com as
moços, jogos, coffee-breaks, caminhadas etc.), geralmente cria oportunidades para se diferenças?”
conectarem de alguma forma, o que consequentemente facilita a negociação.
•
Assim, soluções técnicas nem sempre são suficientes para encerrar uma disputa ou iniciar
uma cooperação. Mágoas históricas, falta de confiança, erros não assumidos e problemas
não endereçados são exemplos que podem minar a resolução de um conflito quando
ficam de fora das negociações. Nesse contexto destaca-se um conceito central para ges-
tão de conflitos: a percepção. Isso porque os conflitos se desenvolvem muito mais pelas
percepções que as partes têm em relação ao problema ou às outras partes envolvidas, do
que em relação às atitudes ou comportamentos das partes em si. Essas percepções ten-
dem a ser subjetivas. Isso determina a principal regra da gestão de conflitos: não assumir
premissas e sempre perguntar, para validar os entendimentos junto às partes envolvidas.
57
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
para as fases iniciais, ou seja, antes que um conflito se instale. As medidas de gestão
de conflitos são aplicadas quando ele já se instalou, mas antes que episódios de vio-
lência tenham ocorrido. Já as medidas de resolução de conflitos são aplicadas na fase
de apaziguamento, após a ocorrência de um conflito violento.
Duração
Estágio inicial Estágio médio Estágio final do conflito
Ciclo de conflitos
A curva do ciclo de conflitos mostra cinco níveis de intensidade (paz estável, paz
instável, conflito aberto, crise e guerra), que correspondem a um total de nove fases
cronológicas. O nível de paz estável é uma situação em que a tensão entre as partes
é baixa e existem diferentes formas de conexões e cooperação entre elas, incluindo
áreas temáticas não sensíveis. Em um período de paz instável, a tensão aumenta, é
uma situação em que, embora o cenário seja pacífico, existem graves tensões entre as
partes e a paz não está mais garantida. Conflito aberto é definido quando um conflito
é instalado e as partes tomam providências para lidar com isso. Na fase de crise, o risco
de ações militares é iminente e provável, podendo haver violência esporádica entre as
partes. No entanto, não há violência aberta e de forma regular. Na fase de guerra, por
outro lado, existe violência generalizada e intensa. Na fase de abrandamento, o padrão
é revertido, passando da guerra para a crise, por meio de conflito aberto e paz instável
para finalmente alcançar uma situação de paz estável.
É importante ter em mente que, na fase de paz estável, medidas de prevenção estrutu-
ral são recomendadas e visam endereçar questões como o desenvolvimento econômi-
co, a participação política ou a autonomia de alguns grupos. O benefício principal das
medidas estruturais, em um estágio inicial de prevenção de conflitos, é simplesmente
que a aceitação de medidas preventivas tende a ser maior na ausência de disputas e
de desconfianças, ou seja, é a fase mais fácil de atuar. Em adição, a implementação de
medidas estruturais em estágios iniciais de prevenção de conflitos diminui a probabi-
lidade do conflito se estabelecer. Quanto mais pronunciado um conflito se torna, mais
as medidas estruturais perdem importância como estratégia e mais necessárias são as
medidas específicas. No dito popular, é na fase da lua de mel que se deve decidir quais
58
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
A gestão de conflitos e a gestão de crises, por outro lado, envolvem táticas que são
aplicadas quando um conflito com violência é considerado provável (gestão de con-
flitos violentos) ou iminente (gestão de crises), mas antes de se transformar em uma
guerra (ápice). As medidas de gestão de conflitos podem ser aplicadas tão logo um
conflito seja identificado pelos atores, como um esforço para reduzir a tensão e evitar
mais escaladas. Medidas diretas como facilitação, mediação, negociação e intervenção
de terceiros (formal e informal), podem ser utilizadas para lidar com o conflito e rever-
ter um comportamento destrutivo, em construtivo.
As medidas de gestão de crises precisam ser empregadas em curto intervalo de tempo, antes
de uma guerra irromper, cenário que ocorre quando o conflito aumenta rapidamente e o
tempo para gerenciamento das medidas é limitado. Esse período é caracterizado por uma
escassez de tempo e de outros recursos para enfrentar a situação, bem como por infor-
mações inadequadas. Ele envolve medidas mais drásticas, que visam conter a eclosão de
conflitos militarizados com todos os meios disponíveis. Exemplos de tais medidas incluem a
intervenção formal de atores externos, como mediadores ou negociadores.
As fases da construção da paz e da reconciliação da paz costumam ser dispendiosas,
requerendo enormes compromissos políticos e econômicos, compromisso da comuni-
dade, bem como dos atores envolvidos. Isso sem falar nos custos econômicos e sociais
59
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Ilustração: Shutterstock
Esforços para apaziguar conflitos
60
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
já que é necessário entender o conhecimento do outro. Também implica compreender QUADRO 3-06
que buscar soluções por meio da perspectiva do outro é uma das ferramentas mais
promissoras que existem na resolução de conflitos (BOAVENTURA, 2015). Vídeo
“A escuta ativa”
Para praticar o processo de resolução de conflitos, devemos abandonar
completamente o objetivo de levar as pessoas a fazerem aquilo que nós
queremos. Marshall Rosemberg (1934-2015)
•
Dinâmica de conflito - Essa ferramenta contribui na identificação das causas do con-
flito em diferentes momentos, da manifestação ao escalonamento, e permite checar
possíveis pontos de intervenção. Ela vislumbra três tipos de causas:
a) Causas estruturais (básicas) – fatores-chave de tensão que levam ou podem levar a
conflitos, como a exclusão socioeconômica ou o protagonismo de instituições fracas.
b) Causas circunstanciais - desencadeiam maior escalonamento do conflito, como elei-
ções ou alto índice de desemprego.
c) Causas gatilho - imediatamente após o escalonamento do conflito, facilitam a ma-
nifestação externa do conflito ou aumentam a sua intensificação, como a violência ou
a depredação de estruturas, que podem potencializar o conflito.
Árvore de conflito – Essa ferramenta contribui com a identificação de sinais que vão além
dos sinais visíveis do conflito, possibilitando identificar suas causas primárias (raiz do proble-
ma), suas manifestações (tronco) e suas consequências diretas (galhos) e indiretas (frutos).
Consequentemente, ela permite decidir se é mais eficiente agir nas causas do conflito ou nas
suas consequências. É útil também para separar as pessoas dos problemas e ajudar os en-
volvidos a relacionar causas e efeitos. É possível definir estratégias de ação direcionadas para
as causas e para os efeitos, por meio de soluções e não de culpados. O fator limitante dessa
ferramenta é que ela não permite visualizar diferentes perspectivas sobre a mesma disputa.
Frutos:
Consequências Indiretas
Galhos:
Consequências Diretas
Ilustração: Iara Bueno Giacomini
Tronco:
Manifestação do Problema (Foco)
Árvore de problemas
61
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Linha do tempo – Essa ferramenta que oferece a representação dos eventos distribuí-
dos ao longo do tempo, lista as datas e os eventos em ordem cronológica, evidencia
as diferentes perspectivas das partes envolvidas e considera o contexto histórico dos
acontecimentos. É útil para esclarecer e compreender a percepção de cada parte en-
volvida ao longo dos eventos. Também auxilia a identificar quais eventos são mais
relevantes para cada parte e permite desenvolver percepções comuns, destacando as
percepções divergentes. No entanto, não apresenta os nexos causais e nem a relação
entre os atores envolvidos.
Mapa de conflito – Essa ferramenta auxilia na identificação dos tipos de relação
existentes entre os atores envolvidos no conflito, ou seja, se são aliados, se um tem
influência sobre o outro, se as relações estão rompidas e assim por diante. Dessa
forma, norteia as melhores estratégias de comunicação e ação para avançar rumo às
soluções.
Relação
Relação Desconhecida
Conflituosa
Aliança
Forte
Aliança
Muito
Forte
Relação Interna
Mapa de conflitos
62
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
POSIÇÃO
(O QUE EU QUERO)
Ilustração: Iara Bueno Giacomini
INTERESSE
(PORQUE EU QUERO/
O QUE REALMENTE EU QUERO)
NECESSIDADES
(O QUE EU PRECISO)
Técnica da cebola
63
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
64
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
65
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Transposição do Rio São Francisco – Reservatório Negreiros, Salgueiro, PE, Brasil: (a) em construção e (b) depois de construído.
QUADRO 3-10
•
A Experiência
de Alocação de Apesar da previsão legal, a necessidade de rapidez e efetividade na busca de soluções em
Água no Ceará torno de diversos conflitos pelo uso da água exigiu a criação de outros agrupamentos,
permanentes ou provisórios, para auxiliar na resolução dos conflitos. Por exemplo, o Es-
tado do Espírito Santo, que possui 13 comitês de bacias hidrográficas e criou o Comitê
Hídrico Governamental para enfrentar a crise hídrica que assolou o Estado no biênio
2015-2016. Esse comitê era composto pelos representantes de diversas entidades:
• Companhia Espírito-Santense de Saneamento
• Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca
• Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano
• Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
• Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal
• Instituto Capixaba de Pesquisa
• Assistência Técnica e Extensão Rural
66
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
QUADRO 3-11
• Agência Estadual de Recursos Hídricos
E-book
• Prefeituras dos municípios de Colatina, Santa Maria de Jetibá, Cachoeiro de Ita- “Construindo
pemirim e Domingos Martins. pactos pelo uso
da água”
•
Outro exemplo é o caso da bacia do Rio Paraíba do Sul, cuja grave escassez hídrica
demandou a formação de um grupo formado pela ANA, o Departamento de Águas
e Energia Elétrica do Estado de São Paulo, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas
e o Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro. Essas entidades se reuniram e
coletivamente editaram a Resolução ANA 1.382/2015, que determina as condições de
operação no sistema hidráulico (reservatórios) e da transposição do sistema Guandu na
bacia. Esse acordo para a gestão compartilhada da bacia do Paraíba do Sul foi homo- QUADRO 3-12
logado pelo Supremo Tribunal Federal.
• Vídeo “Exemplos
de alocação
de água para
gestão de
3.9 DICAS VALIOSAS PARA A GESTÃO DE CONFLITOS conflitos”
PELO USO DA ÁGUA
Como foi dito anteriormente, não existe uma receita pronta de técnicas que atenda
de forma satisfatória e adequada as peculiaridades de todos os conflitos pelo uso da
água. Por essa razão, foi apresentada uma visão geral sobre a gestão de conflitos, no
contexto geral e hídrico. Foram indicadas ferramentas e abordagens para a gestão de
conflitos com o intuito de que o leitor, ao participar de uma disputa hídrica, possa
avaliar quais são mais adequadas para serem aplicadas no momento a partir de sua
experiência e conhecimento.
Para sintetizar, são apresentadas 13 recomendações básicas para a gestão de conflitos
pelo uso da água. Apesar de parecerem simples, determinam impacto positivo signifi-
cativo quando são utilizadas.
1. Ambiente: o recebimento de uma reunião para lidar com o conflito hídrico de
forma presencial requer a preparação de um ambiente acolhedor e agradável para
receber os atores. As características do local são importantes porque os atores
precisam sentir-se confortáveis e seguros para abordar questões sensíveis. A re-
comendação é manter as cadeiras em forma de U ou em círculo, pois facilitam a
comunicação e diminuem os constrangimentos das diferentes escalas de poder
das partes envolvidas.
