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PSICOLOGIA JURÍDICA: ENCONTROS E DESENCONTROS EM SUA PRÁTICA - CRISTIANA JOBIM

SOUZA

por ACS — publicado em 17/07/2014 11:30

Artigo publicado na edição do dia 18/7/2014 no site Jus Navigandi - Destaques.

Cristiana Jobim Souza*

Resumo:A partir de pesquisa empírica, o presente artigo busca discutir a prática da psicologia
jurídica aplicada no judiciário, compreendendo a diferença entre a intervenção psicológica e a
intervenção judicial. Através do estudo de leis e doutrinas, procura-se esclarecer a lógica das
provas e da perícia, observando o contexto, os princípios jurídicos e as teorias psicológicas. A
psicologia jurídica, na atualidade, é considerada como prática da profissão de psicologia para
questões legais. O estudo descreve a realidade jurídica e psicossocial, a partir da perspectiva
pessoal dos magistrados e dos psicólogos inseridos no judiciário. Tem como objetivo orientar a
atuação do Psicólogo para a prática profissional da psicologia jurídica, confrontando as
posições dos magistrados e dos psicólogos diante da realidade probatória e investigativa do
sistema judiciário, compreendendo a demanda do psicólogo perito e os elementos subjetivos
da investigação. Os participantes foram selecionados por conveniência: 12 juízes e 12
psicólogos, em exercício no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios-TJDFT. A partir
da elaboração de um questionário único e uniforme, utilizando princípios psicojurídicos. O
estudo se caracteriza como exploratório e o método de abordagem foi o hipotético-dedutivo.
Através da comparação foi possível deduzir elementos gerais e abstratos, e verificar as
semelhanças e divergências entre os participantes. Os resultados obtidos demostram a
existência de distorção conceitual e interpretativa da prática da psicologia jurídica por ambos,
psicólogos e magistrados.

1. INTRODUÇÃO

No Brasil e no mundo, observa-se uma efetiva participação do profissional da psicologia no


contexto do judiciário. Este profissional é reconhecido como Psicólogo Jurídico. Diferenciando-
se na categoria não só pelo contexto em que está inserido, mas pela sua técnica especializada,
a qual exige capacitação e conhecimento da ciência jurídica, conquista profissional que o
qualifica e o restringe. A questão é como atua, na prática, esse profissional?

Afinal, o encontro prático das ciências humanas e jurídicas pode constituir um grande
problema. No âmbito do judiciário e diante da ótica de cada ciência, os conflitos humanos são
uma realidade que produz enormes e diferentes questionamentos. Onde a visão do todo pode
ficar comprometida, se camuflando por um discurso social e uma incompreensão semântica,
em que a verdade dos fatos, juridicamente relevantes, se perde. E assim, falando línguas
diferentes, erros inferenciais podem ser produzidos e a informação distorcida, acarretando
falhas interpretativas da qual ninguém se dá conta, a não ser, claro, a vítima, o autor e o grupo
social em que se inserem.
Para tanto é necessário discutir as questões entre o Direito e a Psicologia, compreendendo que
essas questões estão em seus fundamentos, princípios e matrizes teóricas, e para sua
aplicação prática é necessário compreender as diferenças. Um breve estudo axiológico permite
demonstrar a diferença do Direito finalista e da Psicologia causalista, um pertencendo ao
mundo do dever ser (mundo ideal), e a outra do ser (realidade social). Mundos aparentemente
estranhos, em que o homem é o ator principal.

Primeiramente, há de se considerar que a intervenção psicológica e a intervenção judicial são


diferenciadas. Ao se inserir em um contexto jurídico, não terapêutico, o psicólogo pode
enfrentar um problema de identidade, tornando sua atuação inadequada. Observa-se, por
outro lado, que o Direito não opera com conjecturas, não pode o juiz proferir decisão por mera
presunção. A certeza da autoria dos fatos e da culpabilidade do agente é necessária, tanto na
área cível como na criminal as responsabilidades dependem de provas, as quais precisam ser
firmes e seguras a ponto de ensejar a decisão. O problema então é: o que são provas, para a
Psicologia e para o Direito? E, como o profissional da psicologia pode auferir valor a prova
jurídica? Qual o espaço ocupado por esse profissional e como considerar sua participação no
sistema jurídico, considerando que a psicologia jurídica só existe a partir de um sistema
jurídico?

Diante do dilema, o propósito do presente artigo é intercambiar princípios jurídicos e teorias


psicológicas. Abordar leis e doutrinas, esclarecendo a lógica das provas, o significado dos
indícios e vestígios como verdade real. A pesquisa, portanto, tem como objetivo geral orientar
a atuação do Psicólogo Jurídico na busca da prova como verdade objetiva. Compreendendo o
que é verdade para o Direito e tendo a conduta humana como ponto de referência das
investigações. Em decorrência, como objetivo específico pretendeu-se esclarecer a atuação do
psicólogo no contexto judiciário; descrever a realidade jurídica através do olhar psicossocial;
descrever a realidade psicossocial através do olhar jurídico; e então comparar a visão dos
Juízes e dos Psicólogos e, por último, compreender na prova objetiva os elementos subjetivos
da investigação.

A pesquisa empírica realizou-se a partir da elaboração de um questionário unificado e


harmônico, construído sobre parâmetros psicojurídicos (TRINDADE, 2009), no qual,
combinando perguntas abertas, fechadas e de múltipla escolha, foi aplicado em uma amostra
selecionada por conveniência, juízes e psicólogos jurídicos, em exercício no Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Possibilitando comparar a Psicologia e o Direito na
perspectiva pessoal desses profissionais. Por fim, procedeu-se à análise e discussão dos
resultados, bem como as conclusões e recomendações para futuros estudos, salientando as
limitações do trabalho realizado, que se caracteriza como estudo exploratório.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Psicologias aplicadas e psicologia jurídica


A psicologia, como ciência e profissão, vem trabalhando a questão da subjetividade e da
complexidade. Entretanto, pouco tem produzido sobre a questão da subjetividade dos
próprios psicólogos e os processos que envolvem as identidades sociais dos mesmos. Fatores
sociais vêm contribuindo para isso, e a psicologia vem se apresentando como uma ciência
fragmentada que possui linhas de conhecimento diferentes e divergentes (NASCIMENTO,
MANZINI e BOCCO,2006).

Trindade (2009) sustenta que a Psicologia tem um longo passado e uma curta história. Afirma
que é muito jovem e que fala muitas línguas. Thá (2006) traduz o drama contemporâneo dos
profissionais da psicologia, que se inicia na academia quando se questionam sobre as diversas
teorias apresentadas. Como se identificar? Qual das teorias corresponde à descrição da
realidade profissional? Afinal, o que se espera é aprender uma profissão, exercê-la e, com esta,
se sustentar.

