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“Epilepsia”, vem do verbo grego

epilambanein, que significa “Ser


atacado, dominado ou tomado”, o que
sugere que a epilepsia seria
provocada por uma força externa.
ASPECTOS HISTÓRICOS

 Origem:
. Na Antiguidade, acreditava-se que a epilepsia
estava vinculada a uma divindade ou espírito
diabólico, era comumente considerada uma doença
associada a fenômenos sobrenaturais decorrentes de
castigo ou possessão de espíritos.
. Crenças como essas foram apresentadas na antiga
Babilônia em documentos que datam 2000 a.C.
. No período clássico houve um grande avanço da
medicina e em 400 a.C. Hipócrates, no livro Sobre a
doença sagrada,¹ inferiu que o cérebro seria a sede
da mente e afirmou que a epilepsia não estava
associada ao caráter divino, e sim ao cérebro.
 O QUE É?

 É um distúrbio cerebral caracterizado por uma disposição natural do


cérebro a gerar crises epilépticas e pelas conseqüências
neurobiológicas e cognitivas.

 É definida pela ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica, as


quais recorrem na ausência de condições toxicometabólicas do
organismo (Fisher et al., 2005).

 Elas provocam descargas neuronais súbitas, excessivas e


descontrolados que ocorrem, predominantemente, no córtex cerebral.
 O cérebro é um órgão altamente complexo e
sensitivo. Ele regula e controla todas nossas ações.
Ele controla movimentos, sensações, pensamentos e
emoções.
 Ele é o sítio da memória e regula os mecanismos

involuntários do corpo, tais como os do coração e


pulmões. As células cerebrais trabalham em conjunto,
comunicando-se por meio de sinais elétricos.
 Ocasionalmente ocorre uma descarga elétrica
anormal de um grupo de células e o resultado é uma
crise. O tipo de crise depende da região do cérebro
onde ocorre a descarga.
 O diagnóstico é realizado pelo médico neurologista através de
uma história médica completa, coletada com o paciente e
pessoas que tenham observado a crise.

 Os exames clínico-neurológicos, a avaliação neuropsicológica


e os testes complementares proporcionam auxílio valiosos ao
diagnóstico completo e seguro.

 Exames como: eletroencefalograma (EEG)


 Neuroimagem como: tomografia e ressonância magnética de
crânio.

 Vídeo – EEG. – Superfície/limitado.


Tipos de crises:
- Parcial/Focais e Generalizada.

 Parcial: Crises parciais (antes denominadas crises focais).


Durante esse tipo de crise o paciente pode experimentar uma
gama de sensações estranhas, movimentos bruscos de uma
parte do corpo, distorções auditivas ou visuais, desconforto
estomacal ou sensação de medo.
Descargas epilépticas surgindo em uma parte do cérebro
originam crises parciais (ex. logo occipital que origina
manifestações visuais).
 Parcial:
 A consciência não sofre prejuízo.

 Se a pessoa fica inconsciente durante a crise pode


não haver sensação alguma. Muitas pessoas
experimentam
uma “aura” antes da crise
propriamente dita.
 Antes do começo de uma crise algumas pessoas experimentam
uma sensação ou aviso chamado "aura". A aura pode ocorrer com
antecedência tal que possibilita à pessoa tomar medidas preventivas quanto
a possíveis lesões provocadas pelas crises.
 O tipo de aura varia de pessoa para pessoa. Algumas sentem uma mudança
na temperatura corporal, outras têm uma sensação de tensão ou ansiedade.
Em alguns casos a aura epiléptica pode manifestar-se como um som
musical, um gosto estranho ou um curioso e particular odor. Se a pessoa
consegue fazer uma boa descrição da sua aura isso pode ajudar o médico a
descobrir em que região do cérebro ocorre a descarga inicial.
 Uma aura pode ocorrer sem ser seguida por uma crise e, em alguns casos,
ela mesma pode ser classificada como sendo um tipo de "crise parcial
simples".
 Tipos de crises:
- Generalizada: Se originam em algum ponto de uma rede
neuronal e rapidamente se desenvolvem e se propagam
em redes neuronais bilaterais; atingem os dois
hemisférios cerebrais, todo o cérebro está envolvido.
Descargas epilépticas surgindo em ambos os
hemisférios cerebrais ao mesmo tempo
 Obs.: Ao todo existem mais de 30 diferentes tipos
de crises. Como decorrência disto, a nova
classificação subdivide as epilepsias em Parciais
e Generalizadas.
 A maioria das síndromes epilépticas não tem uma causa
comum.

 Elas podem ser subdivididas de acordo com sua etiologia:


genética, estrutural/metabólica ou desconhecida.

