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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0029361-59.2014.8.05.0001
Classe: RECURSO INOMINADO
Recorrente: VERA LUCIA DE SANTANA BARRETO
Recorrido: LOJAS INSINUANTE LTDA
Origem: 2º JUIZADO CÍVEL DE DEFESA DO CONSUMIDOR - BROTAS - MATUTINO
Relatora: MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS.QUEDA COM LESÃO CORPORAL. ALEGAÇÃO
ACERCA DA EXISTÊNCIA DE BURACO NA FRENTE DO
ESTABELECIMENTO COMERCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO NEXO
CAUSAL.ÔNUS DA PROVA QUE NÃO SE DÁDE F FORMA
AUTOMÁTICA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DA AUTORA NÃO
COMPROVADO. (ART.333, I DO CPC). SENTENÇA MANTIDA.

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora , CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS
QUEIROZ e ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA, Presidente, em proferir
a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. UNÂNIME, de acordo
com a ata do julgamento. Sem custas e honorários advocatícios ante o deferimento da
gratuidade da justiça.

Salvador, Sala das Sessões, 10 de Dezembro de 2015.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora

Bela. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA


Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0029361-59.2014.8.05.0001
Classe: RECURSO INOMINADO
Recorrente: VERA LUCIA DE SANTANA BARRETO
Recorrido: LOJAS INSINUANTE LTDA
Origem: 2º JUIZADO CÍVEL DE DEFESA DO CONSUMIDOR - BROTAS - MATUTINO
Relatora: MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS.QUEDA COM LESÃO CORPORAL. ALEGAÇÃO
ACERCA DA EXISTÊNCIA DE BURACO NA FRENTE DO
ESTABELECIMENTO COMERCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO NEXO
CAUSAL.ÔNUS DA PROVA QUE NÃO SE DÁDE F FORMA
AUTOMÁTICA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DA AUTORA NÃO
COMPROVADO. (ART.333, I DO CPC). SENTENÇA MANTIDA.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório nos termos da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro, saliento


que o Recorrente DOLLAR DE OURO,, por meio de seu patrono devidamente
constituído, pretende a reforma da sentença lançada nos autos que julgou
procedentes os pedidos formulados pela exordial, nestes termos: “Assim sendo,
JULGO PROCEDENTE, EM PARTE, o pedido formulado na exordial para condenar a acionada
a: 1) indenizar a parte autora no valor de R$ 668,83 (seiscentos e sessenta e oito reais e oitenta e
três centavos), monetariamente corrigido pelo INPC o evento danoso , com juros de 1% a.m. a
partir da citação; 2) indenizar a parte autora, pelos danos morais causados, na quantia de R$
2.000,00 (dois mil reais), corrigida monetariamente pelo INPC e acrescido dos juros moratórios de
1% ao mês a partir da condenação. ”
A recorrente DOLLAR DE OURO, busca a reforma da sentença, suscita a
incompetência absoluta dos juizados especiais diante da necessidade de realização de
perícia para o deslinde do feito, que não há nexo de causalidade entre o dano sofrido pela
parte autora e uma suposta conduta por parte da empresa demandada; argumenta ainda
acerca da inexistência de danos morais na espécie, diante da ausência de provas acerca
dos constrangimentos sofridos.
A recorrente ROSA MARIA VIDAL DO ESPIRITO SANTO insurge-se no
tocante ao quantum condenatório arbitrado a título de danos morais, por entndê-lo
insuficiente para recompor o dano causado.
Apresentadas as contrarrazões, vieram-me os autos conclusos.
Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,
apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO
Quanto à preliminar de incompetência absoluta dos juizados suscitada pela
empresa demandada, em virtude da necessidade de realização de perícia técnica para o
deslinde do feito, com o fim de aferir se a empresa atende às normas previstas para a
municipalidade no concernente à segurança que se espera, rejeito-a, sendo suficiente
para o julgamento da matéria as provas produzidas.
No mérito, a sentença merece reforma. Com efeito, do quanto disposto nos
autos, não há como imputar à empresa demandada a responsabilidade pelo acidente
sofrido pela parte autora, inexistindo conduta , ainda que omissiva, que venha a
caracterizar ato ilícito.
Com efeito, a demonstração do fato básico para o acolhimento da pretensão
é ônus da parte autora, segundo o entendimento do art. 333, I, do CPC, partindo daí a
análise dos pressupostos da ocorrência de indenização por danos morais, recaindo sobre
o réu o ônus da prova negativa do fato, segundo o inciso II do mesmo artigo supracitado.

Trata o caso de averiguar eventual culpa do réu na queda sofrida pela autora
ao adentrar o estabelecimento, momento em que sofreu queda , em virtude de obstáculo
contido na entrada do mesmo, tendo colidido o seu rosto com barra de ferro utilizada para
demarcar a fila da casa lotérica.
Em que pese o quanto alegado, os fatos narrados não são suficientes para a
imputação da responsabilidade pela causação do evento à empresa demandada,
inexistindo requisito essencial para o surgimento do dever de indenizar, a saber, o nxo de
causalidade entre a conduta e o dano.

