Você está na página 1de 110

Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017

Teoria e exercícios comentados


Prof. Erick Alves Aula 14

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

Este curso é protegido por direitos autorais (copyright),


nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam
a lei e prejudicam os professores que elaboram os
cursos.
Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos
honestamente através do site Estratégia Concursos ;-)

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

AULA 14

Olá pessoal!

Na aula de hoje, última do curso, vamos estudar os assuntos


Controle da Administração Pública e Improbidade Administrativa.
Para tanto, teremos como base o seguinte sumário:

SUMÁRIO

Controle Administrativo....................................................................................................................................3
Controle Legislativo ...........................................................................................................................................6
Controle exercido pelo Tribunal de Contas..................................................................................................... 10
Controle Judicial...............................................................................................................................................38
Mandado de segurança............................................................................................................................................ 42
Ação popular................................................................................................................................................................ 49
Ação civil pública........................................................................................................................................................ 51
Outras ações................................................................................................................................................................. 53
Controle social ..................................................................................................................................................55
Lei de improbidade administrativa ...........................................................................................57
Natureza das sanções ........................................................................................................................................ 57
Abrangência .............................................................................................................................................................. 62
Prescrição .................................................................................................................................................................. 69
Atos de improbidade administ rativa e respectivas sanções ...................................71
Atos de improbidade que importam Enriquecimento Ilícito ................................................. 72
Atos de improbidade que causam Prejuízo ao Erário................................................................. 73
Atos decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário ... 75
Atos que atentam contra os princípios da Administração Pública ................................... 77
Jurisprudência................................................................................................................................................85
RESUMÃO DA AULA.......................................................................................................................................95
Questões comentadas na aula................................................................................................................ 100
Gabarito ......................................................................................................................................................... 108

Aos estudos!

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

1. (Cespe – INPI 2013) O controle administrativo, que consiste no


acompanhamento e fiscalização do ato administrativo por parte da própria estrutura
organizacional, configura-se como controle de natureza interna, privativo do Poder
Executivo.
Comentário: O item está errado. A Professora Maria Sylvia Di Pietro
define o controle da Administração da seguinte forma:
O poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de
sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico.

Temos então, controle administrativo, judicial e legislativo como


espécies do gênero controle da Administração. O controle administrativo é o
poder de fiscalização e correção que o Estado-administrador efetua sobre sua
própria atuação, nos aspectos de legalidade e mérito, seja por iniciativa
própria ou por provocação. A função administrativa está presente em todos
os Poderes do Estado. Embora o Poder Executivo a exerça tipicamente, os
demais Poderes, de forma atípica, também administram. Isso se dá, por
exemplo, quando realizam concurso público ou quando adquirem bens e
serviços. Dessa forma, o controle administrativo é exercido no âmbito de
todos os Poderes, não só no Executivo. Os Poderes Judiciário e Legislativo
exercem controle administrativo ao desempenharem sua função atípica de
administrar.
Gabarito: Errado

2. (Cespe – MPTCDF 2013) O controle administrativo é um controle de


legalidade e de mérito, exercido exclusivamente pelo Poder Executivo sobre suas
próprias condutas.
Comentário: A primeira parte da assertiva (O controle administrativo é
um controle de legalidade e de mérito...) está correta. Lembre-se de que o
controle administrativo deriva do poder de autotutela, pelo qual a
Administração pode anular atos ilegais (controle de legalidade) ou revogar
atos inconvenientes/inoportunos (controle de mérito).
Todavia, o restante da frase macula o quesito, pois o controle
administrativo não é exercido exclusivamente pelo Poder Executivo, mas pela
Administração Pública em sentido amplo, compreendendo, portanto, a
administração direta e indireta de todos os Poderes e esferas de governo.
Assim, por exemplo, o STF, integrante do Poder Judiciário, pode anular uma
licitação promovida pelo próprio órgão para adquirir material de expediente,
caso constate alguma ilegalidade no procedimento. Nesse exemplo, perceba

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

que o STF está atuando como Administração Pública, ou seja, exercendo


controle administrativo sobre suas funções administrativas, ainda que não
faça parte do Poder Executivo.
Gabarito: Errado

3. (Cespe – CNJ 2013) Com base no princípio da autotutela, e em qualquer


tempo, a administração pública tem o poder-dever de rever seus atos quando estes
estiverem eivados de vícios
Comentário: No caso de atos dos quais decorram efeitos favoráveis aos
administrados, o poder de autotutela da Administração se sujeita ao prazo
decadencial de cinco anos, previsto na Lei 9.784/99; nesse caso, portanto, a
revisão não poderá ocorrer a qualquer tempo, daí o erro.
Gabarito: Errado

CONTROLE LEGISLATIVO

O controle legislativo pode ser entendido como o controle exercido


pelas casas legislativas (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e
Congresso Nacional) diretamente ou por meio dos Tribunais de Contas.
A Constituição Federal, ao tratar em seu art. 70 da fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
Administração Pública Federal, consagra o controle legislativo da seguinte
maneira:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional


e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Note, inicialmente, que o controle financeiro da União, vale dizer, da


Administração Pública Federal, será exercido mediante os seguintes
sistemas de controle:
✓ Sistema de controle externo
✓ Sistema de controle interno

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Ressalte-se que, por força do chamado princípio de simetria


presente no art. 75 da CF2, os sistemas de controle nos Estados, Distrito
Federal e Municípios, previstos nas respectivas Constituições e Leis
Orgânicas, devem seguir, no que couber, as disposições relativas à União
previstas na Carta da República3.
O sistema de controle interno está previsto no art. 74 da CF. Trata-se
de um controle administrativo, exercido por órgãos especializados dentro
de cada Poder, mas mantido de forma integrada entre eles.
O sistema de controle externo, por sua vez, está a cargo do
Poder Legislativo. É esse o tipo de controle que será nosso foco de
estudo a partir de agora.
Controle externo, em sentido amplo, é toda fiscalização exercida por
um ente que não integra a estrutura na qual o fiscalizado está inserido.
Todavia, na Constituição Federal, a expressão “controle externo” se refere
apenas à fiscalização contábil, orçamentária e financeira exercida
sobre a Administração Pública pelo Poder Legislativo, muitas vezes
chamada apenas de controle financeiro.
A Carta Magna deixa isso assente em seu art. 70, caput (“A
fiscalização... será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo...”), transcrito anteriormente, e também no art. 71:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será


exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

De fato, a expressão “controle externo” demonstra a principal


característica do controle legislativo, realizado por órgão exógeno aos que
administram os recursos públicos e que representa os interesses dos
verdadeiros donos desses recursos, a sociedade.
Portanto, na Constituição Federal, somente o controle exercido pelo
Poder Legislativo sobre a Administração Pública recebe a denominação
de controle externo. Na esfera federal, o titular do controle externo é o
Congresso Nacional; no âmbito dos Estados, o titular é a Assembleia
Legislativa, enquanto nos Municípios, o controle externo cabe às
respectivas Câmaras Municipais.
2 Art. 75. As normas estabelecidas nesta Seção [art. 70 a 75] aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais
e Conselhos de Contas dos Municípios.
3 Veja bem: no que couber , ou seja, podem ocorrer alterações nas normas locais, levando-se em

consideração as especificidades de cada região, desde que não sejam incompatíveis com o modelo
estabelecido para a esfera federal.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Segundo a CF, o titular do controle externo


é o Poder Legislativo; na esfera federal,
portanto, o titular é o Congresso Nacional.

A fim de possibilitar o exercício do controle externo, a Carta Magna


conferiu ao Tribunal de Contas da União (TCU) a missão de auxiliar o
Congresso Nacional, mediante a definição de competências próprias e
privativas para a Corte de Contas (CF, art. 71).
Cuidado com o termo “auxiliar”, que pode levar a interpretações
errôneas. O TCU não é subordinado hierarquicamente ao Congresso
Nacional! No exercício do controle externo, a Constituição reservou ao
TCU atividades de cunho técnico, como a realização de auditorias e o
exame e julgamento da gestão dos administradores públicos. O Congresso
Nacional, embora titular do controle externo, não pode exercer nenhuma
das atribuições conferidas exclusivamente à Corte de Contas. No campo
do controle externo, cabe ao Parlamento atividades de cunho político,
também previstas na Constituição, sem qualquer relação administrativa,
hierárquica ou mesmo de coordenação com o Tribunal de Contas. Como se
vê, ambos atuam em vertentes diferentes do controle externo.
Assim, por exemplo, o Congresso Nacional não tem competência para
realizar diretamente uma auditoria contábil em um Ministério do Governo
Federal. Deve solicitá-la ao TCU. Este, por sua vez, não realizará a
referida fiscalização por causa de uma eventual subordinação ao
Congresso, e sim porque tal atividade é da sua competência privativa,
conferida diretamente pela Constituição (CF, art. 71, IV), conforme
veremos adiante.
Pelo que foi dito, pode-se perceber que, no âmbito federal, os
sujeitos ativos do controle externo, isto é, os órgãos que exercem as
ações de fiscalização, são: o Congresso Nacional, na qualidade de titular
do controle; e o TCU, com competências próprias e privativas para auxiliar
o Congresso, mas sem lhe ser subordinado.
Por sua vez, os sujeitos passivos do controle externo, isto é, os
agentes que sofrem as ações de controle, são todos que, de alguma
maneira, administrem recursos públicos, não importa se pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, da administração direta ou da indireta, do
Poder Legislativo, Executivo ou Judiciário. A condição para que se assuma
o dever de prestar contas ao controle externo é a gestão de recursos
públicos, conforme disposto no art. 70, parágrafo único da CF:

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

O controle legislativo só pode ocorrer nas hipóteses, nas situações e


nos limites diretamente previstos na Constituição Federal. Nesse sentido,
a CF prevê, no âmbito do controle externo, atribuições que são de
caráter político e, por isso, exclusivas das casas legislativas
(controle parlamentar direto), a exemplo do julgamento das contas do
Presidente da República, da sustação de atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem o poder regulamentar e da instauração de CPIs
para apuração de fato determinado; e atribuições de caráter técnico,
exclusivas do Tribunal de Contas (controle técnico). Nas provas da
OAB, a FGV costuma cobrar as competências do Tribunal de Contas, por
isso vamos estuda-la com mais detalhes.

CONTROLE EXERCIDO PELO TRIBUNAL DE CONTAS

Vimos que, segundo o modelo estabelecido pela Constituição Federal,


o Congresso Nacional é o titular do controle externo praticado sobre a
Administração Pública Federal. Mas, para que esse controle seja efetivo, a
Constituição estabelece que o Parlamento deve contar com o auxílio
técnico indispensável do Tribunal de Contas da União, que, mediante
sua ação fiscalizadora, o chamado controle técnico, de caráter
contábil-financeiro, busca garantir que a Administração arrecade, gaste
e administre os recursos públicos dentro dos limites da lei e do interesse
geral.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

O Tribunal de Contas da União (assim como os demais tribunais de


contas do País) é órgão administrativo que auxilia tecnicamente o Poder
Legislativo no controle externo da gestão pública, sem, porém lhe ser
subordinado ou pertencer à sua estrutura. A Carta Magna assegura ao
TCU, inclusive, autonomia funcional, administrativa, financeira e
orçamentária, garantindo-lhe quadro próprio de pessoal (CF, art. 73), e
estendendo-lhe, no que couber, as atribuições relativas à auto-
organização do Poder Judiciário, previstas no art. 96 da CF, como elaborar
seu Regimento Interno, organizar sua Secretaria e propor,
privativamente, projetos de lei relativos à sua organização interna.

O Tribunal de Contas da União é um órgão colegiado, composto por


nove Ministros 5 , os quais se equiparam, em termos de garantias,
prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens, aos Ministros do
Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 73, §3º).
É importante salientar que o TCU, apesar de ser um “Tribunal” e de
seus Ministros se equipararem aos Ministros do STJ, não pertence ao
Poder Judiciário e, por conseguinte, não exerce jurisdição, isto é, não
decide com definitividade o direito aplicável a um caso concreto litigioso.
Suas decisões possuem natureza administrativa e, como tal, podem ser
objeto de impugnação perante o Poder Judiciário em caso de
irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade.
O TCU tampouco, como já destacado, pertence ao Poder Legislativo,
apesar de auxiliar o Congresso Nacional no controle externo da
Administração Pública. De fato, o TCU não está subordinado
hierarquicamente a nenhum dos três Poderes: o Presidente do TCU não
deve obediência ao Presidente do Congresso Nacional, titular do controle
externo, e muito menos ao Presidente do STF ou ao Presidente da
República. Similarmente, o Presidente de um Tribunal de Contas Estadual
também não responde ao Presidente da Assembleia Legislativa ou ao
Governador do Estado, tampouco ao Presidente do TCU.
Por outro lado, da mesma forma que o Ministério Público, o TCU
também não constitui, por si só, um Poder. Diz-se que a tripartição
clássica dos Poderes do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário – não
é suficiente para abarcar o perfil de instituições como o TCU e o Ministério
Público, órgãos de estatura constitucional que possuem competências

5Diversamente, os demais Tribunais de Contas do País são compostos por sete Conselheiros (CF, art. 75,
parágrafo único).

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

próprias e privativas, sem estarem ligados hierarquicamente a nenhum


dos três poderes clássicos.

4. (Vunesp – TJ/SP 2014) O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo


funciona como órgão auxiliar
a) da Câmara Municipal da Capital do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder
Legislativo do Município da Capital.
b) do Governo do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder Executivo.
c) da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder Legislativo
estadual.
d) do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder Judiciário.
Comentário: O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP) é o
órgão responsável por auxiliar a Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo, ou seja, o Poder Legislativo estadual, no controle externo das finanças
do Estado. O TCE/SP também auxilia as Câmaras Municipais de todos os
municípios do Estado no controle externo das respectivas finanças
municipais, a exceção do Município de São Paulo, cujo controle externo cabe
ao Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM/SP).
Gabarito: alternativa “c”

5. (FGV – SEFAZ/RJ 2011) O controle exerce, na administração sistêmica, papel


fundamental no desempenho eficaz de qualquer organização. É por meio dele que
detectamos eventuais desvios ou problemas que ocorrem durante a execução de
um trabalho, possibilitando a adoção de medidas corretivas para que o processo
seja reorientado na direção dos objetivos traçados pela organização.
Na Administração Pública, a importância do controle foi destacada, principalmente,
com o advento da Reforma Administrativa de 1967. Assim, o art. 6º do Decreto-Lei
200/1967 o coloca, ao lado do planejamento, da delegação de competência, da
descentralização e da coordenação entre os cinco princípios fundamentais que
norteiam as atividades da Administração Federal.
Nesse diapasão, a sociedade é agente passivo e ativo no processo, identificando
tanto as impropriedades para eliminá-las como as melhorias para incentivá-las.
Assim, consegue-se um esforço geral menor, com maiores e melhores resultados
para a própria sociedade.
Acerca do controle na administração pública, assinale a afirmativa INCORRETA.
a) De acordo com a Lei 4.320/64, tal controle compreenderá a legalidade dos atos

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o


nascimento ou a extinção de direitos e obrigações e a fidelidade funcional dos
agentes da administração responsáveis por bens e valores públicos.
b) De acordo com a Constituição da República de 1988, os gastos públicos estão
sujeitos a dois tipos de controle: interno e externo.
c) A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receita, será exercida pelo
Legislativo, mediante Controle Externo, e pelo Sistema de Controle Interno de cada
Poder.
d) Nos municípios onde houver Tribunal de Contas, o controle externo será exercido
exclusivamente por ele.
e) O controle interno deverá apoiar o controle externo na fiscalização dos gastos
públicos.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA, nos termos dos incisos I e II do art. 75 da Lei 4.320/64:
Art. 75. O contrôle da execução orçamentária compreenderá:
I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da
despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;
II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e
valores públicos;
III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em têrmos monetários e em
têrmos de realização de obras e prestação de serviços.

b) CERTA. Quando se faz menção ao controle da administração pública


segundo a Constituição, está se referindo ao seu art. 70, in verbis:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.
c) CERTA, nos termos do art. 70 da CF, acima transcrito.
d) ERRADA. O controle externo no âmbito dos Municípios é efetuado pela
respectiva Câmara Municipal (controle político) e pelo Tribunal de Contas
(controle técnico); portanto, não é exercido exclusivamente por este.
e) CERTA, nos termos do art. 74, IV da Constituição:
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,
sistema de controle interno com a finalidade de:

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos


programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de
direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Gabarito: alternativa “d”

As principais competências do TCU relacionadas ao controle externo


estão expressas nos incisos do art. 71 da Constituição Federal.
Ressalte-se que tais competências são próprias e privativas do TCU, o
que denota sua independência em relação ao Congresso. Vamos, de forma
sucinta, estudar as competências da Corte de Contas mais relevantes para
o nosso objetivo. Lembrando que, em vista do princípio da simetria, tais
competências também são exercidas pelos demais tribunais de contas do
País.

Emitir parecer prévio sobre as contas do Presidente da República

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento;

O TCU aprecia – não julga! - as contas anuais do Presidente da


República e emite parecer prévio. O prazo para emissão do parecer
prévio é de até 60 dias a contar do recebimento das contas pelo
Tribunal.
Por força do art. 49, IX da CF, compete privativamente ao
Congresso Nacional o julgamento das contas do Presidente da
República. O TCU, saliente-se, somente as aprecia e emite parecer prévio.

Quem julga as contas do Presidente da


República é o Congresso Nacional.

O TCU apenas emite parecer prévio.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

As contas prestadas pelo Presidente da República constituem as


chamadas contas de governo, de natureza política, que propicia uma
visão macro do desempenho da economia e das políticas sociais, em
confronto com as normas constitucionais, legais e regulamentares.
O parecer prévio emitido pelo TCU pode ser pela aprovação, com ou
sem ressalvas e recomendações, ou pela rejeição das contas. Todavia,
embora o parecer prévio seja conclusivo, é meramente opinativo, não
vinculando o julgamento a cargo do Congresso Nacional.
Vale lembrar que, caso o Presidente da República não preste as
contas, compete à Câmara dos Deputados tomá-las (art. 51, II, da CF).