2. Transparência: manter quadro branco, lousa ou flipchart para registrar os enca-
minhamentos em tempo real e deixá-los visíveis durante todo o tempo. Isso con-
fere transparência e participação ao processo. Também auxilia o grupo quando
questões já definidas voltam à pauta.
3. Regras de conduta: no início do primeiro encontro é fundamental convidar os
atores presentes a definirem regras de conduta das reuniões e discussões. Essa
prática é muito valiosa para gerir momentos de falas acaloradas ou de desenten-
dimentos. Exemplos de regras de conduta são: tempo de fala, todas as opiniões
67
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
68
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
Nós nunca ficamos com raiva por causa do que os outros dizem ou fazem. É
o nosso pensamento que nos deixa com raiva. Marshall Rosemberg (1934-2015)
11. É na lua de mel que se definem as regras do divórcio: a precaução sugere não
esperar um conflito se configurar para então definir as regras de conduta que
serão adotadas. O mais prudente e vantajoso, em qualquer situação que envolva
duas partes ou mais, é prever, logo de início, os mecanismos e ferramentas que
serão utilizados em caso de disputa.
12. Judicializar é difícil, caro e lento: é mais fácil, barato e rápido negociar e ge-
renciar conflitos hídricos nos comitês e fóruns locais do que apostar em ações na
justiça. A judicialização de conflitos, além de demandar grande aporte financeiro
para as despesas administrativas e contratação de advogados, retira as partes
envolvidas da tomada de decisão e pode implicar em atraso até a sentença final.
Se não houver êxito na busca pelo consenso, é recomendável a contratação de
mediadores especializados em conflitos pelo uso da água para ajudar no desen-
volvimento e no encaminhamento das discussões
• O significado da água: lembrar que quando um rio atravessa fronteiras ou li-
mites, transporta mais que volumes de água. Ele transporta valores, tradições,
cultura, religiosidade e práticas ancestrais. Reconhecer, validar e respeitar esses
aspectos durante a gestão de conflitos hídricos faz jus a premissa dos usos múl-
tiplos da água, garante a participação social e, geralmente, aumenta a vida útil
das soluções encontradas
Assistam ao IV Webinário
IFSP “Gestão de águas QUADRO 3-14
superficiais e subterrâneas,
interestaduais e
Foto: Tourism Australia
transfronteiriças”
69
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
ESTUDO DE CASO
70
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
A irrigação desempenhou papel importante para viabilizar a produção agrícola na QUADRO 3-15
região desde o final do século 19, mas devido à grande variação da precipitação, a
segurança hídrica do setor agrícola tornou-se um grande desafio. Ocorreu então, entre Mapa da bacia de
1950 e 1960, a construção de grandes reservatórios de água, que por sua vez fomen- Murray-Darling
tou significativamente a expansão de áreas irrigadas. O resultado dessa dinâmica é o
aumento dramático do uso da água para fins de irrigação no período seco.
•
A figura a seguir apresenta o crescimento da demanda hídrica na Bacia de Murray–
Darling no período de 1920-2020, o uso total de água e também os limites desse uso
(teto) estabelecido em 1994 como o primeiro passo para reduzir o declínio da saúde
dos rios (WILLIAMS, 2017).
10000
8000
1994
1988
NSW
6000
Vitória
4000
Fonte: Williams (2017)
Queensland
0 ACT
1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
Os tipos de uso da água variam entre as partes norte e sul da bacia. A maior parte das
grandes represas para armazenamento de água estão no sul, que mantém a água nas
cabeceiras dos rios, liberando os fluxos de forma controlada para o atendimento das
demandas de irrigação da horticultura, cultura de vegetais e produção de laticínios.
Em contraste, na região norte da bacia, a maior parte da água utilizada na agricultura
é bombeada diretamente dos rios ou capturada em sistemas de armazenamento nas
planícies de inundação, sobretudo durante as enchentes, para serem utilizadas princi-
palmente no cultivo de algodão. Nas duas regiões, o aumento da estocagem de água
e os padrões de uso alteraram significativamente o volume e o fluxo dos rios. Isso cau-
sou uma série de impactos negativos ao ecossistema de rios e várzeas, que dependem
de enchentes sazonais para a manutenção de seus processos (BOND et al. 2021) e os
conflitos pelo uso e qualidade da água apareceram.
71
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Na década de 90, surge a consciência crescente de que a saúde dos rios na bacia de Mur-
ray-Darling estava declinando em função dos níveis de extração de água praticados. Em
1991, registrou-se uma das maiores proliferações de cianofíceas (algas azuis) observadas
na região, cobrindo uma extensão superior a 1.000 km do Rio Darling (DONNELLY et
al. 1997). A constatação de que os volumes captados haviam se tornado insustentáveis
inaugurou, assim, o período da “Reforma Hídrica”, que continua até hoje. Como primei-
ro passo, um limite máximo (teto) foi estabelecido em 1994, com o objetivo de limitar
o uso futuro da água (HART et al. 2021). Pouco tempo depois, as “Secas do Milênio”
(1997-2009) reduziram drasticamente o volume de água dos rios da bacia. Os volumes
se mantiveram baixos nos anos posteriores, mesmo naqueles de alta pluviosidade, como
foi o caso de 2010. Desde o ano 2000, a média da vazão dos rios da bacia estão quase 50
% abaixo da média histórica de longo prazo. A média de vazão da bacia Murray-Darling
de 2000 até 2020 foi de 6.841 Gigalitros/ano comparado com 11.234 Gigalitros/ano
de 1900 até 2000 (MDBA, 2020). Adicionalmente, espera-se uma redução contínua da
vazão em função dos impactos das mudanças climáticas.
vazão média
para 1999/2000
11.234 vazão média dos
Gigalitros/ano últimos 20 anos
6.841
Gigalitros/ano
Gigalitros/ano
volume de vazão média para vazão média dos 10% mais seco dos
vazão anual 1999/2000 últimos 20 anos anos da série
Em 2007, como resposta ao declínio constante da saúde dos rios da bacia de Mur-
ray- Darling, o Parlamento Australiano aprovou, com apoio dos governos dos es-
tados localizados na bacia de Murray-Darling, o Ato da Água de 2007 (Water Act
2007), cujo objetivo era melhorar os resultados da gestão de água na região.
72
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
73
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
74
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
A baixa vazão dos rios da bacia de Murray-Darling desde o início dos anos 2000
exemplificam os desafios futuros trazidos pelas consequências das mudanças climáti-
cas. Modelos preditivos atuais apontam para a redução significativa da disponibilidade
hídrica na bacia (CSIRO, 2008). A tendência é de que seja cada vez mais difícil, e em
alguns pontos da bacia praticamente impossível, sustentar valores econômicos, sociais,
culturais e ambientais praticados no passado, haja vista que alguns modelos preveem
perdas significativas de espécies de peixe de água doce devido às reduções na vazão
dos rios e ao aumento da temperatura das águas (OLIVEIRA et al. 2020).
75
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
141.00ºE 150.00ºE
26.00ºS
Bacia de Murray-Darling
Rios
Mudanças previstas na riqueza de espécies de peixes de água doce na bacia Murray-Darling entre 2050 e 2080, com
cenário intermediário (RCP4.5) e de alta emissão (RCP8.5)
Sumário e lições
76
Gestão de conflitos pelo uso da água Capítulo 3
A principal lição aprendida com o caso de Murray-Darling é que, uma vez que um
sistema hídrico é superexplotado, restaurar seu equilíbrio ecológico por meio da re-
dução das atividades econômicas intensivas se torna difícil e custoso. Assim, é reco-
mendado que a partir da premissa dos usos múltiplos, sejam definidos e escalonados,
de forma descentralizada e participativa, os níveis, fluxos e volumes sustentáveis dos
corpos hídricos. E ainda estabelecer os monitoramentos quantitativo dos corpos hí-
dricos para evitar que esses limites sejam atingidos. Em outras palavras, é identificar
a vazão necessária para sustentar o ecossistema ribeirinho (ARTHINGTON et al. 2018),
vulgo vazão ecológica. Ao mesmo tempo, é importante estabelecer regras claras para
determinar como as concessões e outorgas de direito pelo uso da água podem ser
adaptadas às mudanças de longo prazo da disponibilidade hídrica.
Por fim, o caso evidencia uma tendência recente da necessidade de abordagens cada
vez mais holísticas para reconhecer e validar os múltiplos valores associados à água,
incluindo aqueles de natureza cultural, social e ambiental, que vão além dos valores
econômicos e materiais, nos quais as discussões do passado estiveram focadas. Apesar
de esse reconhecimento ter ampliado a complexidade da gestão e políticas hídricas, ele
possibilita reparar injustiças, entregar mais benefícios para a comunidade, e diminuir
as contestações entre os diversos usuários do mesmo sistema hídrico.
Foto: Nick R. Bond
77
Foto: José Augusto Rocha Mendes.
O
Antonio Carlos Zuffo
Denise Maria Elisabeth Formaggia
Iara Bueno Giacomini
Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Durante a gestão da escassez hídrica, que assolou diversas regiões do Brasil entre 2014
e 2015, o termo começou a ser utilizado pelos órgãos gestores nacionais e estaduais,
sendo oficializado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) em 2019, por
meio do Plano Nacional de Segurança Hídrica.
79
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
80
Segurança hídrica Capítulo 4
Segurança Segurança
Energética Alimentar
Segurança Segurança
Segurança Transporte
Econômica
Ilustração: Antonio Carlos Zuffo
Hídrica e Turismo
Segurança Segurança
Ambiental Sanitária
81
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
82
Segurança hídrica Capítulo 4
Foto: Tourism Australia.
• Em longos períodos de seca a vazão dos sistemas hídricos é reduzida, podendo ul-
trapassar os limites mínimos necessários para a manutenção do equilíbrio ecológico.
Em outras palavras, não ocorre a manutenção da vazão ecológica, que consequente
acarreta prejuízos para a biodiversidade e para os serviços ecossistêmicos. A va-
zão ecológica pode ainda ser impactada pela ação do homem, para regular o nível
dos reservatórios ou para a produção de energia hidrelétrica, de forma a maximizar
a vazão que passa pelas turbinas. As atividades relacionadas à pesca e aquicultura
ficam inviabilizadas e suas matrizes reprodutivas correm risco de vida.
Foto: Luiza Ishikawa Ferreira
83
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 4-02
O aumento dos preços dos alimentos, dos bens e dos serviços, associado à instabi-
lidade econômica, à falta de saneamento e ao aumento da taxa de desemprego em
diversos setores da economia cria e sustenta um ciclo de pobreza generalizado, que
resulta em maiores índices de violência. As populações tradicionais são particular-
mente afetadas nesses cenários, pois geralmente não dispõem de outras atividades
geradoras de renda além daquelas conectadas com a água. Mas como não tem poder
para influenciar as decisões e negociações, raramente são convidadas para participar
da busca por soluções.
