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Acreditamos na possibilidade de que as mentes humanas sejam ligadas

por uma rede de fios de luz interligados e controlados por um Sistema Ativo
Tridimensional e invisível aos olhos humanos. Sim, isso que nós chamamos de
realidade também pode ser chamado de Holograma Universal, melhor
representado pelo conceito de Matrix. A ciência contemporânea está próxima
de desvendar esses mistérios.

A ciência começa a desvencilhar os mistérios que podem ser explicados


pelo Modelo Quântico Informacional Holográfico do Universo. Finalmente, o
mundo científico desperta para essa Nova Consciência.

O cérebro faz uma interação entre a consciência e o universo. Essa tese


está embasada na teoria das redes neurais holográficas, na teoria quântica de
David Bohm e na lógica da não-localidade do campo quântico de Umezawa.

O cérebro humano tem a propriedade de interagir com a natureza


quântica holográfica do universo por meio de pulsos energéticos, dando ao
homem não só a condição de adquirir informações cósmicas, mas também
manipular o que lhe é tangível pelos cinco sentidos, criando situações e
transformando cada passo de sua existência. O individuo muitas vezes fica
sabendo de coisas através da sincronização das ondas cerebrais com a
dinâmica quântica do universo. Essa interatividade entre homens e o universo
tem sido mais frequente do que possamos imaginar. É justamente essa
interatividade que tem ampliado a possibilidade de estarmos às portas da
Plenitude dos Tempos.

A Porta de Entrada dessa interatividade é o cérebro humano. E por que?

Porque nele se processa uma avalanche de frequências de todos os


nossos sentidos audição, paladar, olfato, visão, tato e o registro de memória.
Em um centímetro cúbico do cérebro pode estocar mais de dez bilhões de bits
de informação. Cientistas estão descobrindo que o cérebro por si constitui um
holograma fantástico. Ele não só decodifica os padrões e ondas como também
é um transmissor deste mesmo tipo de pulsação. Este mecanismo perfeito tem
a facilidade de codificar e decodificar frequências sendo capaz de converter
borrão de frequências em uma imagem coerente e outras proezas. O cérebro
converge matematicamente todas as frequências que recebe a partir dos
sentidos. Ele utiliza o próprio princípio holográfico para realizar as suas funções
e envia vibrações para o pretenso mundo exterior por meio de codificação das
emoções.

A teoria holográfica de Karl Pribram demonstrou a existência de


informação no córtex cerebral denominada Holograma neural multiplex,
dependente dos neurônios de circuitos locais, que não apresentam fibras
longas e não transmitem impulsos nervosos comuns. “São neurônios que
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funcionam no modo ondulatório, e são responsáveis pelas conexões
horizontais das camadas do tecido neural, conexões nas quais padrões de
interferência holograficóides podem ser construídos”.

Entretanto, no universo holográfico universal, os cérebros são porções


indivisíveis de um holograma maior e interligado através dos elétrons dos
átomos de Carbono dos cérebros, que instantaneamente podem se comunicar
com todas as mentes humanas existentes, independente do tempo e do
espaço. Esse mega holograma é a matriz que deu origem a tudo que existe no
universo, enquadrando cada partícula subatômica de tudo que existe dentro
dele. Seja lá o que for, esse holograma universal é um mistério a ser
desvendado. Essa matriz contém toda configuração da matéria e de energia
existente e moldada para se desenvolver.

Enquanto os neurônios que não transmitem pulsos, servem ao


processamento do mundo holográfico, outros tipos de neurônios que contem
fibras longas trabalham voluntariosamente no processamento das emoções .

Estas ainda são mal compreendidas quando não racionalizadas, quando


vivenciadas alem de sua intensidade natural. Este pequeno conflito se da por
conta da especialização do cérebro. São tantas coisas a serem processadas
que as condições emocionais são selecionadas em centros mais ou menos
especialistas. Não precisa começar a se preocupar tentaremos explicar esta
coisa de tamanha amplitude com poucas palavras.

Uma das emoções mais fáceis de aparecerem no ser humano comum é


a raiva. Todos nós temos vários episódios deste sentimento varias vezes em
nossas vidas, Mas o que seria a raiva, um sentimento angular e único ? Será
que a raiva por sí consegue provocar mudanças em nosso meio ?.

