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Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Livro: Álgebra Moderna - Editora Atual


(Higino H. Domingues e Gelson Iezzi)
nibblediego@gmail.com
Compilado dia 26/09/2016

Solucionário da 4a edição do livro de Álgebra Moderna dos


autores Higino H. Domingues e Gelson Iezzi. Um dos melhores
livros de álgebra moderna em português. Até porque existem
poucos tı́tulos semelhantes em nossa lı́ngua, já que a produção de
livros didáticos (principalmente para nı́vel de graduação e pós), é
um mercado pouco lucrativo.
Para quem desejar; uma cópia do livro do Higino pode ser baix-
ada em https://pt.scribd.com/doc/74399512/Algebra-
Moderna-Domingues-Iezzi.
A expectativa é que seja respondido um capı́tulo do livro por
mês. Contudo, pode haver atrasos, uma vez que digitar todo o
texto consome mais tempo do que resolver os exercı́cios. De todo,
modo não deixe de acompanhar este documento no link a seguir
para obter todas as atualizações. www.number.890m.com

1
Sumário
1 Noções Sobre Conjuntos e Demonstrações 3
1.1 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 13 À 16 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 25 À 28 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2 Introdução à Aritmética dos Números Inteiros 30


2.1 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 33 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.2 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 38 À 39 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.3 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 44 À 45 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.4 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 48 À 49 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.5 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 52 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.6 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 61 À 62 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

3 Relações, Operações, Aplicações 77


3.1 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 70 À 71 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.2 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 75 À 76 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.3 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 77 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
3.4 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 79 À 82 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3.5 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 81 À 82 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

4 Agradecimentos 111
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

1 Noções Sobre Conjuntos e Demonstrações

1.1 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 13 À 16

1. Considere os seguintes subconjuntos de R (aqui considerado como conjunto universo):

A = {x ∈ R|x2 < 4},


B = {x ∈ R|x2 − x ≥ 2},
C = {1/2, 1/31/4, ...} e
D = {x ∈ R| − 2 < x < −1}.

Classifique cada relação seguinte como verdadeira ou falsa e justifique.

a) Ac ⊂B d) B∪A⊃C
b) A∩B = D
c) C⊂Bc e) C∩D6= Ø

Solução de a:

Observe que exceto pelo conjunto C, todos os conjuntos estão sendo caracterizados por meio
de uma inequação.

B = {x ∈ R | x inequação}
Normalmente a resolução de problemas que envolvem operações entre conjuntos, em que
os conjuntos são caracterizados por uma inequação, depende da passagem do conjunto de sua
notação entre chaves para a sua representação como intervalo. Veja:

Para expressar o conjunto A como intervalo primeiro resolvemos a inequação que caracteriza
o conjunto.

x2 < 4

x < 2 ou x > −2
Logo A é o intervalo (−2, 2).

-2 2
Conjunto A

Por meio da imagem acima fica fácil definir o complementar A.

-2 2
c
Conjunto A

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Ac = {x ∈ R | x > 2 ou x < −2}.

Vamos agora determinar o conjunto B em termos de intervalo.

Assim como feito anteriormente primeiro resolvemos a inequação que caracteriza o conjunto.

x2 − x ≥ 2
⇒ x ≥ 2 ou x ≤ −1

Logo B é a união dos intervalos (−∞, −1] ∪ [2, ∞).

-1 2
Conjunto B

Comparando agora o intervalo que representa o conjunto Ac e o intervalo que representa o


conjunto B, verificamos que Ac ⊂ B.

-2 2

Conjunto Ac sobre o conjunto B

Portanto a afirmação é VERDADEIRA.

Solução de b:

Como já foi demonstrado os conjuntos A e B podem ser representado por intervalos.

B = [2, ∞) ∪ (−∞, −1]

A = (-2, 2)

Como A ∩ B é a intercessão entre A e B então:

A ∩ B = (−2, −1]

Note que −1 ∈ A ∩ B, contudo −1 ∈


/ D. Assim, a afirmativa é FALSA.

Solução de c:

Se B = [2, ∞) ∪ (−∞, −1] então Bc = (−1, 2).

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Note que o maior termo de C é maior que zero e todos os seus termos são não nulos, ou seja
estão entre 0 e 1. Como (0, 1) ∈ Bc então a afirmativa é VERDADEIRA.

Solução de d:

B∪A = R. Assim a afirmativa é VERDADEIRA.

Solução de e:

Todos os elementos de D são negativos, ao passo que todo elemento de C são positivos. Assim,
não existe interseção entre eles, isto é C∩D = Ø.

Assim, a afirmativa é FALSA.

2. Construa um exemplo envolvendo dois conjuntos, B e C, para os quais se verifiquem as


seguintes relações: Ø ∈ C, B ∈ C, B ⊂ C.

Solução:

C = {Ø, 1, {1}, {1, 2} } e B = {1}.

3A. Descubra conjuntos A, B e C, tais que B 6= C e A ∪ B = A ∪ C.

Solução de a:

Se A = B = {1} e C = Ø (o que cumpre a condição de C 6= B), então:

{1} ∪ {1} = {1} ∪ Ø

{1} = {1}

Outra solução seria A = {1, 2, 3, 4}, B = {4, 5} e C ={3, 4, 5}

3B. Com um exemplo, mostre que pode ocorrer o seguinte: B 6= C e A ∩ B = A ∩ C

Solução de b:

Neste caso se A = Ø, C = {2} e B = {1} então:

A∩B=A∩C

Ø ∩ {1} = Ø ∩{2}

Ø=Ø

Outra solução seria A = {1, 2, 3, 4, 5}, B = {4, 5, 6, 7} e C ={4, 5, 6, 7, 8}

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4. Se A, B e C são conjuntos tais que A ∪ B = A ∪ C e A ∩ B = A ∩ C, prove que B = C.

Solução:

A prova da igualdade entre conjuntos na maioria das vezes consiste em:

1◦ Passo: Tomar um elemento genérico do lado direito da igualdade e mostrar que ele pertence
também ao lado esquerdo;

2◦ Passo: Tomar um elemento genérico do lado esquerdo da igualdade e mostrar que ele
pertence também ao lado direito;

3◦ Passo: Evocar a propriedade anti-simétrica.

A conclusão do primeiro passo implica na inclusão do conjunto a direita da igualdade no


conjunto a esquerda. Enquanto a conclusão do segundo passo implica na inclusão do conjunto a
esquerda da igualdade no conjunto a direita.
O terceiro passo usa as duas implicações dos passos anteriores para garantir a igualdade.

(1◦ Passo) Se b ∈ B então b ∈ A ∪ B. Como por hipótese A ∪ B = A ∪ C então b ∈ A ou


b ∈ C ou b pertence a ambos.

Se b ∈ A, então b ∈ A ∩ B. Como por hipótese A ∩ B = A ∩ C então b ∈ C. Assim, todo


elemento de B é também elemento de C.
Se b ∈ C ou a ambos (A e C) a mesma conclusão é imediata.

(2◦ Passo) Se c ∈ C então c ∈ A ∪ C. Como por hipótese A ∪ C = A ∪ B então c ∈ A ou


c ∈ B ou c pertence a ambos.

Se c ∈ A, então c ∈ A ∩ C. Como por hipótese A ∪ C = A ∪ B então c ∈ B. Assim, todo


elemento de C é também elemento de B.
Se c ∈ B ou a ambos (A e B) a mesma conclusão é imediata.

(3◦ Passo) Como todo elemento de B pertence a C (passo 1) e vice-versa (passo 2) então
pela propriedade anti-simétrica fica provado que B = C.

5. Sejam A e B conjuntos tais que A ∪ B = A ∩ B. Prove que A = B.

Solução por absurdo:

Na questão anterior foi mostrada uma técnica para a demonstração de igualdade entre con-
juntos. Nessa questão vamos usar a prova por absurdo.

Suponha por absurdo que A 6= B. Então existe um a ∈ A e não pertencente a B, ou um b ∈


B e não pertencente a A.

Se a ∈ A e não pertence a B então a ∈ A ∪ B. Como por hipótese A ∪ B = A ∩ B então a


∈ B o que resulta em absurdo.

Raciocı́nio análogo se desenvolve para b ∈ B.

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6. Se A e B são conjuntos arbitrários, demonstre as seguintes propriedades conhecidas como


leis de absorção.

a) A ∩ (A ∪ B) = A
b) A ∪ (A ∩ B) = A

Solução de a:

Se x ∈ A ∩ (A ∪ B) então x ∈ A. Ou seja, todo elemento de A ∩ (A ∪ B) pertence a A.

Se a ∈ A então também pertence a (A ∪ B) e portanto A ∩ (A ∪ B). Assim, todo elemento


de A pertence a A ∩ (A ∪ B).

Como todo elemento de A está contido em A ∩ (A ∪ B) e vice versa pela propriedade anti-
simétrica fica provado a igualdade.

Solução de b:

Se x ∈ A ∪ (A ∩ B) então x ∈ A. Ou seja, todo elemento de A ∪ (A ∩ B) também pertence


a A.

Se a ∈ A então a ∈ A ∪ (A ∩ B). O que implica no fato de que todo elemento de A pertence


a A ∪ (A ∩ B).

Como todo elemento de A ∪ (A ∩ B) pertence a A, e vice versa, então pela propriedade


anti-simétrica fica provado a igualdade.

7. Dado um conjunto A, chama-se conjunto das partes de A e indica-se por P(A) o conjunto
de todos os subconjuntos de A. Por exemplo, se A = {1, 2}, então P(A) = {Ø, {1}, {2}, {1, 2}}

a) Determine P(A) quando A = {Ø, 1, {1}}.

b) Prove que se um conjunto A têm n elementos então P(A) têm 2n elementos.

c) Se o número de subconjuntos binários (formados de dois elementos) de um conjunto dado


é 15, quantos subconjuntos têm esse conjunto?

Solução de a:

P(A) = {Ø, {Ø}, {1}, {{1}}, {Ø, 1}, {Ø, {1}}, {1, {1}}, {Ø, 1, {1}}

Solução de b:

Como ensina a análise combinatória o número de subconjuntos de A com um elemento é n1 ,




o número de subconjuntoscom dois elementos é n2 , e etc.


Usando os números n0 e nn para contar

 o conjunto vazio e o próprio A, então o total de
subconjuntos de A é n0 + n1 + n2 +· · ·+ nn . Mas essa soma, segundo o teorema das linhas1 ,
1 A soma dos números binomiais de uma mesma linha é uma potencia de base 2 cujo expoente é a ordem da

linha.

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é igual a 2n . Provando a afirmação.

Solução de c:
n

O número de subconjuntos binários de um conjunto qualquer é igual ao número binomial 2 .
Se esse número é igual a 15 então:
 
n
= 15
2

n!
= 15
2!(n − 2)!

n!
= 15
2(n − 2)!

n(n − 1)(n − 2)!


= 15
2(n − 2)!

n(n − 1)
= 15
2

n(n − 1) = 30 ⇒ n = −5 ou n = 6

Como n é o número de elementos do conjunto não pode ser negativo. Com isso concluı́mos
que o conjunto em questão têm 6 elementos e portanto, 26 = 64 subconjuntos.

8. Para indicar o número de elementos de um conjunto finito X, adotemos a notação n(X).


Mostre então que se, A e B são conjuntos finitos, verifica-se a importante relação: n(A∪B) =
n(A) + n(B) − n(A∩B)

Solução:

De fato se indicarmos por A’ e B’ respectivamente as partes de A e B formadas pelos elementos


que não estão em A ∩ B então n(A ∪ B) = n(A’) + n(A ∩ B) + n(B’). Mas n(A’) = n(A) −
n(A ∩ B) e n(B’) = n(B) − n(A ∩ B). Substituindo estas duas últimas igualdades na anterior,
obtemos a igualdade proposta.

9. Numa pesquisa a respeito da assinatura das revistas A e B, foram entrevistadas 500


pessoas. Verificou-se que 20 delas assinavam a revista A, 14 a revista B e 4 as duas revistas.
Quantas das pessoas entrevistadas não assinavam nenhuma das revistas?

Solução:

8
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O diagrama seguinte ilustra a situação.

A B

20 4 14

O número de asisinates das revistas (independente de qual revista seja ou de quantas), é igual
a 30, pois

n(A ∪ B) = n(A) + n(B) − n(A ∩ B)

n(A ∪ B) = 20 + 14 − 4 = 30

Subtraindo este resultado do total de entrevistados (500 − 30), chega-se a resposta final que
é o total de 470 pessoas.

10. Se A, B e C são conjuntos finitos, mostre que:

n(A ∪ B ∪ C) = n(A) + n(B) + n(C) − n(A ∩ B) − n(A ∩ C) − n(B ∩ C) + n(A ∩ B ∩ C)

Solução:

Observe a figura seguinte.

C∩A C∩B
C∩B∩A

A B
A∩B

Nela temos três conjuntos A, B e C que se interceptam mutuamente.

Primeiro fazemos a soma dos elementos de cada região.

n(A ∪ B ∪ C) = n(A) + n(B) + n(C)

Em seguida subtraı́mos as regiões que são intercessões.

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n(A ∪ B ∪ C) = n(A) + n(B) + n(C) − n(C∩A) − n(C∩B) − n(A∩B)

Nesse processo o número de elementos da região (C ∩ B ∩ A) foi subtraı́da do cálculo. Assim


efetua-se a correção.

n(A ∪ B ∪ C) = n(A) + n(B) + n(C) − n(C∩A) − n(C∩B) − n(A∩B) + n(C∩B∩A)

Reorganizando os elementos e levando em conta que n(A∩C) = n(C∩A), e que assim ocorre
para as demais regiões, chega se a conclusão que:

n(A∪B∪C) = n(A) + n(B) + n(C) − n(A∩B) − n(A∩C) − n(B∩C) + n(A∩B∩C)

Obs: Este exercı́cio também pode ser resolvido de modo análogo ao utilizado na questão 8.
Contudo, será um processo mais trabalhoso.

11. Define-se a diferença entre dois conjuntos, A e B da seguinte maneira:


A − B = {x|x ∈ A e x ∈ / B}.
Ache a diferença A − B nos seguintes casos:

a) A = Q e B = R

b) A = R e B = Q

c) A ={x ∈ R|2 < x < 5} e B = {x ∈ R|x ≥ 2}


   
n 2n
d) A = n = 1, 2, 3, ... e B = n = 1, 2, 3, ...
n + 1 2n + 1

e) A = {x ∈ R|1 < x < 3} e B = {x ∈ R|x2 − 3x − 4 > 0}

Solução:

(a) Como Q ⊂ R então não existe nenhum elemento de Q que não esteja em R. Assim A −
B = ∅.

(b) R = Q ∪ I e como Q e I são conjunto disjuntos então A − B = I

(c) Observe as retas a seguir:

2 5

2

A primeira reta representa o conjunto A, enquanto a segunda o conjunto B. Pelo desenho


podemos notar que A ⊂ B, assim A − B = Ø.

(d) Sabemos que A = { 1/2; 2/3; 3/4; 4/5; 5/6; 6/7... } e B = { 2/3; 4/5; 6/7;... }.

Observe que os elementos que estão em A e que não estão em B são as frações cujo numerador
são impares.

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A − B = { 1/2; 3/4; 5/6; ... }

Ou em outras palavras:
 
2n − 1
A−B= n = 1, 2, ...
2n
(e) Primeiro vamos resolver a inequação que caracteriza o conjunto B.

x2 − 3x − 4 > 0

⇒ (x − 4)(x + 1) > 0

⇒ (x − 4) > 0 ou (x + 1) > 0

⇒ x > 4 ou x < −1

Assim, a inequação ocorre quando x > 4 e x < −1.

Com base na solução considere as seguintes retas.

1 3

-1 4

A reta mais acima representa o conjunto A, enquanto a segunda o conjunto B. Pelo esquema
é fácil ver que todos os elemento de A não pertencem a B. Sendo assim A − B = A.

12. Sejam A e B conjuntos finitos tais que n(A∪B) = 40, n(A∩B) = 10 e n(A−B) = 26.
Determine n(B−A).

Solução:

Observe o diagrama

A B

A∩B

Nele tiramos que:

n(A − B) = n(A) − n(A ∩ B)

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⇒ 26 = n(A) − 10

⇒ n(A) = 36 (1)

Também vemos que:

n(A ∪ B) = n(A) + n(B) − n(A ∩ B)

⇒ 40 = n(A) + n(B) − 10

⇒ n(A) + n(B) = 50 (2)

E por ultimo

n(B − A) = n(B) − n(A ∩ B)

⇒ n(B − A) = n(B) − 10 (3)

Com (2) e (1) concluı́mos que n(B) = 14.


