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Ontologia e tipos geográficos

Barry Smith

David M. Mark

1 Introdução

A Ontologia trabalha com a natureza do ser. A comunicação requer um compartilhamento da


ontologia entre as partes que se comunicam. A descrição formal da ontologia dessa forma é
essencial para a troca de padrões de dados, e para o desenho de umas interfaces computador-
humano. Neste trabalho, nós descrevemos alguns fundamentos do espaço geográfico e dos objetos e
fenômenos do espaço geográfico.

1.1 Por que construir uma ontologia?

Uma ontologia de espéceis geográficas, das categorias ou tipos de entidades no domínio dos
objetos da geografia, é planejado para produzir uma melhor compreensão da estrutura do mundo
geográfico. Os resultados podem ser de importância prática das seguintes formas, pelo menos:
Primeiramente, entender a ontologia dos tipos geográficos pode nos ajudar a entender como
diferentes grupos de humanos, por exemplo, exércitos diferentes em uma coalizão multinacional em
tempo de guerra, trocama té mesmo falham para ao trocar informações geográficas.

Em segundo lugar, entender a ontologia das espécies geográficas pode nos ajudar a entender
tipos característicos de distorções que estão envolvidos em nossas relações cognitivas para
geográficas fenômenos. Acima de tudo, há tendências na conceituação de entidades geopolíticas
que fundamental certas formas de conflito de base territorial.

Terceiro, os sistemas de informação geográfica precisam manipular representações de


entidades geográficas, e o estudo ontológico dos tipos de entidades correspondentes, especialmente
aquelas no nível básico, proverão características padrão para tais sistemas.

Quarto, os tipos de entidade são uma questão central nos padrões de troca de dados, onde uma
parte semântica substancial dos dados pode ser realizada pelos tipos aos quais as instâncias são
atribuídas (Mark 1993). A pesquisa na ontologia como base para o desenvolvimento de padrões de
intercâmbio de conhecimento expandiu-se tremendamente nos últimos anos (Gruber 1993). Este
artigo foi concebido como uma contribuição para essa pesquisa no campo específico da geografia.
1.2 Marcas Específicas de Tipos Geográficos

A seguir, nos mostraremos interessados nas peculiaridades teóricas dos tipos geográficos -
naqueles características que os diferenciam de outros tipos. Estas características derivam
principalmente do fato que os objetos geográficos não estão meramente localizados no espaço, mas
estão intrinsecamente ligados ao espaço de uma maneira isso implica que eles herdam do espaço
muitos de seus aspectos estruturais (mereológicos, topológicos, geométricas).

A presente pesquisa sobre categorias cognitivas abordou entidades padronizadas sobre as


escala: entidades manipuláveis do mundo de mesa, objetos de escala aproximadamente humana
(pássaros, animais de estimação, brinquedos) e outros fenômenos semelhantes. Para tais entidades,
o 'que' e o 'onde' são quase sempre independentes. No mundo geográfico, em contraste, o "o quê" e
o "onde" estão intimamente interligados. No mundo geográfico, a categorização também é muitas
vezes dependente do tamanho ou da escala. (Considere por exemplo: lagoa, lago, mar, oceano.) No
mundo geográfico, numa extensão muito maior do que no âmbito do espaço do topo de uma mesa.
No espaço, a percepção de que algo existe pode ter variabilidade individual ou cultural. No mundo
geográfico, também, os limites dos objetos com os quais temos que interagir são eles próprios
fenômenos para fins de categorização. Essas fronteiras podem ser nítidas ou graduais e podem ser
sujeitos a disputa. Além disso, a identificação de o que é uma coisa pode influenciar a localização e
estrutura do seu limite; Por exemplo, se um determinado recurso topográfico for identificado como
um pântano, o limite pode estar localizado mais acima da inclinação do que seria o limite da mesma
característica, do que se tivesse sido identificado como um lago. Essas características são todas da
categorização que estão praticamente ausentes do âmbito de um espaço plano sobre o qual as teorias
de categorização têm sido baseadas até agora.