Cremos que as respostas para as perguntas acima sejam duas grandes


negativas, a raiva pode ser vista como a frustração e a sensação de
incapacidade gerada pela não realização de um desejo. Os grandes mestres
de artes marciais costumam colocar a raiva como um dos grandes fatores de
derrota em uma luta. E normalmente vemos em nossas vidas as coisas se
enrolarem a curto ou longo prazo por conta de atitudes tomadas sob o efeito
deste sentimento.

Ao contrario do que dizem em tantos Best Sellers como no caso “O


Segredo” que a mente atrai aquilo que deseja, temos que ver que a mente atrai
aquilo o que vibra, aí esta realmente a chave do grande segredo.

Ao tomarmos uma atitude com raiva, já temos uma ação baseada em


algo esperado que não aconteceu ou que esta em vias de não ser realizar, a

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amplitude de ondas geradas nesta ocasião não é a de uma sensação firme de
estarmos marchando em direção aos nossos ideais.

Frustração é um tipo de incapacidade, não importa se a vemos como


temporária, ou uma coisa que se arrasta as fronteiras da impossibilidade, ela
terá sempre uma conotação de derrota.

Mas como os centros de processamento de emoções tratam este tipo de


coisa no mesmo pacote, o que sentimos sobre sair de nossas mentes é a raiva,
mas o que estamos lançando em termos de vibração no universo é uma coisa
bem diferente, pois a vibração não depende em nada de nosso processamento
emocional obtuso.

Então até mesmo quando enamorados precisamos analisar


profundamente as interações reais desta conotação sentimental. Claro este
ato, se tomado conscientemente não diminuirá seu efeito “cebola”, que se
caracteriza por quanto mais cascas tiradas mais lagrimas serão derramadas.
Mas isto não diminui a beleza da “salada” fruto deste esforço.

Os centros de processamentos emocionais unificados são ainda que


misteriosamente, ligados ao hipotálamo. Este por sua vez se liga ao restante
do corpo, pois é o responsável pelas respostas orgânicas aos padrões
emocionais. O hipotálamo transmite as informações com bases emocionais as
nossas células secretando cadeias de aminoácidos específicos a cada variante
emocional denominada de peptídeos.

A repetição de um determinado padrão emocional provoca uma


enxurrada continua de um tipo específico de peptídeo, o recebimento em
demasia faz com que as células em seu processo natural de mitose, gerem
descendentes com mais receptores aquela combinação. O resultado destas
repetições podem ser desastrosas com o passar do tempo.

Este conjunto de células um dia terá a necessidade de colocar seus


receptores em serviço e vão então sugerir ao corpo a criação de uma
determinada condição emocional para que este desejo seja realizado. O corpo
passou a agir como um viciado. E a mente se põe a procura destes estados
emocionais para saciar este vicio ainda desconhecido e não percebido por seu
portador.

Imagine uma pessoa que por histórico de formação tenha a má sorte de


processar amor e dor no mesmo grupamento neuronal. Ela sem saber
marchará para transformar sua vida em uma batalha de amores perdidos , não
correspondidos ou ainda coisa pior. E aí nós veremos mais um danoso padrão
em ação, enquanto acusamos aquele ser incauto no mínimo de sem vergonha.

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A criação de historias futurísticas quase sempre sem um final feliz
perfazem umas das formas mais inteligentes de manutenção de padrões
emocionais. Aquelas coisas que acontecem por exemplo quando o ser amado
simplesmente não atende o telefone. Do ela esta me traindo a esta em um
hospital com problemas graves de saúde se vão aí mil possibilidades, as
menores sempre são voltadas para um atraso no transito ou simplesmente um
telefone no famoso vibra call.

Mas estas criações estão presentes no dia a dia nas mais diversas
formas, e ficamos a todo instante reagindo emocionalmente a elas. Com isso
não só perdemos o foco no presente, como desperdiçamos uma dose valiosa
de energia além de nos inundamos de uma série de sensações sem o menor
sentido existencial.