Usando esse resultado em (3):

n(B − A) = 14 − 10 = 4

Assim, n(B − A) = 4

13. Denomina-se diferença simétrica entre dois conjuntos A e B e denota-se por A∆B o
seguinte conjunto: A∆B = (A−B)∪(B−A). Isso posto:

a) Ache a diferença simétrica entre os pares de conjuntos do exercı́cio 11.

b) Mostre que qualquer que seja o conjunto A, valem A∆Ø = A e A∆A = Ø;

c) Mostre que, para quaisquer conjuntos A e B, vale A∆B = B∆A.

Solução de a:

a) Como visto no exercı́cio 11 (A − B) = Ø.


Como R = Q ∪ I e Q e I são conjuntos disjuntos então se existe um r ∈ R tal que
r ∈ Q então I Sendo assim:

B−A=I

Portanto,

A∆B = (A − B) ∪ (B − A)
A∆B = Ø ∪ I
A∆B = I

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b) A − B = I e B − A = Ø, portanto

A∆B = (A − B) ∪ (B − A)
A∆B = I ∪ Ø
A∆B = I

c) Observe as retas a seguir:

2 5

A
B

Por elas fica evidente que não existe nenhum ponto do conjunto A que ao mesmo
tempo não esteja contido na reta B. Sendo assim:

A−B =Ø

Contudo, o conjunto de pontos b ∈ B sendo b ≥ 5 estão contidos em B, mas não em


A. Sendo assim:

B − A = {x|x ≥ 5}

Concluindo que

A∆B = (A − B)∪(B − A)
A∆B = Ø ∪ {x|x ≥ 5}
A∆B = {x| ≥ 5}

d) A = {1/2, 2/3, 3/4,...} e B = {2/3, 4/5, ...}. Sendo assim:

A – B = {1/2, 3/4, 5/6}

E B – A = Ø. Logo:

A∆B = {1/2, 3/4, 5/6,...} ∪ Ø


A∆B = {1/2, 3/4, 5/6,...}

e) Observe as retas a seguir:

–1 3
1 3
A
B

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A – B = A e B – A = B sendo assim:

A∆B = (A–B)∪(B–A)
A∆B = A∪B
A∆B = (−∞, -1)∪(1,3)∪(4,∞)

Solução de b:

Por definição:

A∆B = (A–Ø)∪(Ø–A)

Dado a ∈ A então a ∈ / Ø, pois se assim fosse Ø não seria vazio. Logo todos os elementos de
A não estão em B. Em outras palavras, A–Ø = A
Também por definição Ø ⊂A. Sendo assim: (B–A) = Ø. Portanto,

A∆B = A ∪ Ø = A.

Analogamente se prova que A∆A = Ø.

Solução de c:

Por definição A∆B= BδA

(A–B)∪(B–A) = (B–A)∪(A–B)

Como na operação de união vale a comutatividade fica provada a afirmação.

14. Sejam A e B subconjuntos de um conjunto U. Prove as seguintes propriedades:

a) Se A∩B = Ø e A∪B = U, então B = Ac e A = Bc

b) Se A∩B = Ø, então B⊂Ac e A⊂Bc .

c) B⊂A se, e somente se, Ac ⊂Bc .

Solução de a:

Como A∪B = U e A∩B = Ø então A e B são disjuntos. Sendo assim U – A = B e portanto,


Ac = B. Analogamente se prova que Bc = A.

Solução de b:

Como A e B são subconjuntos de U então vamos supor a existência de um conjunto X (vazio


ou não), de modo que X contenha todos os elementos de U que não estão contidos em A ou B.
Em outras palavras U = A∪B∪X. Chamando de B’ a união do conjunto X com o conjunto
B então, U = A∪B’.

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Como por hipótese A∩B = Ø, e X não possui nenhum elemento de A, então B’∩A = Ø. Esse
resultado implica que U – A = B’. Como também U – A = Ac então B’ = Ac .
Assim tomando um b ∈ B então b ∈ B’ (pois B’ = X ∪ B), e como B’ = Ac então, b ∈ Ac .
Assim todo elemento de B pertence a Ac que implica em B ⊂ Ac

Analogamente se prova que A⊂Bc .

Solução de c:

(⇒) Para facilitar a compreensão da resposta que será dada veja o seguinte diagrama.

U
A

B X

Como B⊂A então Ac = U – A = X. Já Bc = (A – B)∪X. Essas afirmações podem ser


visualizadas na imagem acima.
Como Bc = (A – B)∪X então X⊂Bc e como Ac = X então Ac ⊂Bc . C.Q.D2 .

(⇐) Se U = A∪B∪X então Bc = X∪A e Ac = X∪B.


Como por hipótese Ac ⊂ Bc então X∪A ⊂ X∪B que só pode ocorrer quando A⊂B. C.Q.D.

15. Prove as seguinte propriedades, evolvendo o conceito de diferença de conjuntos:

a) (A−B)∩(A−C) = A−(B∪C)

b) (A−C)∩(B−C) = (A∩B)−C

c) (A∪B)−B = A se, e somente se, A∩B = ∅

Solução de b:

• Seja x ∈ (A – C)∩(B – C) vamos mostrar que x ∈ (A∩B) – C.

Se x ∈ (A – C)∩(B – C), então x ∈ (A − C) e x ∈ (B − C). Sendo assim pode se afirmar que


x ∈ A, x ∈ B e não pertence a C. Daı́ se conclui que x ∈ A∩B que implica em x ∈ (A∩B) – C.

Isso prova que (A – C)∩(B – C)⊂(A∩B) – C. (1)

• Para provar a inclusão contrária agora tomemos x ∈ (A∩B) – C e vamos demostrar que
x ∈ (A – C)∩(B – C).
2 A sigla C.Q.D significa Como se Queria Demonstrar. Ocorrendo no final de várias demonstrações matemáticas

indicando o fim da demonstração.

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Se x ∈ (A∩B) – C então x ∈ (A∩B) e x ∈ / C o que implica em x ∈ A e x ∈ B. Sendo assim,


x ∈ (A – C) e x ∈ (B – C), ou seja, x ∈ (A – B)∩(A – C).

Isso prova que (A∩B) – C⊂(A – C)∩(B – C). (2)

De (1) e (2) e pela propriedade anti-simétrica dos conjuntos fica provado que:

(A∩B) – C = (A – C)∩(B – C)

Para mais detalhes de como provar a igualdade entre conjuntos veja o exercı́cio 4 desta
apostila.

16. Encontre um exemplo para mostrar que pode ocorrer a desigualdade seguinte:

A∪(B−C) 6= (A∪B)−(A∪C)

Solução:

Se A = {1, 2, 3, 4}, B = {6} e C = {5, 6, 7} então:

A∪(B – C) = {1, 2, 3, 4} ∪ ({6} – {5, 6, 7}) = {1, 2, 3, 4} ∪ ∅

A∪(B – C) = {1, 2, 3, 4} (1)

Considerando agora o 2o membro

(A∪B) − (A∪C)

= {1, 2, 3, 4}∪{6} − {1, 2, 3, 4}∪{5, 6, 7}

= {1, 2, 3, 4, 6} − {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}

= Ø (2)

Como (1) 6= (2) fica provado a afirmação.

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Para encontrar esse e outros exercı́cios resolvidos de matemática acesse: www.number.890m.com

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Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

1.2 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 25 À 28

Começo essa parte com uma das minhas citações preferidas.

“A lógica de Aristóteles é ótima para criar brigas e contendas, mas totalmente incapaz de
produzir algo de útil para a humanidade”.

(Francis Bacon).

AVISO!!
Muitas questões desta seção admitem mais de uma resposta. Assim, não conclua-a de imediato
que sua resposta está errada apenas porque está diferente da resposta do livro, do seu amigo ou
do professor.
Agora, aproveitando que você está lendo essa parte, quero pedir que caso algum erro de
digitação, ou lógica na resolução dos exercı́cios seja identificado, por favor, escreva para
nibblediego@gmail.com para que eles possam ser corrigidos.

17. Qual é o valor lógico das seguintes proposições?

a) 2 + 5 = 1 ou 3 > 1.

b) 2 é primo e 2 é par.
c) Se 1 > 2, então 1 = 2.
d) Todo numero primo é um numero real.
e) Qualquer que seja o numero real x, vale x2 > x.

f) Existe um numero real x tal que x3 = −2.


g) Para que um triangulo seja retângulo, é necessário e suficiente que o quadrado de
um de seus lados seja igual a soma dos quadrados dos outros dois.
h) Se f é uma função real de variável real, então f é uma função par ou uma função
ı́mpar.
i) Se x é um numero inteiro e x3 é impar, então x é impar.
j) Duas matrizes quadradas de mesma ordem são iguais se, e somente se, seus deter-
minantes são iguais.

Solução:

a) F ou V = V.

b) V e V = V.

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Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

c) Se F então F = V.

d) Verdadeiro.

e) Falso, pois 0.5 ∈ R e 0.52 < 0.5.



f) Verdadeiro. Se x = 3 −2 então, x3 = −2.

g) Verdadeiro. Partindo da lei dos cossenos (valida para qualquer triangulo), e tomando um
triangulo de lados a, b e c tal que:

a2 = b2 + c2 − 2cos(θ)
para que o quadrado de a seja igual a soma dos quadrados de b e c então é necessário que
π
cos(θ) = 0. O que só ocorre para θ = + kπ, com k ∈ Z∗ . No entanto, para k > 0 terı́amos um
2
triangulo com angulo interno maior que 180◦ (o que não pode ocorrer, pois a soma dos ângulos
π
internos de qualquer triangulo deve ser igual a 180◦ ), sendo assim a única solução viável é θ = .
2
E como θ é o angulo entre b e c. Então o triangulo possui um angulo reto e portanto é retângulo.

h) Falso. Como exemplo temos a função f (x) = 2x + 1 que não é nem par nem impar.

i) Verdadeiro.
   
2 1 0 2
j) Falso. Basta por exemplo considerar as matrizes A = eB= .
2 0 1 2

18. Considere que numa universidade se tenha a seguinte situação: há pesquisadores que não
são professores e professores que não são pesquisadores, mas alguns pesquisadores são professores.
Isso posto, quais das seguintes afirmações relativas a essa universidade são verdadeiras?

a) Existem professores que são pesquisadores.

b) Se P indica o conjunto dos professores e Q o conjunto dos pesquisadores, então


P ∩ Q 6= {}.
c) Todo pesquisador é professor.
d) O conjunto dos professores não está contido no conjunto dos pesquisadores.

e) Existem pesquisadores que não são professores.


f) O conjunto dos pesquisadores está contido no conjunto dos professores.

Solução:

O diagrama a seguir ilustra a situação descrita.

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Professor Pesquisador

a) V; b) V; c) F; d) V; e) V; f) F.

19. Escreva na forma “se...então...”:

a) Qualquer lado de um triangulo é menor que a soma dos outros dois lados.
b) Todo numero primo diferente de 2 é impar.

c) Para um numero real x tal que −2 < x < 2, vale x2 < 4.


d) Duas retas quaisquer, paralelas ente si e não paralelas ao eixo das ordenadas, têm
o mesmo coeficiente angular.
e) Sempre que uma função real de variável real é diferenciável num ponto, ela é
continua nesse ponto.
f) Um determinante é nulo quando uma de suas filas é formada de zeros.

Solução:

a) Se ∆ é um triangulo, então qualquer lado de ∆ é menor que a soma dos outros


dois.
b) Se p é um numero primo diferente de 2, então p é impar.

c) Se x é um numero real tal que −2 < x < 2, então x2 < 4.


d) Se duas retas são paralelas entre si e se não são paralelas ao eixo das ordenadas,
então essas retas têm o mesmo coeficiente angular.
e) Se uma função real de variável real é diferenciável num ponto, então ela é continua
nesse ponto.
f) Se uma das filas de um determinante é formada de zeros, então esse determinante
é nulo.

20
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

20. Sejam p, q e r proposições, as duas primeiras verdadeiras e a terceira falsa. Indique o


valor lógico de:

a) p e (∼ q):
b) (∼ r) ou (∼ p):
c) se (p e r), então q:
d) p se, e somente se, r.

Solução:

a) V e F = F.
b) V ou F = V.
c) Se (V e F), então V ⇒ se F, então V = V.
d) V se, e somente se, F = F.

21. Negue as seguintes proposições:

a) Se x ∈ R e x > 2, então x2 ≥ 4.
b) Nenhum triângulo retângulo é equilátero.
c) Qualquer que seja o numero real x, existe um numero inteiro n tal que n > x.
d) Existe um numero complexo z tal que z 5 = −2.
e) Todo retângulo é um paralelogramo.
f) Se dois planos são paralelos, então toda reta de um deles é paralela ao outro plano.

Solução:

a) Existe x, x > 2, tal que x2 < 4.


b) Existe um triângulo retângulo equilátero.
c) Existe um numero real x tal que, qualquer que seja o inteiro n, verifica-se n ≤ x.
d) Qualquer que seja o numero complexo z, vale z 5 6= −2.

21
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

e) Existem retângulos que não são paralelogramos.


f) Existem planos paralelos tais que um deles contém uma reta que não é paralela ao
outro.

22. Quantifique as funções proposicionais que seguem de modo a torna-las verdadeiras (para
todas o universo e conjunto dos números reais):

a) x2 − 5x + 6 = 0
b) x2 − 16 = (x − 4)(x + 4)
c) sen2 (x) + cos2 (x) = 1
d) sen2 (x) − sen(x) = 0
e) x2 − 3x + 3 > 1
f) x2 > 2x3

Solução:

a) Note que x2 − 5x + 6 = 0 ⇒ x1 = 3 e x2 = 2. Assim, podemos usar o quantificador


existe.
A forma geral para esse quantificador é:

“Existe um objeto x, elemento do conjunto A, que goza das seguintes propriedades”.

Veja como ficaria a resposta neste caso:

Existe um x, pertencente a R, tal que x2 − 5x + 6 = 0.

b) Observe que se (x − 4)(x + 4) é a fatoração de x2 − 16. Ou seja para qualquer


valor de x teremos a igualdade x2 − 16 = (x − 4)(x = 4). Assim podemos usar o
quantificador para todo.
A forma geral para esse quantificador é:

“Para todo x ∈ A, afirmações sobre x.”

Veja como ficaria a resposta:

Para todo x ∈ R, x2 − 16 = (x − 4)(x + 4).

22
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

c) De fato a identidade pitagórica é verdadeira para qualquer valor de x sendo assim


uma resposta possı́vel seria:

Para todo x ∈ R, sen2 (x) + cos2 (x) = 1.

d) Fazendo sen(x) = y então:

sen2 (x) − sen(x) = 0 ⇒ y 2 − y = 0. Cuja solução ocorre apenas para y = 0 ou y = 1.


Sendo assim sen(x) = 0 ou sen(x) = 1. O que implica em x = 90 ou x = 1.57. Com
isso uma resposta possı́vel seria:

Existe um x, pertencente a R, tal que sen2 (x) − sen(x) = 0.

e) Resolvendo a inequação chegamos a conclusão de que a inequação é verdadeira


para x > 2 e x < 1. Então uma solução aceitável seria:

Existe um x, pertencente a R, tal que x2 − 3x + 3 > 1.

f) A solução dessa inequação ocorre apenas para x < 1, assim:

Existe um x, pertencente a R, tal que x2 > 2x3 .

23. Se uma função proposicional envolve n variáveis, então é preciso quantifica-la n vezes a fim
de que ela se torne uma proposição. Quanto a isso, é importante observar que os quantificadores
existencial e universal nem sempre comutam entre si, como se pode verificar pelas proposições
que se seguem, a primeira verdadeira e a segunda falsa (em ambas o domı́nio da variável é R).
“Qualquer que seja x, existe y tal que x + y = 1” e “Existe x tal que, qualquer que seja y,
x + y = 1”.
Isso posto, quantifique as seguintes funções proposicionais de modo a torna-las verdadeiras
(em todas, o universo das duas variáveis é o conjunto dos números reais):

a) y > x

b) (x + y)2 = x2 + 2xy + y 2
c) x2 = y
d) sen(x + y) = sen(x) + sen(y)

e) x2 + y 2 ≥ 0

Solução:

23
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a) Para todo y, existe um x, tal que y > x.


b) Para todo x e para todo y ocorre que (x + y)2 = x2 + 2xy + y 2 .
c) Existe um x e existe um y, tal que x2 = y.

d) Existe um x e existe um y, sen(x + y) = sen(x) + sen(y).


e) Para todo x e para todo y ocorre que x2 + y 2 ≥ 0.

