INTRODUÇÃO
1. Sociedade e Direito
O estudo da história das civilizações tem
demonstrado que a sociedade, em seus vários
graus de desenvolvimento, inclusive os mais
primitivos, sempre esteve erigida segundo
regras de convivência. O ser humano possui
uma vocação, que lhe é imamente, de viver em
grupo, associado a outros seres da mesma
espécie.
É, portanto, predominante o entendimento de
que não há sociedade sem direito: ubi societas
ibi jus. Ao lado dos que assim pensam,
formam ainda os autores que sustentam ter
homem vivido uma fase evolutiva pré-jurídica.
Mas, sem divergência, os historiadores
reconhecem que a sociedade e o direito
nasceram e caminham lado a lado.
2. Fundamento da Ordem Jurídica
A razão dessa correlação entre a sociedade e o
direito está na função ordenadora que este
exerce naquela, representando o canal de
compatibilização entre os interesses que se
manifestam na vida social, de modo a traçar as
diretrizes, visando prevenir e compor os
conflitos que brotam entre seus membros.
A tarefa da ordem jurídica é a de harmonizar
as relações sociais intersubjetivas, a fim de
ensejar a máxima realização dos valores
humanos com o mínimo de sacrifício e
desgaste. O critério que deve orientar essa
coordenação é o justo e o equitativo, de acordo
com a convicção prevalente no momento e
lugar.
3. Necessidade
A necessidade decorre do fato de que o homem
depende de certos elementos, não só para
sobreviver, como para aperfeiçoar-se social,
Fonte: Apostila Otavio e Livro Cintra
política e culturalmente, pelo que não seria
errôneo dizer que o homem é dependente.
4. Bem
Sendo a necessidade satisfeita mediante
determinados elementos, emerge o conceito de
bem ou bem da vida. Carnelutti lecionava que
bem é o ente capaz de satisfazer uma
necessidade. Assim, para o direito, bem deve
ser entendido de forma ampla, abrangendo
tanto os bens materiais como os imateriais.
5. Utilidade
É a capacidade ou a aptidão de uma coisa para
satisfazer uma necessidade. Alvim, porém, faz
uma ressalva no sentido de que nem sempre
que haja utilidade num bem, haverá também
um interesse a ele compreendido. De um lado,
temos o homem com as suas necessidades e,
de outro, os bens com a sua utilidade.
6. Interesse
O interesse é um juízo formulado por um
sujeito acerca de uma necessidade, sobre a
utilidade ou sobre o valor de um bem,
enquanto meio para a satisfação dessa
necessidade. Por conseguinte, o interesse é um
ato da inteligência, que é dado pela tríplice
representação de um bem, de uma necessidade
e da aptidão do bem para satisfazer a essa
necessidade.
6.1. Interesse Mediato e Imediato
Quando uma posição ou situação se presta
diretamente à satisfação de uma necessidade, o
interesse se diz imediato; como, por exemplo,
a posição ou situação de quem possui o
alimento, o qual se presta diretamente à
satisfação da necessidade de alimentar-se. Se,
no entanto, a posição do homem apenas
indiretamente se presta à satisfação de uma
necessidade, enquanto dela possa derivar outra
situação, que se presta à satisfação da
necessidade, diz-se interesse mediato; como, por
exemplo, a posição ou situação de quem possui
o dinheiro para adquirir o alimento.
6.2. Interesse Individual e Coletivo
O interesse se diz individual quando a posição
ou situação favorável à satisfação de uma
necessidade pode determinar-se em relação a um
indivíduo, isoladamente; como, por exemplo, o
uso de uma casa, porque cada um pode ter uma
casa para si.
O interesse se diz coletivo quando a situação
favorável à satisfação de uma necessidade não
se pode determinar senão em relação a vários
indivíduos, considerados em conjunto; como,
por exemplo, o uso de uma grande via de
comunicação, porque esta não pode ser
construída para a satisfação da necessidade de
um só homem, mas apenas das necessidades de
muitos homens. A existência dos interesses
coletivos explica a formação dos grupos sociais.
7. Conflito de Interesses
Caracterizam-se por situações em que uma
pessoa, pretendendo para si determinado bem,
não pode obtê-lo - seja porque aquele que
poderia satisfazer a sua pretensão não a satisfaz,
seja porque o próprio direito proíbe a satisfação
voluntária da pretensão. O conflito que envolve
dois interesses e uma só pessoa pode ser
chamado de conflito subjetivo. Há também o que
se pode chamar de conflito intersubjetivo, que é
o conflito de interesse que envolve duas ou mais
pessoas.
8. Pretensão
A pretensão é caracterizada pelo sentimento de
propriedade que tem alguém sobre determinado
bem e a disposição de retirá-lo do interesse
alheio. Ou é a exteriorização do interesse e o
querer que a outra parte se submeta a sua
vontade. Em sintese, se pode dar dois sentidos:
a) Pretensão no sentido estático: faculdade do
titular de um direito subjetivo de exigir de
outrem que atenda ao seu interesse
juridicamente protegido;
b) Pretensão no sentido dinâmico: o exercício
dessa faculdade (atuar na expectativa de que o
obrigado atenda/coopere e realize a pretensão)
9. Lide
A lide nada mais é do que um modo de ser do
conflito de interesses, pelo que Carnelutti
definiu-a como “conflito de interesses,
qualificado pela pretensão de um dos
interessados e pela resistência do outro”. A lide
tem um elemento material, que é o conflito de
interesses, e um elemento formal, que são a um
só tempo a pretensão e a resistência.
Lide = conflito de interesses + qualificado por
uma pretensão resistida ou insatisfeita.
Teoria Geral Do Processo
1. Conceito
Teoria é corpo de conceitos sistematizados
referente a um segmento da realidade. Conceito
é a expressão/representação do que é geral e
inerente a um grande número de objetos
(peculiar/comum a um grupo de objetos) –
processo de generalização. Sistematizar é
imprimir uma ordem na exposição de um
conjunto de conhecimentos, formando um todo
coerente.
2. Objeto
O grupo de objetos comuns para a Teoria Geral
do Processo é a experiência processual, os
diversos ramos do Direito Processual com seus
institutos e princípios