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Uma das razões pelas quais nenhum dos três sistemas aborda as possibilidades de
experiência e crescimento pessoal que permanecem latentes nos outros 4 circuitos é bastante óbvia:
nenhum dos seus iniciadores experimentou essas possibilidades ou esteve em contato com alguém
que o tivesse feito.
Jung tem o mérito de ter indicado uma outra possibilidade, além da "cura" psicanalítica,
quando desenvolveu seu conceito de individuação. E ele próprio deu sinais de, em alguns momentos
de sua vida, ter experimentado algo dos circuitos superiores.
Podemos dizer, assim, que a diferença entre a Psicanálise e suas vertentes e a proposta de
Timothy Leary é a entre a normatização das funções ligadas a oralidade, analidade, semântica e
atividade socio-sexual do ser humano ordinário e o despertar do potêncial neurológico latente em
um ser humano já saudável.
Um exemplo: Reich se foca na obtenção do orgasmo pleno como o sinal de saúde psico-
física desejável; o Tantra utiliza deliberado controle do orgasmo como meio de se alcançar
experiência nos circuitos neurológicos superiores. Mas, é claro, o praticante do Tantra
necessariamente tem que ser uma pessoa em quem a possibilidade do orgasmo pleno já foi
realizada; caso contrário, a prática tantrica se revela apenas como uma fuga ou justificação do
sintoma, onde a pessoa fica imobilizada na ausência de gozo, já que não alcança a descarga
energética que seus circuitos inferiores precisam e nem o êxtase que os superiores prometem.
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circuito semântico, o palavrear incessante dos significantes. Mas, a partir de Leary, as técnicas de
Meditação e Misticismo passam a ser vias para o despertar das funções dos circuitos superiores. É
interessante notar como o uso de um mesmo alucinógeno pode tanto levar a pessoa a re-
experimentar suas experiências nos circuitos inferiores como a descobrir as possibilidades dos
superiores.
Este estudo que venho fazendo está sendo muito útil, pois percebo melhor o que venho
buscando esse tempo todo, e os vários erros que cometi; basicamente, procurando a experiência
intuída dos circuitos superiores através da satisfação ou exarcebação dos inferiores. Mover a
consciência para cima, ou, despertar esses circuitos neurológicos, foi bem definido pelos místicos
do passado como "abandono do mundo"; já que os primeiros quatro circuitos existem exatamente
para garantir nossa sobrevivência "neste mundo". Por aí, pode se entender o impulso dos santos em
buscar um ambiente de isolamento como um recurso primitivo diante da exigência de uma
economia psíquica; e a razão de ser das normas ditadas por Abramelin para que o discípulo se retire
por seis meses. Afastar-se da sociedade diminui consideravelmente as demandas que o sujeito
desenvolve nas suas relações com os outros, diminuindo o exercício dos circuitos semântico e
socio-sexual. O ambiente preparado provê as suas necessidades básicas e, com o apaziguamento
tanto das necessidades reais quanto das demandas imaginárias, o recurso ao simbólico se volta,
através das preces e invocações, para o despertar dos circuitos superiores.