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Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3

1. Conceituação ............................................................................................................. 4

1.1. Superdotado/talentoso/portador de altas habilidades ............................................ 4

1.2. Características dos superdotados ........................................................................... 5

1.3. Implicações em sala de aula .................................................................................. 6

1.4. Atendimento às pessoas com altas habilidades ..................................................... 8

1.5. Mitos sobre crianças Talentosas e Superdotadas ................................................. 10

Conclusão ....................................................................................................................... 13

Bibliografia ..................................................................................................................... 14
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Introdução

Esse trabalho tem como tema crianças talentosas e superdotadas, com ênfase na sua
definição, na descrição das suas características ou por outra o seu perfil, as suas
implicações positivas e negativas em sala de aula assim como a sua inclusão referindo
que o educando superdotado tem, portanto, direitos assegurados por lei à inclusão, assim
como todos os outros educandos com necessidades educacionais especiais. Entretanto, as
altas habilidades podem receber uma menor atenção dos professores, já que é comum a
noção de que os superdotados são crianças auto-suficientes em sua educação, se o que se
considerar forem as suas elevadas capacidades.

Portanto, para realização do presente trabalho recorreu-se a consultas bibliográficas e


acesso a internet como testemunha a referência bibliográfica da última página deste
trabalho. O trabalho é o resultado de uma investigação científica que referiu-se a cima.
Criticas e sugestões são bem-vindas para o melhoramento e consolidação de tema.
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1. Conceituação

1.1. Superdotado/talentoso/portador de altas habilidades

Segundo o Conselho Brasileiro para Superdotação (ConBraSD), “O


superdotado/talentoso/portador de altas habilidades é aquele indivíduo que, quando
comparado à população geral, apresenta uma habilidade significativamente superior em
alguma área do conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas:

 Acadêmica: tira boas notas em algumas matérias na escola – não necessariamente


em todas – tem facilidade com as abstrações, compreensão rápida das coisas,
demonstra facilidade em memorizar etc.
 Criativa: é curioso, imaginativo, gosta de brincar com idéias, tem respostas bem-
humoradas e diferentes do usual.
 Liderança: é cooperativo, gosta de liderar os que estão a seu redor, é sociável e
prefere não estar só.
 Artística: habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e humores através
da arte, dança, teatro ou música.
 Psicomotora: Habilidade em esportes e atividades que requeiram o uso do corpo
ou parte dele; boa coordenação psicomotora.
 Motivação: torna-se totalmente envolvido pela atividade do seu interesse, resiste
à interrupção, facilmente se chateia com tarefas de rotina, se esforça para atingir
a perfeição, e necessita pequena motivação externa para completar um trabalho
percebido como estimulante. “

Para o ConBraSD, a superdotação, a precocidade, o prodígio e a genialidade são


gradações de um mesmo fenômeno estudado há décadas em diversos países. Assim, para
o Conselho,

• Precoce é a criança que apresenta alguma habilidade específica prematuramente


desenvolvida em qualquer área do conhecimento, seja na música, na matemática, na
linguagem ou na leitura.

• “Criança prodígio” é o termo usado para sugerir algo extremo, raro e único, fora do
curso normal da natureza. Um exemplo seria Wolfgang Amadeus Mozart, que começou
a tocar piano aos três anos de idade. Aos quatro anos, sem orientação formal, já aprendia
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Peças com rapidez e aos sete, já compunha regularmente e se apresentava nos principais
salões da Europa.

• Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e Portinari, entre outros mestres, são
exemplos de gênios, termo reservado para aqueles que deram contribuições
extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até entre os
extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história.”

As pessoas citadas, tenham sido elas precoces, prodígios ou gênios, podem então ser ditas
“portadoras de altas habilidades” ou superdotadas.

Joseph Renzulli, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Superdotado e


Talentoso, da Universidade de Connecticut, Estados Unidos, em seu Modelo dos Três
Anéis, considera que os comportamentos de superdotação resultam de três conjuntos de
traços:

a) Habilidade acima da média em alguma área do conhecimento (não


necessariamente muito superior à média);
b) Envolvimento com a tarefa (implica motivação, vontade de realizar uma tarefa,
perseverança e concentração);
c) Criatividade (capacidade de pensar em algo diferente, ver novos significados e
implicações, retirar idéias de um contexto e usá-las em outro).

