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Apostila de Desenhos realistas

Técnica – Grafite

Experiência
Desde 1994 venho desempenhando o aperfeiçoamento da técnica que ouso chamar de realismo. Ao longo
do tempo experimentei diversos tipos de materiais, entre eles; lápis, papéis, borrachas, limpa-tipos, miolo
de pão,esfuminhos, cotonete, algodão, papel higiênico, flanela, feltro e até mesmo o uso do próprio dedo
para ver se de alguma forma conseguia um resultado de sombreamento realista ou ao menos satisfatório.
Tudo é valido quando se busca o aperfeiçoamento de uma técnica, por isso não considero o método que
uso o mais eficaz, porém, é o resultado do que tenho aprendido com a experiência e sem menosprezar a
outros ensinos venho por este compartilhar o que tenho alcançado ao longo desses anos.

Disciplina
Em tudo que desejamos alcançar bom êxito, temos que ter como alicerce, a disciplina e a perseverança,
pois sem estes requisitos, todos os nossos objetivos se frustram e dificilmente haverá progresso no que
desejamos fazer.
No caso do desenho, é necessário reservar um tempo, todos os dias se possível, para desenhar e praticar
exercícios que desenvolvam a sensibilidade da percepção e a firmeza no traço.
Copiar figuras, observar formas, contrastes, tons, conhecer os materiais e o resultado que cada um
produz, enfim tudo para exercitar a arte de ver e desenhar.

(Esboços) Linhas diretrizes, decalque ou mesa de luz?


Conheço e uso três maneiras de se copiar os traços do desenho, respeito todas as maneiras de se copiar
uma figura no que diz respeito ao traço. Mas por se tratar de desenhos realistas, o que vai predominar
exatamente não é como foi feito a cópia do traço, mas sim o capricho e talento que devemos desenvolver
na arte do sombreamento e passagens de tons.
As linhas diretrizes é a maneira mais “complicada”, porém muito eficaz quando utilizada corretamente.
O decalque é visto por muitos “leigos” no assunto, como uma forma inadequada de se copiar, pois dizem
que não precisa ser nenhum artista para fazer esse tipo de trabalho, porém vale lembrar que a arte do
desenho realista descarta essa idéia, pois não me importo com a maneira de se desenhar traços mas sim
com arte de se interpretar tons para que o sombreamento seja realmente valorizado.
A mesa de luz para mim foi um marco em minha trajetória de aprendizado, pois dessa forma conheci uma
maneira rápida e eficaz de se copiar uma figura seja ela qual for, pessoas, carros, paisagens, etc.

Observação; como funciona nosso cérebro...


Uma das coisas que observei ao longo de 12 anos dando aulas de desenho, foi a evolução de alguns em
relação a outros; o comportamento, a compreensão rápida de uns e o aprendizado lento de outros.
E me questionava o por quê disso...
Porém, ao conhecer sobre o comportamento do nosso cérebro, descobri que o desenho, a música e todas
as outras formas de expressões artísticas, estão totalmente ligadas à nossa capacidade de colocar o nosso
cérebro em exercício.
No caso do Desenho, afirmo sim, que é possível ensinar ao cérebro a enxergar de maneira “correta”,
a perceber, observar, imaginar... E por meio do desenho representar formas, tons e cores.

A Imaginação e a criatividade é fruto de uma percepção aguçada.

Exemplo, um cérebro que nunca viu araras não pode imaginar o que é uma arara, certo?

Os olhos que nunca viram a cor amarela, não conseguem imaginar a cor amarela.

Portanto, se a imaginação que possuímos depende dos nossos sentidos, da observação e da experiência,
chegamos à conclusão que nada pode ser criado sem conhecimento.
E a “cópia do que se vê” é o caminho para o desenvolvimento da criatividade.
Veja bem , não depende de ver, depende de perceber. No desenho não copio o que entendo ou conheço,
mas copio o que vejo.

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O lado "direito" do nosso cérebro é totalmente usado no momento em que desenhamos e se deixarmos
alguns atributos do lado “esquerdo” do cérebro predominar, perdemos a atenção e o foco e assim vão
surgindo erros gritantes ou básicos.

Vamos conhecer alguns atributos dos respectivos lados de nosso cérebro.

Vejamos alguns exemplos de como nosso cérebro enxerga as figuras seguintes e de como
somos enganados por meio da visão superficial e rápida:

Fig. 01

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Fig.02

Fig. 03

Fig 04

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Observe a imagem abaixo e responda; qual a casa do tabuleiro é mais
escura, a “A” ou a “B”?

Observe que ambas são da mesma tonalidade, porém, somos enganados à primeira vista, pois
nos deixamos levar pelas informações que cercam a resposta que buscamos.

Neste caso acima, parece que o “A” é mais escuro que o “B”, porque os tons à sua volta são mais claros
que ele mesmo. Ao passo que a casa “B”, é cercada por tons mais escuros que ela mesma.

Considerando isto, percebo que para uma exata cópia de uma imagem, devemos descartar a informação
do todo e buscarmos as partes em si. Por que o olho humano percebe um objeto como um inteiro antes de
perceber suas partes individuais.

Acredito que tudo isso é importante para compreendermos o por que uns conseguem desenhar e outros
não. A diferença está na maneira de observar. No entanto, esse é um processo que exige paciência,
disciplina e prática, pois sem essas não haverá evolução!