24. Determine o valor lógico das proposições seguintes, nas quais x e y são variáveis em {1,
2, 3}:

a) Existe x tal que, qualquer que seja y, x < y 2 + 1.


b) Para todo x existe y tal que x2 + y 2 = 4.
c) Existem x e y tais que x2 + y 2 = x3 .

Solução:

a) Verdadeira. Por exemplo, tomando y = x = 1 a condição é satisfeita.

x < y2 +

1 < 1 + 12

A mesma veracidade se verifica para y = 2 ou y = 3.

b) Falsa. Tomando x = 3, por exemplo, chegarı́amos a y 2 = −5 ∈


/ {1, 2, 3}
c) Verdadeira. Usando x = y = 2 teremos: 22 + 22 = 23 .

25. Em quais das condições seguintes é correto afirmar que a primeira proposição (função
proposicional na variável real x) acarreta a segunda?

a) Se 2 = 0, então 4 é um numero primo.

b) Se x2 + x − 2 = 0, então x = −2.
c) Se x é um numero real, então x é um numero complexo.

24
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d) Se x2 − 4 < 0, então x < 2.


e) Se tg(x) > 1, então x > π/4.

Solução:

a) Verdadeira.

b) Falsa. As raı́zes de x2 + x − 2 = 0 ocorrem apenas para x = 2 ou x = −1. Logo x


não pode ser igual a −2.
c) Correto. Todo conjunto R está contido em C.
d) Correto. Resolvendo a inequação em questão chegamos a −2 < x < 2. O que
prova a condição de x < 2.
π π
e) Correto. A solução para a equação é + kπ > x > + kπ com k ∈ {0, 1, ...}. O
2 4
π
que prova a condição de x > .
4

26. Para quais das bicondicionais seguintes seria correto dizer que a primeira proposição
(função proposicional na variável real x) acarreta a segunda?

a) 2x − 5 ≥ 5 se, e somente se, x > 5.


b) Se x2 + 3x + 2 < 0 se, e somente se, −2 < x < −1.
c) sen(x) = sen(2x) se, e somente se, x = 0.

d) Uma matriz quadrada A é inversı́vel se, e somente se, det(A) 6= 0.


e) As retas y = 2x e y = mx + n são perpendiculares se, e somente sem 2m + 1 = 0.

Solução:

a) Incorreto. Resolvendo 2x − 5 ≥ 5 chegamos a x ≥ 5.


b) Correto. A solução de x2 + 3x + 2 < 0 de fato ocorre para −2 < x < −1.

c) Correto. sen(x) = sen(2x) ⇒ x = 2kπ com k ∈ {0, 1, ...}. Assim, a primeira


proposição acarreta na segunda quando fazemos k = 0.
d) Correto. A demonstração desta proposição é simples mas, razoavelmente longa.
Como o problema não pede demonstração deixo a cargo do leitor que tenha interesse.

25
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

e) Correto. Recorrendo ao cálculo diferencial se a reta y = mx + n é perpendicular


1 1
a y = 2x então m = − 0 , o que implica em m = − . Dessa ultima equação
f (2x) 2
tiramos que 2m − 1 = 0. Assim, a primeira proposição acarreta na segunda.

27. Enuncie as reciprocas e as contra positivas das seguintes proposições:

a) Se dois números inteiros são impares, então a soma deles é um numero par.
b) Se uma função real de variável real é continua num ponto, então ela é diferenciável
nesse ponto.
c) Se uma matriz quadrada é inversı́vel, então seu determinante é diferente de zero.

d) Se o grau de um polinômio real é 2, então esse polinômio tem duas e apenas duas
raı́zes complexas.
e) Se dois planos são perpendiculares, então toda reta de um deles é perpendicular
ao a outro.

Solução:

a) (Reciproca): Se a soma de dois números inteiros é par, então esses números são
impares.

(Contrapositiva): Se a soma de dois números inteiros é impar, então um deles é


par.
b) (Reciproca): Se uma função real de variável real é diferenciável num ponto, então
ela é contı́nua nesse ponto.

(Contrapositiva): Se uma função real de variável real não é diferenciável num ponto,
então ela não contı́nua nesse ponto.
c) (Reciproca): Se o determinante de uma matriz é diferente de zero, então a matriz
correspondente é inversı́vel.

(Contrapositiva): Se o determinante de uma matriz é igual a zero, então essa matriz


não é inversı́vel.

d) (Reciproca): Se um polinômio real tem duas e apenas duas raı́zes complexas,


então esse polinômio tem grau 2.

(Contrapositiva): Se o numero de raı́zes complexas de um polinômio real é diferente


de 2, então o grau desse polinômio é diferente de 2.

26
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

e) (Reciproca): Se todas as retas de um plano são perpendiculares a um outro plano,


então os dois planos são perpendiculares entre si.

(Contrapositiva): Se num plano há uma reta que não é perpendicular a um segundo
plano, então os dois planos não são perpendiculares.

28. Classifique como verdadeiras ou falsas as reciprocas e as contra positivas das proposições
do exercı́cio 27.

Solução:

Letra A: F e V.
Letra B: V e F.
Letra C: V e V.
Letra D: V e V.
Letra E: V e F.

29. Enuncie a contrapositiva da propriedade transitiva da reta “maior que” em R, ou sejam


da propriedade: “Se a > b e b > c, então a > c”.

Solução:

Se a ≤ c, então a ≤ b ou b ≤ c

30. Enuncie a contrapositiva da seguinte proposição: “Sejam A, B e C pontos distintos de


um plano. Se esses pontos não são colineares, então AB < BC + AC”.

Solução:

Sejam A, B e C pontos distintos de um plano. Se esses pontos são colineares, então AB ≥


BC + AC.

31. Ache um contra exemplo para cada uma das seguintes afirmações:

a) Para todo x ∈ R, x2 − 1 > 60.


b) Para todo x ∈ R, x3 − 4x2 < 20.
c) Para todo x ∈ R, cosx > cos(x + 1).

d) Para todo x ∈ R∗+ , vale log10 (x) > log10 (x)2 .

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Solução:

a) Para x = 1 temos 12 − 1 > 60 ⇒ 0 > 60.


b) Para x = 10 temos 103 − 4(10)2 < 20 ⇒ 600 < 20.

c) Para x = 0 temos cos(0) > cos(0 + 1) ⇒ 0 > cos(1).


d) Para x = 1, vale log10 (1) > log10 (1)2 ⇒ 0 > 0.

32. Justifique a propriedade seguinte de duas maneiras, a primeira através de sua contrapos-
itiva e a segunda por redução ao absurdo: “Se m é um inteiro tal que m3 + 2 é impar, então m
é impar”.

Solução por contrapositiva:

A contra positiva da proposição é: “Se m é um inteiro tal que m3 + 2 é par, então m é par”.
O que de fato é verdade pois o produto entre números pares é par e a soma de pares também.
Assim, como a contrapositiva da proposição é verdadeira então a proposição também é.

Solução por absurdo:

Suponha por absurdo que m é par. Nesse caso m = 2k com k ∈ Z. Sendo assim:

m3 + 2 = (2k)3 + 2

= 8k 3 + 2

= 2(4k 3 + 1)

Como todo numero divisı́vel por dois é par então m3 + 2 = 2(4k 3 + 1 é par. O que é um
absurdo, pois por hipótese m3 + 2 é impar. Logo m também deve ser impar.

33. Prove, por meio de um contra exemplo, que n2 +n+41 (em que n é um inteiro estritamente
positivo) nem sempre é um número primo.

Solução:

Essa fórmula é conhecida como formula de Euler e só é valida para n = 1, ..., 39 até o momento.
Assim poderı́amos dar como contra exemplo n = 40. Onde terı́amos 402 + 40 + 41 = 1681 que é
divisı́vel por 41.

28
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29
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2 Introdução à Aritmética dos Números Inteiros


2.1 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 33

1. Demonstre por indução:

n(n + 1)
a) 1 + 2 + · · · + n = (n ≥ 1)
2
b) 1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1) = n2 (n ≥ 1)
c) 13 + 23 + · · · + n3 = (1 + 2 + ... + n)2 (n ≥ 1)
n(n + 1)(n + 2)
d) 1 · 2 + 2 · 3 + · · · + n · (n + 1) = (n ≥ 1)
3
e) n2 > n + 1 (n ≥ 2)

Solução de a:

i) Observe que a proposição é verdadeira para n = 1, pois

1(1 + 1)
1= =1
2

ii) Admitindo que a proposição seja verdadeira para um k ∈ A então:

k(k + 1)
1 + ··· + k =
2
Somando (k + 1) em ambos os termos

k(k + 1)
1 + · · · + k + (k + 1) = + (k + 1)
2
chegamos á:

(k + 1)(k + 2)
1 + · · · + k + (k + 1) =
2

O que mostra que a proposição também seria válida para k + 1.

Assim, pelo princı́pio de indução a proposição é valida para todo n ∈ N maiores que 1.

Solução de b:

Prova de i:

A proposição é verdadeira para 1 pois, 1 = 12 .

30
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Prova de ii:

Se a proposição é verdadeira para k então:

1 + 3 + 5 + · · · + (2k − 1) = k 2

Note que os valores a direita crescem de 2 em 2 (1, 3, 5,...). Assim o próximo termo da
sequencia depois de 2k − 1 seria 2k + 1.

1 + 3 + 5 + · · · + (2k − 1) + (2k + 1) = k 2 + (2k + 1)

1 + 3 + 5 + · · · + (2k − 1) + (2k + 1) = (k + 1)2

Ou seja, se a proposição é valida para k então ela é válida para k + 1. Sendo assim, pelo
princı́pio de indução a proposição é verdadeira para todo n ≥ 1.

Solução de c:

prova de i:

A proposição é válida para 1, pois 13 = 12 .

Prova de ii:

Se a proposição é válida para k então

13 + 23 + · · · + k 3 = (1 + 2 + ... + k)2
Somando (k + 1)3 em ambos os membros então

13 + 23 + · · · + k 3 + (k + 1)3 = (1 + 2 + ... + k)2 + (k + 1)3

k(k + 1)
Como visto na letra a do exercı́cio 1 + 2 + ... + k = . Assim, podemos fazer a seguinte
2
substituição

 2
2 3 k(k + 1)
(1 + 2 + ... + k) + (k + 1) = + (k + 1)3
2

(k + 1)2 (k + 2)2
(1 + 2 + ... + k)2 + (k + 1)3 =
22

 2
2 3 (k + 1)(k + 2)
(1 + 2 + ... + k) + (k + 1) =
2

31
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

2
(1 + 2 + ... + k)2 + (k + 1)3 = (1 + 2 + ... + (k + 1))

Com isso mostramos que se a proposição é válida para k então ela também é válida para
k + 1. Assim, pelo princı́pio de indução a proposição é válida para todo n ≥ 1.

Solução de d:

Prova de i:

A proposição é válida para 1.

1(1 + 1)(1 + 2)
1·2=
3

6=6

Prova de ii:

Tomando a proposição como verdadeira para k então:

k(k + 1)(k + 2)
1 · 2 + 2 · 3 + · · · + k · (k + 1) =
3

Somando a ambos os membros (k + 1)(k + 2)


k(k + 1)(k + 2)
1 · 2 + 2 · 3 + · · · + k · (k + 1) + (k + 1) · (k + 2) = + (k + 1)(k + 2)
3

(k + 1)(k + 2)(k + 3)
1 · 2 + 2 · 3 + · · · + (k + 1) · (k + 2) =
3

Com isso mostramos que se a proposição é válida para k então ela também é válida para
k + 1. Assim, pelo princı́pio de indução a proposição é válida para todo n ≥ 1.

Solução de d:

Prova de i:

A proposição é verdadeira para 2.

22 > 2 + 1

4>3

Prova de ii:

Se a proposição é verdadeira para k então:

32
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

k2 > k + 1

Somando 1 em ambos os membros então:

k2 + 1 > k + 2

Como (k + 1)2 > k 2 + 1 então

(k + 1)2 > k 2 + 1 > k + 2

O que resulta em (k + 1)2 > k + 2

Com isso mostramos que se a proposição é válida para k então ela também é válida para
k + 1. Assim, pelo princı́pio de indução a proposição é válida para todo n ≥ 2.

2. Demonstre o segundo princı́pio de indução.

Solução:

Na prática a condição i e ii da indução fraca e forte, respectivamente dizem a mesma coisa.


Assim, a mesma demonstração usada para o primeiro princı́pio pode ser usada para justificar o
segundo.

33
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2.2 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 38 À 39

3. Sejam m e n inteiros impares. Prove que:

a) 4|(2m − 2n)
b) 8|(m2 − n2 )
c) 8|(m2 + n2 − 2)

Solução de a:

Se m e n é ı́mpar então, m = 2p + 1 e n = 2t + 1, para algum p e t ∈ Z. Sendo assim:

4|2m − 2n

⇒ 4|2(2p + 1) − 2(2t + 1)

⇒ 4|4p − 4t

⇒ 4|4(p − t)

Finalizando a demonstração.

Solução de b:

Se m e n é ı́mpar então, m = 2p + 1 e n = 2t + 1, para algum p e t ∈ Z. Sendo assim:

8|m2 − n2

⇒ 8|(2p + 1)2 − (2t + 1)2

⇒ 8|4(p2 − t2 ) + 4(p − t)

Analisando p2 − t2 e p − t temos as seguintes possibilidade:

(i) Se p é par e t é ı́mpar p2 − t2 é ı́mpar e p − t também.

Prova de que p2 − t2 é impar.

Seja p = 2p0 e t = 2t0 + 1 para algum p0 e t0 inteiros, então:

p2 − t2 = (2p0 )2 − (2t0 + 1)2


0 0
p2 − t2 = 4p2 − (4t2 + 4t0 + 1)
0 0
p2 − t2 = 2(2p2 − 2t2 − 2t0 ) − 1

35
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

0 0
Fazendo k = 2p2 − 2t2 − 2t0 então

p2 − t2 = 2k − 1

Que é a forma de um número ı́mpar.

Prova de que p − t também será impar

p − t = (2p0 ) − (2t0 + 1)

p − t = 2(p0 − t0 ) − 1

Fazendo k = 2(p0 − t0 ) então:

p − t = 2k − 1

Que é a forma de um numero ı́mpar.

(ii) Se t é par e p é ı́mpar p2 − t2 e p − t serão ı́mpares. A demonstração é análoga a


anterior.
(iii) Se p e t são pares então p2 − t2 e p − t também serão pares (Demonstração a cargo
do leitor).

(iv) Se p e t são ı́mpares então p2 − t2 e p − t são também pares (Demonstração a cargo


do leitor).

Se ocorrer o primeiro caso então podemos substituir p2 − t2 e p − t por 2k + 1 e 2k 0 + 1,


respectivamente. Assim:

8|4(p2 − t2 ) − 4(p − t)

⇒ 8|4(2k + 1) + 4(2k 0 + 1)

⇒ 8|8k + 4 + 8k 0 + 4

⇒ 8|8(k + k 0 ) + 8

⇒ 8|8((k + k 0 ) + 1)

O que completa a demonstração.

Se ocorrer o segundo, terceiro ou quarto caso a conclusão será a mesma. Essas demonstrações
ficam a cargo do leitor.

Solução de c:

Se m e n é ı́mpar então, m = 2p + 1 e n = 2t + 1, para algum p e t ∈ Z. Sendo assim:

8|m2 + n2 − 2

⇒ 8|(2p + 1)(2p + 1) + (2t + 1)2 − 2

36
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

⇒ 8|4(p2 − t2 + p + t)

Independente da natureza (par ou ı́mpar) de p e t. O que está entre parenteses será um valor
par. Sendo assim:

8|4(p2 − t2 + p + t)

⇒ 8|4(2k)

⇒ 8|8k

Completando a demonstração.

4. Mostre que entre dois números pares consecutivos um é divisı́vel por 4.

Solução:

Se p é um par então:

p = 2k com k ∈ Z

e o par consecutivo será p + 2 = 2k + 2.

• Se k for = 0 então 4|p.

