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Conselhos pra Vida

Estudos na carta de Tiago

Estudo 04: O controle da língua

Tiago 3.1-12
1
Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que
ensinamos, seremos julgados com maior rigor. 2 Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se
alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o
seu corpo.
3
Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos
controlar o animal todo. 4 Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão
grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a
vontade do piloto. 5 Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se
vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples
fagulha. 6 Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os
membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida,
sendo ela mesma incendiada pelo inferno.
7
Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e tem sido domada pela
espécie humana; 8 a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio
de veneno mortífero.
9
Com a língua bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à
semelhança de Deus. 10 Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode
ser assim! 11 Acaso podem sair água doce e água amarga da mesma fonte? 12 Meus irmãos,
pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de
água salgada não pode produzir água doce.

Introdução
“Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma,
diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu na terra; portanto, sejam poucas as tuas
palavras. Porque dos muitos trabalhos vêm os sonhos e do muito falar, palavras néscias.”
Eclesiastes 5.3 e 4

Algumas pessoas falam demais. Falam sem pensar, sem saber e irrefletidamente, causando
muitos problemas.
Jesus adverte: “Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de
toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas
palavras será condenado” (Mateus 12.36 e 37).

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O objetivo deste estudo é mostrar a importância e a necessidade de se controlar a língua,
pois “a morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.”
(Provérbios 18.21).

Análise do texto
Os versículos tomados por base para este estudo apresentam advertências quanto ao uso da
língua. Analisando esses versículos, Michel Trimaille afirma que “um dos grandes perigos que
ameaçam a vida cristã é o 'muito falar': é um tempo perdido para a ação ou, pior ainda, um
pretexto cômodo para não se fazer nada. Nas provações/tentações, a palavra incontrolada
põe a culpa em Deus. (...) Por isso, a língua deve ser dominada (1.26; 3.5-12), e o cristão é
convidado com insistência a fazer coincidir o falar e o fazer (2.12). Alguém poderia, com
efeito, contentar se em confessar-se crente, mas a fé não se manifesta pela palavra somente,
mesmo que seja a da confissão de fé: são necessários os atos de amor. Também a sabedoria
se exprime menos pelas palavras do que pelos exemplos de boa conduta (3.13).
E, depois, falar muito leva a dizer mal dos outros (4.11), e isto é colocar-se no lugar de Deus!”

A ênfase de Tiago recai, portanto, no pecado de um falar impiedoso, impuro, injusto e


irrefletido. Ele utiliza figuras muito apropriadas para mostrar o poder da língua, bem como os
efeitos nocivos da língua descontrolada.

Aplicações Práticas
1. O controle da língua produz coerência entre o falar e o agir
A sabedoria bíblica diz que “no muito falar não falta transgressão, mas o que modera os seus
lábios é prudente.” (Provérbios 10.19).

Tiago começa falando sobre o peso da responsabilidade daqueles que têm o dom da palavra
(3.1). Douglas J. Moo afirma: “Aquele que se compromete a liderar outras pessoas na fé
precisa ter cuidado para que sua própria vida reflita o que ele está ensinando. Seu maior
conhecimento vem acompanhado de uma maior responsabilidade de viver de acordo com o
que conhece. A intenção de Tiago não é dissuadir do ensino estas pessoas que, como ele
próprio, têm o chamado e o dom para ensinar. O que ele deseja fazer é imprimir sobre seus
leitores a natureza séria do ministério, advertindo-os de que não se deve ingressar nele por
motivos frívolos ou egoístas."

Aquele que se dedica ao ensino corre o risco não só de tropeçar nas palavras, mas também
de viver uma incoerência entre o que ensina e o que pratica. Jesus censurou os escribas e
fariseus por causa disso. Eles ensinavam (e muito bem), mas não praticavam o que ensinavam
(Mateus 23.1-4). Paulo se esforçava para que, tendo pregado a outros, não viesse ele mesmo
a ser desqualificado (1 Coríntios 9.27).