1.3 Categorias versus Conjuntos

A ciência modelou tipicamente categorias como conjuntos no sentido matemático, e a


suposição de um modelo teórico de conjuntos de categorias é comumente feito em esquemas de
codificação de recursos, seja explicitamente (como em padrões de dados geocartográficos) ou
implicitamente. Todo objeto ou evento possível é considerado como um membro ou não um
membro de cada conjunto particular. Essa visão das categorias também assume que existem
procedimentos ou regras disponíveis para determinar a associação definida a partir das
características do indivíduo. Além disso, supõe-se que todos os membros de um conjunto seriam
igualmente bons exemplares de tal conjunto. Esse modelo familiar também éfundamenta modelos
matemáticos multivariados de classes, como os usados na análise discriminante e também na
maioria das formas de análise de cluster.

Os problemas com o uso do modelo da teoria dos conjuntos como uma explicação das
categorias usadas pelos humanos comuns em situações cotidianas são claros. Para a maioria dessas
categorias, e para a maioria das pessoas, alguns membros são melhores exemplos da classe do que
outros; além disso, há um grande grau de concordância entre os sujeitos humanos quanto aos que
constituem bons e maus exemplos. Rosch e outros propuseram que os tipos naturais fossem vistos
como possuidores de uma estrutura radial, possuindo protótipos de membros mais centrais ou
típicos membros cercados por uma penumbra de instâncias menos centrais ou menos típicas (Rosch
1973, 1978). Seguindo Couclelis (1988), Mark (1989) e Mark e Frank (1996), uma visão ao longo
dessas linhas será aceita conforme é mostrado a seguir.

1.4 Ferramentas Básicas de Ontologia: Mereologia e Topologia

Objetos geográficos são objetos espaciais na superfície da terra ou perto dela. Além disso,
eles são objetos com uma certa escala mínima (aproximadamente: de uma escala tal que eles não
podem ser pesquisados sem ajuda dentro de um único ato perceptivo). Objetos geográficos são
tipicamente complexos e, em todos os casos,tem partes. Uma ontologia adequada de objetos
geográficos deve, portanto, conter uma teoria de todo, ou mereologia (Simons 1987).

Objetos geográficos não têm apenas partes-objeto constituintes, eles também têm limites, que
contribuem tanto para sua constituição ontológica quanto para os constituintes que compreendem
seus interiores. Objetos geográficos são prototipicamente conectados ou contíguos, mas às vezes
são dispersos ou separados. Eles são às vezes fechados (por exemplo, lagos) e às vezes abertos (por
exemplo, baias). Nota que os conceitos de contiguidade e fechamento acima são noções topológicas
e, portanto, uma ontologia de objetos geográficos deve conter também uma topologia, uma teoria de
limites e interiores, de conectividade e separação, que é integrado com uma teoria mereológica de
partes e todos (Smith 1996). A estrutura topológica trará consigo certos tipos de dualidade, assim,
por exemplo, dual para distinção entre o limite exterior e o interior de um objecto geográfico e a
distinção, dentro recipiente ou hospedeiro circundante, entre o limite interno deste recipiente e o
exterior ou para além da hinterland. Nossa ontologia topológica também deve ser capaz de lidar
com o fato de que o noção de 'limite' pode significar, em diferentes contextos, um limite
matemático abstrato - conceituada como uma linha, plano ou superfície infinitamente fina que está
localizada no espaço mas não ocupa (preenche) o espaço - ou uma zona limite, de espessura
pequena, mas finita. Limites no sentido abstrato são normalmente visto como pertencentes ao
âmbito da topologia matemática padrão. Para a Geografia, no entanto, mesmo dentro da categoria
de limites abstratos, existem certos tipos de limites aos fenômenos com os quais a topologia padrão
não pode lidar. Se cortarmos um objeto - por exemplo, um pedaço de terra, ou uma ilha - ao meio,
não ficamos com uma peça que está fechada e outra que não está. Isto é porque limites abstratos não
ocupam espaço, e desta forma, eles podem ser perfeitamente co-localizados um com o outro. Para
fazer justiça a tais fenômenos, precisamos usar teorias mereo-topológicas especiais que partem de
maneiras cruciais da topologia padrão (SMITH E VARZI, 1997).