Por mais incrível que isto possa ser, tudo o que até aqui foi posto, já
estava impresso em diversos manuais anteriores ao século XV, mas tinham
uma nomenclatura que sugeria a busca de riquezas. E não uma conquista
interior disfarçada. Estes antigos tratados tão atuais são conhecidos por nós
como alquimia. Duas citações alquímicas sempre nos fugiram a percepção pelo
seu cunho inicialmente altamente esotérico. São elas :

- “O nosso ouro não é ouro Comum “

- “Para que os galhos de uma arvore possam chegar até os céus, suas
raízes devem alcançar o Inferno”

Isto por si só já sugere uma busca insólita por algo muito valioso, porem
incomum, e que esta jornada deveria se direcionar muito profundamente em
alguma coisa. Dizem que o próprio Jesus Cristo deixou expressa a fórmula na
flâmula que encabeça a cruz na qual ele foi pregado, onde se pode ler gravada
a palavra I.N.R.I com o seu significado descrito por muitos como sendo :

- “Ignem Natura Renovatum Integra”

Ou seja , o fogo interior renovando o todo. Estas antigas expressões


demonstram como devemos mergulhar no nosso mundo emocional e revermos
todos os conceitos que temos sobre ele. Afinal , estamos aqui para aprender, e
tudo são chaves de nosso aprendizado. Nossos sonhos estão sempre nos
passando símbolos, que quando bem decifrados como era a ideia de Yung,
podem nos dar as chaves para grandes mudanças interiores. Da mesma forma
são os fatos e pessoas a nossa volta, todas símbolos evolutivos que devemos
aprender a decifrar, ao invés de mergulhar em uma panaceia endorfínica
alucinada a qual nos tornamos dependentes e sobre a qual montamos nossas
neuroses conhecidas mais simples simplesmente como padrões emotivos.
Não conseguimos neste ponto fugir a uma palavra bastante
representativa de Sir Aliester Crowley, ele disse :

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- Toda a fenomenologia tem um fundo endocrinológico.

A alquimia antiga nos fala de 4 (quatro) estágios transformadores que


permitem a transformação do chumbo em ouro, todos nós vivemos estes
estágios de uma forma ou de outra. A magia da alquimia não esta nos porões
escuros, e pode ser percebida de uma forma muito clara no cotidiano, na forma
de experiências bastante conhecidas, como o fato de apaixonar-se, o
sofrimento pelas perdas, a realização de uma idéia no plano material, a criação
da arte. A própria vida é o laboratório onde se desenrola toda a Opus (obra)
alquímica.

1 – O primeiro destes estágios é denominado como Calcinatio.

O primeiro estágio da opus se refere ao poder de “arder”, queimar.


Esta imagem de “queima” pode ser traduzida como frustração do desejo
até que as emoções não analisadas se esgotem por si só e o animal seja
queimado e domado, a fim de que as vibrações corretas se manifestem.
Os símbolos animais ligados à calcinatio são o leão e o lobo,
simbolicamente associados a paixão, à voracidade e ao orgulho. Num estado
puro, tais animais não são maus, mas intelectualizados e não mentalmente
avaliados encobrem uma serie de outros motivos que não queremos ver, ou
quando muito nos passam sem serem percebidos . O animal que destroça tudo
o que há em seu caminho é a própria imagem simbólica das emoções
evidenciadas.

É importante que se compreenda que as emoções não são prejudiciais a


alquimia, mas precisam ser transformadas para que a “as suas fontes sejam
encontradas” e deixem de existir algumas sub verdades emocionais.

Algumas ilustrações alquímicas mostram o momento de calcinatio como


sendo um leão com as patas cortadas. É a própria imagem do desejo do ego,
que está sempre voraz, sempre ansioso, como ficaria qualquer pessoa em um
deserto ao meio-dia. As patas cortadas revelam a frustração deliberada do
desejo, ou significa colocar-se em modulo de stand by em pleno pico
emocional, pois o leão não pode atacar sem patas.Tal frustração do desejo não
esta fundamentada nos dogmas morais convencionais nem tampouco em
valores maniqueístas.

Aqui a frustração é o movimento doloroso porem compassivo para o


processo de transformação do chumbo em ouro. O que se reflete na calcinatio
não é repressão ou a condenação moral: é o sacrifício voluntário de um desejo
para que algo novo possa emergir.

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Uma modificação radical na aparência, ou algo que desestruture a antiga
forma à qual estávamos apegados. As verdadeiras lágrimas de tristeza são
também consideradas de imenso passo neste trabalho.

