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A Língua - Luiz da Rocha Lima

Sursum corda!

Meus irmãos e amigos, os livros sagrados da Índia são uma epopéia e uma canção. Através
deles, Krishna doutrina os homens. A doutrina objetiva a elevação e o soerguimento do homem,
da elevação espiritual e do alto conhecimento e se encontra no livro intitulado "O Baghavad-
Gita". Este livro diz, como eu já tenho falado, que há dentro de nós um sublime amigo, que não
trai, mas o homem nem a mulher compreendem que Deus está dentro de cada um. E, não
crendo, não o procuram, não o sentem e não o respeitam. E, ignorando que Deus é uma lei
universal, se expressam através da fala sem cogitar dos prejuízos tremendos que a sua língua
ocasiona. Desconhecem as forças cármicas que a língua aciona e que atraem para si próprio.

Vamos, paulatinamente, mostrar a cada um dos irmãos ouvintes a responsabilidade daqueles


que não sabem frear a língua e a usam para juízos temerários a respeito de seus semelhantes.

Das palavras de Jesus, no Evangelho de Luz como diz o Profeta Thiago: "São tremendos os
tropeços da língua". Através da língua, o homem se envaidece, se considera um mestre
superior a todos os irmãos, mas, esse homem se esquece de que, através dessa insânia, ele
prejudica a si mesmo. Porque nós temos que imitar, nos dias atuais, a Jesus, nosso Mestre,
que foi humilde de coração. A língua, este pequeno membro é um instrumento terrível. Como
disse Thiago, ocasiona ao homem e a mulher coisas que agravam o seu carma, o seu futuro
espiritual, pois desvia cada um do seu caminho reto, da estrada perfeita que Jesus Cristo
traçou.

Vejam os animais: o cavalo, por exemplo, tão submisso. Um simples freio na sua boca o
domina e o dirige completamente. Vejam os barcos com velas possantes, que o vento conduz
daqui para acolá dirigidos por um pequeno leme. Vejam meus irmãos como uma pequena
fagulha incendeia um grande bosque. Assim disse Thiago: "A língua é um fogo tremendo." Está
cheia de iniqüidade. Está cheia do mau. Ela inflama a roda de nossos nascimentos e nos atrai
para mundos infernais. As sábias palavras de Thiago nos alertam sobre o nosso
comportamento no lar, quando em torno da mesa devemos manter o silêncio e agradecer a
Deus, evitando usar a língua para criticar e julgar. Um comportamento contrário revela a nossa
falta de religião e que estamos afastados dos ensinamentos de Jesus.

A língua é uma iniqüidade porque ela ocasiona as guerras, as conseqüências terríveis para a
humanidade, como ocorreu durante a inquisição. É a língua a responsável pela nossa presença
neste grupo e por aqueles que vêm juntar-se a nós atraídos pela lei de causa e efeito, pois
como disse Paulo (Epístola aos Romanos III): "Ninguém na Terra é inocente, todos são
pecadores." A língua é como uma víbora dentro da boca, capaz de tanta maldade, pode
envenenar, destruir a todos os irmãos. E, porque? Diz o apóstolo que essa língua traz em si
grande iniqüidade, porque já cometemos erros através dela, dos falsos elogios, da calúnia, do
mal que ocasionamos à humanidade devido à nossa invigilância. A roda do nascimento nada
mais é do que a lei cármica, a lei de causa e efeito, que se agrava, que aumenta o carma e
conseqüentemente as dores, pois a lei de causa e efeito é inexorável.

É como disse o grande cientista Einstein, "a lei de todo o universo e do cosmo". Ninguém pode
infringir essa lei impunemente. Se todos compreendessem isso cada um guardaria o máximo
cuidado no falar palavras fúteis, superficiais, que redundam em atrações dessas forças
inferiores, infernais que significam lugares inferiores, imundícies, pestilência, peçonha, como,
disse o apóstolo. Estes ensinamentos têm muito a ver conosco nos dias atuais, pois usamos a
língua para espalhar boatos, notícias mentirosas, pois o apóstolo Paulo, na Epístola aos
Romanos III, afirma: "Todo homem mente." É incentivado pela língua a fazer comentários e
tomar posição nas conversações objetivando aspectos para fazer o mal, progredir e se
disseminar por todo o universo. Portanto, se o nosso carma é doce, brando, nós podemos nos
desviar dele pelo mau uso da língua no instante em que não escutarmos as verdades que nos
tocam o coração. É o que o profeta Isaías dizia, tristemente: "Senhor, quem creu na minha
pregação?" Têm olhos para ver mas não vêem; têm ouvidos para ouvir, mas não escutam. São
todos insensíveis às coisas do espírito. Fogem espavoridos porque já estabeleceram, através
da língua, "aliança com o mal".

