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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIAS

FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

FIAMA GOMES DA COSTA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

(CERÂMICA CASTANHEIRA TRANSPORTES - LTDA)

MARABÁ – PA

2017
FIAMA GOMES DA COSTA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

(CERÂMICA CASTANHEIRA TRANSPORTES - LTDA)

Relatório apresentado à Faculdade de


Engenharia de Materiais da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará, como forma
de obtenção de conceito na disciplina Estágio
Supervisionado.

Supervisor Acadêmico:

Prof°. Jailes Santana Moura.

MARABÁ – PA

2017
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

IDENTIFICAÇÃO

Estagiário: Fiama Gomes da Costa

Matrícula: 201240606002

Empresa concedente: Cerâmica Castanheira Transportes - LTDA

Áreas de atuação: Setor produtivo; Análise e controle da qualidade; diagnóstico setorial da


empresa sob perfil econômico-financeiro, tecnológico, gestão e de recursos humanos.

Áreas de realização do estágio: Setor produtivo e diagnóstico setorial da empresa sob perfil
econômico-financeiro, tecnológico, gestão e de recursos humanos.

Período de realização: 01/12/2016 a 28/02/2017

Carga horária: 300 horas

Supervisor Técnico: Eloi Antonio Flores da Silva

Cargo : Diretor
4

ATESTADO DE REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Atesto, para comprovação do Estágio Supervisionado, que a aluna Fiama Gomes da


Costa, estagiou na Cerâmica Castanheira Transportes - LTDA, nos setores de Produção,
Análise e controle da qualidade e Diagnóstico setorial, no período 01 de dezembro de 2016
a 28 de fevereiro de 2017, com carga horária total de 300 h (trezentas horas).

Marabá, 02 de março de 2017

____________________________________________

Eloi Antonio Flores da Silva


5
AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família por terem me dado todo o apoio necessário durante esses
cinco anos de vida acadêmica.
Aos meus amigos que sempre me ajudaram e me deram bons conselhos.
Aos professores da FEMAT que sempre foram muito atenciosos e prestativos.
À toda equipe da Cerâmica Castanheira Transportes LTDA.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da Cerâmica Castanheira .................................................................... 13


Figura 2 - Jazidas submersas ................................................................................................... 14
Figura 3 - Tijolos de vedação tamanho 20x30 e 20x20, respectivamente ............................... 15
Figura 4 - Esquema de fabricação de tijolos ........................................................................... 16
Figura 5 - a) Produto sendo extrudado; b) Tijolos descartados ............................................... 16
Figura 6 - (a) Forno paulista; (b) forno abóboda ..................................................................... 17
Figura 7 - Setor de secagem .................................................................................................... 18
Figura 8 - Estoque de pó de serragem de madeira................................................................... 18
Figura 9 - Estocagem da argila ................................................................................................ 19
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2 OBJETIVOS................................................................................................................ 11
2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................... 11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 11
3. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 12
3.1 CERÂMICA VERMELHA .......................................................................................... 12
3.2 INDÚSTRIA ................................................................................................................. 12
4 AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROCESSOS DE PRODUÇÃO ..................... 14
4.1 JAZIDA ........................................................................................................................ 14
4.2 CONFORMAÇÃO ....................................................................................................... 15
4.3 SETOR DE FORNOS ................................................................................................... 17
4.4 SECAGEM E QUEIMA ............................................................................................... 17
4.5 ESTOCAGEM .............................................................................................................. 19
5 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA E SETORIAL ....................................... 20
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS BLOCOS CERÂMICOS ................................................ 20
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA ........................................................................... 21
5.3 DIAGNÓSTICO SETORIAL DA EMPRESA CERÂMICA CASTANHEIRA
TRANSPORTE ........................................................................................................................ 21
6 ANÁLISE TECNOLÓGICA E SETORIAL ........................................................... 22
6.1 BLOCOS CERÂMICOS E ARGILA ........................................................................... 22
6.2 DIAGNÓSTICO SETORIAL ...................................................................................... 23
6.2.1 Perfil da Empresa ....................................................................................................... 23
7 PROPOSTAS PARA MELHORIAS ........................................................................ 25
8 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 26
9 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 27
9