Um objeto é "fechado" no sentido mereo-topológico, se ele incluir seus limites externos


como parte; ele está ‘aberto' se este limite externo é incluído, em vez de seu complemento. Quando
um complemento encontra um objeto desse tipo, o objeto será fechado e o complemento aberto
(Asher e Vieu, 1995). Quanto aos objetos geográficos, no entanto, os apsectos não são tão simples.
Considere a “boca” de um vulcão: onde o buraco encontra o seu material hospedeiro (a cratera, uma
massa côncava de rocha e detritos), o limite do buraco é a superfície do hospedeiro. Assim, o limite
do buraco, ali, pertence ao vulcão, e não ao buraco em si (Casati e Varzi 1994). Considere, no
entanto, o limite do buraco onde ele não está em contato com seu hospedeiro: o limite na região
correspondente à abertura do buraco onde ele está voltado para o céu. Onde colocamos os limites
correspondentes a essas regiões? Dentro do buraco? Dentro do céu? Qualquer escolha parece
arbitrária, e uma situação paralela é encontrada no caso de baías em direção ao mar. Essa mesma
arbitrariedade revelará características importantes dos objetos geográficos em geral e dos seus
limites em particular.

2 Categorias Geográficas e a Geometria do Espaço

As categorias geográficas rastreiam não apenas mereologia e topologia, mas também


geometria qualitativa, teoria da concavidade, convexidade, da falta e longitude, a teoria do ser
aproximadamente redondo ou aproximadamente em forma de haltere). Uma teoria das categorias
geográficas também deve levar em conta o fato de que objetos geográficos podem ter zero, uma,
duas ou três dimensões. Considere o Polo Norte, o Equador, Noruega (um objeto bidimensional
com uma curvatura no espaço tridimensional), ou o Mar do Norte. Considere também que "Mar do
Norte" pode se referir tanto ao corpo tridimensional da água, quanto a sua superfície bidimensional.
'Baía' ou 'som' pode se referir à terra circundante, ou ao recuo em a linha de costa, ou para uma
parte da linha costeira, bem como a folha ou corpo de água. Note que existem diferentes
significados de 'in' [isto em português quer dizer “em”] (e de outras preposições espaciais) de
acordo com o que a dimensão relevante em um determinado contexto pode ser: a ilha está "dentro"
do lago significa, em certo sentido, que ela se projeta da superfície do lago, em outro sentido que
está completamente submerso dentro do volume tridimensional correspondente.

3 níveis de realidade

3.1 Realidade Espacial

Usamos 'entidade' e 'objeto' como sinônimos, como termos ontológicos da arte,


compreendendo coisas, relações, limites, eventos, processos, qualidades, quantidades de todos os
tipos. Mais especificamente, no contexto de ontologia geográfica, 'objeto' e 'entidade'
compreenderão regiões, fronteiras, parcelas de terra, corpos de água, estradas, edifícios, pontes e
assim por diante, bem como as partes e agregados de todos eles. Assumimos a existência de um
mundo real, povoado por entidades reais que ocupam regiões do espaço. As regiões espaciais
formam um sistema relacional, compreendendo também relações de contenção, relações de
separação, relações de adjacência e sobreposição, e assim por diante (EGENHOFER E HERRING
1991). Nós assumimos também a existência de uma relação de estar localizado entre as coisas, por
um lado (estradas, florestas, zonas húmidas), e as regiões em que estão localizadas ou do outro
(CASATI E VARZI 1996).

3.2 O Domínio Cognitivo

Por outro lado, há o domínio da cognição, dos conceitos, percepção, memória, raciocínio e
açao. Contrapartes de relações espaciais também existem neste domínio conceitual. Nossos atos
cognitivos são dirigido para objetos espaciais no mundo. Curiosamente, porém, esses atos existem
em u domínio espacial: eles estão ligados aos nossos corpos, que existem em realidade espacial, de
modo que algun nossos conceitos espaciais, como aqui ou ali, são egocêntricos. Portanto, os
conceitos trabalham espacialmente em moda: i) através de modelos abstratos ou representações do
espaço em nossas mentes, como quando pensamos, abstratamente, sobre se o Peru é para o norte ou
para o sul de Gana; ii) através de um ser concreto no espaço, quando usamos conceitos espaciais
indexicais, como ali, para a direita, para baixo a leste, etc .; e iii) através de diferentes tipos de
misturas destes. Com os sistemas de informação geográfica (SIG) também existe iv): interação
conceitual com entidades espaciais que é mediada por modelos matemáticos e através de
representações de computador.

