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Caracterização de insalubridade
Texto
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Contenidos
• 1. Ruído.
– 1.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexos 1 e 2 — NR-15.
– 1.2. Da caracterização de insalubridade.
• 2. Ruído de impacto.
• 2. Método simplificado valor único — NRR.
– 2.1. Método corrigido (Norma ANSI S. 12.6 — 1984)
– 2.2. Método direto (Sem correção) ANSI 12. 6 — 1997 B
– 2.3. Tempo de utilização do protetor.
– 2.4. Documentação de distribuição do protetor auricular.
– 2.5. Treinamento.
– 2.6. Vida útil.
• 2. Calor.
– 2.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 3 — NR-15.
– 2.2. Da caracterização de insalubridade.
– 2.3. Eliminação/neutralização.
• 3. Iluminação.
• 4. Radiações ionizantes.
– 4.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 5 — NR-15.
– 4.2. Da caracterização de insalubridade.
– 4.3. Eliminação/neutralização.
• 5. Trabalho sob pressões hiperbáricas — avaliação qualitativa — anexo 6 — NR-15.
• 6. Radiações não ionizantes.
– 6.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 7 — NR-15.
– 6.2. Da caracterização de insalubridade.
– 6.3. Eliminação/neutralização.
• 7. Vibração.
– 7.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 8 — NR-15.
– 7.2. Vibração de corpo inteiro.
– 7.3. Vibração de mãos e braços ou localizada.
– 7.4. Da caracterização de insalubridade.
– 7.5. Eliminação/neutralização.
• 8. Frio.
– 8.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 9 — NR-15.
– 8.2. Da caracterização da insalubridade.
– 8.3. Eliminação/neutralização.
• 9. Umidade.
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A NR-15 da Portaria n. 3.214/1978 do MTE regulamenta os critérios técnicos para
caracterização das atividades ou operações insalubres. Segundo essa norma, são
consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que:
• desenvolvem-se acima dos limites de tolerância dos anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12
(critério quantitativo);
• são mencionadas nos anexos 6, 13 e 14;
• são comprovadas por meio de laudo de inspeção nos locais de trabalho, constantes
dos anexos 7, 9 e 10 (critério qualitativo).
A NR-15, subitem 15.1.5, dispõe que se entende por limite de tolerância a
concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição ao agente, a qual não causará dano à saúde do trabalhador,
durante sua vida laboral.
O subitem 15.4.1 estabelece que a eliminação ou a neutralização da insalubridade
deverá ocorrer:
a. com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância;
b. com a utilização de equipamento de proteção individual.
Nesse dispositivo, a regulamentação determina que a neutralização da
insalubridade ocorrerá com o uso do EPI, sem mencionar a regra de que esse
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1. Ruído
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3 — Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os níveis de
tolerância fixados no Quadro deste Anexo.
4 — Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a
máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado.
5 — Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para
indivíduos que não estejam adequadamente protegidos.
6 — Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição
a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de
forma que, se a soma das seguintes frações:
C1/T1 + C2/T2 + C3/T3 + ... + Cn/Tn;
exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.
Na equação acima Cn indica o tempo total em que o trabalhador fica exposto a um
nível de ruído específico e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este
nível, segundo o Quadro deste Anexo.
7 — As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído
contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada,
oferecerão risco grave e iminente.
b) Ruído de impacto — Anexo 2
Limites de tolerância para ruídos de impacto
1 — Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia
acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um)
segundo.
2 — Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de
nível de pressão sonora operando no circuito linear e no circuito de resposta para
impacto. As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de
tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (LINEAR). Nos intervalos entre os
picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.
3 — Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito
de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida
(FAST) e circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120
dB(C).
4 — As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção
adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no
circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito
de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente.
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Nota: Na equação dos efeitos combinados, não foi utilizado nível de ruído abaixo de
85 dB(A), vez que o quadro do anexo 01 da NR-15 considera somente os limites de
tolerância a partir de 85 dB(A), ou seja, o nível de corte é de 85 dB(A).
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Do resultado da soma dessas frações podemos obter também o nível equivalente de
ruído, que é chamado de Leq (Equivalent Sound Level). Para fator de duplicação 5,
costuma-se denominar como Lavg (Level Average). No caso do exemplo anterior, a
dose ou efeito combinado foi igual 2,0 ou 200%, o Lavg é igual 90 dB(A). Ou seja,
isso significa que o empregado ficou exposto a um nível de ruído contínuo de 90
dB(A) durante a sua jornada. Para se obter o valor do nível equivalente a partir da
equação dos efeitos combinados, usa-se a seguinte fórmula:
D = T / 8 x 2 (Leq / 5 - 17)
Explicitando matematicamente a variável Lavg, teremos:
Lavg = 16,61 x log D x 8 + 85
Onde: D — Dose ou o resultado da soma das frações.
T — é o tempo de medição em horas.
Lavg — é o nível equivalente em dB(A) para fator de duplicação 5 (cinco), conforme
previsto no anexo 01 da NR-15.
Se o tempo de medição for igual a 8 horas, a equação será simplificada da seguinte
forma:
Lavg = 16,61 x log D + 85
Assim, considerando o exemplo anterior, a dose para 8 horas foi igual a 2,0; sendo
assim, o Nível Equivalente de Ruído é igual a:
Lavg = 16,61 x log 2,0 + 85 = 90dB(A)
Outra situação que deverá ser observada é a jornada de trabalho diferente da
normal (8 horas). Nesse caso, de acordo com a NHO-01 da FUNDACENTRO, que
considera fator de multiplicação da dose igual a 3, o nível equivalente ou nível de
exposição deve ser convertido para jornada padrão de oito horas, conforme
equação:
NEN = NE + 10 log T / 480
Para o fator de duplicação da dose igual a 5 , o cálculo do NEN é feito segundo a
equação abaixo:
NEN = NE + 16,61 log T / 480
Em que:
NEN — Nível de Exposição Normalizado
NE — Nível médio de exposição diária ou Lavg no período avaliado
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Como observado, quando a avaliação for realizada somente com o medidor de nível
de pressão sonora (decibelímetro), deverá ser determinado o tempo de exposição
para cada nível de ruído, de modo a obter a dose e calcular o Lavg. No entanto, pode-
se lançar mão do audiodosímetro para essa finalidade. Esse aparelho de uso
individual, durante a medição, é colocado no bolso do trabalhador com seu
microfone próximo da zona de audição. Ao término da medição, é fornecido direta
ou indiretamente, dependendo do tipo de audiodosímetro, o nível equivalente de
ruído.