E, portanto, nós verificamos que a língua viperina causa o mal a nós próprios. Causa a nossa
degradação através das iniqüidades para nós e para os outros, pois, segundo a lei, tudo que se
faz através do pensamento, das palavras e da ação, se repete num ciclo doloroso a fim de que
pela dor a criatura compreenda que tem que estabelecer o equilíbrio do universo e do cosmo.

E, assim sendo, as aves, os répteis, todos os animais marinhos, como diz o apóstolo Thiago,
podem ser modificados, domesticados na sua natureza pela ação humana.

Mas a língua, este terrível instrumento, o homem quase não pode domá-la. As vezes toma
algumas providências, mas de repente, cai nas ciladas terrível das críticas, das condenações e
dos julgamentos indefectíveis para outrem, mas retroativo para aquele que assim procede. A lei
funciona não imediatamente. Tempos depois, às vezes dias depois vem a doença porque a
língua tem peçonha. E porque o apóstolo Thiago afirma que ela tem peçonha? No capítulo III
do Novo Testamento, ele diz que quando proferimos uma mentira, um embuste, um engano,
uma traição, uma calúnia a quem quer que seja, nós estamos criando um carma terrível. As
forças do universo sentem este abalo de cada criatura porque nós não vivemos só na nossa
família. Nós também estamos sujeitos, como já foi dito, à lei cármica, a lei universal e aos
conselhos e advertências de nosso Senhor Jesus Cristo.

E com essas conversas, com essas coisas fúteis, superficiais, nos tornamos cada vez mais
intoleráveis pela boca. Ouvimos o que não devemos ouvir porque a língua atrai dessas fontes
de imundícies para nossa aura, espíritos trevosos, animalescos. E como eles querem destruir,
fazer sofrer, nós sentiremos no corpo essas infecções, essas necroses. Tudo ocasionado pelos
mesmos erros do passado.

Assim, a língua em conseqüência do nosso relacionamento com as trevas, com os núcleos de


maldade, atrai essas forças negativas para os nossos lares, para os nossos locais de trabalho,
e a nossa vida se torna insuportável.

E quando as vítimas recorrem à médicos, a infecção já campeia completamente, porque a


nossa língua infeccionou todo o nosso corpo. A língua contamina todo o corpo com nossa
conversação inconveniente.

Portanto, uma boca que foi feita para abençoar, uma boca que foi feita para amar, uma boca
que foi feita para estimular uns aos outros, porque esta é a nossa obrigação, maldiz se
enfurecendo repentinamente. E as forças animalescas penetram sem a criatura sentir, mas
deformam o rosto. Os órgãos sentem choque terrível da maldade e a língua, que devia
abençoar, amaldiçoa pela vingança, pelo ódio, pela vindita.

Mas diz Thiago: "Uma fonte, uma manancial de água doce não pode ser amargosa." Não
colherei da figueira outros frutos diferentes. "As videiras não produzem figos e , portanto uma
língua para abençoar é como uma fonte que é pura e não pode dar, ao mesmo tempo, água
doce e amargosa".