No Brasil, a profissão de Psicólogo foi regulamentada somente em 1962, pela lei 4.119.
Diferentemente do que era quando surgiu como ciência independente (final do século XIX), o
foco atual é compreender o sujeito biopsicossocial e sua rede complexa que envolve áreas
diferentes, transdisciplinares. Observa-se, então, o surgimento de “projetos que tomam a
própria prática do psicólogo como questão” (NASCIMENTO, MANZINI e BOCCO, 2006 p. 15).
Em 2001 a APA apresentou uma lista de 53 divisões da psicologia aplicada: Clinica,
Educacional, Saúde, Social, Hospitalar, Jurídica e outras (TRINDADE, 2009).

Autores como Sabaté (1980, apud Trindade, 2009), consideram que a psicologia jurídica na
prática é um campo a ser explorado e construído. Para Jesus (2010 p.52) a psicologia jurídica
constitui-se de um “campo especializado de investigação psicológica, que estuda o
comportamento dos atores jurídicos no âmbito do direito, da lei e da justiça.” Sabaté (1980,
apud Trindade, 2009 p. 24), estabelece três grandes caminhos para o que chamou de método
psicojurídico, são eles:

A psicologia do direito, cujo objetivo seria explicar a essência do fenômeno jurídico, isto é, a
fundamentação psicológica do direito uma vez que todo o direito está repleto de conteúdos
psicológicos. Essa tarefa de investigação psicológica do direito recebeu a denominação de
psicologismo jurídico. A psicologia no direito, que estudaria a estrutura das normas jurídicas
enquanto estímulos vetores das condutas humanas e nesse aspecto, a psicologia no direito é
uma disciplina aplicada e prática. A psicologia para o direito, a psicologia jurídica como ciência
auxiliar do direito, tal como a medicina legal, a engenharia legal, a economia, a contabilidade,
a antropologia, a sociologia e a filosofia, entre outras. (TRINDADE, 2009)

No dizer de J. Selosse apud Doron & Parot (2006, p.629) a atuação da Psicologia na justiça se
subdivide em três possiblidades:
Psicologia judiciária que trata dos atores dos processos: acusado, vitima, acusador,
testemunha; e pelos métodos de informação de instrução e confissão, e ainda busca entender
a lógica de atuação dos juízes e seus auxiliares. A psicologia criminal que se apropria da
investigação e análise do indivíduo delinquente, sua conduta e os processos criminógenos, e
por último a psicologia legal que, estuda as significações e conceitos jurídicos penais e civis nos
quais se baseiam os processos, compreendendo os princípios jurídicos que orientam a tomada
de decisão, como: responsabilidade, culpa, periculosidade, interesse das partes, autoridade
legal (DORON & PAROT, 2006)

Alguns autores buscaram distinguir a psicologia jurídica e a psicologia forense/judicial, (Sabaté,


1980, Garzón 1990 apud Trindade, 2009) historicamente fez sentido essa distinção. No
entanto, atualmente, segundo Trindade (2009) o termo psicologia jurídica, engloba qualquer
prática aplicada da ciência e da profissão de psicologia para os problemas e questões legais.
Jesus (2010) segue o mesmo raciocínio, afirmando que essa nomenclatura seria mais
abrangente, pois o termo forense estaria restrito ao fórum. Apesar disso, as psicologias
jurídicas, segundo Clemente (1998, apud Trindade 2009), são citadas de acordo com o tema
que abordam: Psicologia judicial, penitenciária, criminal, civil e família, do testemunho, da
criança e do adolescente infrator, policial, da vitima, e outras.

Diante da proposta de pesquisa, fazem-se necessárias algumas conceituações que podem


parecer elementares ao olhar jurídico, mas que seria o cerne das distorções interpretativas
ocorridas entre a psicologia e o direito: a falta do enfoque jurídico. Caires (2003, p. 30) relata
sua experiência de atuação como psicóloga na área jurídica, ressaltando que:

A dificuldade em perceber que o esforço em me fazer entender, esmiuçando as correlações


clínicas, neurofuncionais e psicodinâmicas, não era nem louvável e sequer sinal de
competência e, pior, gerava entendimentos confusos e passíveis de distorção por parte dos
profissionais solicitantes do exame. Não pude compreender naquele momento, é que os
juristas não eram da área da saúde e, por isso, não podiam e nem precisavam entender a
clínica do sujeito.

Assim, a autora descreve e reforça a necessidade do conhecimento jurídico para a prática da


psicologia jurídica. Procurando não se esquecer de que a pobreza das relações
interdisciplinares constitui o grande problema das ciências humanas, sendo relevante destacar
as considerações de Trindade (2009 p.23).

A humildade e a modéstia epistemológicas têm sido a noção faltante na ciência jurídica, mas
também a psicologia, na sua adolescência científica, tem se ressentido da sabedoria histórica.
Nesse particular, a psicologia tem claudicado de forma persistente na medida em que não tem
calado onde é incapaz de falar ou, pelo menos, não tem calado quando ainda é incapaz de
falar, de outro lado, tem fraquejado toda vez que não apresenta a necessária profundidade e
consistência filosófica, sucumbindo ao universo da cultura, da reflexão, e, particularmente, do
pensamento crítico.

Considerando que somente no contexto do direito é que a psicologia jurídica se realiza, torna-
se necessário compreender esse contexto. Não isoladamente, mas conjuntamente com os
operadores do direito, intercambiando. Para tanto, é preciso conceituar o encontro da
Psicologia com o Direito. Encontro que na prática favorece o desafio da objetividade científica
e da realidade jurídica, capaz de afastar o olhar terapêutico e lançar um olhar investigativo
sobre o fato jurídico.

2.1 Direito e Contexto jurídico

O homem é um ser que pensa, tem consciência e se move num contexto histórico-cultural. De
acordo com Longo (2004 p.25) “O homem constrói o mundo com sua inteligência, com seus
braços, com sua vontade determinante e com seu Deus”. Nesse contexto, interage com o
outro, inicialmente com sua família e posteriormente com os outros membros da sociedade da
qual faz parte. Este convívio com o grupo social proporciona a construção das identidades e
das regras. Onde quer que se encontre um agrupamento social, onde quer que o homem
esteja, por mais rudimentar que seja o fenômeno jurídico esta presente (MONTEIRO, 2003)

É sabido que as sociedades humanas se encontram ligadas ao direito, o homem já nasce


sujeito de direitos, é uma necessidade fundamental. Dele recebe estabilidade e a própria
possibilidade de sobrevivência, pois encontra as garantias das condições necessárias à
coexistência social. Estas são definidas e asseguradas pelas normas, que criam a ordem jurídica
dentro da qual o Estado organizado, sociedade e indivíduo compõem o seu destino. (BRUNO,
1969).

