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Caracterização de insalubridade

Tuffi Messias Saliba/Márcia Angelim Chaves Corrêa - Engenheiro Mecânico.


Engenheiro de Segurança do Trabalho. Advogado. Mestre em Meio Ambiente. Ex-
professor dos cursos de Pós-Graduação de Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho. Diretor Técnico da ASTEC - Assessoria e Consultoria em Segurança e
Higiene do Trabalho Ltda/Engenheira Química
Autor: Tuffi Messias Saliba/Márcia Angelim Chaves Corrêa
Ocupação do Autor: Engenheiro Mecânico. Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Advogado. Mestre em Meio Ambiente. Ex-professor dos cursos de Pós-Graduação de
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Diretor Técnico da ASTEC -
Assessoria e Consultoria em Segurança e Higiene do Trabalho Ltda/Engenheira
Química
Páginas: 41-146
Id. vLex: VLEX-653592961
Link: http://vlex.com/vid/caracterizacao-insalubridade-653592961

Texto
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Contenidos
• 1. Ruído.
– 1.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexos 1 e 2 — NR-15.
– 1.2. Da caracterização de insalubridade.
• 2. Ruído de impacto.
• 2. Método simplificado valor único — NRR.
– 2.1. Método corrigido (Norma ANSI S. 12.6 — 1984)
– 2.2. Método direto (Sem correção) ANSI 12. 6 — 1997 B
– 2.3. Tempo de utilização do protetor.
– 2.4. Documentação de distribuição do protetor auricular.
– 2.5. Treinamento.
– 2.6. Vida útil.
• 2. Calor.
– 2.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 3 — NR-15.
– 2.2. Da caracterização de insalubridade.
– 2.3. Eliminação/neutralização.
• 3. Iluminação.
• 4. Radiações ionizantes.
– 4.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 5 — NR-15.
– 4.2. Da caracterização de insalubridade.
– 4.3. Eliminação/neutralização.
• 5. Trabalho sob pressões hiperbáricas — avaliação qualitativa — anexo 6 — NR-15.
• 6. Radiações não ionizantes.
– 6.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 7 — NR-15.
– 6.2. Da caracterização de insalubridade.
– 6.3. Eliminação/neutralização.
• 7. Vibração.
– 7.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 8 — NR-15.
– 7.2. Vibração de corpo inteiro.
– 7.3. Vibração de mãos e braços ou localizada.
– 7.4. Da caracterização de insalubridade.
– 7.5. Eliminação/neutralização.
• 8. Frio.
– 8.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 9 — NR-15.
– 8.2. Da caracterização da insalubridade.
– 8.3. Eliminação/neutralização.
• 9. Umidade.
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– 9.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 10 — NR-15.


– 9.2. Da caracterização de insalubridade.
• 10. Gases e vapores.
– 10.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 11 — NR-15.
– 10.2. Da caracterização de insalubridade.
– 10.3. Eliminação/neutralização.
• 11. Poeiras e outros particulados.
– 11.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexos 11 e 12 — NR-15.
– 11.2. Da caracterização de insalubridade.
– 11.3. Eliminação/neutralização.
• 12. Agentes químicos.
– 12.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 13 — NR-15.
– 12.2. Eliminação/neutralização.
• 13. Agentes biológicos.
– 13.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 14 — NR-15.
– 13.2. Caracterização de insalubridade.
– 13.3. Eliminação/neutralização.

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A NR-15 da Portaria n. 3.214/1978 do MTE regulamenta os critérios técnicos para
caracterização das atividades ou operações insalubres. Segundo essa norma, são
consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que:
• desenvolvem-se acima dos limites de tolerância dos anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12
(critério quantitativo);
• são mencionadas nos anexos 6, 13 e 14;
• são comprovadas por meio de laudo de inspeção nos locais de trabalho, constantes
dos anexos 7, 9 e 10 (critério qualitativo).
A NR-15, subitem 15.1.5, dispõe que se entende por limite de tolerância a
concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição ao agente, a qual não causará dano à saúde do trabalhador,
durante sua vida laboral.
O subitem 15.4.1 estabelece que a eliminação ou a neutralização da insalubridade
deverá ocorrer:
a. com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância;
b. com a utilização de equipamento de proteção individual.
Nesse dispositivo, a regulamentação determina que a neutralização da
insalubridade ocorrerá com o uso do EPI, sem mencionar a regra de que esse
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equipamento seja capaz de reduzir a intensidade ou a concentração abaixo do limite,


como ocorre no art. 191, II, da CLT, vez que a NR-15, subitem
15.1, estabelece a insalubridade também pelo método qualitativo, ou seja, sem
limite de tolerância fixado. Nesse caso, a neutralização ocorre somente pela simples
utilização do EPI, pois na avaliação qualitativa não há limite de tolerância fixado.
Todavia, é importante em tal situação ser esse equipamento aprovado pelo MTE
para finalidade da proteção exigida. Assim, por exemplo, no manuseio de óleo
mineral, a insalubridade será neutralizada pelo uso de
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luvas ou creme aprovados pelo órgão competente do MTE para esse fim. No mesmo
sentido, o TST pacificou o entendimento por meio da Súmula n. 8018.
É importante salientar que a ausência de limite de tolerância na NR-15 não significa
que qualquer exposição ao agente é insalubre, conforme será abordado
posteriormente nos comentários dos anexos da referida norma. Com relação às
atividades mencionadas nos anexos 6, 13 e 14 da NR-15, conforme comentado
anteriormente, nos anexos 6 e 14, que tratam de pressões hiperbáricas e agentes
biológicos, a insalubridade é inerente à atividade, pois não há equipamento de
proteção individual, totalmente eficaz, para neutralização do risco. Quanto ao anexo
13, em algumas atividades, a insalubridade é inerente à atividade, como no caso de
substâncias cancerígenas, no qual nenhum contato é permitido. No entanto, para a
maioria das substâncias citadas nesse anexo, há limite de tolerância fixado na NR-15
ou ACGIH, além de ser possível a neutralização da insalubridade por utilização de
EPI.
Cabe destacar também o subitem 15.4.1.1, que dispõe: Cabe à autori-dade regional
competente, em matéria de segurança e saúde do trabalhador, comprovada a
insalubridade por laudo técnico de engenheiro de segurança do trabalho ou médico
do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados
expostos à insalubridade quando impraticável sua eliminação ou neutralização.
Como depreende desse dispositivo, a autoridade competente somente determinará
o pagamento do adicional, quando impraticável for sua eliminação ou neutralização,
isto é, quando a insalubridade for inerente à atividade. Ademais, é importante
destacar que o pressuposto para o MTE determinar o pagamento do adicional é o
laudo técnico elaborado por médico ou engenheiro de segurança do trabalho,
conforme art. 195 da CLT.
Analisaremos a seguir os agentes químicos, físicos e biológicos passíveis de
caracterizar a insalubridade, conforme os anexos da NR-15, Portaria
n. 3.214/1978.
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1. Ruído

1.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexos 1 e 2 —


NR-15
a) Ruído contínuo ou intermitente — Anexo 1
Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

1 — Entende-se por ruído contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de


Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto.
2 — Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis
(dB), com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de
compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas
próximas ao ouvido do trabalhador.
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3 — Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os níveis de
tolerância fixados no Quadro deste Anexo.
4 — Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a
máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado.
5 — Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para
indivíduos que não estejam adequadamente protegidos.
6 — Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição
a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de
forma que, se a soma das seguintes frações:
C1/T1 + C2/T2 + C3/T3 + ... + Cn/Tn;
exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.
Na equação acima Cn indica o tempo total em que o trabalhador fica exposto a um
nível de ruído específico e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este
nível, segundo o Quadro deste Anexo.
7 — As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído
contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada,
oferecerão risco grave e iminente.
b) Ruído de impacto — Anexo 2
Limites de tolerância para ruídos de impacto
1 — Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia
acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um)
segundo.
2 — Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de
nível de pressão sonora operando no circuito linear e no circuito de resposta para
impacto. As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de
tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (LINEAR). Nos intervalos entre os
picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.
3 — Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito
de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida
(FAST) e circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120
dB(C).
4 — As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção
adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no
circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito
de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente.
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1.2. Da caracterização de insalubridade


a) Instrumentos de avaliação
Os níveis de ruído contínuo ou intermitente, de acordo com o item 1 do anexo 1,
serão medidos com instrumentos de nível de pressão sonora operando no circuito
de compensação “A”, entendendo-se como ruído contínuo ou intermitente todo
aquele que não seja de impacto.
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Com relação à medição no circuito de compensação “A”, deve-se esclarecer o
seguinte:
O ouvido humano possui sensibilidade diferente para várias frequências. Assim, na
tentativa de aproximar a resposta do aparelho ao ouvido humano, foram
desenvolvidas e normatizadas internacionalmente as curvas de compensação “A, B,
C e D”. Com base em estudos das respostas do ouvido ao som nas diversas
frequências, as pesquisas sobre a matéria concluíram que a curva de compensação
“A” é a que mais se aproxima à resposta do ouvido humano. Por essa razão, ela foi
adotada, pela maioria das normas nacionais e internacionais, para medir níveis de
exposição ao ruído contínuo ou intermitente.
Quanto ao aparelho de medição, a norma não menciona a precisão do equipamento
a ser utilizado (tipo 1, 2 ou 3) nem o uso do audiodosímetro. Para o especialista em
Higiene do Trabalho, fica implícito o uso desse último aparelho, pois o item 6 do
anexo 1 prevê efeitos combinados para o ruído, que é o princípio de funcionamento
do aparelho. No entanto, erroneamente, os profissionais da área jurídica, em
algumas situações, questionam o uso do audiodosímetro, por não ser o mesmo
previsto de forma expressa na NR-15.
Porém, deve-se salientar que o audiodosímetro fornece com maior exatidão a real
exposição do trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente, quando os níveis de
ruído forem variáveis durante a jornada de trabalho.
Nos itens 2 e 3 do anexo 2, a norma estabelece os limites de tolerância e a
metodologia de avaliação para o ruído de impacto, devendo a medição ser feita com
o medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear com resposta para
impacto — situação em que o limite de tolerância é de 130 dB (linear). No entanto,
como a maioria dos aparelhos comercializados no Brasil não possui esse circuito, a
norma admite a medição na curva de compensação “C” e resposta rápida, que é
quase linear. Desse modo, a norma reduz o limite de tolerância para 120 dB(C).
b) Caracterização da insalubridade
1. Ruído contínuo ou intermitente
Quando se utiliza o medidor de nível de pressão sonora (decibelímetro) para
avaliação da exposição ocupacional ao ruído, obtém-se um nível de ruído
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instantâneo, a partir do qual deverá ser verificado o tempo de exposição do


trabalhador no quadro dos limites de tolerância do anexo 1, Portaria n.
3.214, que estabelece o tempo máximo de exposição diária permitido para cada
nível de ruído, sem uso do protetor auricular.
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A insalubridade será caracterizada quando os tempos de exposição aos níveis de
ruído superarem os limites estabelecidos no referido quadro, e o trabalhador não
fizer uso efetivo de protetor auricular ou quando a capacidade de atenuação deste
não for suficiente para redução do nível de ruído abaixo do limite de tolerância.
Assim, por exemplo, se um empregado trabalhar sem o protetor auricular, em local
com ruído de 90 dB(A), a insalubridade será caracterizada quando o tempo de
exposição diário for superior a 4 horas.
No entanto, ocorrem, na maioria dos casos, exposições a níveis de ruídos variáveis,
em certas situações:
— trabalhadores itinerantes (mecânicos de manutenção, encarregados entre
outros);
— operações em que os níveis de ruído são variáveis (lixadeiras manuais, tratores,
empilhadeiras entre outros).
Nesses casos, deverá ser medido o nível de ruído instantâneo, deter-minado o
tempo de exposição para cada nível e, em seguida, efetuado o cálculo dos efeitos
combinados, conforme o item 6 do anexo 1.
Exemplo:
Um trabalhador se expõe, sem proteção adequada, durante uma jornada de trabalho
de 8 horas, aos seguintes níveis de ruído:
90 dB(A) — 4 horas.
95 dB(A) — 2 horas.
80 dB(A) — 2 horas.
D = S Cn = 4 + 2 = 2
Tn 4 2
Segundo o quadro do anexo 01 da NR-15, para os níveis de 90 dB(A) e 95 dB(A), a
máxima exposição diária permitida é de 4 horas e 2 horas, respectivamente.
Calculando a equação dos efeitos combinados, teremos:
D = C1 + C2 = 4 + 2 = 2,0
T1 T2 4 2
Portanto, embora isoladamente o tempo de exposição seja compatível com o
respectivo nível de ruído, quando combinados, a soma das frações é superior a 1 e a
atividade, consequentemente, insalubre.
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Nota: Na equação dos efeitos combinados, não foi utilizado nível de ruído abaixo de
85 dB(A), vez que o quadro do anexo 01 da NR-15 considera somente os limites de
tolerância a partir de 85 dB(A), ou seja, o nível de corte é de 85 dB(A).
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Do resultado da soma dessas frações podemos obter também o nível equivalente de
ruído, que é chamado de Leq (Equivalent Sound Level). Para fator de duplicação 5,
costuma-se denominar como Lavg (Level Average). No caso do exemplo anterior, a
dose ou efeito combinado foi igual 2,0 ou 200%, o Lavg é igual 90 dB(A). Ou seja,
isso significa que o empregado ficou exposto a um nível de ruído contínuo de 90
dB(A) durante a sua jornada. Para se obter o valor do nível equivalente a partir da
equação dos efeitos combinados, usa-se a seguinte fórmula:
D = T / 8 x 2 (Leq / 5 - 17)
Explicitando matematicamente a variável Lavg, teremos:
Lavg = 16,61 x log D x 8 + 85
Onde: D — Dose ou o resultado da soma das frações.
T — é o tempo de medição em horas.
Lavg — é o nível equivalente em dB(A) para fator de duplicação 5 (cinco), conforme
previsto no anexo 01 da NR-15.
Se o tempo de medição for igual a 8 horas, a equação será simplificada da seguinte
forma:
Lavg = 16,61 x log D + 85
Assim, considerando o exemplo anterior, a dose para 8 horas foi igual a 2,0; sendo
assim, o Nível Equivalente de Ruído é igual a:
Lavg = 16,61 x log 2,0 + 85 = 90dB(A)
Outra situação que deverá ser observada é a jornada de trabalho diferente da
normal (8 horas). Nesse caso, de acordo com a NHO-01 da FUNDACENTRO, que
considera fator de multiplicação da dose igual a 3, o nível equivalente ou nível de
exposição deve ser convertido para jornada padrão de oito horas, conforme
equação:
NEN = NE + 10 log T / 480
Para o fator de duplicação da dose igual a 5 , o cálculo do NEN é feito segundo a
equação abaixo:
NEN = NE + 16,61 log T / 480
Em que:
NEN — Nível de Exposição Normalizado
NE — Nível médio de exposição diária ou Lavg no período avaliado
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Como observado, quando a avaliação for realizada somente com o medidor de nível
de pressão sonora (decibelímetro), deverá ser determinado o tempo de exposição
para cada nível de ruído, de modo a obter a dose e calcular o Lavg. No entanto, pode-
se lançar mão do audiodosímetro para essa finalidade. Esse aparelho de uso
individual, durante a medição, é colocado no bolso do trabalhador com seu
microfone próximo da zona de audição. Ao término da medição, é fornecido direta
ou indiretamente, dependendo do tipo de audiodosímetro, o nível equivalente de
ruído.
Ressalte-se que, para um trabalhador exposto a nível de ruído de 90 dB(A) — valor
obtido com o decibelímetro — sem proteção adequada, nada se pode afirmar sobre
insalubridade sem que seja mencionado o tempo de exposição, pois sob tal nível de
ruído lhe é permitido trabalhar até 4 horas por dia. Todavia, quando se afirma que o
nível equivalente de ruído obtido foi de 90 dB(A), conclui-se que a atividade é
insalubre, pois os tempos de exposição já foram computados na soma das frações
dos efeitos combinados.
Outro aspecto importante a ser comentado é a exposição a níveis de ruído acima de
115 dB(A). O item 5 do anexo 1 estabelece que não é permitida exposição a níveis
superiores a 115 dB(A) sem proteção adequada. Já o item 7 reafirma o item 5 e
acrescenta que tal exposição oferece risco grave e iminente, podendo a DRT
(Delegacia Regional do Trabalho) realizar o embargo ou a interdição do
estabelecimento ou da obra, da área atingida, do posto de trabalho, da máquina ou
do equipamento. Porém, a norma não define qual é a proteção adequada nesse caso.
Logo, em um trabalhador exposto durante 8 horas a 115 dB(A), mesmo utilizando
protetor auricular, a proteção poderá não ser suficiente para redução do ruído
abaixo do limite de tolerância, pois esse equipamento atenua em média 20 dB, como
especificado no item Fator de Proteção do Protetor Auricular.

2. Ruído de impacto
O anexo 2, NR-15, é omisso em não fixar o número máximo de impactos diários
permitidos aos respectivos níveis de pressão sonora, como o fez a FUNDACENTRO
em sua NHO-01, por meio da tabela abaixo:
NÍVEIS DE PICO MÁXIMO ADMISSÍVEL EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE IMPACTOS
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* Nível de pressão sonora em picos de decibéis.


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Quando o número de impactos diários exceder a 10000, o ruído será considerado
como ruído contínuo ou intermitente.
Para cálculo de outros valores intermediários ou para expansão da tabela acima,
utiliza-se a equação a seguir:
Np = 160 — 10 log n, onde Np- nível de pico em dB(Lin)
n = número de impactos ocorridos durante a jornada de trabalho
Receber um impacto de 120 dB(C) por dia é diferente de receber dez. Devido à
omissão da NR-15, quando o trabalhador receber, durante a jornada, somente um
impacto acima do estabelecido, o limite de tolerância já terá sido ultrapassado e
então estará caracterizada a insalubridade. Todavia, essa caracterização é um
exagero e sem fundamento técnico sobre a exposição ocupacional ao ruído. Sendo
assim, a nosso ver, o perito deverá recorrer a NHO-01 da FUNDACENTRO e definir o
possível risco em função do nível e quantidade de impactos diários. É importante
ressaltar, no entanto, que o anexo 2 deveria ser modificado, adequando o critério de
avaliação e os limites de acordo com a NHO -01.
O anexo 2 da NR-15 determina que no caso de exposição a impactos superiores a
140 dB (linear) ou 130 dB(C) sem proteção adequada, a atividade é de risco grave
iminente, podendo o MTE interditar a operação parcial ou totalmente.
1.3. Eliminação/neutralização
O ruído pode ser controlado de três formas: na fonte, na trajetória (medidas no
ambiente) e no homem. Desse modo, quando adotamos medidas de redução na
fonte ou na trajetória — como isolamento de uma máquina — e os níveis de ruído
ficam abaixo de 85 dB(A), a insalubridade está eliminada, conforme preceitua o art.
191, item I, da CLT.
Não sendo possível a adoção de medidas de controle no ambiente, uma das
alternativas é o uso de EPI (equipamento de proteção individual) capaz de diminuir
a intensidade do ruído a níveis abaixo do limite de tolerância {85 dB(A)} —
conforme preceitua o art. 191 da CLT — e que, no caso, são os protetores
auriculares, encontrados de dois tipos:
— protetores de inserção (ex.: de espuma, de silicone, moldáveis etc.);
— protetores circum-auriculares ou concha.
A eliminação e/ou neutralização da insalubridade depende de diversos fatores,
comentados a seguir, de modo que o simples fornecimento de tais equipamentos
não é garantia de minimização do risco.
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a) Tipo do protetor
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O emprego de protetor auricular é um procedimento de proteção que deve ocorrer


unicamente quando outros métodos técnicos são comprovadamente inviáveis ou até
que a implantação das medidas de controle coletivas seja efetuada ou, ainda, como
medida complementar de proteção. É também indicado quando o tempo de
exposição é muito pequeno, como em exposições inferiores a um dia por semana.
A NR-06 da Portaria n. 3.214 estabelece para o empregador a obrigatoriedade de
adquirir o EPI adequado à atividade e aprovado pelo MTE, bem como a de treinar o
empregado sobre o uso do equipamento, exigir o seu uso, substituir imediatamente,
quando danificado ou extraviado, além de responsabilizar-se pela higienização e
pela manutenção periódica, entre outros.
Portanto, o empregador, ao selecionar o protetor auricular mais adequado à
atividade, deverá levar em consideração diversos fatores, tais como: tipo de
atividade exercida, nível de ruído existente no local, qualidade do EPI, durabilidade,
aceitação dos trabalhadores, fator de proteção, eficácia requerida, compatibilidade
com outros equipamentos de proteção, entre outros.
Em locais com muita poeira ou atividades que envolvem óleo e graxa, o protetor de
inserção não é recomendável, pois exige cuidadosa higienização para não causar
infecções no ouvido; em locais confinados ou muito quentes, o tipo circum-auricular
torna-se desconfortável. Outro problema é a dificuldade de ajuste do protetor,
especialmente o do tipo inserção. O protetor mal ajustado diminui sensivelmente
seu fator de atenuação. Portanto, a seleção de protetores auriculares deverá ser
precedido de estudo detalhado dos itens acima mencionados.
b) Fator de proteção do protetor auricular
A atenuação do protetor auricular pode ser determinada de acordo com normas
técnicas, dentre as quais se destacam: NIOSH (National Institute for Occupational
Safety and Health), ANSI (American National Standard Institute) e OSHA
(Occupational Safety and Health Administration). Esses métodos de atenuação são:
1. Análise de frequência do ruído (método detalhado)
A avaliação do ruído é feita com o medidor de nível de pressão sonora integrado ao
analisador de frequência de banda de oitava. Com os valores de atenuação do
protetor e desvio-padrão para cada frequência fornecidos pelo fabricante, calcula-se
a sua atenuação.
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Exemplo:
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2. Método simplificado valor único — NRR

2.1. Método corrigido (Norma ANSI S


12.6 — 1984)
Esse método consiste em realizar medição do ruído na curva “C” e subtrair o NRR
(Noise Redution Rating) ou RC corrigido para uso real (ver apêndice 1 neste
capítulo), isto é, o NRR fornecido pelo laboratório deve ser corrigido para o uso real
da seguinte forma:
• Protetor concha: redução 25% do valor do NRR ou RC;
• Protetor inserção moldável: redução 50% do valor do NRR ou RC;
• Protetor de inserção pré-moldável: redução de 70% do NRR ou RC.
Portanto, o cálculo da atenuação será:
NPSC = NPSM em dB(C) — NRR x f
Em que:
NPSC = Nível de Pressão Sonora com proteção
NRR = Nível de Redução do Protetor
f = fator de correção igual a 0,75, 0,50 e 0,30, conforme a redução do NRR para uso
real sugerido pela NIOSH
Quando o NPS é medido em dB(A), a fórmula é a seguinte:
NPSC = NPS em dB(A) — (NRR x f — 7)
Nesse caso há outra correção por meio da constante 7,0 devido à diferença média
entre os valores do NPS em dB(A) e dB(C) no espectro sonoro.
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Exemplo:
Em uma instalação de peneiramento primário, foram feitas medições com o medidor
de nível de pressão sonora, posicionando-o junto à zona auditiva do trabalhador e
obtendo-se os seguintes valores para a atividade executada: NPS = 90 dB(A) e NPS =
94 dB(C).
O trabalhador está utilizando protetor auricular tipo concha, cujo valor do NRR é de
19.
Pergunta-se: qual deve ser a atenuação obtida por ocasião do uso efetivo do
protetor auricular pelo trabalhador?
1. Cálculo com o valor em dB(C)
NPS = 94 — 19 X 0,75 = 79,75 dB(A) — nível de ruído que chega ao ouvido
2. Cálculo com o valor em dB(A)
NPS = 90 — (19 X 0,75 — 7) = 82,75 dB(A) — nível de ruído que chega ao
ouvido
Observa-se que há diferença de atenuação entre os dois cálculos, podendo ser
até maior, dependendo da frequência do ruído. Assim, o método em que é feita
a correção com o valor 7 pode super ou subestimar a proteção do equipamento.
Já com o método que utiliza o valor em dB (C) isso não ocorre pois o valor varia
de acordo com a frequência do ruído. Convém ressaltar, também, que as
normas legais e os certificados de aprovação dos protetores emitidos pelo MTE
não determinam o abatimento do NRR em função do uso real, conforme
sugerido pela NIOSH.

2.2. Método direto (Sem correção) ANSI 12


6 — 1997 B
Nesse método, o cálculo da atenuação é o seguinte:
NPSC = NPS em dB(A) — NRRsf
Em que:
NRRsf = Nível de Ruído (subject fit)
O NRRsf é a redução obtida em teste de laboratório feito com pessoas sem
treinamento, apenas com a leitura das instruções das embalagens. O NRRsf é
calculado a partir desses dados de atuação, com algumas peculiaridades: o nível
estatístico de confiabilidade é de 84% (contra 98% do método tradicional) e deve-se
subtraí-lo diretamente do valor do ruído
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em dB(A) com correção de 5 em vez de 7, já embutido no índice (NRRsf). Portanto,


não é necessário fazer nenhuma outra correção, com exceção do tempo de uso
real19.
Exemplo:
Numa avaliação em uma Patrol, foi obtido o NPS = 96 dB(A) e NPS = 102 dB(C)
(valor obtido com um dosímetro que mede na curva C). O protetor utilizado é do
tipo concha com NRRsf= 15 dB. Desse modo, sua atenuação será:
NPSC = NPS em dB(A) — NRRsf
NPSC = 96 — 15 = 81 dB(A)
Nesse caso, o protetor auricular utilizado foi suficiente para a redução do nível de
ruído a níveis abaixo do limite de tolerância, estando o trabalhador devidamente
protegido.
Note-se que quando se utiliza o NRRsf deve-se utilizar o NEN em dB(A) para cálculo
do valor atenuado, conforme comentado anteriormente.
Segundo o prof. Samir N. Y. Gerges, os ensaios dos protetores auditivos, de acordo
com a norma ANSI S12.6-1997 — Método Ouvido Real, o próprio ouvinte coloca o
protetor auditivo sem ter experiência no uso desse equipamento; ele apenas lê as
instruções do fabricante. Sendo assim, os valores obtidos nos ensaios são os mais
próximos possíveis do uso real no campo. O fator de proteção obtido por esse
método é o NRRsf, sendo que o “sf” significa “subject fit”. O MTE adotou esse método
de ensaio para certificar os protetores auditivos (Portaria n. 48 de 25.3.2003 do
MTE). Desse modo, atualmente a maioria dos certificados de aprovação já fornecem
o valor NRRsf, facilitando o cálculo da atenuação, além de embasar os pareceres
técnicos do perito. Finalmente, ressaltamos que, em relação ao uso da dupla
proteção (concha + inserção), a NIOSH determina um acréscimo de 5 dB ao maior
NRR, de forma a ajustá-lo20.

2.3. Tempo de utilização do protetor


Além da atenuação fornecida pelos protetores auriculares, outro aspecto
importantíssimo a ser analisado é o tempo de uso efetivo destes, uma vez que seu
fator de proteção reduz sensivelmente quando utilizado de forma intermitente,
conforme demonstra a tabela a seguir:
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Fonte: (Gerges, 2003)


Observa-se pela tabela que, se um protetor com fator de proteção igual a 20 dB —
quando usado em 100% do tempo — for utilizado somente em 50% da jornada, a
proteção se reduzirá para 5 dB.
Do ponto de vista jurídico, a jurisprudência predominante nos tribunais e o
Enunciado 289 do TST entendem que o EPI somente neutraliza a insalubridade
quando ocorre o uso efetivo e obrigatório.

2.4. Documentação de distribuição do protetor auricular


O controle rígido da distribuição e substituição dos protetores auriculares é de
extrema importância para auxiliar na aferição das medidas de controle adotadas
visando à atenuação dos níveis de ruído e, principalmente, servindo de provas em
eventual ação trabalhista. O empregador controlará o fornecimento do protetor por
livros, fichas ou meio eletrônico, devendo as trocas e devoluções serem registradas.
A distribuição e o controle de EPI deverão ser realizados por pessoa treinada, que
possua os mínimos conhecimentos de ruído, devendo ser capaz de avaliar a real
necessidade de troca do equipamento, além de fornecimento daquele adequado
segundo determinado no PCA — Programa de Conservação auditiva.