Prova:
p = 2k, mas se k = 0 então p = 0. Como 4 | 0 então 4 | p.

• Se k for ı́mpar então 4|p + 2.

Prova:

p + 2 = 2k + 2

= 2(2k 0 + 1) + 2

= 4k 0 + 2 + 2

= 4(k 0 + 1)

como 4|4(k 0 + 1) então 4|p + 2.

• Se k for par então 4|p.

Prova:

p = 2k

= 2(2k 0 )

= 4k 0

37
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

como 4|4k 0 então 4|p.

Assim, em qualquer hipótese p ou p + 2 é divisı́vel por 4.

5. Mostre que a diferença entre os quadrados de dois inteiros consecutivos é sempre um


numero ı́mpar. E a diferença entre os cubos de dois inteiros consecutivos?

Solução de a:

Seja p e q números consecutivos um deve ser par e o outro ı́mpar. Tomando p ı́mpar então:

p2 − q 2

= (2k + 1)2 − (2t)2 para algum k e t ∈ Z

= 4k 2 + 2k + 1 − 4t2

= 2(2k 2 − 2t2 + k) + 1

Fazendo z = 2k 2 − 2p2 + k então,

p2 − q 2 = 2z + 1

que é a forma de um número ı́mpar.

Solução de b:

Se p e q são consecutivos então um é par e outro é ı́mpar. Escolhendo p ı́mpar, então:

p3 − q 3

= (2k + 1)3 − (2t)3 para algum k e t ∈ Z

= 2(4k 3 − 4t3 + 6k 2 + 4k) + 1

Fazendo w = 4k 3 − 4t3 + 6k 2 + 4k então

(2k + 1)3 − (2p)3 = 2w + 1

Que é a forma de um número ı́mpar.

6. Demonstre por indução que:

a) 7|(23n − 1) (n ≥ 0)
b) 8|(32n + 7) (n ≥ 0)
c) 11|(22n · 3n+2 + 1) (n ≥ 1)
d) 7|(32n+1 + 2n+2 ) (n ≥ 1)

38
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

e) 17|(34n+2 + 2 · 43n+1 ) (≥ 0)

Solução de a:

i)

Para n = 0 temos:

23(0) − 1

= 20 − 1

=0

como 7|0 a proposição é verdadeira para n = 0.

ii)

Se a proposição é verdadeira para k então 7|23k − 1.

⇒ (23k − 1) = 7p com p ∈ Z

Multiplicando ambos os termos por 23

(23k − 1)23 = 7p · 23

23k+3 − 8 = 7(8p)

23(k+1) − 1 = 7(8p) + 7

23(k+1) − 1 = 7(8p + 1)

como 7|7(8p + 1) então 7|23(k+1) − 1.

Como querı́amos demostrar.

Solução de 6b:

i)

Tomando n = 0 temos

32(0) + 7

=1+7

=8

Logo a proposição é verdadeira para n = 0.

ii)

Se a proposição é verdadeira para k então 8|32k + 7.

⇒ 32k + 7 = 8p para algum p ∈ Z.

39
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

multiplicando ambos os lados por 32 .

(32k + 7) · 32 = 8p · 32

32k+2 + 63 = 8(9p)

32(k+1) + 7 = 8(9p) − 56

32(k+1) + 7 = 8(9p − 7)

Como 8|8(9p − 7) então 8|3k+1 + 7.

Como querı́amos demonstrar.

Solução de c:

i)

Para n = 1 temos

22(1)−1 31+2 + 1

= 2 · 33 + 1

= 55

como 11|55 então, a proposição é verdadeira para n = 1

ii)

Se a proposição for verdadeira para k então:

11|(22k · 3k+2 + 1)

⇒ 22k−1 3k+2 + 1 = 11p para algum p ∈ Z

Multiplicando por 22 · 3 ambos os membros.

22 · 3(22k+1 · 3k+2 + 1) = 11p · 22 · 3

22k−1 · 22 · 3k+2 · 3 + 12 = 11(12p)

2(2k−1)+2 · 3(k+2)+1 + 1 = 11(12p) − 11

22(k+1)−1 · 3(k+1)+2 + 1 = 11(12p − 1)


(k+1)+2
Como 11|11(12p − 1) então, 11|22(k+1)−1·3 +1

Como querı́amos demonstrar.

Solução de d:

i)

Para n = 1 temos:

40
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

32(1)+1 + 21+2 = 33 + 23 = 35

como 7|35 então a proposição é verdadeira para n = 1.

ii) Se verdadeira para k então

7|32k+1 + 2k+2

⇒ 32k+1 + 2k+2 = 7p para algum p ∈ Z.

Multiplicando ambos os membros da equação acima por 182

182 (32k+1 + 2k+2 ) = 182 (7p)

18(3(2k+2)+1 · 2 + 2(k+1) · 9) = 7(182 p)

3(2k+2)+1 · 2 · 32 + 2(k+1)+2 · 9 · 2 = 7(182 p)

3(2k+2)+1 · 18 + 2(k+1)+2 · 18 = 7(182 p)

32(k+1)+1 + 2(k+1)+2 = 7(18p)

como 7|18 então 7|32(k+1)+1 + 2(k+1)+2 .

Como querı́amos demonstrar.

7. Prove que:

a) Um dos inteiros a, a + 2, a + 4 é divisı́vel por 3.


b) Um dos inteiros a, a + 1, a + 2, a + 3 é divisı́vel por 4.

Solução de a (Retirada do blog do Everton Alves3 ):

De acordo com o algoritmo da divisão, a = 3q ou a = 3q + 1 ou a = 3q + 2. Isto é, os restos


da divisão por 3 somente podem ser 0, 1 ou 2.

• Se a = 3q, está comprovada a hipótese.

• Se a = 3q + 1, então a + 2 = 3q + 2 + 1 = 3q + 3 = 3(q + 1) ⇒ a + 2 é divisı́vel por 3.


• Se a = 3q + 2, então a + 1 = 3q + 2 + 1 = 3q + 3 = 3(q + 1) ⇒ a + 1 é divisı́vel por 3.

Portanto, uma das três formas será divisı́vel por 3.


3 Blog pessoal: http://ellalves.net.br/blog/posts/single/7/teoria dos numeros exercicios de divisibilidade

41
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

8. Prove que o produto de dois números inteiros é impar se, e somente se, ambos os números
são ı́mpares.

Solução:

(⇒)

Admita dois números ı́mpares p e q tal que p = 2k + 1 e q = 2k 0 + 1.

Fazendo p · q

p · q = (2k + 1)(2k 0 + 1)

= 4kk 0 + 2k + 2k 0 + 1 = 2(2kk 0 + k + k 0 ) + 1

(⇐)

Considere um número w = pq. Onde w é um número ı́mpar. Supondo por absurdo que p
e/ou q são pares chegamos ao absurdo de que w é par. Assim, p e q devem ser ı́mpares.

9. Prove que, quaisquer que sejam os inteiros a e b, a expressão a + b + a2 + b2 representa um


par.

Solução:

Se a é par, a2 também é par, mas se a é ı́mpar, a2 também é ı́mpar. O mesmo acontece com
b e b2 .

Sendo assim, a2 +a é um número par e b2 +b também é um número par e portanto, a2 +a+b2 +b


também é par.

10. Na divisão euclidiana de 802 por a, o quociente é 14. Determine os valores possı́veis de
a e do resto.

Solução:

Pelo algoritmo de divisão euclidiana 802 = 14a + r com 0 ≤ r < a.

Uma solução particular é (a, r) = (57, 4), assim as soluções gerais são: a = 57+t e r = 4−14t.
Mas, como 0 ≤ r < a, temos

0 ≤ 4 − 14t < 57 + t
Isto é, −3 < t ≤ 0, logo, t = {−3, −2, −1, 0}.

Assim, valores possı́veis de a e do resto são:

(a, r) = (54, 46), (55, 32), (56, 18), (57, 4)

42
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

11. É possı́vel encontrar dois interior múltiplos de 5 tais que o resto da divisão euclidiana de
um pelo outro seja 13? Justifique a resposta.

Solução:

Se um numero múltiplo de 5 é dividido por um outro múltiplo de 5, ou a divisão será exata,


ou terá um resto também múltiplo de 5. Como 13 não é divisı́vel por 5 o resto não poderá ser
13.

12. Quantos números naturais entre 1 e 1000 são divisı́veis por 9? Justifique a resposta.

Solução:

Todos os números entre 1 e 1000 podem ser colocados sob a forma de uma PA onde a1 = 9
e an = 999 com razão r = 9. Assim, determinar o numero de termos dessa PA é conhecer a
quantidade de números naturais entre 1 e 1000 que são divisı́veis por 9.

999 = 9 + (n − 1) · 9

9n = 999

n = 111
Ou seja, temos 111 números.

13. Sejam m um inteiro cujo resto da divisão por 6 é 5. Mostre que o resto da divisão de m
por 3 é 2.
Solução no próprio livro.

14. Se o resto na divisão euclidiana de um inteiro m por 8 é 5, qual é o resto da divisão m


por 4?

Solução:

m = 8k + 5

m = 4 · 2k + (4 + 1)

m = 4(2k + 1)

Fazendo a divisão de m por 4


m
= 2k + 1
4
Assim, o resto é 1.

43
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

15. Se m é um inteiro ı́mpar, mostre que o resto da divisão de m2 por 4 é 1.

Solução:

m · m = (2k + 1) · (2k + 1)

m2 = 4k 2 + 4k + 1

m2 = 4(k 2 + k) + 1

Chamando k 2 + k = q então:

m2 = 4q + 1

Assim, o resto é 1.

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• verificar diretamente no blog (www.number.890m.com);


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45
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

2.3 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 44 À 45

16. Encontre o máximo divisor dos pares de números que seguem e, para cada caso, dê uma
identidade de Bezout.

Solução de a:

70 = 20(3) + 14 (i)

20 = 14(1) + 6 (ii)

14 = 6(2) + 2 (iii)

6 = 2(3) + 0 (iv)

⇒ mdc(74, 20) = 2

Da equação (iii) escreve-se

14 − 6(2) = 2 (v)

Combinando v e ii

14 − (20 − 14)2 = 2

14(3) − 20(2) = 2 (vi)

Combinando vi com i

(74 − 20(3))(3) − 20(2) = 2

74(3) − 20(9) − 20(2) = 2

74(3) + 20(−11) = 2

Assim o mdc(20, 74) = 2 e uma identidade é 74(3) + 20(−11) = 2.

Solução de b:

O mdc(68, 120) = 4 e uma identidade é 68(−7) + 120(4) = 4.

Solução de c:

O mdc(42, −96) = 6 e uma identidade é 42(7) + 96(−3) = 6.

46
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

17. O máximo divisor comum de dois números é 48 e o maior deles é 384. Encontre o outro
número.

Solução:

Como 384 é divisı́vel por 48 então 48 é a resposta.

18. O máximo divisor comum de dois números é 20. Para se chegar a esse resultado pelo pro-
cesso das divisões sucessivas, os quocientes encontrados foram, pela ordem, 2, 1, 3 e 2. Encontre
os dois números.

Solução (Retirada do PROFMAT 2014.1):

Utilizando o processo das divisões sucessivas, para os inteiros positivos a, b, obtém-se:

• a = b · 1 + r; 0 < r < b

• b = r · 5 + r1 ; 0 < r1 < r

• r = r1 · 3 + r2 ; 0 < r2 < r1

• r1 = r2 · 3 + r3 ; 0 < r3 < r2

• r2 = r3 · 1 + r4 ; 0 < r4 < r3

• r3 = r4 · 3

Portanto, r4 = mdc(a, b) e por hipótese r4 = 20 o que implica em r3 = 60.

Substituindo esses valores nas equações anteriores encontra-se a = 180 e b = 500.

19. a) Prove que mdc(a. mdc(b,c)) = mdc(a, b, c).


b) Use esse fato para encontrar o máximo divisor comum de 46, 64, e 124.

Solução de a:

Seja d = mdc(a, b, c) e provemos que d = mdc(a, mdc(b, c)).

(i) d ≥ 0, pela definição de máximo divisor comum.

(ii) Como d|a, d|b e d|c, por hipótese, então d|a e d|mdc(b, c), visto que todo divisor de b e c
é divisor do máximo divisor comum desses números.

(iii) Seja d0 um divisor de a e de mdc(b, c); então d0 |a, d0 |b e d0 |c e, portanto, divide o máximo
divisor comum desses números, ou seja, divide d.

Solução de b:

mdc(46, 64, 124) = mdc(46, mdc(64, 124)) = mdc(46, 4) = 2

47
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

20. Prove que mdc(n, 2n+1) = 1, qualquer que seja o inteiro n.

Solução:

Usando o método de divisões sucessivas

mdc(n, 2n+1) = mdc(n, 1) = 1.

21. Sejam a e b números inteiros tais que mdc(a, a + b) = 1. Prove que mdc(a, b) = 1. O
reciproco desse resultado também é verdadeiro. Enuncie-o e demonstre-o. Sugestão: Para a
primeira parte, tome um divisor de c de a e b e mostre que ele também é divisor de a e a + b.

Solução:

Se mdc(a, a + b) = 1, então existem os inteiros x e y, tais que (a)x + (a + b)y = 1

⇒ ax + ay + by = 1
⇒ a(x + y) + by = 1
⇒ mdc(a, b) = 1

Por outro lado, se mdc(a, b) = 1, então existe um x e y tais que ax + by = 1. Fazendo


x = y + z, teremos a(y + z) + by = 1 ⇒ (a + b)y + az = 1 ⇒ mdc (a, (a + b)) = 1. Como
querı́amos demonstrar.

22. Demonstre que, se a|c, b|c e mdc(a, b) = d, então ab|cd.


Sugestão: Use a identidade de Bezout para a, b e d.

Solução:

Se  então existe um k ∈ Z tal que c = a · k. Como mdc(a, b) = d então d|a e então


 aa|c
c= · d · k.
d
a
Portanto, existe um inteiro x = dk, tal que c = · x (i).
d
 
b
Da mesma forma pode-se escrever c = y (ii).
d
a  b 
2
Multiplicando (i) por (ii), temos c = xy
d d

⇒ c2 · d2 = (ab)xy

⇒ (cd)2 = (ab)xy

⇒ (ab)|(cd)2 .

Suponha agora que ab - cd. O que implicaria em cd = k(ab) + r com k, r ∈ Z∗ e ab > r ≥ 1

48
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Sendo assim:

(cd)2 = (k(ab) + r)2

⇒ (cd)2 = (k 2 (ab)2 + 2k(abr) + r2 )


Mesmo supondo que ab - cd provamos que ab|(cd)2 assim, cada termo do polinômio acima
deve ter divisão exata por ab, o que ocorre para os dois primeiros termos mas não para o ultimo,
o que é um absurdo pois contraria a divisibilidade de (cd)2 por (ab). Portanto, ab|cd. Como
querı́amos demonstrar.

23. Se a e b são inteiros primos entre si, demonstre que mdc(2a + b, a + 2b) = 1 ou 3.

Solução:
Se a e b são primos entre si, então mdc(a, b) = 1. Pelo algoritmo do MDC de Euclides,
mdc(a, b) = mdc(a, b − c · a), assim,

mdc(2a + b, a + 2b) = mdc(2a + b, a + 2b − 2a − b) = mdc(2a + b, b − a).

mdc(2a + b, b − a) = mdc(b − a, 2a + b − b + a) = mdc(b − a, 3a)


Deste modo, mdc(2a + b, a + 2b) = mdc(b − a, 3a).

Se 3|b − a, teremos mdc(2a + b, a + 2b) = 3

Se 3 - b − a, teremos mdc(2a + b, a + 2b) = 1

Completando a demonstração.

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50
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

2.4 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 48 À 49

24. Decomponha em fatores primos 234, 456 e 780.

Solução de a:

Dividindo o numero 234 sempre pelo menor numero primo possı́vel chega-se até:

234
= 117
2
117
= 39
3
39
= 13
3
13
=1
13

Sendo assim:
234 = 2 · 32 · 13

Solução de b:
456 = 23 · 3 · 19

Solução de c:
780 = 22 · 3 · 5 · 13

25. Ache o máximo divisor comum dos seguintes pares de números através da decomposição
desses números em fatores primos:

a) 234 e 456

b) 456 e 780

c) 200 e 480

Solução:

A decomposição de 234 e 456 é:

234 = 21 · 32 · 13
456 = 23 · 31 · 19

Note que na decomposição de ambos existe em comum o numero 2 e 3. Fazendo o produto


desses valores elevados a menor potencia dada determinamos o mdc.