Pereira (2001, p.4) afirma que “há e sempre houve uma norma, uma regra de conduta,
pautando a atuação do indivíduo, nas suas relações com os outros indivíduos”. O autor
acrescenta que quando “um indivíduo sustenta suas faculdades e repele agressão, afirma ou
defende os seus poderes, diz que defende o seu direito. E, quando o juiz dirime os conflitos
invocando a norma, diz-se que ele aplica o direito”. Existindo o que se pode chamar de
realidade jurídica, reconhecível no comportamento humano. Monteiro (2003) corrobora
dizendo que existem outras normas de convivência impostas na sociedade, que a rigor não se
confundem com as jurídicas, regras morais. Ambas se constituem como normas de
comportamento.

Assim, de acordo com Pereira (2001), o anseio por justiça integra-se na consciência do
indivíduo, e o poder público o reveste de sanção possibilitando a convivência individual e
coletiva. Estabelece o comportamento social, sem o qual não haveria a possibilidade do
jurídico, pois para a vivência individual ninguém poderia exigir o seu direito sem limitar o
direito do outro, sendo, portanto, necessário suportar restrições à própria conduta. Pode-se,
então, afirmar que “o direito é o principio de adequação a vida social”, ou seja, somente no
meio social haverá o direito. (PEREIRA 2001. p. 5).

Friede, (2002 p.14), define o Direito como objeto da ciência do direito, não é produto de uma
vontade, é um produto do ser humano, um produto cultural. Resulta “da atuação de forças
sociais, ou de uma delas, com poder de dominação sobre as demais”. É correto afirmar que o
Direito se caracteriza como ciência autônoma, que se funda em princípios basilares, no qual
fato, valor e norma não são aspectos simples de uma realidade, e sim, elementos primordiais
dessa ciência (FRIEDE, 2002; REALE, 1981).

De acordo com Montoro (1981), axiologia é a ciência dos valores. Estes representam os
princípios que orientam a conduta do homem e da sociedade. Onde quer que se manifeste o
direito, encontra-se uma ação, ou seja, um fato da natureza que é ao mesmo tempo um fato
de vontade, sendo o direito, portanto, a expressão da vontade humana, da ação do homem.
Como o direito não funciona como um todo fechado, o conjunto das normas jurídicas é
denominado de ordenamento jurídico, sendo essa a expressão formal do direito. (MONTORO,
1981, REALE, 1981, FRIEDE, 2002).

Ao ser aplicado, o direito utiliza critérios de interpretação: gramatical, lógico, sistemático e


axiológico (FRIEDE, 2002). Sauvigny (apud Monteiro, 2003 p.35) diz que “interpretar é a
reconstrução do pensamento contido na lei”. A lei é sempre clara, e deve ser aplicada como
soam as palavras, determinando seu verdadeiro sentido e procurando o que quis dizer o
legislador (FRIEDE, 2002).

É importante saber utilizar a linguagem adequada no momento adequado. A clareza das ideias
está relacionada com a clareza e precisão das palavras. Qualquer sistema jurídico para atingir
plenamente seus fins deve cuidar do valor “nocional” do seu vocabulário, e estabelecer
relações semântico-sintáticas harmônicas e seguras na organização do pensamento (NARDINI
& RAMOS).

Segundo os autores, o pensamento humano evoca ações que expressam estados ou


qualidades, que justificam determinadas condutas. E, para simbolizar o agir e o sentir, a
linguagem é fundamental, pois permite estabelecer as relações psicológicas e traduzir o
significado das palavras e a realidade ali representada. Para realizar um ato de comunicação
verbal, o indivíduo escolhe, seleciona e organiza as palavras conforme a sua vontade. Todo
este trabalho de seleção e organização não é aleatório, está ligado a intenção do sujeito
(NARDINI & RAMOS).

A realidade jurídica: penal, civil e familiar, tem que partir de ações, e não das fontes
psicológicas. Pois as ações são o objeto de conflito, e não as resoluções. A tipicidade é o ponto
de partida e, devem ser traduzidas de forma coerente e concisa, dentro de um determinado
contexto jurídico. Etimologicamente, o termo contexto pode ser conceituado como “conjunto
de circunstâncias que acompanham um acontecimento, exemplo: julgar um fato em seu
contexto histórico”. O adjetivo jurídico é relativo ao direito, “que está de acordo com as
normas do direito: ato jurídico” (KOOGAN/HOUAISS, 1997).

2.2 Prática da Psicologia comEnfoque Jurídico.

Em um contexto judicial, o objetivo é verificar e determinar se os fatos realmente ocorreram.


Possibilitando a responsabilização, a proteção da sociedade e garantindo os direitos. Em um
contexto clínico, o psicólogo deve observar os sintomas com o intuito principal de intervir e
auxiliar o sujeito a lidar com esses sintomas. No ambito social o psicólogo ajuda o sujeito a
lidar com o ocorrido, orienta e auxilia na utilização dos recursos e meios necessários a esse
fim, atuando na segurança pública, inclui, também, o sistema jurídico.

De acordo com Friede (2002), é necessário considerar os dados subjetivos no campo dos
valores: sentimentos e opiniões que fogem a disciplina das leis, elevando o grau de
responsabilidade dos profissionais e diminuindo os riscos de injustiças e abstrações por parte
dos operadores do direito. Portanto, o conhecimento dos aspectos legais orientará o psicólogo
jurídico na compreensão da influência que seus relatórios, pareceres e laudos ocupam no
contexto jurídico. Pois os aspectos individuais observados e descritos tecnicamente serão
acolhidos a rigor como matéria probante, dirimindo as dúvidas judiciais existentes.

Caires (2003) destaca a importância de se conhecerem os aspectos criminógenos, sociais e


psíquico-psicológicos que abrangem o sistema de justiça. Através de ponderações históricas, a
autora busca resgatar aspectos relevantes do trabalho do psicólogo no judiciário: as questões
sobre a doença mental e sua proteção; o reconhecimento da psiquiatria forense no Brasil,
ocorrido na década de 20, em um caso de clamor público, onde coube o primeiro diagnóstico
médico legal de inimputável. A autora descreve suscintamente, o caminho percorrido pela
psicologia, que se inicia com o estudo da alma, e vai se modificando para o estudo do
comportamento. Firma-se através de métodos científicos ao lado da Psiquiatria, e a
transcende através de técnicas mensuráveis conhecidas até hoje como testes psicológicos.

Nota-se que a inserção do psicólogo no sistema judiciário se fortalece na necessidade de que


os fatos revelados sejam relevantes ao mundo jurídico e que a busca destes fatos ocorram de
forma técnica e confiável. De acordo com Caires (2003), todos os caminhos levam a um único
tema: a perícia.

É importante perceber que em matéria penal, tanto na fase de execução como na fase
processual, as informações fornecidas terão sempre valor probante (Caires, 2003 e Trindade,
2006), servindo a critério do Juiz. E, dentro dos parâmetros legais, atenuar ou agravar a
situação do agressor (réu), revelar circunstâncias e possíveis consequências do crime.
Art. 59 do CP - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como
ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a
reprovação e prevenção do crime.