2.5. Treinamento
Outro fator fundamental para a eficácia na proteção utilizando protetores
auriculares é o treinamento periódico dos trabalhadores, constando de informação
sobre o risco a que está exposto, as medidas de proteção, os efeitos no organismo,
correta utilização e a higienização. Os treinamentos, da mesma forma que a
distribuição dos equipamentos, deverão ser devidamente documentados, constando
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também de assinatura do participante. Todavia, não é possível definir o valor da


redução do NRRsf pela falta de treinamento.
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2.6. Vida útil


Quanto à vida útil dos protetores, nenhum fabricante especifica, pois isso depende
de vários fatores, dentre eles o cuidado do usuário — o que, aliás, é
responsabilidade do empregado, conforme o item 6.7.1, “b”, da NR-06 da Portaria n.
3.214 — das condições ambientais de trabalho, tais como: intempéries, poeira,
produtos químicos, do tipo e material dos equipamentos, dentre outros. Todo
protetor auricular, para ser aprovado pelo órgão competente do MTE, é submetido a
ensaio em laboratório especializado atestando sua qualidade e o fator de proteção,
NRR ou NRRsf expresso em decibéis. Desse modo, a definição da vida útil desses
equipamentos deverá considerar a redução do NRRsf ao longo do tempo, de forma a
não mais ser suficiente para real proteção ao nível de ruído existente no local. Essa
verificação deverá ser feita mediante novo ensaio em laboratório especializado,
visando definir o novo fator de proteção — NRRsf. Assim, deverá ser recolhido o
protetor utilizado pelo trabalhador e enviado ao laboratório para efetuar novo teste.
O professor Samir N. Y. Gerges, especialista em acústica, fundador e supervisor do
Laboratório de ruído industrial — LARI da Universidade Federal de Santa Catarina,
credenciado pela MTE para realizar ensaios em protetores auriculares, realizou um
estudo da vida útil desses equipamentos. Nesse estudo, foram analisados protetores
novos e usados classificados em lotes por tempo de uso. Os ensaios foram realizados
de acordo com a norma ANSI 12.6.97 — método B com participação de 20 pessoas,
sendo 11 do sexo masculino e 9 do sexo feminino. Esses ensaios foram feitos mais
de uma vez em cada protetor. Os resultados experimentais demonstraram que, nos
protetores auditivos tipo concha, houve diminuição de atenuação ao longo do tempo
de uso, sendo que esta começa a ocorrer a partir do segundo mês de uso, e, intervalo
de uso de 6 a 10 meses, essa diminuição foi aproximadamente de 3,0 dB. No
protetor auditivo tipo inserção (plugue), a diminuição ao longo do tempo chegou a
8,0 dB ao final de 14 meses de uso com uma diminuição de 8,0 dB em média.
Segundo o professor Samir, de modo geral, pode-se concluir que um protetor tipo
concha pode ter vida útil de até um ano, enquanto, do tipo inserção de silicone de
até 6 meses, depois este período de atenuação pode ter diferença de até 3,0dB21.
No mesmo sentido, a decisão do TRT 3ª Região determina que a vida útil do Protetor
Auricular deverá ser feita mediante comprovação técnica22. Vale
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destacar, ainda, a Portaria n. 121, de 30.9.2009, do MTE, a qual estabelece as normas
técnicas de ensaios e requisitos aplicáveis aos EPIs listados no anexo I da NR-6.
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A Portaria n. 121/2009 do MTE estabelece as normas técnicas de ensaios e os


requisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual — EPI
enquadrados no Anexo I da NR-6. O subitem 4.1 dessa norma determina que as
instruções técnicas que acompanham os EPI devem informar a vida útil ou a
periodicidade de substituição de todo ou das partes do EPI que sofram deterioração
com o uso (subitem 4.2, letra “e”).
Portanto, verifica-se que a neutralização da insalubridade por utilização de
protetores auriculares deve ser precedida de estudo de todos os itens
anteriormente listados. No Brasil, os protetores auriculares são testados em
laboratórios devidamente credenciados pelo MTE, e, com base nesse laudo, a SIT
(Secretaria de Inspeção do Trabalho) emite o CA (certificado de aprovação). Como
vimos anteriormente, a atenuação dos protetores auriculares é expressa por
frequência ou em único valor NRR, ou, ainda, NRRsf.
Atualmente, a maioria dos protetores auriculares possui certificados de ensaio,
conforme ANSI 12.6 — 1997 B — Método do ouvido real. Desse modo, conforme
explicado anteriormente, o cálculo da atenuação é direto, isto é, basta subtrair o
NRRsf do valor médio de ruído em dB(A).

2. Calor

2.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 3 — NR-15


A NR-15 adotou o IBUTG — Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo — para
verificação da exposição ocupacional ao calor e, consequentemente, caracterização
de possível insalubridade. A seguir, transcrevemos os limites de tolerância
estabelecidos no anexo 3, NR-15, para esse agente.
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1 — A exposição ao calor deve ser avaliada por meio do “Índice de Bulbo Úmido
— Termômetro de Globo” (IBUTG) definido pelas equações que seguem:
Ambientes internos ou externos sem carga solar:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg
Ambientes externos com carga solar:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg
Em que:
tbn = temperatura de bulbo úmido natural
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tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco
2 — Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo
úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.
3 — As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à
altura da região do corpo mais atingida.
Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho
intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de
serviço.
1 — Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no
Quadro 1.
QUADRO 1

Page 58
2 — Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os
efeitos legais.
3 — A determinação do tipo de atividade (leve, moderada ou pesada) é feita
consultando-se o Quadro 3.
Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho
intermitente com período de descanso em outro local (de descanso).
1 — Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente
termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade
leve.
2 — Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro 2.
QUADRO 2
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Em que: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada


pela seguinte fórmula:
M = Mt x Tt + Md x Td / 60
Sendo:
Mt — taxa de metabolismo no local de trabalho.
Tt — soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.
Md — taxa de metabolismo no local de descanso.
Td — soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.
IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora determinado pela seguinte
fórmula:
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IBUTG = IBUTGt x Tt + IBUTGd x Td / 60
Sendo:
IBUTGt — valor do IBUTG no local de trabalho.
IBUTGd — valor do IBUTG no local de descanso.
Tt e Td — como anteriormente definidos.
Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de
trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos.
As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro 3.
Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos
legais.
QUADRO 3
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2.2. Da caracterização de insalubridade


a) Instrumentos de avaliação
Os instrumentos utilizados na determinação do IBUTG são: termômetro de bulbo
úmido natural, termômetro de globo, termômetro de mercúrio comum (bulbo seco).
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1) Termômetro de bulbo úmido natural (Tbn)
Constituído por um termômetro de mercúrio comum de escala de 10 a 50 oC e
subdivisões de 0,1 oC, com bulbo totalmente recoberto por um pavio de tecido de
algodão na cor branca e com alto poder de absorção de água, é inicialmente
umedecido, e sua extremidade alongada, imersa em um erlenmeyer de 125 ml
contendo água destilada. A distância do bulbo do termômetro deve ser de 2,5 cm da
borda do gargalo do erlenmeyer.
2) Termômetro de globo (TG)
Utilizado para quantificar o calor radiante, é constituído de um termômetro de
mercúrio comum, com escala de 0 a 150 oC e subdivisões de 0,1 oC, localizado no
centro de uma esfera oca de cobre de dimensões padronizadas e pintada
externamente de preto fosco.
3) Termômetro de bulbo seco (Tbs)
Utilizado para quantificar a temperatura do ar, é constituído de um termômetro de
mercúrio comum com escala de 10 a 100 oC e subdivisões de 0,1ºC.
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Atualmente vêm sendo utilizados termômetros eletrônicos que seguem os mesmos


critérios mencionados. Assim, o termômetro de mercúrio é subs-tituído por
termopares, que proporcionam maior precisão, podendo também esses
instrumentos serem calibrados e certificados.
Esses termômetros são montados em tripé e posicionados à altura da parte mais
atingida do corpo, conforme o anexo 3 da NR-15. Cabe salientar que o perito deverá
consultar as normas da FUNDACENTRO, visando obter maiores detalhes sobre o
procedimento de avaliação do calor.
b) Caracterização da insalubridade
Existem vários índices para avaliação da exposição ocupacional ao calor, dentre os
quais se destacam Índice Temperatura Efetiva (TE), Índice Temperatura Efetiva
Corrigida (TEC), Índice de Sobrecarga Térmica (IST), Índice Termômetro de Globo
Úmido (TGU), Índice de Bulbo Úmido e Termô-metro de Globo (IBUTG).
Na avaliação da exposição ao calor, o índice deverá levar em conta os fatores
ambientais, o metabolismo e o tempo de exposição. Até 1978, a revogada Portaria n.
491 estabelecia que o ambiente seria considerado
Page 61
insalubre quando o Índice de Temperatura Efetiva (TE) ultrapassasse 28 oC. No
entanto, este não é o índice adequado para avaliação da sobrecarga tér-mica, pois na
sua determinação não são considerados fatores importantes, como: tempo de
exposição, calor radiante e tipo de atividade. Assim sendo, sua aplicação é mais
voltada para a avaliação de conforto térmico. Aliás, atualmente a NR-17, Portaria n.
3.214, utiliza esse índice para condições de conforto nos ambientes de trabalho. Já o
índice Temperatura Efetiva Corrigida (TEC) é praticamente idêntico ao TE
(Temperatura Efetiva), diferindo apenas na correção do calor radiante.
Os demais índices (IST, TGU, IBUTG) são todos adequados para avaliar a sobrecarga
térmica, pois levam em consideração todos os fatores ambientais e metabólicos,
além do tempo de exposição a cada situação térmica.
Ocorre, no entanto, que o MTE, por meio do anexo 3, NR-15, e com base na ACGIH,
adotou o IBUTG para a avaliação da exposição ao calor. Esse índice é definido pelas
equações anteriormente expostas, calculadas de acordo com os valores obtidos de
Temperatura de bulbo úmido natural (Tbn), Temperatura de Globo (TG) e
Temperatura de bulbo seco (Tbs).
Alguns intérpretes entendem que o índice somente deve ser aplicado para a
exposição a fontes artificiais, o que, no entanto, não tem base científica, pois o IBUTG
foi desenvolvido junto à Força Militar dos EUA, no sentido de verificar a exposição
das tropas ao calor nas frentes. No caso de ambientes externos com carga solar
(calor natural), as normas brasileiras e internacionais incluem a medição de
temperatura de bulbo seco na determinação do IBUTG, sendo esta a única
modificação considerada. Além disso, a medição de calor utilizando os instrumentos
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citados anteriormente não permite a avaliação separadamente do calor proveniente


de fontes naturais e artificiais, isto é, o IBUTG obtido engloba a energia proveniente
de fontes artificiais e aquela oriunda do sol.
Devido a grandes variações climáticas regionais, o índice IBUTG deveria sofrer
correções nas diferentes regiões climáticas; todavia, nem o anexo 3 da NR-15 nem a
literatura científica previu tal correção. Nas normas internacionais, há previsão de
correção em função do tipo de vestimenta usada, da idade, da cor da pele, da
obesidade etc. Porém, não existe nada estabelecido sobre diferentes climas
regionais nem limitação de sua aplicação para fontes naturais.
Lembramos que a Instrução Normativa do INSS excluiu o calor prove-niente de
fontes naturais para fins de concessão do direito à aposentadoria especial.
Na avaliação do calor, deverá ser analisada minuciosamente a situação de exposição
ao calor, principalmente no que se refere à estimativa do valor
Page 62
do metabolismo do trabalhador, bem como da obrigatoriedade contratual de o
trabalhador permanecer e executar atividades ou operações de maneira habitual e
permanente sob exposição ao calor.
Entretanto, a nosso ver, a NR-15, em seu anexo 3, deveria revisar e incluir critérios
de correções dos limites em função do tipo de vestimenta usada, da idade, da cor da
pele, obesidade, aclimatização em função da região, entre outros. Considerando o
limite do quadro 1 do anexo 3 da NR-15 (sem local de descanso), em regiões
quentes, em locais de trabalho a céu aberto, o IBUTG poderá ser ultrapassado para
maioria das atividades executadas com exposição ao calor natural. Outro aspecto
importante a ser destacado é que os valores de IBUTG obtidos em medições a céu
aberto variam consideravelmente de acordo com as estações do ano. Por essa razão,
a Instrução Normativa vigente do INSS não considera a exposição ao calor
proveniente de fontes naturais para fins de concessão do direito a aposentadoria
especial. Com relação ao adicional de insalubridade, a Orientação Jurisprudencial
n. 173 do SDI-I do Tribunal Superior do Trabalho adotou o entendimento de que o
referido adicional é devido, desde que a exposição ao calor ultrapasse o limite de
tolerância23.
Essa orientação do TST leva, muitas vezes, os intérpretes equivocadamente a
considerar somente o calor artificial para fins de caracterização de insalubridade.
No entanto, com base no exposto anteriormente, não há fundamento científico para
tal situação. Além disso, a orientação do TST pretendeu excluir as radiações UV, vez
que seu fundamento é o art. 195 da CLT e anexo 7 da NR-15, o que, a nosso ver,
também é incorreto.
Cabe destacar que o perito deverá analisar minuciosamente a situação de exposição
ao calor, principalmente no que se refere à estimativa do valor do metabolismo do
trabalhador, bem como da obrigatoriedade contratual do trabalhador em
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permanecer e executar atividades ou operações, de maneira habitual e permanente,


sob exposição ao calor com carga solar.
Com relação à caracterização da insalubridade, o anexo 3 estabelece dois quadros de
limites de tolerância. O quadro 1 fixa o limite para descanso no próprio local de
trabalho. Nesse caso, deve-se medir o IBUTG, classificar a atividade (leve, moderada
ou pesada) no quadro 3 e, em seguida, verificar se as condições térmicas são
compatíveis com a atividade desenvolvida.
Page 63
Exemplo:
Um trabalhador fica exposto continuamente junto a um forno (sem local de
descanso) durante duas horas. Feita a avaliação do calor no local, obtiveram-se os
seguintes dados:
— Temperatura de bulbo úmido natural (tbn) = 25,0 oC
— Temperatura de globo (tg) = 45 oC
— Ambiente interno sem carga solar
— Tipo de atividade: remoção com pá
Solução:
a. IBUTG = 0,7 x 25 + 0,3 x 45 = 31,0 oC.
b. Tipo de atividade: pesada (quadro 3, anexo 3, NR-15).
c. Segundo o quadro 1, anexo 3, NR-15, para atividade pesada e IBUTG = 31,0 oC,
não é permitido o trabalho sem a adoção de medidas de controle. Sendo assim,
a atividade é considerada insalubre de grau médio.
No quadro 2, são fixados limites de tolerância para descanso num local
termicamente mais ameno, onde o empregado deverá permanecer em repouso
ou exercer atividades leves. Para a verificação da insalubridade, deve-se
determinar para os locais de trabalho e descanso os seguintes parâmetros:
IBUTG, tempos de exposição e estimativa de metabolismo, conforme o quadro
3, e as médias ponderadas determinadas pelo anexo 3. Em seguida, deve-se
comparar o metabolismo média ponderada (M) com o máximo IBUTG (média
ponderada).
Exemplo:
Local de Trabalho
— Atividade: Carregamento de forno, taxa de metabolismo de 440 Kcal/h,
conforme o quadro 3
— IBUTGt = 31,0 oC
— Tempo de Trabalho (Tt) = 20 minutos
— Local de Descanso
— Atividade: sentado fazendo anotações
— IBUTGd = 23,0 oC
— Tempo de Descanso (Td = 40 minutos)
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Taxa de metabolismo igual a 150 kcal/h, conforme o quadro 3
Solução:
d. Cálculo da taxa de metabolismo média ponderada para uma hora:
M = 440 x 20 + 150 x 40 = 246,6 kcal/h 250kcal/h / 60
e. Cálculo do IBUTG médio ponderado para uma hora:
IBUTG = 31 x 20 + 23 x 40 = 25,6oC / 60
f. Segundo o quadro 2, para M = 250 kcal/h, o máximo IBUTG permitido é de
28,5oC. Como o local apresentou IBUTG = 25,6oC, o limite de tolerância não foi
ultrapassado, não estando caracterizada a insalubridade.
Outro aspecto importante é que as medições de calor devem ser feitas no
período mais desfavorável do ciclo de trabalho e no tempo de 60 minutos
(alternância trabalho/descanso).
Finalmente é importante destacar que, na caracterização da insalubridade por
esse agente, a definição do regime de trabalho/descanso e enquadramento do
tipo de atividade no quadro 3 é tormentosa entre os peritos, levando-os muitas
vezes a conclusões equivocadas. Desse modo, é importante a análise cuidadosa
das atividades desenvolvidas durante o ciclo de trabalho, visando a correta
definição do calor metabólico em cada situação de exposição ao calor.

2.3. Eliminação/neutralização
A insalubridade por calor só poderá ser eliminada por meio de medidas aplicadas no
ambiente ou reduzindo-se o tempo de permanência junto às fontes de calor, de
forma que o metabolismo fique compatível com o IBUTG.
A neutralização por meio de EPIs não ocorre, pois não é possível determinar se estes
reduzem a intensidade do calor a níveis abaixo dos limites de tolerância, conforme
prevê o art. 191, item II, da CLT. Os EPIs, como, por exemplo, blusões e mangas,
muitas vezes, podem até prejudicar as trocas térmicas entre o organismo e o
ambiente. Entretanto, esses equipamentos devem ser sempre utilizados, nos locais
onde há risco de queimadura, radiação infravermelha entre outros, como em fornos.

3. Iluminação
O agente iluminação foi incluído nas atividades e operações insalubres a partir de
junho de 1978, pela Portaria n. 3.214 do MTE, que na NR-15,
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anexo 4, fixou tabela de níveis mínimos de iluminamento por tipo de atividade.
Assim, a insalubridade era caracterizada quando o posto de trabalho do empregado
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apresentava níveis de iluminamento abaixo dos mínimos fixados naquele quadro.


Deve-se salientar que a norma fixava somente níveis mínimos; o excesso de
iluminação, que podia provocar ofuscamento, não era considerado para efeito de
caracterização da insalubridade.
Embora a deficiência de iluminação possa provocar fadiga visual, redução na
velocidade de percepção de detalhes, riscos de acidentes e até a doença conhecida
como Nistagmo dos mineiros — que ocorre muito em minas subterrâneas —, em
nenhum país ela é incluída como agente de higiene do trabalho, sendo tratada como
agente ergonômico. Assim sendo, o MTE, por meio da Portaria n. 3.435/1990,
revogou expressamente o anexo 4 da NR-15. Nessa portaria, no entanto, havia
algumas dúvidas quanto à descaracterização do agente iluminação como atividade
insalubre, pois, dentre outros, o subitem 15.1.2 da NR-15 não havia sido
expressamente revogado. Desse modo, em novembro de 1990, o MTE publicou a
Portaria n.
3.751, que retificou a descaracterização da insalubridade por iluminação. Essa
portaria entrou em vigor 3 meses após sua publicação. No mesmo sentido, o TST
pacificou o entendimento na Orientação Jurisprudencial 153, que após
26.2.91 a insalubridade por deficiência de iluminamento foi revogada24.
A Portaria n. 3.751/1991 incluiu a iluminação como condição de conforto no
ambiente de trabalho na NR-17, que trata de ergonomia. Essa norma adotou os
valores de luminâncias estabelecidos na NBR-5413, que substituída pela norma NBR
ISO/CIE 8995-1:2013. Contudo, no caso de o local de trabalho apresentar níveis
abaixo dos mínimos exigidos, a empresa deverá adequar os níveis ao tipo de
atividade, sob pena de ser autuada pelo MTE; entretanto, a atividade do trabalhador
não será considerada insalubre, caso o empregado tenha sido admitido após a
revogação do anexo 4, NR-15.

4. Radiações ionizantes

4.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 5 — NR-15


Nas atividades ou operações onde os trabalhadores ficam expostos a radiações
ionizantes, os limites de tolerância são os constantes da Resolução
— CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) — n. 06/1973, NORMAS BÁSICAS
DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA.
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Ressalte-se que a Resolução CNEN n. 06/1973 foi revogada em
19.7.1988, pela Resolução CNEN n. 12/1988. Em 11.4.1994, a Portaria n. 04 alterou
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o anexo 5 da NR-15, que passou a considerar que, nas atividades ou operações em


que trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os limites de
tolerância, os princípios, as obrigações e controle básicos para a proteção do homem
e do seu meio ambiente, contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação
ionizante, são os constantes da Norma CNEN — NE-3.01, de julho de 1988,
aprovada, em caráter experimental, pela Resolução CNEN n. 12/1988, ou por aquela
que venha substituí-la.

4.2. Da caracterização de insalubridade


a) Instrumentos de avaliação
As medições dos níveis de radiação exigem técnicas especializadas, normatizadas
pelo CNEN. Dentre os instrumentos usados nessa avaliação, estão os dosímetros de
filmes, que fornecem a dose equivalente recebida pelo empregado durante a
jornada, e os contadores Geiger, que fornecem a intensidade de radiação
instantânea. Assim, as perícias de insalubridade que envolvam radiações ionizantes
devem ser feitas as avaliações quantitativas conforme determinado nas normas do
CNEN. Normalmente, os empregadores que utilizam fontes radioativas ou
equipamentos que emitem radiação, monitoram os trabalhadores expostos por meio
de dosímetro, além de terem programas de radioproteção.
b) Caracterização de insalubridade
Para esse agente, o MTE determina que a insalubridade será caracterizada quando a
exposição superar os limites de tolerância estabelecidos pela CNEN (Comissão
Nacional de Energia Nuclear). Assim, nessa avaliação, é necessário que o perito
realize as medições dos níveis de radiação, isto é, da dose de radiação absorvida
pelo empregado durante a jornada de trabalho. É importante chamar a atenção para
o fato de que há limite de tolerância fixado em razão da natureza, da intensidade e
do tempo de exposição, o que não autoriza o perito a caracterizar a insalubridade
pelo critério qualitativo. Aliás, trata-se de avaliação bastante especializada,
analisada e fiscalizada pela CNEN, como mencionado anteriormente, normalmente o
empregador monitora os empregados expostos. O MTE, por meio da Portaria n.
3.393, passou a considerar como perigosas as atividades que envolvem radiações
ionizantes, mas não fixa para elas limites de tolerância. A portaria estabelece que
qualquer exposição à radiação ionizante é perigosa. Há, portanto, conflito entre as
duas normas, e essa questão será tratada no capítulo referente à periculosidade.
Page 67
A Lei n. 7.394, 29.10.1985 regula o exercício da profissão de técnico em radiologia e
estabelece que o salário mínimo destes profissionais será equivalente a 2 (dois)
salários mínimos profissionais da região, incidindo sobre esses vencimentos 40%
(quarenta por cento) de risco de vida e insalubridade (Lei n. 7.394, 29.10.1985).
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Portanto, de acordo com essa lei, a insalubridade e periculosidade é inerente à


atividade para aqueles profissionais.

4.3. Eliminação/neutralização
Para evitar a contaminação interna e externa, podem ser adotadas as seguintes
medidas:
— Uso de máscara para evitar inalação de gases radioativos, luvas e roupas
especiais, pois alguns produtos podem ser absorvidos pelo organismo através da
pele.
— Reduzir, o máximo possível, o tempo de permanência próximo à fonte.
— Usar blindagens adequadas para atenuar a radiação.
— Sinalizar e isolar as fontes.
No caso da radiação, no entanto, a neutralização com o uso de EPIs é muito difícil.
Deve ser lembrado que o empregado que receber dose de radiação acima do limite
não poderá continuar naquela atividade, mas deverá ser afastado, conforme as
normas de proteção do CNEN. Dessa maneira, o trabalhador exposto à radiação
acima do limite não deve receber adicional de insalubridade para continuar
trabalhando com exposição a radiação acima do limite, pois nesse caso, colocará sua
vida em risco.

5. Trabalho sob pressões hiperbáricas — avaliação qualitativa —


anexo 6 — NR-15
Este anexo estabelece as normas de trabalho sob pressão hiperbárica, ou seja,
trabalhos em ar comprimido e trabalhos submersos. São estabelecidas várias regras
para os trabalhos sob pressão, e seu descumprimento será considerado risco grave e
iminente para fins e efeitos previstos na NR-3 da Portaria n. 3.214. Deve-se salientar
que, não obstante a empresa cumpra todos os itens constantes da norma, a
insalubridade será devida em grau máximo, portanto, inerente à atividade, não
ocorrendo neutralização ou eliminação. Aliás, o trabalho sob pressão hiperbárica
deveria ser tratado em normas relativas à Segurança do Trabalho, pois não se trata
de agente de Higiene do Trabalho. O não cumprimento das normas estabelecidas
expõe o empregado a risco de vida; para ele, a nosso ver, o adicional devido seria o
de periculosidade.
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Cabe ressaltar que o anexo 6 não estabelece critério de avaliação de insalubridade,


mencionando somente que as atividades e operações sob ar comprimido e de
mergulho são consideradas insalubres de grau máximo.
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6. Radiações não ionizantes

6.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 7 — NR-15


O anexo 7 da NR-15, dispõe:
1 — Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as micro-ondas, ultra-
violetas e laser.
2 — As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não
ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em
decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.
3 — As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz
negra (ultravioleta na faixa -400-320 nanômetros) não serão consideradas
insalubres.

6.2. Da caracterização de insalubridade


O anexo 7 menciona somente as radiações ultravioleta, o laser e o micro-ondas
como insalubres, enquanto a ACGIH, além dessas radiações, recomenda também
limites para radiações infravermelhas, campos magnético, entre outros.
Embora a ACGIH possua limites de tolerância bem definidos para as radiações não
ionizantes — fixados em razão da natureza, da intensidade e do tempo de exposição
—, o MTE não adotou limites para caracterização da insalubridade, mas a inspeção
qualitativa realizada pelo perito na atividade ou na operação em que o empregado
fica exposto a tal agente. Todavia, essa inspeção deve ser revestida de critérios
técnicos definidos, em que, dentre outros fatores, devem ser observados:
— Tempo de exposição do trabalhador à radiação, fator importante na ocorrência
da doença ocupacional.
— Distância do empregado à fonte. É sabido que a intensidade da radiação diminui
de forma inversamente proporcional ao quadrado da distância à fonte.
— Tipo de proteção usada.
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— Medição da intensidade da radiação, caso o perito possua o instrumento de


medição.
Vale ressaltar que, mesmo o anexo 7 não determinando limites de tolerância para
esse agente, pois adotou o critério de avaliação qualitativa, caso o perito faça a
avaliação quantitativa e compare a intensidade da radiação com os limites da
ACGIH, seu laudo será mais bem fundamentado
Page 69
do ponto de vista técnico do que a simples inspeção qualitativa, pois, dessa maneira,
a intensidade da radiação será quantificada, e a proteção adequada mencionada pelo
anexo 7 poderá ser mais bem avaliada. Ademais, a definição da exposição é mais
correta. Assim, por exemplo, no caso de um trabalhador que exerce atividade nas
proximidades de uma operação de soldagem, a medição da intensidade de radiação
ultravioleta em seu local de trabalho permite definir a existência ou não de
exposição a esse agente.
Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de a norma excluir as radiações
na faixa de comprimento de ondas entre 320 e 400 nanômetros, enquanto a ACGIH
não faz essa limitação, estabelecendo somente limites de tolerância maiores para
tais comprimentos de ondas.
Outra situação controvertida é a exposição à radiação ultravioleta proveniente dos
raios solares. Como a norma prevê avaliação qualitativa, há dificuldade para
caracterizar a exposição prejudicial à saúde e, consequentemente, a insalubridade
sem dados quantitativos. Do ponto de vista jurídico, o TST adotou o entendimento
de que não há o enquadramento como insalubre na exposição a raios solares
(orientação jurisprudencial do TST n. 173- SDI)25. Contudo, há jurisprudência em
sentido contrário26.
Entretanto, é importante salientar que a caracterização da insalubridade por esse
agente deve ser precedida de análise cuidadosa da exposição, devendo, inclusive,
realizar avaliação quantitativa, vez que a simples exposição ao sol não significa que
o limite de tolerância seja ultrapassado.