Quando a transversalidade da água é levada em consideração, fica evidente que as
situações de escassez hídrica prejudicam toda a sociedade, direta e indiretamente. Para
lidar com os tensos cenários de estiagem e garantir segurança hídrica aos indivíduos
da bacia hidrográfica é necessário adotar a gestão integrada dos recursos hídricos e a
diplomacia hídrica como pilares básicos da governança.
84
Segurança hídrica Capítulo 4
85
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 4-03
•
Artigo
“Segurança A falta de planejamento limita ações institucionais coordenadas e de investimentos em
hídrica em infraestrutura hídrica e saneamento são grandes responsáveis pelos cenários de insegu-
tempos de rança hídrica. O conhecimento dos fatos passados nos possibilitam entender o presente
pandemia de e nos preparar para o futuro. O banco de dados de variáveis climáticas, hidrológicas,
COVID-19” ambientais e socioeconômicas são a base para a construção de soluções para problemas
futuros, que muitas vezes ocorreram no passado e ceifaram milhares de vidas.
Para estimar a disponibilidade hídrica em uma bacia hidrográfica, o monitoramento e a
coleta de dados pluviométricos (de chuva) e fluviométricos (de vazão) são imprescindí-
veis. A indisponibilidade desses dados aumenta as incertezas nos cálculos, dificultando
o processo de tomada de decisão e a destinação dos recursos financeiros. Nesse senti-
do, a utilização de séries hidrológicas confiáveis, representativas e consistentes e com
longos períodos de dados são determinantes no planejamento da segurança hídrica.
QUADRO 4-04
86
Segurança hídrica Capítulo 4
87
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
88
Segurança hídrica Capítulo 4
Foto: Anderson Souza
QUADRO 4-06
Sob a ótica da oferta, a ANA recomenda que investimentos em infraestrutura com
foco na ampliação da capacidade de reservação e de adução de água, incluindo re-
Livro “Segurança
dundância de fontes de abastecimento devem ser priorizados. Ações de conservação de
hídrica: novo
mananciais também são medidas de aumento da resiliência dos sistemas hídricos, que
risco para a
permitem maior segurança na oferta de água. Em relação à demanda, bons resultados
competitividade”
poderão ser obtidos a partir da adoção de soluções locais, como o reúso da água e o
aproveitamento da água de chuva, mas principalmente, pela redução de perdas nos
sistemas de distribuição, pela diminuição no desperdício e de hábitos de consumo.
•
89
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Garantia do acesso
à água adequada às
necessidades básicas e
bem estar da população
Garantia de Preservação de
suprimento ecossistemas
de água para e da água em
atividades benefício da
produtivas e natureza e das
usos mútiplos pessoas
Fonte: ANA (2019)
Resiliência a eventos
extremos, como secas
e inundações
90
Segurança hídrica Capítulo 4
QUADRO 4-08
•
Vídeo “Conheça
Nesse sentido, cabe destacar que o sistema de governança de recursos hídricos no
o Plano Nacional
Brasil, ainda está se apropriando do conceito de segurança hídrica, bem como de suas de Segurança
ferramentas de planejamento e gestão. Da mesma forma, ele também está se adequan- Hídrica – PNSH”
do ao próprio Plano Nacional de Segurança Hídrica. Para que isso ocorra de forma
adequada é necessário que haja a integração dos princípios norteadores do Plano Na-
cional de Segurança Hídrica, do Plano Nacional de Recursos Hídricos e do Plano de Se-
gurança da Água. O caminho para a integração desses planos é uma tarefa complexa,
que demanda esforços da sociedade civil, dos estados, dos municípios e dos usuários
de recursos hídricos. Alguns desafios-chave da integração são apresentados a seguir:
91
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 4-10
ESTUDO DE CASO
92
Segurança hídrica Capítulo 4
93
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Esse manancial possui grande parte de sua vegetação ribeirinha em estado de conser-
vação variando entre moderado e ruim, trechos com alta concentração de sedimentos
e nutrientes, e trechos com acentuada perda de sedimento. Os gestores locais afirmam
que, devido a relevância do manancial para o abastecimento de água, todo esforço
para a restauração de sua resiliência hídrica é necessário, especialmente para lidar com
os eventos extremos do clima, esperados com frequência crescente no futuro.
O Projeto de Fortalecimento da Resiliência Hídrica é pluri-institucional, liderado pelo
Instituto de Rios Australianos da Universidade Griffith e apoiado pela Universidade de
Tecnologia de Queensland que também é a responsável pela interface de visualização.
O projeto conta com o financiamento da Fundação Ian Potter, com aporte direto de
fundos por parte do governo, da indústria e de parceiros de pesquisa, incluindo: Go-
verno do Estado de Queensland, Water Technology, Serviços Urbanos de Queensland,
Seqwater, Porto de Brisbane, Organização Healthy Land and Water, Conselho de Pre-
feitos do Sudeste de Queensland e Conselho Regional do Vale de Lockyer.
QUADRO 4-11
94
Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Ocupação nas margens dos cursos d’água da área urbana de Munhoz, MG, Brasil.
96
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
Com o fluxo intenso das águas de chuva nas áreas urbanas impermeáveis, os sedi-
mentos ou resíduos são lançados diretamente para os corpos hídricos ou por meio das
galerias de drenagem. Assim, além dos efluentes clandestinos (como esgotos domés-
ticos ou industriais), os rios também recebem as águas de chuvas contaminadas por
sedimentos e resíduos.
Foto : André Luis Sotero Salustiano Martim
97
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Vale a pena lembrar que, o lançamento de resíduos ou efluentes domésticos nos corpos
hídricos ocorre em função da falta de esgotamento sanitário que ainda advém dessas
áreas urbanizadas. O déficit no saneamento brasileiro é abordado pelo Plano Nacional de
Saneamento Básico (Plansab). Esse plano é o principal instrumento da política pública
nacional de saneamento básico e contempla todos os serviços desse segmento:
• Abastecimento de água potável;
• Esgotamento sanitário;
QUADRO 5-01
• Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;
“Plansab • Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
de 2019”
•
O déficit em saneamento brasileiro é determinado em função da infraestrutura, e
serviços disponibilizados, no quesito qualitativo e quantitativo, além dos aspectos
socioeconômicos, ambientais e culturais de cada região.
População que
recebe serviço
com qualidade
(atendimento
adequado)
População
que usa
o serviço
coletivo
População que
População recebe serviço
com oferta com qualidade
de serviço inadequada
coletivo (atendimento
precário)
População
que não usa
o serviço
coletivo
População que
População tem solução
sem oferta sanitária precária
de serviço (atendimento
coletivo precário)
População sem
solução sanitária
(sem atendimento)
98
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
Universalização
Matriz tecnológica
Equidade
Princípios
fundamentais
Participação e do PLANSAB
controle social Integralidade
Fonte: MDR (2019)
Sustentabilidade Intersetorialidade
99
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
No último século, o consumo de água aumentou seis vezes no planeta, com taxa apro-
ximada de 1% ao ano, motivado pelo crescimento populacional, desenvolvimento eco-
nômico e pelas alterações nos padrões de consumo (ONU, 2021). Quando o volume de
chuvas não é suficiente para atender as demandas de uso da água, a redução de oferta
pode ocasionar a escassez desse recurso. Nesse caso, focando no contexto urbano,
várias regiões são então impactadas pelo racionamento, rodízio e desabastecimento de
água para uso humano, o qual deveria ser prioritário, segundo a Política Nacional de
Recursos Hídricos deveria ser prioritário.
A partir da escassez hídrica, a ocorrência de conflitos é intensificada e torna-se cada
QUADRO 5-02
vez mais difícil tomar decisões e priorizar um em detrimento do outro, na medida em
que o consumo para irrigação e indústria tem forte relação com a manutenção das
Livro atividades humanas e com a economia, da qual dependem as populações.
“Gestão da crise
hídrica 2016-2018: •
experiências do
No que se refere aos sistemas de abastecimento público, quando ocorre escassez hí-
Distrito Federal”
drica, os municípios menos preparados, ou seja, com maiores perdas e sistemas de
distribuição ineficientes, sofrem primeiro e de forma mais atenuada do que outros com
sistemas mais eficientes.
100
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
Outro aspecto a ser abordado pelos gestores é que os sistemas eficientes devem con-
trolar as perdas de vazão e pressão ao longo da distribuição por meio de sensores e
modelos computacionais. Para muitos municípios eles são pouco acessíveis. Isso oca-
siona grandes perdas na distribuição, tornando-se necessária a implantação de medi-
das pontuais, como de rodízios no abastecimento, que muitas vezes não reduzem o
consumo de água. Ou seja, os consumidores acabam reservando maiores quantidades
de água para suprir o período que estarão sem o fornecimento do recurso pela rede
pública. No entanto, os mais prejudicados são os munícipes que não têm condições
financeiras para a aquisição de reservatórios maiores.
101
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
(b)
102
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
tivo para a gestão dos recursos hídricos, que contemple práticas e metas de conser-
vação, recuperação e ampliação da matriz de mananciais. Com isso, esses municípios
não conseguem se planejar para serem adaptados e resilientes aos períodos de seca
e estiagem.
De forma geral, podemos elencar algumas medidas norteadoras que são importantes
e positivas para a melhoria da qualidade dos serviços de abastecimento de água no
município, e que a princípio, não exigem mais recursos financeiros dos que são nor-
malmente empregados:
1. Execução e atualização do balanço hídrico para quantificar as entradas e saídas
de água de uma região em um determinado intervalo de tempo.
2. Gestão setorizada para que o sistema de abastecimento de água (SAA) como um
todo seja dividido em subsistemas nos quais as perdas possam ser calculadas
individualmente.
3. Métodos de avaliação das perdas por meio de medição e análise das vazões
noturnas, dos vazamentos (quanto aos números de ocorrências, tipos, vazões
médias observadas e durações), além do uso de modelagem computacional para
simular os efeitos das perdas de vazão e pressão (LAMBERT, 2000).
4. Gestão, monitoramento e controle de pressão.
5. Gestão da hidrometria, assegurando o seu funcionamento ideal ou estabelecen-
do-se critérios para priorizar as trocas.
6. Balanço das demandas e projeção de crescimento associado às metas de redução
de perdas.
Foto: André Luis Sotero Salustiano Martim
103
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Na engenharia de processos entende-se que não se controla o que não se mede, e não
há gerenciamento sem controle. Dessa forma, a implantação de sistemas inteligentes
para o abastecimento de água otimiza o uso do recurso disponível, promove a sua
alocação da melhor forma possível, aprimora a eficiência ao longo da sua distribuição
e aumenta a disponibilidade hídrica por habitante.
Considerando a reutilização, aplicada para usos que não exigem água potável (como a
descarga e a irrigação), são necessários parâmetros mínimos de controle, para garantir
a segurança das instalações e prevenir acidentes com vazamentos ou contato humano
com a água utilizada, bem como garantir parâmetros mínimos exigidos pelo controle
de processos industriais quando aplicados.
• p
H entre 6 e 9 para proteção das redes e dispositivos hidráulicos, e quando ne-
cessário, pode ser previsto uma etapa de ajuste do pH.
• R
ecomenda ainda que, no caso de uso de cloro como agente de desinfecção, haja
manutenção de um residual livre mínimo de 0,5 a 2 mg/L.
A Norma Técnica Brasileira NBR 13969/1997 define também que o grau de tratamen-
to necessário dos esgotos deve ser conforme o uso mais restrito quanto à qualidade.