É sabido que a simples situação de viver já é, por si só,uma opus


alquímica. Na própria vida ordinária podemos ver o movimento de calcinatio em
uma experiência de amor frustrado. Não há nada mais doloroso e nada mais
frustrante e caustico do que o amor negado. Quando não podemos ter alguém
que amamos, geralmente sentimos raiva ( a voracidade do lobo e do leão), e
logo depois uma autopiedade e autocomiseração exacerbadas. A imagem
alquímica é a do material que entra em ebulição (raiva) e então se evapora. O
evaporar representa o momento em que as emoções se rendem e se dissipam,
o que é inevitável, uma vez que, por mais teimosia que tenha um indivíduo,
chega-se a um ponto em que a tristeza não pode mais ser retida, e ela se esvai
naturalmente. A partir do esvaziamento podemos olhar para nós mesmos com
os olhos da verdade e descobrir a trajetória que tomamos e compara-las com
momentos anteriores. Podemos chegar a perceber que a coisa deu-se a partir
de um determinado instante com uma certa constancia das vezes anteriores,
daí devemos empreender ainda maior esforço para ter a ideia da padronagem
da qual nos travestimos quando em enlaces amorosos.

A experiência de calcinatio pode ser fatal para pessoas de psiquismo


fraco. Mas se observarmos a grande potencialidade criativa manifestada neste
momento de extrema dor, se permitindo sentir a raiva e a frustração sem
projeta-la nos outros, suportando isto até que comece a evaporar e aí
consigamos ver os reais motivos que nos remeteram a tal sentimento, a
experiência pode se tornar um fantástico “Modelador” de um forte senso de
identidade pessoal. Pessoas que nunca passaram por esta experiência, ou que
viveram mas falharam no momento da queima, projetando o calor para fora e
atribuindo a culpa aos outros, são escravas do lobo e do leão, são por estes
animais possuídas, e manifestam uma destrutividade incompreensível,
vitimadas sempre pelas mesmas forças, repetindo de novo e de novo as
mesmas historias em suas vidas.

Para Jung, Marte é o lobo,o principio sulfuroso da prima matéria, nesta


caso do sentimento bruto, assim como o leão. Ambos os animais são
representações primitivas da mesma energia que se transforma, no final do
processo, no Rei renovado. A imagem do rei renovado é indestrutível,
inabalável, e paira acima de todas as coisas, e pode também ser representada
pela águia, que voa alto e consegue encarar o sol. um rei não pode ser
machucado.O desejo daquele determinado estado de coisas com o tempo se
transforma em novas experiências.

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Ao contrario do que se pensa os neurônios não são células imóveis, os
locais de processamento emocionais formam-se com o tempo, de acordo com
a experiência do sujeito. As constantes negações nos momentos de picos
emocionais, fazem com que a informação necessite ser processada de uma
nova forma. E para tal, os neurônios movem seus dendritos rearrumando o
centro de processamento, mudando a modelagem do tratamento da
informação, forçando o hipotálamo a sintetizar novos tipos de peptídeos em
resposta aquele estado emocional.

A ideia é a do incêndio psíquico que se segue a um estado de


apaixonamento frustrante, quando bem trabalhado, pode ser o ponto base para
que comecemos a neutralizar nossos vícios por um determinado e repetitivo
estado psíquico que na maior parte das vezes só nos é prejudicial.

2 - Solutio.

O segundo dos quatro estágios alquímico denominado solutio este


intimamente ligado à morte e a transformação. Na obra alquímica a matéria
prima é colocada em um alambique e então diluída em água. O material então
se rompe, se desintegra, perdendo sua forma particular e torna-se fluido.
Quando nos propomos a romper como nossa padronagem, forçamos
que os centros de processamento emocional se modifiquem, colocamos os
neurônios que compõem este centro novamente em movimento, modificando
suas conexões e forçando-os a novos abraços mágicos, ou seja , em um nova
configuração para o ajuste natural ao processamento de uma maneira diferente
as antigas emoções. Com isso forçamos a nós mesmos a criação de novos
padrões, e desta forma reformulamos também nossa condição egóica.
Podemos então considerar a solutio como um processo de perda de
sentido dos limites do ego, uma experiência de rendição. Quando acontece o
inicio do processo de reestruturação dos enlaces de tratamento emocionais.
Na vida a solutio é muito simples de ser identificada nas experiências do
envolvimento romântico: nossos limites particulares se fundem nas águas do
romance e deixamos de ser dois para nos tornar um. Existe uma ampliação do
ego individual. Faço este conhecido na física como expansão de campo.
Denomina-se de campo a área de atuação eletromagnética de uma partícula
Enquanto que na calcinatio temos a experiência do amor frustrado, na
solutio temos a vivência do amor romântico a um tal ponto que se perde quase
que totalmente o sentido de si mesmo. Tornamos fundidos com o outro, nossa
alma “sai de nós” e se funde na do outro, criando uma unidade “ourobórica”. O
ouroborus é a imagem da serpente que devora a sí mesma, e traduz a imagem