6. (Cespe – TCDF 2012) De acordo com a Lei Orgânica do TCDF, é de


competência desse tribunal julgar as contas do governador do DF e elaborar
relatório sintético a esse respeito, emitindo parecer definitivo, no qual o conselheiro
relator — antes de se pronunciar sobre o mérito das contas — ordena a citação dos
responsáveis.
Comentário: Por simetria com o disposto na Constituição Federal, o
julgamento das contas dos Chefes do Poder Executivo nas demais esferas de
governo compete ao Poder Legislativo local, após parecer prévio emitido pelo
Tribunal de Contas competente. No caso do Distrito Federal, de que trata o
comando da questão, o julgamento das contas do governador compete à
Câmara Legislativa do DF e não ao TCDF, daí o erro. O TCDF, a exemplo do
TCU, apenas emite parecer prévio.
Gabarito: Errado

7. (Cespe – TCE/RS 2013) Cabe ao TCE/RS julgar as contas a serem prestadas


anualmente pelo governador do estado e pelos prefeitos municipais, nos termos da
Lei Orgânica do TCE/RS.
Comentário: O Tribunal de Contas não julga as contas do Chefe do Poder
Executivo. Apenas emite parecer prévio. Quem julga é o Poder Legislativo,
nas respectivas esferas de governo, ou seja, Congresso Nacional (Presidente
da República), Câmara Legislativa (Governador de DF), Assembleias
Legislativas (Governadores dos Estados) e Câmaras Municipais (Prefeitos dos
Municípios).
Gabarito: Errado

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

8. (FGV – OAB 2012) As contas do Prefeito do Município X não foram aprovadas


pelo Tribunal de Contas do Estado. Dentre outras irregularidades, apurou-se o
superfaturamento em obras públicas.
Sobre o controle exercido pelas Cortes de Contas, assinale a afirmativa correta.
A) O parecer desfavorável emitido pelo Tribunal de Contas do Estado pode ser
superado por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
B) A atuação do Tribunal de Contas configura exemplo de controle interno dos atos
da Administração Pública.
C) A atuação do Tribunal de Contas do estado somente ser possível até que haja a
criação de um Tribunal de Contas do Município, por lei complementar de iniciativa
do Prefeito.
D) As contas do Prefeito estarão sujeitas à atuação do Tribunal de Contas somente
se houver previsão na Lei Orgânica do Município.
Comentários:
a) CERTA. Primeiramente, cabe enfatizar que a competência para emitir o
parecer prévio sobre as contas de prefeito municipal é do Tribunal de Contas
responsável pelo controle externo do Município, o qual, na maior parte dos
casos, é o Tribunal de Contas do Estado. Nos Estados da Bahia, Ceará, Goiás
e Pará, todavia, esse parecer compete ao respectivo Tribunal de Contas dos
Municípios (órgão de controle externo estadual responsável pelo controle
externo de todos os Municípios do Estado), enquanto que nos Municípios do
Rio de Janeiro e de São Paulo, o parecer prévio sobre as contas do Prefeito
compete ao respectivo Tribunal de Contas Municipal. Em todos os casos, o
julgamento das contas compete à respectiva Câmara Municipal. Quanto à
assertiva, está de acordo com o art. 31, §2º da CF, por isso está correta:
§2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
membros da Câmara Municipal.

Vale ressaltar que, em relação às contas do Presidente da República e


dos Governadores dos Estados, a Constituição não estabelece quórum
específico para a rejeição do parecer prévio. A matéria geralmente é tratada
no Regimento Interno das respectivas Casas Legislativas.
b) ERRADA. A atuação do Tribunal de Contas configura exemplo de
controle externo dos atos da Administração Pública, uma vez que o órgão não
é subordinado hierarquicamente a nenhum dos Poderes.
c) ERRADA. A Constituição Federal veda a criação de novos Tribunais de
Contas Municipais (art. 31, §4º):

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

Portanto, não teria sentido o Prefeito apresentar um projeto de lei com


esse objetivo. Ressalte-se, contudo, que a CF não veda a criação de novos
Tribunais de Contas dos Municípios. Todavia, a criação desses Tribunais deve
ser feita no âmbito do Estado, ou seja, eles são órgãos estaduais,
responsáveis pelo controle externo das contas de todos os municípios do
Estado no âmbito do qual foram criados. Repare que o item não trata dos
Tribunais de Contas dos Municípios, pois, como são órgãos estaduais, jamais
poderiam ser criados por uma lei de iniciativa de Prefeito.
d) ERRADA. Pelo princípio da simetria expresso no art. 75 da CF, as
normas relativas ao Tribunal de Contas da União “aplicam-se, no que couber,
à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de
Contas dos Municípios”. Logo, como compete ao TCU emitir prévio sobre as
contas do Presidente da República (art. 71, I), os Tribunais de Contas nas
demais esferas também possuem a competência para emitir parecer prévio
sobre as contas dos Governadores e Prefeitos, conforme o caso. As
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais não podem suprimir
essa competência do respectivo Tribunal de Contas, sob pena de ofensa à
Constituição Federal.
Gabarito: alternativa “a”

Julgar as contas dos responsáveis por recursos públicos e dos


causadores de prejuízo ao erário

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,


bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
ao erário público;

Pelo dispositivo acima podemos dizer que:

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Detalhe importante é que, enquanto nos processos de contas anuais


ordinárias o TCU julga apenas as contas de agentes públicos vinculados à
Administração (como dirigentes de unidades administrativas, membros de
comissão de licitação, ordenadores de despesas etc.), nas tomadas de
contas especiais os responsáveis podem ser qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, responsável por causar dano ao erário.
Nesse caso, a lei exige apenas um evento específico para ocorrer a
necessidade da apresentação das contas, qual seja, a configuração de
prejuízo ao patrimônio público, não importando quem o tenha
causado. Agentes públicos e privados respondem da mesma forma. É o
caso, por exemplo, de uma Organização Não-Governamental que receba
repasse do Governo Federal e não destina os recursos para os fins
devidos. Tal entidade, ainda que não pertença à Administração Pública,
terá que prestar contas ao TCU sobre a utilização dos recursos federais a
ela repassados e, caso reste configurado o dano ao erário, os
responsáveis terão as contas julgadas pelo Tribunal.
É importante saber que, como consequência do julgamento das
contas, o TCU tem competência para condenar o responsável a
ressarcir o prejuízo causado ao erário (imputar débito). O TCU
também pode aplicar-lhe sanções, como a imposição de multa.
Conforme o art. 73, §3º da CF, as decisões do TCU de que resulte
imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo
extrajudicial. Isso significa que o débito imputado (obrigação de
ressarcir o prejuízo) ou a multa aplicada podem ser levados diretamente
ao Poder Judiciário para cobrança, em ação de execução, sem
necessidade de discussão prévia em uma ação judicial de conhecimento,
como ocorre nas ações executórias em geral. Assim, em razão da força de
título executivo, se o responsável não honrar no prazo a multa ou o débito
oriundos da decisão do TCU, a execução judicial dessa dívida tende a ser
mais rápida.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

9. (Cespe – TRT10 2013) Ao Tribunal de Contas da União não cabe julgar as


contas dos administradores de sociedades de economia mista e empresas públicas,
visto que a participação majoritária do Estado na composição do capital não
transmuda em públicos os bens dessas entidades.
Comentário: Por disposição constitucional expressa (CF, art. 70, caput)
as entidades da administração indireta estão sujeitas ao controle externo. Há
uma decisão antiga do STF que retirava as sociedades de economia mista
exploradoras de atividade econômica da jurisdição do Tribunal de Contas.
Contudo, tal entendimento já foi superado, e a Suprema Corte reformou sua
decisão, reconhecendo a competência do TCU para fiscalizar as sociedades
de economia mista, inclusive as exploradoras de atividade econômica, como o
Banco do Brasil e a Petrobras. Portanto, o quesito está errado. Sobre o tema,
vale dar uma olhada na decisão proferida pelo Supremo no MS 25.092/DF (a
ementa está no final da aula). Prevaleceu naquele julgado o entendimento de
que a lesão ao patrimônio da sociedade de economia mista atingiria, além do
capital privado, também o erário, em vista da participação majoritária do
Estado na composição do capital da entidade, daí o fundamento para a
submissão ao controle externo,
Gabarito: Errado

10. (ESAF – AFT 2010) O estudo do tema 'controle da administração pública' nos
revela que:
a) submetem-se a julgamento todas as contas prestadas por responsáveis por bens
ou valores públicos, aí incluído o Presidente da República.
b) no exercício do poder de autotutela, a administração pública pode rever seus
atos, mas não pode declará-los nulos.
c) em respeito ao princípio da separação dos poderes, é vedado o controle
transversal de um Poder sobre os outros.
d) o controle interno é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal
de Contas da União.
e) o Poder Judiciário exerce apenas controle jurisdicional sobre seus atos
administrativos.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. O dever de prestar contas acerca da arrecadação e da
utilização dos recursos públicos constitui um dos pilares do Estado
Democrático de Direito. Afinal, trata-se da utilização de recursos arrecadados

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

compulsoriamente da sociedade, os quais, em tese, deveriam ser aplicados


em benefício de todos. Na Administração Pública, o dever de prestar contas é
bastante amplo, abrangendo desde o Presidente da República até pessoas
físicas que, sem ter qualquer vínculo formal com a Administração, sejam de
alguma forma responsáveis pela aplicação de recursos públicos (ex:
beneficiários de bolsa de estudo do Governo) ou por provocar dano ao erário
(ex: licitante que frauda licitação e vende para a Administração produtos
acima do valor mercado). É isso que prescreve o art. 70, parágrafo único da
CF:
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

Detalhe é que a prestação de contas do Presidente da República é


julgada pelo Congresso Nacional, após parecer prévio do Tribunal de Contas
da União (CF, art. 71, II). Já as contas dos demais administradores públicos,
incluindo os causadores de dano ao erário, são julgadas pelo Tribunal de
Contas competente, a depender da origem dos recursos administrados:
recursos federais = Tribunal de Contas da União; recursos estaduais =
Tribunais de Contas dos estados; recursos municipais = Tribunal de Contas
Municipais ou dos Municípios (CF, art. 71, II).
b) ERRADA. No exercício do poder de autotutela, a administração pública
pode tanto rever seus atos como declará-los nulos, em caso de ilegalidade.
c) ERRADA. O princípio da separação dos poderes, um dos pilares da
nossa democracia, conta com um sistema de freios e contrapesos, em que um
Poder fiscaliza o outro, de modo que nenhum deles é absoluto ou se
sobressai perante os demais. Dessa forma é que, por exemplo, o Poder
Judiciário pode anular atos administrativos praticados pelo Executivo; o
Executivo pode vetar projetos de lei aprovados pelo Legislativo, além de
nomear membros para os Tribunais superiores do Judiciário; e o Legislativo,
por sua vez, exerce o controle externo sobre toda a Administração Pública,
fiscalizando as funções administrativas dos órgãos e entidades de todos os
Poderes.
d) ERRADA. Nos termos do art. 71, caput da CF, o controle externo (e não
o interno) é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de
Contas da União.
e) ERRADA. O Poder Judiciário, quando atua como Administração
Pública, também exerce controle administrativo sobre seus próprios atos.
Gabarito: alternativa “a”

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

pessoal, o TCU avalia, fundamentalmente, se foi obedecido o princípio do


concurso público e se não está havendo acumulação ilegal de cargos.
As nomeações para cargo em comissão e função de confiança
constituem a única exceção, sendo dispensadas da apreciação pelo TCU
para fins de registro em vista da precariedade do vínculo com a
Administração, pois são de livre nomeação e exoneração. Vale ressaltar,
contudo, que tais nomeações somente não são submetidas a registro,
mas continuam sujeitas às demais formas de fiscalização do
Tribunal, como auditorias e inspeções, pois, apesar de serem de livre
nomeação e exoneração, devem observância aos ditames constitucionais e
legais.
Por exemplo: é vedada a nomeação para cargo em comissão de
parentes até 3º grau da autoridade nomeante (Súmula Vinculante nº 13
do STF). Além disso, as nomeações para cargo em comissão devem
observância aos limites da LRF para gastos com pessoal. Assim, o TCU
pode realizar uma auditoria em determinado órgão e verificar se as
nomeações para cargos de provimento em comissão estão ou não de
acordo com essas regras, embora não aprecie tais nomeações para fins de
registro.
Quanto às concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
o dispositivo somente alcança os benefícios que são pagos com recursos
do Tesouro Nacional aos servidores públicos federais, civis e militares ou
seus beneficiários. Assim, o TCU não aprecia as aposentadorias dos
empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia
mista, integrantes da administração indireta, concedidas à conta do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que obedece a regime
específico.
É desnecessário novo registro se houver melhoria posterior que
não altere o fundamento legal da concessão do benefício como, por
exemplo, se houver aumento dos proventos do aposentado por conta da
revisão geral de remuneração prevista no art. 37, X da CF, ou por conta
da extensão de alguma gratificação concedida aos servidores ativos.
Entretanto, se, por exemplo, esse mesmo aposentado for beneficiário de
decisão judicial determinando a revisão do seu tempo de serviço e o
consequente recálculo de proventos, houve alteração do fundamento do
ato concessório, de modo que a renovação do registro torna-se
necessária.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

11. (Cespe – TCE/RS 2013) Considere que o titular de um órgão do governo


estadual tenha nomeado determinado cidadão para o cargo de chefe do seu
gabinete. Nesse caso, o TCE/RS não precisa apreciar, para fins de registro, a
referida nomeação.
Comentário: O cargo de chefe de gabinete, embora não especificado no
enunciado, geralmente é de provimento em comissão, hipótese que se
enquadra na exceção à apreciação para fins de registro dos atos de admissão
de pessoal. Dessa forma, é correto afirmar que o Tribunal de Contas não
precisa apreciar, para fins de registro, a referida nomeação. Lembre-se,
contudo, de que a nomeação do chefe de gabinete poderá ser objeto das
demais ações de controle empreendidas pelo Tribunal, como auditorias e
inspeções, pois, embora não sujeita a registro, deve observar uma série de
ditames constitucionais e legais, a exemplo do teto constitucional, limites
com gastos de pessoal e proibição ao nepotismo.
Gabarito: Certo

12. (Cespe – TCE/RO 2013) O ato inicial de concessão de aposentadoria de


servidor do estado de Rondônia estará sujeito à apreciação do TCE/RO, para fins
de registro ou exame.
Comentário: O quesito está correto. O Tribunal de Contas aprecia a
legalidade, para fins de registro, das concessões iniciais de aposentadorias,
reformas e pensões na administração direta, autárquica e fundacional,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do
ato concessório inicial. No que tange às concessões iniciais, apenas não são
submetidas a registro as aposentadorias dos empregados públicos da
administração indireta concedidas à conta do Regime Geral de Previdência
Social (empresas públicas e sociedades de economia mista). Como o
enunciado fala em “servidor do estado”, pode-se entender que se trata de
servidor da administração direta, cuja aposentadoria, portanto, está sujeita à
apreciação do Tribunal de Contas para fins de registro.
Gabarito: Certo

13. (TCE/ES – Auditor 2012 – Cespe) De acordo com o entendimento do STF,


seria constitucional lei ordinária estadual que determinasse que todos os contratos
celebrados entre o governo do estado e as empresas particulares dependessem de
registro prévio no tribunal de contas estadual.
Comentário: O TCU só aprecia, para fins de registro, atos de admissão de
pessoal e de concessão de aposentadoria. Assim, em observância ao

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

administrativa, tendo em vista a inexistência do registro do ato de aposentação em


questão. 3. Sequer há que se falar em ofensa aos princípios da segurança jurídica, da
boa-fé e da confiança, pois foi assegurado o ao recorrente o direito ao contraditório e
à ampla defesa, fato apresentado na própria inicial, uma vez que ele apresentou
embargos de declaração e também pedido de reexame da decisão do TCU. 4. Agravo
regimental não provido.

Em suma: o ato de aposentadoria é um ato administrativo complexo, que


se aperfeiçoa com a apreciação de legalidade efetuada pelo Tribunal de
Contas para fins de registro (CF, art. 71, III); portanto, antes da manifestação
do controle externo, o ato ainda não está completo, razão pela qual não incide
o prazo decadencial para sua anulação (afinal, tecnicamente, é como se o ato
ainda não existisse no mundo jurídico). Em consequência, também não há
prazo decadencial para a manifestação da Corte de Contas, que pode ser
realizada a qualquer tempo, desde que observe o direito de defesa caso
ultrapasse 5 anos desde a disponibilização do ato para apreciação.
É importante lembrar, contudo, que o servidor recebe os proventos
desde o momento em que a aposentadoria é concedida pela Administração
(antes do registro no Tribunal de Contas, portanto), ou seja, o ato produz
efeitos antes de sua formação estar completa. Tal efeito é chamado de efeito
prodrômico do ato, expressão que abrange os efeitos que podem surgir em
atos complexos ou compostos antes da conclusão dos respectivos ciclos de
formação. O efeito prodrômico é considerado um efeito atípico do ato (o efeito
típico da aposentadoria seria acarretar a vacância do cargo e passar o
servidor para a inatividade, o qual só ocorre, de fato, quando o Tribunal de
Contas concede o registro do ato).
Gabarito: Certo

Aplicar sanções previstas em lei

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou


irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

Este dispositivo atribui ao TCU a competência para aplicar sanções


aos seus jurisdicionados.
As sanções impostas pelo TCU devem estar previstas em lei, em
sentido estrito – princípio da “reserva legal”. Assim, não pode o
Regimento Interno do TCU, ou outra norma de natureza infralegal, criar
alguma sanção que não esteja prevista em lei aprovada pelo Legislativo.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

A multa proporcional ao dano causado erário, prevista


diretamente no texto constitucional, é apenas uma das sanções que
podem ser impostas pelo Tribunal. A Constituição deixou espaço para a lei
prever outras cominações, inclusive de caráter não pecuniário. Com efeito,
as seguintes sanções estão previstas na Lei Orgânica do TCU:
▪ Multa pecuniária;

▪ Inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança


na Administração Pública Federal, pelo período de 5 a oito anos;
▪ Declaração de inidoneidade para participar de licitação na Administração
Pública Federal por até 5 anos.

Além disso, o Supremo Tribunal Federal reconhece a prerrogativa do


TCU para adotar medidas cautelares, isto é, ações preventivas com o
objetivo de neutralizar situações lesivas ao erário, reais ou iminentes,
ou, ainda, situações que possam vir a obstruir o exercício do controle
externo.
A possibilidade da adoção de medidas cautelares pelo TCU não está
prevista de forma expressa na Constituição. Todavia, segundo o
entendimento do STF, tal prerrogativa decorre, por implicitude, das
atribuições que a Constituição expressamente outorgou ao Tribunal de
Contas (Teoria dos Poderes Implícitos)6.
Na esfera de atuação do Tribunal de Contas da União, as seguintes
medidas cautelares podem ser adotadas:
▪ Afastamento temporário do responsável que possa retardar ou dificultar a
realização de auditoria ou inspeção;
▪ Decretação de indisponibilidade de bens do responsável;
▪ Solicitação de providências para o arresto de bens dos responsáveis
julgados em débito;
▪ Suspensão cautelar de ato ou procedimento impugnado.