Estes ensinamentos representam, através da língua, a nossa saúde, a nossa paz, a nossa
mocidade, a nossa juventude, porque pela conduta do homem nunca o espírito envelhece.
Além disso (vamos repetir de novo Thiago); diz ele no Cap. I: "Nós fomos criados pela palavra
da verdade e esta palavra é Deus." É manifestação em, todo o Universo como força primordial
de todas as forças. E esta palavra de verdade nos delegou poder de ser as primícias de todas
as criaturas. Portanto, o homem que, depois dos animais, foi criado para essas primícias, não
pode se animalizar, bestializar-se, ligado a essas forças trevosas que só querem nos
massacrar.
Então, o apóstolo diz, que todos nós devemos ter o cuidado com a prática da palavra; que
devemos ser tardios para falar, que devemos ser tardios para nos irritar, porque através da
irritação penetram em nosso corpo todos esses germes malignos. E não haverá assepsia mais
perfeita quando o nosso corpo já estiver completamente infectado devido ao mal uso da língua.
E, para evitarmos isso devemos ouvir a palavra que nos toca o coração e sermos não ouvintes
fáceis, que se esquecem destes ensinamentos e mergulham nas coisas do mal e da ilusão.

Essas criaturas representam um viajante no deserto, que vê uma miragem, coisas belas e reais
e, de repente, chega a conclusão de que tudo aquilo é mera ilusão. Não devemos nos enganar.
Os ensinamentos de Jesus não podem ser pregados em vão. Devem fazer parte de nossa vida
como um meio mais eficiente para, através da nossa língua, podermos estar em comunhão
com Deus.

Portanto, não devemos ser ouvintes para sairmos daqui e esquecermos tudo. Devemos ser
obradores, operadores dessas verdade evangélicas, para o nosso bem e a nossa felicidade
porque Deus criando-nos pela palavra da verdade, nos tornou criaturas, viventes, sempre,
eternamente, quando nós cumprimos a lei. E não dentro de quimeras, de lições, de futilidade,
que travam completamente o objetivo do homem na terra, objetivo este que é engrandecer-se,
ser feliz e não adoecer.

E, então, diz o apóstolo, que todos nós deveríamos nos cingir por uma lei que se chama "lei da
liberdade", porque Deus não criou seus filhos para que eles vivam jungidos á escravidão. A
liberdade do espírito domina em todo o cosmo e no mundo invisível. E, nesta lei de liberdade,
nos seremos automaticamente, conscientemente, julgados por nós mesmos. O homem que
ouve essas palavras e as esquece completamente, é como aquele que vai a um espelho, vê a
sua fisionomia e, ao afastar-se do espelho, esquecer a sua aparência. Mas, aquele que vive
dentro da liberdade, a lei cármica, a lei criada por Deus, compreende o que é a verdadeira
religião. A verdadeira religião é reprimir a língua, porque não é adorando ídolos,. em coisas
exteriores, acendendo velas, como estamos vendo, que Deus nos escuta.

Deus nos ouve pela nossa palavra de verdade, quando nós abrimos nossa alma para ele;
quando vivemos de acordo com as leis que seu filho unigênito trouxe á terra, as quais devemos
seguir e alcançarmos através da estrada estreita, que é o caminho da nossa redenção. Então,
poderemos falar com Deus, poderemos seguir os ensinamentos daqueles que há 5.000 anos
AC já anunciavam que Deus está dentro de nós. Mas precisamos reconhece-lo dentro de nós.
E como isso será possível se a nossa língua viperina continua caluniando, julgando e
condenando o nosso próximo?

Portanto, dentro dessa lei de liberdade, segundo o entendimento do grande apóstolo Thiago,
nós reconheceremos que a verdadeira religião é refrear a língua. E, nesse refreamento da
língua é quase impossível não perdermos o rumo para a nossa felicidade e a nossa redenção,
atenuarmos as arestas rudes do nosso carma, de lei de causa e efeito e fazermos com que
cada dia sejamos um exemplo digno de um servo de Jesus.

É pela lei de liberdade que nós seremos julgados e, portanto, devemos pensar que, livres do
espírito, nós podemos alcançar as alturas e não as profundidades terríveis das trevas.