6.3. Eliminação/neutralização
O anexo 7 estabelece que a insalubridade por atividades/operações com radiação
não ionizante será caracterizada quando o trabalhador se expuser a esse agente,
sem proteção adequada. Todavia, a norma não menciona o tipo de proteção
adequada, ficando a critério do perito essa avaliação.
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Conforme já comentado, a insalubridade pode ser eliminada por meio da adoção de
medidas no ambiente ou neutralizada com o uso do EPI. As medidas de controle
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adotadas no ambiente só podem ter sua eficiência comprovada pela medição da


radiação, o que não é previsto na norma. Desse modo, torna-se impossível para o
perito avaliar a adequação ou não da medida adotada.
Quanto aos EPIs, eles são recomendados para proteção contra a radiação não
ionizante: luvas, aventais, peneiras, protetores faciais com lentes filtrantes e outros.
No entanto, em cada caso, deve ser verificado se a proteção é adequada, embora
essa tarefa seja difícil e até mesmo subjetiva, sem a medição da intensidade da
radiação, restando a verificação de aprovação dos EPIs pelo MTE. Assim, por
exemplo, um soldador exposto à radiação ultravioleta deve utilizar avental, luvas,
peneiras, mangas de raspa e protetor facial com lentes filtrantes de ultravioleta,
conforme preceitua a NR-06 da Portaria n. 3.214.
Os EPIs de raspa de couro são adequados para proteção desse tipo de radiação? A
bibliografia indica esse tipo de material para proteção nas operações de soldagem.
Assim sendo, se os EPIs possuem Certificados de Aprovação (CA) expedidos pelo
órgão competente do MTE, atestando sua proteção contra radiação ultravioleta,
temos de admitir que a proteção é adequada. A afirmação contrária só é possível se
for realizada a medição da intensidade da radiação junto à fonte e atrás do EPI,
utilizando instrumentação específica composta de um detector de UV e um
radiômetro de leitura, verificando-se, em seguida, se este foi suficiente para a
redução da quantidade de radiação.
Não se pode confundir radiação ionizante com a não ionizante, pois a primeira
possui alto poder energético sobre a matéria, quando incidente sobre ela, ao
contrário da segunda, que não possui energia suficiente para tal ionização. Seus
principais efeitos no organismo são: efeitos térmicos (aumento da temperatura
interna), queimaduras sobre os olhos e a pele. Portanto, esses fatores também
devem ser considerados pelo perito na avaliação da proteção utilizada.

7. Vibração

7.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 8 — NR-15


O anexo 8 da NR-15 considerava a insalubridade por exposição a vibração por meio
de avaliação qualitativa (inspeção no local). Em 12/1983, esse anexo foi alterado,
passando a adotar a avaliação das vibrações para o
Page 71
método quantitativo. Nessa avaliação, o anexo 8 da NR-15 determinava que a perícia
deveria tomar como base os limites de tolerância para exposição estabelecidos pela
ISO 2631, para vibração de corpo inteiro, e ISO/DIS 5349, para vibração localizada.
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Em 13 de agosto de 2014, a Portaria n. 1.297, de


13.08.14, do MTE deu, nova redação ao anexo 8 da NR-15, conforme anexo II a
seguir:
A Portaria n. 1.297, de 13.08.14, do MTE deu, nova redação ao anexo 8 da NR-15,
conforme anexo II a seguir:
Sumário:
1. Objetivos
2. Caracterização e classificação da insalubridade
3. Objetivos
1.1 Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre
decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de
Corpo Inteiro (VCI).
1.2 Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são
os estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO.
4. Caracterização e classificação da insalubridade
2.1 Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de
exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração
resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2
2.2 Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos
limites de exposição ocupacional diária a VCI:
a. valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1
m/s2
b. valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.
2.2.1 Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador
deve comprovar a avaliação dos dois parâmetros acima descritos.
2.3 As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de
exposição ocupacional são caracterizadas como insalubres em grau
médio.
2.4 A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição,
abrangendo aspectos organizacionais e ambientais que envolvam o
trabalhador no exercício de suas funções.
2.5 A caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que
contemple, no mínimo, os seguintes itens:
c. Objetivo e datas em que foram desenvolvidos os procedimentos;
d. Descrição e resultado da avaliação preliminar da exposição, realizada de
acordo com o item 3 do Anexo 1 da NR-9 do MTE;
e. Metodologia e critérios empregados, inclusas a caracterização da
exposição e representatividade da amostragem;
f. Instrumentais utilizados, bem como o registro dos certificados de
calibração;
g. Dados obtidos e respectiva interpretação;
h. Circunstâncias específicas que envolveram a avaliação;
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i. Descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente


existentes e indicação das necessárias, bem como a comprovação de sua
eficácia;
j. Conclusão.
Como vimos anteriormente, o art. 190 da CLT delegou ao MTE a
competência para regulamentar a matéria relativa à insalubridade e
periculosidade. Desse modo, na exposição ocupacional à vibração, o
órgão competente do MTE adotou o critério quantitativo, determinando
que a perícia deve tomar como base as normas da ISO. Todavia, as
normas ISO não definem limites certos e determinados para vibração,
como veremos mais adiante, determinando a probabilidade de risco em
função da magnitude da vibração. Desse modo, o MTE por meio da
Portaria n. 1.297 de 13.08.14 deu nova redação ao anexo 8 da NR-15,
adotando limites de exposição ocupacional para Vibrações de Mãos e
Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). Essa regulamentação
adota critério objetivo e claro na caracterização de insalubridade por
exposição a vibração e, desse modo, as dúvidas na interpretação das
normas ISO, especialmente quanto à definição dos limites, foram
dirimidas. A nova regulamentação adotou os critérios e metodologias
das normas NHO-09 e 10 da FUNDACENTRO. Essas normas por sua vez
foram baseadas nas normas da ISO e da comunidade europeia. Portanto,
o critério adotado pelo anexo 8 da NR-15 está em consonância com a
normas técnicas atuais sobre a avaliação do risco de exposição
ocupacional da vibração. A caracterização da insalubridade em
conformidade com a nova redação do anexo 8 da NR-15 será analisada
mais adiante.

7.2. Vibração de corpo inteiro

7.2.1. Norma ISO 2


631-1:1997
O anexo 8 da NR-15 determina expressamente que a perícia visando à
caracterização da insalubridade por vibração deve tomar como base as normas da
ISO ou suas substitutas. O critério de avaliação de vibração de corpo inteiro
atualmente se encontra normalizado pela 2ª edição da ISO 2.631-1:1997 que
cancela e substitui a norma ISO 2.631-1:1985 e a ISO
2.631-3:1985.
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Essa norma não estabelece limite de exposição ocupacional para vibração de corpo
inteiro, fornecendo, em seu anexo B, um guia de efeitos da vibração sobre a saúde
em função da aceleração ponderada nas frequências, e a duração da exposição,
conforme Figura B.1.
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aw(t) Aceleração ponderada, escala logarítmica


t Duração da exposição, escala logarítmica
a) Interpretação do Guia de efeitos à saúde
Segundo a norma ISO 2631-1:1997, abaixo da zona de precaução, os efeitos à saúde
não têm sido claramente documentados; dentro da zona de precaução, deve-se ter
cautela em relação aos riscos potenciais à saúde; acima dessa zona, os riscos à saúde
são prováveis.
Na norma ISO 2631-1:1997, o cálculo exato das acelerações que delimitavam a zona
de precaução ficava prejudicado, vez que a escala de aceleração é logarítmica. A
alteração dessa norma, em 2010, forneceu alguns valores que delimitam a referida
zona, nas linhas tracejadas da Figura B.1, ou seja, 3,0m/s2 e 6,0 m/s2 para
exposição de menos de 10 minutos e 0,25m/ s2 e 0,5m/s2 para 24 horas. Com esses
dados, é permitido calcular o valor exato das acelerações que delimitam a zona de
precaução na equação B.1, para oito horas de exposição. De acordo com a norma ISO
2631-1:1997, a equação B.1, 2ª potência da Linha tracejada (Figura B.1), é expressa
da seguinte forma:
aw1 . T11/2 = aw2 T21/2
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Em que:
aw — acelerações ponderadas r.m.s
T — duração da exposição correspondente
Considerando-se o valor da aceleração de 0,25m/s2 e duração de 24 horas, para 8
horas, o valor da aceleração é igual a:
0,25 24 = a (8) 8
a (8) = 0,25 24 = 0,43 m/s2
Para o valor aceleração de 0,5m/s2 e duração de 24 horas, aplicando-se a mesma
equação, o valor para a(8) é igual a 0,86 m/s2. Assim, para oito horas de exposição, a
zona de precaução está contida entre os valores de aceleração de 0,43 e 0,86m/s2
(ver ilustração na Figura B.1). Assim, o valor de aceleração ponderada A(8) acima de
0,43 m/s2 significa cautela em relação ao risco potencial à saúde, enquanto, com
valor acima de 0,86 m/s2,
os riscos à saúde são prováveis.
b) Aceleração normalizada
A Norma ISO 2631-1:1997, anexo B, determina que a caracterização da exposição
diária deve ser medida ou calculada por meio da equação do subitem 6.1 da referida
norma, ou seja, a aceleração normalizada para jornada de trabalho de oito horas
deve ser calculada da seguinte maneira:
A (8) = Aeq T 8
Onde:
Aeq — valor equivalente resultante das variações das acelerações no período da
medição
T — tempo de duração da exposição durante a jornada de trabalho
O valor da aceleração normalizada para oito horas é que deve ser comparado com as
acelarações do guia de efeitos à saúde da FIG.1.
c) Quanto ao procedimento de avaliação
A norma ISO determina que a aceleração ponderada nas frequências deve ser
medida em cada um dos eixos (x, y e z) da vibração translacional
Page 75
na superfície que suporta o indivíduo (Norma ISO 2631-1:1997, item 7.2.1,
p. 13). Além disso, essa norma menciona, também, que a avaliação do efeito da
vibração sobre a saúde deve ser feita independentemente em cada eixo, devendo ser
considerado o maior valor das acelerações ponderadas nas frequências medidas nos
três eixos do assento (Norma ISO 2631-1:1997, item
7.2.2 p.13). No item 7.2.2, a norma ISO 2631 menciona o seguinte: Quando a
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vibração de dois ou mais eixos for comparável, o vetor soma algumas vezes é
utilizado para estimar o risco à saúde.
Entretanto, a norma ISO 2631-1:1997 ressalva que a maior parte da orientação do
guia à saúde foi baseado em dados disponíveis nas pesquisas sobre a resposta
humana da aceleração do eixo z com as pessoas sentadas, sendo que a aplicação da
referida norma é limitada para os eixos x e y (pessoas sentadas) e para todos eixos
(x, y e z) nas posições em pé, deitada ou reclinada (Norma ISO 2631-1:1997, anexo
B, item B1, p. 21). A ISO 2631-1:1997, em seu item 6.5, estabelece que o uso do valor
de vibração total (vetor soma) é recomendado para fins de conforto. Nesse item, a
nota 2 estabelece que o valor total de vibração ou vetor soma também foi proposto
para avaliação com relação à saúde e à segurança, se não há qualquer eixo
dominante. (ISO 2631-1:1997, subitem 6.5, p. 13)
Portanto, com base na análise da norma ISO 2631-1:1997 e sua alteração em 2010,
deve-se realizar as medições nos três eixos de vibração x, y e z, devendo a
aceleração de maior intensidade dos eixos ser comparada com os valores do guia à
saúde. Vale ressaltar, que a comunidade europeia na Diretiva 2002/44/CE 25.06.02,
anexo B, determina que o valor a ser comparado com o limite de exposição
ocupacional (1,15 m/s2), também é a aceleração de maior intensidade dos três
eixos.
d) Quanto ao limite de tolerância
O anexo 8 da NR-15 até a data de 13.08.14 determinava que a perícia de
insalubridade por exposição à vibração deveria ser feita de acordo com os critérios
das normas ISO ou suas substitutas. Na avaliação ocupacional da vibração de corpo
inteiro, visando à caracterização ou não da insalubridade, a perícia deveria tomar
como base a norma ISO 2631-1:1997. Como visto anteriormente, essa norma
fornece um guia de efeitos à saúde, conforme mostra a Figura B.1. Assim, os valores
de acelerações compreendidos entre 0,43 a 0,86m/s2, de acordo com o referido
guia, demandam precaução em relação ao risco para a saúde. Quando essa
aceleração for superior a 0,86m/s2,
os riscos são prováveis. Assim, para fins de caracterização da insalubridade, sugere-
se que seja adotado o valor de 0,86 m/s2 como referência, tendo em vista os
seguintes fundamentos:
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De início, é importante destacar o conceito legal de insalubridade. Segundo o art.
189 da CLT, insalubridade é a exposição a um agente agressivo nocivo à saúde do
trabalhador acima do limite de tolerância. A NR-15, ao regulamentar a matéria,
define limite de tolerância como a concentração ou intensidade máxima ou mínima,
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano
à saúde do trabalhador durante sua vida laboral (subitem 15.1.5 da NR-15). De
acordo com o guia dos efeitos sobre a saúde da norma ISO 2631-1:1997, na
exposição à aceleração de vibração entre 0,43 a 0,86 m/s2 é preciso ter precaução
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(cuidado) em relação ao risco potencial. Ou seja, nesse intervalo a norma não


reconhece que a exposição seja nociva à saúde ou passível de causar dano à saúde
do trabalhador. Aliás, nem mesmo na exposição ocupacional superior a 0,86 m/s2 a
norma ISO reconhece a existência de risco, mencionando apenas a probabilidade de
risco. Apesar disso, esse valor deve ser tomado como referência para a
caracterização da insalubridade por força do princípio fundamental do Direito do
Trabalho que determina a prevalência da norma mais favorável ao empregado.
A NHO 9 da FUNDACENTRO recomenda para avaliação da exposição ocupacional à
vibração de corpo inteiro os seguintes valores de referência:
— Nível de ação: aceleração resultante de exposição normalizada (aren) igual 0,50
m/s2 e Valor de Dose de Vibração Resultante (VDVR) de 9,1 m/s1,75.
— Limite de exposição ocupacional diária: aceleração resultante de exposição
normalizada (aren) de 1,1 m/s2 e Valor de Dose de Vibração Resultante (VDVR) de
21 m/s1,75.
O critério adotado pela NHO 9 da FUNDACENTRO é praticamente idêntico ao da
comunidade Europeia. A diferença fundamental é o valor do eixo a ser comparado
com o limite de exposição. A NHO 9 recomenda que o valor da aceleração a ser
comparado com o limite seja a soma dos três eixos (x y z), enquanto a Diretiva
2002/44/CE 25.6.2002, anexo B, determina que seja a aceleração de maior
intensidade dos três eixos.

7.2.2. NR-15 – anexo 8


Como vimos anteriormente o anexo 8 da NR-15, a partir de 14.08.14, estabelece os
seguintes limites de exposição ocupacional diária a Vibração de Corpo Inteiro – VCI,
sendo caracterizada a insalubridade quando quaisquer dos limites de exposição
forem superados, quais sejam:
a. valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2;
b. valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.
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A NR-15 adotou o limite de exposição recomendado pela NHO-9 da FUNDACENTRO,
devendo ser utilizado o valor da Aceleração Resultante de Exposição Normalizada
(aren). De acordo com a NHO-09 da FUNDACENTRO, aren corresponde à aceleração
resultante de exposição (are), convertida para uma jornada diária padrão de 8 horas,
determinada pela seguinte expressão:
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T = tempo de duração da jornada diária de trabalho, expresso em horas ou


minutos;
T0 = 8 horas ou 480 minutos.
are ou AEQ = aceleração resultante de exposição representativa da exposição
ocupacional diária obtida a partir das acelerações nas direções X, Y e
Z. A NHO-09 define o are em função do somatório do arep (aceleração parcial
representativa da exposição ocupacional relativa à componente de exposição).
De maneira simplificada o are ou AEQ pode ser obtido pela equação:

Convém ressaltar que, de acordo com a NHO-09, a determinação do aren e are é feita
com base na soma dos três eixos ou aceleração média resultante.
O aren corresponde ao A(8), aceleração normalizada para oito horas explicado no
item 7.2.1 letra b, enquanto o are e o AEQ referem-se a avaliação em determinado
tempo da jornada de trabalho, considerando as exposições parciais em diferentes
magnitudes de acelerações.
Outro limite previsto no anexo 8 da NR-15 é o VDVR, que não deve superar a 21
m/s1,75. O VDVR corresponde à dose de vibração utilizando a quarta potência. Esse
método é mais sensível aos picos de vibração e deve ser usado juntamente com
aceleração r.m.s para estimar o risco de exposição na VCI. Segundo a NHO-09, o
Valor da Dose de Vibração Resultante (VDVR): corresponde ao valor da dose de
vibração representativo da exposição ocupacional diária, considerando a resultante
dos três eixos de medição, conforme equação:

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Quando o instrumento fornece o VDV multiplicado pelos fatores 1,4 para x e y e 1,0
para o eixo z, o cálculo o VDVR é igual a:

Em que:
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VDVe — corresponde ao valor de dose de vibração da exposição parcial


representativo em cada eixo relativo à componente de exposição, conforme equação
(NHO-09 da FUNDACENTRO):

Em que:
VDVe — valor de VDV determinado em cada eixo referente ao tempo de medição
VDVJ — VDV de x, y ou z
TE — Tempo de exposição em minutos ou hora
TM — Tempo de medição ou da amostra
f — fator de multiplicação em função dos eixos (1,4 para eixos x e y e 1,0 para o eixo
z). Na equação anterior, os fatores de multiplicação estão contidos na mesma.
Aplicação prática
Numa perícia realizada em um motorista de ônibus foram obtidos os dados do
quadro a seguir:

Nota: foi considerada aceleração ponderada da soma dos três eixos ou aceleração
média resultante.

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A exposição desse trabalhador foi inferior ao limite de exposição ocupacional (1,10
m/s2) estabelecido pelo anexo 8 da NR-15.
Outra alternativa é realizar a avaliação durante todo o ciclo de trabalho, ou seja, nos
dois percursos. Nesse caso, o instrumento de medição fornecerá o valor do AEQ
referente ao ciclo completo. O valor será igual a:
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Considerando que, na medição do ciclo completo, os valores das doses VDV foram os
seguintes:
VDVx = 4,0 m/s1,75}
VDVy = 7,0 m/s1,75
VDVZ = 8,0 m/s1,75
Primeiramente é necessário projetar a dose de acordo com o tempo de exposição,
vez que o instrumento de medição forneceu os valores referentes ao tempo de
medição de 90 minutos e o tempo de exposição durante a jornada foi de 360
minutos para cada eixo. Normalmente, os instrumentos fornecem os valores de VDV
multiplicados pelo fator 1,4 para os eixos x e y e 1,0 para o eixo z. Os cálculos do
VDVe em cada eixo, considerando que os valores foram multiplicados pelos referidos
fatores, são os seguintes:

O valor de VDVR ficou abaixo do limite de exposição (21 m/s1,75 ) estabelecido no


anexo 8 da NR-15.
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7.3. Vibração de mãos e braços ou localizada

7.3.1. Critério ISO 5349 e ACGIH


O valor de referência utilizado até 13.08.14 para vibração localizada ou aquela
transmitida a mãos e braços, de acordo com o anexo 8 da NR 15, como ocorre em
operações com esmerilhadoras manuais, é estabelecido pela ISO 5349/1986. Em
2001, a norma da ISO foi modificada passando a estabelecer a probabilidade da
ocorrência da síndrome do Dedo Branco em função da exposição diária à aceleração,
conforme tabela abaixo:
Valores de exposição diária de aceleração A (8) com estimativa esperada de
produzir a síndrome do dedo branco em 10% das pessoas expostas para
terminado número de anos D y

Dy = 31,8 [A(8)]-1,06
Já a ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Higienists), com base
na ISO 5349/1986, recomenda os seguintes limites para exposição diária à vibração
localizada.

(a) o tempo total que a vibração entra na mão por dia, seja continuamente, seja
inter-mitentemente.
(b) usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais dos eixos
de vibração exceder à exposição total diária, então o TLV estará excedido.
a. g = 9,81 m/s2
Da mesma forma da vibração de corpo inteiro, a ISO 5349/2001 não estabeleceu
valor fixo de limite de tolerância, ou seja, como vimos ante-riormente, esta
estabelece a probabilidade de risco em função dos anos de exposição. Já a ACGIH,
com base na ISO 5349/1986, definiu limite de tolerância em função do tempo de
exposição diária. A NR-15, até a data de 13.08.2014, determinava que a
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insalubridade por exposição à vibração deveria tomar por base as normas da ISO e
suas substitutas, no entanto, a caracterização da insalubridade nessa norma era
tormentosa para os peritos, pois gerava controvérsias na definição do risco para a
saúde.
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A NHO 10 da FUNDACENTRO recomenda valores para nível de ação e limite de
exposição ocupacional diária à vibração de mãos e braços:
— 2,5 m/s2 — nível de ação
— 5,0 m/s2 — limite de exposição para jornada de 8 horas
O valor a ser comparado com o limite é a soma dos três eixos.
Considerando que a norma ISO 5349/2001 não definiu limite de exposição
ocupacional para vibração de mãos e braços, a nosso ver, a NHO 10 da
FUNDACENTRO pode ser adotada como referência até 13.08.14, pois essa norma foi
emanada de uma fundação vinculada ao MTE, referência nacional e internacional em
segurança e saúde do trabalhador. Outra referência que podia ser adotada eram os
limites da ACGIH, aceitos cientificamente na maioria dos países, inclusive pelo
Brasil, pois a NR-9 determina a sua utilização na ausência de limites previstos na
NR-15.

7.3.2. NR-15 – anexo 8 (Portaria n


1.297/14)
O MTE, por meio da Portaria n. 1.297/14, deu nova redação ao anexo 8 da NR-15,
adotando limites de exposição ocupacional para Vibrações de Mãos e Braços (VMB)
através de critério objetivo e claro na caracterização de insalubridade por exposição
à vibração e, desse modo, às dúvidas na interpretação das normas ISO,
especialmente quanto à definição dos limites, foram dirimidas. O anexo 8 da NR-15
estabelece o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um
valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2. A NR-
15, anexo 8, adotou o mesmo critério da NHO-10 e comunidade europeia. O valor da
aceleração resultante de exposição normalizada (aren), are ou AEQ são obtidos
acordo com as mesmas equações utilizadas na vibração de corpo inteiro (ver item
7.2.2).
Aplicação prática
Numa avaliação de vibração de mãos e braços durante a operação de lixadeira,
foram obtidos os seguintes dados:
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É importante destacar que a norma NHO-10 da FUNDACENTRO e norma ISO 5.349-


1: 2001, recomenda que os valores da aceleração é a resultante dos eixos x, y e z.

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— Considerando que o trabalhador opera efetivamente motosserra durante 4 horas
por dia, o valor do aren é igual a:

O valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) foi superior ao


limite de exposição (5,0 m/s2). Sendo assim, a atividade é considerada insalubre de
grau médio.

7.4. Da caracterização de insalubridade


a) Instrumentos de avaliação
Os medidores de vibração devem atender às exigências da norma ISO 8041: 2005.
Nesse instrumento, é acoplado, por meio de um cabo, um acelerô-metro que
converte o movimento mecânico em sinal elétrico processando os valores da
aceleração r.m.s. ponderada nas frequências. Esses instrumentos podem possuir
também filtros de frequência em banda de terça de oitava, permitindo avaliação
mais detalhada da vibração. Na avaliação ocupacional, utiliza-se acelerômetro
triaxial de forma a determinar simultaneamente a aceleração nos eixos x, y e z.
O medidor de vibração deve ser especificado para medir a aceleração r.m.s.
ponderada nas frequências de acordo com as curvas definidas nas normas da ISO.
Na vibração de corpo inteiro, o acelerômetro é montado num adaptador de assento,
devendo ser posicionado no ponto de transmissão da superfície do corpo.
Se o trabalhador executar sua atividade de pé, sobre uma superfície vibrante, o
acelerômetro deve ser colocado na área de contato e fixado da forma mais rígida
possível, podendo ser utilizado um peso sobre ele com adaptador de assento. Na
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medição da avaliação de mão e braço, o acelerômetro deve ser montado na


superfície vibrante, utilizando-se um adaptador adequado.
É importante salientar que o instrumento de medição utilizado é o mesmo para
vibração de corpo inteiro e de mão e braço, ou seja, para cada tipo de medição, deve
ser feita sua configuração adequada. Além disso, esses instrumentos possuem
programas que permitem descarregar dados no computador. Por fim, cabe ressaltar
que o instrumento de medição deve ser calibrado periodicamente e certificado em
laboratório especializado.
b) Insalubridade
De acordo com a nova redação do anexo 8 da NR-15, os procedimentos de avaliação
da exposição a vibração devem tomar como base as normas da FUNDACENTRO
(NHO-09 e 10). A insalubridade será caracterizada quando
Page 83
o aren superar o limite de exposição ocupacional para vibrações de mãos e braços.
Na vibração de corpo inteiro a insalubridade será caracterizada quando o aren ou
VDVR superar os limites de exposição. .

7.5. Eliminação/neutralização
O anexo 8 não determina nem sugere o tipo adequado de proteção para
neutralização da insalubridade. A minimização ou a neutralização da exposição a
vibrações pode ser conseguida com medidas aplicadas ao ambiente, como o uso de
materiais antivibratórios em máquinas e equipamentos. A limitação do tempo de
exposição constitui medida fundamental no controle da vibração. Quanto à
neutralização com o uso de EPIs, não há equipamento no mercado com fator de
proteção capaz de reduzir a intensidade de vibração abaixo dos limites de tolerância
como ocorre com o protetor auricular. Portanto, a insalubridade, nesse caso, poderá
apenas ser eliminada.

8. Frio

8.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 9 — NR-15


O anexo 9, NR-15, dispõe:
1 — As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou
em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao
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frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de


laudo de inspeção realizada em local de trabalho.
Outro dispositivo legal, relativo à exposição ao frio, é o estabelecido no art. 253 da
CLT, referente a serviços frigoríficos:
Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os
que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-
versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será
assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo
como de trabalho efetivo.
Parágrafo único. Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o
que for inferior, nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do
Minis-tério do Trabalho, a 15o (quinze graus), na quarta zona a 12o (doze graus), e
nas quinta, sexta e sétima zonas a 10o (dez graus).
PORTARIA N. 21, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1994
Art. 1º O mapa oficial do Ministério do Trabalho, a que se refere o art. 253 da CLT, a
ser considerado, é o mapa “Brasil Climas” — da Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística — IBGE da SEPLAN, publicado no ano de 1978 e que define as
zonas climáticas brasileiras de acordo com a temperatura média anual, a média
anual de meses secos e o tipo de vegetação natural.
Art. 2º Para atender ao disposto no parágrafo único do art. 253 da CLT, define-se
como primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do MTb, a zona
climática
Page 84
quente, a quarta zona, como a zona climática subquente, e a quinta, sexta e sétima
zonas, como a zona climática mesotérmica (branda ou mediana) do mapa referido
no art. 1º desta Portaria.
Outro dispositivo legal ao qual o perito pode recorrer no sentido de fundamentar
seu laudo é o subitem 29.3.16.2 da NR-29, que dispõe:
A jornada de trabalho em locais frigorificados deve obedecer à seguinte tabela:
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(*)Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo


com o mapa oficial do IBGE.
(**) Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática subquente, de
acordo com o mapa oficial do IBGE.
(***)Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de
acordo com o mapa oficial do IBGE.
A NR-36 estabelece parâmetros de regime trabalho/descanso, bem como especifica
EPI para proteção contra a exposição ao frio.