Os assuntos são ainda mais complicados pelo fato de que nossas representações cognitivas do
espaço podem ser subdefinidas ou até memso errôneas. Elas podem mostrar diferenças individuais
ou relacionadas à cultura. Elas podem ser refinadas ou modificadas através de interações sociais e
culturais, educação formal e definições de dicionário. Alguns conceitos espaciais podem até ser
inseridos nos sistemas de percepção dos sentidos e do cérebro. Outros conceitos podem ser
alterados através do uso; Assim, uma vez que um conceito dado é julgado para corresponder como
em uma situação particular, os detalhes dessa situação podem modificar o conceito.

Nós assumimos que as pessoas pensam e raciocinam manipulando conceitos; que os


programas de computador são baseados em contrapartes matemáticas formais de relações entre
entidades no mundo; e que as pessoas usam computadores para aprender, entender ou tomar
decisões sobre essas entidades. Assim, estabelecendo correspondências e interrelações entre os
diferentes domínios das entidades e relações espaciais é essencial para a construção de sistemas de
informação geográfica e de outros sistemas de raciocínio sobre entidades e relações espaciais.

3.3 Realidade Geográfica

A realidade geográfica tem muitos tipos diferentes de propriedades, características, entidades,


que podem ser abordadas teoricamente de muitas maneiras diferentes. Existem aspectos da
realidade espacial que foram bem trabalhados por estudiosos das geociências de vários tipos. Os
aspectos cognitivos deste domínio são no entanto, ainda pouco compreendido do ponto de vista
teórico. Isso porque os pesquisadores interessados em cognição têm, com poucas exceções,
mostrado pouco interesse na realidade espacial dentro da qual os asusntos cognitivos estão situados,
enquanto os interessados na realidade espacial têm demonstrado pouco interesse em cognição. São
as interações entre esses dois domínios que são o principal objeto de nossa inquéritos aqui. Eles se
relacionam com as várias maneiras pelas quais a cognição e a ação humana, incluindo a e a ação
política, conduzem a efeitos de um tipo ontológico dentro do domínio da realidade espacial.

Para ajeitar nossas idéias, vamos dividir a realidade espacial em dois subdomínios ou estratos,
que podem ser concebidos, provisoriamente, como divisórias de espaço em diferentes níveis de
granularidade (Conceber os dois estratos como previsto em cima um do outro após a moda das
camadas do mapa, com o estrato superior compreendendo objetos de larga escala).

Por um lado, é o estrato microfísico da realidade espacial - é a realidade espacial como é


tratada nas ciências físicas. Pode ser concebido, para os propósitos atuais, como um complexo
edifício de moléculas. Por outro lado, é o estrato mesoscópico da realidade espacial. Esta é a
contrapartida do mundo real da nossa cognição e ação não científica (ingênua, normal, cotidiana,
leiga) no espaço.

Este estrato misoscópico tem três diferentes tipos de componentes:

1. Objetos de um tipo físico direto - como rios, florestas, pontes - que são estudados também por
física, mas que, como são conhecidos dentro do estrato mesoscópico, têm diferentes tipos de
propriedades. (Isto é em virtude do fato de que nossa cognição ingênua usa muito pouca
matemática, tem sua própria topologia peculiar, e dota seus objetos com características qualitativas
e não quantitativas e com um significado social e cultural que está ausente do reino microfísico).
2. Objetos geográficos como baías e promontórios, que também são, em certo sentido, partes do
mundo, mas que existem apenas em virtude de demarcações induzidas pela cognição humana e
ação.

3. Objetos geopolíticos como nações e bairros que são mais do que meramente físicos, e que
existem apenas como produtos espaciais híbridos da cognição e ação humanas.

Todos os três conjuntos de componentes são objetos espaciais. Na verdade, podemos


conceber entidades mesoscópicas em geral como sombras lançadas pelo raciocínio humano e
linguagem (e pelas atividades associadas) sobre o plano espacial. Todos os objetos mesoscópicos
existem como partes da realidade espacial como nós a concebemos aqui. Este se aplica mesmo a
municípios, terrenos, distritos postais, loteamentos imobiliários, corredores aéreos e assim por
diante.