Ressalte-se que, para um trabalhador exposto a nível de ruído de 90 dB(A) — valor
obtido com o decibelímetro — sem proteção adequada, nada se pode afirmar sobre
insalubridade sem que seja mencionado o tempo de exposição, pois sob tal nível de
ruído lhe é permitido trabalhar até 4 horas por dia. Todavia, quando se afirma que o
nível equivalente de ruído obtido foi de 90 dB(A), conclui-se que a atividade é
insalubre, pois os tempos de exposição já foram computados na soma das frações
dos efeitos combinados.
Outro aspecto importante a ser comentado é a exposição a níveis de ruído acima de
115 dB(A). O item 5 do anexo 1 estabelece que não é permitida exposição a níveis
superiores a 115 dB(A) sem proteção adequada. Já o item 7 reafirma o item 5 e
acrescenta que tal exposição oferece risco grave e iminente, podendo a DRT
(Delegacia Regional do Trabalho) realizar o embargo ou a interdição do
estabelecimento ou da obra, da área atingida, do posto de trabalho, da máquina ou
do equipamento. Porém, a norma não define qual é a proteção adequada nesse caso.
Logo, em um trabalhador exposto durante 8 horas a 115 dB(A), mesmo utilizando
protetor auricular, a proteção poderá não ser suficiente para redução do ruído
abaixo do limite de tolerância, pois esse equipamento atenua em média 20 dB, como
especificado no item Fator de Proteção do Protetor Auricular.
2. Ruído de impacto
O anexo 2, NR-15, é omisso em não fixar o número máximo de impactos diários
permitidos aos respectivos níveis de pressão sonora, como o fez a FUNDACENTRO
em sua NHO-01, por meio da tabela abaixo:
NÍVEIS DE PICO MÁXIMO ADMISSÍVEL EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE IMPACTOS
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Exemplo:
Em uma instalação de peneiramento primário, foram feitas medições com o medidor
de nível de pressão sonora, posicionando-o junto à zona auditiva do trabalhador e
obtendo-se os seguintes valores para a atividade executada: NPS = 90 dB(A) e NPS =
94 dB(C).
O trabalhador está utilizando protetor auricular tipo concha, cujo valor do NRR é de
19.
Pergunta-se: qual deve ser a atenuação obtida por ocasião do uso efetivo do
protetor auricular pelo trabalhador?
1. Cálculo com o valor em dB(C)
NPS = 94 — 19 X 0,75 = 79,75 dB(A) — nível de ruído que chega ao ouvido
2. Cálculo com o valor em dB(A)
NPS = 90 — (19 X 0,75 — 7) = 82,75 dB(A) — nível de ruído que chega ao
ouvido
Observa-se que há diferença de atenuação entre os dois cálculos, podendo ser
até maior, dependendo da frequência do ruído. Assim, o método em que é feita
a correção com o valor 7 pode super ou subestimar a proteção do equipamento.
Já com o método que utiliza o valor em dB (C) isso não ocorre pois o valor varia
de acordo com a frequência do ruído. Convém ressaltar, também, que as
normas legais e os certificados de aprovação dos protetores emitidos pelo MTE
não determinam o abatimento do NRR em função do uso real, conforme
sugerido pela NIOSH.
2.5. Treinamento
Outro fator fundamental para a eficácia na proteção utilizando protetores
auriculares é o treinamento periódico dos trabalhadores, constando de informação
sobre o risco a que está exposto, as medidas de proteção, os efeitos no organismo,
correta utilização e a higienização. Os treinamentos, da mesma forma que a
distribuição dos equipamentos, deverão ser devidamente documentados, constando
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2. Calor
tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco
2 — Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo
úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.
3 — As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à
altura da região do corpo mais atingida.
Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho
intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de
serviço.
1 — Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no
Quadro 1.
QUADRO 1
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2 — Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os
efeitos legais.
3 — A determinação do tipo de atividade (leve, moderada ou pesada) é feita
consultando-se o Quadro 3.
Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho
intermitente com período de descanso em outro local (de descanso).
1 — Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente
termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade
leve.
2 — Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro 2.
QUADRO 2
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Taxa de metabolismo igual a 150 kcal/h, conforme o quadro 3
Solução:
d. Cálculo da taxa de metabolismo média ponderada para uma hora:
M = 440 x 20 + 150 x 40 = 246,6 kcal/h 250kcal/h / 60
e. Cálculo do IBUTG médio ponderado para uma hora:
IBUTG = 31 x 20 + 23 x 40 = 25,6oC / 60
f. Segundo o quadro 2, para M = 250 kcal/h, o máximo IBUTG permitido é de
28,5oC. Como o local apresentou IBUTG = 25,6oC, o limite de tolerância não foi
ultrapassado, não estando caracterizada a insalubridade.
Outro aspecto importante é que as medições de calor devem ser feitas no
período mais desfavorável do ciclo de trabalho e no tempo de 60 minutos
(alternância trabalho/descanso).