Renzulli entende a superdotação como condição ou comportamento que pode ser


desenvolvido em algumas pessoas (aquelas que apresentam alguma habilidade
superior à média da população), em certas ocasiões (e não continuamente, uma
vez que é possível se evidenciar comportamentos de superdotação na infância
mas não na idade adulta, ou apenas em alguma série escolar ou em um momento
da vida) e sob certas circunstâncias (e não em todas as circunstâncias da vida
de uma pessoa) (Renzulli & Reis, 1997).
1.2. Características dos superdotados

A criança superdotada tem uma curiosidade acentuada pelo seu desejo de saber mais sobre
o seu tema de interesse. Isso faz com que essa criança seja uma grande questionadora e
esteja sempre em busca de respostas para as suas questões. “A época dos ‘porquês’, típica
dos 3 e 4 anos, aparece no superdotado muito antes e poderíamos dizer que não tem fim’’.
(IZQUIERDO, 2007, p. 388). Outros traços importantes são: a capacidade de se
concentrar em várias tarefas ao mesmo tempo, a ótima memória e a abrangência do seu
campo de interesse. Os superdotados têm também um impulso natural para solucionar as
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tarefas e de buscar novas soluções para os problemas habituais. Tarefas rotineiras e


repetitivas despertam impaciência nessas crianças, que precisam se sentir desafiadas
constantemente. Uma característica que costuma ser relacionada à superdotação é a
energia que se pode observar nessas crianças. Em relação ao desenvolvimento social,
Izquierdo (2007, p.389) escreveu o seguinte:

Inúmeras pesquisas confirmam que as crianças superdotadas são bem aceitas


pelos colegas, desde que tenham uma capacidade interativa normal, porque os
superdotados com um Q.I. muito alto manifestam, com relativa freqüência,
problemas de comunicação. Eles mesmos procuram amizades com pessoas do
mesmo nível; se não as encontram, escolhem colegas com idade superior a sua.
Torrance (apud ALENCAR, FLEITH, 2001) propôs outras características do
superdotado, a partir de suas observações com crianças altamente criativas:

 Reagem positivamente a elementos novos, estranhos e misteriosos de seu


ambiente;
 Persistem em examinar e explorar estímulos com o objetivo de conhecer melhor
a respeito deles;
 São curiosos; gostam de investigar; fazem muitas perguntas;
 Apresentam uma forma original de resolver problemas, propondo muitas vezes
soluções incomuns;
 São independentes, individualistas e auto-suficientes;
 Têm grande imaginação e fantasia;
 Têm sempre muitas idéias;
 Preferem idéias complexas, irritam-se com a rotina;
 Pode ocupar seu tempo de forma produtiva, sem ser necessária uma estimulação
constante do professor.

Pode-se observar, pelas duas citações anteriores, que a curiosidade e a impaciência em


relação à rotina são características da criança superdotada.

1.3. Implicações em sala de aula

Devido às características apresentadas por alunos com indicadores de AH/SD é


importante o seu atendimento, pois, podem surgir implicações positivas ou negativas,
desta forma é necessário que a identificação seja realizada e o aluno receba os
atendimentos adequados, não oportunizando que sejam despertadas em si as implicações
negativas.
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Características Implicações negativas Implicações positivas


Habilidade cognitiva Sente-se entediado com as Aprende a ler mais cedo e
avançada tarefas acadêmicas. demonstra melhor
compreensão da
linguagem.
Curiosidade intelectual Pode ser considerado Procura constantemente os
exibido. “comos” e os “porquês”.
Sensibilidade e Apresenta não Tem habilidade para
criatividade conformismo. Criatividade produzir muitas ideias e
percebida como visualizar consequências.
comportamento disruptivo.
Intensa motivação Envolve-se em muitas Exibe motivação intrínseca
atividades. Ressente-se de para aprender, explorar e é
ser interrompido. persistente.
Grande capacidade para É vulnerável a críticas Reage intensamente a
demonstrar emoções feitas pelos outros e por questões morais e sociais.
ele mesmo. Pode vivenciar Tem empatia.
sentimentos de rejeição e
isolamento.
Habilidade para processar Sente-se entediado com as Adquire habilidades
informações rapidamente tarefas acadêmicas básicas de aprendizagem
curriculares. Não gosta de mais rapidamente e com
tarefas que envolvem menos prática.
reprodução do
conhecimento.
Preocupações éticas e Apresenta dificuldade de É cético, crítico e
estéticas em tenra idade relacionamento com pares avaliador, sendo rápido em
de mesma idade que não detectar inconsistência e
têm os mesmos interesses. injustiça.
Pensamento independente Ressente-se da rotina. Tem grande prazer na
Parece ser rebelde. atividade intelectual.
Gosta de realizar tarefas de
modos diferentes.