 Genética – resultado direto de um defeito genético conhecido


ou presumido, em que as crises são o principal sintoma da
doença.

 Estrutural/ metabólica – epilepsias cujas causas são


identificáveis.
 Há evidencias de que indivíduos com determinados tipos de epilepsia
podem apresentar prejuízos cognitivos graves, sendo que, para alguns, tais
déficits podem ser mais debilitantes do que as próprias crises epilépticas.

 A avaliação neuropsicológica tem como objetivo diagnosticar tais


prejuízos cognitivos; contribuir para a compreensão da condição
neurológica do paciente e auxiliar nas decisões de seu tratamento;
compreender os problemas emocionais, educacionais e psicossociais
relacionados com o comprometimento cognitivo; além de monitorar os
efeitos dos medicamentos e/ou da epilepsia sobre a cognição, bem como o
impacto dessas disfunções cognitivas no dia a dia.
Idiopática é um adjetivo usado primeiramente pela medicina em causa obscura
ou desconhecida.
Por anos o neuropsicológo na epilepsia foi avaliar a eficiência funcional de
várias regiões cerebrais e revelar aquelas que estavam disfuncionais, e
determinar os benefícios de vários tratamentos medicamentosos e cirúrgicos.

Dessa forma, grande parte dos estudos iniciais em neuropsicologia da


epilepsia concentra-se na localização lateralização do foco epileptiforme de
epilepsia parciais em pacientes adultos.
Dentre as síndromes idiopáticas, a mais freqüentemente estudada na literatura
de neuropsicologia é a epilepsia mioclônica juvenil (EMJ).
A epilepsia mioclônica juvenil (EMJ) é caracterizada por movimentos mioclônicos
(tremores rápidos no corpo) presentes em todos os casos, associados ou não às crises
tônico-clônicas generalizadas e raramente às crises de ausência.
É um tipo de epilepsia relativamente comum, de caráter benigno, respondendo bem aos
tratamentos anticonvulsivantes tradicionais.
As crises mioclônicas, costumam iniciar-se na adolescência. É comum aparecerem
crises geralmente ao acordar, muitas vezes precipitadas por privação do sono ou
estresse.
Estudos neuropsicológicos em pacientes com EMJ revelaram déficits em inúmeras
habilidades executivas, como, por exemplo, formação de conceitos, pensamento
abstrato, flexibilidade mental, velocidade de processamento mental e planejamento.
Tônico-clônicas –
Perda da  consciência  seguida  de  contrações  sustentadas  (tônica)  dos  músculos,  seguida  de 
períodos de contrações musculares alternadas com relaxamento (clônica).

Crises de Ausência –
As crises de ausência são um lapso da consciência que dura de 5 a 30 segundos em que a pessoa 
para o que estava fazendo.
Os olhos do paciente podem girar para cima ou ficar olhando fixamente para o vazio, e a pupila 
pode  se  dilatar.  Objetos  que  ele  esteja  segurando  podem  cair,  e  podem  ocorrer  automatismos 
musculares repetitivos, como por exemplo, piscar de olhos, estalar os lábios, mastigação.
Nesse  tipo  de  epilepsia  não  há  a  confusão  mental  após  a  crise,  e  por  vezes  o  paciente  nem  a 
percebe.
Epilepsia de lobo temporal – 
Estima-se que 40% das síndromes epilépticas são epilepsias de 
lobo temporal (ELT), e aproximadamente 60% das crises parciais 
iniciam-se em lobos temporais, mais freqüentes em adultos.

   Aura
 Parada e fixação do olhar
  Alteração motora contralateral
com automatismos simples
 Automatismos complexos
Epilepsia de lobo Frontal – 
Estima-se que 20% a 30% das síndromes epilépticas de lobo 
frontal são crises focais (ELF). 

 Auras não específicas


 Pode ocorrer várias vezes ao dia e ou noite
 Automatismos motores: debater, balançar, pedalar, chutar com
   emissão de gruídos ou gemidos
 Manipulação genital
 
São raras
Distúrbio de imagem corporal
Distúrbios visuais e alucinações visuais
 Virtualmente,
sob circunstâncias favoráveis qualquer
um pode ter uma crise.

 Cada um de nós tem um limiar cerebral


convulsivo que nos torna mais ou menos resistentes a
crises.

 Não são exclusivos para qualquer faixa etária, sexo ou


raça.
 A epilepsia pode atingir qualquer um em qualquer
idade. Contudo, a maior parte das pessoas que
desenvolvem crises durante seus primeiros anos de
vida tendem a apresentar uma redução na intensidade
e freqüência de suas crises na medida em que
envelhecem.

 Em alguns casos a epilepsia pode desaparecer por


completo. Metade dos casos desenvolve-se antes dos
10 anos.
 Através de medicações que
possam controlar a atividade
anormal dos neurônios.