1 INTRODUÇÃO

Este relatório descreve as atividades que foram realizadas e desenvolvidas durante o


estágio supervisionado na Cerâmica Castanheira Ltda., localizada na cidade de Marabá, com
duração de 3 meses com o objetivo de atuar no desenvolvimento de materiais cerâmicos, além
de um panorama geral da atual situação quanto ao perfil econômico-financeiro, tecnológico,
gestão e recursos na empresa.
A indústria cerâmica na atualidade pode ser subdivida em setores que possuem
características bastante individualizadas e com níveis de avanço tecnológico distintos. A
cerâmica vermelha compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na
construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas
expandidas) Também existe a cerâmica branca que é bastante diversificado, compreendendo
materiais constituídos por um corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea
transparente e incolor e que são agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões
estéticas e/ou técnicas (ANFACER, 2017).
O Brasil é hoje um dos grandes produtores mundiais do revestimento cerâmico. O
país é o segundo maior consumidor mundial de revestimentos cerâmicos e o segundo maior
produtor. A cada dia a qualidade e a variedade desse material aumentam. Na mesma medida,
cresce a utilização da cerâmica no Brasil para revestir pisos e paredes de todos os espaços
internos da casa, assim como espaços externos. Nos últimos anos, acompanhando a evolução
industrial, a indústria cerâmica adotou a produção em massa, garantida pela indústria de
equipamentos, e a introdução de técnicas de gestão, incluindo o controle de matérias-primas,
dos processos e dos produtos fabricados (ANFACER, 2017).
A produção brasileira é concentrada em algumas regiões. A região de Criciúma, em
Santa Catarina, que tem reconhecimento como pólo internacional, concentra as maiores
empresas brasileiras. Naquela região as empresas produzem com tecnologia via úmida e
competem por design e marca, em faixas de preços mais altas. Em São Paulo, a produção está
distribuída em dois pólos: Mogi Guaçú e Santa Gertrudes. O Norte e Nordeste brasileiro
podem tornassem polos em futuro próximo, devido às condições favoráveis de existência de
matéria-prima, energia viável e um mercado consumidor em desenvolvimento, além de boa
localização geográfica para exportação (ANFACER, 2017).
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Este trabalho de estágio supervisionado teve como objetivo colocar em pratica os


conhecimentos teóricos, adquiridos em sala, com a prática industrial para avaliação do
processo de fabricação de blocos cerâmicos da Cerâmica Castanheira, e também informações
importantes que oferecem um diagnóstico sobre as perspectivas e parâmetros empresariais da
empresa no que tange ao processo produtivo e administrativo, sendo analisados de forma
paralela.
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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Atuar no setor de produção da empresa, bem como a análise e controle da qualidade


dos produtos fabricados, diagnóstico setorial da empresa sob perfil econômico-financeiro,
tecnológico, gestão e de recursos humanos, colocando em prática os ensinamentos obtidos no
curso por meio de disciplinas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Acompanhamento e aprendizado prático do processo de produção de tijolo de


vedação;
b) Analisar com base em dados referenciais quanto aos produtos fabricados;
c) Diagnosticar os parâmetros e perspectivas da empresa quanto ao mercado;
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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CERÂMICA VERMELHA

A cerâmica vermelha compreende todos os produtos cerâmicos que apresentam


coloração vermelha após o processo de queima. Os principais produtos fabricados por este
setor, destinados à construção civil, são tijolos maciços, blocos de vedação e estrutural, lajes,
telhas, ladrilhos de piso, manilhas e elementos vazados. A cor vermelha que caracteriza esses
produtos é resultante da oxidação de compostos de ferro presentes ou liberados pela argila,
matéria-prima utilizada na produção de cerâmicas vermelhas, durante a queima (SILVA,
2013).
A argila é um material natural, terroso, de granulação fina, que adquire, quando
umedecido, certa plasticidade. Todas as argilas são constituídas por argilominerais, que são
compostos quimicamente por silicatos hidratados de alumínio e ferro, contendo ainda, certo
teor de elementos alcalinos e alcalino-terrosos (SOUZA SANTOS, 1928). As indústrias
fabricantes de cerâmica vermelha empregam dois ou mais tipos de argila para obtenção de
massas com as características desejada. Além dos argilominerais, as argilas contêm
geralmente matéria orgânica e partículas de quartzo, pirita, mica, calcita, dolomita e outros
minerais residuais.