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do paraíso. Viver em ouroborus é viver no paraíso, experimentar situações
doces, românticas, suaves, aprazíveis.
Experiências místicas espelham também o estado de solutio. Como se
fosse uma leve embriagues, um momento em que a nossa mente tem os
primeiros lampejos de integração com o Todo.
O problema é que a Solutio é sempre bela de início, mas é também uma
grande armadilha, porque com o tempo percebe-se que se perdeu o controle
da própria vida. Há considerável medo ligado a este estágio da Opus. Para a
pessoa de personalidade fraca, que nunca se tornou realmente independente,
a solutio é tida como “maravilhosa”, porque a grande fantasia de tal individuo é
ser moldado por uma força exterior – no caso, o parceiro(a), ou o mestre, ou
algum Deus. Trata-se de uma manifestação inconsciente do desejo de morrer,
de voltar ao útero, o desejo de repousar no lago amniótico do ventre materno.
Alguns estados psicóticos revelam uma eterna solutio, tais como formas de
autismo em que não se percebe nenhum ego. Viciados em drogas e alcoólatras
são também seres imersos em uma perpétua solutio, ou vivem em uma busca
alucinada por estados fugazes que o remetam mais próximo o possível do
paraíso.
A experiência romântica é, definitivamente a imagem da solutio traduzida
na vida: achamos que aquela é a pessoa de nossa vida, que a conhecemos de
outras encarnações e etc. Mas isso tem pouco haver com o relacionamento.
Trata-se de uma experiência do inconsciente, projetiva e, portanto fantasiosa,
onde vestimos sobre o próximo a roupa de nosso Deus. O problema é que esta
experiência, como tudo, passa.
Uma das mais poderosas imagens alquímicas da solutio é a do
afogamento. O velho Rei, que representa as formas envelhecidas e primitivas
do ego, precisa se afogar para então renascer. Há um gravura que mostra o
Velho Rei se afogando batendo os braços pedindo socorro. Mas o alquimista,
na margem, deixa que ele se afogue, o que de certa forma demonstra que o
processo envolve uma ação consciente. A solutio não envolve pura e
simplesmente o “deixa afogar” – há também a participação de uma parte de
nós que observa e reflete. Tudo o que é velho rígido ou estranho deve ser
afogado no mar, para que seja renovado. Amar outra pessoa é, de certa forma,
morrer para um estado anterior de “ser”,para tornar-se outra coisa renovada.
As fobias em geral têm muito a ver com a solutio, e se manifestam nas
pessoas que resistem a este tipo de experiência, pessoas de natureza mais
intelectualizada e mesmo rígida. Alguém com uma natureza assim vive a
solutio como uma experiência terrivelmente assustadora, e termina criando
temores que aparentemente nada tem a ver com o processo: Medo de ladrões,
medo de aranhas, claustrofobia, etc. É o velho Rei abanando os braços,
desesperado.
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O propósito da solutio é liberar a nova vida. O vencer as crises de
abstinência deixadas pelo velhos padrões. Afinal o corpo inteiro esta viciado,
não só a mente, é necessário o esforço para libertar o ser das coisas velhas e
rígidas. A prima matéria fica livre das impurezas, de modo que termina sendo
possível ver o ouro. Mas é vital ter em mente de que esta “União“ intensa
gerada pelo processo não é o objetivo da obra alquímica. O objetivo é o lápis a
“pedra filosofal”, a identidade definida, o sentido de self. Não existe a união
total com a outra pessoa, a não ser no útero materno, o que também é uma
situação temporária, definitivamente corrigida pelo processo natural do parto,
muito embora no momento da solutio a maioria de nós tenha a impressão
ilusória da eternidade de tal experiência, e a ruptura deste estado é sempre
dolorosa.

3 - Coagulatio.

Após todo o processo de queima e de dissolução, novas formas de


processamento emocional surgem por meio da recapacitação centros de
processamento, daí dizer-se na alquimia que os líquidos começam a ficar
sólidos.
Neste estágio da opus alquímica, as substâncias se solidificam ,ou seja :
as energias começam a serem direcionadas para o que realmente vale a pena,
passamos então a vislumbrar a manipulação de nosso universo e o que era
potencialidade criativa passa a se transformar em algo prático, palpável.
Psicologicamente, o coagulatio representa o processo de encarnação.
As imagens da coagulatio envolvem dinheiro, alimento e prazeres
sensuais, assim como as tradicionais associações com o pecado, a
carnalidade, a expulsão do paraíso. Materializar qualquer coisa é sempre uma
tarefa dúbia: é ao mesmo tempo satisfatório mais também frustrante, uma vez
que nada no material é como parecia no reino da imaginação. A partir do
momento em que se materializa alguma coisa, corta-se a potencialidade desta
coisa. O que está materializado não mais apresenta ilimitadas potencialidades.
Afinal, cristalizou, ou no jargão da física quântica, colapsou. Uma das imagens
simbólicas mais associadas a este processo é o da crucificação.

O sentido da restrição é esperado no processo de coagulatio, uma vez


que a definição das formas faz exatamente isto: restringe. Enquanto que na
solutio temos um sentimento de dissolução dos limites do ego, na coagulatio
ocorre o processo de estruturação de uma identidade.

A coagulatio pode tanto seguir-se a uma solutio como a uma calcinatio.


Representa então o processo de estruturação da identidade que se segue às
dores da água ou as dores do fogo. Como o próprio nome diz, a idéia é

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coagular – o natural confronto com a realidade que se segue a uma experiência
romântica ou mística (solutio), a redefinição do ego-identidade que se segue a
uma frustração intensa (calcinatio). Mas a coagulatio também pode vir antes de
uma de uma solutio ou de uma calcinatio, uma vez que muitas vezes é
necessário antes desestruturar o que se encontra demasiadamente sólido.

Isso é evidente em fases da vida da maioria dos seres humanos. Aos 29


anos, passamos por um ponto de estruturação tão intenso que chega a ser
conhecido nas rodas esotéricas como o “retorno de Saturno”, que coagula e
define nossa identidade de uma forma muito intensa, pesada. Nesta etapa da
vida as tendências repetitivas e demais neuroses se encontram bem
cristalizadas, por volta dos 40 anos temos experiências transpessoais que nos
abrem a visão para uma série de novas realidades antes desconhecidas. Mas
eu devida a estruturação alcançada pelos centros de processamento e
dependência orgânica acentuada podemos apenas interpretar esta
experiências como total loucura, e muitas vezes estamos fadados a não da-las
mínima atenção. O ego aqui tenta proteger seu solo conhecido, tentando nos
fechar os olhos para existência de outras tendências e realidades.

A coagulatio representa um estágio do processo terapêutico que tanto o


paciente quanto o terapeuta esperam, depois de sofrer de um mal por muito
tempo, resolve fazer algo a respeito,ou seja ,o momento de por o discernimento
em ação.. Compramos ou vendemos uma casa, terminamos um
relacionamento destrutivo, abandonamos um emprego insatisfatório e etc. É o
momento que se assume responsabilidade por si mesmo e tomam-se decisões.

Para muitas pessoas este é um momento muitíssimo doloroso, porque


representa a morte do estado irresponsável do “puer aeternus” (eterna criança),
que não assume compromisso algum. Os motivos oníricos associados a este
processo são também muito elucidativos: sonhamos com construção, reformas
de casas, com o ato de comer e vomitar. Um sonho muito comum neste
processo é quando a pessoa se vê nua no meio das outras, o que de certa
forma revela que ela não desenvolveu uma relação muita definida com as
questões estabilização, integração, materialização internas, focando apenas os
fatores externos a si.

Sonhos com fezes referem-se muito ao processo de coagulatio e são


muito importantes, Freud atribuiu grande importância as fezes : porque elas
representam a primeira coisa que a criança faz sozinha, sem a ajuda da
mãe.Por esta razão os textos alquímicos fazem uma associação muito próxima
entre ouro e as fezes: a individualidade cristaliza-se no aqui e no agora da vida
material.O ouro alquímico é encontrado na vida, e não nos mundos
transcendentais.

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