Pense: Quando medimos as palavras, não falando mais do que convém, fica mais fácil
estabelecer a coerência entre o falar e o agir.
Segundo Tiago, “se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz
de dominar todo o seu corpo.” (Tiago 3.2). Quem é capaz de controlar a sua língua não terá
dificuldade para controlar todas as suas ações. Entretanto, talvez seja mais fácil controlar os

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cavalos com freios na boca e os grandes navios, através de um pequeno leme, do que
controlar a língua.
Quando não se tem disciplina na língua, ocorre a incoerência entre o falar e o agir; e, assim,
"de uma só boca procede bênção e maldição" (Tiago 3.10). Essa triste incoerência costuma
ocorrer no ambiente da igreja. Não é difícil encontrar cristãos que se gabam de sua doutrina
ou de uma pretensa superioridade espiritual baseada em experiências sobrenaturais, os quais
apresentam discursos e testemunhos impressionantes, mas seus atos não correspondem às
suas palavras. Tais cristãos, na verdade, revelam carnalidade e desqualificação espiritual.

2. O controle da língua evita consequências desastrosas


Tiago afirma que "a língua é fogo" (Tiago 3.6a). Ele usa essa figura de linguagem para referir-
se ao potencial destrutivo da língua. Os pecados cometidos através da língua afetam a pessoa
por inteiro e atinge os outros também. Infelizmente, mesmo no contexto da igreja, danos
enormes são causados a pessoas ou à comunidade, por causa de boatos e fofocas, muitas
vezes sem fundamento. Em alguns casos, os danos são irreparáveis. Como observa Douglas J.
Moo, "pôr fim a tais rumores pode ser mais difícil do que parar um incêndio numa floresta."
Segundo Tiago, a língua indisciplinada “[...] contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o
curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno.” (Tiago 3.6b)
Ele diz que é mais fácil domar toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos,
do que domar a língua (Tiago 3.7). Ela é “um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero.”
(Tiago 3.8)
A Bíblia diz que os perversos “aguçam a língua como serpente: sob os lábios têm veneno de
áspide." (Salmo 140.3); “O ímpio com a boca destrói o próximo...” (Provérbios 11.9);
e “...o insensato de lábios vem a arruinar-se.” (Provérbios 10.8).

Jesus ensina que “o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque
do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos
testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem.”(Mateus 15.18-20).
A boca fala do que está cheio o coração; e a expressão desses males que nascem no coração
se dá através da língua, causando muitos males.
A maledicência é um pecado extremamente odiado e condenado na Bíblia (veja Levítico
19.16; Salmo 101.5; Provérbios 11.13). No capítulo 4.11 e 12, Tiago fala novamente sobre
esse gravíssimo pecado, ressaltando que não temos o direito de falar mal uns dos outros:

Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão,
fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se
colocando como juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir.
Mas quem é você para julgar o seu próximo?”
Porém, é triste constatar que sempre há cristãos que cometem esse tipo de injustiça, julgando
a vida dos outros e falando mal. Muitos problemas poderiam ser evitados se todos tivessem
um pouco mais de domínio da língua. Não se pode esquecer esta afirmação: “se alguém supõe
ser religioso deixando de refrear a sua língua, antes enganando o próprio coração, a sua
religião é vã.” (Tiago 1.26)

Pense: O verdadeiro servo de Deus é aquele que "vive com integridade, e pratica a justiça,
e, de coração, fala a verdade; o que não difama com a sua língua, não faz mal ao próximo,
nem lança injúria contra o seu vizinho." (Salmo 15.1-3).

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3. O controle da língua produz credibilidade
No capítulo 5.12, Tiago recomenda: “Sobretudo, meus irmãos, não jurem, nem pelo céu,
nem pela terra, nem por qualquer outra coisa. Seja o sim de vocês, sim, e o não, não, para
que não caiam em condenação.” Essa recomendação de Tiago não entra em choque com a
legitimidade dos juramentos praticados frequentemente no Antigo Testamento em ocasiões
importantes. Também não desqualifica ou proíbe os juramentos solenes feitos perante
tribunais, desde que não contrariem os mandamentos de Deus e os princípios cristãos.