Na prática o juiz atribui ao agente, quase que aleatóriamente, as expressões “personalidade


desajustada”, “personalidade não informada nos autos”, “personalidade com inclinação para o
crime”, e ainda, “personalidade desregrada”. Tais expressões nada contribuem para a
demonstração da personalidade do agente. Carvalho (2001) discute a tarefa difícil do juiz: “a
experiência cotidiana revela que a valoração da personalidade do acusado, nas sentenças
criminais, é quase sempre precária, imprecisa, incompleta e superficial”.

Em casos que envolvem estupro, maus tratos e atentado violento ao pudor, contra
vulneráveis, a inserção do psicólogo torna-se cada vez mais importante. Nessa linha de
entendimento, pontífica a doutrina e a jurisprudência que as declarações da vítima constituem
um meio de prova. Em princípio, o conteúdo das declarações deve ser aceito com reservas. No
entanto, por se tratar de um delito às ocultas, é necessário que as declarações sejam seguras,
estáveis, coerentes, plausíveis, uniformes, perdendo sua credibilidade quando o depoimento
se revela reticente e contraditório a outros elementos probatórios.

As demandas judiciais das Varas de Família é outro domínio em que a psicologia se faz
presente e exerce forte influência na proteção judicial dos menores. Levando o magistrado a
buscar, junto à Psicologia, um trabalho técnico, seguro, capaz de embasar as decisões,
resguardando os direitos das crianças e adolescentes em questões de regulamentação de
visitas e guarda familiar (TRINDADE, 2002). Em matéria civil, a comprovação dos fatos alegados
é pressuposto da ação, e a partir dele é que se pode apurar responsabilidades, que no caso
independe de culpa. (artigo 333, 342, 348, 400 e seguintes)

Visando punir e prevenir a violência doméstica contra a mulher, surge a lei 11.340/06 (Lei
Maria da Penha). E, no mesmo ano, a Lei 11343/06, que prevê projetos educacionais para
redução do dano ao usuário de drogas ilícitas. Essas duas leis proporcionam um espaço
terapêutico ao psicólogo jurídico. Espaço que não afasta a especialização, nem o enfoque legal,
mas possibilita um espaço diferenciado de atuação no sistema judiciário.

Poderíamos discorrer sobre cada prática desenvolvida pelo psicólogo no âmbito do judiciário,
no entanto, o objetivo da pesquisa é a atuação do psicólogo na busca da prova. Pois a prova,
como observado, é comum a todo sistema jurídico. Acrescentando que o sistema inclui, de
acordo com Código de Processo Penal (CPP), o processo de investigação policial:

Inquérito - o inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter


administrativo, conduzido pela polícia judiciária (art. 144 da CF– Polícia Federal e as Policiais
Civis) é voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e
sua autoria. Sua finalidade é, portanto, a investigação do crime e a descoberta do autor,
chamado também de instrução prévia. Período pré-processual. Tendo como objetivo formar a
convicção do MP, e colheita de provas urgentes, apontar com relativa firmeza a ocorrência e
autoria de um delito. Inquisitivo e sigiloso. Antes da denúncia. (Código de Processo Penal, art.
5º a 23.)

2.2.1 Provas

Prova conceitualmente significa: “aquela que demonstra a veracidade de uma proposição ou


realidade de um fato”. Segundo Manzano (2011), prova vem do latim probatio, que significa
ensaio, verificação, inspeção, exame, aprovação, confirmação, deriva do verbo probare. No
direito, é usada para identificar realidades diversas.

Manzano (2011 p. 1) diz que a finalidade da prova é convencer o julgador “sobre a exatidão
das afirmações formuladas pelas partes no processo”, possibilitando “a certeza suficiente à
formação do convencimento necessário de que foi atingida a verdade possível e de legitimar a
sentença”. Acrescenta que não se pode confundir a finalidade da prova com o fim do processo.
Esta seria a verdade objetiva, alcançável e sujeita a sanção.

Hungria (1959), afirma que “prova é a verificação de algo, com a finalidade de demonstrar a
exatidão ou a verdade real da alegação feita pela parte ao juiz. Diante desse olhar eleva-se o
direito do indivíduo em face da coletividade, pois, ao menor sinal de dúvida sobre o fato
delituoso, homenageia-se o princípio conhecido por ‘in dubio pro reo’”.

Em matéria penal, não é possível fundamentar uma decisão condenatória apoiada


exclusivamente em indícios remotos ou suposições. Para o direito, a culpabilidade não se
presume ou pode ser extraída de subjetivismos, exigindo para sua definição prova segura do
cometimento e da autoria delituosa. (MANZANO, 2011.)

Notadamente a prova produzida quer oral, quer pericial, somente será suficiente para a
formação de um juízo de certeza se bem fundamentada. Pode ser utilizada em três sentidos: a)
ação de provar; b) meio ou instrumento para a demonstração da verdade; c) resultado da
ação. As espécies de provas são:

Exame de corpo e delito, onde se procede a verificação da materialidade do crime; pericia


técnica direta ou indireta; interrogatório; confissão; oitiva da vitima (art.201 do CP);
testemunha; reconhecimentos de pessoas e coisas; acareação; documentação; indícios (prova
indireta) que se valem do raciocínio indutivo para, utilizando de dados isolados e conhecidos,
chegar à conclusão da existência do fato e de outros fatos mais abrangentes, se guiando por
vestígios, e nesse caso a prova é indireta (art. 239 do CP)
No processo penal a prova pode ser: material, real, substancial, sendo produzida na fase de
instrução que se encerra na audiência de instrução e julgamento (art. 402, 534, 411 parágrafo
3º, do CPP). Segundo Manzano (2011 p. 239):

(...) tanto no processo penal quanto no processo civil se busca a verdade processual, concebida
como a melhor verdade, verdade aproximativa, verdade humana e eticamente possível de ser
atingida, sem atropelamento de direitos individuais, em busca da pacificação social, revelada
pela permanente preocupação com efetividade da jurisdição penal, para que se alcance o
desejado equilíbrio entre o garantismo e a eficiência.

Afirmar a verdade é possível deste de que se compreenda o que é verdade real. Quando se
fala em processo penal, a afirmação do princípio da verdade real é necessário. Distingue-se do
principio da verdade formal, que regula o processo civil onde a prova é trazida pelas partes ao
processo, e o juiz decide conforme as provas apresentadas. No penal, o magistrado tem o
dever de investigar como os fatos se passaram na realidade, não se conformando com a
verdade formal constante dos autos.

Para tanto, o art. 156, II, com a redação determinada pela Lei n. 11.690/2008, faculta ao juiz de
ofício determinar, no curso da instrução, ou antes, de proferir sentença, a realização de
diligências para ‘dirimir dúvida sobre ponto relevante’. Ao magistrado é facultado buscar a
verdade, persegui-la.

2.2.2 Perícia

Segundo Tornaghi apud Manzano (2011 p. 8): “Perícia nada mais é do que uma pesquisa que
exige conhecimentos técnicos científicos e artísticos”. Segundo o dicionário Aurélio, perícia é
habilidade, destreza, conhecimento, ciência, como também vistoria ou exame de caráter
técnico especializado. O termo deriva do latim, peritia, que significa destreza e habilidade ou
peritus, indivíduo erudito, capaz. (CAIRES, 2003.)