8.2. Da caracterização da insalubridade


A NR-15, em 1978, não fixou limites para exposição ao frio, estabelecendo o critério
qualitativo para a caracterização da insalubridade por esse agente. No entanto, a
falta de limite de tolerância não significa que qualquer exposição seja insalubre. A
intensidade do agente e o tempo de exposição, fatores tão importantes no risco de
exposição, deverão ser levados em consideração, conforme os arts. 189 e 253 da
CLT e a Portaria n. 3.311 do MTE.
Desse modo, na inspeção realizada, poderá ser observado a temperatura do local, se
o ambiente é similar à câmara frigorífica ou se apresenta frio
Page 85
artificial, conforme estabelecido no art. 253 da CLT27. Em seguida, deve ser
analisado o tempo de exposição do empregado ao frio. Além dos dispositivos legais
citados (CLT e NR-29), o perito poderá recorrer ainda aos critérios recomendados
pela ACGIH, no sentido de fundamentar seu parecer.
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Como vimos anteriormente, o art. 253 da CLT determina que os empregados que
trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam
mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1
(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um
período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de
trabalho efetivo. Além disso, esse dispositivo legal considera artificialmente frio
para os fins do presente artigo, o que for inferior, nas primeira, segunda e terceira
zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, a 15o (quinze graus), na
quarta zona a 12o (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10o (dez graus).
Do ponto de vista de avaliação ocupacional do frio, é importante esclarecer o
seguinte:
— O art. 253 da CLT equipara os ambientes artificialmente frios, em função da
temperatura das zonas climáticas das regiões, à câmara frigorífica. Ora, a
temperatura das câmaras e os ambientes climatizados independem das
temperaturas externas. Desse modo, essa definição de ambiente frio em função de
região não tem fundamento técnico para fins de avaliação da exposição ocupacional
ao frio. Todavia, para fins de caracterização de insalubridade é importante a
definição de ambientes artificialmente frios, pois pode evitar interpretações
equivocadas da caracterização dos ambientes similares a câmara frigoríficas.
— Outro ponto que carece de fundamento técnico é a limitação da exposição. Nas
câmaras frigoríficas as temperaturas normalmente são muito baixas (abaixo de zero
grau). Nesse caso, a pausa para repouso é aceitável. Todavia, a pausa para
recuperação não obedece a critério técnico de exposição ocupacional ao frio. Assim,
por exemplo, considerando a temperatura da quarta zona do mapa do IBGE (12 oC),
a exposição ocupacional ao frio num ambiente climatizado igual 11 oC
Page 86
exige 20 minutos de pausa para repouso, enquanto num local com -20 oC (vinte
graus negativo) exige a mesma pausa. Ora, a exposição ocupacional nesses locais,
não pode ter o mesmo tratamento para fins do risco de exposição ocupacional ao
frio, conforme normas internacionais e estudos científicos sobre a matéria.
Portanto, somente a análise do art. 253 da CLT não é o método mais adequado para
avaliar a exposição ocupacional ao frio. A finalidade desse dispositivo legal é tutelar
os empregados que executam serviços em câmaras frigoríficas, onde normalmente
os trabalhadores ficam expostos à temperatura negativa. Nesse caso, o repouso para
recuperação térmica de 20 minutos a cada 1 hora e 40 minutos pode, dependendo
da temperatura, velocidade do ar, umidade entre outros, ser aceitável. Todavia, em
ambientes climatizados com temperaturas de 0 a 15 oC, o tempo de pausa não pode
ser equiparado tecnicamente aos serviços executados em câmara frigoríficas. Assim,
por exemplo, o risco da exposição ao frio numa temperatura de vinte graus
negativos é bem maior do que numa temperatura superior a dez graus positivo e,
portanto, não pode ser adotado o mesmo tempo de pausa.
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A ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) recomenda


limites para exposição ocupacional ao frio. Segundo essa norma, os limites
propostos visam proteger os trabalhadores dos efeitos mais graves da sobrecarga
por frio (hipotermia), bem como dos danos à saúde ocasionados, além de definir as
condições de trabalho com exposições ao frio sob as quais se acredita que a maioria
dos trabalhadores possa estar repetidamente exposta sem sofrer efeitos adversos à
saúde. O objetivo do TLV (limite de tolerância) é impedir que a temperatura interna
do corpo caia abaixo dos 36 °C, bem como prevenir lesões pelo frio nas
extremidades do corpo. A temperatura interna é a temperatura do núcleo do corpo
determinada por métodos convencionais de medição da temperatura retal. Além de
fornecer condições para a proteção total do corpo, é também objetivo dos limites de
exposição proteger contra lesões por frio todas as partes do corpo, em especial as
mãos, os pés e a cabeça (ACGIH, 2013).
Desse modo, na inspeção realizada, o perito poderá considerar a regra do art. 253 da
CLT, no entanto, deve observar também as normas técnicas sobre a exposição
ocupacional ao frio, como, por exemplo, a ACGIH.

8.3. Eliminação/neutralização
A limitação do tempo de exposição dentro das câmaras poderá, em muitos casos,
eliminar a insalubridade por esse agente, devendo essa medida ser complementada
com o uso de EPI. Quanto à neutralização da insalubridade por meio de EPI, embora
o anexo 09 da NR-15 não especifique a proteção adequada ao frio, a NR-06 prevê os
seguintes EPIs para riscos de origem térmica: capuz, proteção para o tronco, luvas,
proteção do braço e
Page 87
antebraço, calças e meias para proteção contra o frio. Da mesma forma que o calor,
não há parâmetro objetivo que permita afirmar que a intensidade se reduza abaixo
do limite de tolerância. No entanto, existem EPIs aprovados pelo MTE com a
finalidade de proteção da exposição a esse agente, pressupondo, então, a sua
adequação.
Portanto, deverá ser analisado cada caso concreto, em especial os EPI utilizados28, a
característica da exposição, de forma a definir a insalubridade por esse agente. A
NR-36 estabelece parâmetros de regime trabalho/descanso, bem como especifica
EPI para proteção contra a exposição ao frio.
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9. Umidade

9.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 10 — NR-15


1 — As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com
umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão
consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de
trabalho.

9.2. Da caracterização de insalubridade


A ACGIH e outras normas internacionais não estabelecem limites de tolerância para
esse agente nem consideram a umidade como agente de higiene ocupacional. Já a
NR-15 inclui a umidade como insalubre no anexo 10, NR-15, estabelecendo como
parâmetros para a caracterização que o local seja encharcado ou alagado e capaz de
produzir danos à saúde do trabalhador. Assim, a redação dada não fornece
elementos técnicos para interpretação científica desse dispositivo legal.
Analisando literalmente os parâmetros fixados, verifica-se que, segundo Aurélio
Buarque de Holanda, encharcar é “converter em charco, pântano, encher de água,
alagar, inundar, molhar-se inteiro, ensopar-se”, enquanto alagado significa “cheio de
água, encharcado, pequena lagoa transitória”.
O segundo parâmetro é que a exposição seja capaz de produzir danos à saúde. Ora,
essa interpretação é totalmente subjetiva, verificando-se, no caso, interpretação
equivocada desse dispositivo, visto que alguns peritos chegam a caracterizar
insalubridade até para quem passa pano molhado em piso de banheiros.
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Portanto, na caracterização da insalubridade por esse agente, deve-se levar em
consideração, dentre outros, os seguintes fatores:
— O local deverá ter um volume de água significativo, capaz de molhar o
trabalhador exposto29.
— O tempo de exposição é fator importante para a ocorrência da doença
ocupacional, conforme os princípios da Higiene Industrial e o conceito de
insalubridade dado pelo art. 189 da CLT.
— Se o tipo de proteção usada é capaz de eliminar o risco, isto é, se o uso de botas
de borracha e de roupas impermeáveis é capaz de impedir o contato habitual e
permanente do trabalhador com a água30.
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10. Gases e vapores

10.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 11 — NR-


15
O anexo 11 da NR-15 estabelece limites de tolerância para diversos tipos de gases e
vapores, além de estabelecer metodologia simplificada para avaliação desses
agentes. A seguir, a transcrição na íntegra desse anexo.
AGENTES QUÍMICOS CUJA INSALUBRIDADE É CARACTERIZADA POR LIMITE DE
TOLERÂNCIA E INSPEÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO
1 — Nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos a
agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem
ultrapassados os limites de tolerância constantes no quadro 1 deste anexo.
2 — Todos os valores fixados no Quadro 1 — Tabela de Limites de Tolerância — são
válidos para absorção apenas por via respiratória.
Page 89
3 — Todos os valores fixados no Quadro 1 como “Asfixiantes Simples” determinam
que nos ambientes de trabalho, em presença destas substâncias, a concentração
mínima de oxigênio deverá ser 18% (dezoito por cento) em volume. As situações
nas quais a concentração de oxigênio estiver abaixo deste valor serão consideradas
de risco grave e iminente.
4 — Na coluna “VALOR-TETO” estão assinalados os agentes químicos cujos limites
de tolerância não podem ser ultrapassados em momento algum da jornada de
trabalho.
5 — Na coluna “ABSORÇÃO TAMBÉM PELA PELE” estão assinalados os agentes
químicos que podem ser absorvidos, por via cutânea, e portanto exigindo, na sua
manipulação, o uso de luvas adequadas, além do EPI necessário à proteção de outras
partes do corpo.
6 — A avaliação das concentrações dos agentes químicos através de métodos de
amos-tragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo menos em
10 (dez) amostragens, para cada ponto ao nível respiratório do trabalhador. Entre
cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de, no mínimo, 20 (vinte)
minutos.
7 — Cada uma das concentrações obtidas nas referidas amostragens não deverá
ultra-passar os valores obtidos na equação que segue, sob pena de ser considerada
situação de risco grave e iminente.
Valor máximo = LT x FD
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Onde: LT = limite de tolerância para o agente químico, segundo o Quadro 1.


FD = fator de desvio, segundo definido no Quadro 2.
QUADRO 2

8 — O limite de tolerância será considerado excedido quando a média aritmética


das concentrações ultrapassar os valores fixados no Quadro 1.
9 — Para os agentes químicos que tenham “VALOR-TETO” assinalado no Quadro 1
(TABELA DE LIMITES DE TOLERÂNCIA), considerar-se-á excedido o limite de
tolerância quando qualquer uma das concentrações obtidas nas amostragens
ultrapassar os valores fixados no mesmo Quadro.
10 — Os limites de tolerância fixados no Quadro 1 são válidos para jornadas de
trabalho de até 48 (quarenta e oito) horas por semana, inclusive.
10.1 — Para jornadas de trabalho que excedam as 48 (quarenta e oito) horas
semanais, dever-se-á cumprir o disposto no art. 60 da CLT.
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QUADRO 1 — TABELA DE LIMITES DE TOLERÂNCIA
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10.2. Da caracterização de insalubridade


a) Instrumentos de avaliação
Existem diversos equipamentos e métodos para amostragens de produtos químicos,
conforme o esquema que se segue:
1. AMOSTRAGEM INSTANTÂNEA (LEITURA DIRETA) — São aquelas que
fornecem concentrações instantâneas, utilizando-se tubos reagentes
(colorimétricos) ou aparelhos eletrônicos com sensores eletroquímicos.
2. AMOSTRAGEM CONTÍNUA (LEITURA DIRETA OU INDIRETA) — São aquelas
que fornecem concentrações médias ao longo da jornada, utilizando-se
dosímetros passivos, ou amostrador gravimétrico acoplado a meio de coleta
adequada: carvão ativado ou sílica gel, impinger com solução absorvente, filtros
de PVC ou éster celulose, entre outros. Nesse método, a leitura dos dados pode
ser direta ou indireta.
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Segundo o anexo 11, NR-15 da Portaria n. 3.214, a avaliação das concentrações
dos agentes químicos por meio de amostragens instantâneas, de leitura direta
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ou não, deverá ser feita pelo menos em 10 amostragens, para cada ponto, ao
nível respiratório do trabalhador, respeitando-se, entre uma e outra, o intervalo
de, no mínimo, 20 minutos.
Observa-se que a norma menciona apenas as avaliações instantâneas. Esse tipo
de avaliação permite a detecção de picos de concentração durante a jornada de
trabalho e o cálculo da concentração média, para posterior comparação da
concentração com o limite de tolerância e o valor máximo permitido ou valor
teto. No entanto, outro tipo de amostragem é também utilizado: a amostragem
contínua, que apresenta como resultado final somente a concentração média
das substâncias. Embora esse tipo de amostragem forneça valores mais
representativos da exposição à concentração da substância no ambiente, tem
como desvantagem o fato de não poderem ser detectados os valores máximos
ocorridos durante a jornada de trabalho.
b) Caracterização de insalubridade
Para caracterização da insalubridade por agentes químicos, é necessário que a
concentração dos gases e vapores obtida seja superior aos limites fixados no
anexo 11, NR-15, Portaria n. 3.21431.
Esse anexo dividiu a tabela de limite de tolerância em grupos, em função dos
efeitos dos agentes no organismo, e, desse modo, estabeleceu três critérios para
comparação com os limites de tolerância, quais sejam:
3. Para as substâncias que não possuem assinaladas, no quadro 1 — Limites de
Tolerância —, as colunas valor-teto e absorção também pela pele, a
concentração média obtida deve ser inferior ao limite fixado e nenhuma
amostragem poderá ultrapassar o VMP (valor máximo permitido). Fazem parte
de tal grupo: amônia, monóxido de carbono, acetaldeído, dentre outros.
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Exemplo:
Um trabalhador se expõe às seguintes concentrações de amônia:

Para verificar se o limite de tolerância foi ultrapassado ou não, deve-se calcular:


a. Concentração média

b. VM = LT x FD
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Segundo o anexo 11, NR-15, o limite de tolerância para a amônia é de 20


ppm, e o FD = 1,5. Desse modo:
VM = 20 x 1,5 = 30,0 ppm
Pode-se verificar que nenhuma das amostragens ultrapassou o valor
máximo permitido e a concentração média foi inferior ao limite de
tolerância estabelecido no anexo 11, NR-15, não caracterizando,
portanto, insalubridade para essa atividade.
No caso de qualquer amostragem ultrapassar o valor máximo permitido
e/ ou a concentração média superar o limite fixado, a atividade será
considerada insalubre de grau médio, se o trabalhador não estiver
adequadamente protegido.
4. Para as substâncias que possuem assinaladas, no quadro 1 — Limites de
Tolerância —, a coluna valor-teto, nenhuma amostragem poderá ultrapassar o
limite de tolerância fixado. Fazem parte deste grupo: ácido clorídrico, dióxido
de nitrogênio, etc.
Exemplo:
Um trabalhador se expõe às seguintes concentrações de ácido clorídrico:

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O anexo 11, NR-15, fixa limite de tolerância de 4,0 ppm para o ácido clorídrico,
estando assinalada a coluna “valor-teto”. Como as amostragens 4 e 6 superaram
4,0 ppm, a atividade caracteriza-se como insalubre de grau máximo, caso o
trabalhador não esteja adequadamente protegido.
5. Para as substâncias que possuem assinaladas as colunas absorção pela pele,
além dos requisitos expostos nos itens 1 e 2, medidas de proteção adicional às
mucosas deverão ser fornecidas32. Fazem parte deste grupo: n-butilamina,
álcool n-butílico.
Exemplo:
Um trabalhador se expõe às seguintes concentrações de n-butilamina:
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O anexo 11, NR-15, fixa limite de tolerância de 4,0 ppm para n-butilamina,
estando assinaladas as colunas “valor-teto” e “absorção também pela pele”.
Nenhuma amostragem ultrapassou o valor-teto, e, caso o trabalhador esteja
adequadamente protegido com relação à via cutânea, a atividade não será
considerada insalubre. Deve-se ressaltar que a proteção da via cutânea, neste
caso, é essencial. Segundo a norma para esses agentes, é necessário
Page 98
na sua manipulação, o uso de luvas adequadas, além do EPI necessário à
proteção de outras partes do corpo.
Devido aos critérios estabelecidos pelo anexo 11 da NR-15, é importante que
sejam realizadas avaliações que permitam conhecer as concentrações
instantâneas, para se verificar se o valor-teto ou máximo foi, porventura,
ultrapassado. Como citado anteriormente, somente as avaliações instantâneas
permitem tal conclusão, embora forneçam, na maioria das vezes, resultados
menos representativos da exposição que as avaliações contínuas.
Assim, no método de amostragem a ser escolhido, deverão ser levados em
consideração: a portabilidade do equipamento, a precisão de leitura, o custo de
coleta, o tipo de gás e vapor entre outros.
Cabe ressaltar que, em função do alto custo do material (importado e
descartável) e das análises químicas, nas perícias judiciais, para avaliação
desses agentes, deverá ser solicitado um adiantamento de honorários com
vistas a cobrir os custos citados. Como normalmente as partes não concordam
com esse pagamento antecipado, a prova pericial fica prejudicada, pois o
requisito da avaliação visando à caracterização da insalubridade, nesse anexo, é
a determinação da concentração do agente químico e a comparação com os
limites fixados no anexo 11. Cabe salientar que, muitas vezes, o perito procura
enquadrar o agente no anexo 13 (método qualitativo), visando evitar a
realização de medição, podendo esse procedimento acarretar prejuízo para a
reclamada. Não sendo possível o enquadramento nesse anexo, devido à não
quantificação do agente, poderá haver prejuízo para o reclamante. Desse modo,
a nosso ver, nessa situação, é necessário o adiantamento dos honorários
periciais para cobrir o custo da medição.
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10.3. Eliminação/neutralização
A eliminação ou neutralização da insalubridade para gases e vapores ocorrerá com a
adoção de medidas no ambiente e/ou no processo, tais como: substituição do
produto nocivo, alteração no processo produtivo, segregação da operação,
ventilação local exaustora e geral diluidora.
Quanto à neutralização, esta será conseguida com a utilização de EPIs: respiradores
com filtro químico, luvas, aventais e outras proteções para o corpo, quando a
substância for capaz de ser absorvida por via cutânea. Com relação aos respiradores,
é importante verificar se são suficientes para reduzir as concentrações a níveis
abaixo dos limites de tolerância (conforme preceitua o art. 191, item II, da CLT).
Desse modo, sempre deverá ser verificada a proteção oferecida pelo respirador, se é
efetiva a utilização e frequente a troca dos filtros.
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11. Poeiras e outros particulados

11.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexos 11 e 12


— NR-15
O anexo 12, NR-15, da Portaria n. 3.214/1978 estabelece limites de tolerância para
poeiras minerais: asbesto, manganês e seus compostos e sílica livre. É importante
ressaltar que, embora o manganês tenha sido inserido pela Portaria n. 08/1992 no
anexo 12 — Poeiras Minerais, foram fixados limites de tolerância para poeira e
fumos metálicos. Já o anexo 11, NR-15, estabelece limites de tolerância para outros
particulados: chumbo (sem especificar se na forma de poeira ou fumos) e negro de
fumo. A seguir, transcreveremos as legislações pertinentes a cada particulado acima
citado.
a) Asbesto (modificado pela Portaria n. 1 de 28.5.1991)
1 — O Anexo aplica-se a todas e quaisquer atividades nas quais os trabalhadores
estão expostos ao asbesto no exercício do trabalho.
1.1 — Entende-se por “asbesto”, também denominado amianto, a forma fibrosa dos
silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas,
isto é, a crisotila (asbesto branco), e dos anfibílios, isto é, a actinolita, a amosita
(asbesto marrom), a antofilita, a crocidolita (asbesto azul), a tremolita ou qualquer
mistura que contenha um ou vários destes minerais.
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1.2 — Entende-se por “exposição ao asbesto” a exposição no trabalho às fibras de


asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão no ar originada pelo asbesto
ou por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto.
1.3 — Entende-se por “fornecedor” de asbesto o produtor e/ou distribuidor da
matéria--prima in natura.
2 — Sempre que dois ou mais empregadores, embora cada um deles com personali-
dade jurídica própria, levem a cabo atividades em um mesmo local de trabalho,
serão, para efeito de aplicação dos dispositivos legais previstos neste Anexo,
solidariamente responsáveis contratante(s) e contratado(s).
2.1 — Compete à(s) contratante(s) garantir os dispositivos legais previstos neste
Anexo por parte do(s) contratado(s).
3 — Cabe ao empregador elaborar normas do procedimento a serem adotadas em
situações de emergência, informando os trabalhadores convenientemente, inclusive
com o treinamento específico.
3.1 — Entende-se por “situações de emergência” qualquer evento não programado
dentro do processo habitual de trabalho que implique no agravamento da exposição
dos trabalhadores.
4 — Fica proibida a utilização de qualquer tipo de asbesto do grupo anfibílio e dos
produtos que contenham estas fibras.
4.1 — A autoridade competente, após consulta prévia às organizações mais
representativas de empregadores e trabalhadores interessados, poderá autorizar o
uso de
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anfibílios, desde que a substituição não seja exequível e sempre que sejam
garantidas as medidas de proteção à saúde dos trabalhadores.
5 — Fica proibida a pulverização (spray) de todas as formas de asbesto.
6 — Fica proibido o trabalho de menores de 18 (dezoito) anos em setores onde
possa haver exposição à poeira de asbesto.
7 — As empresas (públicas ou privadas) que produzem, utilizam ou comercializam
fibras de asbesto e as responsáveis pela remoção de sistemas que contêm ou podem
liberar fibras de asbesto para o ambiente deverão ter seus estabelecimentos
cadastrados junto ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social/Instituto
Nacional do Seguro Social, através de seu setor competente em matéria de
segurança e saúde do trabalhador.
7.1 — O referido cadastro será obtido mediante a apresentação do modelo Anexo I.
7.2 — O número de cadastro obtido será obrigatoriamente apresentado quando da
aquisição da matéria-prima junto ao fornecedor.
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7.3 — O fornecedor de asbesto só poderá entregar a matéria-prima a empresas


cadastradas.
7.4 — Os Órgãos Públicos responsáveis pela autorização da importação de fibras de
asbesto só poderão fornecer a guia de importação a empresas cadastradas.
7.5 — O cadastro deverá ser atualizado obrigatoriamente a cada 2 (dois) anos.
8 — Antes de iniciar os trabalhos de remoção e/ou demolição, o empregador e/ou
contratado, em conjunto com a representação dos trabalhadores, deverão elaborar
um plano de trabalho onde sejam especificadas as medidas a serem tomadas,
inclusive as destinadas a:
a. proporcionar toda proteção necessária aos trabalhadores;
b. limitar o desprendimento da poeira de asbesto no ar;
c. prever a eliminação dos resíduos que contenham asbesto.
9 — Será de responsabilidade dos fornecedores de asbesto, assim como dos
fabricantes e fornecedores de produtos contendo asbesto, a rotulagem
adequada e suficiente, de maneira facilmente compreensível pelos
trabalhadores e usuários interessados.
9.1 — A rotulagem deverá conter, conforme modelo Anexo II:
— a letra minúscula “a” ocupando 40% (quarenta por cento) da área total da
etiqueta;
— caracteres: “Atenção, contém amianto”, “Respirar poeira de amianto é
prejudicial à saúde”, e “Evite risco: siga as instruções de uso”.
9.2 — A rotulagem deverá, sempre que possível, ser impressa no produto, em
cor contrastante, de forma visível e legível.
10 — Todos os produtos contendo asbesto deverão ser acompanhados de
“instrução de uso” com, no mínimo, as seguintes informações: tipo de asbesto,
risco à saúde e doenças relacionadas, medidas de controle e proteção
adequada.
11 — O empregador deverá realizar a avaliação ambiental de poeira de asbesto
nos locais de trabalho em intervalos não superiores a 6 (seis) meses.
11.1 — Os registros das avaliações deverão ser mantidos por um período não
inferior a 30 (trinta) anos.
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11.2 — Os representantes indicados pelos trabalhadores acompanharão o
processo de avaliação ambiental.
11.3 — O trabalhador e/ou seus representantes têm o direito de solicitar
avaliação complementar nos locais de trabalho e/ou impugnar os resultados
das avaliações junto à autoridade competente.
11.4 — O empregador é obrigado a afixar o resultado das avaliações em quadro
próprio de aviso para conhecimento dos trabalhadores.
12 — O limite de tolerância para fibras respiráveis de asbesto crisotila é de 2,0
f/cm3 .
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12.1 — Entende-se por “fibras respiráveis de asbesto” aquelas com diâmetro


inferior a 3 (três) micrômetros, comprimento maior ou igual a 5 (cinco)
micrômetros e relação entre comprimento e diâmetro igual ou superior a 3:1
(três para um).
13 — A avaliação ambiental será realizada pelo método do filtro de membrana,
utilizando-se aumentos de 400 (quatrocentas) a 500 (quinhentas) vezes, com
iluminação de contraste de fase.
13.1 — Serão contadas as fibras respiráveis conforme subitem 12.1
independente de estarem ou não ligadas ou agregadas a outras partículas.
13.2 — O método de avaliação a ser utilizado será definido pela
ABNT/INMETRO.
14 — O empregador deverá fornecer gratuitamente toda vestimenta de
trabalho que poderá ser contaminada por asbesto, não podendo esta ser
utilizada fora dos locais de trabalho.
14.1 — O empregador será responsável pela limpeza, manutenção e guarda da
vestimenta de trabalho, bem como dos EPIs utilizados pelo trabalhador.
14.2 — A troca de vestimenta de trabalho será feita com frequência mínima de
2 (duas) vezes por semana.
15 — O empregador deverá dispor de vestiário duplo para os trabalhadores
expostos ao asbesto.
15.1 — Entende-se por “vestiário duplo” a instalação que oferece uma área
para guarda de roupa pessoal e outra, isolada, para guarda da vestimenta de
trabalho, ambas com comunicação direta com a bateria de chuveiros.
15.2 — As demais especificações de construção e instalação obedecerão às
determinações das demais Normas Regulamentadoras.
16 — Ao final de cada jornada diária de trabalho, o empregador deverá criar
condições para troca de roupa e banho do trabalhador.
17 — O empregador deverá eliminar os resíduos que contêm asbesto, de
maneira que não se produza nenhum risco à saúde dos trabalhadores e da
população em geral, de conformidade com as disposições legais previstas pelos
órgãos competentes do meio ambiente e outros que porventura venham a
regulamentar a matéria.
18 — Todos os trabalhadores que desempenham ou tenham funções ligadas à
exposição ocupacional ao asbesto serão submetidos a exames médicos
previstos no subitem
7.1.3 da NR-7, sendo que por ocasião da admissão, demissão e anualmente
devem ser realizados, obrigatoriamente, exames complementares incluindo,
além da avaliação clínica, telerradiografia de tórax e prova de função pulmonar
(espirometria).
18.1 — A técnica utilizada na realização das telerradiografias de tórax deverá
obedecer ao padrão determinado pela Organização Internacional do Trabalho,
especificado na Classificação Internacional de Radiografias de Pneumoconioses
(OIT-1980).
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18.2 — As empresas ficam obrigadas a informar aos trabalhadores examinados,


em formulário próprio, o resultado dos exames realizados.
19 — Cabe ao empregador, após o término do contrato de trabalho envolvendo
exposição ao asbesto, manter disponível a realização periódica de exames
médicos do controle dos trabalhadores, durante 30 (trinta) anos.
19.1 — Estes exames deverão ser realizados com a seguinte periodicidade:
d. a cada 3 (três) anos para trabalhadores com período de exposição de 0 (zero) a
12 (doze) anos;
e. a cada 2 (dois) anos para trabalhadores com período de exposição de 12 (doze)
a 20 (vinte) anos;
f. anual para trabalhadores com período de exposição superior a 20 (vinte) anos.
19.2 — O trabalhador receberá, por ocasião da demissão e retornos
posteriores, comunicação da data e local da próxima avaliação médica.
20 — O empregador deve garantir informações e treinamento dos
trabalhadores, com frequência mínima anual, priorizando os riscos e as
medidas de proteção e controle devidos à exposição ao asbesto.
20.1 — Os programas de prevenção já previstos em Lei (curso da CIPA, SIPAT
etc.) devem conter informações específicas sobre os riscos de exposição ao
asbesto.
21 — Os prazos de notificações e os valores das infrações estão especificados
no Anexo III.
22 — As exigências contidas neste Anexo entrarão em vigor em 180 (cento e
oitenta) dias a contar da data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
b) Manganês e seus compostos (acrescentado pela Portaria n. 8 de
5.10.1992)
1 — O limite de tolerância, para as operações com manganês e seus compostos
referente a extração, tratamento, moagem, transporte de minério; ou ainda
outras opera-ções com exposição a poeiras de manganês ou de seus compostos
é de até 5 mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia.
2 — O limite de tolerância, para as operações com manganês e seus compostos
referente à metalurgia de minerais de manganês, fabricação de compostos de
manganês, fabricação de baterias e pilhas secas, fabricação de vidros especiais e
cerâmicas, fabricação e uso de eletrodos de solda, fabricação de produtos
químicos, tintas e fertilizantes ou ainda outras operações com exposição a
fumos de manganês ou de seus compostos é de até 1 mg/m3 no ar, para
jornada de até 8 (oito) horas por dia.
3 — Sempre que os limites de tolerância forem ultrapassados, as atividades
com o manganês e seus compostos serão consideradas como insalubres no grau
máximo.
4 — O pagamento do adicional de insalubridade por parte do empregador não o
desobriga da adoção de medidas de prevenção e controle que visem minimizar
os riscos do ambiente de trabalho.
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5 — As avaliações de concentração ambiental e caracterização da insalubridade


somente poderão ser realizadas por Engenheiro de Segurança do Trabalho ou
Médico do Trabalho, conforme previsto no art. 195 da CLT.
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6 — As seguintes recomendações e medidas de prevenção e controle são
indicadas para as operações com manganês e seus compostos,
independentemente de os limites de tolerância terem sido ultrapassados ou
não:
— Substituição de perfuração a seco por processos úmidos.
— Perfeita ventilação após denotações, antes de se reiniciarem os trabalhos.
— Ventilação adequada, durante os trabalhos, em áreas confinadas.
— Uso de equipamentos de proteção respiratória com filtros mecânicos para
áreas contaminadas.
— Uso de equipamentos de proteção respiratória com linha de ar mandado,
para trabalhos, por pequenos períodos, em áreas altamente contaminadas.
— Uso de máscaras autônomas para casos especiais e treinamentos específicos.
— Rotatividade das atividades e turnos de trabalho para os perfuradores e
outras atividades penosas.
— Controle da poeira a níveis abaixo dos permitidos.
7 — As seguintes precauções de ordem médica e de higiene são de caráter
obrigatório para todos os trabalhadores expostos às operações com manganês
e seus compostos, independentemente de os limites de tolerância terem sido
ultrapassados ou não:
— Exames médicos pré-admissionais e periódicos.
— Exames adicionais para as causas de absenteísmo prolongado, doença,
acidentes ou outros casos.
— Não admissão de empregado portador de lesões respiratórias orgânicas do
sistema nervoso central e disfunções sanguíneas para trabalhos em exposição
ao manganês.
— Exames periódicos de acordo com os tipos de atividades de cada
trabalhador, variando de períodos de 3 (três) a 6 (seis) meses para os trabalhos
de subsolo e de 6 (seis) meses a anualmente para os trabalhadores de
superfície.
— Análises biológicas de sangue.
— Afastamento imediato de pessoas com sintomas de intoxicação ou alterações
neurológicas ou psicológicas.
— Banho obrigatório após a jornada de trabalho.
— Troca de roupas de passeio/serviço/passeio.
— Proibição de se tomarem refeições nos locais de trabalho.
c) Sílica livre cristalizada
1 — O limite de tolerância, expresso em milhões de partículas por decímetro
cúbico, é dado pela seguinte fórmula:
LT = 8,5 mppdc (milhões de partículas por decímetro cúbico) / % quartzo + 10
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Esta fórmula é válida para amostras tomadas com “impactador” (impinger) no


nível da zona respiratória e contadas pela técnica do campo claro. A
porcentagem de quartzo é a quantidade determinada através de amostras em
suspensão aérea.
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2 — O limite de tolerância para poeira respirável, expresso em mg/m3, é dado
pela seguinte fórmula:
LT = 8 / P> % QUARTZO + 2 (mg / m3)
3 — Tanto a concentração como a porcentagem de quartzo, para a aplicação
deste limite, devem ser determinadas a partir da porção que passa por um
seletor com as características do Quadro 1.
QUADRO 1