Ressalte-se que as medidas cautelares não são sanções, mas apenas


providências preventivas com o objetivo de possibilitar a efetiva apuração
do caso ou evitar algum prejuízo iminente ao erário ou ao interesse
público. Frequentemente, o TCU adota esse tipo de providência
acautelatória quando, ao examinar o edital de procedimentos licitatórios
ainda não homologados, identifica indícios consistentes de irregularidades,
como o possível direcionamento do certame. Sendo o caso, o Tribunal
pode determinar a suspensão cautelar da licitação para evitar a ocorrência
6 STF MS 24.510-7/DF

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

de um dano ao erário e também para ter condições de apurar


completamente o indício. Se a irregularidade for confirmada, aí sim o
Tribunal poderá aplicar as sanções cabíveis (ex: multa, inabilitação do
licitante etc.) ou, caso possível, determinar a correção do edital; por outro
lado, se não houver a confirmação, o Tribunal tornará sem efeito a
cautelar, permitindo o prosseguimento normal do certame.
Importante destacar que o Tribunal de Contas pode adotar medidas
cautelares inclusive sem a prévia oitiva da outra parte. Nesse caso, o
exercício do direito de defesa deve ser assegurado nas fases posteriores
do processo.

15. (Cespe – TCU 2009) A CF conferiu ao TCU a competência para julgar as


contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, porém não atribuiu a esse tribunal
competência para aplicar sanções aos responsáveis quando constatada a
ocorrência de ilegalidade de despesa ou de irregularidade de contas, por se tratar
de competência exclusiva do Congresso Nacional.
Comentário: O art. 71, VIII da CF conferiu ao TCU a competência para
aplicar sanções aos responsáveis quando constatar a ocorrência de
ilegalidade de despesa ou a irregularidade de contas. Não obstante, lembre-se
que as sanções impostas pelo Tribunal devem estar previstas em Lei.
Gabarito: Errado

16. (Cespe – TCE/ES 2009) O TCU, no exercício de sua missão constitucional de


auxiliar o Congresso Nacional no controle externo, tem competência para
determinar a quebra de sigilo bancário dos responsáveis por dinheiros e bens
públicos.
Comentário: Segundo o entendimento do STF 7 , o TCU não possui
competência para determinar a quebra de sigilo bancário de responsável
sujeito a sua jurisdição. Esse procedimento, em regra, é da competência do
Poder Judiciário, podendo também ser determinado pelas Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPI), para subsidiar a apuração de ilícitos.
Gabarito: Errado

7 MS 22.934/DF

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Assinar prazo para cumprimento da lei e sustar, se não atendido, a


execução do ato impugnado

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências


necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo
Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis.
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa
dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
respeito.

O dispositivo confere competência ao TCU para, caso constate


ilegalidade em ato ou contrato que esteja em execução (por exemplo,
uma licitação em andamento ou um contrato em vigor), impor um prazo
para que o órgão ou entidade, por intermédio dos seus administradores,
adote providências para o exato cumprimento da lei.
As providências adotadas pelo órgão ou entidade para o exato
cumprimento da lei podem envolver a correção do ato ou contrato
impugnado, ou mesmo, a sua anulação.
E se o responsável não adotar as providências determinadas pelo
Tribunal? Nesse caso, os procedimentos diferem em relação a atos e
contratos. Vejamos:

➢ Em caso de ato administrativo: o TCU susta a execução do ato


impugnado, aplica multa ao responsável e comunica a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal, separadamente.

➢ Em caso de contrato administrativo: o TCU aplica multa ao


responsável e comunica o fato ao Congresso Nacional. Por sua vez, o
Congresso Nacional susta, diretamente, o contrato e solicita, de imediato,
ao Poder Executivo, as medidas cabíveis.
E se, no prazo de 90 dias, contados da comunicação do TCU, o Congresso
Nacional ou o Poder Executivo não efetivarem tais medidas, o Tribunal decidirá
a respeito da sustação do contrato, ou seja, poderá ele mesmo decretar a
sustação do ajuste.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

O TCU susta, primariamente, apenas atos


administrativos. No caso de contratos, a
competência primária para sustar é do
Congresso Nacional, só podendo ser adotada
pelo TCU em caso de inércia maior que 90 dias.

A distinção de procedimentos a depender se a sustação for de ato ou


contrato decorre da natureza jurídica desses institutos. Enquanto o ato
administrativo é uma manifestação unilateral da Administração Pública, o
contrato administrativo é uma manifestação bilateral, resultado de um
ajuste de vontades. Assim, a sustação de contratos é uma ação mais
complexa, eis que envolve direitos e obrigações entre partes e a
compatibilização dos efeitos jurídicos daí decorrentes.
Por fim, registre-se que, conforme já se pronunciou o STF8, o Tribunal
de Contas – embora não tenha competência para anular ou sustar
contratos administrativos – tem competência para determinar à
autoridade administrativa que promova a anulação do contrato,
ouvindo previamente a empresa contratada.

17. (Cespe – TCU 2010) No caso de o diretor de órgão público não atender à
determinação do TCU para anular um ato, competirá ao próprio TCU sustar a
execução do ato impugnado.
Comentário: O item está correto. Verificada a ilegalidade de ato
administrativo, o TCU determina ao órgão ou entidade que, no prazo de até 15
dias, adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, o que
pode envolver a correção ou a anulação do ato (CF, art. 71, IX). Caso o
responsável não adote as providências no prazo determinado, aí sim
competirá ao próprio TCU sustar a execução do ato impugnado, comunicando
a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal (CF, art. 71, X).
Gabarito: Certo

18. (Cespe – TCU 2011) No caso de irregularidade em contrato administrativo,


este será sustado diretamente pelo Congresso Nacional, que terá de solicitar, de
imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. Nessa situação, se, no prazo de
noventa dias, o Congresso Nacional permanecer inerte ou se o Poder Executivo
não adotar as medidas que lhe sejam solicitadas, caberá ao TCU emitir decisão.
Comentário: O item está correto, nos termos do art. 71, §§ 1º e 2º da CF.

8 MS 23.550/DF

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

No caso de contrato, a competência primária para sustar é do Congresso


Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo, as medidas
cabíveis. Se, no prazo de 90 dias, o Congresso ou o Poder Executivo não
sanearem a ilegalidade, o TCU decidirá a respeito, podendo decidir pela
sustação ou não do contrato impugnado.
Gabarito: Certo

Decidir sobre denúncias

Art. 74. (...)


§2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União.

Há uma importante competência prevista no art. 74, §2º, da CF, que


é a competência para o Tribunal de Contas decidir sobre denúncia
apresentada por qualquer cidadão, partido político, associação ou
sindicato.
Por meio da denúncia, os legitimados levam ao conhecimento do
Tribunal a ocorrência de irregularidades e ilegalidades que envolvam
matérias de competência da Corte de Contas, ou seja, fatos relacionados
à administração contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial do orçamento da União. As denúncias que preencham os
requisitos de admissibilidade (basicamente, não ser anônima e estar
acompanhada de elementos comprobatórios) deverão ser
obrigatoriamente apuradas pelo Tribunal.
*****
Em seguida, vamos estudar uma importante competência dos
Tribunais de Contas não prevista de forma expressa na Constituição, mas
reconhecida pelo STF: o controle de constitucionalidade de leis e atos
normativos do Poder Público.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Realizar controle de constitucionalidade de leis e atos normativos

Súmula 347 do STF


O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

Pela Súmula 347, o STF reconhece que os Tribunais de Contas, no


exercício de suas atribuições, podem exercer controle de
constitucionalidade.

A Súmula 347 diz apreciar, que


equivale a negar a aplicação no
caso concreto.

Apreciar a constitucionalidade, ou negar a aplicação de dispositivo


inconstitucional, é exercer controle difuso, ou seja, incidental, no
caso concreto, com efeitos entre as partes, e apenas em matérias da
competência do Tribunal de Contas.
Em outras palavras, o Tribunal de Contas não declara a
inconstitucionalidade, isto é, não exerce controle abstrato, com efeitos
erga omnes, cuja competência é exclusiva do Poder Judiciário.
Por fim, vale mencionar que a competência dos Tribunais de Contas
para apreciarem a constitucionalidade de leis e atos normativos
não afasta o reexame da matéria pelo Poder Judiciário.

19. (Cespe – TCU 2007) Considere que uma lei federal dispense concurso público
para o provimento do cargo de consultor legislativo do Senado. Nesse caso, quando
o TCU for apreciar essas nomeações, deixará de aplicar a lei, julgando com
fundamento na Constituição Federal. Esse controle feito pelo tribunal é denominado
controle abstrato da constitucionalidade
Comentário: A primeira parte do quesito, que diz que o TCU deverá
deixar de aplicar a lei, está correta. A referida lei, ao dispensar o concurso
público para provimento do cargo de consultor do Senado, flagrantemente
afronta o disposto no art. 37, II da Constituição Federal, o qual estabelece a
necessidade de aprovação prévia em concurso para a investidura em cargo
ou emprego público. Portanto, o TCU deve afastar a incidência da lei

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

inconstitucional ao apreciar as nomeações dos consultores, decidindo apenas


com base na própria Constituição Federal. Assim, a nomeação de um
consultor sem concurso deveria ser considerada ilegal pelo TCU, mesmo se a
Administração do Senado invocar a referida lei como fundamento para sua
defesa.
Não obstante, a parte final do quesito está errada, pois esse tipo de
controle de constitucionalidade exercido pelo TCU opera efeitos somente no
caso concreto, ou seja, é controle difuso, incidental, e não abstrato, em tese,
como afirma o quesito. O efeito do controle de constitucionalidade do TCU
sobre a lei é que ela não será considerada pela Corte de Contas na análise das
nomeações do Senado. Desse modo, a referida lei continuará vigente no
mundo jurídico, até que seja declarada inconstitucional pelo Judiciário.
Ressalte-se que o controle abstrato de constitucionalidade é da competência
privativa do Poder Judiciário, portanto, fora da esfera de atribuições do
Tribunal de Contas.
Gabarito: Errado

20. (Cespe – TCE/PE 2004) Somente o Tribunal de Contas da União (TCU) pode
afastar a aplicação de uma lei federal por inconstitucionalidade. Aos tribunais de
contas dos estados e dos municípios é vedada essa prerrogativa.
Comentário: Os Tribunais de Contas apenas podem “apreciar” a
constitucionalidade de leis e atos normativos, mas não “declarar” uma lei ou
ato inconstitucional. Tal prerrogativa é extensiva aos tribunais de contas dos
estados e dos municípios. Por exemplo: se, ao examinar determinado ato de
gestão praticado por um de seus jurisdicionados com base em lei federal, o
TCE/PE avaliar que a aludida lei federal não condiz com a Constituição, deve
afastar sua incidência no caso concreto, independentemente da origem da lei,
sob de pena de sua decisão também afrontar a Constituição.
Gabarito: Errado

21. (Cespe – TCDF 2012) Embora os TCs não detenham competência para
declarar a inconstitucionalidade das leis ou dos atos normativos em abstrato, eles
podem, no caso concreto, reconhecer a desconformidade formal ou material de
normas jurídicas com a CF, deixando de aplicar, ou providenciando a sustação, de
atos que considerem inconstitucionais.
Comentário: É verdade que os TCs não possuem competência para
declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos em abstrato. Eles
apenas possuem competência para apreciar a constitucionalidade no caso
concreto, com efeitos entre as partes. Isso significa que, se entender que
determinada lei ou norma é contrária à Constituição, o TC deixa de aplica-la
no caso concreto. Mas a lei ou o ato normativo não deixa de existir ou de

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

produzir efeitos fora do caso apreciado pelo Tribunal. A banca considerou


correta a questão, não obstante a expressão “providenciando a sustação de
atos que considerem inconstitucionais” possa dar a entender que o TC
suspende os efeitos da norma de forma geral, o que não é verdade.
Gabarito: Certo

****
Enfim, pessoal, essas são as competências mais importantes do
Tribunal de Contas da União – extensíveis às demais Cortes de Contas do
país – e que merecem ser estudadas com maior cuidado, considerando o
escopo do nosso curso. O art. 71 da Constituição Federal lista, ainda,
outras competências do TCU, as quais são reproduzidas a seguir, a título
de conhecimento:

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do


Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo
capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por
qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre
resultados de auditorias e inspeções realizadas;
(...)

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos


apurados.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

22. (FGV – OAB 2015) O Estado X está ampliando a sua rede de esgotamento
sanitário. Para tanto, celebrou contrato de obra com a empresa “Enge-X-Sane”, no
valor de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). A fim de permitir a
conclusão das obras, com a extensão da rede de esgotamento a quatro
comunidades carentes, o Estado celebrou termo aditivo com a referida empresa, no
valor de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), custeados com recursos
transferidos pela União, mediante convênio, elevando, assim, o valor total do
contrato para R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).
Considerando que foram formuladas denúncias de sobrepreço ao Tribunal de
Contas da União, assinale a afirmativa
A) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar eventual
irregularidade, uma vez que se trata de obra pública estadual, devendo o
interessado formular denúncia ao Tribunal de Contas do Estado.
B) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar eventual
irregularidade, mas pode, de ofício, remeter os elementos da denúncia para o
Tribunal de Contas do Estado.
C) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra e pode
determinar, diante de irregularidades, a imediata sustação da execução do contrato
impugnado.
D) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra e pode
indicar prazo para que o órgão ou a entidade adote as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade.
Comentários:
a) ERRADA. Como há aplicação de recursos federais na obra,
transferidos mediante convênio, o Tribunal de Contas da União tem sim
competência para apurar a irregularidade. É o que está previsto no art. 71, VI
da CF, pelo qual compete ao TCU:
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município;

Detalhe é que a competência do TCU independe do montante de recursos


federais em relação ao total da obra. No caso, assumindo que os R$ 50
milhões iniciais eram provenientes do orçamento do Estado, a participação de
recursos da União na obra correspondeu a apenas 16,6% (R$ 10 milhões em
um total de R$ 60 milhões), o que não afasta a competência do TCU.
b) ERRADA. Como afirmado acima, o TCU possui sim competência para

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

apurar a irregularidade.
c) ERRADA. Se identificar irregularidade, o TCU deve assinar prazo para
que a autoridade responsável adote as providências necessárias para o exato
cumprimento da lei (CF, art. 71, IX). Caso não atendido, como se trata de
contrato, o Tribunal não pode determinar a sua imediata sustação, como faria
se a irregularidade estivesse presente num ato administrativo. Em relação ao
contrato, o TCU deve, inicialmente, comunicar o fato ao Congresso Nacional,
a quem compete sustar o contrato diretamente, solicitando ao Poder
Executivo, de imediato, a adoção das medidas cabíveis (CF, art. 71, §1º).
Apenas na hipótese de o Congresso ou o Poder Executivo, no prazo de 90
dias, não efetivarem tais medidas é que o TCU poderá decidir a respeito da
sustação do contrato. Logo, o item erra ao afirmar que o TCU poderá
determinar a “imediata” sustação do contrato.
d) CERTA, conforme explanado no comentário ao item anterior.
Gabarito: alternativa “d”

Passemos agora ao estudo do controle judicial.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

CONTROLE JUDICIAL

O controle judicial ou jurisdicional é aquele exercido pelos órgãos


do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Poder Executivo,
do Legislativo e do próprio Judiciário, quando realiza atividades
administrativas. Esse controle ocorre em atenção ao disposto no art. 5º,
XXXV, da CF: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito.”
Na lição de Hely Lopes Meirelles:
“No nosso sistema de jurisdição judicial única, consagrado pelo preceito
constitucional de que não se pode excluir da apreciação do Poder Judiciário
qualquer lesão ou ameaça a direito, individual ou coletivo (art. 5o, XXXV), a
Justiça ordinária tem a faculdade de julgar todo ato de administração
praticado por agente de qualquer dos órgãos ou Poderes do Estado.”

Assim, aquele que se sinta lesado em seus direitos em razão de ato


praticado pela Administração poderá buscar socorro junto ao Judiciário.
Tal possibilidade caracteriza uma instância de controle sobre a gestão da
coisa pública, proveniente do sistema de freios e contrapesos presente
em nosso ordenamento jurídico.
Diferentemente do controle externo realizado pelo Poder Legislativo
com o auxílio dos Tribunais de Contas, o controle judicial deve ser
necessariamente provocado, ou seja, o Judiciário não age de ofício,
por iniciativa própria. Ao contrário, para ser exercido, é necessária a
provocação do interessado ou do legitimado, mediante a propositura da
ação judicial cabível, que pode ser, por exemplo, um mandado de
segurança, um mandado de injunção, uma ação popular, uma ação civil
pública entre outros. Em verdade, todo pronunciamento do Poder
Judiciário sobre um ato da Administração, em qualquer espécie de ação,
será controle judicial.
Outra peculiaridade é que a doutrina costuma classificar o controle
judicial sobre a Administração Pública como uma espécie de controle
a posteriori, eis que geralmente ocorre depois de o ato ter sido
consumado. Porém, é possível encontrar exemplos de controle prévio,
como os mandados de segurança preventivos.
Ademais, em regra, o controle judicial se restringe ao controle de
legalidade, não se pronunciando sobre a conveniência e oportunidade do
ato em exame, ou seja, sobre o mérito administrativo. Os elementos que
perfazem o mérito do ato administrativo (motivo e objeto) somente

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Comentário: O controle judicial, em regra, é um controle a posteriori.