Frise-se que os estabelecimentos que operam a atividade da empresa demandada,


que atua no ramo de casa lotérica, apenas deverão estar submetidas às normas
ordinárias do código de obras da municipalidade, após a obtenção das licenças para
funcionamento, para que o ente verifique o atendimento aos pressupostos necessários à
segurança das pessoas.

Não há, portanto, responsabilidade sem conduta, e in casu, para que exsurgisse o
dever de indenizar, mister que fosse indicada com suficiente clareza qual a conduta, de
caráter positivo ou omissivo, praticada pelo estabelecimento, o que não fora feito no caso
concreto, sucumbindo assim a parte autora diante das regras ordinária do ônus da prova,
nos termos do art.333, inciso

Os fatos narrados foram corroborados com as provas colacionadas aos


autos no evento 01. A autora junta fotos, em que constatada a avaria decorrente da
colisão, o boletim da transalvador, bem como orçamento de reparo do veículo.

O réu, por outro lado, não produziu provas que infirmassem o quanto
alegado pela parte autora, de modo que não logrou êxito em excluir a sua
responsabilidade pelos eventos narrados.

Nesta senda, restaram comprovados os elementos necessários ao dever de


indenizar, a saber, a conduta danosa, o nexo de causalidade, bem como o dano, e o réu
não apresenta e nem prova qualquer causa excludente de responsabilidade.

Os danos materiais restaram comprovados nos autos, bem como fora


apresentado orçamento indicativo do valor de R$ 1.200,00 ( hum mil e duzentos reais),
tendo a sentença condenatória sido lastreada pelo mesmo para efeito de mensuração dos
danos , nada havendo que reparar.

A sentença está em conformidade com o direito posto, tendo bem analisado o


quadro probatório, sendo mister a sua manutenção.

Saliente-se que a recorrente não se preocupou em fazer qualquer prova do


seu direito deixando de se desincumbir do ônus que lhe recai por força do at. 333, I, do
CPC. Ademais, frise-se que no recurso inominado a parte autora restringe-se a alegar os
fatos relatados na exordial, sem trazer aos autos qualquer elemento de prova que de fato
comprove esses fatos.
No entanto, em que pese à norma consumerista assegurar a facilitação da
defesa dos direitos do consumidor, inclusive com a inversão do ônus da prova, não
desobrigou a parte autora de provar seu direito quando possível. Compulsando-se os
autos verifica-se que decidiu acertadamente o juízo a quo ao salientar que “No caso
forçoso reconhecer que os elementos coligidos não são dotados da objetividade e da firmeza que
se fariam necessárias para o acolhimento da pretensão, não se pode afirmar com segurança que
realmente existiu erro/ ineficiência no serviço prestado ou mesmo serviço prestado, já que a
própria autora alega ter caido fora da loja, em sua frente, bem como não há qualquer prova de
que travou relação de consumo com a ré. ”.
Desta feita, não há como atribuir responsabilidade pelo fato narrado na
exordial \á demandada, tendo em vista a ausência de provas acerca do fato em si. Ainda que em
tese haja a possibilidade de responsabilização do estabelecimento nas hipóteses em que
verificados acidentes ou eventos decorrentes de ausência de manutenção da calçada, tal não é o
caso dos autos, em que não há prova cabal acerca da relação de causalidade entre o dano e a
conduta do estabelecimento.

Desse modo, verifica-se que a parte autora não faz prova do fato constitutivo
do seu direito, deixando assim de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído pelo art.
333, I, do Código de Processo Civil.
No que concerne a esta matéria, é firme a jurisprudência no sentido de:
Impõe-se o afastamento da pretensão deduzida em juízo, se o autor não se
desincumbe do ônus que lhe atribuiu o artigo 333, I, CPC, deixando de
comprovar nos autos o fato constitutivo de seu direito. (R.I. 702.06.265344-0. 1ª
Turma Recursal de Uberlândia. Rela. Juíza Yeda Monteiro de Athias. Pub. Boletim
91 em 13.08.2007)
Portanto, verifica-se que inexiste responsabilidade da recorrida em face do
recorrente uma vez que não ficara demonstrada sequer a conduta da recorrida que teria
gerado dano ao recorrente.
Ademais, não é possível responsabilização por danos morais se não restou
comprovada sequer a conduta da recorrida ensejadora dos abalos psíquicos ao
recorrente.
Outrossim, vale observar que o recorrente não faz prova também dos
transtornos que em tese configurariam a existência do dever de indenizar por danos
morais. É firme a jurisprudência no sentido de:
“ALEGAÇÃO DE DANO MORAL. FALTA DE PROVAS. DANO
INEXISTENTE. QUEIXA IMPROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO IMPROVIDO. Inexistem elementos nos autos que comprovem o
direito perquerido. (R.I. 14272-7/2005. 1ª Turma Recursal do Estado da Bahia.
Rel. Juíza Maria da Graça Osório Pimentel Leal. Julgado em 27.08.2007)

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR


PROVIMENTO ao recurso interposto pela Recorrente, para manter a sentença objurgada,
na íntegra, pelos seus próprios fundamentos. Sem custas processuais e honorários
advocatícios, ante o deferimento da gratuidade da justiça.
Salvador, Sala das Sessões, 10 de Dezembro de 2015.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora

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