A perícia é uma prova técnica, realizada por um perito, que se utiliza da experiência para
auxiliar o juiz. Constatando, explicando, elucidando, revelando e assim apontando um
elemento de prova. Demanda a realização de um procedimento técnico, o qual se desdobra
em vários atos: preservação, coleta, remessa, armazenamento, guarda, adoção do princípio
cientifico, aplicação de técnica especifica, e outros. Importante é a confiabilidade de sua
análise e conclusão. (MANZANO, 2011, p. 235).

A lei 4112/62 estabelece em seu art. 4º, inciso 5, que: “Cabe ao Psicólogo realizar perícias e
emitir pareceres sobre a matéria de Psicologia”. Caires (2003) defende a diferença entre a
entrevista psicológica pericial, em que o indivíduo não tem uma queixa, e sim, um fato jurídico
e está sob o domínio legal, e entre a entrevista clínica. Justificando a diferenciação da técnica
de psicodiagnóstico, pois o psicólogo está a serviço da justiça, o individuo o vê como aquele
que investiga e julga como se fosse uma extensão do juiz.

Para tanto, a autora sugere procedimentos e técnicas baseados em sua experiência, como:
estudo psicológico do processo, mapeamento do caso, mapeamento do desenvolvimento
sócio afetivo, histórico médico, antecedentes pessoais e aplicação de testes. Na construção do
laudo ou parecer, deve-se utilizar uma linguagem concisa. Sabendo que o judiciário necessita
de respostas que embasem medidas legais, sem expor o sujeito além do necessário.

No Direito Brasileiro, existe a figura do perito oficial e do assistente técnico, podendo ser
chamados tanto na fase do inquérito policial como durante a instrução criminal. Em juízo, o
perito e o assistente podem ser ouvidos mediante o requerimento das partes ou de ofício pelo
Juiz para esclarecer os laudos e pareceres apresentados (art. 159 e seguintes do CPP). O perito
é um auxiliar do Juiz sujeito a impedimentos. O assistente técnico, indicado pela vítima e pelo
acusado, é perito não oficial (MANZANO, 2011).

Segundo Manzano (2011), a perícia realizada na fase do inquérito policial é investigativa, prova
antecipada, se justifica se tiver natureza cautelar e quando é realizada deve ter assegurado o
contraditório. A prova é colocada a prova, ressaltando que o juiz não está obrigado a aceitar o
laudo ou parecer do perito. No Brasil, o princípio do liberatório está, no CPP e no CPC e
defende o livre convencimento do juiz, sendo esse apenas mais um elemento de prova
(MANZANO, 2011).

3. METODOLOGIA

O estudo foi realizado numa perspectiva qualitativa. A pesquisa qualitativa é em si mesma, um


campo de investigação. Encontram-se interligada a uma complexa rede de termos, conceitos e
teorias (DENZIN, LINCOLN, 2006).

Para Lakatos e Marconi (2008, p.83), “o método é o conjunto das atividades sistemáticas e
racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo-conhecimento,
válido e verdadeiro, traçando o caminho a ser seguido e detectando erros”.

No presente trabalho, foi realizado levantamento teórico e documental, utilizando fontes


públicas, como leis escritas. E, também, bibliográfica ou de fontes secundárias: livros e artigos
sobre o assunto, que permitiu a análise e a inovação.

O método de abordagem selecionado foi o hipotético-dedutivo. A partir da criatividade do


pesquisador, o momento empírico do estudo possibilitou coletar os dados concretos e deduzir
elementos gerais e abstratos, através do método comparativo, constituído por uma verdadeira
‘experimentação indireta’, que permite verificar as semelhanças e explicar as divergências.
Podendo ser usado para estudos quantitativos ou qualitativos, e ainda permite verificar a
evolução da amostra no tempo e no espaço. (LAKATOS E MARCONI, 2008)

Minayo (2008) considera que a pesquisa qualitativa analisa as relações dinâmicas entre o
mundo real e o mundo do sujeito, sendo que essa relação não pode ser traduzida por
números. “Sendo a realidade social mais rica do que qualquer teoria, qualquer pensamento e
qualquer discurso que possa ser elaborado sobre ela” (Minayo, 2008, p.14).

Para tanto, o estudo procurou, analisando e interpretando, verificar palavras, ações e o


conjunto de inter-relações institucionais que se compõem no contexto jurídico, estabelecido a
partir do confronto entre as dimensões subjetivas e objetivas das duas ciências.

3.1 Participantes

A pesquisa foi realizada sem cálculo amostral, os 24 colaboradores foram selecionados por
conveniência, sendo 12 Juízes e 12 Psicólogos Jurídicos, em exercício no Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Os Juízes variavam a idade entre 35 e 57 anos,
perfazendo a média de 44 anos, sendo 6 do sexo masculino e 6 do sexo feminino. Os
psicólogos tinham idade variando entre 28 e 52 anos, perfazendo a média de 43 anos, 2 eram
do sexo masculino e 10 do sexo feminino. Os participantes eram todos de nível superior.
Sendo que 4 juízes possuem doutorado, 2 mestrado e 2 especialização. O tempo de serviço
variava entre 8 e 20 anos, perfazendo a média de 15 anos de exercício, na magistratura.
Quanto aos psicólogos, 2 possuem doutorado, 2 mestrado e 1 especialização. O tempo de
exercício variava entre 3 e 27 anos, perfazendo a média de 16 anos de profissão.

A seleção não considerou a área de atuação do magistrado: criminal, civil, ou familiar. Por
princípio a aplicação do direito, como área de conhecimento é igual e, independente de
preferências não haveria influência na proposta de estudo. Quanto aos Psicólogos, devido à
diversidade de temas e leis aos quais sujeitam o seu trabalho no TJDFT, sua atuação ocorre na
área civil, criminal e familiar. Assim, o nível de informação dos profissionais seria igualado ao
máximo.

3.2 Instrumentos

Foi elaborado um questionário único, aplicado aos participantes via e-mail, composto de 14
questões, abertas, fechadas e de múltipla escolha, tendo como objetivo comparar as respostas
dos profissionais, investigando a relação entre eles.

A primeira questão estava relacionada com os dados sócio demográficos. As demais com a
relação existente, na prática, entre os Psicólogos Jurídicos e os Operadores do Direito. E,
também, entre o Direito e a Psicologia, distinguindo-as como ciências autônomas que se
encontram, considerando que a ‘verdade’ é o elemento de prova buscado no sistema
judiciário.

O questionário foi elaborado a partir dos ensinamentos de Lakatos e Marconi (2008). Levando
em conta a compreensão nocional das questões, e considerando as vantagens e desvantagens
da aplicação a duas áreas distintas do mesmo instrumento.