Finalmente é importante destacar que, na caracterização da insalubridade por
esse agente, a definição do regime de trabalho/descanso e enquadramento do
tipo de atividade no quadro 3 é tormentosa entre os peritos, levando-os muitas
vezes a conclusões equivocadas. Desse modo, é importante a análise cuidadosa
das atividades desenvolvidas durante o ciclo de trabalho, visando a correta
definição do calor metabólico em cada situação de exposição ao calor.
2.3. Eliminação/neutralização
A insalubridade por calor só poderá ser eliminada por meio de medidas aplicadas no
ambiente ou reduzindo-se o tempo de permanência junto às fontes de calor, de
forma que o metabolismo fique compatível com o IBUTG.
A neutralização por meio de EPIs não ocorre, pois não é possível determinar se estes
reduzem a intensidade do calor a níveis abaixo dos limites de tolerância, conforme
prevê o art. 191, item II, da CLT. Os EPIs, como, por exemplo, blusões e mangas,
muitas vezes, podem até prejudicar as trocas térmicas entre o organismo e o
ambiente. Entretanto, esses equipamentos devem ser sempre utilizados, nos locais
onde há risco de queimadura, radiação infravermelha entre outros, como em fornos.
3. Iluminação
O agente iluminação foi incluído nas atividades e operações insalubres a partir de
junho de 1978, pela Portaria n. 3.214 do MTE, que na NR-15,
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anexo 4, fixou tabela de níveis mínimos de iluminamento por tipo de atividade.
Assim, a insalubridade era caracterizada quando o posto de trabalho do empregado
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4. Radiações ionizantes
4.3. Eliminação/neutralização
Para evitar a contaminação interna e externa, podem ser adotadas as seguintes
medidas:
— Uso de máscara para evitar inalação de gases radioativos, luvas e roupas
especiais, pois alguns produtos podem ser absorvidos pelo organismo através da
pele.
— Reduzir, o máximo possível, o tempo de permanência próximo à fonte.
— Usar blindagens adequadas para atenuar a radiação.
— Sinalizar e isolar as fontes.
No caso da radiação, no entanto, a neutralização com o uso de EPIs é muito difícil.
Deve ser lembrado que o empregado que receber dose de radiação acima do limite
não poderá continuar naquela atividade, mas deverá ser afastado, conforme as
normas de proteção do CNEN. Dessa maneira, o trabalhador exposto à radiação
acima do limite não deve receber adicional de insalubridade para continuar
trabalhando com exposição a radiação acima do limite, pois nesse caso, colocará sua
vida em risco.
6.3. Eliminação/neutralização
O anexo 7 estabelece que a insalubridade por atividades/operações com radiação
não ionizante será caracterizada quando o trabalhador se expuser a esse agente,
sem proteção adequada. Todavia, a norma não menciona o tipo de proteção
adequada, ficando a critério do perito essa avaliação.
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Conforme já comentado, a insalubridade pode ser eliminada por meio da adoção de
medidas no ambiente ou neutralizada com o uso do EPI. As medidas de controle
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7. Vibração
Essa norma não estabelece limite de exposição ocupacional para vibração de corpo
inteiro, fornecendo, em seu anexo B, um guia de efeitos da vibração sobre a saúde
em função da aceleração ponderada nas frequências, e a duração da exposição,
conforme Figura B.1.
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Em que:
aw — acelerações ponderadas r.m.s
T — duração da exposição correspondente
Considerando-se o valor da aceleração de 0,25m/s2 e duração de 24 horas, para 8
horas, o valor da aceleração é igual a:
0,25 24 = a (8) 8
a (8) = 0,25 24 = 0,43 m/s2
Para o valor aceleração de 0,5m/s2 e duração de 24 horas, aplicando-se a mesma
equação, o valor para a(8) é igual a 0,86 m/s2. Assim, para oito horas de exposição, a
zona de precaução está contida entre os valores de aceleração de 0,43 e 0,86m/s2
(ver ilustração na Figura B.1). Assim, o valor de aceleração ponderada A(8) acima de
0,43 m/s2 significa cautela em relação ao risco potencial à saúde, enquanto, com
valor acima de 0,86 m/s2,
os riscos à saúde são prováveis.
b) Aceleração normalizada
A Norma ISO 2631-1:1997, anexo B, determina que a caracterização da exposição
diária deve ser medida ou calculada por meio da equação do subitem 6.1 da referida
norma, ou seja, a aceleração normalizada para jornada de trabalho de oito horas
deve ser calculada da seguinte maneira:
A (8) = Aeq T 8
Onde:
Aeq — valor equivalente resultante das variações das acelerações no período da
medição
T — tempo de duração da exposição durante a jornada de trabalho
O valor da aceleração normalizada para oito horas é que deve ser comparado com as
acelarações do guia de efeitos à saúde da FIG.1.
c) Quanto ao procedimento de avaliação
A norma ISO determina que a aceleração ponderada nas frequências deve ser
medida em cada um dos eixos (x, y e z) da vibração translacional
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na superfície que suporta o indivíduo (Norma ISO 2631-1:1997, item 7.2.1,
p. 13). Além disso, essa norma menciona, também, que a avaliação do efeito da
vibração sobre a saúde deve ser feita independentemente em cada eixo, devendo ser
considerado o maior valor das acelerações ponderadas nas frequências medidas nos
três eixos do assento (Norma ISO 2631-1:1997, item
7.2.2 p.13). No item 7.2.2, a norma ISO 2631 menciona o seguinte: Quando a
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vibração de dois ou mais eixos for comparável, o vetor soma algumas vezes é
utilizado para estimar o risco à saúde.