Contudo, nada impede o controle judicial prévio, de que é exemplo o mandado
de segurança preventivo.
Gabarito: Errado

25. (Cespe – TJRO 2012) O abuso de poder é conduta comissiva, que afronta,
dentre outros, o princípio da legalidade e o da moralidade, e se sujeita, portanto, ao
controle judicial, que se sobrepõe ao controle administrativo.
Comentário: O item está errado. Não há predominância entre as formas
de controle. Tanto o controle judicial como o administrativo, o parlamentar ou
o exercido pelos Tribunais de Contas derivam do sistema de freios e
contrapesos que rege a Administração Pública, o qual assegura a harmonia
entre os Poderes.
Gabarito: Errado

26. (Funiversa – SAPeJUS/GO 2015) Acerca dos atos administrativos e do


controle judicial dos atos da Administração, assinale a alternativa correta.
a) Em regra, o controle do Poder Judiciário sobre atos administrativos abrange a
legalidade e o mérito do ato administrativo.
b) A prática de ato administrativo, ainda que desproporcional, não permite a
intervenção do Poder Judiciário, pois, nesse caso, haveria ofensa ao princípio da
harmonia entre os Poderes da República.
c) Em regra, é cabível ao Poder Judiciário examinar o mérito do ato administrativo
discricionário, classificação na qual se enquadra o ato que aprecia pedido de
licença de servidor para tratar de interesse particular.
d) O ato administrativo discricionário está sujeito a controle judicial, sobretudo no
que se refere à presença de motivação, respeitados os limites da discricionariedade
conferida à Administração.
e) O ato discricionário, sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade, é
insuscetível de controle jurisdicional, mesmo que praticado com abuso de poder.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Em regra, o controle judicial incide apenas sobre a
legalidade dos atos administrativos, não se pronunciando sobre a
conveniência e oportunidade do ato em exame, ou seja, sobre o mérito
administrativo. Os elementos que perfazem o mérito do ato administrativo
(motivo e objeto) somente poderão ser objeto de análise pelo Poder Judiciário
nos casos em que contrariarem princípios legais (como moralidade,
imparcialidade e eficiência) ou que forem desproporcionais ou não pautados
em critérios previstos em lei. Ressalte-se que, mesmo nos casos em o

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Judiciário avalia o mérito administrativo, trata-se de controle de legalidade,


pois assim se caracteriza a violação aos princípios ou a tomada de decisão
fora dos limites de discricionariedade estabelecidos em lei.
b) ERRADA. A prática de ato administrativo desproporcional, ou seja,
praticado com violação ao princípio da proporcionalidade, pode sim ser
objeto do controle judicial, pois contraria um princípio da Administração
Pública. Tal intervenção não representa ofensa à harmonia entre os Poderes,
muito pelo contrário, constitui exercício da função típica do Poder Judiciário,
a função jurisdicional.
c) ERRADA. De fato, o ato que aprecia pedido de licença de servidor para
tratar de interesse particular é um ato discricionário. O erro é que, em regra,
não é cabível ao Poder Judiciário examinar o mérito do ato administrativo
discricionário, como comentado na alternativa “a”.
d) CERTA. Embora não seja a regra, é correto afirmar que o ato
administrativo discricionário está sujeito a controle judicial, respeitados os
limites da discricionariedade conferida à Administração. Como já comentado,
se a Administração praticar ato que extrapole os limites de discricionariedade
ou que viole os princípios administrativos, o controle judicial poderá incidir
sobre o mérito do ato. Por exemplo, se a lei exigir motivação para a prática de
um ato discricionário (ex: definição do número de dias da suspensão a ser
aplicada a um servidor) e a autoridade competente não a realizar, tal ato será
considerado ilegal, de modo que o Poder Judiciário poderá anulá-lo.
e) ERRADA. Ao contrário do que afirma o item, o ato discricionário
praticado com abuso de poder é sim suscetível de controle jurisdicional, pois
o vício do ato o torna ilegal.
Gabarito: alternativa “d”

Enfim, a partir dessas considerações iniciais – que, na verdade,


serviram mais para relembrar alguns aspectos já estudados no decorrer
do curso – vamos avançar apresentando as principais características das
ações judiciais disponíveis para o controle das atividades da
Administração Pública. A ideia, aqui, não é esgotar assunto, tendo em
vista que o tema geralmente é aprofundado em outras disciplinas, como o
Direito Constitucional e o Direito Processual Civil. Assim, cuidaremos
apenas do que importa para que façamos as provas de Direito
Administrativo, ok?
Vamos lá!

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

MANDADO DE SEGURANÇA

O mandado de segurança individual é ação prevista no art. 5º, LXIX


da CF:

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Perceba que o mandado de segurança (MS) possui um caráter


residual, pois ampara direito líquido e certo, desde que não seja possível
a impetração de habeas corpus ou habeas data.
É sempre uma ação de natureza civil, mesmo que seja utilizado
contra decisão proferida em processo criminal, trabalhista, eleitoral, ou
qualquer outro.
O MS é cabível contra o chamado “ato de autoridade” (chamada de
autoridade coatora) entendido como qualquer manifestação ou omissão
ilegal e ofensiva do Poder Público ou de seus delegados no desempenho
de atribuições públicas. A pretensão no MS é obter uma sentença judicial
de conteúdo mandamental (e não punitivo), isto é, uma ordem para
que a autoridade coatora faça ou se abstenha de fazer alguma coisa.
O objeto do mandado de segurança é um ato administrativo
específico que seja ilegal e ofensivo ao direito líquido e certo do
impetrante, podendo atacar, ainda, leis e decretos de efeitos concretos,
assim como as deliberações legislativas e as decisões judiciais para as
quais não haja recurso que possa impedir a lesão ao direito subjetivo do
impetrante.
Ressalte-se que também é possível mandado de segurança contra
omissões administrativas. Por exemplo: uma autoridade pública aplica
uma penalidade administrativa a você, que recorre dela. Entretanto, a
autoridade, resolve “guardar o recurso na gaveta”, sem apreciá-lo. Nesse
caso, cabe mandado de segurança contra a inércia (omissão) da
autoridade coatora para que seja fixado um prazo para a apreciação do
recurso9.

9 STF MS 24.167

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

As omissões das autoridades também


podem violar direito líquido e certo do
indivíduo, legitimando a impetração do
mandado de segurança.

Porém, nem todo o direito é amparado pela via do mandado de


segurança: a Constituição exige que o direito invocado seja líquido e
certo.
Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano através de
prova documental, e sem incertezas, a respeito dos fatos narrados pelo
declarante. É o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado
na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Se a
existência do direito for duvidosa; se a sua extensão ainda não estiver
delimitada; se o seu exercício depender de situações e fatos ainda
indeterminados, não será cabível o mandado de segurança. Isso porque,
no processo do mandado de segurança, não existe uma fase destinada à
produção de provas, ou seja, não há dilação probatória. As provas
devem ser pré-constituídas, documentais, levadas aos autos do processo
no momento da impetração.
Se o direito a ser defendido não é líquido e certo, ou seja, se para
convencer o juiz for necessário juntar novas provas, ouvir testemunhas,
colher novos documentos, o impetrante deve se valer das ações judiciais
comuns.
Ressalte-se que a liquidez e a certeza referem-se aos
fatos alegados pelo impetrante para ajuizamento do mandado de
segurança (por exemplo, não pode haver dúvida de que o impetrante foi
punido, ingressou com o recurso e a autoridade não o apreciou).
Por outro lado, a certeza e liquidez não dizem respeito à matéria de
direito, por mais difícil e complexa que seja. Em outras palavras, no
MS podem ser discutidas quaisquer questões relativas a interpretação de
leis, revogação, ponderação de princípios, conflitos de normas etc. Até
mesmo a inconstitucionalidade de uma lei pode ser reconhecida no âmbito
do MS (declaração incidental, no caso concreto). Desde que os fatos
alegados pelo impetrante estejam, desde logo, devidamente
comprovados, quaisquer teses jurídicas poderão ser discutidas no
processo de mandado de segurança.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

cobrança, o que por si só fundamenta a impetração do MS preventivo, não


necessitando o contribuinte esperar que a cobrança se concretize.
Para ilustrar, imagine que foi editada uma lei – que o contribuinte
considera contrária à Constituição – aumentando o imposto de
importação, e que esse contribuinte já adquiriu mercadoria no exterior, a
qual já foi enviada para o Brasil. Existe, no caso, uma ameaça concreta de
que a autoridade tributária, diante da situação de fato, efetue a cobrança
do tributo com base na nova lei (afinal, cobrança é um ato vinculado, não
dando margem para a autoridade agir diferente). Portanto, com base em
tal ameaça, o contribuinte poderá impetrar o MS de caráter preventivo a
fim de evitar a cobrança do imposto. Note que o MS será impetrado contra
o ato administrativo de cobrança do tributo (ainda não praticado), e não
contra a lei em tese. Apenas incidentalmente deve ser arguida a
inconstitucionalidade da lei que ensejaria a cobrança preventivamente
impugnada.
O autor Carvalho Filho adverte, quanto ao MS preventivo, não ser
qualquer ameaça que habilita o interessado à propositura da ação, “até
porque existem posturas que só representam ameaças a espíritos mais
frágeis (...) a ameaça reclama: a) realidade, para que o interessado
demonstre se é efetiva a prática iminente do ato ou de seus efeitos;
b) objetividade, indicando-se que a ameaça deve ser séria, e não
fundada em meras suposições; c) atualidade, significando que a ameaça
é iminente e deve estar presente ao momento da ação, não servindo,
pois, ameaças pretéritas e já ultrapassadas”.
No caso do MS repressivo, por outro lado, o que se pretende é coibir
os efeitos prejudiciais ao interessado do ato ou da omissão já
concretizados. No nosso exemplo do imposto de importação, caberia o MS
repressivo após a cobrança do tributo pela autoridade fazendária.
O prazo para impetração do MS é de 120 dias contados da data
em que o interessado tomar ciência do ato impugnado 10. A doutrina, em
sua maioria, entende que tal prazo é decadencial, não sendo passível de
suspensão ou interrupção. Caso ultrapassado, restaria ao prejudicado as
vias ordinárias. A questão do prazo do MS já foi, inclusive, objeto de
súmula do STF, ante as dúvidas inúmeras vezes suscitadas àquela Corte,
que assim fixou seu entendimento:

10 Se o MS for impetrado contra uma omissão, os 120 dias começarão a contar da data em que se esgotar o

prazo fixado para a Administração editar o ato; se não existir um prazo legal expresso previsto para a
Administração atuar, não cabe falar em decadência, ou seja, o MS poderá ser impetrado a qualquer tempo,
enquanto persistir a omissão.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Súmula 632 – STF: "É constitucional lei que fixa prazo de decadência
para impetração de mandado de segurança".

Vale saber, ainda, que é possível ao juiz conceder liminar para


suspender o ato impugnado quando houver plausibilidade jurídica no
pedido (fumus boni juris) e o risco de dano irreparável ou de difícil
reparação em decorrência da demora na decisão definitiva do MS
(periculum in mora).
Vale salientar que o deferimento da medida liminar não implica
prejulgamento; apenas suspende temporariamente o ato impugnado, a
fim de evitar lesão irreparável a eventual direito do impetrante. Os efeitos
da medida liminar persistirão até a prolação da sentença definitiva, salvo
se, antes disso, a liminar for revogada ou cassada (art. 7º, §3º).
Entretanto, há casos em que a liminar não poderá ser concedida.
Com efeito, nos termos do art. 7º, §2º da Lei 12.016/2009 (Lei do
mandado de segurança), não será concedida medida liminar que tenha
por objeto a:
▪ Compensação de créditos tributários,
▪ Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior
▪ Reclassificação ou equiparação de servidores públicos
▪ Concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de
qualquer natureza.

É importante destacar que há diversas situações em que o


mandado de segurança NÃO poderá ser utilizado. Vejamos as
principais:

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Da mesma forma que o mandado de segurança, a ação popular


também poderá ser preventiva – quando for ajuizada antes da prática do
ato lesivo, com o fim de evita-lo – ou repressiva – quando o intuito da
ação for a anulação do ato lesivo já praticado.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A ação civil pública está prevista no art. 129 da CF, nos seguintes
termos:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


(...)

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do


patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos;
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste
artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
nesta Constituição e na lei.

A ação civil pública possui muitos pontos em comum com a ação


popular, mas com ela não se confunde. Tanto é que é possível um
mesmo fato ensejar, concomitantemente, a propositura de ação popular e
de ação civil pública.
O primeiro ponto digno de nota é que a ação civil pública,
diferentemente da ação popular, pode ser proposta pelo Ministério
Público. Aliás, como se vê, o art. 129 da CF coloca a proposição dessa
ação no rol de competências institucionais do órgão.
Contudo, não se trata de ação de titularidade exclusiva do Parquet. O
§1º do mesmo art. 129 dispõe que a legitimação do Ministério Público não
impede a de terceiros. Com efeito, a Lei 7.347/198511 estabelece que são
legitimados para propor a ação civil pública:
▪ Ministério Público;

▪ Defensoria Pública;
▪ União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
▪ Autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

11 Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao

consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá
outras providências.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 51 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

▪ Associação que, concomitantemente:

✓ esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
✓ inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio
público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica,
à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Quanto ao alcance, a ação civil pública é bastante abrangente,


servindo para a tutela de quaisquer interesses difusos e coletivos, de
relevância social, como danos ao meio ambiente, aos interesses dos
consumidores, à ordem urbanística etc. Ressalte-se que, assim como a
ação popular, a ação civil pública não se presta à tutela de interesses
individuais determinados, mas sim à proteção do interesse público ou
geral.
Nesse sentido, prescreve o parágrafo único do art. 1º da
Lei 7.347/85 que:

“não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos
beneficiários podem ser individualmente determinados”.

Da mesma forma que a ação popular, a ação civil pública pode ter
finalidade preventiva ou repressiva, isto é, pode ter por escopo evitar
uma lesão, ou, se já ocorrida, repará-la (se possível) e responsabilizar os
que a ocasionaram, por ação ou omissão.
Uma peculiaridade da ação civil pública é que o conteúdo da sentença
judicial pode ser tanto uma obrigação de fazer ou não fazer como a
condenação em dinheiro do responsável por uma lesão ou ameaça de
lesão aos bens jurídicos por ela tutelados. Em regra, a sentença na ação
civil pública não anula algum ato, até porque, na maioria das vezes, o
desfazimento do dano causado não é possível (ex: a poluição de um rio,
com a consequente morte de milhares de peixes e outros animais
aquáticos, por exemplo, não pode ser desfeita 12 ). A ação popular, ao
contrário, visa à anulação de um ato que ocasiona lesão ou ameaça a
lesão (a eventual condenação do responsável é apenas subsidiária).
Dessa forma, tem-se que, na ação civil pública, a sentença é
preponderantemente condenatória (condenação em dinheiro) ou
mandamental (obrigação de fazer e não fazer), enquanto na ação

12 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 958).

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

28. (FGV – OAB 2013) Cristina, cidadã brasileira comprometida com a boa
administração, descobre que determinada obra pública em sua cidade foi realizada
em desacordo com as normas que regem as licitações públicas, com vistas a
beneficiar um particular amigo do prefeito. De posse de cópias do processo
administrativo que comprovam a situação, pretende ingressar com medida judicial
para a proteção do patrimônio público.
Para combater tal situação, Cristina deverá
A) ingressar com ação civil pública, que é o meio apto a sanar a lesividade ao
patrimônio público.
B) propor ação penal privada subsidiária da pública para condenar o prefeito e o
particular beneficiado e reparar os prejuízos causados aos cofres públicos.
C) impetrar mandado de segurança coletivo para amparar direito liquido e certo seu
e de todos os cidadãos aos princípios da legalidade e moralidade.
D) ingressar com ação popular apta a proteger o patrimônio público indevidamente
lesado.
Comentários: A ação judicial disponível a qualquer cidadão com o fim de
anular ato lesivo ao patrimônio público é a ação popular, conforme previsto
no art. 5º, LXXIII da CF:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;

Gabarito: alternativa “d”

29. (Cespe – MPTCDF 2013) O STF poderá, apenas após ação judicial, acolher
reclamação administrativa, anular o ato administrativo e determinar que outro seja
praticado.
Comentário: A questão trata das Súmulas Vinculantes, que são
enunciados pacificados na jurisprudência do STF de observância obrigatória
pelos demais tribunais do Judiciário, no exercício da função judicial, e
também pela Administração Pública, no exercício da função administrativa.
Caso um ato administrativo ou uma decisão judicial contrariem algum
enunciado de Súmula Vinculante, o prejudicado poderá interpor reclamação
perante o Supremo Tribunal Federal que, se considera-la procedente, anulará
o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

que outra seja proferida. É o que diz o art. 103-A da Constituição Federal:
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
(...)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso.

O erro da questão é que a reclamação contra ato da Administração não


precisa ser precedida de ação judicial, ou seja, pode ser interposta
diretamente perante do STF. Detalhe é que, segundo o art. 7º. §1º da Lei
11.417/2006, caso a reclamação seja dirigida contra omissão ou ato da
administração pública, o uso da reclamação só será admitido após
esgotamento das vias administrativas.
Gabarito: Errado

CONTROLE SOCIAL

O controle social da Administração Pública é exercido pelo cidadão


diretamente ou pela sociedade civil organizada. O ordenamento jurídico
brasileiro, a começar pela Constituição Federal, estabelece diversas
formas de controle social, que pode ser exercido tanto no momento da
formulação da política pública como na fase de execução.
A seguir, alguns exemplos de ações de controle acessíveis a qualquer
cidadão:
▪ Denunciar irregularidades aos órgãos de controle externo (CF,
art. 74, §2º);
▪ Propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público e à
moralidade administrativa (CF, art. 5º, LXXIII);
▪ Examinar e questionar a legitimidade das contas de todas as esferas
de governo, as quais ficarão à disposição de qualquer contribuinte no
respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável por sua
elaboração (CF, art. 31, §3º; LRF, art. 49);

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

▪ Conhecer e acompanhar, em tempo real, em meios eletrônicos de


acesso público, informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira (LC 131/2009);
▪ Sugerir, criticar, reclamar ou informar a respeito de ato de gestão ou
ato administrativo praticado por agente público jurisdicionado ao TCU, por
meio da ouvidoria do Tribunal (Resolução TCU 214/2008).

*****
Pessoal, com isso terminamos a parte sobre Controle da
Administração Pública. Vamos agora estudar Improbidade
Administrativa.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A Lei 8.429/1992 dispõe sobre as sanções aplicáveis ao


agente público, servidor ou não, em razão de atos de improbidade
praticados contra a Administração Pública.
Geralmente, associa-se o conceito de improbidade ao de moralidade.
Em verdade, para os fins de aplicação da lei, o conceito de improbidade é
mais amplo, pois abrange não só atos desonestos ou imorais, praticados
com ofensa aos princípios da Administração Pública, mas também atos
ilegais em sentido estrito, ou seja, praticados com ofensa às regras
positivadas em leis, normas e regulamentos. Além disso, ato de
improbidade pode referir-se não apenas a um ato administrativo, no
sentido jurídico do termo, mas também a uma conduta ou mesmo a uma
omissão.