51
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

mdc(234, 456) = 21 · 31

mdc(234, 456) = 6

Solução de b:

456 = 23 · 3 · 19

780 = 22 · 3 · 5 · 13

⇒ mdc(456, 780) = 22 · 3 = 12

Solução de c:

200 = 23 · 52

480 = 25 · 3 · 5

⇒ mdc(200, 480) = 23 · 5 = 40

26. Determine todos os números primos que podem ser expressos na forma n2 –1.
Sugestão: Suponha p = n2 – 1 um número primo e fatore o segundo membro dessa igualdade.

Solução:

Seja “p” um numero primo que possa ser expresso como:

p = n2 − 1
sendo assim

p = n2 − 1 = (n − 1)(n + 1)

⇒ p = (n − 1)(n + 1)
Observe que nesta condição “p” seria divisı́vel por 1, por ele mesmo, por n − 1 e n + 1, o que
poderia contrarias a definição de primo.

Para evitar que isso ocorra devemos considerar que n − 1 = 1 ou n + 1 seja igual a 1.

• Se (n − 1) = 1 então n = 2 e assim p = 3. Que é um numero primo.


• Se (n + 1) = 1 então n = 0 e p = −1. Que não é primo.

Portanto, o numero 3 é o único valor possı́vel.

27. Se n é um inteiro e n3 –1 é primo, prove que n = 2 ou n = −1.

52
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Solução:

Seja p um primo escrito como:

p = n3 − 1

p = (n − 1)(n2 + n + 1)
Um numero primo só pode ser fatorável por 2 valores, o um e ele mesmo. Sendo assim, ou
(n − 1) = 1 ou (n2 + n + 1) = 1.

• Se (n − 1) = 1 então n = 2;

• Se (n2 + n + 1) = 1 então n = 0 ou n = −1.

Como n = 0 implicaria em um p negativo, então n = 2 ou n = −1. Como se queria


demonstrar.

28. Em 1742, o russo Christian Goldbach formulou a seguinte conjectura (conhecida como
conjectura de Goldbach): “Todo inteiro par maior que 2 é igual à soma de dois números primos
positivos”. Por exemplo: 4 = 2 + 2, 6 = 3 + 3, 8 = 3 + 5, 10 = 3 + 7, etc. Até hoje continua em
aberto a questão de saber se essa proposição é falsa ou verdadeira.

Admitindo a conjectura de Goldbach, prove que todo inteiro maior que 5 é soma de três
números primos. Por exemplo: 6 = 2 + 2 + 2, 7 = 2 + 2 + 3, etc.
Sugestão: Devido à conjectura, se n ≥ 3, 2n–2 = p+q (p e q primos). Portanto, 2n = p+q +2
(soma de três números primos).

Solução:

Tome um numero k > 5 então:

k = 5 + t com t ∈ N∗

Para t = 1 ou t = 2 a demonstração é evidente.

k = (3 + 2) + 1

k = (3 + 2) + 2

Para t ≥ 3 e admitindo que a conjectura seja sempre válida, existe dois primos t1 e t2 tal que
t = t1 + t2 . Sendo assim:

k =5+t

k = 5 + t1 + t2

Como 5 é primo e t1 e t2 por hipótese fica mostrado a proposição.

53
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

29. Ache o menor número inteiro positivo n para o qual a expressão h(n) = n2 + n + 17 é um
número composto.

Solução:

Essa fórmula gera números primos para n = 0, 1, ..., 15. Assim, o menor numero composto
adquirido através desse polinômio ocorre para n = 16.

Obs: Como o polinômio acima não pode ser fatorável a forma mais trivial de se chegar a
solução é por meio de tentativas, embora essa fórmula e esse resultado sejam bastante conhecidos
na teoria dos números.

30. Se n2 + 2 é um número primo, prove que n é múltiplo de 3 ou n = 1.


Sugestão: Há três possibilidades de expressar um numero inteiro n; n = 3q, n = 3q + 1,
n = 3q + 2, conforme o resto da divisão de n por 3 seja 0, 1 ou 2. Mostre que as duas últimas
são impossı́veis, no caso.

Solução:

Seguindo a sugestão do livro temos 3 possibilidades para escrever um inteiro n. Sendo assim
podemos escrever p como:

p = (3q)2 + 2 ou

p = (3q + 1)2 + 2 ou

p = (3q + 2)2 + 2.

• Se p = (3q + 2)2 + 2 então:

p = (9q 2 + 12q + 4) + 2

p = 9q 2 + 12q + 6

p = 3(3q 2 + 4q + 2)

Como p é primo então (3q 2 + 4q + 2) = 1. Contudo essa equação não têm solução em
Z, assim podemos descartar essa hipótese pois os valores obtidos para q não resultaria
em um n inteiro.
• Se p = (3q + 1)2 + 2 então:

p = (9q 2 + 6q + 1) + 2

54
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

p = 9q 2 + 6q + 3

p = 3(3q 2 + 2q + 1)

Como p é primo então (3q 2 + 2q + 1) = 1. Contudo, essa equação possui somente


uma solução inteira que ocorre para q = 0. O que implicaria em n = 3(0) + 1 = 1.
• Se p = (3q)2 + 2 então, claramente n é múltiplo de 3.

Portanto, se p = n2 + 1 é primo então, ou n = 1 ou n é múltiplo de três. Como se queria


demonstrar.

31. Qual é o menor numero inteiro positivo que tem 15 divisores?


Sugestão: Se a = pα 1 α2 αm
1 p2 ...pm é a decomposição do número procurado em fatores primos,
então 15 = (α1 + 1)(α2 + 1)...(αm + 1). Observe que só há duas maneira (salvo quanto à ordem)
de decompor 15 em fatores inteiros positivos.

Solução:

Fatorando o número 15 chegamos ao seguinte:

15 = 3 · 5

15 = (2 + 1)(4 + 1)

Sendo assim, o número procurado terá a forma

a = p21 · p42
Como desejamos o menor inteiro e como p1 e p2 são primos então fica claro que os valores de
p1 e p2 são primos, então os valores de p1 e p2 serão 3 e 2, respectivamente. Sendo assim:

a = 32 · 24

= 144

32. Demonstre que o conjunto dos números primos positivos é infinito.


A primeira demonstração conhecida desse resultado, alias a mesma que esboçaremos a seguir,
foi dada por Euclides em seus Elementos.
Esboço da demonstração: Suponha que esse conjunto fosse finito: digamos que seus elementos
fossem p1 , p2 , ..., pn . Construa o número p = p1 p2 ...pn + 1. Esse numero não é nenhum dos pi ,

55
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

(por que?). Logo, é composto (Por que?). Então é divisı́vel por um dos pi , (1 ≤ i ≤ n)(por que?).
Segue, então, que p|1 (por que?). Esse absurdo (por que?) garante a infinitude do conjunto dos
primos.

Solução:

Suponha por absurdo que p1 , ...pn fossem todos os primos. Nesse caso o numero p = p1 ·
p2 · · · · · pn + 1 não seria divisı́vel por nenhum primo, o que contrária o teorema fundamental da
aritmética.

56
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57
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

2.5 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 52

33. Resolva as seguintes equações diofantinas lineares:

a) 3x + 4y = 20 c) 18x–20y = −8
b) 5x–2y = 2 d) 24x + 138y = 18

Solução de a:

O problema já afirma que as equações possuem solução, entretanto é bom que se crie o hábito
de sempre verificar se a equação possui ou não solução. A nı́vel de exemplo vamos verificar a
primeira equação. Para isso basta conferir se mdc(3, 4)|20.

Como mdc(3, 4) = 1 e 1|20 então a equação possui solução.

Agora que sabemos que a equação possui solução evocamos o teorema de bezout para afirmar
que

3α + 4β = 1
Através do algoritmo estendido de Euclides obtemos como solução da equação acima α = −1
e β = 1.

3(−1) + 4(1) = 1

Multiplicando a igualdade acima por 20

3(−20) + 4(20) = 20
e comparando a igualdade acima com a identidade original (3x + 4y = 20) fica evidente que
x = −20 e y = 20. Assim, uma solução particular da equação é (x, y) = (−20, 20) e a solução
geral será:

 
4 3
−20 + · k, 20 − ·k = (−20 + 4k, 20 − 3k)
mdc(3, 4) mdc(3, 4)

onde k é qualquer número inteiro.

Solução de b:

Nesse caso vamos resolver a equação por um método diferente. Vamos faze-la por tentativa.

Primeiro evidenciamos y na equação.


5
5x–2y = 2 ⇒ y = x−1
2
Agora nos perguntamos: qual o valor para x que nos fornece um valor inteiro para y?

58
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Veja que o 2 é um dos muitos valores possı́veis.


5
y= ·2−1=4
2
⇒y=4

Assim, uma solução particular será x = 2 e y = 4.

5(2) − 2(4) = 2

A solução geral fica a cargo do leitor.

Solução de c e d:

Análogas as anteriores.

34. Decomponha o número 100 em duas parcelas positivas tais que uma é múltipla de 7 e a
outra de 11. (Problema do matemático L. Euler [1707-1783]).

Solução:

O problema equivale a resolver a seguinte equação diofantina

7a + 11b = 100 (1)


Como 7 e 11 são primos então mdc(7, 11) = 1 e pelo teorema de bezout

7a + 11b = 1 (2)
Pelo algoritmo estendido de Euclides a solução de (2) é 2 e −3.

Sendo assim:

7a + 11b = 7(−3) + 11(2) = 1

⇒ 7(−3) + 11(2) = 1 (3)

Multiplicando (3) por 100

7(−300) + 11(200) = 100

A equação acima já pode ser considerada uma solução se o problema não exigisse que as duas
parcelas provenientes da decomposição do 100 fossem positivas.

Para chegar a um resultado que satisfaça a essa exigência primeiro determinamos a solução
geral da equação

59
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

 
11 7
−300 + · k, 200 − ·k = (−300 + 11k, 200 − 7k)
mdc(7, 11) mdc(7, 11)

E escolhemos um k que cumpra as seguintes inequações:

200 − 7k > 0 ⇒ k < 200/7

−300 + 11k > 0 ⇒ k > 300/11

No intervalo (300/11, 200/7) temos apenas o 28 que cumpre as condições impostas. E pela
solução geral nos dá a seguinte solução particular

(−300 + 11(28), 200 − 7(28)) = (8, 4).

Observe que essa solução nos entrega agora a resposta.

7(8) + 11(4) = 100

Assim, o 100 pode ser decomposto em duas parcelas sendo uma igual a 7 · 8 = 56 e outra
igual a 11 · 4 = 44.

35. Ache todos os números inteiros estritamente positivos com a seguinte propriedade: dão
resto 6 quando divididos por 11 e resto 3 quando divididos por 7.

Solução:

Seja p um numero que satisfaça as condições impostas então:

p = 11k + 6 e p = 7q + 3

igualando as identidades acima chegamos a uma equação diofantina.

11k + 6 = 7q + 3

⇒ 11k − 7q = −3

⇒ 7q − 11k = 3

Cuja solução geral ocorre para k = 8 − 7t e q = 13 − 11t, com t ∈ Z.

Sendo assim

p = 11k + 6

60
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

⇒ p = 11(8 − 7t) + 6

⇒ p = 94 − 77t com t ∈ Z

Como o problema impõe que p seja positivo então:

p≥0

⇒ 94 − 77t ≥ 0 ⇒ t ≤ 0

Assim, a solução é: todos os números do conjunto {94 − 77t|t = 1, 0, −1, −2, ...}

Observação:

A solução mostrada no livro é equivalente a mostrada aqui. A diferença entre elas se deve
apenas ao fato de que aqui foi tomada uma solução particular da diofantina diferente da tomada
pelo autor. Da mesma forma o aluno pode chegar a mesma solução escrita de uma terceira forma.

36. O valor da entrada de um cinema é R$ 8,00 e da meia entrada R$ 5,00. Qual é o menor
numero de pessoas que pode assistir a uma sessão de maneira que a bilheteria seja de R$ 500,00?
(Em tempo: a capacidade desse cinema é suficiente para esse número de pessoas).

Solução:

O problema equivale a resolver a seguinte equação

8x + 5y = 500

Ora 8(2) + 5(−3) = 1 então 8(1000) + 5(−1500) = 500, assim uma solução particular seria
(x, y) = (1000, −1500).

E a solução geral

(1000 − 5k, −1500 + 8k)

Como x e y são o numero de pessoas que pagam inteira e meia, respectivamente, então a
solução não pode ser negativa. Em outras palavras devemos encontrar um k tal que:

1000 − 5k ≥ 0 e −1500 + 8k ≥ 0
.

Dessas duas inequações conclui-se que k deve estar no intervalo [187.5, 200]. Como k ∈ Z e o
problema pede o menor numero de pessoas então necessitamos testar apenas os dois valores
extremos do intervalo.

Para k = 188 a solução será:

(1000 − 5k, −1500 + 8k) = (60, 4)

61
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Para k = 200 a solução será:

(1000 − 5k, −1500 + 8k) = (0, 100)

Como 64 < 100 a solução é vender 60 inteiras e 4 meias.

37. Ao entrar num bosque, alguns viajantes avistam 37 montes de maçã. Após serem retiradas
17 frutas, o restante foi vendido igualmente entre 79 pessoas. Qual a parte de cada pessoa?
(Problema de Mahaviracarya, matemático hindu).

Solução:

Suponha que tenham x maças em cada monte. Assim foram vistas 37x maças ao todo. Em
seguida foram retiradas 17 ficando apenas

37x − 17

Como esse total foi totalmente dividido, e em partes iguais, então concluı́mos que a divisão
foi exata, assim pelo teorema da divisão euclidiana

37x − 17 = 79k

⇒ 37x − 79k = 17 (1)

Com k ∈ Z e representando a parte de maças recebidas por cada pessoa.

Resolvendo a equação 37a + 79b = 1 pelo algoritmo de Euclides estendido chegamos a solução
particular (a, b) = (−32, 15). Que nos leva a uma solução particular para (1).

(37(−32) + 79(15)) · 17 = 1 · 17

37(−544) + 79(255) = 17

⇒ 37(−544) − 79(−255) = 17

⇒ (x, k) = (−544, −255)

Dessa solução particular chega-se a seguinte solução geral para (1)

(x, k) = (−554 − 79t, −225 − 37t)

Com t ∈ Z.

62
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Como k é o numero de maças recebidas por cada um ele deve ser inteiro, ou seja, deve
satisfazer a inequação −225 − 37t > 0 cuja solução ocorre para t ∈ (−∞, −225/8).

Ou em outras palavras:

As quantidades possı́veis de maças recebidas por cada um formam o conjunto

{−225 − 37t|t = −7, −8, −9, ...}

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2.6 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 61 À 62

38. Ache os restos das seguintes divisões:


a) 245 por 7 c) 310 · 425 + 68 por 5
b) 11100 por 100 d) 52 · 4841 + 285 por 3

Solução de a:

Se 23 ≡ 1 (mod 7), então:

(23 )15 ≡ 115 (mod 7)

⇒ 245 ≡ 1 (mod 7)

Ou seja, o resto de 245 por 7 é 1.

Solução de b:

Se 112 ≡ 21 (mod 100) então:

(112 )50 ≡ 2150 mod(100).

Como 212 ≡ 41 (mod 100) então:

(212 )25 ≡ 4125 (mod 100)

⇒ 2150 ≡ 4125 (mod 100).

Como 41 é um numero de dois dı́gitos e termina com 1 é fácil concluir que 4125 ≡ 1 (mod
100).

Sendo assim:

(112 )50 ≡ 2150 ≡ 4125 ≡ 1 (mod 100)

⇒ 11100 ≡ 1 (mod 100)

portanto, o resto da divisão citada é 1.

Solução de c:

Se 32 ≡ 4 (mod 5) então:

(32 )5 ≡ 45 (mod 5)

310 ≡ 45 (mod 5)

e como 44 = 1024 então:

310 ≡ 4 (mod 5) (1)

65
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Sabe-se que 40 é divisı́vel por 5, então 42 ≡ 2 (mod 5).

42 ≡ 2 (mod 5) (2)

Como 62 ≡ 1 (modulo 5) então:

(62 )4 ≡ 14 (mod 5)

⇒ 68 ≡ 1 (mod 5)

68 ≡ 1 (mod 5) (3)

Usando (1), (2) e (3)

310 · 425 + 68 ≡ 4 · (2)5 + 1 = 129

⇒ 129 ≡ 4 (mod 5)

Ou seja, o resto da divisão solicitada é 4.

