Você está na página 1de 6

Universidade Rovuma

Nampula

Licenciatura em Psicologia Educacional

Disciplina: Psicologia Comunitária

Trabalho de carácter avaliativo

Ano: 4°

Nenita Paulo Amala

Lúcia Francisco Chipiningo

Rahia Charmaque

Docente: Sérgio Huo

O papel do psicólogo comunitário na promoção do bem-estar social das


comunidades: uma reflexão sobre as possibilidades de intervenção em contexto da
pandemia da Covid-19

Introdução

A pandemia que vivemos hoje é o novo coronavírus, responsável pela COVID-19, que
já atingiu várias partes do mundo, e fez a OMS (Organização Mundial da Saúde), em
Março de 2020, classificá-lo como pandemia. É importante que a população perceba a
seriedade do caso e tome devidas precauções, evitando o aumento de infectados. Por
isso, o profissional de psicologia se mostra cada vez mais necessário, actuando nessa
linha de frente de treinamento dos profissionais de saúde e auxiliando na
conscientização dos pacientes. Portanto o presente trabalho visa apresentar qual o papel
do psicólogo comunitário na promoção do bem estar social das comunidades no
contexto da pandemia da Covid-19.

O coronavírus

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que “o coronavírus é uma


família de vírus que pode causar doenças em animais ou humanos. Em humanos, esses
vírus provocam infecções respiratórias que podem ser desde um resfriado comum até
doenças mais severas como a síndrome respiratórias do oriente médio e a síndrome
respiratória aguda grave”. O novo coronavírus causa a doença chamada COVID-19.
Covid-19: é uma infecção respiratória provocada pelo coronavírus da síndrome
respiratória aguda grave. O vírus e a doença eram desconhecidos até o começo de surto
em wuhan na China, em Dezembro de 2019.

Transmissão da covid-19

O coronavírus, provoca a covid-19, pode ser transmitida de uma pessoa para outra. A
transmissão pode ocorrer através de gotículas de saliva ou muco, expelidos pela boca ou
narina quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. A transmissão também pode
ocorrer através de partículas virais transferidas ao aperto as mãos ou compartilhar um
objecto, como por exemplo beber no mesmo copo que um portador do vírus.

Perante a esta doença, medidas são adoptadas para evitar a propagação da covid-19 são
elas: o distanciamento social (evitando aglomeração a fim de manter no mínimo 1,5
metros de distancia entre as pessoas) evitar o aperto das mãos, manter distância segura
de qualquer pessoa que estiver a espirra ou tossir, não abraçar, usar a mascara, evitar
contacto com doentes com infecção, ficar em casa, lavar frequentemente as mãos com
água e sabão.

Qual a importância do Psicólogo comunitário em tempos de pandemia

O curso de Psicologia em geral tem como objectivo capacitar o aluno para análise e
aconselhamento de pessoas no âmbito psicológico, garantindo, assim, a saúde mental e
o bem-estar dos indivíduos.

O sofrimento humano faz parte do campo de interesse da Psicologia, e ao actuar na


Assistência Social o profissional não foge à regra ao trabalhar com as desprotecções
sociais e as mais variadas situações de vulnerabilidade humana que reflectem em
sofrimento e interferem nas relações sociais. Especialmente em meio a uma pandemia
de grandes proporções, surgem medos, inseguranças e ansiedades que circulam entre os
cidadãos que chegam até os Serviços em busca de respostas emergenciais para as suas
mais variadas angústias e necessidades.

O trabalho do psicólogo comunitário em uma comunidade visa sobremaneira à


formação de uma consciência crítica da própria população, que nesse processo, participa
de forma activa na identificação e na resolução de suas necessidades principais. Campos
(1996, p.10) destaca que:
Tipicamente os trabalhos comunitários partem de um levantamento das
necessidades e carências vividas pelo grupo-cliente. A seguir, utilizando-se
métodos e processo de conscientização, procura-se trabalhar com os grupos
populares para que eles assumam progressivamente seu papel de sujeitos de sua
própria história, conscientes dos determinantes sociopolíticos de sua situação e
activos na busca de soluções para os problemas enfrentados.

No contexto de uma pandemia, como a da COVID-19, o constitui-se a possibilidade da


actuação de psicólogos em emergências e desastres, contextos clínicos, de assistência
social e saúde pública. Sendo assim, são várias as formas de actuação desse profissional,
que não se limita somente ao atendimento físico, mas também digital, como o on-line.
Desde a prestação de serviços psicológicos realizados através de tecnologia da
informação e pode actuar na:

 Orientação sobre aspectos de higiene que visem minimizar os riscos de


contaminação do vírus;
 Conscientização das eventuais mudanças de hábitos e possíveis implicações
emocionais que podem ser acarretadas por conta disso;
 Abordagem, quando necessário, das implicações emocionais da quarentena e de
aspectos psicológicos do isolamento;
 Exercício da profissão segundo os princípios do Código de Ética Profissional do
Psicólogo, com informações precisas e que evitem o pânico.

Todas as actuações acima desenvolvidas por psicólogos são de extrema importância em


tempos de pandemia e constituem uma série de boas práticas que precisam ser seguidas
para a superação da sociedade em momentos de crise.

Os Psicólogos que realizam a sua intervenção em contexto comunitário procuram actuar


sobre problemas e questões sociais complexas, multifacetadas e dinâmicas, e contribuir
para a sua minimização ou solução e, dessa forma, para a melhoraria da qualidade de
vida e do bem-estar da população.