4 — O limite de tolerância para poeira total (respirável e não respirável),


expresso em mg/m3, é dado pela seguinte fórmula:
LT = 24 / % QUARTZO + 3 (mg / m3)
5 — Sempre será entendido que “Quartzo” significa sílica livre cristalizada.
6 — Os limites de tolerância fixados no item 4 são válidos para jornadas de
trabalhos de até 48 (quarenta e oito) horas por semana, inclusive.
6.1 — Para jornadas de trabalho que excedam a 48 (quarenta e oito) horas
semanais os limites deverão ser reduzidos, sendo estes valores fixados pela
autoridade competente.
d) Chumbo
O limite de tolerância para fumos e poeira de chumbo está listado na tabela
transcrita no item 10.1.
e) Negro de fumo (acrescentado pela Portaria n. 9 de 9.10.1992)
Altera os anexos ns. 11 e 13 da Norma Regulamentadora n. 15.
O Diretor do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, da
Secretaria Nacional do Trabalho, no uso das atribuições que lhe conferem os
arts. 155 e 201 da Consolidação das Leis do Trabalho, com a redação dada pela
Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977, e o disposto no art. 2º da Portaria n.
3.214, de 8 de junho de 1978,
CONSIDERANDO que as Normas Regulamentadoras são instrumentos
dinâmicos e devem ser revisados quando necessários;
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CONSIDERANDO que diversos estudos epidemiológicos e pesquisas de saúde
ocupacional mostram que a produção e a exposição ao negro de fumo não
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induzem a um aumento de riscos de doenças profissionais ou indícios de efeito


carcinogênico;
CONSIDERANDO que aproximadamente 90% (noventa por cento) do negro de
fumo produzido é utilizado na industrialização de artefatos de borracha e que
apenas aproximadamente 10% (dez por cento) é usado na indústria química e
de plásticos;
CONSIDERANDO que o limite de tolerância de até 3,5 mg/m3 de poeira do
negro de fumo no ar foi adotado pela American Conference of Governmental
Industrial Higienists e pela Ocupational Safety and Health Administration;
CONSIDERANDO a necessidade de estabelecer parâmetros técnicos que guiem
os profissionais da área de segurança e saúde no tocante à proteção dos
trabalhadores expostos a agentes químicos, resolve:
Art. 1º Incluir no Anexo n. 11 da Norma Regulamentadora n. 15 o agente
químico Negro de Fumo, no quadro 1 (Tabela de Limites de Tolerância).
Inclusão já efetuada no texto.
§ 1º O limite de tolerância ao negro de fumo é de até 3,5 mg/m3 , para uma
jornada de até 48 (quarenta e oito) horas semanais de exposição.
§ 2º Sempre que o limite de tolerância estabelecido no parágrafo anterior for
ultrapassado, as atividades e operações que envolvam a produção ou utilização
do negro de fumo serão consideradas como insalubres no grau máximo.
Art. 2º A presente Portaria aplica-se a todas e quaisquer atividades nas quais os
trabalhadores estejam em contato com o negro de fumo no exercício do
trabalho.
1. Entendem-se por “Negro de Fumo” as formas finamente divididas de
carbono produzidas pela combustão incompleta ou decomposição
térmica de gás natural ou óleo de petróleo.
2. Entende-se por “Exposição ao Negro de Fumo” a exposição permanente
no trabalho ao negro de fumo em suspensão no ar originada pelo
manuseio do mesmo.
3. Cabe ao empregador elaborar normas de procedimentos a serem
adotadas em situações de emergência, informando os trabalhadores,
convenientemente, inclusive com treinamento específico.
4. Será de responsabilidade dos fabricantes e fornecedores do negro de
fumo a rotulagem adequada e suficiente, de maneira facilmente
compreensível pelos trabalhadores e usuários interessados, conforme
disposto no subitem 26.6 da NR-26 — Sinalização e Segurança da
Portaria n. 3.214/78.
5. O empregador deverá realizar a avaliação ambiental de poeira de negro
de fumo nos locais de trabalho em intervalos não superiores a 1 (um)
ano.
5.1. Os registros de avaliação deverão ser mantidos por um período não
inferior a 30 (trinta) anos.
5.2. Os representantes indicados pelos trabalhadores poderão
acompanhar o processo de avaliação ambiental, bem como solicitar
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avaliação complementar em locais de trabalho específicos e ter pleno


acesso aos resultados dessas avaliações.
6. A avaliação ambiental para determinar a exposição ao negro de fumo
deve ser feita através de medições “Média Ponderada de Tempo”, com
uma duração mínima de 360
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(trezentos e sessenta) minutos, na zona respiratória do trabalhador,
usando-se para tal bomba de coleta de alto fluxo, calibrada a 2,0 l/min,
filtro membrana de PVC de diâmetro circular de 37 (trinta e sete)
milímetros e 5 (cinco) micrômetros de porosidade e analisada por
gravimetria.
7. O empregador deverá fornecer gratuitamente uniformes aos
trabalhadores expostos ao negro de fumo, de modo a impedir o seu
contato direto com o produto, além de manter vestiário duplo para a
utilização dos trabalhadores que exerçam suas atividades em área de
negro de fumo.
8. Todos os trabalhadores que desempenham funções ligadas à exposição
ocupacional ao negro de fumo deverão ser submetidos a exames
médicos, conforme previsto na NR-7:
— Exame Médico, da Portaria n. 3.214/78.
9. O empregador deverá adotar medidas de controle de engenharia, onde
tecnicamente viáveis, que assegurem concentrações abaixo do limite de
tolerância estabelecido no art. 1º, § 1º, desta Portaria, e sempre que
necessário fornecer os equipamentos de proteção individual (EPIs), tais
como respiradores, luvas e outros que propiciem adequada proteção aos
trabalhadores.
Art. 3º Excluir do anexo n. 13 da Norma Regulamentadora n. 15, que
trata dos agentes químicos, no grupo dos hidrocarbonetos e outros
compostos de carbono, a manipulação do negro de fumo.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na sua data de publicação.

11.2. Da caracterização de insalubridade


A avaliação de particulados é realizada por meio de coleta utilizando-se a bomba
gravimétrica devidamente calibrada antes e aferida após as medições, pelo método
bolha de sabão ou calibrador eletrônico. Os filtros utilizados são específicos para
cada tipo de particulado, podendo ser de éster celulose, utilizados para metais
(manganês, chumbo) e asbesto ou de PVC para poeira contendo sílica livre e negro
de fumo. A análise laboratorial para determinação de metais é o método de absorção
atômica, para asbesto contagem de fibras por microscopia ótica com contraste de
fase (aumento de 400 a 500 vezes), método gravimétrico para negro de fumo e,
finalmente, difratometria por raio-X para sílica livre.
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É importante ressaltar que a utilização de separador de partículas é utilizado na


coleta de poeira contendo sílica livre, quando se pretende coletar poeira respirável,
isto é, aquelas com diâmetro inferior a 10 µm e que, por esse motivo, penetram no
pulmão, sendo, portanto, mais prejudiciais à saúde.
As normas internacionais recomendam que tanto a poeira como os fumos de
manganês e chumbo e particulado de negro de fumo sejam coletados sem o uso de
separador de partículas (ciclone).
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Existem diversos tipos de amostragem, sendo mais recomendáveis as de período
completo, com amostras consecutivas, isto é, coleta de diversas amostras cobrindo
toda a jornada de trabalho, no entanto, em perícia, a mais utilizada é a amostragem
única de forma a cobrir pelo menos 70% a jornada de trabalho. O equipamento
coletor contendo meio de retenção específico deverá ser colocado no próprio
trabalhador à altura da zona respiratória. A metodologia e procedimento técnico de
avaliação devem tomar como base os métodos da NIOSH (National Institute for
Occupational Safety and Health), FUNDACENTRO, OSHA (Occupational Safety and
Health).
a) Caracterização de insalubridade
1. Asbesto
O anexo 12, NR-15, Portaria n. 3.214, de 1978, fixou em 4 fibras maiores que 5
micrômetros por centímetro cúbico o limite de tolerância para asbestos, valor esse
baseado na ACGIH.
Em 28.5.1991, por meio da Portaria n. 1, foram feitas alterações nesse anexo,
passando o limite de tolerância para 2,0 fibras/cm3 — por meio respiráveis, que
possuem diâmetro inferior a 3 micrômetros, comprimento maior ou igual a 5
micrômetros e relação entre comprimento e diâmetro igual ou superior a 3:1.
Nota-se que a alteração proposta pela Portaria n. 1 reduziu o limite de tolerância à
metade, e introduziu o conceito de fibra respirável. Essa portaria estabeleceu ainda
as obrigações dos empregadores de empresas que utilizam asbestos, bem como dos
fabricantes.
A Portaria n. 22, de 26.12.1994, alterou a redação do item 12.1 do anexo 12, Portaria
n. 3.214, que passou a vigorar da seguinte maneira: “Entendem-se por fibras
respiráveis de asbesto aquelas com diâmetro inferior a 3 (três) micrômetros,
comprimento maior que 5 (cinco) micrômetros e relação entre comprimento e
diâmetro superior a 3:1”. Incluiu ainda o item 13.3, no mesmo anexo, com a seguinte
redação: “Os laboratórios que realizarem análise de amostras ambientais de fibras
dispersas no ar devem atestar a participação em programas de controle de
qualidade laboratorial e sua aptidão para proceder a análises requeridas pelo
método do filtro de membrana”.
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A insalubridade por exposição ao asbesto será caracterizada quando a concentração


obtida for superior ao limite de tolerância anteriormente citado e o trabalhador não
estiver adequadamente protegido.
2. Manganês
Até a publicação da Portaria n. 8 (5.10.1992), a insalubridade por exposição ao
manganês era caracterizada mediante inspeção realizada no local de
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trabalho (avaliação qualitativa), conforme o anexo 13, NR-15. A nova portaria veio
estabelecer limites de tolerância para esse agente, ou seja, 5,0 mg/m3 para poeira e
1,0 mg/m3 para fumos de manganês. Deve-se ressaltar que, nessa portaria, o MTE
aperfeiçoou o critério de caracterização da insalubridade por exposição ao
manganês, adotando limites de tolerância, medidas de controle para eliminação e
neutralização do risco, bem como controle médico dos trabalhadores expostos.
Contudo, atualmente a ACGIH reduziu o limite de tolerância desse agente para 0,20
mg/m3, tanto para fumos quanto para poeira, devendo, portanto, o órgão
competente do MTE atualizar o limite.
Assim, insalubridade de grau máximo será caracterizada quando a concentração de
poeira de manganês for superior a 5 mg/m3 ou de fumos, a 1,0 mg/m3.
Exemplo: Em uma mineração de manganês, realizou-se amostragem de poeira com
finalidade de se verificar o pagamento ou não do adicional de insalubridade. Os
dados obtidos foram os seguintes:
— Peso da amostra (PA) = 0,15 mg (fornecido pelo laboratório)
— Vazão média (Qm) = 1,50 l/min
— Tempo de amostragem (TA) = 300 min
Com base nesses dados, a verificação da insalubridade por esse agente é feita da
seguinte forma:
a. Cálculo do volume amostrado (VA) em m3 VA = Qm x TA (m3)
VA = 1,50 x 300 / 1000 = 0,450 m3 1000
b)Cálculo da concentração de poeira(C) em mg/m3 C = PA (mg / m3)
VA
C = 0,15 = 0,33 (mg / m3)
0,45
b. Limite de tolerância estabelecido pela NR-15 é igual a 5,0 mg/m3 . Como a
concentração de poeira de manganês de 0,33 mg/m3 é inferior a esse limite, a
atividade do trabalhador não se caracteriza como insalubre por esse agente.
3. Chumbo
Como comentado anteriormente, o limite de tolerância para o chumbo fixado
pelo anexo 11 da NR-15 é igual a 0,1 mg/m3 , tanto na forma de poeira quanto
de fumos, sendo a insalubridade, quando constatada, de grau máximo.
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Considerando que a NR-15 fixa limites de tolerância para esse agente, na
avaliação pericial, é necessária a determinação da concentração de chumbo, da
mesma forma como explicado anteriormente para o manganês.
4. Sílica Livre
O Anexo 12 — com base nos limites de tolerância de 1978 recomendados pela
ACGIH — adotou, para caracterização da insalubridade, os limites de tolerância
para poeira total e respirável, calculados pelas seguintes fórmulas:
LT = 24 (mg/m3) — Poeira total
% QUARTZO + 3
LT = 8 (mg/m3) — Poeira respirável
% QUARTZO + 2
A poeira respirável representa aquelas partículas que penetram nos pulmões e
cujo tamanho é de até 10 µm. O quadro 1 do anexo 12, NR-15, Portaria 3.214,
apresenta o tamanho da partícula em função da percentagem de passagem pelo
seletor (ciclone), isto é, aquela que penetra nos pulmões. Portanto, essa é a
definição de fração respirável, devendo o ciclone (seletor) usado na avaliação
obedecer a essas características.
A poeira total representa a poeira respirável e não respirável, ou seja, não há
seleção do tamanho das partículas. De acordo com anexo 12 da NR-15, quando
qualquer das concentrações (poeira respirável ou total) superar os respectivos
limites de tolerância, será caracterizada a insalubridade em grau máximo.
Sendo a poeira respirável mais prejudicial à saúde do trabalhador, esse critério
do MTE, muitas vezes, é questionado pelos profissionais da área. Outro
questionamento muito comum é o percentual de sílica livre cristalizada
presente na amostra. Deve-se esclarecer que a doença profissional depende
principalmente dos seguintes fatores: concentração de poeira, teor de sílica
livre, tamanho da partícula, tempo de exposição ao agente.
A ACGIH mudou o critério de avaliação de risco potencial de silicose,
estabelecendo atualmente a medição somente de poeira respirável e
recomendando um limite fixo de sílica livre cristalizada, sem o cálculo por meio
das fórmulas mencionadas anteriormente. Esse limite leva em consideração
todos os fatores que determinam o acometimento da doença profissional,
sendo o método mais adequado do ponto de vista técnico para esse fim.
Entretanto, a ACGIH recomenda também limites para outros particulados,
mesmo com baixo teor de quartzo (sílica livre cristalizada), tais como: cimento,
caulim, além de Partículas Não Especificadas de Outra Maneira (PNOS).
Page 110
Portanto, do ponto de vista legal, na determinação da insalubridade, devemos
coletar a poeira (total ou respirável), analisar o teor de sílica livre, calcular a
concentração de poeira e compará-la com os limites de tolerância
estabelecidos33, conforme veremos em exemplos mais adiante. Entretanto, em
nosso entendimento, o MTE deveria rever urgentemente esse anexo,
adequando os limites de tolerância.
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Exemplo 1:
Na avaliação da exposição de um trabalhador à poeira, em determinada
empresa, foram obtidos os seguintes dados:
— Peso da amostra (PA) = 2,0 mg
— Vazão média (Qm) = 1,60 l/min
— Tempo de amostragem (TA) = 300 min
— Amostra coletada de poeira respirável
— Percentagem de sílica livre cristalizada (quartzo) = 5% (fornecido pelo
laboratório)
Com base nesses dados, a verificação da insalubridade por esse agente é feita
da seguinte forma:
c. Cálculo do volume amostrado (VA) em m3 VA = Qm x TA (m3)
1000
d. Cálculo da concentração de poeira(C) em mg/m3 C = PA (mg / m3)
VA
C = 2,0 = 4,16 mg / m3 0,480
Page 111
e. Cálculo do limite de tolerância
LT = 8 (mg/m3)
% QUARTZO + 2
LT = 8 = 1,14 (mg/m3)
5 +2
A concentração de poeira respirável (4,16 mg/m3 ) é superior ao limite de
tolerância (1,14 mg/m3 ). Assim sendo, a atividade caracteriza-se como
insalubre de grau máximo.
Exemplo 2:
Em determinado posto de trabalho, foram coletadas amostras de poeira total e
respirável, obtendo-se os seguintes dados:
Poeira total
— Peso da amostra= 2,0 mg
— Vazão média = 1,50 l/min
— Tempo de amostragem = 200 minutos
— Percentagem de sílica livre = 2,0%
Poeira respirável
— Peso da amostra = 1,0 mg
— Vazão média = 1,7 l/min
— Tempo de amostragem = 400 minutos
— Percentagem de sílica livre = 2,0%
Como base nos dados, a avaliação da insalubridade por exposição a poeira deve
ser feita da seguinte maneira:
1) Poeira total
a) VA = 1,50 x 200 = 0,3 m3 1000
f. C = 2,0 mg = 6,66 mg/m3 0,3 m3 c) LT = 24 = 4,8 mg/m3 %SiO2+3
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g. A concentração de poeira total (6,66 mg/m3 ) superou o limite de tolerância


(4,8 mg/m3 )
Page 112
2) Poeira respirável
h. VA = 1,70 x 400 = 0,68 m3 1000
i. C = 1,0 mg = 1,47 mg/m3 0,68
j. LT = 8 = 2,0 mg/m3 2+2
k. A concentração de poeira respirável (1,47 mg/m3 ) não superou o limite de
tolerância (2,0 mg/m3 ).
Como pôde ser observado anteriormente, apenas a concentração de poeira
total superou o limite de tolerância. Essa situação, na prática, ocorre
frequentemente. Do ponto de vista da saúde ocupacional, a poeira respirável é
mais importante, pois representa aquelas partículas que penetram nos
pulmões. Entretanto, de acordo com a NR-15, quando qualquer dos limites
estabelecidos no anexo 12 for superado, ficará caracterizada a insalubridade de
grau máximo.
É importante salientar que a concentração de poeira total, embora não
selecione o tamanho das partículas, não significa, por essa razão, ser inofensiva
à saúde. Outros fatores influenciam no risco da exposição, tais como:
concentração, teor de quartzo, entre outros.
5. Negro de fumo
Como ocorreu com o manganês, a Portaria n. 9, de 9.10.1992, retirou o negro de
fumo do anexo 13, NR-15, Portaria n. 3.214 (avaliação qualitativa), e adotou o
limite recomendado pela ACGIH para efeitos de caracterização da
insalubridade. Assim, a exposição ao negro de fumo será considerada insalubre
de grau máximo quando a concentração superar o limite de tolerância fixado
pela referida portaria (3,5 mg/m3 ). Outro aspecto a ser considerado é que,
embora a portaria estabeleça que o limite é válido para jornada de trabalho de
até 8 horas, esse valor deveria sofrer correção, devido à diferença entre a
jornada de trabalho do Brasil e a dos EUA, como ocorreu com todos os limites
adotados pela NR-15, em 1978.
Exemplo:
Numa amostragem de negro de fumo, em uma fábrica de borracha, foram
obtidos os seguintes dados:
Peso inicial do filtro = 13 mg
Peso final do filtro = 14,5 mg
Page 113
Vazão média = 1,9 l/min
Tempo de amostragem = 300 minutos
Com base nesses dados, a verificação da insalubridade por esse agente é feita
da seguinte forma:
1) Cálculo do volume amostrado (VA) em m3 VA = Qm x TA (m3 )
1000
2) Cálculo da concentração de negro de fumo em mg/m3 C = PA (mg / m3)
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VA
PA = 14,5 mg – 13,0 mg = 1,5 mg
C = 1,5 = 2,63 mg / m3 0,57
A concentração de negro de fumo (2,63 mg/m3 ) foi inferior ao limite de
tolerância (3,5 mg/m3 ) estabelecido pela Portaria n. 9, não sendo, portanto,
caracterizada a insalubridade por esse agente.

11.3. Eliminação/neutralização
As medidas de controle da exposição à poeira podem ser aplicadas ao ambiente e ao
homem. No ambiente, dentre outras, destacam-se a umidificação, a ventilação local
exaustora e a alteração do processo. Saliente-se, entretanto, que a adoção dessas
medidas implica nova medição no sentido de verificar se a concentração foi
reduzida a níveis abaixo do limite de tolerância. Caso isso ocorra, a insalubridade
fica eliminada.
Outra medida de controle é aquela aplicada ao homem, consistindo no uso de
máscara de filtro mecânico capaz de diminuir a concentração de poeira a nível
abaixo do limite de tolerância (art. 191, II, da CLT). É importante salientar que a
proteção oferecida pela máscara depende do seu tipo e uso efetivo, da concentração
de poeira e da troca periódica dos filtros.
Assim, por exemplo, para um empregado exposto a uma concentração de poeira de
20 mg/m3 , com limite de tolerância de 4,0 mg/m3 , é necessária a utilização de
máscara com fator de proteção, no mínimo, igual a 5 para que a insalubridade seja
neutralizada, conforme a instrução normativa n. 1, de 11.4.1994.
Page 114
Com relação ao asbesto, a mais importante e primordial medida de controle consiste
no estudo da viabilidade de substituição desse produto, devido aos seus efeitos
maléficos ao organismo (potencialmente carcinogênico). As máquinas e os
equipamentos que trabalham com asbesto deverão ser totalmente blindados e
dotados de ventilação local exaustora. Outra medida que pode ajudar na eliminação
do pó é o umedecimento das fibras, onde houver impossibilidade técnica de
enclausuramento da fonte geradora. Tais medidas significam o controle na fonte e
no ambiente. Como medida complementar, a ser adotada pelo homem, tem-se a
utilização de máscara de filtro mecânico bem adaptada, no caso de exposição
intermitente. Quando a exposição for mais prolongada ou quando o controle de pó
no ambiente for inadequado, o trabalhador deverá utilizar equipamento protetor
tipo máscara autônoma com “ar mandado”.
Os exames médicos deverão ser realizados com a periodicidade estabelecida no
anexo 12, NR-15, com nova redação dada pela Portaria n. 1, de
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28.5.1991. Além disso o trabalhador deverá estar treinado para a adoção de todas as
medidas de segurança estabelecidas nessa mesma norma.
Já para o manganês e o negro de fumo, as Portarias n. 8 e n. 9 inovaram bastante na
questão da eliminação ou da neutralização da insalubridade, estabelecendo as
medidas básicas a serem aplicadas no ambiente e no homem para tal finalidade.
Outra inovação dessa portaria foi estabelecer que, mesmo sendo a concentração
inferior ao limite, o empregador deverá adotar medidas de ordem médica e de
Higiene do Trabalho.
Verifica-se, portanto, que as portarias, além de critérios de caracterização da
insalubridade tecnicamente bem definidos, estabelecem medidas preventivas, nos
termos do art. 190 da CLT.
Finalmente, é importante ressaltar que os agentes insalubres citados nesse item
possuem limites de tolerância fixados, exigindo, portanto, a quantificação das
concentrações deles. Essa quantificação implica custos com filtros, análises
químicas, preparação e coleta de dados. Sendo assim, em perícias judiciais, há a
necessidade de pagamento antecipado dos honorários para cobrir esses custos.
Como normalmente as partes não concordam com esse adiantamento, a apuração da
insalubridade por poeiras minerais não é realizada, prejudicando as partes.

12. Agentes químicos

12.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 13 — NR-


15
A caracterização da insalubridade por avaliação qualitativa foi introduzida nas
primeiras normas referente à matéria (Portarias n. 1 e 49/1960, n. 491/1965),
Page 115
e tal critério foi estabelecido, provavelmente, porque naquela época não havia
métodos de coleta e avaliação de agentes químicos bem definidos. Em 1978, a
Portaria n. 3.214 evoluiu nos critérios de caracterização de insalubridade para
agentes químicos, introduzindo nos anexos 11 e 12 limites de tolerância e
metodologia de avaliação para aqueles. No entanto, o anexo 13 foi mantido, sendo
caracterizada a insalubridade em função do agente, operação e ativi-dade.
Posteriormente, o MTE estabeleceu limites de tolerância para o negro de fumo e
manganês, ou seja, as referidas substâncias foram retiradas desse anexo e incluídos
nos anexos 11 e 12, NR-15, respectivamente.
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Deve-se ressaltar que praticamente todos os agentes constantes no anexo 13


possuem limites de tolerância bem definidos pela ACGIH, sendo assim, não há
qualquer justificativa técnica pela qual o MTE não os adotou para a grande maioria
dos agentes constantes no referido anexo.
Aliás, a NR-9, Portaria n. 3.214, estabelece que deverão ser adotadas as medidas de
controle necessárias à eliminação ou minimização dos riscos ambientais, quando os
resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem
os valores previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores de limites de
exposição ocupacional adotados pela ACGIH. A seguir, a transcrição do anexo 13,
NR-15, Portaria n. 3.214/1978, bem como os comentários técnicos sobre a
caracterização da possível insalubridade para cada agente.
1 — Relação das atividades e operações, envolvendo agentes químicos,
consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.
Excluam desta relação as atividades ou operações com os agentes químicos
constantes dos anexos 11 e 12.
Conforme comentado no Capítulo I, embora o subitem 15.13 da NR-15 considere
insalubres as atividades ou operações mencionadas nesse anexo, com exceção das
que envolvam substâncias cancerígenas — onde nenhuma exposição ou contato é
permitido —, os demais agentes são perfeitamente passíveis de possuir limites de
tolerância fixados em razão da intensidade e do tempo de exposição. Como não há
limite de tolerância fixado, a avaliação dos agentes desse anexo é feita mediante
inspeção realizada no local de trabalho (avaliação qualitativa), com exceção para os
que possuem limites fixados nos anexos 11 e 12. Não obstante o anexo 13 mencione
como insalubres opera-ções com o chumbo, por exemplo, o anexo 11 estabelece
limite de tolerância de 0,1 mg/m3 para esse agente. Deve, portanto, ser feita a
avaliação quantitativa deste para possível caracterização do risco.
Na avaliação qualitativa, a inexistência do limite de tolerância não significa que
qualquer exposição seja insalubre, exceto para aquelas substâncias consideradas
cancerígenas. Assim sendo, a intensidade do contato, a nature-za e o tempo de
exposição são fatores importantes para a caracterização da insalubridade, conforme
preceitua o art. 189 da CLT. Muitos intérpretes
Page 116
desconsideram o tempo de exposição do trabalhador ao agente para caracterização
da insalubridade, alegando que tal análise não está explícita no anexo 13, Portaria n.
3.214/1978. Deve-se ressaltar que todo o estudo deverá ser embasado numa
interpretação sistemática da legislação, e dela precedido, bem como de
regulamentações posteriores acerca do assunto.
Tanto o art. 189 da CLT como as Portarias do MTE ns. 491/ 1965 e
3.311/1989, ambas já revogadas, estabelecem claramente a importância da análise
da intensidade do contato com o agente, assim como o tempo de exposição a ele. A
Portaria n. 3.311, revogada pela Portaria n. 546, em
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11.3.2010, definia e exemplificava exposição eventual, permanente e inter-mitente