Solução de d:

Facilmente se conclui que 52 ≡ 1 (mod 3). Fazendo a divisão de 4841 por 3 encontramos 2
como resto dessa divisão

4841
= 1613(3) + 2
3

Também sabe-se que 28 ≡ 1 (mod 3), portanto 285 ≡ 1 (mod 3). Sendo assim:

52 · 4841 + 285 ≡ 1 · 2 + 1 (mod 3) ≡ 3 mod(3) ≡ 0 (mod 3).

Ou seja, o resto da divisão solicitada é 0.

39. Mostre que o numero 220 − 1 é divisı́vel por 41

Solução:

25 ≡ −9 mod(41)

⇒ (25 )4 ≡ (−9)4 mod(41)

⇒ 220 ≡ (−9)4 mod(41).

Como −94 = 6561 e a divisão de 6561 por 41 tem resto 1 então:

66
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

220 ≡ 1 mod(41)

Sendo assim, 220 − 1 ≡ 1 − 1 = 0

O que implica em 220 − 1 mod(41).

Como se queria demonstrar.

40. Qual é o resto da divisão euclidiana de 15 + 25 + 35 + ... + 995 + 1005 por 4? Justifique.
Sugestão: Dividir a soma dada em 25 grupos de 4 parcelas.

Solução:

No módulo 4 a soma pode ser escrita assim:

15 + 2 5 + 3 5 + 0 5 + 1 5 + 2 5 + 3 5 + 0 5 + · · · + 1 5 + 2 5 + 3 5 + 0 5

Como a ordem dos fatores não altera o resultado da soma em R, então podemos deslocar o
último termo da soma (05 ) para agrupa-la em grupos de 4 termos.

(05 + 15 + 25 + 35 ) + (05 + 15 + 25 + 35 ) + · · · (05 + 15 + 25 + 35 )

Dividindo 100 por 4 o resultado será 25. Então, concluı́-se que existam 25 grupos de quatro
termos na soma acima. Isto é:

(05 + 15 + 25 + 35 ) + (05 + 15 + 25 + 35 ) + · · · (05 + 15 + 25 + 35 ) = 25 × (05 + 15 + 25 + 35 )

= 25 × (1 + 32 + 243)

= 25 × (276)

Como 276 ≡ 0 no módulo 4 então:

25 × (276) = 25 × 0 = 0

⇒ 15 + 25 + · · · + 995 + 1005 ≡ 0 (mod 4).

Ou seja, o resto é zero.

41. a) Mostre que o resto da divisão de um numero por 10 é seu algarismo das unidades e que
o resto da divisão por 100 é o numero formado pelo dois últimos algarismos do numero dado.
100
b) Ache o algarismo das unidades de 7(7 )
.
9
c) Ache os dois últimos algarismos de 9(9 ) .

67
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Solução de a:

Seja n um número qualquer se n < 10 então a demonstração é evidente.


Se n > 10 então existe um q e p ∈ Z onde pelo teorema da divisão euclidiana pode-se afirmar
que n = 10q + p com 10 > p > 0. O que implica em n ≡ p (mod 10). Em outras palavras a
divisão de n por 10 é igual a p que como é menor que dez é o algarismo que representa a unidade
(ou o último algarismo do número dado).
Analogamente se prova para n negativo.

Solução de b:

Considere a seguinte sequência:

70 = 1 número terminado em 1.

71 = 7 número terminado em 7.

72 = 49 número terminado em 9.

73 = 343 número terminado em 3.

74 = 2401 número terminado em 1.

75 = 16807 número terminado em 7.


..
.

se continuássemos com ela perceberı́amos que o final dos demais números ainda seria, e na
ordem, os números 1, 7, 9 e 3 até o fim.

Como as potências de 7 seguem esse padrão e têm somente 4 algarismos diferentes para
compor seu algarismo das unidades (1, 3, 7 e 9), então podemos determinar o número p tal que:
100
77 ≡ p (mod. 4)

pois com base nele facilmente descobrimos qual o algarismo das unidades. Veja:

Como 7 ≡ 3 (mod 4) e 100 ≡ 0 (mod 4) então,


100 0
77 ≡ 33 (mod. 4)
100
⇒ 77 ≡ 31 (mod. 4)
100
⇒ 77 ≡ 3 (mod. 4).
100
Então, o algarismo da unidade de 77 é 3.

Solução de c:

Esse método pode ser aplicado sempre que se desejar encontrar os dois últimos algarismos de
n
um numero nn (com n ∈ N).

68
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

• Primeiro determina-se um inteiro r tal que 99 ≡ r (mod 10).

3
99 = 93 = (729)3

como 729 ≡ 9 no módulo 10 então:

99 ≡ 93 (mod 10)

⇒ 99 ≡ 729 (mod 10)

⇒ 99 ≡ 9 (mod 10)

⇒r=9

• Finalmente determinamos um inteiro p tal que 9r ≡ p (mod 100).

99 = (93 )3 = (729)3 ≡ (29)3 (mod 100)

Como 293 = 24389 então (29)3 ≡ 89 (mod 100). O que implica em


p = 89.
9
Sendo assim, os dois últimos dı́gitos de 99 é 89.

42. Se p e p + 2 são números primos, então eles se denominam primos gêmeos. É o caso, por
exemplo, de 3 e 5.
Se p > 3 e os números p e p + 2 são primos gêmeos, prove que a soma p + (p + 2) = 2p + 2 é
múltiplo de 12.
Sugestão: Sendo a soma um numero par, então a principio essa soma poderia ser côngrua a
0, 2, 4, 6, 8, 10 módulo 12. Mostrar que todas essas possibilidades, exceto a primeira, levam a
uma contradição.

Solução:

Seguindo a sugestão vamos provar que 2p + 2 não pode ser equivalente a 2, 4, 6, 8 ou 10 no


módulo 12.
Suponha por absurdo que 2p + 2 ≡ 2 (mod 12). Nesse caso, poderı́amos afirmar então que:

2p + 2 = 12q + 2 para algum q ∈ Z.

Sendo assim:

2p = 12q

⇒ p = 6q

69
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

O que é um absurdo, pois p sendo primo só pode ter dois divisores. E sendo p = 6q teria
como divisores 6, q e o próprio p, isto é 3.

De forma similar se prova os demais casos.

43. Prove que se a ≡ b (mod m) e n é um divisor de m, maior que 1, então a ≡ b (mod n).

Solução:

Se a ≡ b (mod m) então a = mq + b (q ∈ Z). Se n é um divisor de m, então m = nk com


k ∈ Z. Sendo assim:

a = mq + b

⇒ a = (nk)q + b

⇒ a = n(kq) + b

Essa última implicação resulta em a ≡ b (mod n).

44. Demonstre:

a) a3 ≡ a (mod 6)

b) a3 ≡ 0, 1 ou 8 (mod 9)

c) Se a é um inteiro que não é divisı́vel por 2 nem por 3, então a2 ≡ 1 (mod 24).

d) Se a é um cubo perfeito, então a ≡ 0, 1 ou −1 (mod 9).

Solução de a:

Dizer que a3 ≡ a (mod 6) é equivalente a dizer que a3 − a ≡ 0 (mod 6).

a3 ≡ a (mod 6) ⇔ a3 − a ≡ 0 (mod 6)

Sendo assim, podemos provar o que se pede provando apenas que a3 − a ≡ 0 (mod 6).

Note que a3 − a = (a − 1)a(a + 1). Um resultado conhecido da Teoria dos Números é o de


que entre três números consecutivos um deles é divisı́vel por 3 então:

Se (a − 1) é divisı́vel por 3, então (a − 1) = 3k com k ∈ Z.

Logo a3 = 3k · a · (a + 1).

Como a e a + 1 são de paridades diferentes então seu produto é par. Ou seja a(a + 1) = 2q
para algum q ∈ Z.

Sendo assim:

70
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

a3 − a = 3k · 2q

= 6(kq)

⇒ a3 − a ≡ 0 (mod 6).

Analogamente se prova no caso de a ou (a+1) divisı́veis por 3. Completando a demonstração.

Solução de b (Retirada da página do Ell Alves4 ):

Todo número inteiro tem a forma: 3k, 3k + 1 ou 3k + 2, com k ∈ Z.

Para os seus cubos, temos:

(3k)3 = 27k 3 = 9(3k 3 ) + 0 ≡ 0 (mod 9)

(3k + 1)3 = 9(3k 3 + 3k 2 + k) + 1 ≡ 1 (mod 9)

(3k + 2)3 = 9(3k 3 + 6k 2 + 4k) + 8 ≡ 8 (mod 9).

Solução de c:

Todo número inteiro tem a forma: 3k, 3k + 1 ou 3k + 2, com k ∈ Z.

Note que a não pode ser igual 3k, pois a não é divisı́vel por 3. Assim, resta nos duas
possibilidades: ou a = 3k + 1 ou a = 3k + 2.

Se a for igual a 3k + 1 então k deve ser par, pois se k for impar implicará em a divisı́vel por
2. Veja:

(Prova de que k é par)

a = 3k + 1

⇒ a = 3(2q + 1) + 1

⇒ a = 2(3q + 2) que é par.

Supondo a = 3k + 1 então:

a2 = (3k + 1)2 = 9k 2 + 6k + 1

Como k é par pode-se fazer k = 2q com q ∈ Z, assim:

a2 = 9(2q)2 + 6(2q) + 1

⇒ a2 = 36q 2 + 12q + 1

⇒ a2 = 12q(3q + 1) + 1
4 http://ellalves.net.br/blog/posts/single/21/teoria dos numeros exercicios de congruencia linear

71
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Finalmente por indução podemos terminar a demonstração.

(Base:)

Para q = 0 temos a2 = 12(0)(3 · 0 + 1) + 1 = 1

Como 1 ≡ 1 (mod 24) então a2 ≡ 1 (mod 24).

(Passo indutivo:)

Supondo que a proposição seja verdadeira para a = k então:

a2 = 12k(3k + 1) + 1 ≡ 1 (mod 24)

⇒ 12k(3k + 1) ≡ 0 (mod 24)

⇒ (12k(3k + 1)) + 24(3k + 3) ≡ 0 (mod 24)

⇒ (12(k + 1))(3(k + 1) + 1)) ≡ 0 (mod 24)

⇒ (12(k + 1))(3(k + 1) + 1)) + 1 ≡ 1 (mod 24)

⇒ a2 ≡ 1 (mod 24)

Completando a demonstração do passo indutivo.

Analogamente se prova para o caso de a = 3k + 2.

45. a) Encontre um inteiro x tal que x ≡ 3 (mod 10), x ≡ 11 (mod 13) e x ≡ 15 (mod
17)(Regiomantanus, século XVI).

b) Encontre um inteiro x tal que x ≡ 3 (mod 11), x ≡ 5 (mod 19) e x ≡ 10 (mod 29)(Euler,
seculo XVIII).

Solução de a:

Usando o teorema chines dos restos x = 1103.

Solução de b:

x = 4128

46. Resolva, mediante o teorema chinês do resto, os seguintes sistemas:

a) x ≡ 1 (mod 10), x ≡ 4 (mod 11), x ≡ 6 (mod 13)

b) x ≡ 5 (mod 7), x ≡ −1 (mod 9), x ≡ 6 (mod 10)

Solução:

72
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

A cargo do leitor.

47. Um bando de 17 piratas, ao tentar dividir igualmente entre si as moedas de uma arca,
verificou que haveria uma sobra de 3 moedas. Seguiu-se uma discussão, na qual um pirata
foi morto. Na nova tentativa de divisão já com um pirata a menos, verificou-se que haveria
uma sobra de 10 moedas. Nova confusão, e mais um pirata foi morto. Então, por fim, eles
conseguiram dividir igualmente as moedas entre si. Qual o menor numero de moedas que a arca
poderia conter?

Solução (Retirada do yahoo perguntas:)

Considere o n◦ de moedas igual a “x”. Então:

x
= q1 + 3 ⇒ x = 17q1 + 3 ⇒ x ≡ 3 (mod 17)
17
x
= q2 + 10 ⇒ x = 16q2 + 10 ⇒ x ≡ 10 (mod 16)
16
x
= q3 + 0 ⇒ x = 15q3 + 0 ⇒ x ≡ 0 (mod 15)
15

Pelo Teorema Chinês do Resto:

x ≡ a1 (mod m1 )

x ≡ a2 (mod m2 )

x ≡ a3 (mod m3 )

X = a1 · M1 · x1 + a2 · M2 · x2 + a3 · M3 · x3

Onde:

“Ma ” é o produto de todos os “mk ” com exceção de “ma ”

Exemplo:

M1 = m2 · m3

M2 = m1 · m3

M3 = m1 · m2

“xa ” é o número que torna Ma · xa ≡ 1 (mod ”ma ”)

No nosso caso:

X = 3 · 16 · 15 · x1 + 10 · 17 · 15 · x2 + 0 · 17 · 16 · x3

73
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

X = 720 · x1 + 2550 · x2

Calculando o “x1 ”:

x1 · 16 · 15 ≡ 1 (mod 17)

como:

16 ≡ −1 (mod 17)

15 ≡ −2 (mod 17)

x1 · 16 · 15 ≡ 1 (mod 17)

x1 · (−1) · (−2) ≡ 1 (mod 17)

2 · x1 ≡ 1 (mod 17)

Como

1 ≡ 18 (mod 17)

2 · x1 ≡ 1 (mod 17)

2 · x1 ≡ 18 (mod 17)
18
x1 ≡ (mod 17)
2
x1 ≡ 9 (mod 17)

Calculando o “x2 ”:

x2 · 17 · 15 ≡ 1 (mod 16)

Como:

17 ≡ 1 (mod 16)

15 ≡ −1 (mod 16)

x2 · 17 · 15 ≡ 1 (mod 16)

x2 · 1 · (−1) ≡ 1 (mod 16)

−x2 ≡ 1 (mod 16)

x2 ≡ −1 (mod 16)

Como:

74
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

−1 ≡ 15 (mod 16)

x2 ≡ −1 (mod 16)

x2 ≡ 15 (mod 16)

Substituindo “x1 ” e “x2 ”:

X = 720 · x1 + 2550 · x2

X = 720 · 9 + 2550 · 15

X = 6480 + 38250

X = 44730

Para finalizar:

x ≡ 44730 (mod 17 · 16 · 15)

x ≡ 44730 (mod 4080)

Como:

44730 ≡ 3930 (mod 4080)

Obs: Como queremos o menor número de moedas possı́vel, temos que encontrar o primeiro
valor positivo que seja congruente de 44730 no modulo 4080. No caso é o 3930.

Logo, o menor número de moedas possı́vel é 3930.

75
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76
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3 Relações, Operações, Aplicações

3.1 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 70 À 71

1. Sejam E = {1, 3, 5, 7, 9} e F = {0, 2, 4, 6}.

a) Enumere os elementos das seguintes relações de E em F:

R1 = {(x, y)|y = x − 1}

R2 = {(x, y)|x < y}

R3 = {(x, y)|y = 3x}

b) Estabeleça o domı́nio e a imagem de cada uma.

Solução de a:

Seja R1 : E → F então

R1 (1) = 1 − 1 = 0

R1 (3) = 3 − 1 = 2

R1 (5) = 5 − 1 = 4

R1 (7) = 7 − 1 = 6

R1 (9) = 9 − 1 = 8

Sendo assim: R1 = {(1, 0); (3, 2); (5, 4); (7, 6); (9, 8)}.