Estabelece ainda a necessidade de tratamento para a porção necessária, com graus
progressivos de tratamento, e não do tratamento de todo o volume no grau máximo.
104
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Área de recreação às margens da foz do Rio Santo Antônio - Caraguatatuba, SP, Brasil.
De acordo com a Constituição Brasileira, para o planejamento das cidades devem ser
utilizados os instrumentos de planejamento ambiental, que compreendem o Zonea-
mento Ecológico-Econômico (ZEE), o Plano Diretor Municipal, o Plano de Bacia Hi-
drográfica, o Plano Ambiental Municipal, a Agenda Local e o Plano de Gestão Integra-
da da Orla (no caso de áreas costeiras). Além disso, também devem ser utilizados todos
105
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 5-04
os planos setoriais que são interligados às demandas dos munícipes como saneamento
Artigo “Integração básico, moradia, transporte e mobilidade. Esses instrumentos devem envolver ações
de políticas públicas institucionais preventivas e normativas para controlar os impactos negativos dos in-
no Brasil: o caso dos vestimentos público-privados sobre os recursos naturais das cidades.
setores de recursos
hídricos, urbano e •
saneamento”
No que se refere aos corpos hídricos urbanos, somente após a década de 1960, foram
iniciados os estudos dos impactos negativos causados pelo aumento populacional
(GARRIDO NETO et al., 2019). Isso fez com que a drenagem das águas pluviais pudesse
ser considerada não somente como uma proteção das áreas urbanas, mas também dos
serviços ecossistêmicos.
Tucci (2016) afirma que o controle dos impactos deve ser feito com o uso de medidas
não estruturais integradas às estruturais, as quais normalmente causam um elevado
QUADRO 5-05 custo ao poder público. Entre as medidas não estruturais estão às políticas públicas
adotadas em consonância com as diretrizes dos instrumentos de planejamento urba-
Vídeo sobre as no, com intuito de mitigar o aumento das taxas de escoamento superficial e maximi-
soluções baseadas zar a eficiência dos sistemas de drenagem.
na natureza para a
segurança hídrica •
106
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
ESTUDO DE CASO
Até o final das próximas décadas, 91% da população australiana viverá em áreas urba-
nas (UNDESA, 2018). Na medida em que tais áreas se expandem, terras agrícolas são
convertidas em áreas construídas, tornando as cidades cada vez mais congestionadas.
Uma das abordagens-chave para garantir o bem-estar de comunidades urbanas é pro-
ver acesso adequado e seguro à água. Isso demanda a proteção de preciosos recursos
hídricos disponíveis nas cidades, que também funcionam como importantes bens co-
munitários e ecológicos.
A importância das águas receptoras nas cidades cresce junto com o adensamento po-
pulacional e os ambientes aquáticos tornam-se ainda mais significativos como recur-
sos para propiciar recreação e embelezar os centros urbanos (ASAKAWA et al., 2004).
A necessidade de “ilhas de tranquilidade”, tais como corredores ecológicos no meio de
ambientes construídos e movimentados, tem sido claramente abordada na literatura
científica (GOBSTER et al., 2004).
107
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
A abordagem australiana do manejo de águas urbanas busca criar uma cidade habitá-
vel ao promover a sustentabilidade, a resiliência e a produtividade das fontes hídricas
disponíveis. Isso dá origem ao conceito de “Cidades Hidricamente Sustentáveis” (CHS)
(FORSSBERG; MALMQVIST; SÖRELIUS, 2015), que defende a integração do manejo de
água e oferece princípios para o planejamento das cidades, pensando na contribuição
da água, tanto para a economia quanto para os serviços ecossistêmicos. Assim, fica ga-
rantido que a proteção urbana das vias hídricas sirva para diversas finalidades: padrão
estético das paisagens, canais para usos múltiplos, sistemas de drenagem e controle
de enchentes.
108
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
109
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
110
Gestão Urbana das Águas Capítulo 5
Dessa forma, o manejo efetivo do ciclo de águas urbanas é essencial para garantir o
bem-estar da população das áreas urbanizadas e para proteger os ecossistemas natu-
rais. A abordagem australiana desse manejo é baseada em conceitos de um desenvolvi-
mento urbano sensível às águas, produzindo cidades hidricamente sustentáveis a partir
do entendimento de que é necessário promover interdependência entre o uso dos
recursos hídricos e a realização das atividades humanas no contexto das cidades. Esses
conceitos têm-se provado efetivos para melhorar a saúde humana e a dos ecossistemas
e, ao mesmo tempo, contribuir com o crescimento econômico do país.
Foto: Ashantha Goonetilleke
111
Foto: Luiza Ishikawa Ferreira
O
Andreia Isaac
Gabriela Sponchiado Hein
Janice Peixer
Karoline Serpa
Larissa Corteletti da Costa
Luiza Ishikawa Ferreira
Livro “Ecossistemas
aquáticos: tópicos
especiais”
113
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 6-02
•
Caderno
Cada espécie biológica ocupa um determinado território, que pode ser tão extenso
“Espécies Exóticas
quanto um oceano ou tão pequeno quanto a nascente de um rio. A extensão geográ-
Invasoras”
fica ocupada por muitas espécies é limitada por barreiras climáticas e ambientais como
oceanos, desertos, montanhas e rios, que são barreiras que restringem a movimentação
das espécies resultando no isolamento geográfico das mesmas.
Usa-se o termo espécie nativa para se referir a uma espécie quando ela está presente
em seu ambiente de origem. O tucunaré (Cichla sp.), por exemplo, é uma espécie de
peixe nativa da Bacia Amazônica. O mexilhão-dourado (Limnoperma fortunei) é uma
espécie de molusco nativa do sul da Ásia. Quando essas mesmas espécies são encon-
tradas em regiões diferentes das originais, são chamadas de espécies exóticas. Então,
o tucunaré é uma espécie nativa na Bacia Amazônica, mas é uma espécie exótica na
Bacia do Rio Paraná. Assim como o mexilhão-dourado é nativo no Sul da Ásia, mas é
uma espécie exótica no Brasil.
114
Espécies inovadoras nos Ecossistemas Aquáticos Capítulo 6
QUADRO 6-04
de tratamento convencional e resistem mesmo na água fervida. Assim, o monitoramento
das cianobactérias tóxicas e cianotoxinas nos mananciais de água para abastecimento “Manual para
público é imprescindível para identificar os locais com risco potencial (CETESB, 2013). estudo de
cianobactérias
• planctônicas em
Infelizmente, as atividades humanas estão prejudicando e degradando muitos serviços mananciais de
ecológicos e econômicos prestados pelos rios, lagos e zonas úmidas. Por exemplo: abastecimento
barragens e canais, diques de controle de inundações, cidades e plantações que adicio- público”
nam poluentes e excesso de nutrientes resultando no aumento significativo de algas
e cianobactérias. As áreas aterradas ou drenadas para agricultura também afetam o
fluxo das águas e causam alterações nos ecossistemas, assim como as áreas cobertas
por concreto, por asfalto e demais construções (MILLER; SPOOLMAN, 2015).
115
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
niloticus), por exemplo, ocorre naturalmente em rios do continente africano, mas foi
introduzida no Brasil para cultivo e atualmente é a espécie mais produzida no nosso
território. Ao longo do tempo, as falhas no manejo dessa espécie vêm permitindo que
ocorram escapes dos tanques de cultivo para os riachos e rios adjacentes aos mesmos.
Como resultado, hoje a tilápia pode ser encontrada em diversos rios brasileiros e sua
presença é preocupante por gerar desequilíbrio ambiental em função da competição
com as espécies nativas podendo causar a diminuição ou extinção das mesmas.
A produção de peixes ornamentais é outra fonte de introdução de espécies exóticas
nos riachos, rios, lagos e reservatórios brasileiros. A liberação desses peixes nos corpos
d’água pode ocorrer de forma acidental durante o manejo, ou intencionalmente. O
plati (Xiphophorus helerii), o barrigudinho (Poecilia reticulata) e o tetra (Hyphessobrycon
eques), são exemplos de peixes ornamentais encontrados em rios brasileiros.
116
Espécies inovadoras nos Ecossistemas Aquáticos Capítulo 6
Amêijoa-asiática, (Corbicula
flumínea): Conchas fechadas
(vivas) e abertas nas margens
do Ribeirão das Cabras,
Campinas, SP.
Foto: Luiza Ishikawa Ferreira
117
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Mata ciliar em
ambiente preservado:
Cataratas do Iguaçu,
PR, Brasil. Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
118
Espécies inovadoras nos Ecossistemas Aquáticos Capítulo 6
Os cientistas já têm muitos dados que comprovam que estamos alterando as con- Artigo
dições naturais do nosso planeta e que as consequências já podem ser observadas “O Sol, o motor
nesta geração: inundações frequentes, aumento da temperatura em muitas regiões das variabilidades
do planeta com a ocorrência de temperaturas próximas a 40 graus ou mais, onde re- climáticas”
gistros dessa magnitude eram pouco frequentes ou raras; eventos climáticos extremos
mais frequentes como tufões, secas prolongadas e chuvas fortes. Naturalmente, alguns
eventos são cíclicos (efeito José e Noé) e que devido às ações antrópicas, em algumas
localidades, têm se acelerado ou potencializado.
•
119
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 6-09
•
Livro “Bacias
Hidrográficas:
fundamentos e 6.4.2 Recuperação e revitalização
aplicações”
A recuperação, a conservação e a preservação das águas e do meio ambiente são um
grande desafio para todas as bacias hidrográficas do Brasil e do mundo. A revitaliza-
ção, então, viria como uma nova abordagem para a gestão dos recursos hídricos. Ela
representa o conjunto de ações planejadas para adequar a gestão dos recursos hídricos
às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais da bacia.
Essas ações incluem a despoluição das águas, a conservação dos solos, a adaptação à
diversidade climática, a gestão e o monitoramento das bacias, a gestão integrada dos re-
síduos sólidos, a educação ambiental, a criação e o manejo de unidades de conservação,
a preservação da biodiversidade, o reflorestamento e a recomposição das matas ciliares.
Os programas de revitalização das bacias hidrográficas, em geral, possuem entre as suas
ações, a recuperação de áreas degradadas em regiões de mata ciliar e nascentes.
120
Espécies inovadoras nos Ecossistemas Aquáticos Capítulo 6
QUADRO 6-11
•
Livro
Para o trabalho de restauração da mata ciliar, devemos considerar a importância da “Mata Ciliar:
participação dos produtores rurais. Na maioria das vezes, as áreas estão em suas pro- Recuperações
priedades e o sucesso dessa ação só ocorrerá com um trabalho conjunto, inclusive com bem-sucedidas”
o poder público, que deverá elaborar o projeto e participar dos editais dos Programas
da Política de Mananciais e das Agências das Bacias Hidrográficas. Segundo Gomes et
al. (2011) para a recuperação e conservação de mata ciliar, dentro do manejo de bacias,
deve-se considerar, durante todo o planejamento, o produtor e a importância dessas
áreas para a sua sobrevivência.