NATUREZA DAS SANÇÕES

A punição para atos de improbidade administrativa está prevista na


própria Constituição Federal, em seu art. 37, §4º:

§4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão


dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.

Nesse sentido, a Lei de Improbidade institui as sanções previstas na


Constituição (quais sejam, suspensão dos direitos políticos, perda da
função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário) e,
adicionalmente, relaciona outras tantas.
Detalhe é que, a rigor, nem todas as consequências estabelecidas
pela Lei 8.429/1992 são penalidades. Por exemplo, a indisponibilidade de
bens, como veremos adiante, é uma medida de natureza cautelar cuja
finalidade não é punir alguém, e sim evitar que a pessoa se desfaça de
seus bens a fim de frustrar uma eventual execução judicial.
Embora o ato de improbidade seja considerado um ilícito de ordem
civil (e não de ordem penal), as sanções previstas na Lei 8.429/92 para
penalizar a sua prática são de natureza administrativa, civil e política.
Vejamos (art. 12):

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

denunciante está sujeito a detenção de 6 a 10 meses e multa, bem


como a ter de indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à
imagem que houver provocado (art. 19).
As penalidades previstas na Lei de Improbidade são aplicadas
independentemente de outras sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica. Assim, um agente
público penalizado pelo Tribunal de Contas por ter causado prejuízo ao
erário também pode ser punido pelo mesmo motivo no Judiciário, com
fulcro na Lei de Improbidade Administrativa. O mesmo vale, como já
assinalado, para eventuais cominações na esfera penal ou, ainda, na
esfera administrativa, conforme previsto na legislação do funcionalismo
público de cada ente da federação.
Ademais, a aplicação das sanções, em qualquer hipótese, independe
(art. 21):
• Da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena
de ressarcimento ao erário;
• Da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou
pelo Tribunal de Contas.

Por outro lado, o enquadramento na Lei de Improbidade


Administrativa exige dolo ou culpa, ou seja, deve-se avaliar o elemento
subjetivo da conduta do agente. Assim, por exemplo, o descumprimento
de uma lei não pode ser classificado como ato de improbidade sem antes
ser avaliada a intenção do transgressor e concluir-se pela presença de
comportamento doloso ou culposo.
Na verdade, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui
jurisprudência consolidada no sentido de que “para que seja reconhecida
a tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de
Improbidade Administrativa, é necessária a demonstração do elemento
subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos artigos
9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo 10”13.
Portanto, exige-se dolo para os atos dos artigos 9º (enriquecimento
ilícito), 10-A (concessão ou aplicação indevida de benefício tributário ou
financeiro), 11 (violação dos princípios da Administração Pública), e dolo
ou culpa para os do artigo 10 (prejuízo ao erário). Estudaremos esses
artigos daqui a pouco.

13 AgRg no AREsp 20.747/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 59 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Público, proibição de receber benefícios fiscais ou creditícios), a ação de


improbidade administrativa é uma ação de natureza civil, sendo uma espécie
de ação civil pública.
c) ERRADA. Embora o ato de improbidade seja considerado um ilícito de
ordem civil, as sanções previstas na Lei 8.429/92 para penalizar a sua prática
são de natureza administrativa, civil e política. Como afirmado acima, a Lei
8.429/92 não prevê sanções de ordem penal, razão pela qual a banca resolveu
anular essa questão, que apontava essa alternativa “c” como gabarito
preliminar.
d) ERRADA. A ação de improbidade administrativa é uma ação judicial
(espécie de ação civil pública), e não uma ação administrativa.
Gabarito: anulada

31. (Cespe – TCE/ES – Procurador 2009) Os atos de improbidade administrativa,


além de infrações administrativas que podem levar à perda do cargo público,
correspondem, necessariamente, às infrações penais que tutelam as finanças do
Estado.
Comentário: Primeiramente, é preciso lembrar que as medidas punitivas
previstas na Lei 8.429/92 são de natureza política, administrativa e civil. A Lei
não prevê sanções de índole penal. Aliás, a própria norma constitucional
(art. 37, §4º) é enfática nesse ponto: “sem prejuízo da ação penal cabível”. No
entanto, as condutas dos agentes públicos que configuram ato de improbidade
administrativa amoldam-se, quase sempre, a figuras penais específicas,
previstas na legislação penal. A questão em comento erra ao afirmar que os
atos de improbidade correspondem necessariamente às infrações penais que
tutelam as finanças do Estado. Na verdade, podem corresponder, mas não
necessariamente correspondem. A persecução dessas figuras penais dá-se na
esfera criminal, independentemente da aplicação, ou não, em relação ao fato
que simultaneamente configura ato de improbidade e crime, das sanções
previstas na Lei 8.429/92.
Gabarito: Errado

32. (Cespe – Suframa 2014) A ação de improbidade que vise ressarcir


integralmente o patrimônio público da lesão ocorrida poderá importar na
indisponibilidade dos bens do servidor que praticou o ato de forma dolosa. No
entanto, caso o ato tenha sido praticado de forma culposa, o servidor não poderá
responder patrimonialmente, uma vez que estará configurada a culpa in eligendo da
administração pública, a contratante.
Comentário: No caso de ato de improbidade que tenha provocado
prejuízo ao erário, a responsabilização do agente pode ocorrer se ele tiver

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 61 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

agido com dolo ou culpa, daí o erro. Por outro lado, nas hipóteses de
enriquecimento ilícito, concessão de benefício tributário indevido e de violação
dos princípios da Administração Pública, a responsabilização por improbidade
administrativa só existe em caso de dolo, mas não de culpa.
Gabarito: Errado

33. (Cespe – TCDF 2014) O herdeiro de deputado distrital que tenha, no exercício
do mandato, ocasionado lesão ao patrimônio público e enriquecido ilicitamente está
sujeito às cominações da Lei de Improbidade Administrativa, mas somente até o
limite do valor da herança recebida.
Comentário: Os sucessores se sujeitam às cominações de natureza
patrimonial da Lei de Improbidade Administrativa, a exemplo do ressarcimento
ao erário e da perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.
Detalhe é que a responsabilidade dos sucessores se limita ao valor da herança
recebida.
Gabarito: Certo

ABRANGÊNCIA

A Lei de Improbidade Administrativa alcança a Administração direta


e indireta de qualquer dos Poderes, em todos os entes da
Federação (União, Estados, Municípios), ou seja, trata-se de uma lei de
caráter nacional.
Como visto, a Lei estabelece sanções para os agentes públicos que
praticarem atos de improbidade administrativa. Tais agentes são
considerados os sujeitos ativos dos atos de improbidade administrativa,
exatamente por serem as pessoas que podem praticar tais atos.
Para os efeitos da Lei, considera-se agente público todo aquele que
exerce mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por qualquer forma
de investidura, inclusive eleição.
O conceito é bastante amplo, podendo-se dizer que qualquer sujeito
que exerça uma função estatal deve ser considerado agente público para
os fins da Lei de Improbidade, compreendendo não apenas os servidores
estatais (titulares de cargos públicos efetivos ou em comissão e
empregados públicos), mas ainda os agentes políticos e mesmo
particulares em colaboração com o Estado.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Portanto, para os fins da Lei de Improbidade, “agente público” é


gênero no qual se encontram as seguintes espécies:
 Agentes políticos14: são os titulares de cargos estruturais à organização
política do país; o vínculo que entretêm com o Estado é de natureza
política, isto é, não profissional; submetem-se ao regime estatutário
definido primordialmente pela própria Constituição. São exemplos: Chefes
do Executivo, Ministros e Secretários, Senadores, Deputados e Vereadores;
 Agentes estatais: são tanto os servidores públicos quanto os empregados
públicos; o vínculo que possuem com o Estado possui natureza profissional;
 Particulares em colaboração com o Poder Público: são todos os que
firmam com o Estado um vínculo jurídico, pouco importa se por breve
tempo ou em situação de estabilidade. São exemplos os requisitados a
exercerem alguma atividade pública, tal como os mesários e os convocados
ao serviço militar, além de notários, tabeliães e registradores.

Mas a lei vai além, e aplica-se, no que couber, ao terceiro que,


mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática de
ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma, direta ou
indireta.
Assim, não é preciso ser servidor público ou ter algum vínculo jurídico
com o Estado para enquadrar-se nas hipóteses da Lei de Improbidade.
Ademais, o terceiro não precisa necessariamente obter vantagem pessoal
para estar sujeito à Lei: basta que induza ou concorra para a prática de
ato de improbidade. São exemplos as pessoas representantes de
empresas privadas que atuam em conluio com agente público para
fraudar licitação.
Importante ressaltar que o terceiro apenas se submete à Lei de
Improbidade se algum agente público também estiver envolvido no ato,
vale dizer, a pessoa sem vínculo com o Poder Público jamais pode
praticar um ato de improbidade isoladamente. Com efeito, a Lei
8.429/92 só prevê as seguintes hipóteses em que o terceiro poderá ser
responsabilizado por improbidade administrativa15:

14 Em 2007, na Rcl 2.138, o STF decidiu que a Lei de Improbidade não se aplica aos agentes políticos
sujeitos ao regime de crime de responsabilidade, quais sejam, Presidente da República, Ministros de
Estado, Procurador-Geral da República, Ministros do STF, Governadores e Secretários de Estado. A Lei se
aplicaria apenas aos agentes políticos não sujeitos a esse regime, a exemplo dos parlamentares de um
modo geral e dos prefeitos. Esse entendimento, contudo, tem sido superado pela jurisprudência mais
atual, especialmente do STJ, que vem admitindo a sujeição de todos os agentes políticos à Lei 8.429/92,
conforme veremos adiante.
15 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 961).

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Os agentes públicos e os terceiros sujeitam-se às sanções previstas


na lei pela prática de atos de improbidade contra o patrimônio dos órgãos
e entidades indicados no art. 1º, abrangendo “a administração direta,
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público”.
Dessa forma, estará sujeito à Lei 8.429/92 o agente público que
praticar ato de improbidade, por exemplo, contra o patrimônio de uma
autarquia municipal, de um Tribunal do Judiciário Estadual ou de uma
empresa pública federal.
Ademais, serão punidos na forma da lei os atos de improbidade
praticados contra entidade privada da qual o erário participe com mais
de 50% do patrimônio ou da receita anual. Se a participação de
dinheiro público no patrimônio ou receita da empresa privada for menor
que 50% ou, ainda, se a empresa receber subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público, a Lei de Improbidade
também é aplicável; porém, nesses casos, a sanção patrimonial limita-se
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. O que
ultrapassar esse montante, a entidade terá de pleitear por outra via que
não a ação civil pública de que trata a Lei de Improbidade Administrativa
(art. 1º, parágrafo único).
Os órgãos e entidades que podem ser vítimas dos atos de
improbidade são os sujeitos passivos desses atos. Vamos resumi-los a
seguir:

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 66 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

prática de ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma, direta


ou indireta. São exemplos clássicos as pessoas representantes de empresas
privadas que atuam em conluio com agente público para fraudar licitação,
exatamente como no caso narrado na questão.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
b) ERRADA. Ambos estão sujeitos à Lei de Improbidade. O gerente de
licitações da empresa pública, na qualidade de agente público, e o presidente
da construtora, na qualidade de terceiro que induziu ou concorreu para a
prática do ato.
c) ERRADA. Como dito acima, ambos estão sujeitos a eventual ação de
improbidade.
d) CERTA. Confirmando o que foi dito anteriormente.
Gabarito: alternativa “d”

35. (Cespe – TCU 2008) Sílvio, empresário, concorreu para a prática de ato de
improbidade, enriquecendo ilicitamente. Nesse caso, mesmo não sendo agente
público, será atingido pelas disposições da Lei de Improbidade. Assim, após sua
morte, seus sucessores estarão sujeitos às cominações da Lei de Improbidade até o
limite do valor da herança.
Comentário: As disposições da Lei de Improbidade Administrativa são
aplicáveis, no que couber, a todo aquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática de ato de improbidade ou dele se
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta (art. 3º). Perceba que,
necessariamente, deve haver participação de agente público para que o
particular possa ser condenado por ato de improbidade (“induza” ou
“concorra”). Se a responsabilidade pela conduta for exclusivamente do
particular, a reparação do dano deve ser enquadrada em outra lei. Na situação
apresentada pelo quesito, o empresário concorreu, isto é, contribuiu com
agente público para a prática de ato de improbidade, enriquecendo
ilicitamente. Portanto, será sim atingido pela Lei 8.429/1992. Além disso, é
certo que seus sucessores estarão sujeitos às cominações previstas na
referida Lei, até o limite da herança, nos termos do art. 8º. Cabe lembrar que a
responsabilidade dos sucessores restringe-se às cominações com natureza de
indenização para recompor o patrimônio público lesado, ou seja,
ressarcimento do dano e restituição dos bens ou valores que resultaram no
enriquecimento ilícito. Ademais, a responsabilidade limita-se ao valor da
herança. Jamais os sucessores responderiam por uma sanção de natureza
pessoal, como a multa por exemplo.
Gabarito: Certo

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 68 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

PRESCRIÇÃO

As ações destinadas à aplicação das sanções previstas na Lei de


Improbidade prescrevem em cinco anos após o término do exercício de
mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança.
Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, aplica-se o
prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público.
Caso o agente público exerça, cumulativamente, cargo efetivo e
cargo comissionado, há de prevalecer o primeiro (cargo efetivo), para fins
de contagem prescricional17.
No caso de ato de improbidade praticado contra o patrimônio de
entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo,
fiscal ou creditício, de órgão público, bem como daquelas para cuja criação
ou custeio o erário concorra com menos de 50% do patrimônio ou da
receita anual, o prazo de prescrição é de cinco anos, contados da data da
apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas
entidades.
Lembrando, porém, que as ações civis de ressarcimento ao erário
são imprescritíveis (CF, art. 37, §5º). Portanto, os prazos acima se
aplicam somente às demais penalidades, e não ao ressarcimento do dano.

17 Resp 200801124618, de 18/9/2009.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 69 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E RES PECTIVAS


SANÇÕES

Segundo a Lei 8.429/1992, atos de improbidade administrativa são


atos que:

✓ Importam enriquecimento ilícito (art. 9º).


✓ Causam prejuízo ao erário (art. 10).
✓ Decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício
financeiro ou tributário (art. 10-A).
✓ Atentam contra os princípios da Administração Pública (art.
11).

A lista de atos de improbidade apresentada nos incisos de cada


dispositivo acima não é taxativa, mas meramente exemplificativa (veja
a palavra “notadamente” nos respectivos caput), exceto em relação aos
atos decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício
financeiro ou tributário, para os quais a lei apresenta uma lista taxativa.
Ademais, o mesmo ato pode ser enquadrado em mais de uma das
hipóteses apresentadas. Nesse caso, aplicam-se as sanções previstas para
a infração mais grave.
Vale observar que as sanções utilizadas para punir atos que
importam enriquecimento ilícito são mais pesadas que as aplicáveis aos
atos que causam prejuízo ao erário e aos decorrentes de concessão ou
aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário, as quais, por sua
vez, são mais pesadas que as aplicáveis aos atos que atentam contra os
princípios da Administração Pública. Assim, a Lei estabelece uma
hierarquia entre os atos de improbidade, punindo com mais rigor aqueles
que considera mais graves.
Vamos ver a definição de cada modalidade e as respectivas sanções
previstas na Lei.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 71 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

concessão de benefício tributário indevido e os que atentam contra os


princípios da Administração Pública. No caso, não houve enriquecimento do
agente tampouco prejuízo ao erário, uma vez que a empresa do genro foi
contrata a preço inferior ao da licitação. Mas houve ofensa ao princípio da
impessoalidade, pois a licitação visa exatamente a evitar favorecimentos nas
contratações, permitindo igualdade de competição a todos. Assim, ao
contratar diretamente com a empresa do genro, o dirigente da autarquia
atentou contra o referido princípio, configurando ato de improbidade
administrativa. Tal explanação justifica, ao mesmo tempo, o erro das
alternativas “a” e “b” e o acerto da alternativa “c”.
Em relação à alternativa “d”, o erro é que os atos expressamente
tipificados na Lei 8.429/92 são apenas exemplificativos, ou seja, a lei não
contém uma lista taxativa de atos de improbidade (exceto em relação à
concessão de benefícios de ISS indevidos, art. 10-A). Dessa forma, a
contratação direta sem licitação, embora não esteja listada no art. 11 da lei,
pode ser considerada um ato de improbidade que atenta contra os princípios
da Administração Pública, pois representa uma ofensa ao princípio da
impessoalidade.
Gabarito: alternativa “c”

37. (FGV – OAB 2014) Caio, chefe de gabinete do prefeito do município X,


ocupante exclusivamente de cargo em comissão, conhecendo os planos concretos
da prefeitura para levar asfaltamento, saneamento e outras intervenções
urbanísticas a um bairro mais distante, revela a alguns construtores tal fato, levando-
os a adquirir numerosos terrenos naquela localidade antes que ocorresse sua
valorização imobiliária. Caio recusa, expressamente, todos os presentes enviados
pelos construtores.
Sobre a situação hipotética descrita acima, assinale a opção correta.
A) O ato de improbidade pode estar configurado com a mera comunicação, antes da
divulgação oficial, da medida a ser adotada pela prefeitura, que valorizará
determinados imóveis, ainda que não tenha havido qualquer vantagem para Caio.
B) A configuração da improbidade administrativa depende, sempre, da existência de
enriquecimento ilícito por parte de Caio ou de lesão ao erário, requisitos ausentes no
caso concreto.
C) Caio, caso venha a ser condenado criminalmente pela prática das condutas
acima descritas, não poderá responder por improbidade administrativa, sob pena de
haver bis in idem.
D) Caio não responde por ato de improbidade, por não ser servidor de carreira;
responde, todavia, por crime de responsabilidade, na qualidade de agente político,

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 79 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

ocupante de cargo em comissão.


Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. A Lei 8.429/92 apresenta como exemplo de ato de improbidade
que atenta contra os princípios da Administração Pública “revelar fato ou
circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo” (art. 11, III). Para a configuração do ato, não é
necessário que o agente infrator tenha recebido alguma vantagem pessoal;
basta que ele tenha violado os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições.
b) ERRADA. A configuração da improbidade administrativa não depende,
sempre, da existência de enriquecimento ilícito por parte do agente ou de
lesão ao erário. Também configura ato de improbidade qualquer ofensa aos
princípios da Administração Pública.
c) ERRADA. Primeiramente, é preciso lembrar que a ação de improbidade
administrativa é uma ação de natureza civil. Em razão da independência das
instâncias, Caio poderá ser julgado na esfera penal e na esfera civil, sem que
isso configure bis in idem.
d) ERRADA. Para os efeitos da Lei 8.429/92, considera-se agente público
passível de ser condenado por ato de improbidade todo aquele que exerce
mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por qualquer forma de investidura.
Portanto, Caio, ainda que não seja servidor de carreira, e sim ocupante
exclusivamente de cargo em comissão, poderá sim responder por improbidade
administrativa.
Gabarito: alternativa “a”

38. (FGV – OAB 2015) O Ministério Público do Estado W ajuizou ação de


improbidade administrativa contra um ex-governador, com fundamento no Art. 9º da
Lei nº 8.429/1992 (ato de improbidade administrativa que importe enriquecimento
ilícito), mesmo passados quase 3 (três) anos do término do mandato e 6 (seis) anos
desde a suposta prática do ato de improbidade que lhe é atribuída. Nesse caso,
A) o ex-governador está sujeito, dentre outras sanções, à perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ao ressarcimento integral do dano e à
suspensão dos direitos políticos pelo período de oito a dez anos.
B) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que não podem
ser réus de tal demanda aqueles que já não ocupam mandato eletivo e nem cargo,
emprego ou função na Administração.
C) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que já
transcorreram mais de 3 (três) anos desde o término do exercício do mandado

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 80 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

eletivo.
D) é imprescritível a ação de improbidade destinada à aplicação das sanções
previstas na Lei nº 8.429/1992, e, por essa razão, o ex-governador pode sofrer as
cominações legais, mesmo após o término do seu mandato.
Comentário: vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. As penalidades previstas para os agentes condenados por ato
de improbidade administrativa que importe enriquecimento ilícito estão
previstas no art. 12, inciso I da Lei 8.429/92:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa
civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de dez anos;

b) ERRADA. Os agentes que já não ocupam mandato eletivo e nem cargo,


emprego ou função na Administração podem sim ser réus em ações de
improbidade. Tanto é verdade que a Lei 8.429/92 estabelece que o prazo de
prescrição das ações de improbidade começa a contar “após o término do
exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança” (art.
23, I).
c) ERRADA. Segundo o art. 23, I da Lei 8.429/92, o prazo de prescrição é
de cinco anos, contado após o término do exercício de mandato, de cargo em
comissão ou de função de confiança;
d) ERRADA. De fato, o Governador pode sofrer as cominações da Lei de
Improbidade mesmo após o término do seu mandato. O erro é que a ação de
improbidade não é imprescritível. É o que está previsto no art. 23 da Lei
8.429/92:
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem
ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou
de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo
efetivo ou emprego.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 81 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de


contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.

Gabarito: alternativa “a”

39. (Cespe – TCE/BA – Procurador 2010) Atos de improbidade administrativa são


os que geram enriquecimento ilícito ao agente público ou causam prejuízo material à
administração pública. Quem pratica esses atos pode ser punido com sanções de
natureza civil e política — mas não penal — como o ressarcimento ao erário, a
indisponibilidade dos bens e a perda da função pública.
Comentário: Atos de improbidade não são apenas os que geram
enriquecimento ilícito (art. 9º) ou que causam prejuízo material à
Administração (art. 10); compreendem também os que atentam contra os
princípios da Administração Pública (art. 11) e, mais recentemente, os
decorrentes da concessão de benefícios tributários indevidos (art. 10-A), daí o
primeiro erro do quesito. Quem pratica atos de improbidade não está sujeito a
sanção de natureza penal, mas pode ser punido com sanções de natureza civil
e política, mas faltou mencionar as sanções de natureza administrativa, como
a perda da função pública, daí o segundo erro do quesito.
Gabarito: Errado

40. (Cespe – TCE/BA – Procurador 2010) A configuração do ato de improbidade


que viola princípios administrativos independe da ocorrência de dano ou lesão ao
erário público.
Comentário: O item está correto, nos termos do art. 21 da Lei 8.429/92:
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de
ressarcimento;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo
Tribunal ou Conselho de Contas.
Por óbvio, o inciso I acima se refere apenas aos atos de improbidade que
importam enriquecimento ilícito e aos que atentam contra os princípios da
Administração Pública, vez que os que causam prejuízo ao erário, por
definição, requerem a ocorrência de dano ou lesão ao patrimônio público. Já
os dois primeiros podem se consumar sem que deles resultem qualquer
prejuízo material para o patrimônio público.
Ademais, perceba que a aplicação da pena de ressarcimento é prevista
para as três categorias de atos de improbidade, porém só é aplicável nos
casos concretos em que ocorrer dano efetivo ao erário.
Gabarito: Certo

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 82 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

41. (Cespe – TCDF 2012) De acordo com a referida lei [de improbidade
administrativa], a aplicação da pena de ressarcimento aos cofres públicos independe
da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.
Comentário: O quesito está errado, pois a pena de ressarcimento aos
cofres públicos apenas pode ser aplicada quando houver dano ao erário, nos
termos do art. 12 da Lei 8.429/92:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de
acordo com a gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9° [enriquecimento ilícito], perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano,
quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a
dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial
e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10 [prejuízo ao erário], ressarcimento integral do dano,
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito
anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - na hipótese do art. 11 [ofensa aos princípios da Administração Pública],
ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes
o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de três anos.

Gabarito: Errado

42. (Cespe – MDIC 2014) Se, após uma operação da Polícia Federal,
empreendida para desarticular uma quadrilha que agia em órgãos públicos, o
Ministério Público Federal ajuizar ação de improbidade administrativa contra
determinado servidor, devido a irregularidades cometidas no exercício da sua
função, mesmo que esse servidor colabore com as investigações, será vedado o
acordo ou a transação judicial.
Comentário: Nas ações por improbidade administrativa é vedada a
transação, acordo ou conciliação (Lei 8.429/92, art. 17, §1º).
Gabarito: Certo

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 83 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

*****
É isso pessoal. Ficamos por aqui. Espero que tenham aproveitado o
curso.

Qualquer dúvida, poste lá no fórum, ok?

Boa prova!

Erick Alves
As dificuldades são passageiras, e somente alcança o sucesso
quem persiste confiante até o fim. Treinamento difícil, combate
fácil!

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 84 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

JURISPRUDÊNCIA

STF – ADI 916/MT (2/2/2009)


EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO. TRIBUNAL DE
CONTAS. NORMA LOCAL QUE OBRIGA O TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A
EXAMINAR PREVIAMENTE A VALIDADE DE CONTRATOS FIRMADOS PELA
ADMINISTRAÇÃO. REGRA DA SIMETRIA. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO
SEMELHANTE IMPOSTA AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. 1. Nos termos do
art. 75 da Constituição, as normas relativas à organização e fiscalização do
Tribunal de Contas da União se aplicam aos demais tribunais de contas. 2. O art.
71 da Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para
examinar, previamente, a validade de contratos administrativos
celebrados pelo Poder Público. Atividade que se insere no acervo de
competência da Função Executiva. 3. É inconstitucional norma local que
estabeleça a competência do tribunal de contas para realizar exame prévio de
validade de contratos firmados com o Poder Público. Ação Direta de
Inconstitucionalidade conhecida e julgada procedente. Medida liminar
confirmada.
STF - ADI 2238/DF (9/8/2007)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 04 DE MAIO DE
2000 (LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL). MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.980-
22/2000. Lei Complementar nº 101/2000. (...) XXVI - Art. 56, caput: norma
que contraria o inciso II do art. 71 da Carta Magna, tendo em vista que
apenas as contas do Presidente da República deverão ser apreciadas
pelo Congresso Nacional (...)
STF – ADI 1.175/DF (4/8/2004)
TRIBUNAL DE CONTAS - CONTROLE. Surge harmônico com a Constituição
Federal diploma revelador do controle pelo Legislativo das contas dos
órgãos que o auxiliam, ou seja, dos tribunais de contas.
STF – MS 25.092/DF (10/11/2005)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: FISCALIZAÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS.
ADVOGADO EMPREGADO DA EMPRESA QUE DEIXA DE APRESENTAR APELAÇÃO
EM QUESTÃO RUMOROSA. I. - Ao Tribunal de Contas da União compete julgar as
contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). II. - As empresas
públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 85 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

administração indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de


Contas, não obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime
celetista. III. - Numa ação promovida contra a CHESF, o responsável pelo seu
acompanhamento em juízo deixa de apelar. O argumento de que a não-
interposição do recurso ocorreu em virtude de não ter havido adequada
comunicação da publicação da sentença constitui matéria de fato dependente de
dilação probatória, o que não é possível no processo do mandado de segurança,
que pressupõe fatos incontroversos. IV. - Mandado de segurança indeferido.
STF – ADI 687/PA (2/2/1995)
(...) MUNICÍPIOS E TRIBUNAIS DE CONTAS. - A Constituição da República
impede que os Municípios criem os seus próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos
de contas municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permite que os Estados-membros,
mediante autônoma deliberação, instituam órgão estadual denominado Conselho
ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, Rel. Min. OCTAVIO
GALLOTTI - ADI 445/DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA), incumbido de auxiliar as
Câmaras Municipais no exercício de seu poder de controle externo (CF, art. 31, §
1º). - Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios - embora
qualificados como órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º) - atuam, onde tenham
sido instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação técnica das Câmaras de
Vereadores. - A prestação de contas desses Tribunais de Contas dos
Municípios, que são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer,
por isso mesmo, perante o Tribunal de Contas do próprio Estado, e não
perante a Assembléia Legislativa do Estado-membro. Prevalência, na
espécie, da competência genérica do Tribunal de Contas do Estado (CF, art. 71,
II, c/c o art. 75) (...)
STF – MS 24.781/DF (2/3/2011)
Mandado de Segurança. 2. Acórdão da 2ª Câmara do Tribunal de Contas da
União (TCU). Competência do Supremo Tribunal Federal. 3. Controle externo de
legalidade dos atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões.
Inaplicabilidade ao caso da decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99. 4.
Negativa de registro de aposentadoria julgada ilegal pelo TCU. Decisão
proferida após mais de 5 (cinco) anos da chegada do processo
administrativo ao TCU e após mais de 10 (dez) anos da concessão da
aposentadoria pelo órgão de origem. Princípio da segurança jurídica
(confiança legítima). Garantias constitucionais do contraditório e da ampla
defesa. Exigência. 5. Concessão parcial da segurança. I – Nos termos dos
precedentes firmados pelo Plenário desta Corte, não se opera a decadência
prevista no art. 54 da Lei 9.784/99 no período compreendido entre o ato
administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o posterior julgamento
de sua legalidade e registro pelo Tribunal de Contas da União – que
consubstancia o exercício da competência constitucional de controle externo (art.
71, III, CF). II – A recente jurisprudência consolidada do STF passou a se

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 86 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

manifestar no sentido de exigir que o TCU assegure a ampla defesa e o


contraditório nos casos em que o controle externo de legalidade
exercido pela Corte de Contas, para registro de aposentadorias e
pensões, ultrapassar o prazo de cinco anos, sob pena de ofensa ao
princípio da confiança – face subjetiva do princípio da segurança
jurídica. Precedentes. III – Nesses casos, conforme o entendimento fixado no
presente julgado, o prazo de 5 (cinco) anos deve ser contado a partir da
data de chegada ao TCU do processo administrativo de aposentadoria ou
pensão encaminhado pelo órgão de origem para julgamento da
legalidade do ato concessivo de aposentadoria ou pensão e posterior
registro pela Corte de Contas. IV – Concessão parcial da segurança para
anular o acórdão impugnado e determinar ao TCU que assegure ao impetrante o
direito ao contraditório e à ampla defesa no processo administrativo de
julgamento da legalidade e registro de sua aposentadoria, assim como para
determinar a não devolução das quantias já recebidas. V – Vencidas (i) a tese
que concedia integralmente a segurança (por reconhecer a decadência) e (ii) a
tese que concedia parcialmente a segurança apenas para dispensar a devolução
das importâncias pretéritas recebidas, na forma do que dispõe a Súmula 106 do
TCU.
STF – MS 24.510/DF
(...) a atribuição de poderes explícitos, ao Tribunal de Contas, tais como
enunciados no art. 71 da Lei Fundamental da República, supõe que se lhe
reconheça, ainda que por implicitude, a titularidade de meios destinados a
viabilizar a adoção de medidas cautelares vocacionadas a conferir real
efetividade às suas deliberações finais, permitindo, assim, que se
neutralizem situações de lesividade, atual ou iminente ao erário público.
Impende considerar, no ponto, em ordem a legitimar esse entendimento, a
formulação que se fez em torno dos poderes implícitos, cuja doutrina,
construída pela Suprema Corte dos Estados Unidos América, no célebre caso
McCULLOCH v. MARYLAND (1819), enfatiza que a outorga de competência
expressa a determinado órgão estatal importa em deferimento implícito,
a esse mesmo órgão, dos meios necessários à integral realização dos
fins que lhe foram atribuídos.

(...)

É por isso que entendo revestir-se de integral legitimidade constitucional a


atribuição de índole cautelar, que, reconhecida com apoio na teoria dos poderes
implícitos, permite ao Tribunal de Contas da União, adotar as medidas
necessárias ao fiel cumprimento de suas funções institucionais e ao pleno
exercício das competências que lhe foram outorgadas, diretamente, pela própria
Constituição da República.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 87 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

STF – MS 22.934/DF (17/4/2012)


EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA. O
Tribunal de Contas da União, a despeito da relevância das suas funções,
não está autorizado a requisitar informações que importem a quebra de
sigilo bancário, por não figurar dentre aqueles a quem o legislador conferiu
essa possibilidade, nos termos do art. 38 da Lei 4.595/1964, revogado pela Lei
Complementar 105/2001. Não há como admitir-se interpretação extensiva, por
tal implicar restrição a direito fundamental positivado no art. 5º, X, da
Constituição. Precedente do Pleno (MS 22801, rel. min. Menezes Direito, DJe-047
de 14.03.2008.) Ordem concedida.
STF – MS 23.550/DF (4/4/2001)
EMENTA: I. Tribunal de Contas: competência: contratos administrativos (CF, art.
71, IX e §§ 1º e 2º). O Tribunal de Contas da União - embora não tenha poder
para anular ou sustar contratos administrativos - tem competência,
conforme o art. 71, IX, para determinar à autoridade administrativa que
promova a anulação do contrato e, se for o caso, da licitação de que se
originou. II. Tribunal de Contas: processo de representação fundado em
invalidade de contrato administrativo: incidência das garantias do devido
processo legal e do contraditório e ampla defesa, que impõem assegurar aos
interessados, a começar do particular contratante, a ciência de sua instauração e
as intervenções cabíveis. Decisão pelo TCU de um processo de representação, do
que resultou injunção à autarquia para anular licitação e o contrato já celebrado
e em começo de execução com a licitante vencedora, sem que a essa sequer se
desse ciência de sua instauração: nulidade. Os mais elementares corolários da
garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa são a ciência dada ao
interessado da instauração do processo e a oportunidade de se manifestar e
produzir ou requerer a produção de provas; de outro lado, se se impõe a
garantia do devido processo legal aos procedimentos administrativos comuns, a
fortiori, é irrecusável que a ela há de submeter-se o desempenho de todas as
funções de controle do Tribunal de Contas, de colorido quase - jurisdicional. A
incidência imediata das garantias constitucionais referidas dispensariam previsão
legal expressa de audiência dos interessados; de qualquer modo, nada exclui os
procedimentos do Tribunal de Contas da aplicação subsidiária da lei geral de
processo administrativo federal (L. 9.784/99), que assegura aos administrados,
entre outros, o direito a "ter ciência da tramitação dos processos administrativos
em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos (art. 3º, II),
formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão
objeto de consideração pelo órgão competente". A oportunidade de defesa
assegurada ao interessado há de ser prévia à decisão, não lhe suprindo a
falta a admissibilidade de recurso, mormente quando o único admissível
é o de reexame pelo mesmo plenário do TCU, de que emanou a decisão.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 88 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

STF – MS 24.167/RJ (5/10/2006)


EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO ADMINISTRATIVO. INÉRCIA DA
AUTORIDADE COATORA. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA RAZOÁVEL. OMISSÃO.
SEGURANÇA CONCEDIDA. A inércia da autoridade coatora em apreciar
recurso administrativo regularmente apresentado, sem justificativa
razoável, configura omissão impugnável pela via do mandado de
segurança. Ordem parcialmente concedida, para que seja fixado o prazo de 30
dias para a apreciação do recurso administrativo.
STF – MS 27.188/DF (19/12/2008)
MENTA: AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. RESOLUÇÃO DO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA QUE PROÍBE O NEPOTISMO. LEI EM TESE.
INCABÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA A QUE SE NEGOU PROVIMENTO.
AGRAVO IMPROVIDO. I - A Resolução 20/CNJ tem eficácia erga omnes, valendo
para todos que ocupam cargos no âmbito do Poder Judiciário. II - Não há
qualquer ato concreto que tenha levado ao afastamento dos impetrantes
de suas atividades. III - Notificação do titular do cartório que deve ser
impugnada no juízo competente. IV - Agravo improvido.
STF – MS 21.274 (10/2/1994)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA.
ATO NORMATIVO. DECRETO COM EFEITO NORMATIVO: NÃO CABIMENTO DA
SEGURANÇA. Decreto n. 99.547, de 25.09.90. I. - Se o decreto e,
materialmente, ato administrativo, assim de efeitos concretos, cabe
contra ele mandado de segurança. Todavia, se o decreto tem efeito
normativo, generico, por isso mesmo sem operatividade imediata,
necessitando, para a sua individualização, da expedição de ato
administrativo, contra ele não cabe mandado de segurança. (Súmula
266). II. - Mandado de segurança não conhecido.
STF – MS 30.822 (5/6/2012)
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. CONTROLE DE LEGALIDADE DE ATO PRATICADO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO DE RONDÔNIA. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO.
PREVISÃO EM LEI. CRITÉRIOS OBJETIVOS. ORDEM DENEGADA. I – O art. 5º, I,
da Lei 12.016/2009 não configura uma condição de procedibilidade, mas
tão somente uma causa impeditiva de que se utilize simultaneamente o
recurso administrativo com efeito suspensivo e o mandamus. II – A
questão da legalidade do exame psicotécnico nos concursos públicos reveste-se
de relevância jurídica e ultrapassa os interesses subjetivos da causa. III – A
exigência de exame psicotécnico, como requisito ou condição necessária ao
acesso a determinados cargos públicos, somente é possível, nos termos da
Constituição Federal, se houver lei em sentido material que expressamente o
autorize, além de previsão no edital do certame. IV – É necessário um grau