Habilidade de auto Busca a perfeição. Pode Tem habilidade para


avaliação ser visto como integrar impulsos opostos,
compulsivo. tal como comportamento
construtivo e destrutivo.
Criado pelo autor seguindo o modelo encontrado na obra Desenvolvimento de Talentos
e Habilidades – Orientação a Pais e Professores – Artmed –2007 – p. 17
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1.4. Atendimento às pessoas com altas habilidades

1.4.1. Contexto familiar

Na área musical, Davidson e cols. (1996) Realizaram um estudo com crianças que
estavam aprendendo a tocar instrumentos musicais e seus respectivos pais. O estudo
indicou que os pais exercem um papel central em relação ao início e ao prosseguimento
dos filhos no treinamento musical durante o extenso período necessário ao
desenvolvimento de um desempenho notável. Além disso, foi sugerido que as crenças dos
pais em relação aos talentos de seus filhos influenciam o comportamento deles, sendo
determinantes para um maior incentivo ao empenho dos jovens.

Na área acadêmica, Robinson, Weinberg, Redden, Ramey e Ramey (citado em Aspesi,


2003) realizaram um estudo comparando famílias de crianças superdotadas e famílias de
crianças não superdotadas. Os resultados mostraram que as famílias de crianças
superdotadas possuem:

a) Mais recursos financeiros e maior educação formal;


b) Mais flexibilidade entre os integrantes da família;
c) Maior participação dos pais na vida acadêmica de seus filhos, segundo a
percepção dos professores;
d) Menor vivência de situações de estresse na rotina familiar;
e) Maior comunicação dos pais acerca das altas expectativas em relação ao
desempenho dos filhos.

Relacionado aos indivíduos que apresentam comportamentos de superdotação, estudos


apontam a tendência de tais pessoas serem, em sua maioria, filhos únicos ou primogênitos.
Os filhos primogênitos, com o nascimento de algum irmão, podem se sentir estimulados
a buscar um desempenho expressivo, com a finalidade de recuperar sua posição de
centralidade. Outra explicação é que os filhos primogênitos são os únicos que desfrutam,
por um determinado período, da atenção exclusiva de seus pais e/ou outros adultos
significativos. Ou seja, estes jovens, antes de seus irmãos nascerem, recebem uma maior
estimulação proporcionada por seus pais, o que resulta em uma vantagem cognitiva.
Posteriormente, esta estimulação é dividida entre os irmãos. Esta explicação também é
válida para o caso dos filhos únicos (Winner, 1998).
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1.4.2. Contexto escolar

Em Educação Especial, e atender aos alunos de altas habilidades/superdotados em


programa de estimulação do pensamento criativo e em atividades de Informática
Educativa por meio atividades de estimulação do pensamento criativo - teoria de
Sternberg (2000).

A Educação Especial visa à formalização do direito à igualdade de oportunidades


educacionais e surge em decorrência de uma série de transformações que foram ocorrendo
na forma de atendimento às pessoas com deficiência e, posteriormente, às pessoas com
altas habilidades. Uma das ideias que prevalecem é a do respeito às diferenças individuais
e do direito à igualdade de oportunidades, sem privilégios ou discriminações (Brasil,
2001). A construção de políticas públicas para embasar a Educação Especial visa garantir
educação para todos, de forma a amparar acções que enfrentem desigualdades sociais,
democratizando o acesso a bens e serviços públicos, dentre eles, a educação.

Apesar de todo esse amparo de leis e políticas públicas e de um crescente interesse por
parte das autoridades governamentais para com a atenção e o atendimento ao superdotado,
a prática vem sendo “bombardeada” com desafios e dificuldades. É o que salienta Melo
e Rocha (2008): “A questão, cuja ênfase incide normalmente no trato com alunos com
necessidades especiais, não é simples e apenas reflete a complexidade das polêmicas e
mudanças a enfrentar nas escolas regulares” (p. 83).

Assim, os desafios que vêm sendo colocados para a área educacional, no que diz respeito
ao desenvolvimento de altas habilidades e talentos, são grandes e complexos. Entretanto,
ao analisar a realidade nos contextos educacionais atuais, percebe-se que o amparo dado
aos educadores, no sentido de lidarem com as crianças talentosas, tem sido limitado.
Dessa forma, o professor ou não sabe identificar a criança portadora de altas habilidades
ou, quando a identifica, não sabe o que fazer para auxiliá-la no incremento de suas
habilidades (Maia-Pinto & Fleith, 2002). Isso quando acredita que essa criança necessita
de um atendimento especializado, o que nem sempre acontece. Em muitos casos, a
criança, erroneamente, é considerada como capaz de se desenvolver e desenvolver seus
estudos e talentos por conta própria.

