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Akira Kurosawa (em japonês: 黒澤 明, Kurosawa Akira; Tóquio, 23 de

março de 1910 — Setagaya, 6 de setembro de 1998) foi um dos cineastas


mais importantes do Japão, e seus filmes influenciam uma grande geração
de diretores.
Com uma carreira de cinquenta anos, Kurosawa dirigiu 30 filmes. É
amplamente considerado como um dos cineastas mais importantes e
influentes da história do cinema. Em 1989, foi premiado com o Óscar pelo
conjunto de sua obra "pelas realizações cinematográficas”.

Juventude
Akira, o mais novo de oito filhos de Shima e Isamu Kurosawa, nasceu num
subúrbio de Tóquio em 23 de março de 1910.[2][3] Shima Kurosawa tinha 40
anos de idade na época do nascimento de Akira, e Isamu, 45. Cresceu numa
família com três irmãos mais velhos e quatro irmãs mais velhas. De seus três
irmãos mais velhos, um morreu antes de Akira nascer e um já estava
crescido e fora do lar. Uma das suas quatro irmãs mais velhas também havia
deixado a casa para formar a sua própria família antes de Kurosawa nascer.
A irmã que nascera logo antes de Kurosawa, a quem ele chamava de
"Pequena Grande Irmã", também morreu repentinamente após uma curta
doença quando ele tinha 10 anos de idade.
O pai de Kurosawa trabalhava como diretor de uma escola secundária
dirigida pelos militares japoneses e os Kurosawas descendiam de uma
linhagem de antigos samurais. Financeiramente, a família estava acima da
média. Isamu Kurosawa gostava da cultura ocidental, dirigindo programas
atléticos e levando a família para ver filmes ocidentais, que estavam naquela
época apenas começando a aparecer nos cinemas japoneses. Mais tarde,
quando a cultura japonesa se afastou dos filmes ocidentais, Isamu Kurosawa
continuou a acreditar que os filmes foram uma experiência positiva de
ensino.
Kurosawa inicialmente tentou ser pintor. Após se formar no Ginásio Keika,
frequentou o Centro de Pesquisas de Arte Proletária no ano de 1928, aos 18
anos. A investida pictorial não funcionou, devido à falta de dinheiro, mas suas
características artísticas o acompanharam durante toda a sua trajetória no
cinema, onde ele pintava quadros como "storyboards" de seus filmes.[4]
Mesmo assim continuou com sua paixão pelas artes, principalmente a
literatura; de onde tirou inspiração para a grande maioria de suas obras.
Sofreu também grande influência do irmão, Heigo, quatro anos mais velho,
na sua paixão por cinema. Heigo trabalhava como Benshi, uma espécie de
"narrador de filmes" do início do século no Japão. Infelizmente, com o
advento dos filmes sonoros a profissão de narrador se tornou obsoleta, e
Heigo viu-se sem emprego. O fato deprimiu tanto o irmão de Kurosawa que
ele acabou se suicidando com um tiro no peito esquerdo aos 22 anos de
idade. Kurosawa demorou para aceitar o ocorrido, mas se recuperou alguns
anos depois e ingressou de vez na carreira cinematográfica. Em 1936 viu um
anúncio no jornal para um teste de assistente de diretor e desde então não
parou mais de trabalhar em filmes. De 1943 a 1965 foram vinte e quatro
dirigidos por ele.
Seu primeiro trabalho foi Sugata Sanshiro (1943) e o último foi "Depois da
Chuva" (Ame agaru) (1999) concretizado postumamente por Takashi
Koizumi, seu discípulo. Foi o introdutor do gênero chambara (samurai) no
cinema, com temas como a honra acima de tudo. Sofrendo de fadiga mental
em 1971, tentou frustradamente suicidar-se cortando os pulsos por mais de
trinta vezes. Em 1985 o Festival de Cinema de Cannes homenageou-o pelo
seu filme "Ran" do qual ele mesmo dizia que era a "obra de sua vida". "Ran"
foi baseado em adaptações do livro Rei Lear de William Shakespeare.
Kurosawa também adaptou obras do russo Dostoiévski. Muitos de seus
filmes tiveram refilmagem na Europa e Estados Unidos.

Diretor em treinamento (1935–1941)[editar | editar código-fonte]


Em 1935 o novo estúdio de filmes Photo Chemical Laboratories, conhecido
como P.C.L. (que mais tarde se tornaria um grande estúdio, o Toho),
aconselhado por diretores assistentes. Apesar de ele não ter demonstrado
anteriormente qualquer interesse em filmes como uma profissão, Kurosawa
apresentou o ensaio exigido, que pedia aos candidatos para discutir as
deficiências fundamentais dos filmes japoneses e encontrar maneiras de
corrigi-las. Sua visão, meio zombeteira, era que se as deficiências eram
fundamentais, então não havia jeito de corrigi-las. O ensaio de Kurosawa
rendeu-lhe um convite para fazer os exames de acompanhamento, sendo
que o diretor Kajiro Yamamoto, que estava entre os examinadores, gostou de
Kurosawa e insistiu para que o estúdio o contratasse. Com 25 anos de idade,
Kurosawa foi contratado pela P.C.L. em fevereiro de 1936.[5][6]
Durante os seus cinco anos como diretor assistente, Kurosawa trabalhou
com inúmeros diretores, mas a figura mais importante para o seu
desenvolvimento, de longe, era Kajiro Yamamoto. De seus 24 filmes como
diretor-assistente, ele trabalhou em 17 sob a supervisão de Yamamoto,
muitos deles comédias encenadas pelo popular ator Kenichi Enomoto,
conhecido como "Enoken."[7] Yamamoto cultivou o talento de Kurosawa,
promovendo-o diretamente de terceiro diretor assistente para diretor
assistente chefe depois de um ano.[8] A responsabilidade de Kurosawa
aumentou, e ele trabalhava em tarefas como construção de cenários e
desenvolvimento de filmes, locação de cenários, revisão de script, ensaios,
iluminação, dublagem, edição, montagem e sub-direção.[9] No último filme de
Kurosawa como diretor assistente, Horse (Uma, 1941), Kurosawa cuidou da
maior parte da produção, visto que Yamamoto estava ocupado com as
filmagens de outro filme.[10]
Um importante conselho que Yamamoto deu a Kurosawa foi que um bom
diretor precisava dominar a prática de escrever roteiros.[11] Kurosawa logo
percebeu que os ganhos potenciais de seus roteiros eram muito mais altos
do que ele ganhava como diretor assistente.[12] Kurosawa, mais tarde, iria
escrever ou coescrever todos os seus próprios filmes. Ele também
frequentemente redigia roteiros para outros diretores. Esses roteiros extras
serviriam para Kurosawa como uma alternativa lucrativa que durou bem até a
década de 1960, depois que ele se tornou mundialmente famoso.

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