Os Psicólogos que intervêm neste contexto actuam ainda no sentido da prevenção de


situações de risco e desigualdade social, pelo que a sua intervenção é imprescindível
nesta circunstância excepcional que vivemos.

Em virtude da implementação de medidas de protecção e isolamento físico, também os


Psicólogos precisam de alterar as suas formas de intervenção – que, em contexto
comunitário, assentam frequentemente na relação directa e de proximidade com a
população. Os Psicólogos terão de adoptar e se adaptar a formas alternativas de
intervenção, procurando manter a sua eficácia, mas sem comprometer as recomendações
das autoridades e a Saúde Pública.

Sendo certo que existem constrangimentos evidentes e que é um desafio realizar


intervenção psicológica em contexto comunitário “à distância”, sabemos que o
isolamento físico não deve implicar um isolamento social, relacional e afectivo, que esta
situação também pode representar oportunidades de crescimento (pessoal e
comunitário) e que podemos desenvolver estratégias para que os cidadãos não se sintam
desacompanhados, abandonados e sem resposta.

Considerando estas exigências, bem como as especificidades da intervenção psicológica


neste contexto, sugerem-se um conjunto de recomendações para a intervenção dos
Psicólogos no sentido de aumentar a resiliência da comunidade, favorecer a resolução
de problemas e facilitar o período subsequente à pandemia, sobretudo em territórios e
com populações particularmente desfavorecidas ou vulneráveis.

Recomendações gerais para a intervenção psicológica em contexto comunitário

1. Mantenha-se informado e actualizado sobre as orientações e medidas


recomendadas pelas autoridades de saúde, Consulte fontes oficiais de
informação apenas uma a duas vezes por dia e partilhe apenas a informação,
actual e útil, proveniente dessas fontes.
2. Divulgue informação oficial e útil junto da sua rede de contactos, entidades
locais e grupos vulneráveis da sua zona de intervenção, focando-se nos
comportamentos de protecção individual e comunitária. Recorra a factos
simples, palavras e termos adequados à capacidade de compreensão dos
destinatários, de preferência, com imagens ou ilustrações para facilitar a
explicação. Tenha especial cuidado na divulgação de informação que possa
gerar desconforto, ansiedade e medo na comunidade.
3. Mostre-se e esteja disponível para esclarecer dúvidas e ajudar a
compreender. Enquadre e explique a pandemia e a situação de isolamento de
modo ajustado e reforce a informação todas as vezes que considere necessárias.
Explique para que servem os comportamentos de isolamento físico e o custo
afectivo que ele representa versus o benefício para si próprio e para toda a
comunidade. Enquadre, sobretudo, a necessidade de interromper contactos
presenciais com a família e amigos, reforçando que tal resultará na protecção do
próprio, da sua família e amigos, assim como de todos os cidadãos.
4. Seja um exemplo. Procure ser um modelo para a comunidade onde intervém,
procurando cumprir com rigor as recomendações e incentivando à adopção de
comportamentos de protecção por todos com quem contacte. Incentive outros
mobilizadores sociais a adoptar e a promover a adopção de comportamentos pró-
sociais e pró-saúde.
5. Faculte informação sobre as respostas comunitárias disponíveis.
Constatando que alguns grupos mais vulneráveis (ex. população idosa ou sem-
abrigo ou pessoas portadoras de deficiências) não têm acesso regular a
informação por meios digitais, importa facultar informação fidedigna e
actualizada sobre as respostas existentes na sua comunidade recorrendo a outros
meios (ex. mercearias que fazem entrega ao domicílio, restaurantes de takeaway,
farmácias que entregam medicação no domicílio, grupos voluntários que
entregam compras).

Como é visto, o psicólogo possui um papel fundamental na humanização dos processos


técnicos de atendimento frente a uma pandemia. Além de possuírem bagagem
necessária para o treinamento nas instituições de saúde pública com o foco não apenas
técnico, mas humano, esses profissionais precisam ser estáveis emocionalmente.

Promover um atendimento humanizado é essencial durante o período de quarentena.


Promover um atendimento humanizado é essencial tanto para pacientes quanto para os
profissionais da saúde. Por isso, o papel do psicólogo se mostra tão importante em
tempos como esses.

Conclusão

Cuidar do bem-estar individual e colectivo Durante a crise, os indivíduos podem


experimentar medo e raiva. O isolamento e as preocupações com a saúde trazem o risco
de estabelecer a “distância social” como a nova medida relacional estrutural. É
importante discutir medos e preocupações, promovendo o equilíbrio entre a necessidade
de protecção com a necessidade de uma vida criativa e social.
As comunidades podem ajudar a reconhecer a multidimensionalidade do bem-estar e
apoiar os cidadãos no desenvolvimento da capacidade de dominar e dar sentido a uma
situação totalmente nova. Isso pode ser feito reunindo histórias positivas e escrevendo
narrativas colectivas que possam ajudar as pessoas a lidar com as adversidades. Devem
ser apoiadas as reflexões colectivas sobre o desafio de valores sociais e individuais em
contexto de crise, e com base nelas, novos pactos de união podem ser desenvolvidos.

Bibliografia

Campos, R. H. F. (1996). Psicologia social comunitária: da solidariedade à autonomia.


Petrópolis – RJ: Vozes.

OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). Relatórios diversos.

Ordem dos psicólogos. Recomendações para a intervenção psicológica em contexto de


intervenção comunitária. Documentos de apoio à prática opp | covid-19. Abril de 2020.

Você também pode gostar