3.3 Procedimentos

A primeira etapa foi seleção dos sujeitos e a elaboração do instrumento de coleta de dados.
Realizou-se um pré-teste com 2 psicólogos do setor, visando a verificar a compreensão da
linguagem. O que gerou adaptações e a formulação do questionário definitivo.

No instrumento foram considerados fatores relevantes, tais como: apresentação do


pesquisador e do objetivo do trabalho, a não identificação dos profissionais e o cuidado de não
informar o tema, com intuito de não induzir as respostas nem gerar questionamentos prévios
ou controvérsias.

Em outubro de 2011, foram enviados 20 questionários, via e-mail, primeiramente aos Juízes e
em seguida aos Psicólogos, acompanhados de um prefácio do trabalho com os seguintes
dizeres: “Este questionário busca comparar e correlacionar a Psicologia e o Direito na
perspectiva pessoal de seus profissionais. Como base, tomamos a inserção do psicólogo no
contexto jurídico e sua atuação diante da diversidade dos fatos e da complexidade das
situações trazidas à luz do Direito”.

Os questionários dos juízes levaram em média quatro semanas para serem devolvidos,
retornando 18 questionários respondidos, para não comprometer o estudo manteve-se a
amostra de 12, excluídos os últimos. Os psicólogos se detiveram por mais tempo sendo
devolvidos 12.

As informações coletadas no momento empírico, através de questões fechadas e de múltipla


escolha foram tabuladas, a partir das quais conjuntamente com a análise das questões
abertas, permitiu a construção de categorias. Sendo duas as categorias analíticas que
orientaram o trabalho interpretativo:

1 ) Intervenções do Psicólogo no contexto judiciário.

2 ) Prova e verdade, finalidade da pericia.


A última etapa foi à construção de tabelas e gráficos, comparando as questões. Foram
destacados trechos das respostas dos participantes de forma sistematizada. Para tanto, foram
nomeados da seguinte maneira: J1 à J12 (juízes) e P1 à P12 (psicólogos). Cada categoria foi
analisada separadamente, levando em conta os dados coletados sobre o tema. E, articulando
os fundamentos teóricos com o material coletado, foi possível analisar e interpretar
significativamente as informações.

4. DISCUSSÃO E RESULTADO

Primeiramente, cabe ressaltar que todos os profissionais participantes avaliaram


positivamente o encontro entre a Psicologia e o Direito, confirmando a importância dessa
relação. Entretanto, apesar de o Direito se caracterizar como ciência autônoma (Friede, 2002,
Monteiro, 2003, Montoro e Reale, 1981), 2 juízes e 4 psicólogos compreendem que o objeto
de estudo do Direito é, em seus fundamentos, o mesmo da Psicologia. Outros 10 juízes e 6
psicólogos discordam.

No quadro 1 algumas considerações formuladas pelos magistrados e pelos psicólogos,


merecem destaque e discussão. A proposição, psicólogo jurídico não pareceu estar clara para
todos os participantes. Aparentemente, o termo estaria indefinido em seu significado,
referências como “aquele que é concursado de um tribunal”, ou se “dedica ao estudo da
psicologia jurídica”. Fazem transparecer dúvidas ou dificuldades em uniformizar um conceito
entre os magistrados sobre a atuação desse profissional.

Quadro 1 – Quem é o Psicólogo Jurídico?

(J7)

“Psicólogo jurídico parece ser aquele que, com formação em psicologia dedica-se ao estudo da
psicologia jurídica”

(J1)

“O termo psicólogo jurídico necessita de maiores esclarecimentos”

(J3)

“Pode ajudar no esclarecimento de fatos e no equilíbrio pessoal do magistrado”


(P1)

“Psicólogos jurídicos trabalham para o estado é um funcionário do judiciário, seu parecer deve
ser imparcial”

(P8)

“O psicólogo jurídico “é aquele que coloca o saber da psicologia ao melhor exercido do Direito
(...) abarca o assistente técnico e o perito”

Fonte: Cristiana Jobim, 03 de fevereiro de 2012

4.1 Intervenções do Psicólogo no contexto judiciário.

O gráfico 1 demonstra que intervenção do psicólogo é compreendida por 8 juízes e 8


psicólogos como social; 9 juízes a compreendem como terapêutica e investigativa; em
oposição 3 psicólogos a compreendem como terapêutica e 5 investigativa. A questão foi
formulada a permitir a múltipla escolha.

Comparando os resultados percebeu-se que os participantes concordam em alguns aspectos e


divergem substancialmente em outros, a atuação terapêutica no contexto chama atenção, pois
para os juízes, esse reflete um papel que é negado pelos Psicólogos.

Gráfico 1 – Como percebe a intervenção do psicólogo no contexto do judiciário?

Grafico1

Fonte: Cristiana Jobim, 03 de fevereiro de 2012

Ao desdobrar a questão, o gráfico 2 demonstrou que no Processo Criminal 9 juízes veem os


psicólogos como peritos, 5 como assistentes e 7 como mediadores, sendo que 1 os considera
parceiro e assessor. Quanto aos psicólogos 7 se veem como peritos; 5 como assistentes, 3
como mediadores e parceiros; 9 se consideram assessores. A questão foi formulada a permitir
a múltipla escolha.
Percebe-se uma dissonância relevante quanto à nomeação de assessor e parceiro utilizada,
não sendo possível distinguir se seria uma distorção semântica ou, se na prática, a definição
acarretaria alguma diferença. No entanto, é possível vislumbrar uma contradição e falta de
identificação por parte dos juízes quanto a essa qualificação dada aos psicólogos.

Gráfico 2 – No Processo criminal qual o lugar que ocupa o psicólogo Jurídico?

Grafico2

Fonte: Cristiana Jobim, 03 de fevereiro de 2012

O gráfico 3 demonstra que no Processo Cível 8 juízes veem o psicólogo como perito; 5 como
assistente, 7 como mediador e 1 como parceiro e assessor. Quanto aos psicólogos, 7 se
consideram peritos; 5 mediadores e assistentes, 3 parceiros e 10 psicólogos se consideram
assessores. A questão foi formulada a permitir a múltipla escolha.

Percebe-se a mesma dissonância observada no processo criminal referente aos termos


assessor e parceiro, e as mesmas considerações do gráfico 1, se fazem relevantes. Verifica-se,
que o papel de mediador merece maior identificação do que na área criminal.

Gráfico 3 – No Processo civil qual o lugar que ocupa o psicólogo Jurídico?