3.2 INDÚSTRIA

O Brasil é um dos grandes protagonistas internacionais do setor industrial cerâmico


ocupando uma boa colocação no ranking mundial de produção e consumo, com exportações
para mais de 110 países em todos os continentes. Além dos resultados quantitativos, os
revestimentos e louças sanitárias brasileiras encontram-se no “estado da arte”, no que se
refere às questões estéticas e de qualidade (EXPOR REVESTIR, 2017)
Apesar de ainda manter uma boa posição no cenário internacional, a indústria
cerâmica brasileira ao avaliar o ano de 2016 como um dos mais difíceis que já enfrentou, não
possui perspectivas favoráveis para 2017. Houve em média 40% de recuo nas empresas do
segmento. As que não fecharam as portas, viram as vendas caírem consideravelmente. O
13

empresário não tem estabilidade para investir, para fazer compromissos, porque corre o risco
de presenciar uma queda ainda maior nas vendas (GLOBAL CERÂMICA, 2017).
No Pará, há uma boa atuação dessa indústria quanto às melhorias na qualidade dos
produtos, assistência aos ceramistas por meio de sindicatos e associações. Em janeiro de 2017
o Sindicato da Indústria de Olaria Cerâmica para Construção e de Artefatos de Cimento
Armado do Estado promoveu uma reunião com a finalidade de valorizar o produto
proveniente de cerâmica vermelha, incentivar a legalidade e conformidade do material, inibir
a concorrência desleal, criar uma cultura de venda técnica e garantir ao consumidor final que
os produtos respeitam os padrões específicos exigidos pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT NBR 12570-3), bem como as portarias do Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
A regulamentação se aplica a blocos, tijolos maciços e perfurados, entre outros itens.
Os componentes cerâmicos devem trazer, obrigatoriamente, informações técnicas gravadas
em uma das faces externas, de forma visível, em baixo relevo ou reentrância. São elas:
identificação do fabricante (CNPJ e nome de fantasia ou razão social); dimensões nominais,
em centímetros, na seguinte sequência: largura, altura, comprimento; lote ou data de
fabricação; e telefone do serviço de atendimento ao cliente ou correio eletrônico ou endereço
do fabricante, importador ou revendedor/ distribuidor.
A cerâmica castanheira Ltda (Figura 1) localizada em Marabá, sudeste do estado do
Pará, assim como as demais indústrias de cerâmica vermelha, de pequeno a médio porte, está
instalada próximo à jazida, desse modo, há redução de custos com logística. Quanto ao layout
da indústria, para este caso, é constituído por jazidas, área de estocagem de argila, pó de
serragem e dos tijolos e lajes, setor de fornos, área de conformação e área de secagem.

Figura 1 - Localização da Cerâmica Castanheira

Fonte: Autor (2017)


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4 AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROCESSOS DE PRODUÇÃO

4.1 JAZIDA

O processo de produção de cerâmica vermelha inicia-se com a extração da argila. As


jazidas estão localizadas à margem do rio Itacaiúnas e a extração ocorre no período de
estiagem, pois do final de novembro a meados de junho se dá o período de cheia. Durante o
período de cheia, ocorre com maior velocidade o processo de intemperismo e/ ou
sazonamento da argila.
Devido à proximidade das jazidas, as argilas não apresentam diferenças significativas
quanto à composição químico-mineralógica, a ponto de influenciar na qualidade final do
produto. As argilas da microrregião possuem composições químicas bastante semelhantes,
como foi comprovado através de pesquisa realizada pela equipe do Laboratório de Materiais
Cerâmicos da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (SANTOS et al, 2012). No
entanto, devido à área ficar submersa durante o período de cheia do rio e devido ao processo
de intemperismo, as argilas mais próximas da margem do rio tem maior plasticidade.
A princípio, o problema identificado na jazida é que durante o período de cheia, as
pilhas ficam submersas; porém, todas as jazidas localizadas nas margens de rios de grandes
profundidades têm esse problema, por isso a argila é retirada no período de estiagem.