Quando se observam as diversas funções que a mata ciliar exerce, nota-se que é es-
sencial a integração entre os meios terrestre e aquático, pois o equilíbrio entre ambos
proporciona uma melhor qualidade de vida para todos os organismos que dependem
direta e indiretamente dos recursos naturais disponíveis. A análise mais minuciosa das
condições das bacias hidrográficas nos dá indicativos de como são as condições locais
em relação à qualidade geral desses ambientes.
121
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
122
Espécies inovadoras nos Ecossistemas Aquáticos Capítulo 6
6.4.5 Monitoramento
Não só a degradação ambiental, mas também a presença das espécies invasoras, pre-
judicam a biodiversidade. E, infelizmente, há um grande prejuízo nessa relação. As es-
pécies bioinvasoras competem diretamente ou indiretamente com as espécies nativas,
causando a diminuição ou levando à extinção das mesmas.
Levando-se isso em consideração, devemos lembrar que a preocupação é mundial.
Durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-
10), em 2010, realizada na cidade de Nagoya, Província de Aichi, no Japão, foi apro-
vado o Plano Estratégico de Biodiversidade para o período de 2011 a 2020. Esse docu-
mento prevê um quadro global sobre a diversidade biológica e busca estabelecer ações
123
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
concretas para deter a perda da biodiversidade planetária. O plano serve de base para
estratégias do sistema das Nações Unidas e para todos os outros parceiros envolvidos
na gestão da biodiversidade. As Metas de Aichi 2011-2020 trazem, em cinco objetivos
estratégicos, as vinte metas que fazem referência à conservação da biodiversidade.
QUADRO 6-12
Elas são a base do planejamento vigente relacionado à implementação da Convenção
Livro “Metas de sobre Diversidade Biológica (CDB), assinada por 193 países, inclusive o Brasil. Uma das
Aichi: Situação atual metas, a de número nove, refere-se às espécies exóticas invasoras: “em 2020, espécies
no Brasil - Diálogos exóticas invasoras e rotas de introdução devem estar identificadas e priorizadas; espé-
sobre Biodiversidade: cies prioritárias devem estar controladas ou erradicadas e devem ser adotadas medidas
Construindo a para gerenciar as rotas, prevenindo a introdução e o estabelecimento de espécies exóti-
Estratégia Brasileira cas invasoras”. Assim, é importante a continuidade de trabalhos sobre o levantamento
para 2020” das espécies invasoras nas bacias hidrográficas brasileiras.
•
A realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, foi um grande passo para conscientizar
a população sobre a necessidade da mudança de comportamento e o modo como o
ser humano se relaciona com o Planeta Terra.
•
QUADRO 6-13
Algumas ações antrópicas modificam de forma negativa ou causam a morte de mui-
tos dos organismos dos ecossistemas aquáticos que são importantes ecologicamente,
“Declaração do
como no caso dos microrganismos, protozoários, fungos e plantas responsáveis pela
Rio de Janeiro”
autodepuração natural dos rios e demais corpos d’água. Nesse contexto, tem-se tam-
bém a introdução de espécies exóticas que competem de forma direta ou indireta com
os demais organismos do ambiente aquático.
Enquanto não ocorrerem de fato mudanças positivas de comportamento iniciando-se
pelo individual, passando pela coletividade e por decisões políticas assertivas, de nada
adiantam os acordos firmados quanto às mudanças climáticas, CDB e Metas de Aichi
2011-2020.
QUADRO 6-14
124
Foto: Luiza Ishikawa Ferreira.
“Manual do
Saneamento”
A
Bioindicadores
Andreia Isaac
Gabriela Sponchiado Hein
Janice Peixer
Karoline Serpa
Larissa Corteletti Da Costa
Yara Moretto
s bacias hidrográficas próximas de áreas com alta urbanização são as mais vul-
neráveis ao despejo de efluentes industriais e domésticos, que carreiam, respec-
tivamente, grande quantidade de metais pesados e elevada carga orgânica de
poluentes. Isso reduz drasticamente a qualidade dos recursos hídricos superficiais e,
em consequência, a qualidade de vida das populações que habitam o entorno desses
cursos d’água.
•
A realidade dos corpos e cursos d’água vizinhos aos agrupamentos humanos torna
essencial a adoção de ferramentas e métodos que possibilitem a identificação da si-
tuação desses ecossistemas aquáticos. O biomonitoramento consiste, exatamente, em
coletar e analisar informações sobre a qualidade do meio ambiente, baseando-se na
estrutura das comunidades biológicas ali presentes.
Foto: Jaqueline Aparecida Bória Fernandez
126
Bioindicadores Capítulo 7
Águas turvas do Ribeirão dos Pires: Distrito de Sousas, Campinas, SP, Brasil.
127
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
7.1.1 Micro-organismos
Os micro-organismos são seres não visíveis a olho nu, como bactérias e fungos, que
atuam de maneira ativa nos ecossistemas. A qualidade microbiológica da água pode
ser avaliada, por exemplo, através da busca por bactérias indicadoras. A presença de
alguns tipos de micro-organismos em grande quantidade pode ser prejudicial à saúde,
além de servir como evidência de que aquele ambiente aquático está poluído.
128
Bioindicadores Capítulo 7
São seres unicelulares que se locomovem por meio do batimento de cílios. Esses orga-
nismos respondem rapidamente à presença de poluentes, graças à sua sensibilidade e à
rápida reprodução. Os ciliados bentônicos são frequentemente utilizados como bioin-
dicadores da poluição orgânica de riachos e rios pois, por possuírem um contato estreito
com o sedimento, respondem de maneira rápida às modificações que ocorrem nesses locais.
7.1.3 Algas
129
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 7-03
orgânica no ecossistema aquático, disponibilizando energia para os níveis tróficos su-
Livro periores. Assim, desempenham um papel de grande importância para a ciclagem de
“Macroinvertebrados nutrientes. Dentro desse grupo estão alguns artrópodes em sua fase juvenil, pequenos
Bentônicos: crustáceos e moluscos. Por fazerem parte de um segmento diverso, que apresenta di-
Biomonitoramento de ferentes graus de tolerância às mudanças no ambiente e, também pela fácil coleta, são
Qualidade da Água” constantemente utilizados como bioindicadores.
•
Os macroinvertebrados podem ser classificados em:
• Sensíveis ou intolerantes - são os organismos que estão presentes em ambientes
com pouca ou nenhuma alteração no ecossistema. São exigentes e vivem onde
a água tem boa qualidade. Exemplos: Grupo EPT - efêmeras (Ephemeroptera),
mosca das pedras (Plecoptera) e mosca d’água (Trichoptera).
• Tolerantes - são os organismos que suportam ambientes que sofreram um distúr-
bio moderado em suas condições iniciais. Exemplos: lacraia d’água (Megaloptera),
besouro da água (Coleoptera), libélula (Odonata) e barata d’água (Heteroptera).
• Resistentes - são os organismos resistentes a profundas modificações no ecossis-
tema. Eles são capazes de sobreviver em locais altamente degradados e poluídos.
Exemplos: larva de mosquito (Diptera), caramujo (Mollusca) e minhoca da água
(Annelida).
Macroinvertebrados bentônicos
libélula (Odonata).
Ilustração: Douglas Matheus
Cavalcante - LAIC
Cartilha “A poluição
das águas e as 7.1.5 Macrófitas aquáticas
cianobactérias”
As macrófitas ou plantas aquáticas são vegetais que permanecem total ou parcial-
mente submersas na água doce ou salobra. Elas desempenham diversas funções nos
ecossistemas, como acelerar a ciclagem de nutrientes e fornecer alimento e proteção
para organismos aquáticos, possuindo inclusive a capacidade de absorver o excesso de
poluentes da água.
•
130
Bioindicadores Capítulo 7
Essas plantas podem indicar a qualidade do ambiente em que estão inseridas, depen-
dendo, por exemplo, da sua presença e abundância. O aguapé (Eichhornia crassipes),
a alface-d’água (Pistia stratiotes) e a orelha-de-rato (Dichondra repens) são espécies
que podem indicar ambientes poluídos, pois costumam se desenvolver melhor em
ambientes eutrofizados, ou seja, enriquecidos por nutrientes, com altas concentra-
ções de matéria orgânica. A presença do lírio-d’água (Nymphaea alba), elódea (Elodea
canadenses) e algumas espécies de Nymphoides (estrela-branca, prato-d’água, pata-
-de-burro) são indicadoras de ambientes menos poluídos.
7.1.6 Peixes
Os peixes podem ser utilizados como bioindicadores e são uma importante ferramenta
para o monitoramento de ambientes impactados. Esses animais são capazes de arma-
zenar em seus tecidos certa quantidade de substâncias químicas (bioacumulação) sem
sofrer danos graves imediatos e, por isso, podem revelar a contaminação da água por
131
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 7-05 substâncias como o mercúrio (Hg) e o fósforo (P). A bioacumulação tende a aumentar
nos níveis tróficos mais elevados da cadeia alimentar. Assim, organismos que estão no
Cartilha “Peixes topo das cadeias alimentares, como é o caso dos peixes no ambiente aquático, podem
como Bioindicadores apresentar maior quantidade dessas substâncias, uma vez que as acumulam dos orga-
na Bacia do nismos que lhes serviram de alimento.
Rio das Velhas”
•
Como exemplo de espécies de peixes que apresentam bioacumulação de mercúrio
em seus tecidos, podemos citar a traíra (Hoplias malabaricus), a piranha (Serrasalmus
rhombeus), o flecheiro (Hemiodus immaculatus) e o tucunaré-açu (Cichla temensi).
Além da bioacumulação, outras características das assembleias de peixes podem ser
utilizadas no monitoramento da qualidade ambiental, como a presença e abun-
dância de espécies de peixes sensíveis ou tolerantes à poluição e a proporção entre
espécies de peixes que ocupam diferentes níveis na cadeia alimentar (carnívoros,
herbívoros, insetívoros, onívoros, detritívoros), pois a disponibilidade de alimento
afeta as populações de peixes. O cascudo (Hypostomus francisci) é um exemplo de
peixe utilizado como bioindicador em estudos que relacionam a disponibilidade de
alimento com a presença da espécie no ambiente.
Cascudo (Hypostomus
francisci): peixe utilizado
como bioindicador
Ilustração: Mávani Lima
Santos- LAIC
7.2.1 Índices
132
Bioindicadores Capítulo 7
133
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 7-06 As métricas selecionadas devem mostrar claramente as modificações que ocorrem na
biota quando há um aumento do distúrbio no ambiente, seja esse distúrbio prove-
Capítulos “Índices niente de um único fator de impacto ou de efeitos cumulativos da influência humana.
multimétricos São exemplos de índices multimétricos o “índice de integridade biótica (IIB)”, utilizado
para Avaliação de em estudos com peixes, e o “índice BMWP (do inglês, Biological Monitoring Working
Integridade Biótica” Party)”, utilizado em estudos com macroinvertebrados bentônicos.
•
O uso de bioindicadores como ferramenta de avaliação da qualidade da água é de
extrema importância por serem capazes de detectar impactos ambientais de diversas
origens, assim como suas consequências a longo prazo. Torna-se cada vez mais neces-
sário o desenvolvimento de índices que se utilizem de organismos para o biomonito-
ramento. Nesse contexto, políticas públicas podem ser estabelecidas tendo por base o
uso dessa ferramenta.