Grafico3

Fonte: Cristiana Jobim, 03 de fevereiro de 2012

O gráfico 4 procura identificar quais as técnicas e procedimentos adotados para avaliação do


psicólogo no contexto que seriam a base de atuação, após a demanda do juiz. A questão
permitia múltipla resposta. 12 juízes consideraram os princípios legais e as consequências dos
fatos como a base da atuação, 10 consideram o psicodiagnóstico, o comportamento do réu e
uma teoria psicossocial, 8 o comportamento da vítima e uma teoria psicojuridica. 1 considerou
a norma jurídica e os principios sociais. Quanto aos psicólogos, 6 consideraram o
comportamento do réu e o psicodiagnóstico. 4 os princípios legais, o comportamento da
vítima, as consequências do fato e uma teoria psicossocial. 3 consideraram os princípios sociais
e a norma jurídica, 2 uma teoria psicojuridica. A comparação permitiu observar o que espera
ou acredita o juiz e quais os procedimentos que são adotados pelos psicólogos em sua
atuação. A diferença é representativa na medida em que revela o desconhecimento e
discrepância de opiniões quanto a metodologia aplicada, os juízes com certa unanimidade e os
psicólogos divididos.

Gráfico 4- Após a determinação do magistrado, em que se baseia a avaliação do psicólogo


jurídico?

Grafico4

Fonte: Cristiana Jobim, 03 de fevereiro de 2012

4.2 Prova e verdade, finalidade da perícia

A segunda categoria explorada está relacionada com a prova e a verdade, lembrando que
prova conceitualmente significa: “que demonstra a veracidade de uma proposição, ou
realidade de um fato” (MANZANO, 2011). E, que perícia é uma prova técnica, e que a lei
4112/62 estabelece em seu art. 4º, inciso 5, que: “Cabe ao Psicólogo realizar perícias e emitir
pareceres sobre a matéria de Psicologia”. Os resultados obtidos demonstraram que, tanto
juízes como psicólogos, destacam o papel da perícia como atividade da Psicologia Jurídica.
Surge, então, à necessidade de verificar e confrontar as posições dos magistrados e dos
psicólogos diante da questão, tendo a realidade probatória e investigativa como fundamento
do sistema jurídico.

O gráfico 5 compara a contribuição da psicologia para a prática jurídica, na visão dos


profissionais. Destaca-se que 11 juízes consideram a intervenção terapêutica, a prevenção e
proteção, a perícia técnica como atividades importantes; 8 elevam a avaliação dos riscos
subjetivos e 7 a busca da prova. 10 psicólogos consideram a prevenção e proteção e a perícia
técnica como contribuição, 11 a avaliação de riscos e 6 a intervenção terapêutica, apenas 2
consideram a busca da prova. A questão foi formulada permitindo a múltipla escolha.

Nota-se que existem diferenças que necessitam de maiores questionamentos. A busca da


prova, já que essa tem a finalidade de convencer o juiz. A intervenção terapêutica, como
contribuição é elevada pelos juízes, e é rebaixada pelos psicólogos, assim como a avaliação dos
riscos se eleva na visão do psicólogo.

Gráfico 5- Contribuições que o profissional da Psicologia tem para oferecer aos Operadores do
Direito

Grafico5
Fonte: Cristiana Jobim, 03 de fevereiro de 2012

As questões abertas formuladas consideraram aspectos subjetivos, que comparados e


analisados, possibilitaram a observação de certas contradições, que o estudo buscou
compreender. No quadro 2 alguns magistrados foram destacados e comparados com suas
próprias respostas quanto ao papel profissional e intervenção do psicólogo. Ressaltando que a
intervenção percebida e descrita se opõe ao papel profissional atribuído.

Com exceção de J12, todos os participantes consideraram a intervenção terapêutica, no


entanto, descrevem atividade pericial. A intervenção investigativa e referendada com exceção
de J6, que não reconhece o psicólogo como perito só como mediador. J2 diz que no âmbito do
direito de família, a intervenção terapêutica é possível, definindo o profissional como perito e
assistente. J5 e J4 percebem o papel de mediador e descrevem uma atuação que não ampara
esse conceito. J5 descreve o papel do perito e do mediador e o invalida ao negar a
imparcialidade do psicólogo. J2, J6 e J4 atribuem possibilidades aos profissionais, que se
assemelham a demanda pericial, no entanto, com dúvidas e incertezas quanto a essa atuação.
J11 e J7 descrevem um papel profissional próprio da perícia, em oposição consideram a
intervenção terapêutica. J1 parece descrever aspectos que seriam sociais da intervenção,
perceber as ‘relações interpessoais com eficácia jurídica’.

O resultado revela certa falta de conhecimento das possibilidades de auxilio do psicólogo


jurídico no contexto, assim como falta de comunicação ou distorção quanto a conceitos e
práticas.

Quadro 2- percepção dos juízes e suas inferências.

J5

· Intervenção: Terapêutico-Social-Investigativo.

· Papel profissional: Perito- mediador.

“O psicólogo não atua na busca da verdade. Esse papel se existe, é do juiz (...). O psicólogo em
regra não é imparcial, não é treinado para isso e, portanto não deve ter a função de buscar a
verdade.”

J1
· Intervenção: Terapêutico-Social- investigativo

· Papel profissional: Perito- mediador

“O psicólogo auxilia na descoberta/determinação dos fatos e relações interpessoais que


tenham eficácia jurídica”.

J2

· Intervenção: Terapêutico-Social- Investigativo

· Papel profissional: Perito- assistente

“As intervenções no âmbito do direito de família tendem ter cunho social, mas, muitas vezes
são de cunho terapêutico ou investigativo”.

J7

· Intervenção: Terapêutico-Social-Investigativo

· Papel profissional: Assistente- mediador

“No campo investigativo a intervenção do psicólogo é fundamental, especialmente se cuidam


de vitimas crianças ou adolescentes.”

J12

· Intervenção: não define

· Papel profissional: Perito- assistente


“Existem situações várias em que a resposta jurídica depende do conhecimento do individuo,
sua personalidade e o funcionamento de sua mente (...) é a importância do psicólogo”.

J11

· Intervenção: Terapêutico-Social-Investigativo

· Papel profissional: Perito

“Investigativo na oitiva de vitimas. (...) age como ‘longa manus’ do magistrado”.

J4

· Intervenção: Terapêutico-Investigativo

· Papel profissional: Parceiro- assessor- perito e mediador.

“O psicólogo pode auxiliar o Magistrado na busca da verdade materialmente possível. (...)


acredito que ele possa analisar o comportamento das pessoas que precisam ser ouvidas e
identificar se determinada ‘fala’ se afasta do conceito pré-estabelecido de verdade em
determinado caso”.

J6

· Intervenção: Terapêutico

· Papel profissional: Mediador

“O papel da psicologia é ampliar conceitos e possibilidades, ao invés de competir com outros


meios de prova”.

Fonte: Cristiana Jobim, 05 de fevereiro de 2012.


No quadro 3 comparando os psicólogos com suas próprias respostas, quanto ao papel
profissional e a intervenção, é possível observar que também, descrevem a intervenção
contrariando o papel profissional que se atribuem. Com exceção de P5, P2 e P7, os
profissionais se qualificam como peritos. P1 qualifica a intervenção só como terapêutica, assim
como P12 que considera a ‘intervenção biopsicossocial, buscando a neutralidade’.