Devido a suas características de aprendizagem específicas, o aluno com altas habilidades


pode ser um desafio em sala de aula para o professor. A maneira como será feito o
atendimento às necessidades desse aluno pode ser decisiva para a motivação do mesmo.
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Sobre a conduta do professor em relação a esse aluno, a cartilha altas habilidades do


Projeto Escola Viva (BRASIL. MEC, 2002 p. 396) traz alguns princípios importantes:

1) Estimular a independência de estudo do aluno, ensinando-o a ser “eficiente e


efetivo” nessa tarefa. Assim, é interessante que o professor estimule o aluno a ler,
a pesquisar, a buscar novas informações em material extra-classe, de forma que
ele aprenda a estudar pesquisando. Desta forma, o aluno não precisa ficar
“amarrado” ao conteúdo regular do plano de ensino da série ou nível em que se
encontra (por ele, muitas vezes, já dominado).
2) Estimular que os alunos utilizem processos cognitivos complexos, tais como o
pensamento criativo, a análise crítica, análises de prós e contras, etc... Esse tipo
de atividade permite ao aluno exercitar suas competências de forma construtiva e
favorecedora de um desenvolvimento dentro de seu próprio ritmo.
3) Estimular os alunos a discutirem amplamente sobre questões, fatos, idéias,
aprofundando gradativamente o nível de complexidade da análise, até culminar
em um processo de tomada de decisão e de comunicação com os demais acerca
de planos, relatórios e soluções esperadas a partir das decisões tomadas.

1.5. Mitos sobre crianças Talentosas e Superdotadas

Neste momento, a intenção é arrolar brevemente alguns mitos e crenças que são mais
citados na literatura. Primeiramente, serão abordados alguns mitos identificados por
Winner (1998). Em seguida, será analisada qual seria a concepção correta que substituiria
o mito em questão.

I. A pessoa com AH destaca-se em todas as áreas do currículo escolar

A ideia implícita nesse mito, segundo Winner (1998), é a de que a criança que foi
identificada como superdotada possui uma capacidade intelectual geral que faz com que
essa criança seja brilhante e se destaque em todas as áreas.

O argumento que contraria esse mito, amplamente citado na literatura encontrada, é o de


que a superdotação numa determinada área, como a matemática, por exemplo, não
implica necessariamente numa superdotação em outras áreas como o português e as
ciências. Mas, muito pelo contrário, é até comum encontrar superdotados numa
determinada área que apresentam dificuldades e até distúrbios de aprendizagem em
outras.
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II. Todo indivíduo superdotado tem um QI elevado

Esse mito traz a suposição implícita de que qualquer criança superdotada


(independentemente da área na qual o talento foi identificado) deva apresentar um QI
(Quociente Intelectual) elevado.

Essa ideia é logo descartada ao levarmos em consideração a existência dos chamados


idiots savants. Winner define-os como: “indivíduos frequentemente autistas, com QIs na
extensão de retardo e habilidades excepcionais em domínios específicos”. (p. 16). Além
desses casos específicos, existem crianças extremamente superdotadas nas artes e na
música sem apresentarem um QI excepcionalmente elevado, como ressalta Winner
(1998). É sabido que os testes de QI medem somente algumas habilidades humanas, mais
especificamente aquelas relacionadas à linguagem e aos números.

III. A superdotação é inato ou é produto do ambiente social

Esse mito, que foi abordado tanto por Winner (1998) quanto por Guenther e Freeman
(2000), envolve duas concepções que, atualmente, quando separadas, são consideradas
incompletas e equivocadas. A primeira delas é aquela na qual a superdotação é vista como
inata ao indivíduo, relacionada com a genética. Ou seja, ou se nasce superdotado ou não.
Já a segunda concepção é aquela que preconiza somente o papel do ambiente e da
influência social na constituição da inteligência. Ou seja, a ideia de que a superdotação é
uma questão de treinamento por parte de professores e pais, e, se a criança nasce num
ambiente que lhe proporciona boas condições de estudos e estímulos às habilidades,
então, a superdotação em determinada área poderá ser desenvolvida.