ao risco, embasando a elaboração de laudos pelos técnicos do MTE, quando da
realização de perícias, conforme art. 195, § 1º, da CLT. Do ponto de vista técnico de
higiene ocupacional, as definições de exposição contidas na Portaria n. 3.311/1989
são perfeitamente aceitáveis nas avaliações qualitativas e, a nosso ver, para a prova
pericial deve ser levada em consideração na apuração da possível insalubridade por
esses agentes. O fato de ter sido revogada não afasta o seu valor técnico na prova,
evitando as interpretações equivocadas nas perícias relativas aos agentes
qualitativos desse anexo.
É importante salientar que a ACGIH, cujos limites são aceitos internacionalmente, e
também no Brasil estabelece limites de tolerância para praticamente todos os
agentes mencionados no anexo 13. Esses limites são definidos para 8 horas diárias
de exposição e 40 horas semanais, e, para algumas substâncias, devido à rápida
absorção pelo organismo, são fixados limites de curta duração, isto é, valor no qual
os trabalhadores podem ficar expostos durante período de 15 minutos sem sofrer
efeitos adversos à saúde.
Mais uma vez fica evidenciada a importância da análise do tempo de exposição para
verificação de possível insalubridade.
Cabe salientar, no entanto, que o caput do anexo 13 estabelece que a insalubridade
será caracterizada em decorrência de inspeção realizada no local. Inspecionar,
segundo Aurélio Buarque de Holanda, é examinar, revistar, vistoriar. No mesmo
sentido, o art. 420 do CPC define que a prova pericial consiste em exame, vistoria ou
avaliação. Portanto, embora o anexo 13 não estabeleça limite de tolerância, a prova
pericial deverá examinar e avaliar a exposição do trabalhador com base nos
requisitos técnicos de higiene ocupacional, podendo até avaliar quantitativamente a
concentração do agente, de forma a embasar tecnicamente sua análise e sua
interpretação da norma. A simples conclusão no sentido de que o risco é presumido
ou inerente às atividades ou operações mencionadas, sem se levar em conta os
aspectos técnicos comentados, além de se ater somente à interpretação gramatical
da norma, a nosso ver, não é a melhor conduta, vez que, para a análise da
insalubridade apenas dessa maneira, o juiz não precisaria de
Page 117
prova pericial, pois conhece mais de hermenêutica que o perito. Ressaltamos que,
quando a prova pericial depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será
assistido por perito (art. 156 do CPC). Desse modo, para a possível caracterização da
insalubridade para os agentes desse anexo, os conhecimento técnico e científico são
mais importantes do que para os agentes que possuem limites de tolerância.
Todavia, a melhor solução, visando ao enquadramento da insalubridade para os
agentes desse anexo, seria o MTE revisar os critérios adotados incluindo a adoção
dos limites da ACGIH.
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A seguir, passaremos a comentar alguns aspectos de cada agente mencionado no


anexo 13, no sentido de auxiliar o intérprete na análise da insalubridade porventura
existente. Lembramos da importância do estudo do caso concreto e de outras
bibliografias sobre matéria.
ARSÊNICO
Insalubridade de grau máximo
Extração e manipulação de arsênio e preparação de seus compostos. Fabricação de
tintas à base de arsênico.
Fabricação de produtos parasiticidas, inseticidas e raticidas contendo compostos de
arsênico.
Pintura à pistola com pigmentos de compostos de arsênico, em recintos limitados ou
fechados.
Preparação do Secret.
Produção de Trióxido de Arsênico.
Insalubridade de grau médio
Bronzeamento em negro e verde com compostos de arsênico.
Conservação de peles e plumas; depilação de peles à base de compostos de arsênico.
Descoloração de vidros e cristais à base de compostos de arsênico.
Emprego de produtos parasiticidas, inseticidas e raticidas à base de compostos de
arsênico.
Fabricação de cartas de jogar, papéis pintados e flores artificiais à base de
compostos de arsênico.
Metalurgia de minérios arsenicais (ouro, prata, chumbo, zinco, níquel, antimônio,
cobalto e ferro).
Operações de galvanotécnica à base de compostos de arsênico.
Pintura manual (pincel, rolo e escova) com pigmentos de compostos de arsênico em
recintos limitados ou fechados, exceto com pincel capilar.
Insalubridade de grau mínimo
Empalhamento de animais à base de compostos de arsênico.
Fabricação de tafetá “siré”.
Pintura à pistola ou manual com pigmentos de compostos de arsênico ao ar livre.
Page 118
O arsênico não possui limite de tolerância estabelecido na NR-15; embora
considerado agente confirmadamente carcinogênico, a ACGIH fixa limite de
tolerância de 0,01mg/m3 .
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O anexo 13 estabeleceu três graus de insalubridade para atividades e/ou operações


que envolvem o arsênico, ao que nos parece presumindo maior ou menor risco de
contaminação pelo trabalhador.
A exposição ocupacional a esse agente pode ser maior ou menor dependendo do
processo produtivo, das medidas de controle existentes, entre outros. Sendo assim,
a avaliação quantitativa é a melhor forma de se definir a exposição e,
consequentemente, a caracterização ou não da insalubridade.
Desse modo, foram consideradas insalubres de grau máximo as atividades de
extração, produção e fabricação do arsênico e seus compostos. Por outro lado, as
atividades de emprego de produtos ou compostos de arsênico ou à base de arsênico
foram consideradas como insalubres de grau médio ou mínimo.
É importante comentar que, muitas vezes, as atividades de emprego de produtos de
arsênico podem gerar maior risco ao trabalhador do que nas operações de
fabricação, dependendo das medidas de controle utilizadas no processo de
produção ou na aplicação desses produtos.
Assim, mais uma vez fica evidenciada a deficiência de critérios técnicos fixados no
anexo 13.
CARVÃO
Insalubridade de grau máximo
Trabalho permanente no subsolo em operações de corte, furação e desmonte, de
carregamento no local de desmonte, em atividades de manobra, nos pontos de
transferência de carga e de viradores.
Insalubridade de grau médio
Demais atividades permanentes do subsolo compreendendo serviços, tais como: de
operações de locomotiva, condutores, engatadores, bombeiros, madeireiros,
trilheiros e eletricistas.
Insalubridade de grau mínimo
Atividades permanentes de superfície nas operações a seco, com britadores,
peneiras, classificadores, carga e descarga de silos, de transportadores de correia e
de teleférreos.
Conforme comentado anteriormente, o anexo 12 estabelece limites de tolerância
para poeiras contendo sílica livre, sendo caracterizada insalubri-dade de grau
máximo quando a concentração de poeira total ou respirável superar os referidos
limites.
Page 119
O anexo 13 estabelece três graus de insalubridade (máximo, médio e mínimo) para
atividades com carvão, que serão determinados pelo tipo e pelo local de operação,
sem ser necessária qualquer medição, a não ser a análise in loco do local de trabalho.
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Esse anexo presume o maior risco nas atividades e operações em minas


subterrâneas.
A exposição à poeira de carvão mineral pode provocar um tipo de pneumiconiose
denominada antracose. Além disso, dependendo da mina onde é extraído, o carvão
pode conter sílica livre cristalizada, argila e calcário e outros minerais. Nas minas de
carvão, além da pneumocomiose, a poeira pode contribuir para o aparecimento de
doença crônica das vias respiratórias, tais como: bronquite e enfisema pulmonar. O
carvão de alta qualidade (com alto teor de antracita) apresenta maior risco de
pneumocomiose, além de provocar reações reumáticas34.
O anexo 13 considera como insalubres de grau mínimo atividades na superfície nas
operações a seco. É evidente que nesses tipos de operação a emanação de poeira
poderá ser bem superior àquela que ocorre nas operações a úmido.
Já a ACGIH recomenda o limite de 0,40 mg/m3 e 0,90 mg/m3 para poeira respirável
de carvão de antracito e betuminoso, respectivamente. Além disso, essa norma
menciona que a base desses limites foram os efeitos sobre a função pulmonar e
fibrose pulmonar.
Com relação ao contato com a pele, não há, na literatura sobre a matéria, menção
sobre absorção de poeira de carvão mineral por via cutânea, nem reações alérgicas
provocadas por esse agente.
Portanto, na avaliação da insalubridade por esse agente, a nosso ver, é necessário
avaliar quantitativamente a concentração de poeira, bem como analisar o teor de
sílica livre cristalizada (quartzo) e comparar, posteriormente, com os limites
estabelecidos no anexo 12, para evitar discrepância na condução pericial, uma vez
que o anexo 13 expressa tacitamente que deverão ser excluídas da relação desse
anexo todas as atividades ou operações com os agentes químicos constantes dos
anexos 11 e 12.
CHUMBO
Insalubridade de grau máximo
Fabricação de compostos de chumbo, carbonato, arseniato, cromato mínio, litargírio
e outros.
Fabricação de esmaltes, vernizes, cores, pigmentos, tintas, unguentos, óleos, pastas,
líquidos e pós à base de compostos de chumbo.
Page 120
Fabricação e restauração de acumuladores, pilhas e baterias elétricas contendo
compostos de chumbo.
Fabricação e emprego de chumbo tetraetila e chumbo tetrametila.
Fundição e laminação de chumbo, de zinco velho, cobre e latão.
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Limpeza, raspagem e reparação de tanques de mistura, armazenamento e demais


trabalhos com gasolina contendo chumbo tetraetila.
Pintura à pistola com pigmentos de compostos de chumbo em recintos limitados ou
fechados.
Vulcanização de borracha pelo litargírio ou outros compostos de chumbo.
Insalubridade de grau médio
Aplicação e emprego de esmaltes, vernizes, cores, pigmentos, tintas, unguentos,
óleos, pastas, líquidos e pós à base de compostos de chumbo.
Fabricação de porcelana com esmaltes de compostos de chumbo.
Pintura e decoração manual (pincel, rolo e escova) com pigmentos de compostos de
chumbo (exceto pincel capilar), em recintos limitados ou fechados.
Tinturaria e estamparia com pigmentos à base de compostos de chumbo.
Insalubridade de grau mínimo
Pintura à pistola ou manual com pigmentos de compostos de chumbo ao ar livre.
O chumbo possui limite de tolerância de 0,10 mg/m3 estabelecido pela NR-15,
anexo 11. Desse modo, não existe qualquer razão para esse agente estar relacionado
no anexo 13, já que, para a apuração de possível insalubridade, deverá ser feita
obrigatoriamente avaliação quantitativa, conforme caput do anexo 13, que manda
excluir desse anexo todas as atividades ou operações com agentes químicos
constantes dos anexos 11 e 12.
Segundo o anexo 11, caso o limite de tolerância para o chumbo seja ultra-passado, a
insalubridade devida será a de grau máximo. Já o anexo 13 estabelece três graus de
insalubridade, dependendo do tipo de operação realizada. Assim, a exposição a esse
agente poderá gerar diferentes graus de insalubridade, dependendo do anexo de
que se serve o intérprete, 11 ou 13.
Outro aspecto importante que prejudica a realização da perícia quando com base no
anexo 13 é que este menciona como insalubres atividades que utilizam esmaltes,
vernizes, cores, pigmentos, tintas, entre outros, à base de compostos de chumbo.
Ora, sabe-se da grande dificuldade em se conseguir composição básica de qualquer
produto comercial. Os fabricantes fornecem apenas informações genéricas, que não
permitem uma correta e confiável análise do produto. Para obtenção de dados mais
precisos, é necessária a avaliação laboratorial, envolvendo assim custo para as
partes.
Page 121
Desse modo, a nosso ver, o mais correto seria a exclusão do chumbo do anexo 13 e
sua manutenção no anexo 11.
Outro ponto a ser considerado é que o anexo 13 considera como insalubres
atividades com gasolina contendo chumbo tetraetila, e é sabido que há vários anos
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as empresas de petróleo aboliram o uso dessa substância na gasolina; mais um


motivo, então, para revisão desse anexo.
CROMO
Insalubridade de grau máximo
Fabricação de cromatos e bicromatos.
Pintura à pistola com pigmentos de compostos de cromo, em recintos limitados ou
fechados.
Insalubridade de grau médio
Cromagem eletrolítica dos metais.
Fabricação de palitos fosfíricos à base de compostos de cromo (preparação da pasta
e trabalho nos secadores).
Manipulação de cromatos e bicromatos.
Pintura manual com pigmentos de compostos de cromo em recintos limitados ou
fechados (exceto pincel capilar).
Preparação por processos fotomecânicos de clichês para impressão à base de
compostos de cromo.
Tanagem a cromo.
A ACGIH estabelece limites de tolerância diversos para esse metal, dependendo da
forma em que se encontra: cromato (com limites diferenciados dependendo do
elemento a que está ligado), metal e compostos de cromo trivalente (Cr3+), com
limite de tolerância de 0,5 mg/m3 e hexavalente(Cr6+), solúveis e insolúveis em
água, limites de tolerância de 0,05 e 0,01 mg/m3 ,
respectivamente. Segundo a ACGIH, somente o cromo metálico e os compostos de
Cr3+ não são classificados como carcinogênicos.
A NR-15 classificou as atividades com cromo como insalubres de grau máximo e
médio de maneira qualitativa, sem fazer diferenciação explícita da forma do cromo
manipulada.
Há, então, de ser minucioso na análise de atividade que envolve cromo, levando-se
em consideração não só a forma de contato e o tempo de exposição ao agente como
também a forma em que o cromo se apresenta.
Outro ponto a ser considerado também com relação a esse agente é o fato de alguns
intérpretes considerarem o cimento como insalubre, devido a
Page 122
traços de cromato e bicromato presentes em sua composição, provenientes da
contaminação no processo produtivo. Ora, o anexo 13 é bem claro, dizendo que a
insalubridade será devida quando da manipulação de cromatos e bicromatos, e não
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de produtos que apresentem essas substâncias como contaminantes (baixíssimas


concentrações)35.
O cimento já é considerado como insalubre de grau mínimo nas fases de grande
exposição à poeira (anexo 13), podendo, também, ser considerado como insalubre
de grau máximo, caso o limite de tolerância do anexo 12 seja ultrapassado.
FÓSFORO
Insalubridade de grau máximo
Extração e preparação do fósforo branco e seus compostos.
Fabricação de defensivos fosforados e organofosforados.
Fabricação de projéteis incendiários, explosivos e gases asfixiantes à base de fósforo
branco.
Insalubridade de grau médio
Emprego de defensivos organofosforados.
Fabricação de bronze fosforado.
Fabricação de mechas fosforadas para lâmpadas de mineiros.
A ACGIH estabelece o limite de tolerância de 0,10mg/m³ para fósforo. Deve-se
ressaltar que o fósforo possui três formas alotrópicas: branco ou amarelo, preto e
vermelho, sendo que o anexo 13 especifica como insalubre de grau máximo somente
a extração e a preparação do fósforo branco e seus compostos. O fósforo branco ou
amarelo é regularmente utilizado na fabricação de fogos de artifícios, de explosivos
e fertilizantes e pode provocar, como intoxicação aguda, segundo a enciclopédia da
OIT, grave enfermidade, ocorrendo como resultado de sua ingestão, sendo rara a
intoxicação por manipulação industrial.
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A caracterização de insalubridade pelo fósforo é mais comumente aplicada nos
casos que envolvem o emprego de defensivos organofosforados.
Deve-se, então, fazer uma consideração importante com relação à diferenciação
entre compostos e defensivos organofosforados.
Quimicamente serão consideradas compostos organofosforados aquelas substâncias
que possuem em sua estrutura átomos de carbono e de fósforo. Já para ser
considerada defensivo organofosforado, a substância deverá ser composto
organofosforado e possuir efeito inibidor da acetilcolinesterase no ser humano,
além, é óbvio, de efeito de defensivo agrícola.
Desse modo, não basta somente o exame da estrutura química do defensivo; dever-
se-á analisar também se ele é capaz de inibir a acetilcolinesterase, pois, somente
satisfazendo as duas condições anteriormente citadas, o produto poderá ser
classificado como defensivo organofosforado. O paration é um dos organofosforados
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mais tóxicos existentes. Em geral, os organofosforados podem entrar pelo


organismo por qualquer via, sendo absorvida, mais facilmente, através da pele e dos
olhos36.
Assim, a caracterização de possível insalubridade por esse agente deverá ser
precedida de estudo criterioso sobre a natureza da atividade, o tempo e a
intensidade de exposição, além de análise das medidas de controle coletivo,
administrativo e individual, verificando, inclusive, no caso de organofosforados, a
proteção da pele e dos olhos.
HIDROCARBONETOS E OUTROS COMPOSTOS DE CARBONO
Insalubridade de grau máximo
Destilação do alcatrão da hulha.
Destilação do petróleo.
Manipulação de alcatrão, breu, betume, antraceno, óleos minerais, óleo queimado,
parafina ou outras substâncias cancerígenas afins.
Fabricação de fenis, cresis, naftóis, nitroderivados, aminoderivados, derivados
halogenados e outras substâncias tóxicas derivadas de hidrocarbonetos cíclicos.
Pintura à pistola com esmaltes, tintas, vernizes e solventes contendo
hidrocarbonetos aromáticos.
Insalubridade de grau médio
Emprego de defensivos organoclorados: DDT (Diclorodifeniltricloretano), DDD
(Diclorodifenildicloretano), Metoxicloro (Dimetoxidifeniltricloretano), BHC
(Hexacloreto de Benzeno) e seus compostos e isômeros.
Page 124
Emprego de defensivos derivados do ácido carbônico.
Emprego de aminoderivados de hidrocarbonetos aromáticos (homólogos da
anilina).
Emprego de cresol, naftaleno e derivados tóxicos.
Emprego de isocianatos na formação de poliuretanas (lacas dedesmodur e
desmofem, lacas de dupla composição, lacas protetoras de madeira e metais,
adesivos especiais e outros produtos à base de polisocianetos e poliuretanas).
Emprego de produtos contendo hidrocarbonetos aromáticos como solventes ou em
limpeza de peças.
Fabricação de artigos de borracha, de produtos para impermeabilização e de tecidos
impermeáveis à base de hidrocarbonetos.
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Fabricação de linóleos, celuloides, lacas, tintas, esmaltes, vernizes, solventes, colas,


artefatos de ebonite, guta-percha, chapéus de palha e outros à base de
hidrocarbonetos.
Limpeza de peças ou motores com óleo diesel aplicado sob pressão (nebulização).
Pintura a pincel com esmaltes, tintas e vernizes em solventes contendo
hidrocarbonetos aromáticos.
Nesse item, foram analisadas diversas atividades e operações com hidrocarbonetos
e com outros compostos possuidores de carbono em sua estrutura, isto é, nem todas
as substâncias aí citadas são hidrocarbonetos aromáticos, como entendem alguns
intérpretes. Cabe esclarecer que hidrocarbonetos aromáticos possuem
obrigatoriamente, em sua fórmula química, pelo menos um anel benzênico.
Um dos enquadramentos que gera bastante polêmica é a insalubridade devida por
ocasião do contato com óleo mineral. Mais uma vez, deve-se salientar a importância
da análise do tempo de exposição ao agente e da intensidade do contato, deverão ser
profundamente examinados para uma correta conclusão pericial. Muitos
intérpretes, de maneira equivocada, consideram que qualquer contato e/ou tempo
de exposição ao óleo mineral é gerador de insalubridade pelo fato de o legislador ter
descrito, juntamente com esse agente, outros produtos e/ou outras substâncias
cancerígenas afins.
Assim, alguns intérpretes acham que todas as substâncias citadas são cancerígenas.
Se assim fosse, o legislador não teria dedicado um item específico para as
substâncias cancerígenas, cujo contato ou exposição não é permitido em qualquer
tempo ou modo.
A limpeza de peças ou motores com óleo diesel aplicado sob pressão (nebulização),
embora de risco bem superior ao simples contato com óleo mineral, é considerada
insalubre de grau médio, enquanto a manipulação é de grau máximo.
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Os sprays de óleos minerais podem constituir sério risco de câncer das vias
respiratórias, enquanto os óleos minerais altamente refinados, os óleos solúveis, e
os óleos com emulsificante têm baixo potencial carcinogênico quando comparados
com óleos minerais ácidos — refinados utilizados no passado, segundo Salim Amed
Ali no seu livro Dermatoses Ocupacionais, FUNDACENTRO.
Tanto é que a ACGIH estabelece limite de tolerância de 5 mg/m3 para névoa de óleo
mineral, não fazendo qualquer referência ao risco de contato com a pele. Outro
aspecto importante a ser considerado é o termo fabricação ou manuseio de óleos
minerais. Segundo a orientação jurisprudencial 171 do TST, não há distinção entre
os termos para fins de concessão do adicional37.
Outro aspecto importante a ser comentado é que o anexo 13 considera como
insalubre de grau máximo a “pintura à pistola com esmaltes, tintas, vernizes e
solventes contendo hidrocarbonetos aromáticos” e de grau médio o “emprego de
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produtos contendo hidrocarbonetos aromáticos como solventes ou em limpeza de


peças”. Os principais hidrocarbonetos aromáticos utilizados como solvente são o
tolueno e o xileno, que possuem limites de tolerância estabelecidos no anexo 11 e
que, se ultrapassados, gerarão insalubridade de grau médio. Mais uma vez, o anexo
13 gera ponto conflitante com outro anexo da NR-15. Deverá, então, optar-se por
análises quantitativas, quando se tratar das atividades ou operações que envolvam
agentes químicos possuidores de limites de tolerância fixados em outro anexo da
mesma NR-15, conforme estabelecido no caput do anexo 13.
MERCÚRIO
Insalubridade de grau máximo
Fabricação e manipulação de compostos orgânicos de mercúrio.
O anexo 11 estabelece limite de tolerância de 0,04 mg/m3 para todas as formas de
mercúrio, exceto orgânicos. O anexo 13, NR-15, considera como insalubre de grau
máximo, de maneira qualitativa, a fabricação e a manipulação de compostos
orgânicos de mercúrio.
Também para esse agente a ACGIH estabeleceu limites de tolerância diferenciados
para alquil e aril compostos de mercúrio (formas orgânicas) e também para as
formas inorgânicas, incluindo o mercúrio metálico.
Um caso clássico de enquadramento equivocado realizado por peritos nesse item é a
atividade de manipulação de amálgama realizada por dentistas
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ou afins. Sabe-se que o mercúrio metálico faz parte da composição do amálgama e,
durante a manipulação dessa substância, poderá ocorrer emanação de vapores de
mercúrio. Nesse caso, o perito deverá realizar avaliação quantitativa do vapor
emanado e comparar com limite de tolerância estabelecido pelo anexo 11, e não
simplesmente realizar inspeção no local de trabalho e realizar enquadramento
qualitativo pelo anexo 13; tal procedimento não é correto, uma vez que o amálgama
não é composto orgânico de mercúrio. No mesmo sentido o acórdão do TRT 9ª
Região38.
SILICATOS
Insalubridade de grau máximo
Operações que desprendam poeira de silicatos em trabalhos permanentes no
subsolo, em minas e túneis (operações de corte, furação, desmonte, carregamento e
outras atividades exercidas no local do desmonte, e britagem no subsolo).
Operações de extração, trituração e moagem de talco.
Fabricação de material refratário, como refratários para fornos, chaminés e
cadinhos; recuperação de resíduos.
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Os silicatos representam a imensa maioria do material que compõe a crosta


terrestre e são formados por silício combinado com oxigênio e diferentes elementos
metálicos (Ca2+, Mg2+, Fe2+, Al3+, Na+ e outros). Têm diferentes tipos de estruturas,
desde a fibrosa, como a do asbesto e a do amianto, à laminar, típica da mica, e até a
tridimensional, própria dos feldspatos. Os mais notáveis são: o quartzo, mineral
muito abundante, as micas, silicatos de alumínio e outros elementos metálicos; as
turmalinas, a granada e o talco.
Assim, o quartzo (sílica livre) possui limites de tolerância estabelecidos no anexo 12,
tanto para poeira total quanto respirável, devendo a avaliação quantitativa ser
realizada, para caracterização de possível insalubridade. Da mesma forma, o
asbesto, que possui limite de tolerância estabelecido no anexo 12, de 2 fibras
respiráveis/cm3 . A ACGIH estabelece limite de tolerância de 10 mg/m3 , para o
silicato de cálcio, e de 2 mg/m3 , para o talco (sem fibra de asbestos e com menos de
1% de quartzo ou sílica livre cristalizada). No entanto, outros silicatos podem conter
sílica livre cristalizada, então, a
Page 127
nosso ver, a maneira mais correta de verificação de insalubridade por esse agente é
a avaliação quantitativa e posterior comparação da concentração com os limites
estabelecidos no anexo 12.
SUBSTÂNCIAS CANCERÍGENAS
Para as seguintes substâncias ou processos:
4 — Amido difenil (p-xenilamina);
Produção de Benzidina;
Beta-naftilamina;
4 — Nitrodifenil, não deve ser permitida nenhuma exposição ou contato, por
qualquer via.
Entende-se por nenhuma exposição ou contato significa hermetizar o processo ou
operação, através dos melhores métodos praticáveis de engenharia, sendo que o
trabalhador deve ser protegido adequadamente de modo a não permitir nenhum
contato com o carcinogênico.
Sempre que os processos ou operações não forem hermetizados, será considerada
como situação de risco grave e iminente para o trabalhador.
O anexo 13 listou 4 substâncias e processos nos quais não é permitida qualquer
exposição ou contato; será considerada situação de risco grave e iminente, além de
insalubridade de grau máximo, quando os processos ou as operações que envolvam
qualquer uma das 4 substâncias citadas não forem hermetizados.
Deve-se notar que, no caso específico das substâncias cancerígenas, não é permitido
qualquer contato, independentemente do tempo de exposição e da forma de
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manipulação, isto é, só é permitido o trabalho em processos herméticos em que não


há a menor possibilidade de contato com o carcinogêneo. Note-se que, não sendo o
processo hermetizado e ainda que o trabalhador esteja adequadamente protegido, a
insalubridade de grau máximo será devida. Portanto, para as substâncias listadas, a
insalubridade, somente para elas, será inerente à atividade.
OPERAÇÕES DIVERSAS
Insalubridade de grau máximo
Operações com cádmio e seus compostos: extração, tratamento, preparação de ligas,
fabricação e emprego de seus compostos, solda com cádmio, utilização em fotografia
com luz ultravioleta, em fabricação de vidros, como antioxidante, em revestimentos
metálicos, e outros produtos.
Operações com as seguintes substâncias:
— éter bis (cloro-metílico)
— Benzopireno
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— Berílio
— Cloreto de dimetil-carbamila
— 3,3’ — dicloro-benzidina
— Dióxido de vinil ciclohexano
— Epicloridina
— Hexametilfosforamida
— 4,4’ — metileno bis (2-cloro analina)
— 4,4’ — metileno dianalina
— Nitrosaminas
— Propano sultone
— Beta-propiolactona
— Tálio
Produção de Trióxido de Amônio Ustulação de Sulfeto de Níquel.
Insalubridade de grau médio
Aplicação à pistola de tintas de alumínio.
Fabricação de pós de alumínio (trituração e moagem).
Fabricação de emetina, pulverização de ipeca.
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Fabricação e manipulação de ácido foxálico, nítrico e sulfúrico, bromídrico, fosfórico,


pícrico.
Metalização à pistola.
Operações com o timbó.
Operações com bagaço de cana nas fases de grande exposição à poeira.
Operações de galvanoplastia: douração, prateação, niquelagem, cromagem,
zincagem, cobreagem, anodização de alumínio.
Telegrafia e radiotelegrafia, manipulação em aparelhos do tipo Morse e recepção de
sinais em fones.
Trabalhos com escórias de Thomás: remoção, trituração, moagem e
acondicionamento.
Trabalho de retirada, raspagem a seco e queima de pinturas.
Trabalhos na extração de sal (salinas).
Fabricação e manuseio de álcalis cáusticos.
Insalubridade de grau mínimo
Fabricação e transporte de cal e cimento nas fases de grande exposição a poeiras.
Trabalhos de carregamento, descarregamento ou remoção de enxofre ou sulfitos em
geral, em sacos ou granel.
Page 129
Nas “operações diversas”, o anexo 13 da NR-15 listou processos e operações com
diversas substâncias, classificando-as como insalubres de grau máximo, médio e
mínimo.
Algumas considerações importantes merecem ser feitas nesse item. Para facilitar a
nossa explanação, dividiremos a insalubridade pelos respectivos graus:
A — Grau máximo
Com relação ao cádmio, a ACGIH estabelece limite de tolerância para essa
substância, classificando-a inclusive como suspeita de ser carcinogênica. Do mesmo
modo, algumas das substâncias aí listadas, tais como epicloridina, dentre outras
também possuem limites fixados na ACGIH. Desse modo, a nosso ver, não só essa
substância, mas todas aquelas que já possuam limites de tolerância internacional
deveriam ser retiradas desse anexo e ser inseridas no anexo 11 ou 12. Algumas das
substâncias contidas nesse anexo, tais como berílio, embora possuam limites de
tolerância fixados na ACGIH, são confirmadamente cancerígenas e, portanto,
deveriam participar da listagem daquelas substâncias cancerígenas desse anexo,
quando nenhum contato é permitido. Assim, mais uma vez fica demonstrada a
necessidade de se realizar uma avaliação criteriosa da operação, do tipo de
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substância, verificando inclusive o efeito no organismo, do tempo e da forma de