 Cirurgia da epilepsia, consiste na


retirada de parte da lesão ou das
conexões cerebrais que levam a
propagação das descargas
anormais.
ψ O tratamento da epilepsia é feito com
medicamentos que inibem as descargas
epilépticas.

Os medicamentos normalmente
necessitam ser ingeridos a cada 8,12 ou
24 horas, dependendo da medicação
prescrita. Tomar os medicamentos na
quantidade e na hora indicada pelo Alguns medicamentos:
médico é um dos passos importantes para Ácido Valpróico
Carbamazepina
obter sucesso no tratamento.
Fenitoína
Primidona
Gabapentina
Diazepam
Clonazepam
Clobazam
Primidona
EPIDEMIOLOGIA

ψ Dados específicos (atual)


 Estima-se que essas síndromes atinjam cerca de 60 milhões de pessoas no
mundo, e que surjam 3 milhões de novos casos a cada ano.

 O Brasil ainda não dispõe de dados epidemiológicos precisos, mas estima-se


uma prevalência variando de 11,9 a 20 casos de epilepsia a cada mil
habitantes.

 A Organização Mundial de Saúde estima que:


*1% da população nos países desenvolvidos têm a doença
*2% da população nos países subdesenvolvidos têm a doença
*70% a 80% de sucesso com tratamento medicamentoso
*40% das pessoas com epilepsia não estão em tratamento
*20% das pessoas com epilepsia sequer tomam medicação alguma
 Sim.

 NaTanzânia 4% da população apresenta severas


desordens convulsivas.

 Neste caso uma predisposição genética para


baixos limiares convulsivos é conhecida.

 No Canadá 1-2% da população tem epilepsia.


PAPEL DO PSICÓLOGO

ψ É fundamental que as pessoas saibam o que é epilepsia, quais são


suas implicações práticas, para que o paciente e sua família deixem de ser
vítimas de preconceito e estigma na comunidade. Por isso, este trabalho
tem como objetivo mostrar a importância do trabalho em grupos na
epilepsia, fornecendo orientações básicas de como realizá-los.
O trabalho com grupos facilita as relações interpessoais e enfoca o
tratamento de problemas e dificuldades, especialmente em doenças
crônicas. Do ponto de vista psicológico, proporciona oportunidade para
troca de experiências e vivências, além de possibilitar a interação entre Pacientes com epilepsia
pacientes e profissionais da saúde. Os grupos têm por objetivo auxiliar no apresentam isolamento
conhecimento de informações, discutir os medos, ansiedade e confusões a social, dificuldade nos
respeito da epilepsia, sendo oportunidade para compartilhar idéias, relacionamentos
expressar sentimentos e trocar experiências com outras pessoas que sociais, no trabalho, na
vivem situações similares. Além disso, as pessoas podem aumentar seus escola, no lazer e até nas
conhecimentos, discutir mágoas e desconfortos relacionados à epilepsia
atividades de vida diária. Por
isso, costuma-se dizer que a
epilepsia é uma condição que
afeta o bem-estar
biopsicossocial, ou seja, afeta
a vida do paciente como um
todo.
 PAPEL DO NEUROPSICÓLOGO

O Neuropsicólogo tem um importante papel na investigação dos


comprometimentos cognitivos secundários à medicação antiepileptica e na
avaliação dos potenciais e déficits cognitivos pré e pós cirúrgicos. Contudo
ainda que muitos estudos tenham sido feitos nos últimos anos, muitas
síndromes epilépticas e a epilepsia na faixa etária pediátrica foram pouco
pesquisadas. Desta forma, a inserção do Neuropsicólogo nesse campo de
pesquisa e clinica faz-se de suma importância para o crescimento do
conhecimento sobre as epilepsias.
 A prevenção da epilepsia e, portanto, das crises epilépticas, liga-se
diretamente às condições de vida e à assistência médica-sanitária:
 Cuidados pré-natais e de parto às gestantes;
 Cumprimento do calendário de vacinações nas crianças;
 Controle de doenças infecciosas e parasitárias e seus sintomas;
 Cuidado com a febre em crianças;
 Não tomar remédio sem orientação médica;
 O controle da hipertensão arterial sistêmica e do alcoolismo;
 E a prevenção do uso de drogas;
 Dirija veículos com atenção usando o cinto de segurança, e capacete
quando necessário.
Não é contagiosa.
Não se deve puxar a língua
da pessoa durante a crise.
Não é causada por problema
espiritual.
A pessoa com epilepsia pode
trabalhar na maior parte
das ocupações.

Todos os indivíduos com epilepsia


podem e devem frequentar a
escola.

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