A concepção mais aceita na atualidade é a de que a habilidade e o talento devem existir


em algum grau no indivíduo, mas que só essa existência não é suficiente para que a
superdotação se desenvolva. Para isso, é necessário muito esforço, treino e motivação
(Greenfield e cols., 2006; Schraw, 2006).

IV. O indivíduo superdotado também é psicologicamente bem ajustado

A ideia implícita nesse mito é a de que as crianças superdotadas são aquelas vistas como
populares, bem ajustadas, esbanjando saúde física e psicológica. Entretanto, vários são os
autores que destacam o quanto essas crianças podem ser emocionalmente instáveis, ou
pelo fato de não poderem ser quem realmente são, na tentativa de se igualarem aos demais
(o que pode ocasionar uma angústia significativa e até a perda da identidade), como
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pontua Novaes (1979), ou pelo fato de serem ridicularizadas pelos pares ou, até mesmo,
pelo fato de serem ainda emocionalmente imaturas para lidar com as questões que já
conseguem compreender racionalmente. Dentre algumas das características socio
emocionais dos superdotados que podem ser motivo de preocupação e de maior atenção
por parte dos familiares e profissionais que os rodeiam, Alencar (2007) cita: assincronia
entre distintas dimensões do desenvolvimento; perfeccionismo excessivo;
hipersensibilidade e sub-rendimento.

V. As crianças superdotadas se tornam adultos eminentes

Ideia equivocada de que a superdotação determina uma vida futura de sucesso e felicidade
certos, conforme Alencar e Fleith (2001), Guenther e Freeman (2000) e Winner (1998).

Winner (1998) afirma que “muitas crianças superdotadas, especialmente os prodígios,


malogram, enquanto outras acabam por se dedicar a outras áreas de interesse” (p. 18).
Além disso, a autora acrescenta que também existem muitos adultos eminentes que não
foram prodígios ou superdotados na infância. Guenther e Freeman (2000) afirma que a
dotação é algo que o indivíduo traz em potencial quando nasce, mas, para ser
desenvolvida, deve ser trabalhada ao longo da vida, a partir das interações do indivíduo
com seu ambiente físico, psicológico e social. Ou seja, apenas a dotação e o talento, por
si sós, não garantem o desenvolvimento pleno de uma superdotação. É necessário
estímulo do ambiente e muita dedicação, motivação e persistência do próprio indivíduo.

VI. As pessoas com altas habilidades provêm de classes socioeconômicas


privilegiadas

Tal mito foi citado pelo documento elaborado pelo MEC, Programa de Capacitação de
Recursos Humanos do Ensino Fundamental: Superdotação e Talento, (Brasil, 1999).
Constitui uma crença equivocada de que somente aquelas crianças que provêm de
famílias de classes mais abastadas terão condições de serem estimuladas e de poderem
desenvolver seus talentos Contrariando tal crença, o fato verificado por vários
pesquisadores é de que, mesmo nas camadas menos privilegiadas socioeconomicamente,
é possível e frequente encontrar crianças brilhantes em alguma área da inteligência
(Antipoff, 1992).
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Conclusão

Na pesquisa, em questão, evidenciou-se que os estudantes superdotados apresentam um


rendimento aquém de seu potencial. E isso se deve ao facto de que o aluno com AH/SD
pode ficar desmotivado com as atividades implementadas em sala de aula, pois, muitas
vezes fazem parte de um currículo ou métodos de ensino que priorizam a repetição,
tornando as aulas monótonas e pouco estimuladoras. Eles também enfrentam cobranças
excessivas dos professores, dos colegas e de si próprios.

Uma grande dificuldade enfrentada pelos alunos superdotados está na maneira repetitiva
de repassar os conteúdos, que são muitas vezes vistos pelos professores como
inquestionáveis. Está também na maneira de pautar a aprendizagem com foco na
memorização que, impossibilita que haja espaço para dúvidas e descobertas, traz o
desinteresse do aluno pela escola, pois as aulas tornam-se pouco atrativas.

A escola tem exercido um papel nada favorável para o aprendizado dos alunos ali
inseridos, sendo em grande parte, responsável por não permitir um ensino criativo.
Contudo, essa realidade não é culpa apenas dos professores, mas de todo o sistema que
não tem se preocupado em garantir verdadeiramente um ensino de qualidade para todos.
Esta pesquisa permitiu concluir que a escola traz em seu bojo, a importância de um papel
muitas vezes insubstituível na vida desses educandos, tendo a capacidade de marcá-los
de forma quase que decisiva.
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