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Conhecendo os materiais.

Graduações de Grafite
As graduações padrão disponíveis incluem os seguintes tipos: 9H, 8H, 7H, 6H, 5H, 4H, 3H, 2H, H, HB, B,
2B, 3B, 4B, 5B e 6B. Quanto maior o número H (referência à palavra inglesa HARD/duro), mais claro e
mais duro é o traço. Por outro lado, quanto maior o número B (referência à palavra inglesa BLACK/preto),
mais preto e macio será o traço. Também existem as graduações HB (HARD e BLACK), e F (referência à
palavra inglesa FINE), que apresenta um traço fino e resistente.

De todas essas graduações que citei acima, uso apenas o H, HB, B, 2B e 4B. Pois considero esses tons
suficientes para o tipo de arte que desenvolvo.
Sempre começo um sombreamento de pele com os lápis mais claros; H, HB ou até mesmo B.
E dependendo da tonalidade que quero alcançar, vou usando com mais intensidade o 2B, só uso
graduações mais escuras em casos onde necessito escurecer muito o desenho.

No caso do 4B, trabalho com a mina de grafite em lápis e com a mina de lapiseira 0,5mm.
É indispensável que os lápis que forem usados, estejam sempre bem apontados, tendo a ponta fina e
alongada.

A borracha, costumo usar com a ponta chanfrada, cortada com estilete e sempre procurar mantê-la limpa
passando-a sobre um papel limpo, pois fazendo assim se torna melhor para pequenos detalhes como
pêlos, fios de cabelo e poros...

Os papéis usados para esse tipo de trabalho são diversos, porém trabalho sempre com o Fabriano 4L de
200gm².
Se caso sor usar o Canson, devemos desenhar no lado menos poroso, ou seja, mais liso, pois esse é o
lado que considero melhor para se trabalhar com um sombreamento mais fino.

Devemos tomar todo cuidado possível com o papel usado para o desenho, pois é o nosso campo de
trabalho, procurando mantê-lo sempre limpo e protegido com uma folha de papel limpa enquanto se
executa o desenho e também ter cuidado ao manusear para que não amasse o papel.

Nossas mãos sempre suam e soltam gorduras, portanto devemos evitar o contato das mãos com o papel
para evitar manchas.

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Biografia

Meu nome é Charles Michael Laveso, natural de São Caetano do Sul – SP.
Sou um apaixonado pelo desenho realista e desde 1994 me dedico a cada dia ao aprendizado desta técnica,
venho presenciando resultados e reconhecimentos por esses anos de estudos.

O desenho para mim foi uma forma de me sentir completo, pois nasci sem o antebraço direito e como toda
criança, me perguntava; por que comigo? Desenhar me ajudava a esquecer os fantasmas que rodeavam
minha infância.
No entanto, desde muito pequeno já gostava de me expressar por meio dos desenhos, no início eram
trabalhos mais simples, cartoons, personagens, super heróis, etc...
Mas em 94 ao conhecer de perto um retrato feito à lápis de grafite, não tive dúvidas acerca do que eu queria.
Me dedicava dia e noite a fim de entender as técnicas, os materiais e cada detalhe para aperfeiçoar meus
desenhos.
Por mais de 4 anos desenhei nas ruas e praças da cidade de Campinas, interior de São Paulo. Pegava
encomendas de retratos diariamente e de certa forma isso tornava meu trabalho reconhecido. Paralelamente,
participava de exposições em salões de arte, obtive diversas premiações e lugares de destaque nas categorias
de desenho.

De 2000 à 2003 expunha meus desenhos na Feira de Arte de Campinas, a tradicional Feira Hippie, um dos
pontos turísticos da cidade.
Em 2004 me mudei para a cidadezinha de Brodowski , região de Ribeirão Preto, também no interior. Nesse
mesmo ano montei uma escola de Desenhos realistas na cidade de Ribeirão; até 2014 tive o prazer de
compartilhar esse ensino com mais de 100 alunos presenciais.
Em Ribeirão Preto tive o incentivo da mídia; jornais e telejornais divulgaram meu trabalho, realizei
diversas exposições em Shoppings dessa mesma região.

Por ter diversos alunos tatuadores, fui incentivado pelos mesmos para que criasse séries de Desenhos para
Tattoo, em 2013 produzi minha primeira série, a qual foi premiada na tattoo Week SP, em 2014 e 2015
também tive o privilégio de ser premiado com outras novas séries.
A partir daí se iniciaram os Seminários de Desenhos pelo Brasil a fora, realizei mais de 30 Seminários
voltados principalmente a tatuadores. Em Junho de 2015 tive o prazer de lançar meu primeiro livro voltado
para tatuagens, este foi lançado em Lisboa e em Madrid, onde também tive o prazer de ministrar seminários.
Em meados de 2014, iniciamos o nosso Curso Virtual de Desenhos Realistas, com esse método de ensino à
distância já chegamos à marca de 600 alunos virtuais.

Acredito que cada um de nós traz em si uma vocação, um prazer em realizar algo singular que realmente
transforme vidas e valores.
Agradeço à minha família e sobretudo à Deus, em quem não há mudanças e nem variações e que em Sua
bondade tem me conduzido por caminhos de vitórias!

Charles M. Laveso.

“Aquele que divide o que sabe, sempre aprende o que ensina...” (autor desconhecido)

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