Meus irmãos! Vamos confirmar essas palavras através de um espírito de escol: o nosso irmão
Emmanuel, diz ele que a palavra pode conduzir a humanidade a caminhos muito diferentes
para a evolução do seu espírito e atingir o objetivo, porque quando há sinceridade há
humildade no coração. O homem através dos testemunhos que acompanham essas palavras,
colabora cada um na sua individualidade pelo progresso da humanidade, pelo que foi dito por
homens sábios, pela própria história verídica e pela benéfica dos outros. E, então, esta palavra
é palavra divina? Esta palavra é palavra que vem do alto porque esse homem refreia a sua
língua, temerosos de errar com toda a humildade de errar, de ser traído pelas trevas, porque as
forças trevosas, nos dias que estamos vivendo, os últimos ciclos de vida na terra, procuram,
cada vez mais aliciar prosélitos a fim de que possam manter as energias do núcleo, usando da
nossa vitalidade, vampirizando-nos.
Nós temos um celeiro divino de onde vem todos os recursos para nós nessas horas difíceis. E,
em vez de atrair o Divino Mestre para nós, através do Cristo, nós nos perdemos, nos clivamos
numa paliçada atraindo os inimigos do Cristo, que é o Anti-Cristo. Cuidemos, pois da nossa
língua!

Houve um médium extraordinário em sua época, Emmanuel Swíndberg, que, falando a respeito
da língua, disse: A nossa língua tem que ser conservada. Como disse o apóstolo Paulo, para
que em nós repercute a língua dos anjos a nossa língua tem que aprender, através da sua
repressão, a linguagem dos espíritos de luz, pois os anjos falam uma língua muito difícil de ser
compreendida na Terra. Os espíritos também falam uma linguagem não compreendida, muitas
vezes, pelos homens.

A linguagem dos espíritos, por mais elevada que seja, não encontra no homem, na
humanidade, o meio necessário para que ela seja ouvida. Dai o que afirmou Isaías e todos os
apóstolos. Porque para que nós sintamos a ação espiritual, a ação benéfica dos espíritos, dos
nossos verdadeiros amigos, é preciso uma condição, uma postura da língua, uma postura em
que nós, com toda humildade reconheçamos o poder de Deus, sua justiça indefectível agindo
sobre nós. E, é, então, com a humildade no coração, verificando, auto-examinando, fazendo
uma introspeção diária do nosso egoísmo, da nossa vaidade, do nosso orgulho, da nossa
necessidade de sofrer, que abrimos uma porta. Temos á nossa disposição um verdadeiro
telefone pelo qual os espíritos de luz vêm nos ajudar, nas horas difíceis, comunicando-se
conosco. Isto tem sido assim desde os primórdios da humanidade.

Em Israel, havia um homem chamado Elcana, que tinha duas esposas como era hábito
naquele tempo. Ana era uma dessas esposas, profetiza e estéril; a outra era Penina, vaidosa
pela prole que tivera com Elcana, por isso procurava sempre, com má língua, destruir sua
companheira, procurava sempre faze-la sofrer pára que se afastasse do seu esposo. Um dia
ambas se encontraram no templo e Exana aproveitou a ocasião em que comemorava Jeová,
para julgar e condenar Ana, lançando-lhe um terrível ódio. Ana deixou o templo triste porque
tinha ido ali para se comunicar com Jeová, o Deus dos Judeus. O coração de Ana enfraqueceu
pela tristeza e pela falta de alimentação. Elcana que muito a amava lhe perguntou: porque
estás triste? Porque teu coração está conturbado? Porventura eu não te acato? Eu não te amo
e te respeito? Porventura eu não te amo mais do que aqueles oito filhos que ela me deu?

E ela, não satisfeita, foi ao templo. Orou com todo coração, com toda a ternura a Deus e pediu
para que um filho nascesse. Mas, no templo, como era comum, as orações eram feitas
coletivamente e em voz alta, pois, pensavam eles que assim. Deus ouviria suas preces.

A palavra "oração" vem do latim, significando "ores=boca". Boca aberta, proferindo algo. Mas,
"oração" não é isso. Oração é a alma aberta ao Criador, ao nosso pai, a Jesus, vibrando em
todo o nosso ser para atingirmos o estado de prece.

Assim, em estado de prece, Ana orava. Lágrimas escorriam em suas faces. Ela balbuciando,
conversava com Deus. Aproximando-se dela, o sacerdote Eli ouviu aquele balbuciar muito
tênue e. perguntou-lhe: "Ana, tu estás embriagada?" Tu estas dominada pelo vinho?"