Figura 2 - Jazidas submersas

Fonte: Silva, 2013


15

Na pilha de estocagem de argila, o principal problema é a presença de raízes de


vegetais e cascalhos, que se forem agregados na produção dos tijolos, podem causar
problemas estéticos e estruturais. Neste caso, a matéria-prima poderia passar por um processo
de classificação antes de formar a pilha.

4.2 CONFORMAÇÃO

A empresa atualmente produz tijolos de vedação com tamanho convencional 20x20 e


em tamanho maior, 20x30 (Figura 03).

Figura 3 - Tijolos de vedação tamanho 20x30 e 20x20, respectivamente

Fonte: AUTOR, 2017

Neste setor ocorre todo o processo de conformação dos blocos de vedação de oito
furos. Assim, a argila proveniente da pilha é carregada no caixão alimentador, e em seguida é
levada por correia transportadora até o desintegrador onde a granulometria média de saída é
de uma polegada, além dos finos gerados pelo processo. Então, a argila vai para o misturador
onde é formada uma massa plástica através da adição de água.
Após esta etapa, a argila segue para o fatiador para que seja comprimida por rolos
formando fatias de espessura de quatro milímetros. Por fim, o material é inserido na extrusora
ou maromba para a conformação do bloco. O esquema simplificado do processo é
apresentado na Figura 04.
16
Figura 4 - Esquema de fabricação de tijolos

Fonte: MELO, 2016.

A perda de matéria prima na maromba é um problema comum na olaria. Isso acontece


em consequência de má regulação dos equipamentos, o que gera uma massa com pouco ou
com excesso de água, além da presença de materiais orgânicos e inorgânicos, como raízes de
vegetais e pequenas rochas que ficam retidos na boquilha e danificam o tijolo extrudado. A
Figura 08 ilustra o produto sendo extrudado e a perda do mesmo devido à defeitos.

Figura 5 - a) Produto sendo extrudado; b) Tijolos descartados

a) b)

Fonte: AUTOR, 2017

Consequentemente, há perda de matéria-prima e redução da quantidade de blocos


produzidos, pois é necessário parar o processo para se fazer a limpeza da boquilha,
aumentando o consumo de energia elétrica, pois durante a manutenção os demais
equipamentos permanecem em funcionamento, além do custo da mão-de-obra parada. Outro
problema ocorre com a formação de irregularidades nas superfícies dos tijolos, afetando
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diretamente na estética do produto final, onde é necessário a retirada do ar entre as partículas


do material, através do vácuo.

4.3 SETOR DE FORNOS

Atualmente a fábrica tem dois tipos de fornos: com estrutura cilíndrica (conhecido
como forno paulista) e estrutura paralelepípeda, ambos com teto em abóboda. O primeiro,
consiste basicamente de câmaras retangulares, com paredes e teto em forma de abóboda,
construídos em alvenaria de tijolos comuns. O segundo, tem como característica ser
econômico, adaptar-se bem a qualquer combustível e ser de fácil operação como mostra a
Figura 05. Ao total são sete fornos, sendo três cilíndricos e quatro paralelepípedos.

Figura 6 - (a) Forno paulista; (b) forno abóboda

a) b)

Fonte: AUTOR, 2017

A produção se dá de forma contínua. Diariamente, há produção de blocos verdes, que


vão para secagem, e a queima também é contínua. Depois de descarregados, os fornos são
carregados novamente e inicia-se um novo processo de queima.

4.4 SECAGEM E QUEIMA

A secagem dos blocos tem grande importância para a etapa de queima, pois o
excesso de água desintegra o bloco durante a sinterização. Assim, para que seja retirada a
máxima quantidade de água possível antes da queima, os blocos são estocados em galpões,
por um período de quatro a cinco dias.
18

Figura 7 - Setor de secagem

Fonte: AUTOR, 2017

A queima dos blocos de vedação é realizada durante um período de até 96 horas, à


uma temperatura média de 950 °C. Os fornos são dotados de um termopar instalados em
posições diferentes em cada forno e tem capacidade de 20 a 28 mil blocos por queima. O
material combustível utilizado é o pó de serragem de madeira, e é estocado no interior de um
galpão na própria sede da empresa, conforme Figura 09. Quando o material está com excesso
de umidade, isso acarreta uma maior demanda energética por parte dos fornos e
consequentemente, aumento de energia.