4 Problemas com as Extensões Geográficas das Teorias da Categorização Baseadas nos


fenômenos do espaço plano

Os exemplos ao modo de Rosch de pequenos mamíferos, pássaros, utensílios, etc., que foram
mais extensivamente tratados na literatura sobre categorização, diferem dos exemplos geográficos
de várias maneiras. Primeiro, eles quase sempre envolvem itens discretos e móveis. E enquanto
isso, pesquisas sobre a categorização por feitas por cientistas cognitivos indicam que os humanos
tendem, geralmente, a discretizar mesmo onde eles estão lidando com o que são essencialmente
fenômenos contínuos (como é mostrado, não menos importante, pelo caso do GIS). Uma ontologia
adequada de tipos geográficos deve abranger não apenas categorias de discreta, mas também
categorias que surgem no reino de fenômenos contínuos.

Exemplos de um espaço plano como o de o tampo de uma mesa tendem a reforçar uma visão
de acordo com a qual a natureza pode ser cortada em suas juntas. isto é, uma visão para o efeito de
que existe uma verdadeira estrutura dada por Deus, que a ciência tenta fazer preciso. Como
veremos, a categorização geográfica envolve um grau de contribuição humana arbitrariedade em
vários níveis diferentes, e é geralmente marcada por diferenças nas formas de diferentes linguagens
e culturas estruturam ou cortam seus mundos. É precisamente porque muitos tipos geográficos
resultam de um desenho mais ou menos arbitrário das fronteiras em um continuum que os limites
das categorias provavelmente diferirão de cultura para cultura (de maneiras que às vezes conflito
sangrento entre um grupo ou cultura e outro).

Por fim, os exemplos familiares ao estilo Rosch formam um conjunto de sistemas estruturas
categórico em forma de árvore simples, onde cada árvore tem um pouco a ver com as outras
árvores. Categorias geográficas, em contraste, se relacionam com objetos intrinsecamente inter-
relacionados juntos dentro de um único domínio (chamado espaço), formam sistemas categóricos
que interagem para formar uma estrutura única. A organização topológica, geométrica e
mereológica do espaço tem profundas implicações para a estrutura de nossa sistema cognitivo de
categorias geográficas.

5 O Domínio dos Decretos

Como mostrado acima, os objetos geográficos serão frequentemente identificados pela


especificação dos locais de suas limites. É importante distinguir entre limites fidedignos e
fiduciários. Seguindo Smith (1995), os primeiros são fronteiras que correspondem a
descontinuidades genuínas no mundo, enquanto que os últimos são projetados no espaço geográfico
atarvés de meios que independem de tais descontinuidades. As superfícies de objetos estendidos,
como planetas ou bolas de tênis são claramente limites do tipo genuíno. Linhas costeiras e cursos de
água também podem ser prontamente considerados limites legítimos. Em contraste, muitas
fronteiras estaduais e provinciais, bem como linhas de condado e linhas de propriedade e as
fronteiras de distritos, fornecem exemplos de limites do tipo decreto, especialmente nos casos do
Colorado ou Alberta, eles se inclinam para qualquer diferenciação qualitativa pré-existente ou
espacial descontinuidades (costas, rios) no território subjacente. Basta ver seus contornos
quadrados. Limites de áreas de um determinado tipo de solo, de zonas húmidas, ou de baías ou
montanhas também são, pelo menos em parte, do tipo decreto, embora aqui limites podem resultar
de processos cognitivos e não legais ou políticos.

Uma vez reconhecidos os limites externos de decreto, torna-se claro que a oposição entre a
bona fide (“boa fé”) e limites fide e fiat (decreto) podem ser traçados não apenas em relação a
fronteiras, mas também em relação objetos que eles vinculam. Exemplos de objetos geográficos
fidedignos são o planeta Terra, Vancouver, Ilha, o mar morto. Objetos Fiat incluem King County, o
estado de Wyoming, o Trópico de Câncer. Existem, é claro, casos de objetos que deveriam
razoavelmente ser classificados como objetos os limites envolvem uma mistura de elementos
fidedignos e fiduciários. Haiti ea República Dominicana, que juntos ocupam a ilha de Hispaniola,
são exemplos que vêm à mente, mas todos os nacionais fronteira irá, no decorrer do tempo,
envolver marcadores de fronteiras: postos fronteiriços, torres de vigia, arame farpado cercas e afins,
que dão um aspecto físico ao que inicialmente era um objeto do tipo fiat.