O que acontecia, porém, nos dias de Tiago, é que muitos estavam habituados a se valer dos
juramentos, mesmo nas conversas mais triviais, a fim de impressionar e convencer os outros
de sua honestidade. Muitas vezes, por trás de um juramento, ocultava-se uma mentira.

Segundo Alan Pallister, em seu comentário à Carta de Tiago, intitulado “Os Radicais”,
“na nossa conversa, ensinam Jesus e Tiago, nunca devemos usar tais juramentos;
fazê-lo equivale praticamente a uma desobediência ao mandamento que proíbe tomar o
nome do Senhor em vão (Êxodo 20.7). Devemos ser pessoas cuja simples palavra tem valor;
devemos merecer confiança de maneira que o nosso ‘sim’ quer dizer ‘sim’ e o nosso ‘não’
quer dizer ‘não’. Se não costumamos usar palavras ociosas, a nossa seriedade será
reconhecida; nunca precisaremos acrescentar ‘juro pelos céus’ para que as outras pessoas
saibam que, nesta ocasião, estamos a dizer a verdade.”

Pense: Quem fala o que vem à boca, nas horas e lugares impróprios, e envolve com
leviandade o nome e as coisas de Deus em suas conversas, receberá não só o desprezo das
pessoas, mas também o juízo de Deus. Porém, o que disciplina a sua língua conquistará
credibilidade por parte das pessoas e será aprovado diante de Deus.

Conclusão
Tenha cuidado, controle o tom e a intensidade da voz, preste atenção no conteúdo falado e
nas formas de expressão (sarcasmo e ironia). A falta de controle da língua é algo destrutivo e
condenado por Deus. Porém, a língua disciplinada facilita a coerência entre o que se fala e o
que se vive e, consequentemente, produz credibilidade. Todos são exortados a cuidar do seu
falar, controlando a língua e usando-a para a edificação própria, do próximo e a glória de
Deus.
Use a língua para boas comunicações, para gerar bons relacionamentos e para ser fonte de
verdade. Utilize o filtro de Paulo: “Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas
a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos
que a ouvem.” (Efésios 4.29).
• Falar o que é necessário;
• Falar o que edifica a pessoa;
• Falar o que direciona para Cristo;

A principal marca do cristão maduro é ser parecido com Jesus, e uma das principais qualidades
de Jesus era animar e restaurar pessoas. Elas saíam da presença dele com um novo
entusiasmo pela vida. Esse é o exemplo a ser seguido, é isso que Deus requer de nós como
filhos obedientes e amados.

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Perguntas para se avaliar
• Quando as pessoas chegam perto de você, elas saem mais animadas e encantadas
com a vida?
• Elas saem cheias de entusiasmo, dizendo que valeu a pena conversar com você?
• Você tem sido uma fonte de vida para as pessoas?
• Sua família é abençoada pelas suas palavras?
• Seus colegas de escola e de trabalho são encorajados com sua maneira de falar?

Desafios
ü Você tem ferido pessoas com palavras destrutivas? Peça perdão por suas atitudes!
ü O que você pode fazer para agradar a Deus no contexto do domínio da língua?
Faça uma lista, escreva, seja específico!
ü Considere como suas palavras podem ser uma bênção para os outros. Cultive um estilo
de vida pelo elogio e estímulo às pessoas. Escreva uma carta, um e-mail, ou uma
mensagem via WhatsApp a alguém que necessita de encorajamento e afirmação. Seja
específico sobre as qualidades que você vê na pessoa e o que de bom ela tem realizado.

BIBLIOGRAFIA
- Bíblia Sagrada: Acesse a versão online da Youversion: https://www.bible.com/pt/
- Sabedoria Para a Vida: Estudos na Epístola de Tiago. João Cruz. Versão em eBook, 2018.
- Tiago - A fé prática em ação. Red. Estudos para grupos pequenos, 2022.
- Fé e Vida: A pertinente mensagem da Carta de Tiago. Didaquê Publicações, 2017.

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