Figura 8 - Estoque de pó de serragem de madeira

Fonte: Autor, 2017


19

Antes do processo de queima fundamental que os blocos sejam secos ao máximo, e


que o aumento da temperatura seja de forma gradativa regular e lenta, gerando então uma taxa
homogênea de aquecimento. Aso contrário, devido à água presente nos blocos, haverá um
grande fluxo de umidade do centro do bloco em direção à superfície para a vaporização, e isso
promove a desintegração do bloco de argila podendo ocasionar perca parcial ou total dos
blocos. A perda de um lote de tijolos por conta de problemas na secagem é um dos problemas
mais graves e que geram maior prejuízo na olaria, pois os blocos não podem ser
reaproveitados no processo e são destinados a aterros ou simplesmente descartados. Além de
todo o custo de produção perdido, como tempo e mão de obra.

4.5 ESTOCAGEM

A estocagem da argila é feita por camadas, combinando argilas de plasticidades


diferentes, sendo uma camada de argila menos plástica e duas de argilas mais plásticas no
formato de “sanduiche”. Normalmente a pilha é montada seis meses antes de ser utilizada. O
método de retirada de argila, da pilha para o processo de conformação, se dar por fatias.

Figura 9 - Estocagem da argila

Fonte: MELO, 2016.


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5 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA E SETORIAL

A Cerâmica Castanheira produz blocos de vedação e lajes a partir de argilas


provenientes da região de Marabá além da revenda de telhas. Sendo a área de cerâmica um
dos campos de pesquisa do curso de Engenharia de Materiais da UNIFESSPA, vale ressaltar
sua importância para o desenvolvimento acadêmico do aluno a ser inserido neste setor
industrial durante a graduação.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS BLOCOS CERÂMICOS

As características geométricas, físicas e mecânicas devem atender à necessidade de


racionalização dos projetos arquitetônicos e cálculos de alvenaria necessários para a execução
das obras civis com a utilização de blocos cerâmicos de vedação e estruturais. A
conformidade nestes itens é de extrema importância, pois para que uma obra tenha um bom
resultado final, é necessário que os componentes a formam estejam entro de padrões
estabelecidos por normas, influenciando positivamente na produtividade da obra, no
alinhamento da parede de alvenaria e no conforto térmico e acústico. Desse modo, a
caracterização e avaliação dos blocos são de fundamental importância (SILVA, 2013).
As Normas Brasileiras NBR 15270 - 1:05 - Terminologia e requisitos para blocos de
vedação, NBR 15270- 2:05 - Terminologia e requisitos para blocos estruturais, NBR 15270-
3:05 - Métodos de ensaios para blocos de vedação e estruturais, fixam as condições exigíveis
no recebimento destes produtos cerâmicos, bem como o aprimoramento dos serviços deste
setor, tendo a sociedade civil como a principal beneficiária dessas ações. Neste sentido, os
ensaios que podem ser realizados para certificação de adequação técnica dos produtos são:

 Características visuais: Os blocos cerâmicos de vedação e estruturais não devem


apresentar defeitos sistemáticos, tais como quebras, superfícies irregulares ou
deformações que impeça o seu emprego na função especificada;
 Características geométricas: Medidas das faces ou dimensões efetivas, espessura dos
septos e paredes externas dos blocos, desvio em relação ao esquadro, planeza das
faces, área bruta, no caso dos blocos de vedação e área líquida para blocos estruturais
 Características físicas: Massa seca e índice de absorção de água;
 Características mecânicas: Resistência à compressão para blocos de vedação e
estrutural.
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5.2 CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA

As principais características são, limite de plasticidade, retração linear e temperatura


de queima são fundamentais para o melhoramento da conformação, aumento da resistência a
ruptura, e dimensionamento da boquilha.
Os Limites de Atterberg, se dividem três parâmetros, que são o limite de liquidez,
definido como a quantidade de água necessária para liquefazer o solo, limite de plasticidade,
que consiste na a quantidade de água necessária para tornar o solo maleável e índice de
plasticidade, que determina o caráter de plasticidade de um solo, assim, quando maior este
índice, mais plástico será o solo, sendo definido como a diferença entre o limite de liquidez e
o limite de plasticidade, possibilitando a classificação do solo em: fracamente plástico para IP
entre 01 e 07 %, mediamente plástico, para IP entre 07 e 15 % e altamente plástico, para IP
maior que 15 % (MELO, 2016).
Dentre os limites de Atterberg, o mais importante para a produção de produtos
cerâmicos extrudados é o índice de plasticidade, pois uma massa muito úmida adere às pás da
maromba, e não permite a conformação dos blocos, porque os mesmos perderão a sua forma
ao sair pela boquilha, além do desperdício de material. Entretanto, uma massa muito seca
desgastaria as paredes internas da extrusora (SILVA, 2013).

5.3 DIAGNÓSTICO SETORIAL DA EMPRESA CERÂMICA CASTANHEIRA


TRANSPORTE

O diagnóstico setorial tem como objetivo conhecer o perfil econômico-financeiro,


tecnológico e gestão de recursos humanos da empresa, por meio de uma análise qualitativa.
Tem a finalidade de embasar a definição dos objetivos setoriais e as políticas desenvolvidas
com uma análise retrospectiva e prospectivas que evidencie caraterísticas importantes quanto
à empresa. A estrutura do diagnóstico divide-se em:

1- Apresentação do Setor: delineamento do setor objeto de diagnóstico e


identificação dos segmentos em que ele se desdobra, quando for o caso;
2- Contextualização: consiste na identificação das situações negativas e ou oportunidades
de melhoria existentes, relacionados ao setor e seus segmentos;
22

3- Análise Retrospectiva: apresentação sucinta da situação atual do setor, que deve,


sempre que possível, ser cotejada com a apresentação dos principais desafios e
restrições;
4- Análise Prospectiva: apresentação sucinta de problemas identificados e do
comportamento da demanda em cenários futuros, com projeções de médio e longo prazo,
sempre que possível.

Diversos parâmetros e questionamentos foram atribuídos, sendo eles o perfil do


empresário, número de funcionários por área, a forma de como se dá a necessidade de
capacitação pessoal dos empregados, faturamento da empresa quando comparado 2016 aos
últimos anos, perfil tecnológico, formas de atualização nos negócios, participação de produtos
nas vendas e etc.

6 ANÁLISE TECNOLÓGICA E SETORIAL

6.1 BLOCOS CERÂMICOS E ARGILA

Diversos testes já foram realizados para caracterizar os blocos cerâmicos produzidos


e conforme Silva (2013) e Melo (2016), os blocos cerâmicos no que se refere a análise
dimensional, não se encontram nos padrões estabelecidos pela norma NBR 15270-2. Segundo
estes mesmos autores, o teor de absorção de água encontra-se dentro dos parâmetros
estabelecidos pela norma. Quanto ao módulo de ruptura a flexão, os resultados foram
insatisfatório, pois estão abaixo do esperado conferido pela norma, que exige que os blocos de
vedação devem possuir uma resistência a compressão superior ou igual a 1,5 Mpa (NBR
15270-3, 2005).
As determinações dos limites de Atteberg já foram analisadas por Silva (2013), Melo
(2016) e Feitosa et.al (2016), onde esses três autores afirmam que a argila utilizada pela
cerâmica Castanheira possui uma média plasticidade. É importante ressaltar que as argilas
com alto índice de plasticidade, máximo 25%, são melhores para extrusão, pois permitem
maior variação da quantidade de água em torno da umidade ideal, sem promover grande
variação na qualidade do produto extrudado.
23

6.2 DIAGNÓSTICO SETORIAL

O setor ceramista da região de Marabá tem como gênero masculino predominante e


responsável, com idade média em torno de 45 a 59 anos, com larga experiência no mercado
(REPET, 2014). A cerâmica Castanheira segue esse padrão preponderante. Quanto ao número
de funcionários por área, há um total de 16 empregados na área de produção com relação ao
chão de fábrica, 3 funcionários na área administrativa e apenas 1 responsável comercialmente.
A empresa implanta uma política de treinamento para a melhoria e capacitação dos
funcionários.