Ela respondeu-lhe: "Não Senhor! Eu não estou dominada pelo vinho. Eu não tenho esse hábito.
Eu converso, eu me manifesto com toda a alma aberta. Ao meu Deus que ele me dê, como deu
a Ester, um filho"

E Deus ouviu suas preces porque o sacerdote Eli imediatamente disse: Abençoada seja! Que
Jeová te de uma progenitura! "Que Jeová te encha desta plenitude da vida que ë a procriação,
pois para isto vieste á terra".

E nasceu Samuel. No capítulo I, vocês verificarão que Ana, recata na humildade e nas preces,
teve ímpeto de levar o filho ao templo, como era hábito do povo de Israel. Chegando ao templo,
completamente transtornada sob a influencia de sua mediunidade, lançou a toda humanidade
um cântico, semelhante àquele magnífico de Maria. Este canto ficou conhecido como o
"Cântico de Ana". Este é o cântico que a nossa boca deve proferir: "Senhor!" Eu me alegro
neste instante, porque tu olhaste para a humildade da tua serva. Senhor! Tu me tiraste da
fraqueza, das calúnias, do ódio, ajuda aquela irmã. Senhor! Tu me elevaste além de quaisquer
condições delegando-me o poder. Tu nos lança no Sheol e nos eleva. Tu partes a flecha
daquele que se considera forte. "Tu te unes ao fraco para o poder da vida".

"Senhor, tu ajudas ao santo protegendo os seus pés e deixa os ímpios, os faladores vulgares,
os caluniadores calados nas profundezas do mal. Senhor! Eu reconheço que nenhum homem
prevalecerá pela força.
Ë o amor, meus irmãos! Este cânticos que se acha registrado na Bíblia representa para todos
nós um ensinamento aos nossos corações a fim de podermos viver felizes tanto na vida
material como na vida espiritual. Todo o universo obedece a um ciclo de vida e "morte": Nascer,
viver, morrer, renascer, reviver. Porém quando não refreamos a nossa língua como o apóstolo
diz, nós estamos em decadência espiritual, como conseqüência do julgamento que fazemos
sobre os nossos irmãos.

A palavra tem um poder divino quando é seguida por atos e ações meritórias. Quando não é
assim, são discursos inertes, inúteis, que não tocam o coração e não fazem vibrar a alma. Nós
devemos viver permanentemente em aliança, através da castidade da nossa língua, através do
exemplo dos nossos atos, para que, com a humildade que teve Ana, que teve Jesus e todos
aqueles que deixaram um exemplo de luz para a humanidade, um meio mais fácil para
estabelecermos, cada dia, a comunhão com Deus. E esta aliança nós não devemos perder,
como diz aquele médium do século XVII: "Esse contato com Deus, devemos fazê-lo todo dia,
acautelando-nos com a nossa língua para que ela não seja a causa do mal em nós, dos nossos
próprios prejuízos ocasionados pela nossa vaidade, pelo nosso orgulho, pela nossa
prepotência".

Quando os fariseus procuraram julgar os discípulos de Jesus porque eles comiam sem lavar as
mãos receberam um ensinamento, que ficou para toda a humanidade e que não devemos
esquecer. "Não é o que entra pela boca que faz mal." O que entra boca vai ao ventre e sai para
lugar escuso. o que sai da boca é o que envenena o homem, que infelicita o homem. Porque a
boca fala daquilo que há no coração. Assim o nosso coração deve ser sublime no amor, no
perdão, não condenando a ninguém, nem julgando a ninguém, a fim de não atrairmos para os
nossos lares estas forças ignaras, que só querem nos desviar de meta da vida, do objetivo
preponderante que é viver em paz e feliz. Se a boca fala daquilo que está no coração, como
disse Jesus, o homem mau tira a maldade de dentro de si mesmo. O homem bom tira só
bondade do seu coração e não engana a ninguém. Assim, todos os que se dizem religiosos
devem compreender estas palavras de Jesus, pois, como disse Thiago, elas são a verdadeira
religião, Nós compreendendo o nosso dever religioso, refreamos a nossa língua, os nossos
instintos, deixando o nosso coração viver puro em harmonia com todos os outros órgãos. Não
desfalecemos porque o Senhor está dentro de nós, sentindo e suprindo todas as nossas
necessidades.