5.1 Tipos de limite fiduciários

Existem várias formas diferentes pelas quais podemos dividir o reino das fronteiras
fiduciárias: os limites são antigos, definidos e determinados, os produtos da legislação deliberada;
outros são vago ou transitório, os produtos de ajustes territoriais momentâneos (por exemplo, em
zonas de batalha).

Todos os limites da Fiat têm em comum o fato de existirem apenas em virtude dos diferentes
tipos de demarcações efetuadas cognitivamente e comportamentalmente pelos seres humanos. Mas
eles são de vários tipos. Podem ser completo ou incompleto, simétrico ou assimétrico. Eles podem
estar inteiramente distorcidos para todo limites do tipo legítimo, pode envolver uma combinação de
partes fiduciárias e de bona fide, ou pode ser construído inteiramente a partir de porções de boa-fé
que, no entanto, porque eles não são eles próprios intrinsecamente conectados, devem ser colados
em conjunto no modo fiat, a fim de produzir um limite que é topologicamente completa. Lidaremos
com esta variedade de limites fiduciários com algum detalhe o que se segue.

5.2 Fiats e imprecisão


Existem objetos fiat (desertos, vales, etc.) que são delineados não por limites exteriores
nítidos, mas sim por regiões semelhantes a limites que são até certo ponto indeterminadas. Isso não
quer dizer que a ontologia nós estamos aqui expondo é basicamente vago - que o esquema
categ[orico fundamental deve permitir uma distinção entre entidades nítidas e desalinhadas
(confusas, nebulosas, indeterminadas), como alguns têm insistido. Pelo contrário, a imprecisão é
uma questão conceitual: se você apontar para uma protuberância de forma irregular na areia e dizer
"duna", então o correlato de sua expressão é um objeto fiat cujo unitário constituinte partes são
compreendidas (articuladas) através do conceito duna. A imprecisão do conceito em si é
responsável pela imprecisão com que o referente de sua expressão é escolhido. Cada um é de uma
grande variedade de agregados ligeiramente diferentes e precisamente determinados de moléculas
reinvidicam um número igual. Quando você tem um mapa, e tem uma linha de costa com entradas e
saídas, e em a água adjacente a um dos ins é uma etiqueta dizendo "Baie d'Ecaigrain", é bastante
fácil para um ser humano veja onde fica a baía. O limite exterior da baía (em direção ao mar) é
provavelmente irrelevante para ação ou prática, a menos que alguns reguladores tenham cedido
todas as ilhas (ou petróleo) na baía para algum outro país. Mas tente dizer a um computador que a
baía está aqui e que ela se estende de lá para lá no litoral. mas depois desaparece para o mar e faz o
computador raciocinar com essa informação da mesma maneira que um pessoa faria.

Montanhas, colinas, cordilheiras, também uma capa ou ponto - todos podemos concordar que
são reais e que é óbvio onde o topo de uma montanha ou o fim de uma capa é encontrado. Mas onde
é o limite do cabo? Lisonja do lado do interior? Onde está o limite do Mont Blanc entre seus
contrafortes?

5.3 Fiações [procesos legais de delimitação] Consensuais

Os limites do Fiat podem ser produtos de consenso informal, refletindo, por exemplo, o uso
linguístico evolui informalmente ao longo do tempo. Baías, penínsulas, etc., são partes da realidade
espacial, partes físicas da mundo em si. Mas eles são partes da realidade que não estariam lá
ausentes correspondentes linguística e práticas culturais de demarcação e categorização.

Em um mundo de nossas práticas humanas cotidianas, uma baía ou morro é tão real quanto
uma cadeira ou uma rocha. Os primeiros são objetos fictícios reais de consenso, os últimos são
objetos reais e autênticos. Objetos de “boa-fé” são para razões óbvias mais suscetíveis de ser
objetos de categorizações que gozam de um alto grau de invariância intercultural. Os objetos Fiat,
em contraste, porque são incutidos no mundo pela cognição, são mais probabilidade de mostrar
dependência cultural.
5.4 Fiats legais