Entretanto, a norma ISO 2631-1:1997 ressalva que a maior parte da orientação do
guia à saúde foi baseado em dados disponíveis nas pesquisas sobre a resposta
humana da aceleração do eixo z com as pessoas sentadas, sendo que a aplicação da
referida norma é limitada para os eixos x e y (pessoas sentadas) e para todos eixos
(x, y e z) nas posições em pé, deitada ou reclinada (Norma ISO 2631-1:1997, anexo
B, item B1, p. 21). A ISO 2631-1:1997, em seu item 6.5, estabelece que o uso do valor
de vibração total (vetor soma) é recomendado para fins de conforto. Nesse item, a
nota 2 estabelece que o valor total de vibração ou vetor soma também foi proposto
para avaliação com relação à saúde e à segurança, se não há qualquer eixo
dominante. (ISO 2631-1:1997, subitem 6.5, p. 13)
Portanto, com base na análise da norma ISO 2631-1:1997 e sua alteração em 2010,
deve-se realizar as medições nos três eixos de vibração x, y e z, devendo a
aceleração de maior intensidade dos eixos ser comparada com os valores do guia à
saúde. Vale ressaltar, que a comunidade europeia na Diretiva 2002/44/CE 25.06.02,
anexo B, determina que o valor a ser comparado com o limite de exposição
ocupacional (1,15 m/s2), também é a aceleração de maior intensidade dos três
eixos.
d) Quanto ao limite de tolerância
O anexo 8 da NR-15 até a data de 13.08.14 determinava que a perícia de
insalubridade por exposição à vibração deveria ser feita de acordo com os critérios
das normas ISO ou suas substitutas. Na avaliação ocupacional da vibração de corpo
inteiro, visando à caracterização ou não da insalubridade, a perícia deveria tomar
como base a norma ISO 2631-1:1997. Como visto anteriormente, essa norma
fornece um guia de efeitos à saúde, conforme mostra a Figura B.1. Assim, os valores
de acelerações compreendidos entre 0,43 a 0,86m/s2, de acordo com o referido
guia, demandam precaução em relação ao risco para a saúde. Quando essa
aceleração for superior a 0,86m/s2,
os riscos são prováveis. Assim, para fins de caracterização da insalubridade, sugere-
se que seja adotado o valor de 0,86 m/s2 como referência, tendo em vista os
seguintes fundamentos:
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De início, é importante destacar o conceito legal de insalubridade. Segundo o art.
189 da CLT, insalubridade é a exposição a um agente agressivo nocivo à saúde do
trabalhador acima do limite de tolerância. A NR-15, ao regulamentar a matéria,
define limite de tolerância como a concentração ou intensidade máxima ou mínima,
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano
à saúde do trabalhador durante sua vida laboral (subitem 15.1.5 da NR-15). De
acordo com o guia dos efeitos sobre a saúde da norma ISO 2631-1:1997, na
exposição à aceleração de vibração entre 0,43 a 0,86 m/s2 é preciso ter precaução
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Convém ressaltar que, de acordo com a NHO-09, a determinação do aren e are é feita
com base na soma dos três eixos ou aceleração média resultante.
O aren corresponde ao A(8), aceleração normalizada para oito horas explicado no
item 7.2.1 letra b, enquanto o are e o AEQ referem-se a avaliação em determinado
tempo da jornada de trabalho, considerando as exposições parciais em diferentes
magnitudes de acelerações.
Outro limite previsto no anexo 8 da NR-15 é o VDVR, que não deve superar a 21
m/s1,75. O VDVR corresponde à dose de vibração utilizando a quarta potência. Esse
método é mais sensível aos picos de vibração e deve ser usado juntamente com
aceleração r.m.s para estimar o risco de exposição na VCI. Segundo a NHO-09, o
Valor da Dose de Vibração Resultante (VDVR): corresponde ao valor da dose de
vibração representativo da exposição ocupacional diária, considerando a resultante
dos três eixos de medição, conforme equação:
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Quando o instrumento fornece o VDV multiplicado pelos fatores 1,4 para x e y e 1,0
para o eixo z, o cálculo o VDVR é igual a:
Em que:
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Em que:
VDVe — valor de VDV determinado em cada eixo referente ao tempo de medição
VDVJ — VDV de x, y ou z
TE — Tempo de exposição em minutos ou hora
TM — Tempo de medição ou da amostra
f — fator de multiplicação em função dos eixos (1,4 para eixos x e y e 1,0 para o eixo
z). Na equação anterior, os fatores de multiplicação estão contidos na mesma.
Aplicação prática
Numa perícia realizada em um motorista de ônibus foram obtidos os dados do
quadro a seguir:
Nota: foi considerada aceleração ponderada da soma dos três eixos ou aceleração
média resultante.
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A exposição desse trabalhador foi inferior ao limite de exposição ocupacional (1,10
m/s2) estabelecido pelo anexo 8 da NR-15.
Outra alternativa é realizar a avaliação durante todo o ciclo de trabalho, ou seja, nos
dois percursos. Nesse caso, o instrumento de medição fornecerá o valor do AEQ
referente ao ciclo completo. O valor será igual a:
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Considerando que, na medição do ciclo completo, os valores das doses VDV foram os
seguintes:
VDVx = 4,0 m/s1,75}
VDVy = 7,0 m/s1,75
VDVZ = 8,0 m/s1,75
Primeiramente é necessário projetar a dose de acordo com o tempo de exposição,
vez que o instrumento de medição forneceu os valores referentes ao tempo de
medição de 90 minutos e o tempo de exposição durante a jornada foi de 360
minutos para cada eixo. Normalmente, os instrumentos fornecem os valores de VDV
multiplicados pelo fator 1,4 para os eixos x e y e 1,0 para o eixo z. Os cálculos do
VDVe em cada eixo, considerando que os valores foram multiplicados pelos referidos
fatores, são os seguintes:
Dy = 31,8 [A(8)]-1,06
Já a ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Higienists), com base
na ISO 5349/1986, recomenda os seguintes limites para exposição diária à vibração
localizada.
(a) o tempo total que a vibração entra na mão por dia, seja continuamente, seja
inter-mitentemente.