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 89 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

mínimo de objetividade e de publicidade dos critérios que nortearão a avaliação


psicotécnica. A ausência desses requisitos torna o ato ilegítimo, por não
possibilitar o acesso à tutela jurisdicional para a verificação de lesão de direito
individual pelo uso desses critérios V - Segurança denegada.
STF – RE 170768 (26/3/1999)
EMENTA: AÇÃO POPULAR. ABERTURA DE CONTA EM NOME DE PARTICULAR
PARA MOVIMENTAR RECURSOS PÚBLICOS. PATRIMÔNIO MATERIAL DO PODER
PÚBLICO. MORALIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 5º, INC. LXXIII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. O entendimento sufragado pelo acórdão recorrido no
sentido de que, para o cabimento da ação popular, basta a ilegalidade do
ato administrativo a invalidar, por contrariar normas específicas que
regem a sua prática ou por se desviar dos princípios que norteiam a
Administração Pública, dispensável a demonstração de prejuízo material
aos cofres públicos, não é ofensivo ao inc. LXXIII do art. 5º da Constituição
Federal, norma esta que abarca não só o patrimônio material do Poder
Público, como também o patrimônio moral, o cultural e o histórico. As
premissas fáticas assentadas pelo acórdão recorrido não cabem ser apreciadas
nesta instância extraordinária à vista dos limites do apelo, que não admite o
exame de fatos e provas e nem, tampouco, o de legislação infraconstitucional.
Recurso não conhecido.
STF – RE 225.777/MG (24/02/2011)
EMENTA Recurso Extraordinário. Processo Civil. Ação civil pública ajuizada por
membro do Ministério Público estadual julgada extinta por ilegitimidade ativa e
por se tratar de meio inadequado ao fim perseguido. 1. O Ministério Público
detém legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública intentada
com o fito de obter condenação de agente público ao ressarcimento de
alegados prejuízos que sua atuação teria causado ao erário. 2. Meio
processual, ademais, que se mostra adequado a esse fim, ainda que o titular do
direito, em tese, lesado pelo ato não tenha proposto, em seu nome próprio, a
competente ação de ressarcimento. 3. Ausência de previsão, na Constituição
Federal, da figura da advocacia pública municipal, a corroborar tal entendimento.
4. Recurso provido para afastar o decreto de extinção do feito, determinando-se
seu regular prosseguimento.
STJ – Rcl 12.514 / MT (16/9/2013)
PROCESSO CIVIL. COMPETÊNCIA. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. A
ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas
instâncias ordinárias, ainda que proposta contra agente político que
tenha foro privilegiado no âmbito penal e nos crimes de
responsabilidade.
Agravo regimental desprovido.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 90 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

STJ – AREsp 532.658/CE (2/9/2014)


PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. PRELIMINAR. INÉPCIA DA INICIAL. INAPLICABILIDADE DA
LEI 8.429/92 A AGENTES POLÍTICOS. REJEITADA. COMPROVAÇÃO DE
IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS. APLICAÇÃO DAS
PENAS DO ART. 12, II, DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
PROPORCIONALIDADE. RAZOABILIDADE. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
1. O Superior Tribunal de Justiça já sedimentou o entendimento de que a
Lei n. 8.429/1992 se aplica aos agentes políticos. Nesse sentido, vide: Rcl
2790/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 4/3/2010 (...)

STF – RE 444.042/SP (25/9/2012)


EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU PARA
JULGAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONTRA PREFEITO MUNICIPAL
POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 10.628/2002. ACÓRDÃO RECORRIDO EM
HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO..

STF – RE 590.136/MT (2/4/2013)


EMENTA Agravo regimental no agravo de instrumento. Improbidade
administrativa. Prerrogativa de foro. Inexistência. Precedentes. 1.
Inexiste foro por prerrogativa de função nas ações de improbidade
administrativa. 2. Agravo regimental não provido.

STJ – RE 1.066.772/MS (25/8/2009)


ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO. APLICAÇÃO
DA LEI N. 8.429/92 E DO DECRETO N. 201/67 DE FORMA CONCOMITANTE. ATO
IMPROBO QUE TAMBÉM PODE CONFIGURAR CRIME FUNCIONAL. INEXISTÊNCIA
DE BIS IN IDEM. JUÍZO SINGULAR CÍVEL E TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
INAPLICABILIDADE DO PRECEDENTE DO STF (RECLAMAÇÃO N. 2.138/RJ) IN
CASU (...) 4. A Lei n. 8.492/92, em seu art. 12, estabelece que
"Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito" [...] a
penas como suspensão dos direitos políticos, perda da função pública,
indisponibilidade de bens e obrigação de ressarcir o erário e denota que o ato
improbo pode adentrar na seara criminal a resultar reprimenda dessa natureza.
5. O bis in idem não está configurado, pois a sanção criminal, subjacente
ao art. 1º do Decreto-Lei n. 201/67, não repercute na órbita das sanções
civis e políticas relativas à Lei de Improbidade Administrativa, de modo

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 91 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

que são independentes entre si e demandam o ajuizamento de ações


cuja competência é distinta, seja em decorrência da matéria (criminal e
civil), seja por conta do grau de hierarquia (Tribunal de Justiça e juízo
singular) (...)7. Deveras, o julgado do STF em comento trata da
responsabilidade especial de agentes políticos, definida na Lei n. 1.079/50, mas
faz referência exclusiva aos Ministros de Estado e a competência para processá-
los pela prática de crimes de responsabilidade. Ademais, prefeito não está
elencado no rol das autoridades que o referido diploma designa como
agentes políticos.

STJ – Rcl 2.790/SC (2/12/2009)


(...) Excetuada a hipótese de atos de improbidade praticados pelo
Presidente da República (art. 85, V), cujo julgamento se dá em regime
especial pelo Senado Federal (art. 86), não há norma constitucional
alguma que imunize os agentes políticos, sujeitos a crime de
responsabilidade, de qualquer das sanções por ato de improbidade
previstas no art. 37, § 4.º. Seria incompatível com a Constituição eventual
preceito normativo infraconstitucional que impusesse imunidade dessa natureza.

STF – Rcl 2.138/DF (13/6/2007)


EMENTA: RECLAMAÇÃO. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CRIME DE RESPONSABILIDADE.
AGENTES POLÍTICOS. I. PRELIMINARES. QUESTÕES DE ORDEM. (...) II.
MÉRITO. II.1.Improbidade administrativa. Crimes de responsabilidade. Os atos
de improbidade administrativa são tipificados como crime de responsabilidade na
Lei n° 1.079/1950, delito de caráter político-administrativo. II.2.Distinção
entre os regimes de responsabilização político-administrativa. O sistema
constitucional brasileiro distingue o regime de responsabilidade dos
agentes políticos dos demais agentes públicos. A Constituição não
admite a concorrência entre dois regimes de responsabilidade político-
administrativa para os agentes políticos: o previsto no art. 37, § 4º
(regulado pela Lei n° 8.429/1992) e o regime fixado no art. 102, I, "c",
(disciplinado pela Lei n° 1.079/1950). Se a competência para processar
e julgar a ação de improbidade (CF, art. 37, § 4º) pudesse abranger
também atos praticados pelos agentes políticos, submetidos a regime de
responsabilidade especial, ter-se-ia uma interpretação ab-rogante do
disposto no art. 102, I, "c", da Constituição. II.3.Regime especial. Ministros
de Estado. Os Ministros de Estado, por estarem regidos por normas
especiais de responsabilidade (CF, art. 102, I, "c"; Lei n° 1.079/1950),
não se submetem ao modelo de competência previsto no regime comum
da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n° 8.429/1992). II.4.Crimes de
responsabilidade. Competência do Supremo Tribunal Federal. Compete
exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar os delitos

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 92 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

político-administrativos, na hipótese do art. 102, I, "c", da Constituição.


Somente o STF pode processar e julgar Ministro de Estado no caso de
crime de responsabilidade e, assim, eventualmente, determinar a perda
do cargo ou a suspensão de direitos políticos. II.5.Ação de improbidade
administrativa. Ministro de Estado que teve decretada a suspensão de seus
direitos políticos pelo prazo de 8 anos e a perda da função pública por sentença
do Juízo da 14ª Vara da Justiça Federal - Seção Judiciária do Distrito Federal.
Incompetência dos juízos de primeira instância para processar e julgar ação civil
de improbidade administrativa ajuizada contra agente político que possui
prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal, por crime de
responsabilidade, conforme o art. 102, I, "c", da Constituição. III. RECLAMAÇÃO
JULGADA PROCEDENTE.

STJ – 1.314.377/RJ (27/8/2013)


(...) 2. A controvérsia sobre a aplicabilidade da Lei 8.429/92 aos agentes
políticos foi superada, no julgamento da Rcl 2.790/SC, pelo STJ, quando
entendeu que "não há norma constitucional alguma que imunize os
agentes políticos, sujeitos a crime de responsabilidade, de qualquer das
sanções por ato de improbidade previstas no art. 37, § 4.º. Seria
incompatível com a Constituição eventual preceito normativo
infraconstitucional que impusesse imunidade dessa natureza" (Rel. Min.
Teori Zavascki).

3. É inadequada a incidência no caso dos autos do precedente firmado na Rcl


2.138/STF, Min. Gilmar Mendes, pois a ratio decidendi daquele julgamento
estava em evitar o chamado duplo regime sancionatório, tendo em vista que,
naquela hipótese, o processo voltava-se contra Ministro de Estado cujos crimes
de responsabilidade se sujeitam ao regime especial de que trata o art. 52 da
Constituição.

4. O art. 12 da Lei 8.429/92 prevê inúmeras sanções que em nada coincidem


com a única penalidade imposta no art. 7º do DL 201/67 - cassação de mandato
-, de modo que não há risco de duplicidade sancionatória dos vereadores.
Precedentes do STF.

5. Assentada a aplicabilidade da Lei 8.429/92 aos atos praticados pelos


legisladores municipais, consequentemente, tem-se como perfeita a relação de
pertinência subjetiva evidenciada pela ação de improbidade que busca
responsabilizar aqueles agentes políticos pelo recebimento ilegal de subsídios no
período compreendido entre os anos de 1997 e 2000, mostrando-se impertinente
a extinção do feito por ilegitimidade de parte passiva. Violação do art. 267, VI,
do CPC.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 93 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

STF – Pet 3.211/DF (13/3/2008)


EMENTA Questão de ordem. Ação civil pública. Ato de improbidade
administrativa. Ministro do Supremo Tribunal Federal. Impossibilidade.
Competência da Corte para processar e julgar seus membros apenas nas
infrações penais comuns. 1. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar
ação de improbidade contra seus membros. 2. Arquivamento da ação
quanto ao Ministro da Suprema Corte e remessa dos autos ao Juízo de 1º grau
de jurisdição no tocante aos demais.

STJ – REsp 1.151.884/SC (15/5/2012)


ADMINISTRATIVO. ATO DE IMPROBIDADE. AQUISIÇÃO DE CAMINHÃO PELA
PREFEITURA. PAGAMENTO EFETUADO. VEÍCULO ALIENADO FIDUCIARIAMENTE E
PENHORADO. REGISTRO EM NOME DO MUNICÍPIO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 10
DA LEI 8.429/92. OCORRÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO. CULPA DA EX-PREFEITA.
NEGLIGÊNCIA. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. A ação civil pública foi proposta pelo Ministério Público do Estado de Santa
Catarina em face da ex-Prefeita do Município de Bocaina do Sul, por supostos
atos de improbidade administrativa, decorrentes de irregularidades em
procedimentos licitatórios.
2. A conduta reconhecida como ímproba decorre da aquisição de um caminhão
de carga pela prefeitura, no valor de R$ 66.000,00, que, contudo, estava
alienado fiduciariamente à OMNI Local S/A., e, ainda, penhorado pelo Banco do
Brasil, impossibilitando o respectivo registro em nome do município.
3. O ato de improbidade administrativa previsto no art. 10 da Lei nº
8.429/92 exige a comprovação do dano ao erário e a existência de dolo
ou culpa do agente. Precedente: EREsp 479.812/SP, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, DJe 27.09.10.
4. O acórdão recorrido considerou evidenciada a atuação negligente da gestora
pública, ao autorizar o pagamento de um bem sem avaliar a existência de
gravames que impossibilitaram a transferência da propriedade. Nesse contexto,
tem-se que a prefeita municipal descumpriu com o dever de zelo com a coisa
pública, pois efetuou a despesa sem tomar a mínima cautela de aferir que o
automóvel estava alienado fiduciariamente, bem como penhorado à instituição
financeira. Por outro lado, o dano ao erário está caracterizado pela
impossibilidade de se transferir o bem para o patrimônio municipal. In casu,
estão presentes os elementos necessários à configuração do ato de improbidade.
5. Recurso especial não provido.
*****

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 94 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

RESUMÃO DA AULA

➢ CONTROLE ADMINISTRATIVO:
Hierárquico = poder de autotutela. Ex: recursos administrativos, processos disciplinares etc.
Anulação refere-se a controle de legalidade: anulam-se atos ilegais. Revogação refere-se a
controle de mérito: revogam-se atos inconvenientes ou inoportunos.
Não hierárquico = tutela e órgãos especializados de controle (ex: CGU)

▪ Direito de petição:
✓ Representação: denúncia de irregularidades à Administração;
✓ Reclamação administrativa: contra atos da Adm. que afetem os direitos do administrado;
✓ Pedido de reconsideração: solicitação de reexame de um ato administrativo pela mesma
autoridade que o editou;
✓ Recurso hierárquico próprio: pedido de reexame do ato dirigido à autoridade
hierarquicamente superior à que proferiu o ato;
✓ Recurso hierárquico impróprio: dirigido à autoridade que não se insere na mesma
estrutura hierárquica do agente que proferiu o ato. Só quando houver previsão em lei.

➢ CONTROLE JUDICIAL:
Exercido pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Poder Executivo, do
Legislativo e do próprio Judiciário, quando realiza atividades administrativas. Necessariamente
provocado. Controle a posteriori (regra). Restrito ao controle de legalidade, adentrando no
mérito do ato administrativo apenas em caso de ilegalidade ou ilegitimidade. Pode anular, mas
não revogar o ato.
▪ Contra ato ou omissão que importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data.
▪ Contra ato ou omissão de autoridade pública, ou de particular no exercício de funções
públicas.
▪ O ato ou omissão deve importar ilegalidade ou abuso de poder
Mandado de
▪ É sempre uma ação de natureza civil
segurança
▪ Pode ser repressivo ou preventivo
▪ Prazo: 120 dias contados da ciência do ato impugnado.
▪ Não poderá ser utilizado: contra lei em tese; contra atos de gestão comercial; decisão
judicial transitada em julgado; atos internos; ato do qual caiba recurso com efeito
suspensivo; substituto da ação de cobrança.

▪ Legitimados:
✓ Partidos políticos com representação no Congresso Nacional.
✓ Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
Mandado de em funcionamento há pelo menos um ano.
segurança
coletivo ▪ Não é necessária autorização expressa dos associados.
▪ Pode ser impetrado para defender parte dos associados.
▪ Não beneficia o impetrante de MS individual que tenha o mesmo objeto, a menos que
haja desistência da ação individual no prazo de 30 dias da impetração da ação coletiva.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 95 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
➢ Procedimento administrativo e processo judicial:
• Qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente ou ao MP;
• Tribunal de Contas e MP podem indicar representante para acompanhar a apuração administrativa;
• Pode ser decretada medida cautelar de sequestro dos bens;
• A autoridade judicial ou administrativa pode determinar o afastamento do agente público do
exercício do cargo, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução
processual.
• A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em
julgado da sentença condenatória.

➢ Prescrição:
• Cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança.
• Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, aplica-se o prazo prescricional previsto em lei
específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público.
• Cinco anos contados da data da prestação de contas, no caso de entidades privadas beneficiárias de
recursos públicos ou de cujo patrimônio ou receita anual o Poder Público contribua com menos de 50%.
• Ações civis de ressarcimento ao erário são imprescritíveis.

• Que importam enriquecimento ilícito: auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial


indevida, direta ou indireta, em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego
ou atividade pública. Exemplos:
o Receber propina; utilizar bem ou servidor público em proveito próprio; adquirir bens
em valor desproporcional à própria renda.

• Que causam prejuízo ao erário: qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres de órgão ou entidade pública. Exemplos:
Atos de o Permitir ou concorrer que se utilize bens ou dinheiro público sem observar a lei;
improbidade aquisição de bens pela Adm. Pública fora das condições de mercado; frustrar a
administrativa licitude de licitação; realizar despesa pública de forma irregular.

• Decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício tributário ou financeiro:


qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou
tributário contrário ao que dispõe a legislação do ISS (alíquota mínima de 2%).

• Que atentam contra os princípios da Administração Pública: qualquer ação ou omissão


que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às
instituições, bem como outros princípios da Adm. Pública. Exemplos:
o Praticar ato visando fim proibido ou diverso daquele previsto em lei; revelar
informação sigilosa; deixar de prestar contas; frustrar a licitude de concurso público.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 98 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – INPI 2013) O controle administrativo, que consiste no acompanhamento e


fiscalização do ato administrativo por parte da própria estrutura organizacional, configura-se
como controle de natureza interna, privativo do Poder Executivo.

2. (Cespe – MPTCDF 2013) O controle administrativo é um controle de legalidade e de


mérito, exercido exclusivamente pelo Poder Executivo sobre suas próprias condutas.

3. (Cespe – CNJ 2013) Com base no princípio da autotutela, e em qualquer tempo, a


administração pública tem o poder-dever de rever seus atos quando estes estiverem
eivados de vícios.

4. (Vunesp – TJ/SP 2014) O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo funciona como
órgão auxiliar
a) da Câmara Municipal da Capital do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder Legislativo
do Município da Capital.
b) do Governo do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder Executivo.
c) da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder Legislativo
estadual.
d) do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ou seja, do Poder Judiciário.