Alguns limites fiduciários, como os limites das nações ou dos distritos postais, são entidades
sociais, direitos análogos, reclamações e obrigações. Normalmente, quando o sistema legal toma
uma região limitada, tem que adicione uma regra para reduzir o limite. A propriedade privada em
algumas jurisdições se estende à média baixa marca da água, e para qualquer parte do litoral dos
EUA ou Canadá, você encontrará uma definição legal baseada em significa baixo, alto, médio, etc.
nível da maré, para onde a propriedade privada para e um commons (povo) começa. O limite entre
os Territórios do Noroeste e as províncias de Manitoba, Ontário e Quebec em torno de Hudson e
James Bays, no Canadá, é o nível médio da maré baixa. E depois há uma definição de como a
fronteira cruza as bocas dos rios. Uma zona húmida legalmente protegida tem que ter água em
média mais de n dias por ano. Também pode haver uma regra de tamanho mínimo. Existe uma área
no quintal de Jim cerca de 3 x 5 metros, que pode se qualificar como um pântano federal, mas pode
não ser detectável pelas autoridades competentes.

Se é necessário saber onde fica a costa, talvez para regular o acesso ou a invasão a ela, então,
seleciona-se algum estágio particular no ciclo das marés, como o nível médio da maré baixa; isso
produz um litoral de decreto (fiat) que é fixo e razoavelmente nítido, e que se aproxima de uma
linha costeira de boa-fé que se move com as ondas e as marés. Você não pode ver, tocar ou
tropeçar na linha costeira decrescente; mas a costa fiduciária existe, no entanto, como parte da
realidade: se você a atravessar, poderá ser processado.

5.5 fiats SIG

A crispação da Fiat ocorre também no âmbito científico. Considere o solo, uma massa
continuamente variável de material que se encontra, na maioria dos lugares, logo abaixo da
superfície da terra. Em uma escala de grãos de areia e raízes, pode ser pensado como composto de
uma miríade de objetos ou entidades. Mas em uma escala maior, a porcentagem de areia, silte e
argila, muitas vezes varia gradualmente e continuamente no espaço, como pode o teor de água, pH,
conteúdo orgânico, espessura, etc. Os cientistas do solo tradicionalmente impuseram a este conjunto
um conjunto de tipos nominais de solo (categorias ou tipos); estes são fiats matemáticos que são
artefatos de uma certa tecnologia. Eles podem, por exemplo, ser uma função de quantidades
mensuráveis de uma amostra do solo. Se pH <7,3 e areia percentual <10 e porcentagem orgânica <2
e espessura <1,1 m, então é do tipo X. As propriedades químicas e físicas do solo podem constituir
campos que variam mais ou continuamente e um tanto independentemente através do espaço
geográfico. Em tal sistema, os limites do solo são pedaços da isolinha de pH 7,3, a isopach de 1,1
metros e assim por diante. Com informação perfeita, podemos aplicar essa tipologia às variáveis
contínuas e obter limites nítidos para os tipos de solo. Nós podemos então representar o pedaço de
terra desse tipo como um polígono, ou desenhar a fronteira com tinta, e ver o solo como um mundo
de objetos geográficos com fronteiras nítidas. Estes são limites científicos fictícios, não autênticos
limites. Se mudarmos o sistema de classificação, nossos limites se moverão; alguns deles
desaparecer; novos terão que ser criados. Se não mantivermos os dados contínuos originais, não
podemos até mesmo determinar onde os novos limites devem ser.

Os cientistas do solo no campo, é claro, não medem em todos os lugares. Eles observam onde
os limites provavelmente são, e desenhá-los no mapa, com base em mudanças na geologia
subjacente, na vegetação, em topografia. Então eles cavam no meio de cada polígono, e usam os
resultados obtidos no laboratório para classificar todo o polígono. Diz-se que os cientistas do solo
raramente provam perto dos limites, talvez, porque eles sabem que eles não estão realmente lá.
Campos para cada propriedade do solo seriam uma coisa melhor para armazenar. Os polígonos com
limites nítidos deturpam o fenômeno,mas eles eram os melhores que poderiam ser feitos com mídia
estática, impressa, de tinta sobre papel.

5.6 Fiats no domínio dos conceitos

O conceito de limite fiduciário foi introduzido como um meio de fazer justiça ao fato de
dividirmos a realidade espacial de forma mais ou menos arbitrária em sub-regiões. Mas há um
elemento de arbitrariedade ou decreto também no domínio de nossos próprios conceitos: podemos
dividir a família de conceitos espaciais, de tipos de entidades geográficas, de formas mais ou menos
arbitrárias em subconceitos.