6.2.1 Perfil da Empresa

A empresa realiza reuniões mensais com seus funcionários para gerir a qualidade
quanto a produção e segurança do trabalho, procurando sempre sanar dúvidas e implementar
uma boa política de trabalho entre todos os envolvidos. O planejamento da produção varia de
acordo com a demanda solicitada, ou seja, não há um padrão estabelecido. Quanto a gestão
ambiental e de resíduos, não há uma ação diretamente voltada para isso, o que acaba ficando
apenas sob vistoria da Secretária de Meio Ambiente de Marabá. A empresa possui licença
ambiental devidamente regularizada para a extração de argila e outros insumos.
Atualmente, este segmento passa por uma forte crise e devido a uma queda nos
últimos anos no setor de olaria, o faturamento da empresa em 2016 teve um déficit se
comparado aos anos anteriores. O preço do milheiro do tijolo na região de Marabá diminuiu
cerca de 30% e muitos donos de olarias tiveram que fechar a empresa por conta do
faturamento que estava em um patamar negativo.
Ainda sob esta situação, os empresários que ainda estão atuando nesse setor procuram
se manter conforme as possiblidades, buscando inovações e se atualizando principalmente por
meio de palestras e seminários que são promovidos por órgãos institucionais e acadêmicos. A
cooperação por parte da empresa referente às instituições de ensino e pesquisa também é
observada dentro da Cerâmica Castanheira.
Quanto ao maquinário, a idade média dos principais equipamentos como extrusora,
laminador, desintegrador, misturador e etc. gira em torno de 7 anos de utilização. Todo o
combustível utilizado é por meio do pó de serragem sendo a fonte de energia elétrica. A
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participação de produtos comercializados dividem-se em tijolos, telhas e lajotas, sendo que os


tijolos e lajotas são produzidos e vendidos, e as telhas são somente revendidas.
Com relação aos investimentos realizados ou não pela empresa, elaborou-se a tabela
01 para a melhor visualização da atual situação.

Tabela 1 – Investimentos realizados em 2016


Pretende investir ou já
Não pretende investir
investiu
Aquisição de máquinas e
x
equipamentos
Desenvolvimento de novos
x
processos produtivos
Desenvolvimento de novos
Tijolo de tamanho 20x30
produtos
Ampliação da unidade de
x
produção
Capacitação em gestão da
x
qualidade
Sistema de gestão da
X
qualidade
Design de produtos x
Fonte: Autor, 2017.
Como se observa, há apenas dois parâmetros que a empresa investiu em 2016,
visando sempre a melhoria quanto aos seus produtos dentro do possível diante do cenário
atual do mercado de olaria. A cerâmica Castanheira detém de uma licença de operação
devidamente registrada como forma de controle médio e saúde ocupacional, que tem como
foco, diagnosticar, prevenir e monitorar as doenças decorrentes do trabalho, assim como as
patologias que incidam sobre a coletividade e seus funcionários e que possam alterar a sua
saúde física e mental.
Dentre os principais problemas encontrados na empresa encontram-se a competição
do mercado, capacidade produtiva, falta de capital de giro, alto custo da matéria prima e falta
de trabalhador devidamente qualificado. Tais problemas são recorrentes nas olarias de Marabá
e região, sendo a competição no mercado e falta de qualificação os mais comuns dentre todos
(REPET, 2014).
As empresas em sua maioria estão associadas a algum sindicato da instituição
representativa de classe. Do ponto de vista institucional e de integração, esta informação é um
ponto extremamente positivo, uma vez que sob a coordenação das instituições representativas
será possível cooptar e organizar os empresários do setor no sentido de planejar, executar e
25

monitorar todas as ações estratégicas derivadas desse diagnóstico setorial. A cerâmica


Castanheira mantém o vínculo com o sindicato e o classifica como bastante representativo,
organizado, com uma boa atuação da diretoria além dos satisfatórios serviços prestados pelo
sindicato.
Segundo informações, as principais atividades de apoio às empresas cerâmicas estão
as consultorias tecnológicas, seguida das feiras e cursos voltadas as empresas do setor
(REPET, 2014). Para a empresa em questão, as consultorias mercadológicas, tecnológicas
além de palestras e seminários estão como atividades essenciais de apoio.