exposição, para a caracterização de possível insalubridade.
B — Grau médio
O alumínio possui diversos limites de tolerância estabelecidos na ACGIH,
dependendo da forma em que se encontra. Do mesmo modo, os ácidos nítrico,
sulfúrico, bromídrico, fosfórico e pícrico também possuem limites fixados na ACGIH.
Desse modo, em nosso entendimento, essas substâncias deveriam ser retiradas
desse anexo e inseridas no anexo 11 da NR-15. Do mesmo modo que as outras
substâncias e operações, a insalubridade só poderá ser caracterizada após análise
criteriosa do tempo de exposição, das medidas de controle existentes tanto
individual quanto coletivas, da forma de contato, além de se verificar se a substância
é utilizada sob a forma concentrada ou diluída, entre outros, haja vista que,
normalmente em avaliação desses ácidos, sob forma concentrada, sob capela, em
perfeito funcionamento, a concentração dessas substâncias em suspensão é de zero
ppm. Outro comentário importante é que o anexo 13 menciona expressamente a
“fabricação e manipulação” dos referidos ácidos. Sendo assim, pela interpretação
literal da norma, a conjunção “e” indica que a insalubridade poderá ocorrer somente
com a manipulação no processo de fabricação.
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Com relação à emetina (substância utilizada como medicamento) e à operação com
o timbó (uma planta que produz efeitos narcóticos nos peixes, sendo utilizada em
atividade de pesca), essas não são atividades usualmente encontradas em perícias
trabalhistas, por envolver pequeno número de trabalhadores a que elas se dedicam.
Quanto às atividades envolvendo escória de Thomas, utilizada como fertilizante
fosfatado por possuir teores de 12,5 a 22 % de P2 O5, já não ocorrem comumente no
Brasil. Desse modo, a presença dessas atividades como insalubres no anexo 13
demonstra o quão desatualizado está esse anexo.
Com relação à insalubridade por operações de galvanoplastia e metalização deve-se,
inicialmente, esclarecer alguns pontos. Os processos de revestimento metálicos são
divididos, basicamente, em: cladização, imersão a quente, metalização,
eletrodeposição (galvanoplastia) e deposição química. Os processos de
eletrodeposição ou galvanoplastia, de acordo com o Dicionário Rosseti de Química,
consiste na transferência de íons metálicos de uma dada superfície sólida ou meio
líquido denominado eletrólito, para outra superfície, seja ela metálica ou não. Este
processo usa a corrente elétrica, sendo chamado de “eletrólise”. O processo de
eletrodeposição pode utilizar diversos metais, como revestimento, tais como cromo,
níquel, zinco, dentre outros. O processo eletrolítico em que se utiliza o zinco como
metal de revestimentos é denominado zincagem ou galvanização eletrolítica e o
produto final também o conhecido como aço galvanizado. Já a imersão a quente
consiste na imersão do material metálico em um banho de metal fundido. É um
processo muito utilizado para revestimento do aço com estanho, cobre, alumínio e
zinco. No caso do estanho, tem-se a estanhagem, do alumínio, a aluminização, e do
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zinco, a galvanização ou zincagem a quente. Esse processo, quando se utiliza o zinco


como metal de revestimento, também se denomina galvanização a quente ou a fogo.
Assim, o anexo 13, NR-15, Portaria n. 3.214, quando considera como insalubres as
atividades de galvanoplastia pretende restringir a insalubridade apenas àquelas
operações de revestimento que ocorrem sob a eletrólise, não podendo neste item
serem enquadradas as atividades de galvanização (imersão a quente).
Com relação à operações de metalização à pistola geralmente envolvem projeção de
zinco ou liga de zinco — alumínio, sob a forma de fio e a sua projeção contra uma
superfície metálica utilizando pistola a gás. Desse modo, os metais normalmente
envolvidos nessa operação (zinco e alumínio) possuem limites de tolerância
estabelecidos na ACGIH, além de, no caso dessa operação, o agente mais agressivo
ser o alto nível de ruído gerado, devendo ser, portanto, prioritariamente avaliado e
comparado com o respectivo limite estabelecido no anexo 1, NR-15.
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As operações de telegrafia e radiotelegrafia, que não envolvem agentes químicos,
estão também listadas no anexo 13, uma vez que originalmente estavam contidas na
Portaria n. 491, cujos quadros anexos tratavam de todos os agentes físicos, químicos
e biológicos. Aliás, segundo o MTE, “a legislação se refere à recepção de sinais em
fone de maneira genérica, sendo estes de alta frequência e comuns nos
equipamentos antigos de comunicação. O caso específico de telefonista, que muitos
intérpretes enquadram nesse anexo, não envolve, normalmente, recepção dos sinais
transmitidos nos sistemas de telegrafia e radiotelegrafia. Portanto, numa avaliação
para avaliar a insalubri-dade no caso de telefonista, a nosso ver, é necessária a
avaliação do nível de ruído a que está sujeito o empregado para, em seguida,
compará-lo com o limite de tolerância estabelecido no anexo 1 da NR-15.
Dentro ainda desse item, atenção especial deve ser dada ao enquadramento de
atividades, realizado de maneira totalmente equivocada por alguns peritos na
“fabricação e manuseio de álcalis cáusticos”.
É importante inicialmente estabelecer conceitos de modo a evitar que o
enquadramento da insalubridade no item álcalis cáusticos seja feito de maneira
indiscriminada.
Álcalis ou bases são consideradas substâncias capazes de neutralizar ácidos ou
elevar o pH de misturas entre 7 e 14. Força alcalina é a capacidade da substância de
liberar íons hidroxila (-OH), isto é, um álcali é considerado forte se libera altas
concentrações de hidroxila.
Existem outras substâncias que não liberam diretamente hidroxila, mas que
possuem importante força alcalina, tais como carbonato de sódio ou soda barrilha
(Na2CO3), óxido de cálcio ou cal (CaO), entre outros.
O termo “cáustico” é utilizado para classificar as substâncias que têm ação agressiva
(cáustica) quando em contato com a pele. Segundo J. M. Lachepelle, em seu livro
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Dermatologia Profissionnelle, os agentes cáusticos são aqueles capazes de provocar


queimaduras químicas. Os álcalis produzem dissolução de proteínas, destruição do
colágeno, saponificação de gorduras e emulsificação das membranas celulares
(necrose de liquefação), quando o pH da substância é igual ou superior a 12
(BERNAL, 2003. p. 145).
Desse modo, álcalis cáusticos são as substâncias alcalinas corrosivas à pele ou a
quaisquer tecidos vivos. Os álcalis cáusticos ou álcalis fortes possuem ação sobre o
homem semelhante à provocada pelo hidróxido de sódio (NaOH), tais como
hidróxido de potássio (KOH), óxido de cálcio, carbonato de sódio etc.
Assim, somente o fato de o pH de uma substância ser superior a 7 não é condição
suficiente para se enquadrar a insalubridade nesse item, vez que
Page 132
o pH é também função da concentração da substância na solução. Desse modo,
mesmo um álcali forte em uma solução muito diluída pode ter um pH de apenas 8,
não possuindo, assim, efeito cáustico no organismo e, portanto, não gerando
insalubridade por esse agente.
Deve-se salientar, no entanto, que, na prática, verifica-se a tendência de alguns
peritos enquadrarem o manuseio de cimento e cal nesse item. Segundo Dr. Daphnis
Ferreira Souto, Médico do Trabalho, o cimento é capaz de causar desidratação da
pele dado o caráter hidrofílico de seus compostos alcalino-terrosos. A ação do
cimento é resultante da alcalinidade de silicatos, aluminatos e sílico-aluminatos que
o constitui. Essa alcalinidade, que não chega a ser agressiva, é que propicia
sinergicamente as condições para instalação de um processo de sensibilidade, ou
seja, uma condição alérgica. É bom frisar que essa alcalinidade não é devida aos
álcalis cáusticos, propiciadores de insalubridade e representado pelos hidróxidos de
cálcio e potássio que não estão presentes no cimento39. Além disso, a norma não
previu como insalubre o contato com essas substâncias, tratando esses agentes em
item específico como insalubres de grau mínimo quando presentes na forma de
poeira. Nesse sentido, a jurisprudência do TRT 3ª Região40.
Do mesmo modo que previsto para alguns ácidos, o anexo 13 menciona
expressamente a “fabricação e manipulação” de álcalis cáusticos. Sendo assim, pela
interpretação literal da norma, a conjunção “e” indica que a insalubridade poderá
ocorrer somente com a manipulação no processo de fabricação.
C — Grau mínimo
Nesse item, o anexo 13 estabelece insalubridade qualitativa para “Fabricação e
transporte de cal e cimento nas fases de grande exposição a poeiras”.
Page 133
Na exposição a esse tipo de poeira, deverá ser analisada a possível presença de sílica
livre e posteriormente uma comparação da concentração com o respectivo limite de
tolerância. Caso este seja ultrapassado, a insalubridade será de grau máximo.
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Finalmente, por um lado o anexo 13 favorece o perito ao enquadrar a insalubridade


sem gastos com material importado, análises químicas, entre outros, não
demandando adiantamento de honorários periciais, uma vez que a insalubridade é
caracterizada de maneira qualitativa; por outro lado, pelo mesmo motivo, permite
ao perito a interpretação subjetiva dos itens listados no anexo 13. Na maioria das
vezes, o perito se limita apenas à interpretação gramatical, sem levar em
consideração outros aspectos técnicos e fáticos (tempo e forma de contato, medidas
de controle existentes, possibilidade de contaminação etc.) de fundamental
importância para a possível caracterização da insalubridade nas atividades e
operações mencionadas no referido anexo.
Convém ressaltar que a perícia depende de conhecimento técnico ou científico
exatamente para analisar todos os aspectos relacionados à exposição ao agente
insalubre do ponto de vista da higiene do trabalho, não podendo, portanto, o perito
prender-se somente à análise da norma, pois, se isso fosse o correto, não haveria
necessidade de prova pericial.
Alguns agentes, tais como poeira de madeira, algodão e cianeto, não foram previstos
na NR-15 como agentes insalubres, sendo que essa omissão por parte do órgão
competente do MTE acarreta prejuízos aos direitos dos trabalhadores. Deve-se
salientar, ainda, que a não fixação de limites de tolerância para as substâncias
constantes nesse anexo não tem explicação técnica na determinação mais correta e
justa da exposição dos empregados a tais agentes.
Para o Benzeno, deve ser observado o disposto no Anexo 13-A*.
ANEXO 13-A BENZENO
1 — O presente Anexo tem como objetivo regulamentar ações, atribuições e
procedimentos de prevenção da exposição ocupacional ao benzeno, visando à
proteção da saúde do trabalhador, visto tratar-se de um produto comprovadamente
cancerígeno.
2 — O presente Anexo se aplica a todas as empresas que produzem, transportam,
armazenam, utilizam ou manipulam benzeno e suas misturas líquidas contendo 1%
(hum por cento) ou mais de volume e aquelas por elas contratadas, no que couber.
2.1 — O presente Anexo não se aplica às atividades de armazenamento, transporte,
distribuição, venda e uso de combustíveis derivados de petróleo.
3 — Fica proibida a utilização do benzeno, a partir de 1º de janeiro de 1997, para
qualquer emprego, exceto nas indústrias e laboratórios que:
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a. o produzem;
b. o utilizem em processos de síntese química;
c. o empreguem em combustíveis derivados de petróleo;
d. o empreguem em trabalhos de análise ou investigação realizados em
laboratório, quando não for possível sua substituição;
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e. o empreguem como azeótropo na produção de álcool anidro, até a data a ser


definida para a sua substituição.
3.1 — As empresas que utilizam o benzeno como azeótropo na produção de
álcool anidro deverão encaminhar à Secretaria de Segurança e Saúde do
Trabalho — SSST/ MTb proposta de substituição do benzeno até 31 de
dezembro de 1996.
3.2 — As empresas que utilizam benzeno em atividades que não as
identificadas nas alíneas do item 3 e que apresentem inviabilidade deverão
comprová-la quando da elaboração do Programa de Prevenção da Exposição
Ocupacional ao Benzeno — PPEOB.
3.3 — (Revogado pela Portaria n. 291 de 08 de dezembro de 2011).
c) levantamento de todas as situações onde possam ocorrer concentrações
elevadas de benzeno, com dados qualitativos que contribuam para a avaliação
ocupacional dos trabalhadores;
f. procedimentos para proteção coletiva e individual dos trabalhadores, do risco
de exposição ao benzeno nas situações críticas verificadas no item anterior,
através de medidas tais como: organização do trabalho, sinalização apropriada,
isolamento de área, treinamento específico, ventilação apropriada, proteção
respiratória adequada e proteção para evitar contato com a pele.
4 — As empresas que produzem, transportam, armazenam, utilizam ou
manipulam benzeno e suas misturas líquidas contendo 1% (hum por cento) ou
mais de volume deverão, no prazo máximo de 90 (noventa) dias da data de
publicação desta Portaria, ter seus estabelecimentos cadastrados junto à
Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho — SSST do Ministério do
Trabalho.
4.1 — O cadastramento da empresa junto à Secretaria de Segurança e Saúde do
Trabalho, do Ministério do Trabalho, conforme estabelecido pelo art. 4º da
presente Portaria, será concedido mediante as seguintes informações:
g. identificação da Empresa (nome, endereço, CGC, ramo de atividade e
Classificação Nacional de Atividades Econômicas — CNAE);
h. número de trabalhadores por estabelecimento;
i. nome das empresas fornecedoras de benzeno, quando for o caso;
j. utilização a que se destina o benzeno;
k. quantidade média de processamento mensal.
4.1.2 — Para o cadastramento de empresas e instituições que utilizam benzeno
apenas em seus laboratórios, processos de análise ou pesquisa, quando não for
possível a sua substituição, a solicitação deve ser acompanhada de declaração
assinada pelos responsáveis legal e técnico da empresa ou instituição, com
justificativa sobre a inviabilidade da substituição (Redação dada pela Portaria n.
291 de 08 de dezembro de 2011).
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4.1.2.1 — O PPEOB do laboratório de empresas ou instituições enquadradas no
subitem 4.1.2 deve ser mantido à disposição da fiscalização no local de
trabalho, não sendo necessário o seu encaminhamento para o Departamento de
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Segurança e Saúde no Trabalho — DSST (Redação dada pela Portaria n. 291 de


08 de dezembro de 2011).
4.2 — A comprovação de cadastramento deverá ser apresentada quando da
aquisição do benzeno junto ao fornecedor.
4.3 — As fornecedoras de benzeno só poderão comercializar o produto para
empresas cadastradas.
4.4 — As empresas constantes deverão manter, por 10 (dez) anos, uma relação
atualizada das empresas por elas contratadas que atuem nas áreas incluídas na
caracterização prevista no PPEOB, contendo:
— identificação da contratada;
— período de contratação;
— atividade desenvolvida;
— número de trabalhadores.
4.5 — A SSST/MTb poderá suspender, temporária ou definitivamente, o
cadastro da empresa, sempre que houver comprovação de irregularidade
grave.
4.6 — Os projetos de novas instalações em que se aplicam o presente Anexo
devem ser submetidos à aprovação da SSST/MTb.
5 — As empresas que produzem, transportam, armazenam, utilizam ou
manipulam benzeno e suas misturas líquidas contendo 1% (hum por cento) ou
mais de volume deverão apresentar à SSST/MTb, no prazo máximo de 180
(cento e oitenta) dias, após a publicação desta Portaria, o PPEOB.
5.1 — Ficam excluídas desta obrigatoriedade as empresas produtoras de álcool
anidro e aquelas proibidas de utilizar o benzeno.
5.2 — O PPEOB elaborado pela empresa deve representar o mais elevado grau
de compromisso de sua diretoria com os princípios e diretrizes da prevenção
da exposição dos trabalhadores ao benzeno, devendo:
l. ser formalizado através de ato administrativo oficial do ocupante do cargo
gerencial mais elevado;
m. ter indicação de um Responsável pelo Programa que responderá pelo mesmo
junto aos Órgãos Públicos, às representações dos trabalhadores específicas
para o benzeno e ao Sindicato profissional da categoria.
5.3 — No PPEOB deverão estar relacionados os empregados responsáveis pela
sua execução, com suas respectivas atribuições e competências.
5.4 — O conteúdo do PPEOB deve ser aquele estabelecido pela Norma
Regulamenta-dora n. 9 — PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS
AMBIENTAIS, com a redação dada pela Portaria n. 25, de 29 de dezembro de
1994, acrescido de:
— caracterização das instalações contendo benzeno ou misturas que o
contenham em concentração maior do que 1% (um por cento) em volume;
— avaliação das concentrações de benzeno para verificação da exposição
ocupacional e vigilância do ambiente de trabalho segundo a Instrução
Normativa — IN n. 001;
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— ações de vigilância à saúde dos trabalhadores próprios e de terceiros,


segundo a Instrução Normativa — IN n. 002;
— descrição do cumprimento das determinações da Portaria e acordos
coletivos referentes ao benzeno;
— procedimentos para o arquivamento dos resultados de avaliações
ambientais previstas na Instrução Normativa n. 001 por 40 (quarenta) anos;
— adequação da proteção respiratória ao disposto na Instrução Normativa n.
001, de 11 de abril de 1994;
— definição dos procedimentos operacionais de manutenção, atividades de
apoio e medidas de organização do trabalho necessárias para a prevenção da
exposição ocupacional ao benzeno. Nos procedimentos de manutenção deverão
ser descritos os de caráter emergencial, rotineiros e preditivos, objetivando
minimizar possíveis vazamentos ou emissões fugitivas;
— levantamento de todas as situações onde possam ocorrer concentrações
elevadas de benzeno, com dados qualitativos e quantitativos que contribuam
para a avaliação ocupacional dos trabalhadores;
— procedimentos para proteção coletiva e individual dos trabalhadores, do
risco de exposição ao benzeno nas situações críticas verificadas no item
anterior, através de medidas tais como: organização do trabalho, sinalização
apropriada, isolamento de área, treinamento específico, ventilação apropriada,
proteção respiratória adequada e proteção para evitar contato com a pele;
— descrição dos procedimentos usuais nas operações de drenagem, lavagem,
purga de equipamentos, operação manual de válvulas, transferências, limpezas,
controle de vazamento, partidas e paradas de unidade que requeiram
procedimentos rigorosos de controle de emanação de vapores e prevenção de
contato direto do trabalhador com o benzeno;
— descrição dos procedimentos e recursos necessários para o controle da
situação de emergência, até o retorno à normalidade;
— cronograma detalhado das mudanças que deverão ser realizadas na empresa
para a prevenção da exposição ocupacional ao benzeno e a adequação ao Valor
de Referência Tecnológico;
— exigências contratuais pertinentes, que visem adequar as atividades de
empresas contratadas à observância do Programa contratante;
— procedimentos específicos de proteção para o trabalho do menor de 18
(dezoito) anos, mulheres grávidas ou em período de amamentação.
6 — Valor de Referência Tecnológico — VRT se refere à concentração de
benzeno no ar considerada exequível do ponto de vista técnico, definido em
processo de negociação tripartite. O VRT deve ser considerado como referência
para os programas de melhoria contínua das condições dos ambientes de
trabalho. O cumprimento do VRT é obrigatório e não exclui risco à saúde.
6.1 — O princípio da melhoria contínua parte do reconhecimento de que o
benzeno é uma substância comprovadamente carcinogênica, para a qual não
existe limite seguro de exposição. Todos os esforços devem ser despendidos
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continuamente no sentido de buscar a tecnologia mais adequada para evitar a


exposição do trabalhador ao benzeno.
Page 137
6.2 — Para fins de aplicação deste Anexo é definida uma categoria de VRT. VRT-
MPT que corresponde à concentração média de benzeno no ar ponderada pelo
tempo, para uma jornada de trabalho de 8 (oito) horas, obtida na zona de
respiração dos trabalhadores, individualmente ou de Grupos Homogêneos de
Exposição — GHE, conforme definido na Instrução Normativa n. 001.
6.2.1 — Os valores Limites de Concentração (LC) a serem utilizados na
Instrução Normativa n. 001, para o cálculo do Índice de Julgamento “I”, são os
VRT-MPT estabelecidos a seguir.
7 — Os valores estabelecidos para os VRT-MPT são:
— 1,0 (um) ppm para as empresas abrangidas por este Anexo (com exceção das
empresas siderúrgicas, as produtoras de álcool anidro e aquelas que deverão
substituir o benzeno a partir de 01.01.97).
— 2,5 (dois e meio) ppm para as empresas siderúrgicas.
7.1 — O Fator de Conversão da concentração de benzeno de ppm para mg/m3
é: 1ppm = 3,19 mg/m3 nas condições de 25oC, 101 kPa ou 1 atm.
7.2 — Os prazos de adequação das empresas aos referidos VRT-MPT serão
acordados entre as representações de trabalhadores, empregadores e de
governo.
7.3 — Situações consideradas de maior risco ou atípicas devem ser
obrigatoriamente avaliadas segundo critérios de julgamento profissional que
devem estar especificados no relatório da avaliação.
7.4 — As Avaliações Ambientais deverão seguir o disposto na Instrução
Normativa n. 001 — “Avaliação das Concentrações de Benzeno em Ambientes
de Trabalho”.
8 — Entende-se como Vigilância da Saúde o conjunto de ações e procedimentos
que visam à detecção, o mais precocemente possível, de efeitos nocivos
induzidos pelo benzeno à saúde dos trabalhadores.
8.1 — Estas ações e procedimentos deverão seguir o disposto na Instrução
Normativa
n. 002 sobre “Vigilância da Saúde dos Trabalhadores na Prevenção da
Exposição Ocupacional ao Benzeno”.
9 — As empresas abrangidas pelo presente Anexo, e aquelas por elas
contratadas, quando couber, deverão garantir a constituição de representação
específica dos trabalhadores para o benzeno objetivando acompanhar a
elaboração, implantação e desenvolvimento do PPEOB.
9.1 — A organização, constituição, atribuições e treinamento desta
representação serão acordadas entre as representações dos trabalhadores e
empregadores.
10 — Os trabalhadores das empresas abrangidas pelo presente Anexo, e
aquelas por elas contratadas, com risco de exposição ao benzeno, deverão
participar de treinamento sobre os cuidados e as medidas de prevenção.
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11 — As áreas, recipientes, equipamentos e pontos com risco de exposição ao


benzeno, deverão ser sinalizadas com os dizeres — “PERIGO: PRESENÇA DE
BENZENO
— RISCO À SAÚDE” e o acesso a estas áreas deverá ser restringido a pessoas
auto-rizadas.
12 — A informação sobre os riscos do benzeno à saúde deve ser permanente,
colocando-se à disposição dos trabalhadores uma “Ficha de Informações de
Segurança sobre Benzeno”, sempre atualizada.
Page 138
13 — Será de responsabilidade dos fornecedores de benzeno, assim como dos
fabricantes e fornecedores de produtos contendo benzeno, a rotulagem
adequada, destacando a ação cancerígena do produto, de maneira facilmente
compreensível pelos trabalhadores e usuários, incluindo obrigatoriamente
instrução de uso, riscos à saúde e doenças relacionadas, medidas de controle
adequadas, em cores contrastantes, de forma legível e visível.
14 — Quando da ocorrência de situações de Emergência, situação anormal que
pode resultar em uma imprevista liberação de benzeno que possa exceder o
VRT-MPT, devem ser adotados os seguintes procedimentos:
n. após a ocorrência de emergência, deve-se assegurar que a área envolvida tenha
retornado à condição anterior através de monitorizações sistemáticas. O tipo de
monitorização deverá ser avaliado dependendo da situação envolvida;
o. caso haja dúvidas das condições das áreas deve-se realizar uma bateria
padronizada de avaliação ambiental nos locais e dos grupos homogêneos de
exposição envolvidos nestas áreas;
p. o registro da emergência deve ser feito segundo o roteiro que se segue:
descrição da emergência — descrever as condições em que a emergência
ocorreu indicando:
— atividade;
— local, data e hora da emergência;
— causas da emergência;
— planejamento feito para o retorno à situação normal;
— medidas para evitar reincidências;
— providências tomadas a respeito dos trabalhadores expostos.
15 — Os dispositivos estabelecidos nos itens anteriores, decorrido o prazo para
sua aplicação, são de autuação imediata, dispensando prévia notificação,
enquadrando-se na categoria “I-4”, prevista na NR-28.
Com relação ao benzeno, embora constante no anexo 13, possui limites de
tolerância de 1,0 (um) ppm para as empresas abrangidas por esse anexo (com
exceção das empresas siderúrgicas, as produtoras de álcool anidro e aquelas
que deverão substituir o benzeno a partir de 1º.1.1997) e de 2,5 (dois e meio)
ppm para as empresas siderúrgicas. O procedimento de estratégia de avaliação,
incluindo tratamento estatístico dos dados, está descrito na IN. 1, 20.12.1995,
MTE. Desse modo, a verificação de possível insalubridade por esse agente
deverá ser observada a referida instrução.
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12.2. Eliminação/neutralização
Da mesma forma que os anexos 11 e 12, a insalubridade por exposição aos agentes
citados no anexo 13 poderá ser eliminada com medidas aplicadas no ambiente —
como ventilação exaustora e diluidora — ou neutralizada com o uso de EPI capaz de
diminuir a intensidade do agente a níveis abaixo dos limites, nesse caso,
internacionais.
Page 139
Em alguns casos, a insalubridade é proveniente do contato com o agente. Assim, a
neutralização ocorrerá com o uso de luvas adequadas, aventais e cremes de
proteção, sendo que o último passou a ser considerado EPI pela Portaria n. 3, de
20.2.1992.
Cabe ressaltar que o subitem 15.4.1 da NR-15 dispõe:
A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:
a. com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância;
b. com a utilização de equipamento de proteção individual.
Portanto, a norma admite a neutralização da insalubridade mesmo na hipótese em
que não há limite de tolerância fixado. No mesmo sentido, a Súmula n. 80 do TST
pacificou o entendimento de que o fornecimento de aparelhos de proteção
aprovados pelo poder executivo exclui a percepção do adicional respectivo. No
entanto, essa regra não se aplica no caso das substâncias cancerígenas mencionadas
nesse anexo.

13. Agentes biológicos

13.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 14 — NR-


15
Relação das atividades que envolvem agentes biológicos, cuja insalubridade é
caracterizada pela avaliação qualitativa.
Insalubridade de grau máximo
Trabalhos ou operações em contato permanente com:
— pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de
seu uso, não previamente esterilizados.
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— carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pelos e dejeções de animais


portadores de doenças infectocontagiosas (carbunculose, brucelose, tuberculose);
— esgotos (galerias e tanques); e
— lixo urbano (coleta e industrialização).
Insalubridade de grau médio
Trabalhos e operações em contato permanente com pacientes, animais ou com
material infectocontagiante, em:
— hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de
vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana
(aplica-se unicamente ao pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos
que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados);
Page 140
— hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos
destinados ao atendimento e tratamento de animais (aplica-se apenas ao pessoal
que tenha contato com tais animais);
— contato em laboratórios, com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e
outros produtos;
— laboratórios de análise clínica e histopatologia (aplica-se tão só ao pessoal
técnico);
— gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente
ao pessoal técnico);
— cemitérios (exumação de corpos);
— estábulos e cavalariças; e
— resíduos de animais deteriorados.
A Portaria n. 12, de 12.11.1979, acrescentou a esse anexo o conceito de contato
permanente conforme redação que se segue:
Contato permanente com pacientes, animais ou material infectocontagiante é o
trabalho resultante da prestação de serviço contínuo, decorrente de exigência
firmada no próprio contrato de trabalho, com exposição permanente aos agentes
insalubres.