Já quanto as relações da ordem entre E e F pode-se dizer o seguinte:

• Existe apenas uma relação de ordem que envolva o 2;


1<2
• duas que envolvem o 4;
1<4e3<4
• e três que envolvem o 6
1 < 6, 3 < 6 e 5 < 6

Sendo assim:

R2 = {(1, 2); (1, 4), (3, 4); (1, 6); (3, 6); (5, 6)}

Usando raciocı́nio análogo a R1 conclui-se que R3 =

77
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Solução de b:

Dado R1 = {(1, 0); (3, 2); (5, 4); (7, 6); (9, 8)} chama-se de domı́nio de R1 o conjunto formado
pelo primeiro elemento de cada par ordenado de R1 , ou seja:

Dm (R1 ) = {1,3,5,7,9}

Já a imagem de R1 é o conjunto formado pelo segundo elemento de cada par. Isto é:

Im (R1 ) = {0,2,4,6,8}

Analogamente se chega à:

Dm (R2 ) = {1,3,5} e Im (R2 ) = {2,4,6}

Dm (R3 ) = Im (R3 ) =

2. Sabe-se que E é um conjunto com 5 elementos e R = {(a, b), (b, c), (c, d), (d, e)} é uma
relação sobre E. Pede-se obter:

a) os elementos de E;

b) domı́nio e imagem de R;

c) os elementos, domı́nio e imagem de R−1 ;

d) esquema de flechas de R;

Solução de a:

Se R é uma relação sobre o conjunto “E” então todos os seus pares devem ser formados pelos
elementos do próprio “E”, e como este têm apenas 5 elementos (mesma quantidade de elementos
que compõem os pares ordenados de R) então:

E = {a, b, c, d, e}

Solução de b:

Dm (R) = {a, b, c, d} e Im (R) = {b, c, d, e}

Solução de c:

Se R = {(a, b); (b, c); (c, d); (d, e)} a inversão dos elementos de seus pares será R−1 . Assim:

R−1 = {(b, a); (c, d); (d, c); (e, d)}

De modo que

Dm (R−1 ) = {b, c, d, e} e Im (R−1 ) = {a, b, c, d}

Solução de d:

78
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

a b
b c
c d
d e

3. Sendo R = {(x, y) | 4x2 + y 2 = 4} uma relação sobre R, pede-se:

a) o gráfico cartesiano de R;

b) o domı́nio de R;

c) a imagem de R;

d) descrever R−1 .

Solução de a:

-1 1

-2

Solução de b:

Através do gráfico percebe-se que Dm = [−1, 1]

Solução de c:

Através do gráfico percebe-se que Im (R) = [−2, 2]

Solução de d:

Partindo da equação 4x2 + y 2 = 4 então:



y = ± 4 − 4x2

⇒ y = ±2 1 − x2

Trocando y por x então:

79
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

p
x2 = ± 2 1 − y 2
p
⇒ x2 = (±2 1 − y 2 )2

⇒ x2 = 4(1 − y 2 )
x2
⇒ 4 = 1 − y2
x2
⇒ y2 = 1 − 4

⇒ 4y 2 = 4 − x2

⇒ 4y 2 + x2 = 4

Sendo assim: R−1 = {(x, y) ∈ R2 /x2 + 4y 2 = 4}

4. Seja R a relação sobre o conjunto N∗ definida pela sentença x + 3y = 10. Pede-se


determinar:

a) os elementos de R;

b) o domı́nio de R;

c) a imagem de R;

d) os elementos de R−1) .

Solução de a:

Note que a sentença x + 3y = 10 também pode ser escrita como:


10 − x
y=
3

Como a R é uma relação sobre N então a desigualdade a seguir deve ser satisfeita.
10 − x
>0
3
O que implica em

x < 10

Note que para x = 1 temos:


10 − 1
y(1) = =3
3
Como 3 ∈ N∗ então o par (1, 3) ∈ R

Note que para x = 2, · · · , 10 temos:

8 7 5 4 2 1 10
y(2) = ; y(3) = ; y(4) = 2; y(5) = ; y(6) = ; y(7) = 1; y(8) ; y(9) = ; y(10) =
3 3 3 3 3 3 3

80
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Como 2, 7 ∈ N∗ então os pares (4, 2); (7, 1) ∈ R. Os demais valores para x fornecem apenas
números não naturais de modo que

R = {(1, 3), (4, 2), (7, 1)}

Solução de b:

D(R) = {1, 4, 7}

Solução de c:

Im (R) = {1, 2, 3}

Solução de d:

R− 1 = {(3, 1), (2, 4), (1, 7)}

5. Sejam E e F dois conjuntos finitos com m e n elementos, respectivamente.

a) Qual é o número de elementos de E×F?

b) Qual é o número de relações de E em F?

Solução de a:

Usando o princı́pio fundamental da contagem o número de elementos de E×F é igual a m × n.

Solução de b:

Se um conjunto possui m × n elementos então ele terá sempre 2m×n subconjuntos.

0 0
6. Seja R uma relação binária sobre o conjunto E e R a negação de R, isto é, R = {(x, y) |
0 0
xRy}. O que se pode concluir sobre R∩R e R∪R ?

Solução:

Nesse caso temos R’ = E×E - R, então: R0 ∩ R = Ø e R0 ∪ R = E × E.

7. Sejam R1 e R2 duas relações binárias em E. Que significado têm R1 ∪R2 e R1 ∩R2 ? O que
significa a inclusão R1 ⊂R2 ?

Solução:

R1 ∪ R2 = {(x, y) | xR1 y ou xR2 y}


R1 ∩ R2 = {(x, y) | xR1 y ou xR2 y}

81
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Se R1 ⊂ R2 então todo elemento de R1 também pertence a R2 .

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3.2 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 75 À 76

8. Seja R a relação em E = {1, 2, 3, 4, 5} tal que xRy se, e somente se, x − y é múltiplo de 2.

a) Quais são os elementos de R?

b) Faça o diagrama de flechas para R.

c) R é reflexiva? R é simétrica? R é transitiva? R é antissimétrica?

Solução de a:

Comece listando todos os pares (x, y) com x, y ∈ E.

(1, 1)
(1, 2)
..
.
(1, 5)
..
.
(2, 1)
(2, 2)
..
.
(5, 4)
(5, 5)

Agora verifique quais desses pares cumprem a condição de serem divisı́veis por 2.

(1, 1) ⇒ 1 − 1 = 0
(1, 2) ⇒ 1 − 2 = −1
..
.
(1, 5) ⇒ 1 − 5 = −4
..
.
(2, 1) ⇒ 2 − 1 = 1
(2, 2) ⇒ 2 − 2 = 0
..
.
(5, 4) ⇒ 5 − 4 = 1
(5, 5) ⇒ 5 − 5 = 0

Observe que das operações listadas acima as únicas que satisfazem as condições de R, isto é,
ser divisı́vel por 2 e pertencer a E são as que formam os pares:

(1,1),(1,3),(1,5),(2,2),(2,4),(3,1),(3,3),(3,5),(4,4),(4,2),(5,5),(5,3),(5,1)

Portanto, a relação R será:

84
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

R = {(1, 1), (1, 3), (1, 5), (2, 2), (2, 4), (3, 1), (3, 3), (3, 5), (4, 4), (4, 2), (5, 5), (5, 3), (5, 1)}

Solução de b:

R = {(1, 1), (1, 3), (1, 5), (2, 2), (2, 4), (3, 3), (3, 1), (3, 5), (4, 4), (4, 2), (5, 5), (5, 1), (5, 3)} sobre
o conjunto E.

Solução de c:

A relação R é reflexiva, pois ∀x ∈ E temos xRx. Também é simétrica e transitiva. R não é


anti-simétrica.

9. R é uma relação sobre E = {a, b, c, d} dada pelo esquema de flechas ao lado. Que pro-
priedades R apresenta?

a b

c d
E
Solução:

Reflexividade, simetria e transitividade.

10. Que propriedades apresenta a relação S dada pelo esquema ao lado?

a b

E c d
Solução:

S não é reflexiva, simétrica, anti-simétrica e transitiva.

11. O conjunto E = {a, b, c, d, e} é formado pelos cinco filhos de um mesmo casamento. Seja
R a relação sobre E assim definida:

85
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

xRy se, e somente se, x é irmão de y

Que propriedade R apresenta?


N ota : x é irmão de y quando x 6= y e x e y têm os mesmos pais.

Solução:

Todas as combinações possı́veis de pares ordenados sobre o conjunto E é dada pelo produto
cartesiano E × E.

E2 = {(a, a), (a, b), (a, c), (a, d), (a, e), (b, a), (b, b), (b, c), (b, d), (b, e), (c, a), (c, b),
(c, c), (c, e), (d, a), (d, b), (d, c), (d, e), (d, d), (e, a), (e, b), (e, c), (e, d), (e, e)}

Os elementos (a, a), (b, b), (c, c), (d, d) e (e, e) não representam irmãos, pois não se pode ser
irmão de si mesmo. Sendo assim a relação R requerida é:

R = E2 − {(a, a), (b, b), (c, c), (d, d), (e, e)}

⇒ R = {(a, b), (a, c), (a, d), (a, e), (b, a), (b, c), (b, d), (b, e), (c, a), (c, b), (c, e), (d, a),
(d, b), (d, c), (d, e), (e, a), (e, b), (e, c), (e, d)}

De posse da relação R testamos a existência das seguintes propriedades sobre R: reflexão,


simetria, transitividade e anti-simetria.

• Conferindo a reflexão.

Como R = E2 − {(a, a), (b, b), (c, c), (d, d), (e, e)} então R não goza da propriedade reflexiva.

• Conferindo a simetria.

Olhando para a relação R pode se observar o que ∀ x, y ∈ E; xRy ⇒ yRx. Assim, a relação
é simétrica.

• Conferindo a transitividade.

Suponha por absurdo que a relação seja transitiva. Sendo assim, tomando a, b ∈ E como aRb
e bRa pela transitividade terı́amos aRa. O que gera o absurdo.

• Conferindo a anti-simetria.

Como o conjunto E têm cinco elementos (por hipótese) se a relação fosse anti-simétrica então
pela relação R o conjunto E seria unitário. (Obs: essa explicação pode ser colocada sobre a
forma de prova por absurdo).

Conclusão: A relação é somente simétrica.

12. Seja E o conjunto das retas que contêm os lados de um hexágono regular abcde.

86
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

a) Quantos elementos têm o conjunto E?

b) Indique quais são os pares ordenados que constituem a relação R em E assim definida:

xRy ⇔ x é paralela a y

c) Quais são as propriedades que R apresenta?


N ota : x é paralela a y quando x = y ou x ∩ y = ∅, com x e y coplanares.

Solução de a:

Imagine o seguinte hexágono.

C B

D A

E F

Note que o hexágono é composto de seis segmentos que são: CB, BA, AF F E, ED e DC.
Ou seja, o conjunto E têm seis elementos.

E = {(c, b), (b, a), (a, f ), (f, e), (e, d), (d, c)}

Solução de b:

Note que CB//EF , BA//DE, AF //CD e também as recı́procas EF //CB, DE//BA e


CD//AF . Outro detalhe é que pela nota fornecida um segmento é paralelo a ele mesmo, sendo
assim:

R = {(ab, ab), (ab, de), (de, ab), (de, de), (bc, bc), (bc, ef ), (ef, bc), (ef, ef ), (cd, cd),
(cd, f a), (f a, cd), (f a, f a)}

Solução de c:

Com base na observação da relação R conclui-se que a mesma é reflexiva, simétrica e


transitiva.

13. Seja E = {1, 2, 3}. Considerem-se as seguintes relações em E:

R1 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3)}

R2 = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), (2, 2), (2, 3), (3, 3)}

87
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

R3 = {(1, 2), (1, 3), (2, 1), (2, 3), (3, 1), (3, 2), (3, 3)}

R4 = E×E

R5 = ∅

Quais são reflexivas? E simétricas? E transitivas? E anti-simétricas?

Solução:

Reflexivas: R1 , R2 e R4 ;
simétricas: R1 , R3 , R4 e R5 ;
transitivas: R1 , R2 , R4 e R5 ;
anti-simétricas:R1 , R2 e R5 .

14. Construa sobre o conjunto E = {1, 2, 3, 4} quatro relações R1 , R2 , R3 e R4 de modo que


R1 só tem a propriedade reflexiva, R2 só a simétrica, R3 só a transitiva e R4 só a anti-simétrica.
Sugestão: Faça os diagramas de flechas.

Solução:

R1 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4)(1, 2), (2, 3), (3, 2)}
R2 = {(1, 2), (2, 1), (1, 3), (3, 1)}
R3 = {(1, 2), (2, 3), (1, 3), (2, 1)}
R4 = {(1, 2), (2, 3), (3, 4)}

15. Dê um exemplo de relação R sobre o conjunto E = {a, b, c} que tenha as propriedades
simétrica e anti-simétrica. Dê um exemplo de relação S sobre E que não tenhas as propriedades
simétrica e anti-simétrica.

Solução:

No exercı́cio 13 determinamos que a relação R1 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3)} sobre E = {1, 2, 3} é
tanto simétrica como anti-simétrica.
Se trocássemos 1 por a, 2 por b e 3 por c no conjunto E e seguı́ssemos a mesma lógica para
a formação de R1 terı́amos:

R = {(a, a), (b, b), (c, c)} sobre E = {a, b, c}

Que também é simétrica e anti-simétrica.

16. Descreva uma a uma todas as relações binárias sobre o conjunto E = {a, b}. Em
seguida, identifique quais são reflexivas, quais são simétricas, quais são transitivas e quais são
anti-simétricas.

Solução:

88
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Ø, {(a, a)}, {(a, b)}, {(b, b)}, {(b, a)}, {(a, a), (a, b)}, {(a, a), (b, b)}, {(a, a), (b, a)}, {(a, b), (b, b)},
{(a, b), (b, a)}, {(b, b), (b, a)}, {(a, a), (a, b), (b, b)}, {(a, a), (b, b), (b, a)}, {(a, a), (a, b), (b, a)},
{(a, b), (b, b), (b, a)}, E×E

89
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90
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3.3 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 77

17. Esboce os gráficos cartesianos das seguintes relações sobre R:

R1 = {(x, y)|x + y ≤ 2}

R2 = {(x, y)|x2 + y 2 = 1}

R3 = {(x, y)|x2 + y 2 ≤ 4}

R4 = {(x, y)|x2 + x = y 2 + y}

R5 = {(x, y)|x2 + y 2 ≥ 16}

Solução:

Gráfico de R1

1 1

Gráfico de R2

2 2

Gráfico de R3

91
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

-2 -1 1

-1

Gráfico de R4

2 2

Gráfico de R5

18. Das relações do exercı́cio anterior, quais são reflexivas? Quais são simétricas?

Solução:

Reflexiva: R4 ;
simétricas: todas.

19. Esboce os gráficos cartesianos das seguintes relações sobre R:

R6 = {(x, y)|y = x2 }

R7 = {(x, y)|xy = 12}

R8 = {(x, y)|x2 + 4y 2 ≤ 4}

R9 = {(x, y)|x2 = y 2 }

R10 = {(x, y)|y ≥ x3 }

Solução:

Devido a simplicidade e semelhança com a questão 17 deixarei essa questão a cargo do leitor.
Caso o mesmo tenha dificuldade, ou apenas deseje conferir suas respostas, recomendo o uso do
software Geogebra.

92
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

20. Das relações do exercı́cio anterior, quais são reflexivas? Quais são simétricas?

Solução:

Reflexiva: R9 ;
simétricas: R7 e R9 .

93
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94
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3.4 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 79 À 82

21. Quais das relações abaixo são relações de equivalência sobre E = {a, b, c}?

R1 = {(a, a), (b, b), (c, c)}

R2 = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, b), (b, c), (a, c)}

R3 = {(a, a), (b, b), (a, b), (b, a)}

R4 = E×E

R5 = Ø

Solução:

Apenas as relações R1 e R4 são relações de equivalência.

A relação R2 não pode ser pois não é simétrica.


A relação R3 não pode ser pois não é reflexiva.
A relação R5 não pode ser pois não é reflexiva.

22. Quais das sentenças abertas abaixo definem uma relação de equivalência em Z?

a) x ≡ y (mod 3)

b) xB| y

c) x ≤ y

d) mdc(x, y) = 1

e) x + y = 7

Solução de a:

Para todo x ∈ Z temos x ≡ x (mod 3) logo é reflexiva.


Se x ≡ y (mod 3) então y ≡ x (mod 3) logo é simétrica.
Se x ≡ y (mod 3) e y ≡ z (mod 3) então x ≡ z (mod 3) logo a relação é transitiva.

Sendo assim, é uma relação de ordem.

Solução de b:

Para todo x ∈ Z temos x | x logo é reflexiva.


Se x | y e y 6= x então y - x, logo não é transitiva.
Se não é transitiva não pode ser uma relação de ordem.

Solução de c:

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Não é relação de ordem.

Solução de d:

Não é relação de ordem.

Solução de e:

Não é relação de ordem.

23. Seja E o conjunto dos triângulos do espaço geométrico euclidiano. Seja R a relação em
E definida por:

xRy se, e somente se, x é semelhante a y.