(b) usualmente, um dos eixos é dominante sobre os demais. Se um ou mais dos eixos
de vibração exceder à exposição total diária, então o TLV estará excedido.
a. g = 9,81 m/s2
Da mesma forma da vibração de corpo inteiro, a ISO 5349/2001 não estabeleceu
valor fixo de limite de tolerância, ou seja, como vimos ante-riormente, esta
estabelece a probabilidade de risco em função dos anos de exposição. Já a ACGIH,
com base na ISO 5349/1986, definiu limite de tolerância em função do tempo de
exposição diária. A NR-15, até a data de 13.08.2014, determinava que a
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insalubridade por exposição à vibração deveria tomar por base as normas da ISO e
suas substitutas, no entanto, a caracterização da insalubridade nessa norma era
tormentosa para os peritos, pois gerava controvérsias na definição do risco para a
saúde.
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A NHO 10 da FUNDACENTRO recomenda valores para nível de ação e limite de
exposição ocupacional diária à vibração de mãos e braços:
— 2,5 m/s2 — nível de ação
— 5,0 m/s2 — limite de exposição para jornada de 8 horas
O valor a ser comparado com o limite é a soma dos três eixos.
Considerando que a norma ISO 5349/2001 não definiu limite de exposição
ocupacional para vibração de mãos e braços, a nosso ver, a NHO 10 da
FUNDACENTRO pode ser adotada como referência até 13.08.14, pois essa norma foi
emanada de uma fundação vinculada ao MTE, referência nacional e internacional em
segurança e saúde do trabalhador. Outra referência que podia ser adotada eram os
limites da ACGIH, aceitos cientificamente na maioria dos países, inclusive pelo
Brasil, pois a NR-9 determina a sua utilização na ausência de limites previstos na
NR-15.
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— Considerando que o trabalhador opera efetivamente motosserra durante 4 horas
por dia, o valor do aren é igual a:
7.5. Eliminação/neutralização
O anexo 8 não determina nem sugere o tipo adequado de proteção para
neutralização da insalubridade. A minimização ou a neutralização da exposição a
vibrações pode ser conseguida com medidas aplicadas ao ambiente, como o uso de
materiais antivibratórios em máquinas e equipamentos. A limitação do tempo de
exposição constitui medida fundamental no controle da vibração. Quanto à
neutralização com o uso de EPIs, não há equipamento no mercado com fator de
proteção capaz de reduzir a intensidade de vibração abaixo dos limites de tolerância
como ocorre com o protetor auricular. Portanto, a insalubridade, nesse caso, poderá
apenas ser eliminada.
8. Frio
Como vimos anteriormente, o art. 253 da CLT determina que os empregados que
trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam
mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1
(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um
período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de
trabalho efetivo. Além disso, esse dispositivo legal considera artificialmente frio
para os fins do presente artigo, o que for inferior, nas primeira, segunda e terceira
zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, a 15o (quinze graus), na
quarta zona a 12o (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10o (dez graus).
Do ponto de vista de avaliação ocupacional do frio, é importante esclarecer o
seguinte:
— O art. 253 da CLT equipara os ambientes artificialmente frios, em função da
temperatura das zonas climáticas das regiões, à câmara frigorífica. Ora, a
temperatura das câmaras e os ambientes climatizados independem das
temperaturas externas. Desse modo, essa definição de ambiente frio em função de
região não tem fundamento técnico para fins de avaliação da exposição ocupacional
ao frio. Todavia, para fins de caracterização de insalubridade é importante a
definição de ambientes artificialmente frios, pois pode evitar interpretações
equivocadas da caracterização dos ambientes similares a câmara frigoríficas.
— Outro ponto que carece de fundamento técnico é a limitação da exposição. Nas
câmaras frigoríficas as temperaturas normalmente são muito baixas (abaixo de zero
grau). Nesse caso, a pausa para repouso é aceitável. Todavia, a pausa para
recuperação não obedece a critério técnico de exposição ocupacional ao frio. Assim,
por exemplo, considerando a temperatura da quarta zona do mapa do IBGE (12 oC),
a exposição ocupacional ao frio num ambiente climatizado igual 11 oC
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exige 20 minutos de pausa para repouso, enquanto num local com -20 oC (vinte
graus negativo) exige a mesma pausa. Ora, a exposição ocupacional nesses locais,
não pode ter o mesmo tratamento para fins do risco de exposição ocupacional ao
frio, conforme normas internacionais e estudos científicos sobre a matéria.
Portanto, somente a análise do art. 253 da CLT não é o método mais adequado para
avaliar a exposição ocupacional ao frio. A finalidade desse dispositivo legal é tutelar
os empregados que executam serviços em câmaras frigoríficas, onde normalmente
os trabalhadores ficam expostos à temperatura negativa. Nesse caso, o repouso para
recuperação térmica de 20 minutos a cada 1 hora e 40 minutos pode, dependendo
da temperatura, velocidade do ar, umidade entre outros, ser aceitável. Todavia, em
ambientes climatizados com temperaturas de 0 a 15 oC, o tempo de pausa não pode
ser equiparado tecnicamente aos serviços executados em câmara frigoríficas. Assim,
por exemplo, o risco da exposição ao frio numa temperatura de vinte graus
negativos é bem maior do que numa temperatura superior a dez graus positivo e,
portanto, não pode ser adotado o mesmo tempo de pausa.
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8.3. Eliminação/neutralização
A limitação do tempo de exposição dentro das câmaras poderá, em muitos casos,
eliminar a insalubridade por esse agente, devendo essa medida ser complementada
com o uso de EPI. Quanto à neutralização da insalubridade por meio de EPI, embora
o anexo 09 da NR-15 não especifique a proteção adequada ao frio, a NR-06 prevê os
seguintes EPIs para riscos de origem térmica: capuz, proteção para o tronco, luvas,
proteção do braço e
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antebraço, calças e meias para proteção contra o frio. Da mesma forma que o calor,
não há parâmetro objetivo que permita afirmar que a intensidade se reduza abaixo
do limite de tolerância. No entanto, existem EPIs aprovados pelo MTE com a
finalidade de proteção da exposição a esse agente, pressupondo, então, a sua
adequação.