7 PROPOSTAS PARA MELHORIAS

Os dados já obtidos quanto ás propriedades mecânicas e físicas dos blocos


cerâmicos, permitem concluir que é necessário algumas melhorias principalmente no que se
refere ao comportamento no teste de compressão. A baixa resistência está ligada diretamente
às propriedades da argila. É necessário realizar formulações e reformulações de massas para
obter uma massa que produza blocos com maior resistência e avaliar a temperatura ideal de
queima. Também, é possível modificar a geometria dos blocos para garantir uma maior
distribuição de tensão.
O quadro da indústria local de cerâmica vermelha é bem parecido com o cenário
nacional: necessidade de melhorias na capacitação de mão-de-obra, produtividade em queda e
início de adequação por parte das empresas às exigências legais impostas pelo setor. O que
merece uma atenção maior nas informações do Município de Marabá é a falta de um
planejamento do setor, tanto para as empresas como para a categoria, analisada de maneira
mais ampla. Esta é a linha principal de análise a serem trabalhadas no diagnóstico em se
conhecer quais são os caminhos hoje disponíveis para aumentar a competitividade do setor; o
custo e o esforço necessário para que as empresas possam se tornar mais competitivas no
médio prazo, além do custo/benefício das empresas em aplicar uma coordenação estratégica
de maneira conjunta, procurando assim diluir gastos e potencializar os ganhos de uma
expansão de mercado planejada.
26

8 CONCLUSÃO

O Engenheiro de Materiais em processo de graduação poderá, neste caso, atuar no


desenvolvimento de novos materiais cerâmicos, além de avaliar e desenvolver outras
utilizações para os materiais existentes, além da troca de conhecimento com profissionais de
grande experiência prática.
Os dados obtidos foram de suma importância para uma visão mais ampla tanto do
setor produtivo quanto administrativo, referente tanto a propriedades mecânicas e analíticas
quanto o perfil econômico financeiro da empresa. Foi possível correlacionar às atividades
desenvolvidas com diversas disciplinas estudadas ao longo da graduação, como materiais
cerâmicos, processamento e formulação de produtos cerâmicos e planejamento e controle da
qualidade.
É de extrema relevância entender que cada empresa possui seus problemas diários e
que é imprescindível que o engenheiro tenha um conhecimento não só dos setores produtivos,
mas também de todos os setores que antecedem a etapa de fabricação, bem como os setores de
gestão e recursos, pois, conhecer a fábrica como um todo auxilia na solução de problemas.
27

9 REFERÊNCIAS

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de março de 2017.

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requisitos. Rio de Janeiro. ABNT, 2005b (NBR 15270-2)

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Componentes


cerâmicos – parte 2 – Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural – terminologia e
requisitos. Rio de Janeiro. ABNT, 2005b (NBR 15270-3)

E. F. Feitosa; C. M. Santana; D. S. Luna; D. M. S. Santos; G. S. Silva; L. T. Noleto; N. C.


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formulação cerâmica: estudo das zonas de extrusão - 22º CBECiMat - Congresso
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e-destaque-pelo-segundo-ano-consecutivo-no-maior-festival-de-design-do-mundo1,
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em-2017, acessado em 02 de março de 2017.

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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará , 2016

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indústria de cerâmica vermelha do município de Marabá – junho de 2014, Marabá.

SANTOS, C.V.P. et al. - Índice de Plasticidade e Análise Racional de Argilas de Marabá


(PA) para Avaliação das Zonas de Extrusão. Cerâmica Industrial, 17 (2) Março/Abril,
2012.

SILVA . R.A - Relatório de Estágio Institucional: Avaliação e otimização do processo de


fabricação de blocos cerâmicos. Faculdade De Engenharia De Materiais – FEMAT.
Universidade Federal Do Pará, 2013.

SOUZA SANTOS, P. – Tecnologia Das Argilas, Aplicado Ás Argilas Brasileira. São


Paulo, Edgard Blucher, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1975.

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