A busca pela verdade é afastada por todos, mesmo aqueles que consideram a intervenção
investigativa, com exceção de P7 que descreve a utilização de técnicas possíveis para seu
alcance, no entanto não se coloca como perito e sim assessor. P2 não qualifica sua
intervenção, mas se qualifica como assessor e mediador. P3, P5 e P12 descrevem aspectos
sociais que podem estar relacionados à intervenção social ou terapêutica.

O resultado deixa transparecer indefinição no papel profissional, além de demonstrar linhas de


conhecimento diferentes e divergentes. Distorção quanto a conceitos e práticas e, possível
falta de enfoque jurídico diante do contexto onde a necessidade de revelar fatos subjetivos,
deve ser considerada para a tomada de decisão do magistrado. Lembrando que de acordo com
Caires (2003), todos os caminhos levam a um único tema: A perícia, que é prova.

Quadro 3- Percepção dos Psicólogos e suas inferências

P1

· Intervenção: Terapêutica

· Papel profissional: Perito no crime e assistente no cível

“é a escuta, qual verdade? A do sujeito? Ele atua escutando e só”.

P2

· Intervenção: Não sabe

· Papel profissional- Assessor e mediador em conflitos de família

“O psicólogo não pode buscar a verdade, pois se perderá no seu trabalho, já que cada qual tem
a sua verdade”.
P3

· Intervenção: Social

· Papel profissional: Parceiro-Perito- Assessor-Mediador

“Contribuir para a relação individuo sociedade”

P5

· Intervenção: Social- Investigativo

· Papel profissional: Assessor

“A verdade para o psicólogo é uma verdade subjetiva e contextualizada, circunscrita aos


limites do tempo e espaço e perpassada por questões históricas”.

P7

· Intervenção: Investigativo- Terapêutico-Social

· Papel profissional: Assessor

“Na busca da verdade o psicólogo utiliza tecnologias e conhecimentos que busquem a


objetividade, como por exemplo, técnicas de entrevista e teste psicológicos”.

P8

· Intervenção: investigativo-Terapêutico- Social

· Papel profissional: Assessor-Perito- assistente


O psicólogo jurídico “é aquele que coloca o saber da psicologia ao melhor exercicio do Direito,
(...) não é papel do psicólogo atuar na busca da verdade”.

P12

· Intervenção: Social

· Papel profissional: No crime assessor e assistente no cível perito e assessor

“O Psicólogo jurídico busca a neutralidade diante das partes e permite a realização de


intervenções biopsicossociais junto aos jurisdicionados (...) não tem como objeto a busca da
verdade”.

5. CONCLUSÃO

O estudo revela que o espaço construído entre a realidade jurídica e psicologia Jurídica como
área de atuação é confuso. Apesar de todo o reconhecimento dado aos psicólogos no contexto
estudado e diante da expansão da psicologia jurídica no Brasil e no mundo, as ações práticas
desenvolvidas e descritas pelos profissionais podem colocar em risco sua atuação como prática
jurídica.

Ao iniciar a pesquisa, a hipótese era de que faltava enfoque jurídico na aplicação prática da
psicologia, que poderiam acarretar distorções de cunho interpretativo. O que em parte se
confirma, no entanto, o estudo surpreende quanto à contradição trazida pelos profissionais
abordados, de cunho conceitual. Os psicólogos se colocam como peritos que não buscam
provas, não fazem terapia e, sim agentes sociais capazes de cuidar daqueles que passam pelo
sistema jurídico, avaliando riscos, e promovendo proteção e prevenção. Intitulam-se
assessores e parceiros, denominação reconhecida apenas por um magistrado, e cujo
significado parece ser traduzido como um auxiliar ou conselheiro que atua em contextos
alternativos do judiciário.

Os operadores do direito reconhecem a contribuição dos psicólogos na busca de provas e


como peritos. Entretanto, incapazes de afirmar a verdade, o que é confirmado pelos psicólogos
que não acreditam nesta contribuição como prática, apesar de se reconhecerem como peritos.
Observa-se que tanto psicólogos como juízes reconhecem o papel de perito e do assistente na
figura do psicólogo jurídico, e também questionam o que é o psicólogo jurídico.
Interessante à afirmação de um dos psicólogos participantes, que reconhecendo o contexto
somente como terapêutico, atribui à intervenção como “só de escuta”, entretanto se
considera perito por ser funcionário do Estado. Pode-se dizer que tal afirmação encontra apoio
entre os juízes, pois atribuem caráter terapêutico ao contexto, contrariando os psicólogos e os
reconhecendo como peritos. Chama atenção às técnicas e premissas utilizadas pelos
profissionais da psicologia, que divergem daquelas em que os juízes acreditam se basear os
laudos e pareceres.

Nota-se que a inserção do psicólogo no sistema judiciário se fortalece na necessidade de que


os fatos subjetivos sejam revelados e que sejam relevantes ao mundo jurídico. A busca destes
fatos deve ocorrer de forma técnica e confiável. A questão que surge é: o que é perícia para
todos esses profissionais? Pois, realmente, estão falando línguas diferentes.

Todos os participantes consideram a relação entre a psicologia e o direito importante. Os


juízes apontam ‘falas’, cuidados com famílias, a oitiva das crianças, particularmente relevante.
No entanto, vislumbra-se um longo caminho de desentendimentos, onde a psicologia caminha
disfarçada por uma autodenominação e por um papel profissional limitado, aquém de suas
possibilidades. Sem perceber, restringe sua atuação de prevenção e proteção da sociedade e
dos jurisdicionados.

É necessário construir um espaço onde se possa aprofundar em temas e clarificar o papel do


profissional de psicologia dentro do contexto judiciário. Avaliando sua prática e trocando
informações e experiências, possibilitando a formação de uma consciência ‘psicojuridica’.

Pelos resultados encontrados ao final da análise da pesquisa, considera-se o estudo como


exploratório, recomendando que novos pesquisas sejam elaboradas, considerando uma
amostra maior e adaptações na formulação do questionário.

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*Servidora do TJDFT é bacharel em Direito e graduada em Psicologia.

Atua junto a Subsecretaria Especializada em Drogas e Perícias Criminais – SUAQ.

Cristiana Jobim Souza

Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Brasília- CEUB. Graduada em Psicologia pelo
Centro Universitário de Brasília - UNICEUB. Pós-Graduação Lato Sensu em Ciências Jurídicas,
especialização em Direito Civil e Processo Civil - Universidade Cândido Mendes - UCAM/RJ.
Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Psicologia Jurídica e de Investigação – Instituição
de Ensino Superior UNICLASS/IPOG.

Formação em Psicossomática pelo F.A.Cechin. Servidora do TJDFT desde 1982, onde atuou em:
Práticas Cartorárias Fazenda/Criminal; Assessora Jurídica na área Penal e Processual Penal;
Secretária Substituta Turma Cível; Secretária da Turma Criminal. Atua junto a Subsecretaria
Especializada em Drogas e Perícias

Criminais – SUAQ.

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