Além disso, Jesus deixa, através de Lucas, Cap. VI, todos esses conselhos: não condenar a
ninguém, não julgar a ninguém, pois da mesma maneira que julgarmos aos nossos irmãos
seremos julgados, Jesus deixou bem clara esta sentença para aqueles que sem compreensão
e que não vivem na formalidade dos sentidos, no orgulho e na vaidade, pois todas essas coisas
entopem os nossos ouvidos. Jesus deixou claro uma norma de vida para que a humanidade
não caia nas malhas da lei de causa e efeito. Ninguém, quando caminha para o bem deixa de
satisfazer essa lei do Carma. Se todos os homem compreendessem que o mal é para eles
próprios, como disse Jesus, é a sua condenação, não haveria maldade, não haveria pessoas
aumentando sua culpa, seu pecado, como hoje acontece.

Se as religiões se preocupassem em ensinar verdadeiramente isso, se cada um fosse o


sacerdote da sua fé, da compreensão e da Lei Divina haveria uma humanidade onde ninguém
faria o mal, porque já sabia, antecipadamente, que esse mal recairia sobre ele. E, pelo egoísmo
humano; pela compreensão humana, temeroso efe não faria mal a ninguém. No futuro, essa
humanidade será realmente cristã, pois, então, como disse o padre Alta: "Cristianis-Alta Cristi" -
O Cristo está dentro de nós. Cristianismo é vivência. É experiência em Deus. É prática
constante da caridade e do bem. É contenção da língua diabólica, que causa enfermidade e
dor. É justamente aquilo que Thiago falou: O auxílio ás viúvas desamparadas, o auxílio as
criancinhas órfãs, para que não haja, no futuro, párias na sociedade e cada criança cresça,
seja educado com a noção do poder que está dentro de cada um. É compreender que a força
bruta não educa a ninguém. 0 que educa é a humildade daquele que é educador e o educando
recebe essas vibrações de amor e se modifica".

Portanto, cada um de nós, cônscio dessa responsabilidade, não condenará a ninguém, não
condenará as autoridades, não julgará á ninguém porque, como vimos no tema de hoje,
quando aquela adúltera ia ser apedrejada conforme a lei, o Mestre imediatamente se
comunicou com o Alto (como sempre devemos fazer em circunstâncias difíceis), e disse:
"Quem estiver isento de pecado atire a primeira pedra". Ninguém atirou a pedra porque todos
eram pecadores. Como também pecadores somos todos nós, pois temos dentro de nós um
tribunal divino que é a própria consciência.

Livrando a mulher daquela condenação terrível, daquela grande humilhação pública o Mestre
amorosamente apenas a aconselhou: "Vá e não tornes a pecar."

Meus irmãos, não errem mais pela língua, ajudem a vencer a tentação que assalta a toda a
humanidade, seguindo os conselhos de Jesus, porque, a voz que desce do alto é mansa,
humilde, pacífica, tolerante, harmônica e traz para cada um a alegria de viver. E é esta alegria,
que reina no mundo espiritual. É desta alegria que Jesus quer que a humanidade hodierna
desfrute, evitando os caminhos que podem conduzí-las ás forças do mal. Jesus deseja que a
humanidade siga feliz e não sofra. Portanto, repassando: Se nós quisemos falar a língua dos
anjos, se nós quisermos fazer a caridade, se nós dispusermos, hoje a conter a língua, não
devemos julgar a ninguém, pois esta precipitação de julgar é força inimiga que está dentro de
nós querendo a nossa queda. É, como á disse, um motivo de enfermidade, de infecções
terríveis, que a medicina não pode curar. Mas, a maior assepsia para o nosso corpo e o nosso
espírito é manter a aliança e o contato com Deus, com o refrear de nossa língua, para vivermos
em paz e felizes.

Graças a Deus!

Palestra psicofônica do irmão LUIZ DA ROCHA LIMA, domingo, 21-04-1985. Assunto


determinado por FREI LUIZ, sob inspiração do mesmo e do FREI BENEDITINO KELLY.

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