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OS CIGANOS

A personagem principal desta história chama-se Ruy, um menino da nossa


idade que vivia com a sua família numa casa cheia de regras onde tudo
estava no sítio certo. Ruy não era feliz. Diziam que era trapalhão pois não
fazia nada certo.
Sonhava com a liberdade pois sentia-se preso nos muros de sua casa, nos
horários do relógio e nas ordens da família.
Num fim de tarde, depois de mais um ralhete por ter pisado uma visita, Ruy
foi deitar-se no seu jardim e ouviu um ruído que vinha do outro lado do
muro. Era o rataplã de um tambor. Não aguentou de curiosidade, trepou o
muro e observou. Era um acampamento de ciganos! Sem pensar muito, Ruy
saltou o muro e correu até chegar ao destino que o barulho indicava. Viu
um circo Cigano e ficou encantado com o número de um rapaz e de uma
rapariga que caminhavam em cima de um arame.
Essa menina era linda, morena de olhos de avelã. Não tinha medo de nada.
Chamava-se Gela. Depressa se tornaram os melhores amigos.
Ruy conseguiu convencer o pai de Gela, o chefe do clã chamado Tomás
Saaba, a acompanhá-los ao próximo destino do seu circuito nómada, onde
estariam uma semana.
Nessa semana aprendeu os seus costumes e formas de pensar e lutar contra
o medo. O que comanda os ciganos é a liberdade e a coragem e não as
regras monótonas. O coração de Ruy acelerou várias vezes nesta aventura
de fortes emoções. Sentia-se cada vez mais feliz e seguro de si.
Gela ensinou-o a aproveitar a liberdade. Ruy ensinou-a a ler e a escrever,
pois Gela era nómada nunca fora à escola.
Depois de muito treino com Gela, tinha finalmente chegado a noite em que
iria fazer o número do arame com ela. Andar em cima de um arame e acabar
o número com três piruetas no ar, não era fácil. Conseguiu e foi tão lindo
que o público suspirou. Foi o último momento daquela semana inesquecível
que o mudou para sempre.
Tinha chegado a hora de regressar a sua casa Saaba tinha avisado a mãe de
Ruy para ela não ficar preocupada, explicando onde ele estava e porquê. A
sua mãe recebeu-o com num abraço silencioso - sem ralhetes.
Ruy estava feliz por regressar a casa e sabia que nunca perderia os seus
amigos. Pois eram amigos de verdade.
É uma história linda sobre liberdade, amizade e a descoberta do
desconhecido.
Espero que tenham gostado!

Li e gostei do livro Os Ciganos, da autoria de Sophia de Mello Breyner


Andresen e Pedro Sousa Tavares. Esta narrativa foi iniciada por Sophia de
Mello Breyner, que a deixou inacabada, foi concluída em 2009 pelo seu neto
mais velho, o jornalista Pedro Sousa Tavares. A dupla autoria está
identificada no interior do livro através das cores: a azul para a parte
narrativa de Sophia Mello Breyner e a ______, a parte Narrativa de Pedro
Sousa Tavares.

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