Prove que R é de equivalência.

Solução:

Prova da reflexividade.

Por definição todo triângulo é semelhante a ele mesmo, isso prova a reflexividade.

Prova de simetria.

Se ∆1 ,∆2 ∈ E de modo que ∆1 ∼ ∆2 então sobre os ângulos internos de ∆1 e ∆2 , (α, γ, ω)


pode se dizer o seguinte:

α1 = α2 ; γ1 = γ2 ; ω1 = ω2

Onde α, γ, ω são os ângulos internos de ∆1 e ∆2 . As figuras a seguir ilustram a situação

ω1

∆1 =
α1 γ1
angulo ∆1
Tri^

ω2

∆2 =
α2 γ2
angulo ∆2
Tri^

96
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Como as três igualdades acima implicam nas três igualdades abaixo:

α1 = α2 ; γ1 = γ2 ; ω1 = ω2

Então ∆1 ∼ ∆2 provando a simetria.

Prova da transitividade

Se ∆1 , ∆2 , ∆3 ∈ E com ∆1 ∼ ∆2 e ∆2 ∼ ∆3 . Então pode se dizer o seguinte sobre os ângulos


internos (α, γ, ω) dos triângulos.

α1 = α2 ; γ1 = γ2 ; ω1 = ω2 (1)

E também α2 = α3 ; γ2 = γ3 ; ω2 = ω3 (2)

ω1

∆1 =
α1 γ1
Triangulo ∆1

ω2

∆2 =
α2 γ2
Triangulo ∆2

ω3

∆3 =
α3 γ3
Triangulo ∆3

Através das igualdades de (1) e (2) chega-se a:

α1 = α3 ; γ1 = γ3 ; ω1 = ω3 .
O que implica em ∆1 ∼ ∆3 . Provando a transitividade.

24. Seja E o conjunto das retas de um plano α. Quais das relações abaixo definidas são
relações de equivalência em E?

97
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a) xRy se, e somente se, x k y

b) xSy se, e somente se, x ⊥ y

Solução de a:

Prova de i: Com base no exemplo 4 da página 78 o autor considera que uma reta pode ser
paralela a ela mesma. Sendo assim se x ∈ E então xRx, ou seja, pode-se dizer que a 1a condição
é satisfeita pela própria definição de reta.

Prova de ii: Se x, y ∈ E são paralelas então, x e y possuem o mesmo coeficiente angular, o


que implica também em y k x, satisfazendo a 2a condição.

Prova de iii: Se x, y, z ∈ E com x k y e y k z então x possui o mesmo coeficiente regular


que z. O que implica na igualdade do coeficiente angular de x e z. O que consequentemente
comprova a 3a condição, pois assim x k z.

Solução de b:

Por definição uma reta não pode interceptar a si mesma, em qualquer um de seus pontos, de
modo a formar um ângulo de 90◦ . Sendo assim, a 1a condição não é satisfeita de modo a não
termos uma relação de equivalência.

25. Considere a relação R sobre N × N definida por:

(a,b)R(c,d) se, e somente se, a + b = c + d

Prove que R é uma relação de equivalência.

Solução:

Prova de i:

Dado (a, b) ∈ N2 como a + b = a + b então (a, b)R(a, b) provando i.

Prova de ii:

Dado (a, b), (c, d) ∈ N2 com (a,b)R(c,d) então:

a+b=c+d
Subtraindo (a + b) de ambos os membros da igualdade, temos:

(a + b) − (a + b) = (c + d) − (a + b)

0 = (c + d) + (−a + (−b))

Subtraindo (c + d) de ambos os membros da equação

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0 − (c + d) = [(c + d) + (−a + (−b))] − (c + d)

⇒ −(c + d) = [(c + d) + (−a + (−b))] + (−c + (−d))

Usando a associativade no 2◦ membro:

−(c + d) = [(c + d) + (−c + (−d))] + (−a + (−b))

−(c + d) = [(c + d) − (c + d)] + (−a + (−b))

−(c + d) = (−a + (−b))

−(c + d) = −(a + b)

Multiplicando ambos os membros por −1

(c + d) = (a + b)

⇒ (c, d)R(a, b)

Provando a segunda condição

Prova de iii:

Dado (a, b), (c, d) e (e, f ) ∈ N2 com (a,b)R(c,d) e (c,d)R(e,f) então:

a+b=c+d e c+d=e+f
⇒a+b=e+f
⇒ (a, b)R(e, f )

Provando a terceira condição.


Logo é uma relação de equivalência.

26. Pense na relação S em Z × Z∗ definidas por:

(a,b)S(c,d) se, e somente se, ad=bc

99
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Prove que R é uma relação de equivalência.

Solução:

Prova de i:

Dado (a, b) ∈ Z × Z∗ . Como ab = ab então (a, b)R(a, b). Satisfazendo a primeira condição.

Prova de ii:

Dado (a, b) e (c, d) ∈ Z × Z∗ com (a, b)R(a, b) então:

ab = cd
ab − ab = cd − ab
0 − cd = (cd + (−ab)) − cd

Usando a associatividade a esquerda:

−cd = (cd + (−cd)) + (−ab)


−cd = −ab

Multiplicando ambos os termos por (−1)

(−1)(−cd) = (−1)(−ab)

⇒ cd = ab

⇒ (c, d)R(a, b)

Prova de iii:

Se (a, b), (c, d) e (e, f ) ∈ E com (a,b)R(c,d) e (c,d)R(e,f) então:

ab = cdecd = ef
⇒ ab = ef
⇒ (a, b)R(e, f )

Comprovando a terceira afirmativa

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3.5 EXERCÍCIOS DA PÁGINA 81 À 82

27. Seja E = {x ∈ Z | −5 ≤ x ≤ 5} e seja R a relação sobre E definida por

xRy se, e somente se, x2 + 2x = y 2 + 2y

a) Mostre que R é uma relação de equivalência.

b) Descreva as classes de equivalência 0, −2 e 4.

Solução de A:

A relação é reflexiva!

Note que para todo x ∈ E a igualdade

x2 + 2x = x2 + 2x

é valida. Logo a relação é reflexiva.

A relação é transitiva!

Dado x, y, z ∈ E com xRy e yRz então:

x2 + 2x = y 2 + 2y e y 2 + 2y = z 2 + 2z

Combinando as duas equações acima se chega à:

x2 + 2x = z 2 + 2z

⇒ xRz

provando a transitividade da relação.

A relação é simétrica!

Dado x, y ∈ E com xRy então:

x2 + 2x = y 2 + 2y

Subtraindo x2 + 2x de ambos os membros

(x2 + 2x) − (x2 + 2x) = (y 2 + 2y) − (x2 + 2x)

⇒ 0 = (y 2 + 2y) − (x2 + 2x)

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Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

subtraindo agora y 2 + 2y de ambos os membros

0 − (y 2 + 2y) = ((y 2 + 2y) − (x2 + 2x)) − (y 2 + 2y)

−(y 2 + 2y) = ((y 2 + 2y) + (−x2 − 2x)) − (y 2 + 2y)

Usando a comutativa no 2◦ membro

−(y 2 + 2y) = ((−x2 − 2x) + (y 2 + 2y)) − (y 2 + 2y)

Usando a associatividade no 2◦ membro

−(y 2 + 2y) = (−x2 − 2x) + ((y 2 + 2y) − (y 2 + 2y))

⇒ −(y 2 + 2y) = −(x2 + 2x)

⇒ −(y 2 + 2y) = (x2 + 2x)

⇒ yRx

Provando a simetria

Como a relação é reflexiva, transitiva e simétrica então é uma relação de equivalência.

Solução de B:

Como ficou provado no item A relação R é uma relação de equivalência sobre E. Sendo assim:

0 = {x ∈ E | |xR0}
Ou seja, 0 é o conjunto solução da seguinte equação:

x2 + 2x = (0)2 + 2(0)

⇒ x2 + 2x = 0

⇒ x(x + 2) = 0

⇒ x = 0 ou x = −2.

Sendo assim:

0 = {0, −2}

Analogamente se chega a conclusão de que −2 = {0, −2} e 4 = {4, −6}.

28. Sejam E = {x ∈ Z | |x| ≤ 3} e seja R a relação sobre E definida por

xRy se, e somente se, x + |x| = y + |y|

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a) Mostre que R é uma relação de equivalência.

b) Descreva o conjunto-quociente E/R.

Solução de A:

Prova de simetria.

Dado x, y ∈ E com xRy então:

x + |x| = y + |y|
Somando (−x − |x|) a ambos os termos

(x + |x|) + (−x − |x|) = (y + |y|) + (−x − |x|)

⇒ (x + |x|) − (x + |x|) = (y + |y|) + (−x − |x|)

⇒ 0 = (y + |y|) + (−x − |x|)

Somando (−y − |y|) a ambos os termos

0 + (−y − |y|) = [(y + |y|) + (−x − |x|)] + (−y − |y|)

Usando a comutatividade de Z no 2◦ membro

(−y − |y|) = [(−x − |x|) + (y + |y|)] + (−y − |y|)

Usando a associatividade da soma em Z no 2◦ membro

(−y − |y|) = (−x − |x|) + [(y + |y|) + (−y − |y|)]

⇒ (−y − |y|) = (−x − |x|) + [(y + |y|) − (y + |y|)]

⇒ −(y + |y|) = −(x + |x|)

Multiplicando ambos os membros da equação acima por (−1)

(y + |y|) = (x + |x|)

⇒ yRx

provando a simetria.

Prova da reflexividade

Dado x ∈ E como a igualdade a seguir é sempre válida

x + |x| = x + |x|
então xRx provando a reflexão.

104
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Prova da transitividade

Dado x, y e z ∈ E de modo que xRy e yRz então:

x + |x| = y + |y| e y + |y| = z + |z|

combinando as igualdades acima chega-se à:

x + |x| = z + |z|

⇒ xRz

Provando a transitividade.

Como a relação é reflexiva, transitiva e simétrica então é uma relação de equivalência.

Solução de B:

Como E = {x ∈ Z | |x| ≤ 3} então os elementos de E são os números −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3.

Por definição o conjunto quociente é o conjunto das classes de equivalência de cada um dos
elementos de E. Que no caso são:

−3 = {x ∈ E | (xR − 3)} = {−3, −2, −1, 0}

−2 = {−3, −2, −1, 0}

−1 = {−3, −2, −1, 0}

0 = {−3, −2, −1, 0}

1 = {1}

2 = {2}

3 = {3}

Como os elementos de −3 a 0 geram a mesma classe então:

E/R = {{−3, −2, −1, 0}, {1}, {2}, {3}}

29. Considere o conjunto E = {x ∈ Z | |0 ≤ x ≤ 10} e sobre ele a relação de congruência


módulo 4, que é de equivalência.

a) Descreva as classes de equivalência 0 e 1.

b) Descreva o conjunto-quociente E/R.

105
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Solução de A:

Para determinar 0 devemos encontrar o conjunto solução da seguinte equação sobre E

x ≡ 0 (mod 4)
Sendo E = {x ∈ Z|0 ≤ x ≤ 10} então os únicos valores que satisfazem a equação são 0, 4 e 8.

0 − 0 = 0 e como 0|4 então 0 ≡ 0 (mod 4)


4 − 0 = 4 e como 4|4 então 4 ≡ 0 (mod 4)
8 − 0 = 8 e como 8|4 então 8 ≡ 0 (mod 4)

Sendo assim 0 = {0, 4, 8}. Analogamente se conclui que I = {1, 5, 9}

Solução de B
E
29. = {{0, 4, 8}, {1, 5, 9}, {2, 6, 10}, {3, 7}} (veja a questão 28).
R

30. Seja R a relação sobre Q definida da seguinte forma:

xRy se, e somente se, x − y ∈ Z

a) Prove que R é uma relação de equivalência.

b) Descreva a classe 100.

c) Descreva a classe 0, 5.

Solução de A:

Prova da reflexividade

Dado x ∈ Q como x − x = 0 e 0 ∈ Z, então xRx. Provando a reflexão.

Prova da simetria

Dado x e y ∈ Q com xRy então:

(x − y) ∈ Z
o que implica na existência de um k ∈ Z tal que:

x−y =k
Multiplicando ambos os membros da igualdade acima por -1 então:

−x + y = −k

⇒ y − x = −k

106
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Como k ∈ Z obviamente −k também pertence sendo assim yRx.

Provando então a simetria.

Prova de transitividade

Dado x, y e z ∈ Q tal que xRy e yRz então:

(x − y) ∈ Z e (y − z) ∈ Z

Sendo assim, existe um k e um k 0 , ambos pertencentes a Z tal que

x − y = k e y − z = k0

De y − z = k 0 chega-se a y = k 0 + z. Usando esse resultado na primeira equação

x − (k 0 + z) = k

⇒ x − k0 − z = k

⇒ x − z = k + k0

Como a soma de inteiros resulta num inteiro então

(x − z) ∈ Z

⇒ xRz

Provando a transitividade

Solução de B:

100 = Z

Solução de C:

Para que x − 0, 5 ∈ Z é necessário que x seja um inteiro somado a 0,5. Sendo assim:
   
1 2x + 1
0, 5 = x + | x ∈ Z ou 0, 5 = |x∈Z
2 2

31. Considere a relação S sobre R definida da seguinte forma: xSy se, e somente se, x − y ∈ Q

a) Prove que S é uma relação de equivalência.

b) Descreva a classe representada por 1/2.

107
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

c) Descreva a classe a, quando a ∈ Q.



d) Descreva a classe 2.

Solução de A:

Prova da reflexividade

Dado x ∈ Q como x − x = 0 e 0 ∈ Q então xSx. Provando a reflexividade.

Prova da simetria

Dado x, y ∈ Q tal que xSy então:

x−y ∈Q
Sendo assim existe um k ∈ Q tal que x−y = k. Como k ∈ Q então −k ∈ Q e como −k = y −x
então xSx. Provando a simetria.

Prova da transitividade
(Veja questão 30).

Solução de B:
     
1 1 1
= x∈R| x− ∈ Q por definição, mas como x − ∈ Q ∀x ∈ Q então podemos
2 2 2
escrever a classe de equivalência também como:

1
=Q
2

Solução de C:

a = Q, a ∈ Q (ver questão 30)

Solução de D:
√ √
2 = {x + 2 | x ∈ Q} (ver questão 30)

32. Pense na relação T sobre C definida por (x+yi)T (z +ti) se, e somente se, x2 +y 2 = z 2 +t2
com x, y, z e t reais.

a) Prove que T é uma relação de equivalência.

b) Descreva a classe (1 + i).

Solução de A:

Prova da reflexividade

108
Álgebra Moderna Diego Oliveira - Vitória da Conquista/BA

Dado α ∈ C, com α = (w + si) como a igualdade a seguir é sempre verdadeira

(w2 + s2 ) = (w2 + s2 )
então αTα provando a reflexividade.

Prova da simetria

Dado (x + yi) e (z + ti) com (x + yi)T (z + ti) então

x2 + y 2 = z 2 + t 2

Onde por meio das propriedades operativas de R (ver exercı́cio 30) chega-se a

z 2 + t 2 = x2 + y 2

⇒ (z + ti)T (x + yi)

Provando a simetria

Prova da transitividade

Dado (x + yi), (z + ti) e (w + si) tal que (x + yi)T (z + ti) e (z + ti)T (w + si) então:

x2 + y 2 = z 2 + t2 e z 2 + t2 = w2 + s2

Combinando ambas as equações chegamos à:

x2 + y 2 = w2 + s2

⇒ (x + yi)T (w + si)

Provando a transitividade

Logo a relação T é de equivalência

Solução de B:

1 + 1i = {(x + yi) ∈ C | x2 + y 2 = 12 + 12 }

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4 Agradecimentos

• Ao Giuliano Paladino da cidade de Itacoatiara-AM pela digitação dos exercı́cios das


páginas 44, 48, 52 e 61.

• A Lucas Siebra pela revisão da questão 41 da página 60.

• A Edson Luciano de O. Vigilato de Fazenda Nova-GO pela digitação dos exercı́cios


de 1 à 4 da página 70.

• A André Luiz Pereira de Novo Brasil-GO pela digitação do exercı́cio 5 da página 70.
Dos exercı́cios das páginas 71. Dos exercı́cios 8 e 12 da página 75. Dos exercı́cios da
página 79 (inclusive pela correção do exercı́cio 23 da mesma página). E finalmente,
dos exercı́cios da página 81 até a 82.

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