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Neurociência e o processo de aprendizagem

Nos últimos anos, inúmeros estudos foram realizados para compreender de maneira
mais objetiva atividades cerebrais e como elas influenciam no comportamento humano.
E é justamente nesse contexto que se encaixa a Neurociência, que corresponde à área
que estuda o sistema nervoso central, bem como suas funcionalidades, estrutura,
fisiologia e patologias. Esse conjunto é responsável por construir as atividades do corpo
humano, sejam elas voluntárias ou não. Assim, a neurociência diz respeito à
inteligência, aos sentimentos, à capacidade de tomar decisões que um indivíduo possui.
O foco da neurociência cognitiva são as capacidades mentais do ser humano: seu
pensamento, aprendizado, inteligência, memória, linguagem e percepção. Isso se dá por
meio da atenção, da associação, da memória, da imaginação, do pensamento, da
linguagem ou dos cinco sentidos.
Com base nisso, as sensações e a percepção do indivíduo norteiam os estudos da
Neurociência Cognitiva, ou seja, como uma pessoa adquire conhecimento a partir das
experiências sensoriais a que é submetida. Uma música, um aroma, o gosto de uma
comida, uma imagem ou uma sensação corporal: tudo isso está englobado, sendo
responsável por captar os dados do ambiente e levá-los ao cérebro. A capacidade de
manter e trabalhar com informações, focar pensamentos, filtrar distrações e mudar as
engrenagens é chamada de função executiva e de autorregulação - um conjunto de
habilidades que depende de três tipos de atividades cerebrais: memória de trabalho,
flexibilidade mental e autocontrole. As crianças não nascem com essas capacidades -
elas devem ser estimuladas para desenvolvê-las. As funções executivas, como outras
evolvendo o Sistema Nervoso, apresentam um processo de maturação, que segundo
pesquisadores, atingirão seu cume no início da idade adulta - influenciando nesse
processo a regulação emocional, as funções cognitivas e o aprendizado. Elas estão
atreladas ao processo de captação de conhecimento, desenvolvimento de
comportamento social e regulação das emoções. Portanto, a neurociência e a educação
precisam andar juntas e nós, profissionais da educação, devemos nos informar para
planejar as ações para o desenvolvimento integral dos alunos.
Avaliações neuropsicológicas são um método de investigação das relações entre cérebro
e comportamento, especialmente, das disfunções cognitivas associadas aos distúrbios e
diferentes lesões associados ao Sistema Nervoso Central. O processo visa identificar
pessoas em níveis de risco para o desenvolvimento de doenças neurais ou padrões de
desempenho anormal. A avaliação é composta por entrevistas, observações e testes
psicológicos, que auxiliam no diagnóstico clínico do paciente assim como na estimativa
da evolução, prognóstico, delineamento de programas de reabilitação e
acompanhamento de tratamento farmacológico e psicossocial. Não existe ainda, no
entanto, uma metodologia ou instrumento para avaliação neuropsicológica das funções
executivas. Esse ainda é um grande desafio para a neurociência e para os profissionais
de educação. Os sintomas de comprometimento de tais funções são dificuldades de
planejamento, falta de insight, apatia, perseverança, agitação, dificuldade de
concentração, capacidade de tomar decisões limitadas e despreocupação com as normas
sociais. Percebe-se uma relação entre estrutura e função, algo está fora da normalidade.
Essas disfunções se dão por alterações na região cortical ou subcortical, mas também
podem se desencadear a partir de lesões no tálamo e região pré-frontal.
* Coordenador Pedagógico do Ensino Fundamental e Médio do colégio Liceu Coração
de Jesus, o professor Fábio Aurélio de Moraes é especialista em Neurociência aplicada à
educação pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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