Portanto, deverá ser analisado cada caso concreto, em especial os EPI utilizados28, a
característica da exposição, de forma a definir a insalubridade por esse agente. A
NR-36 estabelece parâmetros de regime trabalho/descanso, bem como especifica
EPI para proteção contra a exposição ao frio.
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9. Umidade
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ou não, deverá ser feita pelo menos em 10 amostragens, para cada ponto, ao
nível respiratório do trabalhador, respeitando-se, entre uma e outra, o intervalo
de, no mínimo, 20 minutos.
Observa-se que a norma menciona apenas as avaliações instantâneas. Esse tipo
de avaliação permite a detecção de picos de concentração durante a jornada de
trabalho e o cálculo da concentração média, para posterior comparação da
concentração com o limite de tolerância e o valor máximo permitido ou valor
teto. No entanto, outro tipo de amostragem é também utilizado: a amostragem
contínua, que apresenta como resultado final somente a concentração média
das substâncias. Embora esse tipo de amostragem forneça valores mais
representativos da exposição à concentração da substância no ambiente, tem
como desvantagem o fato de não poderem ser detectados os valores máximos
ocorridos durante a jornada de trabalho.
b) Caracterização de insalubridade
Para caracterização da insalubridade por agentes químicos, é necessário que a
concentração dos gases e vapores obtida seja superior aos limites fixados no
anexo 11, NR-15, Portaria n. 3.21431.
Esse anexo dividiu a tabela de limite de tolerância em grupos, em função dos
efeitos dos agentes no organismo, e, desse modo, estabeleceu três critérios para
comparação com os limites de tolerância, quais sejam:
3. Para as substâncias que não possuem assinaladas, no quadro 1 — Limites de
Tolerância —, as colunas valor-teto e absorção também pela pele, a
concentração média obtida deve ser inferior ao limite fixado e nenhuma
amostragem poderá ultrapassar o VMP (valor máximo permitido). Fazem parte
de tal grupo: amônia, monóxido de carbono, acetaldeído, dentre outros.
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Exemplo:
Um trabalhador se expõe às seguintes concentrações de amônia:
b. VM = LT x FD
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O anexo 11, NR-15, fixa limite de tolerância de 4,0 ppm para o ácido clorídrico,
estando assinalada a coluna “valor-teto”. Como as amostragens 4 e 6 superaram
4,0 ppm, a atividade caracteriza-se como insalubre de grau máximo, caso o
trabalhador não esteja adequadamente protegido.
5. Para as substâncias que possuem assinaladas as colunas absorção pela pele,
além dos requisitos expostos nos itens 1 e 2, medidas de proteção adicional às
mucosas deverão ser fornecidas32. Fazem parte deste grupo: n-butilamina,
álcool n-butílico.
Exemplo:
Um trabalhador se expõe às seguintes concentrações de n-butilamina:
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O anexo 11, NR-15, fixa limite de tolerância de 4,0 ppm para n-butilamina,
estando assinaladas as colunas “valor-teto” e “absorção também pela pele”.
Nenhuma amostragem ultrapassou o valor-teto, e, caso o trabalhador esteja
adequadamente protegido com relação à via cutânea, a atividade não será
considerada insalubre. Deve-se ressaltar que a proteção da via cutânea, neste
caso, é essencial. Segundo a norma para esses agentes, é necessário
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na sua manipulação, o uso de luvas adequadas, além do EPI necessário à
proteção de outras partes do corpo.
Devido aos critérios estabelecidos pelo anexo 11 da NR-15, é importante que
sejam realizadas avaliações que permitam conhecer as concentrações
instantâneas, para se verificar se o valor-teto ou máximo foi, porventura,
ultrapassado. Como citado anteriormente, somente as avaliações instantâneas
permitem tal conclusão, embora forneçam, na maioria das vezes, resultados
menos representativos da exposição que as avaliações contínuas.
Assim, no método de amostragem a ser escolhido, deverão ser levados em
consideração: a portabilidade do equipamento, a precisão de leitura, o custo de
coleta, o tipo de gás e vapor entre outros.
Cabe ressaltar que, em função do alto custo do material (importado e
descartável) e das análises químicas, nas perícias judiciais, para avaliação
desses agentes, deverá ser solicitado um adiantamento de honorários com
vistas a cobrir os custos citados. Como normalmente as partes não concordam
com esse pagamento antecipado, a prova pericial fica prejudicada, pois o
requisito da avaliação visando à caracterização da insalubridade, nesse anexo, é
a determinação da concentração do agente químico e a comparação com os
limites fixados no anexo 11. Cabe salientar que, muitas vezes, o perito procura
enquadrar o agente no anexo 13 (método qualitativo), visando evitar a
realização de medição, podendo esse procedimento acarretar prejuízo para a
reclamada. Não sendo possível o enquadramento nesse anexo, devido à não
quantificação do agente, poderá haver prejuízo para o reclamante. Desse modo,
a nosso ver, nessa situação, é necessário o adiantamento dos honorários
periciais para cobrir o custo da medição.
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10.3. Eliminação/neutralização
A eliminação ou neutralização da insalubridade para gases e vapores ocorrerá com a
adoção de medidas no ambiente e/ou no processo, tais como: substituição do
produto nocivo, alteração no processo produtivo, segregação da operação,
ventilação local exaustora e geral diluidora.