QUADRO 7-07
134
Bioindicadores Capítulo 7
ESTUDO DE CASO
*Decis é a classificação
de um intervalo de tempo
da precipitação por meio
Decis* da Chuva da divisão de uma série
em 10 partes iguais.
1 2-3 4-7 8-9 10
Níveis mais Muito Abaixo Na média Acima Muito acima Níveis mais
baixos abaixo da da média da média da média altos observados
observados média desde 1911
desde 1911
135
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Redução da
capacidade de
Aumento da salinidade drenagem
e de nitrato nas águas de água
subterrâneas
Aumento da Aumento da
evaporação proliferação
de algas
aumento do tempo
de retenção da água
Perda de
macrófitas
Aumento da
temperatura
da água
Aumento da estratificação*
Aumento da capacidade de
Parede da
processamento interno (ex.
barragem
Ressuspensão de sedimentos,
liberação de nutrientes)
Mudanças que ocorrem devido ao armazenamento de água em níveis mais baixos.
136
Bioindicadores Capítulo 7
137
Foto: Janice Peixer
8
Articulação de atores
e comunicação social
O
Cristina Elsner de Faria
Evanilde Benedito
Jaqueline Gil
Matheus Maximilian Ratz Scoarize
Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
Organização,
Processos e Tomada
de Decisão
139
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 8-02
140
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
QUADRO 8-03
• Artigo “Participação,
representação e
O processo decisório também está sujei- representatividade
to a questionamento. As ideias e as pro- no processo de
postas de ação deliberadas pelo comitê tomada de decisão
foram o resultado de uma construção em Comitês de
coletiva dos atores envolvidos? Como Bacia Hidrográfica:
foi a tentativa de cada ator para influen- conceitos, reflexões
ciar o processo decisório? Quais visões e discussões”
ou posicionamentos foram defendidos?
Suas demandas foram contempladas na
proposição formulada? Quais atores ti-
veram as suas ideias e propostas consi-
Autora: Cristina Elsner
141
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
142
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
Plenário do Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
Cabe aos tomadores de decisão perceberem que a realidade é complexa, com cená-
rios interligados, em que múltiplas perspectivas refletem fatias da verdade, sendo
cada uma delas expressa por atores legítimos no processo decisório (FARIA, 2017;
MARCH, 2009). Do contrário, corre-se o risco de que as decisões gerem um conflito
acentuado ou, ainda, que haja um descompasso entre a visão defendida pelos comi-
tês de bacias hidrográficas e a prática implementada pelos diversos grupos de atores
em seu território.
143
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
É importante ressaltar que o processo decisório deve ser representativo, sem perder de
vista a ética, as regulações vigentes e a fundamentação tecnocientífica das argumen-
tações e decisões. Por vezes, não será possível construir um posicionamento comum
ou alcançar o consenso. Ao menos, deve-se almejar o apoio dos diversos grupos para
as decisões tomadas e iniciativas a serem implementadas. O sucesso das iniciativas
promovidas pelos comitês de bacias hidrográficas reside na colaboração e no apoio dos
diversos grupos de atores às deliberações, ainda que seus posicionamentos individuais
não estejam necessariamente refletivos em alguma ação específica.
144
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
ESTUDO DE CASO
O caso analisado teve origem em Shark Bay, pequena cidade no Noroeste da Austrália,
onde há fazendas produtoras de pérolas. Junto com o turismo, os recursos gerados por
esse mercado são fundamentais para a economia da cidade. Em 2000, depararam-se
com uma praga biológica altamente tóxica e causadora de mortalidade em diversos seres
vivos, que atingiu toda a costa oeste da Austrália. Dessa forma, os produtores da fazenda
Blue Lagoon Pearls desenvolveram uma série de experimentos visando buscar soluções
para esse problema. Nesse processo de experimentação, nasceu a empresa Marine Easy
Clean, que desenvolveu um composto de hidrocarbonetos inertes em água, contendo
oligoelementos essenciais para os seres vivos. Essa estratégia foi capaz de conter a con-
taminação e conseguiu salvar algumas fazendas. Outras não tiveram a mesma sorte.
Foto: Sonia Masarova
145
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
A eficácia obtida a partir do uso dessa tecnologia desencadeou novos estudos e pes-
quisas baseadas nos mesmos princípios, que resultou na concepção de quatro novos
produtos e registro de patentes. Também foram constituídas empresas para comer-
cializar tais produtos, dando uma escala global para a solução desenvolvida pelos
produtores de Shark Bay, inclusive no Brasil. Atualmente, há uma linha de pesquisa em
desenvolvimento pelo Centro de Pesquisa Barry Marshall, vencedor do Prêmio Nobel
(Fisiologia/Medicina) em 2005, dando assim seguimento a uma parceria de sucesso
entre: comunidade, universidade e empresa.
QUADRO 8-05
É nesse ponto que reside uma das maiores frustrações dos pesquisadores: a dificul-
dade de compartilhar os conhecimentos científicos e gerar a transformações social
e ambiental esperadas. Informações que subsidiam as ações das autoridades são
comumente apresentadas em artigos científicos e muitas delas constituem-se em sé-
rios riscos diretos à saúde pública quando da exploração e transformação ambiental
(VORMITTAG, 2021).
146
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
Essa falta de compreensão dificulta a comunicação entre as partes envolvidas, que são
os pesquisadores e a comunidade em geral, além de desestimular a criação de novos
investimentos. Entretanto, quando a comunidade se sente diretamente afetada pelos
prejuízos gerados devido ao uso desordenado dos recursos ambientais, ela própria se
organiza e busca resolver as questões da forma como compreende os mecanismos e
o funcionamento do ecossistema em que está integrada. Do mesmo modo, frente aos
cortes enfrentados pelos cientistas para financiar programas de pesquisa e monitora-
mento a longo prazo, os pesquisadores e a comunidade se encontram em um cenário
de busca de resolução dos problemas ambientais (FADINI; FERNANDES, 2017).
147
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
ESTUDO DE CASO
148
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
Foto: Matheus Maximilian Ratz Scoarize
Curso de capacitação aos educadores para a redução de risco aos desastres naturais do Litoral Norte de São Paulo, Brasil
149
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Uma população sensibilizada não apenas entende o seu papel no momento e no local
em que vive. Também permite que as próximas gerações possam desfrutar de uma
melhor qualidade de vida. Sabe-se que o mundo lida com rápidas mudanças am-
bientais globais, mas o agir local pode reduzir riscos e desastres ainda maiores, como,
por exemplo, as alterações na temperatura que geram mudanças no ciclo de chuvas e
Cartilha SOS Riachos conduzem à indesejável crise hídrica.
150
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
QUADRO 8-08
Por meio das mídias sociais, as ONGs ou grupos organizados, conseguem expor para
a sociedade o que está ocorrendo de forma equivocada, além de boas práticas para
minimizar os impactos. As ações comunitárias não representam somente uma forma
de reflexão, mas também motivam a comunidade a desenvolver os mesmos tipos de
práticas. Portanto, quando tais ações são realizadas de forma bem-estruturada e de-
vidamente divulgadas nas mídias, a abrangência das mesmas se torna mais ampla e a
conscientização da comunidade mais efetiva.
Mutirão de limpeza da
comunidade em área de
mata nativa
Foto: Wladimir Marques Domingues
151
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Uma vez que os ambientes aquáticos são espelhos de uma região, nos quais os as-
pectos positivos e negativos se mesclam e refletem a realidade da dinâmica local e da
conduta de seus cidadãos. Em regiões muito poluídas, a água será o reflexo de como é
essa poluição. De forma simétrica, se for limpa, assim será a água. Os ambientes aquá-
ticos não apenas atuam como arquétipos para evidenciar a dinâmica de uma região,
mas também se revelam como excelentes meios de sensibilização para outros proble-
mas ambientais. A articulação entre universidade, empresas e comunidade encoraja as
pessoas a protegerem esses ecossistemas e oportuniza o compartilhamento do saber
científico em prol da transformação social e ambiental. Seja por meio de conversas ou
de ações realizadas em conjunto, diversos grupos de atores de igual importância têm a
chance de interagirem e se conhecerem, trocando experiências e saberes, e assim cres-
cerem juntos. Por esse motivo, a articulação e a comunicação podem ser consideradas
peças essenciais para a gestão eficiente e sustentável dos recursos hídricos.
Ato simbólico: 1050 máscaras coletadas em 500 m de estrada (de setembro de 2020 a junho de 2021). Serrinha da Enseada, São Sebastião, SP,
Brazil.
152
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
ESTUDO DE CASO
Coleta de Resíduos
asiáticos em São
Sebastião, SP, Brasil.
Foto: Fábio Prado Fula
153
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
Praia do Topo – São Sebastião, SP, Brasil Praia Half Moon Bay, Melbourne, VIC, Austrália
154
Articulação de Atores e Comunicação Social Capítulo 8
ESTUDO DE CASO
155
Gestão Sustentável de Bacias Hidrográficas
QUADRO 8-10
Exposição de
Trabalhos da •
Mostra Virtual
156
Foto: Vassiliki Terezinha Galvão Boulomytis
157
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO TEXTO E DAS FIGURAS
1. ABARES. Future scenarios for the southern Murray-Darling Basin water market,
2018. Disponível em: https://data.gov.au/data/dataset/pb_fsswmd9aaw20180808/
resource/8ddf8977-f8f4-4713-8d9e-a7d47ce85d0e. Acesso em: 17 ago. 2021.
3. ANA. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2020. Brasília, DF: Agência
Nacional de Águas e Saneamento, 2020. Disponível em: http://conjuntura.ana.gov.
br/static/media/conjuntura-completo.23309814.pdf. Acesso em: 20 out. 2021.
158
14. CNPQ. Planejamento Estratégico 2025. Brasília: MCTI, DF, 2014. 48p. Disponível
em: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/planejamento-estrategico.
Acesso em: 02 nov. 2021.
19. DONNELLY, T. H.; GRACE, M. R.; HART, B. T. Algal Blooms in the Darling-
Barwon River, Australia. Water, Air, and Soil Pollution, v. 99, p. 487-496, 1997.
21. FADINI, R.; FERNANDES, G. W. Brazil’s scientists and churches share goals.
Science, v. 358, n.6360, p. 179-180, 2017.
25. GARRIDO NETO et al., P. S. Sustainable urban drainage systems in the world and
Brazil. Brazilian Journal of Development, v. 5, n. 10, p. 18743-18759, 2019.
26. GOBSTER, P. H. et al. The human dimensions of urban greenways: planning for
recreation and related experiences. Landscape and Urban Planning, n. 68, p. 147-
165, 2004.
159
29. HALE, J.; BOND, N. R.; BROOKS, S. Murray–Darling Basin Long Term
Intervention Monitoring Project — Biodiversity Report. Report prepared for the
Department of the Environment and Energy, Commonwealth Environmental Water
Office by La Trobe University, Centre for Freshwater Ecosystems, CFE; Publication
252, May 2020, 76p.Disponível em: https://brooks.eco/uploads/images/96/FINAL-
LTIM-2018-19-Biodiversity-Basin-Evaluation.pdf Acesso em: 04 out. 2021.
30. HART, B. T. et al. Introduction to the Murray–Darling Basin system, Australia. In:
HART, B. T. et al. (ed.) Murray-Darling Basin, Australia: Its Future Management.