13.2. Caracterização de insalubridade


A Portaria n. 3.214, em seu anexo 14, relacionou as atividades e opera-ções que
envolvem o contato permanente com agentes biológicos, divididas em dois grupos e
caracterizadas como insalubres de graus máximo e médio.
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No grupo de insalubridade de grau máximo está o contato permanente com


pacientes portadores de doenças infectocontagiosas e em isolamento; condição,
portanto, imprescindível para que se gere o adicional de insalubri-dade.
A análise da insalubridade por agentes biológicos é feita de maneira qualitativa, isto
é, não há limites de tolerância fixados, o que torna a análise mais difícil e complexa.
Assim, a norma estabeleceu três condições para o enquadramento da atividade
como insalubre de grau máximo: contato permanente, pacientes portadores de
doenças infectocontagiosas e em isolamento:
— Contato permanente está definido no parágrafo único do anexo 14;
— Doenças infectocontagiosas, de forma bastante simplificada, são doenças
causadas por diferentes agentes (bactérias e vírus, na sua maioria) que podem ser
transmitidas diretamente de um ser humano doente para outro.
Page 141
— Isolamento é uma técnica utilizada para prevenir a transmissão de micro-
organismos a partir de pacientes infectados para outros pacientes, profissionais de
saúde e visitantes.41
As categorias de isolamento podem ser agrupadas em três categorias baseadas na
maneira de transmissão: de contato, respiratórias por gotícula, aerossóis.
Há ainda o isolamento reverso (de proteção), neste caso, a finalidade do isolamento
é evitar a possibilidade de contágio do paciente imunodeprimido com outros micro-
organismos. Nesse caso, o paciente é que deve ser protegido de possível contato
com outras doenças.
Desse modo, o anexo 14 não definiu explicitamente qual tipo de isolamento deverá
estar submetido o paciente, para que seja caracterizada a insalubridade de grau
máximo.
A orientação normativa da secretaria de gestão pública do ministério do
planejamento, orçamento e gestão — SEGEP n. 6 de 18.03.2013, que estabelece
critérios de concessão de adicionais de insalubridade e periculosidade para
servidores públicos da união, em seu quadro anexo define que a concessão do
adicional de insalubridade ocorrerá somente com o contato com pacientes em
isolamento por bloqueio. Segundo essa norma, o isolamento por bloqueio é aquele
em que há o afastamento do paciente do convívio coletivo com vistas a impedir a
transmissão de agentes infecciosos a indivíduos suscetíveis. Neste isolamento, além
das precauções universais, são compulsoriamente adotadas barreiras físicas
secundárias.
Portanto, com base ao exposto, a nosso ver, o isolamento, para fins de caracterização
de insalubridade, deve ser entendido como o definido anterior-mente.
Assim, é importante que o perito analise, durante a diligência, os seguintes itens: se
o local de trabalho do reclamante se localiza em hospital de referência em
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tratamento de doenças infectocontagiosas ou hospitais gerais, se existem alas e ou


quartos específicos para tratamento de portadores de doenças infectocontagiosas,
qual o protocolo existente no hospital no caso de atendimento a portadores dessas
doenças, qual o percentual de doenças infectocontagiosas atendidas no hospital, que
tipo de isolamento deverá ser adotado para essas doenças, se existe equipe
específica para atendimento dessas doenças, deverão também ser consultadas as
notificações compulsórias à Vigilância Sanitária, lembrando que nem todas as
doenças comunicadas são infectocontagiosas e nem exige isolamento total. A NR-32
que trata da Saúde dos porfissionais da área de saúde também deverá ser
consultada.
No mesmo grupo de insalubridade de grau máximo, está o contato permanente com
animais que também devem ser portadores de doenças, nas
Page 142
normas reduzidas à carbunculose, à tuberculose e à brucelose, embora os animais
possam apresentar outras doenças contagiosas até mais perigosas.
Ainda no grupo de insalubridade de grau máximo, insere-se o contato com esgoto
(em galerias e tanques) e o lixo urbano (coleta e urbanização), a respeito do que é
necessário comentar:
— O pré-requisito para o enquadramento é o contato com o lixo. Segundo Aurélio
Buarque de Holanda, contato é o sentido de tato. Assim, o empregado que trabalha
próximo ao depósito de lixo não terá sua ativi-dade enquadrada como insalubre se
não tiver contato direto com o lixo.
— Outro aspecto importante a ser considerado é que a norma restringe o contato ao
lixo urbano. Embora exista entendimento que equipare lixo urbano a lixo de
escritório, a nosso ver, eles são bem diferentes. O lixo urbano é coletado em diversos
locais de uma cidade, num volume bastante intenso e de materiais de todo tipo,
enquanto o lixo de escritório é proveniente de um só local e de volume pequeno,
geralmente com pouca variedade de materiais, ou seja, grande parte é papel. Nesse
sentido, o TST, por meio da Orientação Jurisprudencial 170, exclui o direito a
insalubridade a limpeza em residências e escritórios e a respectiva coleta de lixo42.
A Súmula 448/TST adotou o mesmo entendimento, todavia, considera que
higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande
circulação, e a respectiva coleta de lixo é considera insalubre por não se equiparar a
residência e escritório43.
A Súmula 448 é confusa e pode levar a interpretação subjetiva da norma técnica na
caracterização da insalubridade, tendo em vista os seguintes fundamentos:
Page 143
O anexo 14 da NR-15 dispõe:
Insalubridade de grau máximo Trabalho ou operações, em contato permanente com:
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— esgotos (galerias e tanques); e


— lixo urbano (coleta e industrialização).
No mesmo sentido, o Decreto 3.048/99 determina que a aposentadoria especial por
agentes biológicos é devida nas seguintes situações:
— trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto; esvaziamento de biodigestores;
coleta e industrialização do lixo.
Examinando os dispositivos normativos, verifica-se que sua finalidade foi conceder
o adicional para os serviços em contato com lixo urbano (coleta e industrialização) e
esgoto (galerias e tanques). Sendo assim, na interpretação da norma, é importante
definir esses parâmetros.
A Lei n. 11.445/07, estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, em
seu art. 3º, inciso I, dispõe:
I — saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações
operacionais de:
a. .......................................................................................................................................
b. esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e
instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final
adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu
lançamento final no meio ambiente;
c. limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades,
infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e
limpeza de logradouros e vias públicas;
O art. 1º da Resolução Conama n. 5/93 estabelece, de acordo, com a NBR n. 10.004,
da Associação Brasileira de Normas Técnicas — ABNT, os resíduos nos estados
sólidos e semissólidos, são aqueles que resultam de atividades da comunidade de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. A industrialização do lixo é realizada em usinas, que têm como
característica básica a transformação e ou beneficiamento de resíduos (lixo/sucata)
coletados e comercializados (por terceiros), tais como: papel, alumínio, plástico,
vidro, madeira entre outros.
O esgoto sanitário é a denominação genérica para despejos líquidos residenciais,
comerciais, águas de infiltração na rede coletora, os quais podem conter parcela de
efluentes industriais e efluentes não domésticos (Resolução 430 do CONAMA, de 13
de maio de 2011).
Vale ressaltar, ainda, que, segundo Aurélio Buarque de Holanda, esgoto é Sistema
subterrâneo de canalização destinado a receber as águas pluviais e os detritos de
um aglomerado populacional e levá-los para lugar afastado.
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Portanto, a coleta do lixo urbano ou resíduo é realizada em diversos locais de uma


cidade, num volume elevado. O contato direto com lixo urbano em grande volume
constituído de diversos tipos de resíduos contaminados em vários locais de
determinada cidade, bem como o trabalho em redes de esgoto e águas pluviais com
detritos provenientes de residências, indústrias, entre outros, expõe os
trabalhadores a agentes biológicos. Por esse motivo, o anexo 14 da NR-15 considera
o trabalho com esgotos e lixo urbano como insalubre. Todavia, equiparar a
higienização de sanitários e coleta de lixo em locais de uso coletivo e grande
circulação ao contato com esgoto e lixo urbano, como ocorre com trabalhadores de
limpeza urbana e saneamento básico, não é a melhor interpretação técnica da
norma. Além disso, a redação da súmula pode trazer interpretações muito
controvertidas, tendo em vista que um banheiro utilizado por mais de uma pessoa já
é considerado coletivo, além de que não foi definido o que se entende por “grande
circulação”. Todavia, em cada caso concreto, o perito deve realizar análise
detalhada, com objetivo de verificar se a exposição aos agentes biológicos nos locais
de uso coletivo e de grande circulação, pode ser equiparada a tanques e galerias de
esgoto, bem como coleta e industrialização de lixo urbano.
Com relação a outras atividades não descritas na norma, não cabe ao perito inovar
ou extrapolar as hipóteses expressamente mencionadas, vez que a Súmula n. 460 do
STF e a Orientação Jurisprudencial n. 4 de TST exigem o enquadramento nas normas
do MTE.
No grupo de insalubridade de grau médio, a norma inscreve o contato com
pacientes, animais ou material infectocontagiante, sem condicionar a insalubridade
a pacientes portadores de doenças infectocontagiosas. Assim sendo, quem procura
um médico ou dentista, por exemplo, é um paciente que pode ou não ser portador
de doença infectocontagiosa.
Quanto às atividades e à operações relacionadas nesse grupo, devem-se observar as
exceções que a norma estabelece, tais como: nos trabalhos em laboratórios de
análise clínica e gabinetes de autópsias, o enquadramento é somente para o pessoal
técnico. Deve-se salientar, no entanto, que tais limitações, muitas vezes, não têm
razão de ser, pois, dependendo da natureza da atividade do empregado, mesmo não
sendo técnico, pode ficar exposto ao mesmo risco. Desse modo, esses casos devem
ser analisados cuidadosamente durante a diligência pericial.
No grupo de insalubridade de grau médio, a norma estabelece o contato permanente
com pacientes, animais ou material infectocontagiante em hospitais, ambulatórios,
enfermarias, entre outros, sem condicionar o requisito de o paciente se encontrar
em isolamento devido à doença infectocontagiosa. Contudo, essa norma restringe o
adicional de insalubridade somente ao
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pessoal que tem contato com pacientes ou com objetos de uso deles. Assim, da
mesma forma como vimos anteriormente, no caso do lixo, a norma exige o contato
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direto com o paciente, ou seja, a exposição apenas no ambiente (contato indireto),


por exemplo, em hospitais e ambulatórios, não configura a insalubridade. Nesse
sentido, a decisão proferida no acórdão do TRT 3ª região44. Outra situação é o local
onde ocorre o contato com os pacientes. O anexo 14 menciona expressamente
hospitais, enfermarias, ambulatórios e outros estabelecimentos destinados aos
cuidados da saúde humana. Assim, por exemplo, em relação ao balconista de
farmácia45 e o agente comunitário de saúde46, há decisões negando o
enquadramento da atividade como insalubre devido ao local e à exposição eventual
ao agente. Cabe destacar que, de acordo com a Portaria n. 12, de 12.11.1979, o
contato permanente com
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pacientes, animais ou material infectocontagiante é a prestação de serviço contínuo,
decorrente do próprio contrato de trabalho, com exposição permanente aos agentes
insalubres. O contato intermitente equivale ao permanente para efeitos de
caracterização da insalubridade, conforme entendimento da Súmula n. 47 do TST.
Outra hipótese que gera interpretação controvertida é o trabalho em cemitério,
onde a norma restringe a insalubridade somente à atividade de exumação de corpos.
Todavia, por analogia, o juiz pode equiparar outras atividades com contato com
cadáver, em cemitério ou funerária, à exumação de corpos47.

13.3. Eliminação/neutralização
Conforme comentado anteriormente (Capítulo I), a insalubridade por agentes
biológicos é inerente à atividade, isto é, não há eliminação com medidas aplicadas ao
ambiente nem neutralização com o uso de EPIs. A adoção de sistema de ventilação e
o uso de luvas, máscara e outros equipamentos que evitem o contato com agentes
biológicos podem apenas minimizar o risco.
------------------------------
[18] Súmula n. 80/TST — a eliminação da insalubridade, pelo fornecimento de
aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do poder executivo, exclui a
percepção do adicional respectivo.
[19] FANTAZZINI, Mário Luiz. Revista Proteção n. 77, nov. 2002.
[20] Criteria for Recomended Standard Occupational Noise Exposure, 1998, NIOSH.
[21] GEORGES, Samir Nagi Yousri. Protetores auriculares/Samir N. Y. Gerges. 1. ed. p.
125 a 128. Florianópolis: S. N. Y. Gerges, 2003. 138p.
[22] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE — RUÍDO — FORNECIMENTO DE EPI —
PERÍODO DE VALIDADE DE EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA IMPOSTO PELO
LAUDO PERICIAL — Ao empregador cabe a obrigação de fornecer o EPI ao
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empregado, observando-se as normas específicas que regem a matéria. Ao perito


cabe o ônus de aferir as condições de trabalho, bem como o dever de registrar ou
não o fornecimento dos equipamentos de segurança. Ao Ministério do Trabalho
incumbe expedir Certificado de Aprovação (NR-06 da Portaria 3.214/78). Qualquer
avaliação subjetiva do expert no sentido de conferir período de validade ao
equipamento de segurança fornecido pelo empregador ultrapassa os limites de seu
mister, salvo efetiva comprovação técnica de sua assertiva, o que não ocorreu in
casu. Implementada a obrigação patronal com a comprovação da entrega dos
equipamentos de segurança e tendo o laudo pericial concluído pelo labor em
condições insalubres em razão de os “abafadores de ouvido” “tipo concha” terem
vida útil de apenas 03 meses e ainda pelo fato de o empregador não ter efetuado a
troca periódica, após esse lapso temporal, a condenação ao pagamento do adicional
de insalubridade, com suporte nesta afirmação pericial, não se mantém à míngua de
respaldo técnico-legal. (TRT — 00964-2004-011-03-00-7-RO — Relator Juiz João
Bosco Pinto Lara, TRT 3ª Região, de DJMG em 9.6.2005)
[23] 173. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. ATIVIDADE A CÉU ABERTO.
EXPOSIÇÃO AO SOL E AO CALOR. (redação alterada na sessão do Tribunal
Pleno realizada em
14.9.12) — Res. 186/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.9.12 I — Ausente
previsão legal, indevido o adicional de insalubridade ao trabalhador em atividade a
céu aberto, por sujeição à radiação solar (art. 195 da CLT e Anexo 7 da NR-15 da
Portaria
n. 3.214/78 do MTE). II — Tem direito ao adicional de insalubridade o trabalhador
que exerce atividade exposto ao calor acima dos limites de tolerância, inclusive em
ambiente externo com carga solar, nas condições previstas no Anexo 3 da NR-15 da
Portaria n. 3.214/78 do MTE.
[24] Orientação Jurisprudencial n. 153-SDI/TST— Adicional de insalubridade.
Deficiência de iluminação. Limitação.Somente após 26.2.91 foram, efetivamente,
retiradas do mundo jurídico as normas ensejadoras do direito ao adicional de
insalubridade por iluminamento deficiente no local de prestação de serviço, como
previsto na Portaria n. 3.751 do MTb.
[25] ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL173 SDI/TST — Adicional de insalubridade.
Raios solares. Indevido. Em face da ausência de previsão legal, indevido o adicional
de insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto (art. 195, CLT e NR-15
MTb, Anexo 7).
[26] 26 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. EXPOSIÇÃO EXCESSIVA À RADIAÇÃO
SOLAR. A OJ n. 173 da SDI I do C. TST expressa entendimento jurisprudencial de que
é indevido o adicional em razão de exposição aos raios solares, por ausência de
previsão legal. Todavia, em virtude de ser público e notório, mediante campanhas
publicitárias divulgadas pelo governo, o grave dano ocasionado à saúde do ser
humano pela exposição excessiva aos raios solares e intempéries climáticas,
gerando doenças que chegam a ser fatais, como o câncer de pele; sendo a vida com
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saúde um direito fundamental do cidadão, garantido constitucionalmente e, uma vez


comprovadamente submetido o trabalhador a tais riscos em face do desenrolar de
suas tarefas habituais, devido é o adicional de insalubridade na forma prevista em
lei. Processo 00103-2005-281-05-00-6 RO, AC n. 022430/2007, Relator
Desembargador Valtércio de Oliveira, 4ª TURMA, DJ 16.8.2007 — TRT — 5ª Região.
[27] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CARACTERIZAÇÃO. Se a NR — 15, anexo 9,
da Portaria n. 3.214 MTb, não define qual é temperatura a ser considerada baixa
para efeitos de pagamento de adicional de insalubridade, correto o juiz em se
socorrer, por analogia, do disposto art. 253, parágrafo único da Consolidação das
Leis do Trabalho, que assim dispõe: “Considera-se artificialmente frio, para os fins
do presente artigo, o que for inferior, na primeira, segunda e terceira zonas
climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, a 15o (quinze graus), na quarta
zona a 12o (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10o (dez graus)”. Caso
houvesse norma estipulando sobre qual grau caracteriza ser o ambiente
excessivamente frio, para efeitos de pagamento do adicional de insalubridade, o
juízo não necessitaria de se valer de dispositivo que trata de outro fato — Processo
00358.2004.003.23.00-8 — Publicação: 6.3.2006 — DJ/MT — Circulação: 7.3.2006
— Desembargador Osmair Couto — 23ª Região.
[28] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE CÂMARA FRIA. Não Fornecimento de EPIs. Se
comprovado que o autor ingressava em câmara fria, mesmo que de forma
intermitente, e não utilizava os EPIs necessários para a neutralização do agente frio,
o adicional de insalubridade é devido, em grau médio, nos termos do Anexo n. 09, da
NR-15 — 00313.2006.003.17.00.8 RO — Relator Juiz Gerson Fernando da Sylveira
Novais — TRT 17ª Região.
[29] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE “EXCESSO DE UMIDADE”. As condições de
trabalho insalubre devem ser comprovadas por meio de perícia, nos termos do art.
195 da CLT. Confirmado pelo laudo pericial que o reclamante, trabalhando com
lavagem de veículo, permanência em local encharcado (devido ao excesso de água
utilizado), extremamente úmido, ficando com os seus braços, troncos, pernas, pés e
roupas, completamente molhados, em condição sobremaneira prejudicial à sua
saúde e não utilizava EPI’s, é devido o adicional de insalubri-dade, conforme
previsão do Anexo 10 da NR-15 da Portaria n. 3.214/78 — 00632-2004-031-03-
00-7 RO — Data de Publicação: 7.12.2004 — DJMG — p. 14 — 7ª Turma —
Relator Milton Vasques Thibau de Almeida – TRT 3ª Região.
[30] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. UMIDADE. O anexo 10 da NR-15 da Portaria
n.
3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego prevê como insalubres as atividades
desenvolvidas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva. O
trabalho de faxina realizado nas empresas, consistente na limpeza de banheiros e
pisos, de modo algum se enquadra na hipótese legal, razão pela qual o recurso da
reclamada deve ser provido para afastar a insalubridade (TRT da 3ª Região;
Processo: RO-11388/03 — Data de Publicação:
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13.9.2003 — Órgão Julgador: Terceira Turma — Relator: Convocada Katia Fleury


Costa Carvalho — Revisor: Convocado Maurilio Brasil — Divulgação: DJMG — p. 4).
[31] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. EXPOSIÇÃO A GASES E VAPORES ACIMA
DOS LIMITES DE TOLERÂNCIA. INOCORRÊNCIA. Determina o art. 189 da CLT que
“serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos”. A exposição,
portanto, tem de ser efetiva, sem o que não há falar em insalubridade no local de
trabalho, a ser eliminada ou neutralizada. O risco, assim, é aquele que decorre da
existência efetiva do agente insalubre no local de labor, risco concreto, e não
abstrato e acima dos limites de tolerância fixados nas NRs, o que incorre na espécie
em que não havia na operação de desinfecção da cabine do caminhão dirigido pelo
Autor, exposição significativa deste, aos produtos químicos constituídos de
permanganato de potássio e formol. (Processo: 01433-2007-098-03-00-7 RO. (RO
— 8872/08. Relator: Fernando Antonio Viegas Peixoto. Sexta turma, TRT 3ª Região.
Data publicação:10.7.2008)
[32] EMENTA: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE — ANÁLISE QUANTITATIVA —
DESNECESSIDADE — Somente se exige a análise quantitativa dos gases e vapores de
substâncias químicas nocivas à saúde do empregado, quando a única forma de
absorção de tais substâncias ocorrer pelas vias respiratórias, como se infere do item
2, do Anexo 11 da NR-15. Apurado no laudo pericial que o tolueno, presente na
composição da cola utilizada pela autora, era também absorvida pelas vias cutâneas,
devido à fração volátil de tal agente, desnecessária a análise quantitativa dos
aludidos gases e vapores (Relatora: Maristela Iris S. Malheiros. RO — 14116/00,
Segunda Turma TRT 3ª Região. Publicação: 4.4.2001).
[33] NULIDADE DA PERÍCIA. AUSÊNCIA DE MEDIÇÕES. POEIRA MINERAL. O perito
não fez qualquer medição para se obter o nível de poeira, dizendo que não existem
poeira e níveis que justifiquem medições. Ora, como o perito chegou a esta
conclusão, sem fazer nenhum tipo de medição, sendo certo que um dos objetos da
perícia era exatamente verificar os níveis de poeira que justificassem o deferimento
do adicional de insalubridade requerido? Preliminar que se acolhe para anular a
perícia, apenas quanto à ausência de medição de poeira, deter-minando-se a baixa
dos autos para produção de nova prova técnica e novo julgamento quanto ao tema,
como entender de direito — Processo: 00282.2000.001.17.00.7 — Relator(a): JOSÉ
CARLOS RIZK — Data de Publicação: 21.1.08.
[34] Enciclopedia de salud y seguridad en el trabajo. La salud en la mineria y las
canteras,
p. 74.59 — OIT (Organização Internacional do Trabalho).
[35] Cimento. Tipificação legal. A legislação considera insalubre o contato com
cimento apenas na sua fabricação e transporte e, ainda assim, na fase de intensa
concentração de poeira. A tipificação não pode ser feita, dada a exaustividade legal e
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sua aplicação restritiva, por semelhanças, isonomia ou aproximação. Aqueles traços,


inexpressivos, de bicromatos, no produto, não transformam o contato nas obras em
fabricação e manipulação de cromo. Assim como seu teor alcalino não o transforma
em álcalis puro. Que o manuseio inadequado e sem boa higiene depois pode
provocar dermatose em pessoas hipersensíveis ao produto, como narra a literatura
médica, é fato óbvio. Qualquer substância irritante ao alérgico a ela causa reação
orgânica. O que tem a ver com a medicina do trabalho e não com adicional de
insalubridade (TRT, 5ª T., RO 3.116/94, rel. Juiz Paulo Araújo, MG de 6.8.94).
[36] OIT.
[37] Orientação jurisprudencial n. 171 do SDI/TST — Adicional de insalubridade.
Óleos mine-rais. Sentido do termo “manipulação”. Para efeito de concessão de
adicional de insalubridade não há distinção entre fabricação e manuseio de óleos
minerais — Portaria n. 3.214 do Minis-tério do Trabalho, NR-15, Anexo XIII.
[38] O auxiliar de dentista que não emprega e não utiliza agentes químicos, tendo
apenas contato — e ainda assim indireto, ante o uso de luvas — com compostos
inorgânicos de mercúrio, e não com compostos orgânicos, não tem suas atividades
enquadradas no Anexo 13 da NR-15, que diz respeito à “Fabricação e manipulação”.
Quanto à possibilidade de inspirar partículas de pó finíssimo de mercúrio
inorgânico, pela retirada de restaurações antigas com uso de brocas e/ou esmeril
(atividade feita pelo dentista, e não pelo auxiliar), para se alegar que está exposto
aos efeitos nocivos, deve ser apurado o limite de tolerância, diante do quadro I do
Anexo 11 da NR-15 (0,04 mg/m3 de ar), bem como se o uso de máscara elimina os
riscos inerentes à exposição. Sem tais informações não se cogita de insalubridade
em grau máximo, mas apenas em grau médio.TRT-PR-00250-2006-017-09-00-6-
ACO-01041-2008 — 1ª Turma
— Relator: Ubirajara Carlos Mendes — Publicado No DJPR em 18.1.08.
[39] Trabalho com cimento, Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança,
SOBES. Disponível em: . Acesso em: 19 ago. 2010.
[40] OPERADOR DE BETONEIRA “CONTATO COM CIMENTO E CAL”
INSALUBRIDADE ENQUADRAMENTO LEGAL. A atividade do operador de betoneira
não poderá ser caracterizada insalubre, em grau médio, com fundamento no anexo
13 da NR-15 da Portaria n.
3.214/78 do Ministério do Trabalho por “manuseio de álcalis cáusticos” em razão do
contato com o cimento e com a cal hidratada, por não haver subsunção do fato à
norma. Contudo, constatando-se que o manejo desses produtos ocorria em situação
similar à do “transporte de cal e cimento nas fases de grande exposição a poeiras”,
como também previsto na sobredita norma regulamentar, impõe-se o
enquadramento da atividade como insalubridade em grau mínimo, assegurando-se
ao trabalhador a percepção do adicional correspondente — 00115-2007-026-03-
00-5 RO — Data de Publicação: 15.8.2007 — DJMG — p. 8 — Relator Sebastião
Geraldo de Oliveira – TRT 3ª Região .
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[41] UFMT. Manual de Isolamento e Precauções, 2006. Disponível em:


http://www.ufmt.br/
hujm.br/hujm/arquivos/7e18458a8aa832719641156ccd469de8.pdf. Acesso:
10.08.2015.
[42] 170 — Adicional de insalubridade. Lixo urbano. A limpeza em residências e
escritórios e a respectiva coleta de lixo não podem ser consideradas atividades
insalubres, ainda que constatadas por laudo pericial, porque não se encontram
dentre as classificadas como lixo urbano, na Portaria do Ministério do Trabalho.
[43] SÚMULA N. 448/TST — ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO.
PREVISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA N. 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO
DO TRABALHO N.
3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. I — Não basta a constatação da
insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao
respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na
relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. II — A higienização de
instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva
coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o
pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no
Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE n. 3.214/78 quanto à coleta e
industrialização de lixo urbano.
[44] EMENTA — ADICIONAL DE INSALUBRIDADE — AUXILIAR ADMINISTRATIVO
— AUSÊNCIA DE CONTATO PERMANENTE COM PACIENTES. A norma regulamentar
consagra como insalubre por contato com agentes biológicos apenas os trabalhos e
operações em contato permanente com pacientes ou materiais de uso dos pacientes
não previamente esterilizados, em estabelecimentos destinados aos cuidados da
saúde humana. A interpretação é restritiva, não havendo possibilidade de uma
interpretação extensiva ao disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria n. 3.214/78.
A Reclamante não realizava qualquer procedimento de natureza médica ou de
enfermagem, não havendo sequer a possibilidade de configuração de exposição a
agentes insalubres só pelo fato de adentrar o quarto dos pacientes não isolados para
entrega de resultados de exames — Processo 01252-2006-111-03-00-5 RO — data
de publicação: 19.7.07 — DJMG – 6ª turma — p. 13 — Relator: Maria Cristina Diniz
Caixeta — TRT 3ª Região.
[45] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO (ANEXO 14, NR 15 DA
PORTARIA
N. 3.214/78 DO MTb) — BALCONISTA DE FARMÁCIA — APLICAÇÃO DE
INJEÇÕES — INDEVIDO. O vendedor-balconista de farmácia, que aplica injeções,
não faz jus ao adicional de insalubridade, muito menos em grau médio. O Anexo 14
da NR-15 da Portaria n. 3.214/78 do Ministério do Trabalho define como atividades
insalubres, classificadas em grau médio, os trabalhos e operações em contato
permanente com pacientes, animais ou com material infectocontagiante. A aplicação
de injeções sequer expõe o balconista a efetivo contato com material
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infectocontagiante —, como ocorre em hospitais, ambulatórios ou postos de saúde.


Como bem revela o Regional, a conclusão pericial não tem nenhum cabimento no
mundo jurídico, está completamente distanciada da normatização posta na NR-15,
Anexo 14 da Portaria n. 3.214/78 e não passa de um conjunto de afirmações sem
nenhum embasamento técnico-científico. Aliás, é de conhecimento comum que
apenas as clínicas e laboratórios credenciados, além dos hospitais, podem fazer
aplicações de determinados medicamentos, até pelos riscos que a operação envolve.
Agravo de instrumento provido. Recurso de revista conhecido e não provido.
Processo: RR — 217-16.2010.5.03.0024 — Data de Julgamento: 26.10.11, Relator
Ministro: Milton de Moura França, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18.11.11.
[46] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE. A d.
maioria da Turma considera que não é devido o adicional de insalubridade ao
agente comunitário de saúde, que atua apenas como um elo entre o posto de saúde e
as famílias da sua área de atuação, exercendo a maior parte de suas atividades junto
à comunidade, visitando residências com o fim de, por exemplo, efetuar
cadastramentos, fazer acompanhamento e colher informações, bem como oferecer
orientações e agendar consultas, sem se expor a agentes nocivos à sua saúde,
considerados insalubres pela norma técnica. 0001726-06.2010.5.03.0016 RO, 1ª
Turma, Relator: Emerson Jose Alves Lage, TRT 3ª Região, Publicação: 16.12.11.
[47] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. GRAU MÉDIO. AGENTE FUNERÁRIO. A
atividade do Reclamante (Agente Funerário) se equipara àqueles que exercem
exumação de corpos em cemitérios e àqueles que exercem autópsias, anatomia ou
exames relacionados, cuja insalubridade é caracterizada em grau médio, conforme a
NR-15, Anexo 14. O simples fato de eventualmente o Agente Funerário ter contato
com corpos portadores de doenças infectocontagiosas, não justifica o deferimento
da insalubridade em grau máximo. (RO-Decisão n. 084556/2011-PATR, Relator:
Desembargador Hélcio Dantas Lobo Junior, TRT 15ª Região, 2011)

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