5. (FGV – SEFAZ/RJ 2011) O controle exerce, na administração sistêmica, papel


fundamental no desempenho eficaz de qualquer organização. É por meio dele que
detectamos eventuais desvios ou problemas que ocorrem durante a execução de um
trabalho, possibilitando a adoção de medidas corretivas para que o processo seja
reorientado na direção dos objetivos traçados pela organização.
Na Administração Pública, a importância do controle foi destacada, principalmente, com o
advento da Reforma Administrativa de 1967. Assim, o art. 6º do Decreto-Lei 200/1967 o
coloca, ao lado do planejamento, da delegação de competência, da descentralização e da
coordenação entre os cinco princípios fundamentais que norteiam as atividades da
Administração Federal.
Nesse diapasão, a sociedade é agente passivo e ativo no processo, identificando tanto as
impropriedades para eliminá-las como as melhorias para incentivá-las. Assim, consegue-se
um esforço geral menor, com maiores e melhores resultados para a própria sociedade.
Acerca do controle na administração pública, assinale a afirmativa INCORRETA.
a) De acordo com a Lei 4.320/64, tal controle compreenderá a legalidade dos atos de que
resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção
de direitos e obrigações e a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis
por bens e valores públicos.
b) De acordo com a Constituição da República de 1988, os gastos públicos estão sujeitos a
dois tipos de controle: interno e externo.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 100 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
c) A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receita, será exercida pelo
Legislativo, mediante Controle Externo, e pelo Sistema de Controle Interno de cada Poder.
d) Nos municípios onde houver Tribunal de Contas, o controle externo será exercido
exclusivamente por ele.
e) O controle interno deverá apoiar o controle externo na fiscalização dos gastos públicos.

6. (Cespe – TCDF 2012) De acordo com a Lei Orgânica do TCDF, é de competência


desse tribunal julgar as contas do governador do DF e elaborar relatório sintético a esse
respeito, emitindo parecer definitivo, no qual o conselheiro relator — antes de se pronunciar
sobre o mérito das contas — ordena a citação dos responsáveis.

7. (Cespe – TCE/RS 2013) Cabe ao TCE/RS julgar as contas a serem prestadas


anualmente pelo governador do estado e pelos prefeitos municipais, nos termos da Lei
Orgânica do TCE/RS.

8. (FGV – OAB 2012) As contas do Prefeito do Município X não foram aprovadas pelo
Tribunal de Contas do Estado. Dentre outras irregularidades, apurou-se o superfaturamento
em obras públicas.
Sobre o controle exercido pelas Cortes de Contas, assinale a afirmativa correta.
A) O parecer desfavorável emitido pelo Tribunal de Contas do Estado pode ser superado por
decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
B) A atuação do Tribunal de Contas configura exemplo de controle interno dos atos da
Administração Pública.
C) A atuação do Tribunal de Contas do estado somente ser possível até que haja a criação
de um Tribunal de Contas do Município, por lei complementar de iniciativa do Prefeito.
D) As contas do Prefeito estarão sujeitas à atuação do Tribunal de Contas somente se
houver previsão na Lei Orgânica do Município.

9. (Cespe – TRT10 2013) Ao Tribunal de Contas da União não cabe julgar as contas dos
administradores de sociedades de economia mista e empresas públicas, visto que a
participação majoritária do Estado na composição do capital não transmuda em públicos os
bens dessas entidades.

10. (ESAF – AFT 2010) O estudo do tema 'controle da administração pública' nos revela
que:
a) submetem-se a julgamento todas as contas prestadas por responsáveis por bens ou
valores públicos, aí incluído o Presidente da República.
b) no exercício do poder de autotutela, a administração pública pode rever seus atos, mas
não pode declará-los nulos.
c) em respeito ao princípio da separação dos poderes, é vedado o controle transversal de
um Poder sobre os outros.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 101 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
d) o controle interno é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de
Contas da União.
e) o Poder Judiciário exerce apenas controle jurisdicional sobre seus atos administrativos.

11. (Cespe – TCE/RS 2013) Considere que o titular de um órgão do governo estadual
tenha nomeado determinado cidadão para o cargo de chefe do seu gabinete. Nesse caso, o
TCE/RS não precisa apreciar, para fins de registro, a referida nomeação.

12. (Cespe – TCE/RO 2013) O ato inicial de concessão de aposentadoria de servidor do


estado de Rondônia estará sujeito à apreciação do TCE/RO, para fins de registro ou exame.

13. (TCE/ES – Auditor 2012 – Cespe) De acordo com o entendimento do STF, seria
constitucional lei ordinária estadual que determinasse que todos os contratos celebrados
entre o governo do estado e as empresas particulares.

14. (Cespe – MPTCDF 2013) O direito da administração de anular os atos administrativos


de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados. Não obstante, segundo orientação jurisprudencial que vem
sendo firmada no âmbito do STF, não se opera esse prazo decadencial no período
compreendido entre o ato administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o
posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo TCU — que consubstancia o exercício
da competência constitucional de controle externo.

15. (Cespe – TCU 2009) A CF conferiu ao TCU a competência para julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, porém não atribuiu a esse tribunal competência para aplicar
sanções aos responsáveis quando constatada a ocorrência de ilegalidade de despesa ou de
irregularidade de contas, por se tratar de competência exclusiva do Congresso Nacional.

16. (Cespe – TCE/ES 2009) O TCU, no exercício de sua missão constitucional de auxiliar
o Congresso Nacional no controle externo, tem competência para determinar a quebra de
sigilo bancário dos responsáveis por dinheiros e bens públicos.

17. (Cespe – TCU 2010) No caso de o diretor de órgão público não atender à
determinação do TCU para anular um ato, competirá ao próprio TCU sustar a execução do
ato impugnado.

18. (Cespe – TCU 2011) No caso de irregularidade em contrato administrativo, este será
sustado diretamente pelo Congresso Nacional, que terá de solicitar, de imediato, ao Poder
Executivo as medidas cabíveis. Nessa situação, se, no prazo de noventa dias, o Congresso
Nacional permanecer inerte ou se o Poder Executivo não adotar as medidas que lhe sejam
solicitadas, caberá ao TCU emitir decisão.

19. (Cespe – TCU 2007) Considere que uma lei federal dispense concurso público para o
provimento do cargo de consultor legislativo do Senado. Nesse caso, quando o TCU for
apreciar essas nomeações, deixará de aplicar a lei, julgando com fundamento na

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 102 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
Constituição Federal. Esse controle feito pelo tribunal é denominado controle abstrato da
constitucionalidade.

20. (Cespe – TCE/PE 2004) Somente o Tribunal de Contas da União (TCU) pode afastar
a aplicação de uma lei federal por inconstitucionalidade. Aos tribunais de contas dos estados
e dos municípios é vedada essa prerrogativa.

21. (Cespe – TCDF 2012) Embora os TCs não detenham competência para declarar a
inconstitucionalidade das leis ou dos atos normativos em abstrato, eles podem, no caso
concreto, reconhecer a desconformidade formal ou material de normas jurídicas com a CF,
deixando de aplicar, ou providenciando a sustação, de atos que considerem
inconstitucionais.

22. (FGV – OAB 2015) O Estado X está ampliando a sua rede de esgotamento sanitário.
Para tanto, celebrou contrato de obra com a empresa “Enge-X-Sane”, no valor de
R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). A fim de permitir a conclusão das obras,
com a extensão da rede de esgotamento a quatro comunidades carentes, o Estado celebrou
termo aditivo com a referida empresa, no valor de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais),
custeados com recursos transferidos pela União, mediante convênio, elevando, assim, o
valor total do contrato para R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).
Considerando que foram formuladas denúncias de sobrepreço ao Tribunal de Contas da
União, assinale a afirmativa
A) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar eventual irregularidade,
uma vez que se trata de obra pública estadual, devendo o interessado formular denúncia ao
Tribunal de Contas do Estado.
B) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar eventual irregularidade,
mas pode, de ofício, remeter os elementos da denúncia para o Tribunal de Contas do
Estado.
C) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra e pode determinar,
diante de irregularidades, a imediata sustação da execução do contrato impugnado.
D) O Tribunal de Contas da União é competente para fiscalizar a obra e pode indicar prazo
para que o órgão ou a entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da
lei, se verificada ilegalidade.

23. (Cespe – TCDF 2012) Caso não seja empregado o mínimo de recursos destinados a
saúde e educação no DF, poderá ocorrer o controle judicial de ofício com vistas a garantir —
mediante medida cautelar — a ocorrência dos atos administrativos necessários para o
direcionamento dessa parcela do orçamento.

24. (Cespe – MIN 2013) É vedado o controle prévio pelo Poder Judiciário de atos a cargo
da administração pública.

25. (Cespe – TJRO 2012) O abuso de poder é conduta comissiva, que afronta, dentre
outros, o princípio da legalidade e o da moralidade, e se sujeita, portanto, ao controle
judicial, que se sobrepõe ao controle administrativo.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 103 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
26. (Funiversa – SAPeJUS/GO 2015) Acerca dos atos administrativos e do controle
judicial dos atos da Administração, assinale a alternativa correta.
a) Em regra, o controle do Poder Judiciário sobre atos administrativos abrange a legalidade
e o mérito do ato administrativo.
b) A prática de ato administrativo, ainda que desproporcional, não permite a intervenção do
Poder Judiciário, pois, nesse caso, haveria ofensa ao princípio da harmonia entre os
Poderes da República.
c) Em regra, é cabível ao Poder Judiciário examinar o mérito do ato administrativo
discricionário, classificação na qual se enquadra o ato que aprecia pedido de licença de
servidor para tratar de interesse particular.
d) O ato administrativo discricionário está sujeito a controle judicial, sobretudo no que se
refere à presença de motivação, respeitados os limites da discricionariedade conferida à
Administração.
e) O ato discricionário, sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade, é insuscetível de
controle jurisdicional, mesmo que praticado com abuso de poder.

27. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) O mandado de segurança é uma das mais
importantes ações judiciais de controle dos atos da administração pública. Quando o ato for
praticado por autoridade no exercício de competência delegada, o mandado de segurança
caberá contra a autoridade delegante.

28. (FGV – OAB 2013) Cristina, cidadã brasileira comprometida com a boa administração,
descobre que determinada obra pública em sua cidade foi realizada em desacordo com as
normas que regem as licitações públicas, com vistas a beneficiar um particular amigo do
prefeito. De posse de cópias do processo administrativo que comprovam a situação,
pretende ingressar com medida judicial para a proteção do patrimônio público.
Para combater tal situação, Cristina deverá
A) ingressar com ação civil pública, que é o meio apto a sanar a lesividade ao patrimônio
público.
B) propor ação penal privada subsidiária da pública para condenar o prefeito e o particular
beneficiado e reparar os prejuízos causados aos cofres públicos.
C) impetrar mandado de segurança coletivo para amparar direito liquido e certo seu e de
todos os cidadãos aos princípios da legalidade e moralidade.
D) ingressar com ação popular apta a proteger o patrimônio público indevidamente lesado.

29. (Cespe – MPTCDF 2013) O STF poderá, apenas após ação judicial, acolher
reclamação administrativa, anular o ato administrativo e determinar que outro seja praticado.

30. (FGV – OAB 2011) No que tange à chamada ação de improbidade administrativa,
assinale a definição correta segundo a doutrina do Direito Administrativo.
(A) Trata-se de ação de natureza civil e penal, uma vez que a Lei 8.429/92 prevê sanções
de ambas as naturezas.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 104 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
(B) Trata-se de ação meramente administrativa, uma vez que a Lei 8.429/92 prevê apenas
sanções de caráter administrativo.
(C) Trata-se de ação civil, muito embora as sanções previstas pela Lei 8.429/92 ultrapassem
o âmbito da simples ação de ressarcimento e importem em penalidades de natureza penal e
administrativa.
(D) Não se trata de uma ação judicial e sim de uma ação administrativa, com a previsão
legal (Lei 8.429/92) de sanções penais e administrativas.

31. (Cespe – TCE/ES – Procurador 2009) Os atos de improbidade administrativa, além


de infrações administrativas que podem levar à perda do cargo público, correspondem,
necessariamente, às infrações penais que tutelam as finanças do Estado.

32. (Cespe – Suframa 2014) A ação de improbidade que vise ressarcir integralmente o
patrimônio público da lesão ocorrida poderá importar na indisponibilidade dos bens do
servidor que praticou o ato de forma dolosa. No entanto, caso o ato tenha sido praticado de
forma culposa, o servidor não poderá responder patrimonialmente, uma vez que estará
configurada a culpa in eligendo da administração pública, a contratante.

33. (Cespe – TCDF 2014) O herdeiro de deputado distrital que tenha, no exercício do
mandato, ocasionado lesão ao patrimônio público e enriquecido ilicitamente está sujeito às
cominações da Lei de Improbidade Administrativa, mas somente até o limite do valor da
herança recebida.

34. (FGV – OAB 2016) O diretor-presidente de uma construtora foi procurado pelo gerente
de licitações de uma empresa pública federal, que propôs a contratação direta de sua
empresa, com dispensa de licitação, mediante o pagamento de uma “contribuição” de 2%
(dois por cento) do valor do contrato, a ser depositado em uma conta no exterior. Contudo,
após consumado o acerto, foi ele descoberto e publicado em revista de grande circulação. A
respeito do caso descrito, assinale a afirmativa correta.
A) Somente o gerente de licitações da empresa pública, agente público, está sujeito a
eventual ação de improbidade administrativa.
B) Nem o diretor-presidente da construtora e nem o gerente de licitações da empresa
pública, que não são agentes públicos, estão sujeitos a eventual ação de improbidade
administrativa.
C) O diretor-presidente da construtora, beneficiário do esquema, está sujeito a eventual
ação de improbidade, mas o gerente da empresa pública, por não ser servidor público, não
está sujeito a tal ação.
D) O diretor-presidente da construtora e o gerente de licitações da empresa pública estão
sujeitos a eventual ação de improbidade administrativa.

35. (Cespe – TCU 2008) Sílvio, empresário, concorreu para a prática de ato de
improbidade, enriquecendo ilicitamente. Nesse caso, mesmo não sendo agente público,
será atingido pelas disposições da Lei de Improbidade. Assim, após sua morte, seus
sucessores estarão sujeitos às cominações da Lei de Improbidade até o limite do valor da
herança.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 105 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
36. (FGV – OAB 2013) Após conclusão de licitação do tipo menor preço, conduzida por
uma autarquia federal para a contratação de serviços de limpeza predial, sagrou-se
vencedora a sociedade “LYMPA”, que ofereceu a melhor proposta. O dirigente da autarquia,
entretanto, deixou de adjudicar o objeto à sociedade vencedora e contratou com outra
sociedade, pertencente ao seu genro, para realizar o serviço por um preço mais baixo do
que o oferecido pela sociedade vencedora. O Ministério Público ajuizou ação de
improbidade contra o dirigente da autarquia.
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) A improbidade administrativa não está configurada, uma vez que não restou configurado
enriquecimento do agente público.
B) O resultado da ação de improbidade dependerá da apuração financeira de eventual
prejuízo aos cofres do ente público.
C) A propositura da ação de improbidade é admissível, ainda que não haja prejuízo ao
erário e nem enriquecimento do agente público.
D) A ação de improbidade somente é aceita em relação aos atos expressamente tipificados
na Lei nº 8.429/1992, o que não atinge a contratação direta sem licitação.

37. (FGV – OAB 2014) Caio, chefe de gabinete do prefeito do município X, ocupante
exclusivamente de cargo em comissão, conhecendo os planos concretos da prefeitura para
levar asfaltamento, saneamento e outras intervenções urbanísticas a um bairro mais
distante, revela a alguns construtores tal fato, levando-os a adquirir numerosos terrenos
naquela localidade antes que ocorresse sua valorização imobiliária. Caio recusa,
expressamente, todos os presentes enviados pelos construtores.
Sobre a situação hipotética descrita acima, assinale a opção correta.
A) O ato de improbidade pode estar configurado com a mera comunicação, antes da
divulgação oficial, da medida a ser adotada pela prefeitura, que valorizará determinados
imóveis, ainda que não tenha havido qualquer vantagem para Caio.
B) A configuração da improbidade administrativa depende, sempre, da existência de
enriquecimento ilícito por parte de Caio ou de lesão ao erário, requisitos ausentes no caso
concreto.
C) Caio, caso venha a ser condenado criminalmente pela prática das condutas acima
descritas, não poderá responder por improbidade administrativa, sob pena de haver bis in
idem.
D) Caio não responde por ato de improbidade, por não ser servidor de carreira; responde,
todavia, por crime de responsabilidade, na qualidade de agente político, ocupante de cargo
em comissão.

38. (FGV – OAB 2015) O Ministério Público do Estado W ajuizou ação de improbidade
administrativa contra um ex-governador, com fundamento no Art. 9º da Lei nº 8.429/1992
(ato de improbidade administrativa que importe enriquecimento ilícito), mesmo passados
quase 3 (três) anos do término do mandato e 6 (seis) anos desde a suposta prática do ato
de improbidade que lhe é atribuída. Nesse caso,

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 106 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14
A) o ex-governador está sujeito, dentre outras sanções, à perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ao ressarcimento integral do dano e à suspensão dos
direitos políticos pelo período de oito a dez anos.
B) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que não podem ser
réus de tal demanda aqueles que já não ocupam mandato eletivo e nem cargo, emprego ou
função na Administração.
C) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que já transcorreram
mais de 3 (três) anos desde o término do exercício do mandado eletivo.
D) é imprescritível a ação de improbidade destinada à aplicação das sanções previstas na
Lei nº 8.429/1992, e, por essa razão, o ex-governador pode sofrer as cominações legais,
mesmo após o término do seu mandato.

39. (Cespe – TCE/BA – Procurador 2010) Atos de improbidade administrativa são os que
geram enriquecimento ilícito ao agente público ou causam prejuízo material à administração
pública. Quem pratica esses atos pode ser punido com sanções de natureza civil e política
— mas não penal — como o ressarcimento ao erário, a indisponibilidade dos bens e a perda
da função pública.

40. (Cespe – TCE/BA – Procurador 2010) A configuração do ato de improbidade que


viola princípios administrativos independe da ocorrência de dano ou lesão ao erário público.

41. (Cespe – TCDF 2012) De acordo com a referida lei [de improbidade administrativa], a
aplicação da pena de ressarcimento aos cofres públicos independe da efetiva ocorrência de
dano ao patrimônio público.

42. (Cespe – MDIC 2014) Se, após uma operação da Polícia Federal, empreendida para
desarticular uma quadrilha que agia em órgãos públicos, o Ministério Público Federal ajuizar
ação de improbidade administrativa contra determinado servidor, devido a irregularidades
cometidas no exercício da sua função, mesmo que esse servidor colabore com as
investigações, será vedado o acordo ou a transação judicial.

*****

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 107 de 109


Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 14

Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros,
2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 109 de 109

Você também pode gostar