New York: Elsevier, 2021.
32. KINGDON, J. W. Agendas, Alternatives, and Public Policies. 2. ed. Boston, MA:
Longman, 2011.
37. MCCRACKEN, M.; PETERS, L.; WOLF, A. Megatrends in Shared Waters in 2030
and Beyond. In: Assessing Global Water Megatrends, Singapura: Springer, 2018.
p. 105-123.
38. MCCRACKEN, M.; WOLF, A. T. Updating the Register of International River Basins
of the world. International Journal of Water Resources Development, v. 35, n. 5,
2019. p. 732-782.
39. MDBA. The Basin Plan 2020 Evaluation. Disponível em: https://www.mdba.gov.
au/2020-basin-plan-evaluation Acesso em: 20 Ago. 2021.
40. MDR. Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB. Mais Saúde com Qualidade
de Vida e Cidadania. Brasília, DF: MDR/Secretaria Nacional de Saneamento, 2019.
239 p. Disponível em: https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSDRU/
ArquivosPDF/Versao_Conselhos_Resolu%C3%A7%C3%A3o_Alta_-_Capa_
Atualizada.pdf Acesso em: 02 nov. 2021.
41. MILLER, G.T.; SPOOLMAN, S.E. Ciência Ambiental. 14. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2015. 464p.
160
42. MITCHELL, S. M.; ZAWAHRI, N. A. The effectiveness of treaty design in addressing
water disputes. Journal of Peace Research, v. 52, n. 2, p. 187-200, 2015.
44. MOREIRA, T. C. L. et al. Green Spaces, Land Cover, Street Trees and Hypertension
in the Megacity of São Paulo. International Journal Environmental Research
Public Health, p. 1-14, 2020.
48. ONU. O Valor da Água. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021. Resumo Executivo, 2021. 11 p.
52. SADOFF, C. W.; GREY, D. Beyond the river: the benefits of cooperation on
international rivers. Water Policy, v. 4, n. 5, p. 389-403, 2002.
53. SANTOS, B. S. Ask Boaventura #20 - Escuta Profunda, 2015. Disponível em:
https://youtu.be/pWIOFhWPLT4. Acesso em: 24 de mai. 2021.
56. SHUBBER, Z. The Sources of the Nile. Podcast. Episódio 1, 2017. Disponível
em: https://nilewaterlab.org/podcast-the-sources-of-the-nile/. Acesso em: 24 mai.
2021.
161
57. SHUBBER, Z.; CAUWENBERGH, N. V. A 3-step framework for water conflict
management. IAHS Conference, 2017.
58. SOUZA, R.C.C.L.; CALAZANS, S.H.; SILVA, E.P. Impacto das espécies invasoras
no ambiente aquático. Ciência e Cultura, v.61, n.1, p.35-41, 2009.
62. VAN DER ZAAG, P. Principles of Integrated Water Management. Delft: Unesco-
IHE, 2015.
63. VERTESSY, R. Independent Assessment of the 2018-19 fish deaths in the lower
Darling. Murray Darling Basin Authority and Australian Government, Australia. 2019.
66. WOLF, A. T. A long term view of water and international security. Journal of
Contemporary Water Research & Education, v. 142, n. 1, p. 67-75, 2009.
68. WWF. Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico. 2019. Disponível
em: https://www.wwf.org.br/?70222/Brasil-e-o-4-pais-do-mundo-que-mais-
gera-lixo-plastico Acesso em: 05 jul. 2021.
70. ZWARTEVEEN, M. et al. Engaging with the politics of water governance. Wiley
Interdisciplinary Reviews: Water, v. 4, n.6, 2017.
162
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOS QR CODES
• QR 1-01 ANA. Comitê de Bacia Hidrográfica, 2014. Vídeo. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=uRzt9tv0EJU Acesso em: 10 set. 2021.
• QR 1-04 ANA. Conjuntura Recursos Hídricos 2020, 2020. Disponível em: http://
conjuntura.ana.gov.br/. Acesso em: 20 out. 2021.
163
• QR 2-03 FERNANDEZ, G. A. V. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Brasília, p. 34. 2017.
Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/camaras-setoriais-
tematicas/documentos/camaras-tematicas/infraestrutura-e-logistica/2017/55a-ro/
app_sistema_gerenciamento_55ro_logistica.pdf Acesso em: 20 ago. 2021.
• QR 2-04 ANA. A Lei das Águas no Brasil, 2014. Vídeo. Disponível em: https://
youtu.be/bH08pGb50-k Acesso em: 20 out. 2021.
164
• QR 3-08 MINUTOS PSÍQUICOS. Agressivo, passivo ou assertivo? 2014. Vídeo.
Disponível em: https://youtu.be/rd1mCZVNnxE Acesso em: 20 out. 2021.
165
• QR 4-04 TWRA. XI Webinário IFSP - Tecnologias e metodologias de apoio à
Gestão Integrada dos Recursos Hídricos, 2020. Vídeo. Disponível em: https://
youtu.be/Ww0QKMK70xU?list=PLFUsBrEsuFPApymSNX4QkGdPWzzojNcdG
Acesso em: 20 out. 2021.
• QR 4-07 ANA. Plano Nacional de Segurança Hídrica. Brasília: [s.n.], 2019. 112
p. Disponível em: https://arquivos.ana.gov.br/pnsh/pnsh.pdf Acesso em: 20 out. 2021.
166
• QR 5-03 CICONATO, H. Análise da nova Portaria MS 888/21 sobre controle
e vigilância da água para consumo humano, 2021. Disponível em: https://
foodsafetybrazil.org/analise-da-nova-portaria-ms-888-21-sobre-controle-e-
vigilancia-da-agua-para-consumo-humano/ Acesso em: 13 out. 2021.
167
• QR 6-05 PEREIRA, N. N. Água de Lastro: Gestão e Controle. São Paulo:
Blucher, 2018. Disponível em: http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.
com/openaccess/9788580393064/completo.pdf Acesso em: 20 out. 2021.
168
• QR 6-14 TWRA. VIIWebinário IFSP– Introdução de espécies e invasões biológicas:
conceitos, fontes de introdução e ações mitigadoras, 2020. Vídeo. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=Bb0P9omZVjM&list=PLFUsBr
EsuFPApymSNX4QkGdPWzzojNcdG&index=7 Acesso em: 14 ago. 2021.
169
PNAP-Bacharelado-OrganizacaoProcessosTomadaDecis%C3%A3o-GRAFICA.pdf
Acesso em: 20 out. 2021.
170
Foto: Tourism Australia
171
Autores
ORGANIZADORA Vice-Diretora do Comitê Atuou na Companhia
Regional da TWRA do de Saneamento Básico
Estado de São Paulo (2020- do Estado de São Paulo
2021) e Coordenadora (SABESP) por mais de
do Projeto de Extensão uma década na execução
“Práxis Educativa na e gestão dos sistemas de
Gestão Sustentável dos abastecimento público,
Recursos Hídricos”. É coleta e tratamento de
Coorientadora do Programa efluentes. Atualmente é
de Pós-Graduação da Diretor do Comitê Regional
Faculdade de Engenharia da TWRA do Estado de São
Mecânica de Guaratinguetá Paulo.
Antonio Carlos Zuffo
da Universidade Estadual Possui Graduação em
Vassiliki Trezinha Galvão Paulista “Júlio de Engenharia Civil pela
Boulomytis Mesquita Filho” (UNESP), UNICAMP, Mestrado
Possui Graduação em do Programa de Pós- em Engenharia Civil pela
Engenharia Civil pela Escola Graduação em Engenharia Universidade de São
Politécnica da Universidade de Sistemas Agrícolas Paulo (USP), Doutorado
de São Paulo, Mestrado da Escola Superior em Engenharia Hidráulica
em Engenharia Civil na de Agricultura Luiz de e Saneamento pela USP
área de Saneamento e Queiroz (ESALQ) da e Pós-doutorado na
Ambiente pela Universidade USP e do Programa de Universidade de Toronto,
Estadual de Campinas Pós-Graduação em Meio Canadá. É Professor
(UNICAMP) e Doutorado Ambiente da Universidade Associado da UNICAMP e
em Engenharia Civil na do Estado do Rio de já atuou como Engenheiro
área de Recursos Hídricos, Janeiro (PPGMA/UERJ). Andreia Isaac Civil na área de recursos
Energéticos e Ambientais Possui Graduação em hídricos, planejamento e
pela UNICAMP, em Ciências Biológicas pela gerenciamento de recursos
cotutela com a Swinburne Universidade Estadual
AUTORES hídricos e ambientais,
University of Technology, de Maringá (UEM), com ênfase em Análise
Austrália. Desde 2010 é Especialização em Biologia Multicritério. Foi Diretor do
docente no Instituto Federal da Conservação e Manejo Comitê Regional da TWRA
de Educação, Ciência e da Vida Selvagem pela do Estado de São Paulo
Tecnologia de São Paulo, Pontifícia Universidade (2020-2021) e, atualmente,
Câmpus Caraguatatuba. Católica do Paraná é coordenador temático
Sua especialidade é (PUCPR), Mestrado e de Segurança Hídrica da
nas áreas de Hidráulica, Doutorado em Ecologia TWRA e do Laboratório
Hidrologia, Saneamento De Ambientes Aquáticos de Apoio Multicritério
e Análise Multicritério. Continentais pela UEM. à Decisão Orientada
Atualmente é Coordenadora Ao longo da trajetória à Sustentabilidade
do Curso de Engenharia profissional, tem se Empresarial e Ambiental
Civil e Líder do Grupo de dedicado à pesquisas em
André Luís Sotero (LADSEA) na UNICAMP.
Engenharia, Tecnologia, ecologia de parasitos de
Inovação e Sustentabilidade Salustiano Martim
peixes, parasitologia de
(GETIS). Foi Pesquisadora Possui Graduação em
espécies de peixes exóticas
Visitante da San Diego Engenharia Civil, mestrado
e invasoras, ecologia
State University, EUA, e em Engenharia Civil e
trófica de peixes, entre
atualmente é Pesquisadora doutorado em Engenharia
outros temas. Atualmente,
Colaboradora do Programa Civil pela UNICAMP.
atua no Departamento
de Pós-Graduação da É Professor na área de
de Biodiversidade da
Faculdade de Engenharia Recursos Hídricos na
Universidade Federal do
Civil da UNICAMP. Faculdade de Engenharia
Paraná (UFPR), no Setor
Em 2020, foi Secretária- Civil, Arquitetura e
Palotina.
Geral da Tropical Water Urbanismo da UNICAMP.