Quanto à neutralização, esta será conseguida com a utilização de EPIs: respiradores
com filtro químico, luvas, aventais e outras proteções para o corpo, quando a
substância for capaz de ser absorvida por via cutânea. Com relação aos respiradores,
é importante verificar se são suficientes para reduzir as concentrações a níveis
abaixo dos limites de tolerância (conforme preceitua o art. 191, item II, da CLT).
Desse modo, sempre deverá ser verificada a proteção oferecida pelo respirador, se é
efetiva a utilização e frequente a troca dos filtros.
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Considerando que a NR-15 fixa limites de tolerância para esse agente, na
avaliação pericial, é necessária a determinação da concentração de chumbo, da
mesma forma como explicado anteriormente para o manganês.
4. Sílica Livre
O Anexo 12 — com base nos limites de tolerância de 1978 recomendados pela
ACGIH — adotou, para caracterização da insalubridade, os limites de tolerância
para poeira total e respirável, calculados pelas seguintes fórmulas:
LT = 24 (mg/m3) — Poeira total
% QUARTZO + 3
LT = 8 (mg/m3) — Poeira respirável
% QUARTZO + 2
A poeira respirável representa aquelas partículas que penetram nos pulmões e
cujo tamanho é de até 10 µm. O quadro 1 do anexo 12, NR-15, Portaria 3.214,
apresenta o tamanho da partícula em função da percentagem de passagem pelo
seletor (ciclone), isto é, aquela que penetra nos pulmões. Portanto, essa é a
definição de fração respirável, devendo o ciclone (seletor) usado na avaliação
obedecer a essas características.
A poeira total representa a poeira respirável e não respirável, ou seja, não há
seleção do tamanho das partículas. De acordo com anexo 12 da NR-15, quando
qualquer das concentrações (poeira respirável ou total) superar os respectivos
limites de tolerância, será caracterizada a insalubridade em grau máximo.
Sendo a poeira respirável mais prejudicial à saúde do trabalhador, esse critério
do MTE, muitas vezes, é questionado pelos profissionais da área. Outro
questionamento muito comum é o percentual de sílica livre cristalizada
presente na amostra. Deve-se esclarecer que a doença profissional depende
principalmente dos seguintes fatores: concentração de poeira, teor de sílica
livre, tamanho da partícula, tempo de exposição ao agente.
A ACGIH mudou o critério de avaliação de risco potencial de silicose,
estabelecendo atualmente a medição somente de poeira respirável e
recomendando um limite fixo de sílica livre cristalizada, sem o cálculo por meio
das fórmulas mencionadas anteriormente. Esse limite leva em consideração
todos os fatores que determinam o acometimento da doença profissional,
sendo o método mais adequado do ponto de vista técnico para esse fim.
Entretanto, a ACGIH recomenda também limites para outros particulados,
mesmo com baixo teor de quartzo (sílica livre cristalizada), tais como: cimento,
caulim, além de Partículas Não Especificadas de Outra Maneira (PNOS).
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Portanto, do ponto de vista legal, na determinação da insalubridade, devemos
coletar a poeira (total ou respirável), analisar o teor de sílica livre, calcular a
concentração de poeira e compará-la com os limites de tolerância
estabelecidos33, conforme veremos em exemplos mais adiante. Entretanto, em
nosso entendimento, o MTE deveria rever urgentemente esse anexo,
adequando os limites de tolerância.
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Exemplo 1:
Na avaliação da exposição de um trabalhador à poeira, em determinada
empresa, foram obtidos os seguintes dados:
— Peso da amostra (PA) = 2,0 mg
— Vazão média (Qm) = 1,60 l/min
— Tempo de amostragem (TA) = 300 min
— Amostra coletada de poeira respirável
— Percentagem de sílica livre cristalizada (quartzo) = 5% (fornecido pelo
laboratório)
Com base nesses dados, a verificação da insalubridade por esse agente é feita
da seguinte forma:
c. Cálculo do volume amostrado (VA) em m3 VA = Qm x TA (m3)
1000
d. Cálculo da concentração de poeira(C) em mg/m3 C = PA (mg / m3)
VA
C = 2,0 = 4,16 mg / m3 0,480
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e. Cálculo do limite de tolerância
LT = 8 (mg/m3)
% QUARTZO + 2
LT = 8 = 1,14 (mg/m3)
5 +2
A concentração de poeira respirável (4,16 mg/m3 ) é superior ao limite de
tolerância (1,14 mg/m3 ). Assim sendo, a atividade caracteriza-se como
insalubre de grau máximo.
Exemplo 2:
Em determinado posto de trabalho, foram coletadas amostras de poeira total e
respirável, obtendo-se os seguintes dados:
Poeira total
— Peso da amostra= 2,0 mg
— Vazão média = 1,50 l/min
— Tempo de amostragem = 200 minutos
— Percentagem de sílica livre = 2,0%
Poeira respirável
— Peso da amostra = 1,0 mg
— Vazão média = 1,7 l/min
— Tempo de amostragem = 400 minutos
— Percentagem de sílica livre = 2,0%
Como base nos dados, a avaliação da insalubridade por exposição a poeira deve
ser feita da seguinte maneira:
1) Poeira total
a) VA = 1,50 x 200 = 0,3 m3 1000
f. C = 2,0 mg = 6,66 mg/m3 0,3 m3 c) LT = 24 = 4,8 mg/m3 %SiO2+3
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VA
PA = 14,5 mg – 13,0 mg = 1,5 mg
C = 1,5 = 2,63 mg / m3 0,57
A concentração de negro de fumo (2,63 mg/m3 ) foi inferior ao limite de
tolerância (3,5 mg/m3 ) estabelecido pela Portaria n. 9, não sendo, portanto,
caracterizada a insalubridade por esse agente.
