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CÂMPUS DE MARÍLIA
Faculdade de Filosofia e Ciências
Ciências Sociais
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
Professor: Luís Antônio F. Souza (2019)
OBJETIVOS
Abordar a história, importância, contradições e objeções, principais autores e teorias, bem como os
elementos constitutivos da sociologia do conhecimento.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Avaliação:
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BORGES, Jorge Luís. Nova antologia pessoal. São Paulo: Difel, 1986.
BORGES, Jorge Luis. Siete noches. México: Fondo de Cultura Econóomica, 1995.
BLOOR, David. Conhecimento e imaginário social. São Paulo: Editora da Unesp, 2009.
BOURDIEU, Pierre. Sociologia. Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1983.
ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
EVANS-PRITCHARD, E. E. Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande. Rio de Janeiro: Zahar,
1978.
FREUD, Sigmund. A Interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Imago, 2001.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau/PUC, 2002.
FOUCAULT, Michel. Ditos e Escritos. Vol. II: Arqueologia das Ciências e história dos sistemas de
pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.
KAFKA, Franz. O Veredito e na Colônia Penal. São Paulo: Brasiliense, 1986. Tradução de Modesto
Carone.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2001.
LEVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. São Paulo: Papirus, 2005.
LIMA BARRETO, Afonso Henrique de. Clara dos Anjos e Outras Histórias. São Paulo: Mérito,
1948.
MANNHEIM, Karl. Ideologia e utopia. Uma introdução à sociologia do conhecimento. Rio de
Janeiro. Zahar. 1972.
PLATÃO. Diálogos. A República. Tradução de J. Guinsburg. Apresentação e notas de Robert
Baccou. São Paulo: Difel, 1965. II Volume.
POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cúltrix, 2003.
ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Europa. Bauru: Edusc, 2001.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Ensaio final (individual): Escolher uma das seguintes opções: 1) Fazer uma reflexão sobre o
conhecimento (temas, recortes, pressupostos ou produtores da pesquisa científica ou do
conhecimento; 2) Fazer uma discussão de sociologia do conhecimento a partir da leitura de obras
fundamentais ou clássicas de quaisquer áreas do conhecimento; 3) Expor uma dessas obras a partir
da ideia de que toda obra é uma enciclopédia do conhecimento de sua época e toda obra é lida de
forma significativa ou histórica; 4) Explorar alguma grande controvérsia científica em sua área de
interesse de pesquisa.
EMENTA
A Sociologia do Conhecimento é campo fundamental das Ciências Sociais, porque toma o próprio
pensamento como objeto de estudos e de análise crítica: trata-se de ressaltar as bases sociais do
conhecimento. Em outros termos, a Sociologia do Conhecimento parte da premissa que é possível, e
necessário para nossa auto-compreensão, conhecer o conhecimento. Segundo Franco Crespi e
Fabrizio Fornari (2000), a sociologia do conhecimento “quer estudar a gênese social do saber,
analisando as relações que há entre as estruturas da sociedade e as formas do conhecimento, como
também tentar mostrar o modo como tais formas se influenciam mutuamente” pg.09. Ou, na
linguagem de Karl Mannheim (1972), a tese principal da sociologia do conhecimento afirma que os
modos de pensamento “não podem ser compreendidos adequadamente enquanto se mantiverem
obscuras suas origens sociais” pg. 30. Ou seja, a tarefa da Sociologia do Conhecimento é jogar luz
sobre os irracionalismos da razão, desvelando sua alçada política, social e valorativa. Conhecimento
está condicionado socialmente e reflete um jogo de interesses ocultados.
Mas é preciso ter cuidado, pois a proposta da Sociologia do Conhecimento não é entender a
sociedade como um lugar “fora” do conhecimento. Mas tentar recolocar (ou reconhecer) o social
“no” conhecimento, posto que o social e o histórico foram expulsos da república da razão; ou seja, a
razão científica quer se colocar em posição de autonomia em relação ao contexto e às lutas políticas.
Como Diz Jean-Pierre Vernant (1988): “o contexto... não se situa ao lado das obras... está não tanto
justaposto ao texto quanto subjacente a ele. Mais que um contexto, constitui um subtexto subjacente
a ele.” Pg. 21. Ou como refere Roberto Schwarz (1990) sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis: “O dispositivo literário capta e dramatiza a estrutura do país, transformada em
regra de escrita” pg. 11.
O presente curso procurará perseguir de forma não exaustiva o tema central da disciplina, em face de
quatro eixos da reflexão científica sobre o tema.
O primeiro eixo aborda o tema a partir de uma história social do conhecimento. Ou seja, o curso
lembrará que a formação da ciência e do pensamento ocidentais tem bases históricas. O curso
procurará fundamentar que há relação entre conhecimento e os eventos significativos da história. A
organização das instituições, os produtores, os atores e as racionalidades têm implicação no
conhecimento, bem como na recepção cultural de suas principais descobertas.
O terceiro aborda o núcleo central da reflexão da sociologia do conhecimento tanto na forma de que
o mundo social condiciona as ideias, as crenças e as instituições, quanto na forma de uma sociologia
das concepções fundamentais do pensamento sociológico. A sociologia do conhecimento já estava
presente nas obras dos clássicos da disciplina, em Karl Marx, que estabeleceu os nexos entre as
ideias e a base material da sociedade capitalista; em Émile Dürkheim, na base social e/ou coletiva de
toda representação ou construção humana; em Max Weber, nos vínculos causais perceptíveis entre o
ethos de um grupo e a direção da ação, bem como o sentido dos valores. Em outros termos, a
Sociologia já nasce como sociologia do conhecimento e aos poucos este aspecto se torna
autoconsciente e se destaca para formar uma especialidade no interior do pensamento sociológico. É
a partir da obra de Karl Mannheim, com forte influência da sociologia compreensiva do começo do
século XX, que a sociologia do conhecimento consolida-se nas Ciências Sociais.
O quarto aborda o problema a partir da perspectiva de uma Filosofia da Ciência ou de uma meta-
teoria. É possível uma história da ciência e do conhecimento que seja parte integrante destes? Como
fazer a distinção entre ciência e conhecimento, entre ciência e senso-comum? Há uma lógica
subjacente ao progresso do conhecimento científico? Como garantir a universalidade do
conhecimento científico face à pluralidade histórico-social do pensamento e da cultura? Como
enfrentar o debate em torno da verificação, da refutação e da falseabilidade do conhecimento? O
curso vai retomar esta discussão tendo como base a especificidade das Ciências Humanas.
Por fim, o programa apresenta uma bibliografia complementar para quem pretende seguir as linhas
mais amplas das discussões propostas.