Research Alliance (TWRA),
172
Sistemas de Irrigação para o Mercosul do Sua pesquisa envolveu
pela UFG, Especialização Ministério testes e modelagem de
em Educação à Distância da Educação do Governo ações de restauração de
pela Universidade de da Austrália. Especializada lagos, documentando a
Brasília (UnB), Mestrado na experimentação de trajetória de recuperação
em Agronomia (Solos e projetos pilotos para de ecossistemas de
Nutrição de Plantas) pela o desenvolvimento água doce. Nos últimos
Universidade Federal de políticas públicas anos, esteve intimamente
de Viçosa e Doutorado inovadoras, já envolvido na gestão e
em Ecologia pela UnB. foi responsável implementação de políticas
Trabalhou com fertilidade pela formulação e para ecossistemas de água
Ashantha Goonetilleke do solo e adubação, implementação de doce, tendo compromissos
É Professor de Engenharia lidando principalmente diversos projetos de com o Ministério do Meio
Hídrica e Ambiental da com a ecologia de solos, cooperação internacional Ambiente da Nova Zelândia
Queensland University of micorrizas, paisagismo, em temáticas relacionadas e funções consultivas para
Technology (QUT), Austrália. jardinagem, recuperação ao desenvolvimento conselhos regionais e
Por 5 anos, foi Diretor de de áreas degradadas, socioeconômico grupos industriais da Nova
Pesquisa em Infraestrutura compostagem, produção de populações em Zelândia e da Austrália.
da QUT e por 10 anos, de plantas nativas do vulnerabilidade, educação
atuou como consultor Cerrado, arborização profissional e ensino
em sustentabilidade urbana, educação superior. Mais recentemente
para o Aeroporto de ambiental e popularização tem desenvolvido projetos
Brisbane, Austrália. Sua da ciência. Pertence ao colaborativos de pesquisas,
especialidade como Grupo de Pesquisa CNPq no contexto acadêmico,
pesquisador, consultor AquaRiparia e, atualmente, envolvendo universidades
e educador é no nexo é Diretora do Comitê do Brasil e da Austrália.
entre recursos hídricos, Regional da TWRA no
mudanças climáticas Distrito Federal.
e sustentabilidade,
particularmente na Gestão
Integrada de Recursos
Hídricos, adaptação às Denise Maria Elisabeth
mudanças climáticas, Formaggia
reúso de águas pluviais É Graduada em Engenharia
e residuais e soluções Civil pela Universidade
baseadas na natureza. Presibiteriana Mackenzie e
especialista em Engenharia
de Saúde Pública pela
USP. Atuou na Secretaria
David Hamilton de Estado da Saúde de
É Vice-Diretor e Professor São Paulo na área de
Cristina Elsner de Faria do Australian Rivers Saneamento de 1983
É Cientista política, Institute, na Griffith a 2011. Foi Consultora
Especialista em Gestão University. Atuou nas do Ministério da Saúde
Estratégica de Negócios Faculdades de Engenharia e da Organização Pan-
pela Fundação Dom Cabral Ambiental da University Americana da Saúde
e Doutora em Políticas of Western Australia e (OPAS) de 1988 a 2008,
Públicas e Desenvolvimento de Ciências Biológicas na área de qualidade
Internacional pela na University of Waikato, das águas para consumo
Carmen Regina Mendes Universidade de Brasília. Nova Zelândia. Em 2002, humano. Atualmente
de Araújo Correia Tem 20 anos de experiência foi nomeado Presidente integra o Comitê de Bacias
Possui Graduação em em Análise Política, do Conselho Regional Hidrográficas do Litoral
Engenharia Agronômica Planejamento e Gestão inaugural de Bay of Plenty norte de São Paulo
pela Universidade de Projetos. Desde 2017, para a restauração de (CBH-LN/SP). É membro do
Federal de Goiás (UFG), ocupa a posição de lagos da Universidade Comitê Regional da TWRA
Especialização em Gerente de Educação e de Waikato e ocupou do Estado de São Paulo.
Pesquisas no Escritório este cargo por 15 anos.
173
Autores
qual estudou um semestre processo de cooperação
na Universidade do Minho hídrica entre Etiópia e
(UMinho), Campus Gualtar, Sudão pelas águas do
Portugal. Atualmente é Rio Nilo. É Especialista
mestranda no Programa Ambiental do Estado
de Pós-Graduação em de São Paulo há 12
Ecologia de Ambientes anos, onde atualmente
Aquáticos Continentais coordena os diagnósticos
(PEA), no Laboratório de e planos estaduais de
Lagos Rasos e Invasões do recursos hídricos e atua
Nupelia/UEM. na implementação das
políticas de recursos
Evanilde Benedito
hídricos e legislações Jaqueline Gil
É Graduada em Biologia
correlatas. É membro do Tem mais de 15 anos de
pela UEM, mestrado
Comitê Regional da TWRA experiência com políticas
pelo Programa de Pós-
do Estado de São Paulo. públicas, gestão de
Graduação em Zoologia
da UFPR e Doutorado projetos e inovação em
pelo Programa de Pós- serviços no Brasil e no
Graduação em Ecologia exterior. Estudou Marketing
e Recursos Naturais da em Harvard, e Inovação
Universidade Federal de e Empreendedorismo
São Carlos Docente da em Stanford, EUA. É
UEM, pesquisadora do especialista em Relações
Conselho Nacional de Internacionais pela UnB.
Desenvolvimento Científico Giane Cendron É Mestre em Gestão
e Tecnológico (CNPq), É Graduanda em Ciências de Turismo e Marketing
atuando no Núcleo de Biológicas pela UFPR, Setor Internacional pela
Pesquisas em Limnologia, Palotina. Tem experiência Universidade de Alicante,
Ictiologia e Aquicultura na área de ecologia de Espanha, e Doutoranda
(Nupelia/UEM) e TWRA. ecossistemas aquáticos. Janice Peixer em Desenvolvimento
É orientadora do Programa Possui graduação em Sustentável pela UnB.
de Pós-Graduação em Ciencias Biológicas Leciona Planejamento
Biologia Comparada e pelas Faculdades Unidas de Cenários Futuros
do Programa de Pós- Católicas de Mato Grosso, no Departamento de
Graduação em Ecologia mestrado e doutorado Administração da UnB.
de Ambientes Aquáticos em Ciências Biológicas É CEO da empresa de
Continentais da UEM. (Zoologia) pela UNESP. consultoria Amplia Mundo.
Tem experiência na área Trabalhou para governos
de Zoologia, com ênfase estaduais, federal, iniciativa
em Utilização dos Animais, privada, organismos e
atuando principalmente nos governos internacionais,
seguintes temas: Pantanal, principalmente na Nova
Bacia do Alto Paraguai, Zelândia.
Iara Bueno Giacomini pesca de pequena escala,
É Bacharel em Oceanologia pesca esportiva, pesca
e Mestre em Biologia de profissional, turismo
Ambientes Aquáticos de pesca e valoração
Continentais pela ambiental. Desde 2010,
Universidade Federal do Rio é Docente do IFSP,
Grande (FURG). É Mestre Câmpus Caraguatatuba.
em Gestão e Governança Participou da elaboração
Gabriela Sponchiado Hein
das Águas pelo Instituto e implementação do
É Licenciada em Ciências
de Educação Hídrica Projeto de Extensão “Práxis
Biológicas pela UFPR,
(IHE-Delft), Holanda, e Educativa na Gestão
Setor Palotina. Participou
Mestre em Biologia de Sustentável dos Recursos
do programa de Mobilidade
Ambientes Aquáticos Hídricos”.
Acadêmica UFPR
Internacional, durante o Continentais. Atuou no
174
de Desenvolvimento
Tecnológico e Industrial
FAPES (Modalidade DTI-A)
do Projeto “Aliança Tropical
de Pesquisa da Água -
Uma Rede Internacional
para a Conservação
da Biodiversidade
e Desenvolvimento
Sustentável em Bacias
Hidrográficas Tropicais”. Faz Luiza Ishikawa Ferreira
parte da Secretaria Geral Graduada em Ciências
Karoline Victor Serpa Matheus Maximilian Ratz
da TWRA e é membro do Biológicas pela Pontifícia
Possui Bacharelado Scoarize
Comitê Regional da TWRA Universidade Católica de
em Ciências Biológicas É Licenciado e Bacharel
do Estado do Espírito Campinas (PUC-Campinas),
pela Universidade Vila em Ciências Biológicas
Santo. Mestre e Doutora pelo
Velha UVV) É Mestre em pela UEM. Participante
Instituto Oceanográfico do programa Ciência
Ecologia de Ecossistemas
da Universidade de São Sem Fronteiras (CSF) do
pelo Programa de Pós
Paulo (USP). Docente da CNPq, tendo realizado
Graduação da UVV.
PUC-Campinas há 40 intercâmbio de um ano na
Atualmente é Pesquisadora
anos, com experiência University of Stirling, Reino
Associada ao Laboratório
em zoologia, biologia para Unido. Participante dos
de Ecologia de Insetos
engenharia ambiental e programas Universidade
Aquáticos (LEIA) da UVV.
sanitária, ciências naturais Sem Fronteiras (USF) e
Faz parte da Secretaria
para pedagogia, ciência Paraná Mais Ciência da
Geral da TWRA e é membro
do ambiente para as Secretaria de Estado da
do Comitê Regional da
engenharias elétrica e Ciência, Tecnologia e
TWRA do Estado do
química, etologia e bem- Ensino Superior do Paraná
Espírito Santo.
estar animal para medicina (SETI). Mestre em Ciências
Luciene Pimentel da Silva veterinária, biologia marinha Ambientais pelo Programa
É Professora do Programa e educação ambiental. de Pós-Graduação em
de Pós-Graduação em Representante da ONG Ecologia de Ambientes
Gestão Urbana da Pontifícia Jaguatibaia na Câmara Aquáticos Continentais
Universidade Católica do Técnica de Conservação (PEA) e Doutorando no
Paraná (PPGTU/PUCPR) e e Proteção de Recursos mesmo programa, no
Colaboradora do Programa Naturais (CT-RN) do Comitê NUPELIA/UEM. É Membro
de Pós-Graduação em Meio das Bacias Hidrográficas do Comitê Regional
Ambiente da Universidade dos rios Piracicaba, da TWRA do Estado
do Estado do Rio de Capivari e Jundiaí (CBH- do Paraná, da Câmara
Janeiro (PPGMA/UERJ). PCJ) e do Grupo de Deliberativa do NUPELIA,
É Doutora em Engenharia Trabalho Mananciais do Instituto BiodiverCidade
Civil e Hidrologia pela e GT Indicadores e
Larissa Corteletti da Costa e do Movimento ODS
Newcastle University, Reino Monitoramento. É membro
É Doutora em Ecologia de Paraná.
Unido. Atua nas áreas de do Comitê Regional da
Ecossistemas, atuando hidrologia, meio ambiente TWRA do Estado de São
no LEIA/UVV. Possui e sistemas urbanos. Atua Paulo.
experiência na área de no ClimateLabs/PUCPR
Limnologia, com ênfase (ERASMUS+) em medidas
em ecologia e comunidade para mitigação e adaptação
de macroinvertebrados às mudanças climáticas
bentônicos, decomposição através da inovação social.
de detritos foliares em Recebeu o prêmio Jabuti,
riachos, bioindicadores em 2016, na categoria
de qualidade de água e Livros de Engenharia, para
crustáceos dulcícolas. “Hidrologia, Engenharia e
Atualmente, é Pós- Meio Ambiente”.
Doutoranda Associada
ao LEIA/UVV e bolsista
175
Autores
desde 2011 e Professora
do Programa de Pós-
Graduação em Aquicultura
e Desenvolvimento
Sustentável. Atualmente,
é Diretora de Setor no
Campus Palotina da
Universidade Federal do
Paraná.
176
apoio: