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Instituto de Artes
Departamento de Artes Visuais
História da Fotografia
A negação deste papel de mãe ainda é uma declaração que causa choque ao
modelo de sociedade existente no Brasil e é através dela que este trabalho se
desenvolve. Um dos símbolos que representa a recusa a este papel é a menstruação.
Estar menstruada significa não estar grávida e isto é trazido ao trabalho na forma
material. Empunhando um absorvente interno utilizado durante a minha menstruação
escrevo na minha parede de azulejos recém colocados a frase “Eu não sou sua mãe”.
Marco este azulejo branco com o vermelho do meu sangue me posicionando contra
essa expectativa recaída sobre mim. O ato é fotografado para registro, e a fotografia é
revelada sobre um painel de azulejos antigos da década de 70.
Uma vez revelada sobre o azulejo estes são levados ao forno para que o óxido
seja incorporado ao vidrado da superfície. A durabilidade da fotografia agora está
relacionada à do azulejo adquirindo resistência à luz e à umidade. A fotografia aqui
perde sua condição de múltipla uma vez que cada revelação leva em consideração a
manualidade do artista na aplicação do óxido e cada queima traz os aspectos de
transformação da cerâmica para a fotografia. O trabalho não se constitui de forma
separada uma vez que a fotografia só faz sentido quando revelada sobre a superfície
de azulejos.
Referências:
Tessler, Elida. Formas e formulações possíveis entre a arte e a vida: Joseph Beuys e
Kurts Schwitters. Porto Arte, Porto Alegre, v. 7 n. 11. p. 57-67, mai. 1996.