Imagine as instâncias de um conceito organizadas de maneira quase espacial, como acontece,


por exemplo, em contas de cor ou espaço de tom. Suponha que cada conceito esteja associado a
alguma região estendida em que suas instâncias estão contidas, e suponha ainda que isso é feito de
tal maneira que o protótipos, os casos mais típicos, estão localizados no centro da região relevante,
e os menos casos típicos estão localizados a distâncias deste centro em proporção ao seu grau de
não-tipicidade.
Casos marginais ou periféricos podem agora ser definidos como aqueles casos que são tão
atípicos que mesmo o menor desvio da norma implicaria que eles não são mais instâncias do dado
conceito em tudo.

Desta forma, contrapartes das noções topológicas familiares de fronteira, interior, contato,
separação e continuidade podem ser definidas para o campo conceitual, e a noção de similaridade
como uma relação entre instâncias que podem ser entendidas como uma noção topológica
(MOSTOWSKI 1983; PETITOT, 1994). No reino das cores, por exemplo, A é semelhante á B que
pode ser tomado para significar que as cores de A e B ficam tão juntas no espaço de cores que não
podem ser discriminadas a olho nu. Uma semelhança em relação a A é, em geral, simétrica e
reflexiva, mas fica aquém da transitividade e, portanto, não é relação de equivalência. Isso significa
que ele particiona o espaço de instâncias que não são claramente disjuntas e classes de equivalência
exaustivas, mas sim em círculos sobrepostos de similares. Este aquém do discrição e exaustividade
das partições do tipo que são geradas por relações de equivalência é característica de estruturas
topológicas. Em alguns casos, há uma transição contínua de um conceito aos seus vizinhos no
conceito-espaço, como por exemplo na transição do lago ao pântano wetland. Em outros casos,
círculos de similares são separados por lacunas (regiões do conceito-espaço que sem instâncias).
Isso é assim em relação à transição de, digamos, lago para reservatório.

Termos como 'estreito' e 'rio' representam partições arbitrárias do mundo dos corpos d'água. A
linguagem inglesa pode ter evoluído com apenas um termo, ou três termos, compreendendo uma
gama de fenômenos que se estendem entre estreito e rio ou, em francês, entre détroit e fleuve. Por
enquanto, o Estreito de Gibraltar certamente não é um rio, e o rio Mississippi certamente não é um
estreito, existem casos - como o rio de Detroit e o Estreito de Bósforo - que existem na fronteira
entre as categorias. Todas são passagens estreitas e planas que os navios podem navegar entre dois
corpos de água maiores (lagos, mares), e todos têm fluxo líquido através deles, devido ao
escoamento, etc. O Lago Erie é realmente um lago, ou apenas um lago largo e profundo? parte do
rio com cinco nomes que é chamado o Saint Lawrence como ele flui para o mar? Bem, isso depende
do que você quer dizer com "lago".

6 Conclusões e trabalho futuro

Neste artigo, apresentamos algumas razões pelas quais ontologias para objetos geográficos
serão diferentes de as ontologias de objetos cotidianos comumente examinadas por filósofos e
cientistas cognitivos. Para Uma coisa, a topologia e as relações parciais parecem ser muito mais
importantes no contexto domínio geográfico. Pesquisas sobre este tema devem ter o cuidado de
distinguir o domínio do mundo real do domínio de representações matemáticas e computacionais, e
ambos a partir do conhecimento cognitivo domínio do raciocínio, linguagem e ação humana. A
prática humana é uma parte importante do total ontologia. Diferenças culturais nas categorizações
são mais prováveis de serem encontradas para entidades geográficas do que para objetos em escalas
de mesa. Ontologias geográficas são mais fortemente focadas em fronteiras, e uma tipologia de
limites é crítica. Trabalho envolvendo comparações formais de dados geoespaciais e padrões de
dados cartográficos e definições de dicionário em uma variedade de idiomas fornecerão importante
ponto de partida para os experimentos transculturais com seres humanos que serão necessários para
refine os detalhes da ontologia final dos tipos geográficos.

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