11.3. Eliminação/neutralização
As medidas de controle da exposição à poeira podem ser aplicadas ao ambiente e ao
homem. No ambiente, dentre outras, destacam-se a umidificação, a ventilação local
exaustora e a alteração do processo. Saliente-se, entretanto, que a adoção dessas
medidas implica nova medição no sentido de verificar se a concentração foi
reduzida a níveis abaixo do limite de tolerância. Caso isso ocorra, a insalubridade
fica eliminada.
Outra medida de controle é aquela aplicada ao homem, consistindo no uso de
máscara de filtro mecânico capaz de diminuir a concentração de poeira a nível
abaixo do limite de tolerância (art. 191, II, da CLT). É importante salientar que a
proteção oferecida pela máscara depende do seu tipo e uso efetivo, da concentração
de poeira e da troca periódica dos filtros.
Assim, por exemplo, para um empregado exposto a uma concentração de poeira de
20 mg/m3 , com limite de tolerância de 4,0 mg/m3 , é necessária a utilização de
máscara com fator de proteção, no mínimo, igual a 5 para que a insalubridade seja
neutralizada, conforme a instrução normativa n. 1, de 11.4.1994.
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Com relação ao asbesto, a mais importante e primordial medida de controle consiste
no estudo da viabilidade de substituição desse produto, devido aos seus efeitos
maléficos ao organismo (potencialmente carcinogênico). As máquinas e os
equipamentos que trabalham com asbesto deverão ser totalmente blindados e
dotados de ventilação local exaustora. Outra medida que pode ajudar na eliminação
do pó é o umedecimento das fibras, onde houver impossibilidade técnica de
enclausuramento da fonte geradora. Tais medidas significam o controle na fonte e
no ambiente. Como medida complementar, a ser adotada pelo homem, tem-se a
utilização de máscara de filtro mecânico bem adaptada, no caso de exposição
intermitente. Quando a exposição for mais prolongada ou quando o controle de pó
no ambiente for inadequado, o trabalhador deverá utilizar equipamento protetor
tipo máscara autônoma com “ar mandado”.
Os exames médicos deverão ser realizados com a periodicidade estabelecida no
anexo 12, NR-15, com nova redação dada pela Portaria n. 1, de
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28.5.1991. Além disso o trabalhador deverá estar treinado para a adoção de todas as
medidas de segurança estabelecidas nessa mesma norma.
Já para o manganês e o negro de fumo, as Portarias n. 8 e n. 9 inovaram bastante na
questão da eliminação ou da neutralização da insalubridade, estabelecendo as
medidas básicas a serem aplicadas no ambiente e no homem para tal finalidade.
Outra inovação dessa portaria foi estabelecer que, mesmo sendo a concentração
inferior ao limite, o empregador deverá adotar medidas de ordem médica e de
Higiene do Trabalho.
Verifica-se, portanto, que as portarias, além de critérios de caracterização da
insalubridade tecnicamente bem definidos, estabelecem medidas preventivas, nos
termos do art. 190 da CLT.
Finalmente, é importante ressaltar que os agentes insalubres citados nesse item
possuem limites de tolerância fixados, exigindo, portanto, a quantificação das
concentrações deles. Essa quantificação implica custos com filtros, análises
químicas, preparação e coleta de dados. Sendo assim, em perícias judiciais, há a
necessidade de pagamento antecipado dos honorários para cobrir esses custos.
Como normalmente as partes não concordam com esse adiantamento, a apuração da
insalubridade por poeiras minerais não é realizada, prejudicando as partes.
12.2. Eliminação/neutralização
Da mesma forma que os anexos 11 e 12, a insalubridade por exposição aos agentes
citados no anexo 13 poderá ser eliminada com medidas aplicadas no ambiente —
como ventilação exaustora e diluidora — ou neutralizada com o uso de EPI capaz de
diminuir a intensidade do agente a níveis abaixo dos limites, nesse caso,
internacionais.
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Em alguns casos, a insalubridade é proveniente do contato com o agente. Assim, a
neutralização ocorrerá com o uso de luvas adequadas, aventais e cremes de
proteção, sendo que o último passou a ser considerado EPI pela Portaria n. 3, de
20.2.1992.
Cabe ressaltar que o subitem 15.4.1 da NR-15 dispõe:
A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:
a. com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância;
b. com a utilização de equipamento de proteção individual.
Portanto, a norma admite a neutralização da insalubridade mesmo na hipótese em
que não há limite de tolerância fixado. No mesmo sentido, a Súmula n. 80 do TST
pacificou o entendimento de que o fornecimento de aparelhos de proteção
aprovados pelo poder executivo exclui a percepção do adicional respectivo. No
entanto, essa regra não se aplica no caso das substâncias cancerígenas mencionadas
nesse anexo.
13.3. Eliminação/neutralização
Conforme comentado anteriormente (Capítulo I), a insalubridade por agentes
biológicos é inerente à atividade, isto é, não há eliminação com medidas aplicadas ao
ambiente nem neutralização com o uso de EPIs. A adoção de sistema de ventilação e
o uso de luvas, máscara e outros equipamentos que evitem o contato com agentes
biológicos podem apenas minimizar o risco.
------------------------------
[18] Súmula n. 80/TST — a eliminação da insalubridade, pelo fornecimento de
aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do poder executivo, exclui a
percepção do adicional respectivo.
[19] FANTAZZINI, Mário Luiz. Revista Proteção n. 77, nov. 2002.
[20] Criteria for Recomended Standard Occupational Noise Exposure, 1998, NIOSH.
[21] GEORGES, Samir Nagi Yousri. Protetores auriculares/Samir N. Y. Gerges. 1. ed. p.
125 a 128. Florianópolis: S. N. Y. Gerges, 2003. 138p.
[22] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE — RUÍDO — FORNECIMENTO DE EPI —
PERÍODO DE VALIDADE DE EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA IMPOSTO PELO
LAUDO PERICIAL — Ao empregador cabe a obrigação de fornecer o EPI ao
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